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documento em PDF - Rel-UITA

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Doença invisível na Nestlé de Ararase pouco depois a dor aliviava pelo resto da jornada, mas no diaseguinte tudo recomeçava. No meu setor, tínhamos reuniões quasediárias, algumas <strong>em</strong> horário de trabalho e outras, não. Não assistira elas era interpretado como sinônimo de desinteresse pela equipehumana, pelo trabalho. Nas reuniões se pressionava muito pelaprodutividade, a competitividade no mercado, a qualidade, e s<strong>em</strong>prese chegava ao mesmo ponto: “Se não estão dispostos a manter oesforço, a rua está cheia de pessoas que matariam para trabalharna Nestlé”. Isso entra na cabeça, a gente pensa na família, nosfilhos, e se diz que t<strong>em</strong> que fazer qualquer coisa para não perder o<strong>em</strong>prego, inclusive seguir trabalhando com dor. E assim foipassando o t<strong>em</strong>po, até que chegou o momento <strong>em</strong> que foiimpossível suportar a dor. Fui a um médico fora do horário de trabalhoe levei as radiografias que tinha da coluna vertebral. Expliquei-lheque a dor na coluna corria até os ombros, e que quando, na pausado trabalho, ia para a sala de leitura, não conseguia levantar ojornal porque meus braços doíam. Pedi para fazer uma ecografia,porque nunca tive dores tão fortes. Mas o médico já tinha vistofuncionários da Nestlé com o mesmo probl<strong>em</strong>a, e, como todos,<strong>em</strong> vez de uma ecografia, pediu outra radiografia e uma análise deácido úrico no sangue. Fiz tudo o que mandou e ele me receitoudois r<strong>em</strong>édios para tomar todos os dias. Um deles tinha algo qu<strong>em</strong>e afetava os intestinos, mas continuei a trabalhar. Numa quintafeira,decidi ir ao médico <strong>em</strong> vez de ir para a fábrica. Contei o queestava acontecendo, e ele disse que diminuísse a dose, mas nadade ecografia n<strong>em</strong> de fisioterapia. Deu licença médica por doisdias, quinta e sexta-feiras, mas pedi também o sábado porque nãome sentia b<strong>em</strong> e queria realmente me recuperar. Além disso, apartir da segunda-feira da s<strong>em</strong>ana seguinte entraria de férias e meparecia melhor dar um descanso contínuo ao corpo. Ele respondeuque por causa de uma solicitação da <strong>em</strong>presa, ele ou qualqueroutro médico de Araras com convênio com a Nestlé não podiamdar mais de dois dias de licença médica e que ia me encaminharpara um médico da Nestlé para que ele decidisse. No dia seguinte,fui à <strong>em</strong>presa, vi o médico, que também não podia me dar mais umdia e me mandou de volta para o médico anterior. E me explicouque um dos chefes, chamado Leandro, tinha convocado todos osmédicos para dar aquela indicação: não mais de dois dias delicença por doença. Decidi falar com o chefe do meu setor, a qu<strong>em</strong>expliquei a situação, e ele concordou comigo que podia ficar <strong>em</strong>casa. Durante as férias, consegui que outro médico meprescrevesse dez sessões de fisioterapia que só melhoraramparcialmente minhas dores. Na minha volta, tinham me designadopara outro setor de trabalho, onde estive uma s<strong>em</strong>anadescarregando caminhões com açúcar. Senti muita dor, masconsegui terminar a s<strong>em</strong>ana. Depois voltei para o meu setor des<strong>em</strong>pre, mas apenas dois dias depois me chamaram para falar55

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