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Aspectos do uso de orações encaixadas num corpus de ... - ILTEC

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<strong>Aspectos</strong> <strong>do</strong> <strong>uso</strong> <strong>de</strong> orações <strong>encaixadas</strong> <strong>num</strong> <strong>corpus</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento daescrita no ensino básico 1Carlos A. M. Gouveia(FLUL/<strong>ILTEC</strong>)0. IntroduçãoO presente texto correspon<strong>de</strong> a uma reflexão preliminar relativamente aos primeiros da<strong>do</strong>s<strong>de</strong> uma tentativa <strong>de</strong> mapeamento das características <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da escrita no ensino básicoem Portugal, neste caso concreto as referentes ao <strong>uso</strong>, por alunos <strong>do</strong> 4º, 6º e 9 anos, <strong>de</strong> algumasestruturas <strong>de</strong> modificação <strong>de</strong> núcleos <strong>de</strong> grupos nominais, a partir da consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> construçõesenvolven<strong>do</strong> aquilo que no quadro teórico da gramática sistémico-funcional (Halliday, 1978, 1994,2004) se <strong>de</strong>signa por orações <strong>encaixadas</strong>. Assim, serão <strong>de</strong>scritos e analisa<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>uso</strong> <strong>de</strong>estruturas <strong>de</strong> modificação <strong>de</strong>terminadas por situações <strong>de</strong> encaixe <strong>de</strong> orações em grupos, <strong>do</strong> tipo, porexemplo, das orações tradicionalmente <strong>de</strong>signadas por orações subordinadas adjectivas relativasrestritivas, como em “Um senhor [[que ia ali a passar]] viu-me e quis-me” 2 , produzida por um aluno<strong>do</strong> 4º ano. Trata-se <strong>de</strong> estruturas resultantes <strong>do</strong> abaixamento <strong>de</strong> orações <strong>do</strong> nível em que, <strong>num</strong>aescala <strong>de</strong> níveis, <strong>de</strong>veriam funcionar, isto é, o nível oracional, para um nível inferior <strong>de</strong>processamento, característico <strong>do</strong> funcionamento <strong>de</strong> outro tipo <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s: o nível <strong>do</strong> grupo.Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que o grau <strong>de</strong> incidência das chamadas orações subordinadas adjectivasrelativas restritivas é menor nos textos <strong>do</strong> 6º ano relativamente aos <strong>do</strong> 4º e <strong>do</strong> 9º anos, no computotanto das estrutura <strong>de</strong> encaixe referidas, quanto da totalida<strong>de</strong> das orações <strong>de</strong> cada ano escolar,tentar-se-á, com este texto, perceber as razões para estes valores <strong>de</strong> ocorrências, jogan<strong>do</strong>-os quer narelação com as expectativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da escrita <strong>de</strong> ciclo para ciclo, quer na relação comas tarefas que foram solicitadas aos alunos (isto é, na relação com o tipo <strong>de</strong> texto solicita<strong>do</strong>), quer1 Este texto correspon<strong>de</strong> à versão escrita <strong>de</strong> duas versões orais ligeiramente diferentes que foram apresentadas comocomunicações em encontros científicos: a primeira, intitulada “Análise <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> modificação por encaixe,<strong>num</strong> <strong>corpus</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da escrita no ensino básico”, foi apresentada na Conferência Internacional sobreGramática e Texto – GRATO, realizada na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Sociais e Humanas da Universida<strong>de</strong> Nova <strong>de</strong>Lisboa, <strong>de</strong> 2 a 4 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2009; a segunda, intitulada “The use of post-modifying clauses in a <strong>corpus</strong> of writing<strong>de</strong>velopment in basic schooling”, foi apresentada no 21st European Systemic Functional Linguistics Conference andWorkshop, realiza<strong>do</strong> na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cardiff, Reino Uni<strong>do</strong>, <strong>de</strong> 8 a 10 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2009. Agra<strong>de</strong>ço aos públicos <strong>de</strong>ambos os encontros as suas questões e comentários.2 Existem vários tipos <strong>de</strong> orações <strong>encaixadas</strong> para além das relativas aqui referidas. