documento em PDF - Rel-UITA
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Massacre silencioso<strong>em</strong>pregados da Nestlé de Araras constataram que são portadoresde LER. Assim, há vários meses o INSS está solicitando à Nestléum posto de trabalho para mim de acordo com a minha situação,mas a <strong>em</strong>presa não aceita, n<strong>em</strong> sequer me deixa entrar no localda fábrica <strong>em</strong> que está a agência bancária onde recebo meu salário.O pessoal da segurança me pára na porta da <strong>em</strong>presa e o gerentedo banco v<strong>em</strong> até ali para me entregar o dinheiro. Ainda soufuncionária da Nestlé, mas não posso trabalhar. Sou tratada comose fosse a maçã podre que fará perder todo o resto. Até fiz umadenúncia na polícia para enfrentar essa segregação.Tudo isso, a forma com que têm me tratado, o fato de saber quenão conseguirei mais <strong>em</strong>prego, me afeta muito psicologicamente.A pressão, a discriminação e, no meu caso, a perseguição de sertratada como a maçã podre que bota a perder todo o cesto, sãomuito fortes. Muitas vezes não durmo à noite, acuada pela angústiade não saber o que farei com tudo isso, o que será da minha vida.Fundamos agora a Associação de Portadores de LER de Araras e,atualmente, 99,9% de seus integrantes são funcionários da Nestlé.Dezenas de pessoas telefonam para minha casa para contar o queestão passando, choram porque têm medo, o mesmo medo queeu tive até que não agüentei mais. A <strong>em</strong>presa t<strong>em</strong> feito correr oboato de que qu<strong>em</strong> ingressar na nossa associação será despedido.Espero que as autoridades oficiais reconheçam essa realidade,que a Nestlé mude sua forma de tratar os portadores de LER einstale métodos de trabalho que não firam as pessoas.32