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documento em PDF - Rel-UITA

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Massacre silenciosoTrabalhei oito anos e meio na Nestlé, até junho de 2003, s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong>tarefas com esforços repetitivos. Fui mandado <strong>em</strong>bora quandodescobriram que estava com LER. Fiz tratamento com fisioterapiaindicada pelo médico da <strong>em</strong>presa, e quando acabei o tratamentome botaram na rua s<strong>em</strong> nenhuma explicação coerente.Era operador de uma máquina na qual devia controlar a qualidadee higiene das peças, depois as <strong>em</strong>pacotava e as colocava sobreum palete. Fazia uma média de 85 pacotes de 248 peças por hora,isto é 350 peças por minuto, mais de cinco por segundo durantesete horas e meia.Na Nestlé de Araras ninguém quer ter licença médica, porque sesabe que qu<strong>em</strong> a aceita é carta marcada para a d<strong>em</strong>issão. A pressãodos chefes é enorme, e a razão é o lucro, produzir mais gastandomenos. As mudanças que aconteceram enquanto estava lá forampara incr<strong>em</strong>entar a produtividade aumentando o ritmo de trabalho.Sabia, antes de ser despedido, que tinha colegas com probl<strong>em</strong>as,mas eu era dos que brincavam dizendo que as LER atacam ospreguiçosos, achava que se tratava de uma bobag<strong>em</strong> porquedurante um t<strong>em</strong>po a dor passa quando a gente descansa <strong>em</strong> casa,mas depois é uma bola de neve e só aumenta e aumenta. Sente-sedor s<strong>em</strong>pre, a gente dorme com dor, com formigamento no braçoe no ombro. A mão perde resistência, força. Os médicos nos obrigama seguir trabalhando e a gente é tratada como um animal. A <strong>em</strong>presase vangloria de ter uma creche –com a qual inclusive ostrabalhadores colaboram com o que pod<strong>em</strong>–, mas por outro ladomassacra seus <strong>em</strong>pregados, submetendo-os a ritmos infernais deprodução. A Nestlé mostra uma imag<strong>em</strong> simpática para fora, masinternamente é muito dura.Em 2003, tive que começar a usar o convênio de saúde da <strong>em</strong>presaporque sentia muita dor <strong>em</strong> um ombro e falta de força no punho ebraço esquerdos. Fiz um exame que mostrou uma lesão, mas omédico não deu importância, me prescreveu um r<strong>em</strong>édio para ador e me mandou de volta ao trabalho. Dessa forma, a dor38

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