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong> tipo e da<strong>de</strong>signação, enten<strong>de</strong>-se por oração encaixada a oração que funciona como um grupo ou parte <strong>de</strong> um grupo,<strong>de</strong>sempenhan<strong>do</strong> funções <strong>de</strong> núcleo <strong>de</strong> um grupo nominal, <strong>de</strong> pós-modifica<strong>do</strong>ra <strong>num</strong> grupo nominal e <strong>de</strong> pósmodifica<strong>do</strong>ra<strong>num</strong> grupo adverbial (cf. Halliday, 1994: 242).1


ainda na relação com níveis <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> outras estruturas <strong>de</strong> pré e pós-modificação <strong>de</strong> núcleos<strong>de</strong> estruturas nominais.Para tanto, e após esta breve introdução, proce<strong>de</strong>-se, <strong>num</strong> primeiro momento, intitula<strong>do</strong>“Questões Teóricas”, ao levantamento <strong>de</strong> algumas questões teóricas relevantes para a realização <strong>do</strong>trabalho; <strong>de</strong> seguida, na parte 2, “Corpus e Meto<strong>do</strong>logia”, <strong>de</strong>screvem-se alguns aspectosmeto<strong>do</strong>lógicos <strong>de</strong> constituição <strong>do</strong> <strong>corpus</strong> e <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, para <strong>de</strong>pois se avançar para aanálise <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s propriamente dita, <strong>num</strong>a parte intitulada, precisamente, “Análise”. No fim,algumas conclusões serão sistematizadas.1. Questões teóricasNo quadro da linguística sistémico-funcional (LSF) e mais concretamente no quadro dachamada gramática sistémico-funcional (GSF), a lexicogramática, se encarada em razão das suasestruturas <strong>de</strong> constituência, realiza-se na relação com o que po<strong>de</strong>remos <strong>de</strong>signar por escala <strong>de</strong>níveis. A partir <strong>de</strong> uma configuração topo-base, vinda <strong>do</strong> texto, portanto, tal escala <strong>de</strong> níveis começana oração, passa pelo sintagma/grupo, passa pela palavra e termina no morfema (cf. Butt et al.,2000; Martin & Rothery, 1993; Gouveia, 2009). O nível oracional <strong>de</strong>sta escala <strong>de</strong> níveis diz respeitoao funcionamento das orações e à sua estrutura interna (cf. Diagrama 1). Neste senti<strong>do</strong>, fazem parte<strong>de</strong>ste nível da escala unida<strong>de</strong>s como “Um dia transformei-me em computa<strong>do</strong>r” ou “No dia seguinteacor<strong>de</strong>i humana”. Ou seja, estamos no nível fundamental <strong>de</strong> processamento da gramática, em que aoração funciona simultaneamente como i) uma representação <strong>de</strong> processos, das circunstâncias <strong>de</strong>realização <strong>do</strong>s mesmos e <strong>do</strong>s participantes neles envolvi<strong>do</strong>s (isto é, como um frasea<strong>do</strong> envolven<strong>do</strong>verbos/ processos, grupos preposicionais e adverbiais/ circunstâncias e grupos nominais/participantes); ii) uma troca entre um falante/autor e um ouvinte/leitor (isto é, como um frasea<strong>do</strong>com uma função discursiva, uma função modal e eventualmente uma função avaliativa); e iii) umamensagem organizada relativamente a algo que constitui o tópico da significação (isto é, como umfrasea<strong>do</strong> com funções temáticas e remáticas e com informação dada e informação nova) 3 .3 No quadro da GFS, estas três configurações <strong>de</strong> significa<strong>do</strong> da oração espelham as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>significa<strong>do</strong> motivadas pelas chamadas funções da linguagem (ou metafunções): a função i<strong>de</strong>acional (a oração comorepresentação), a função interpessoal (a oração como troca) e a função textual (a oração como mensagem).Constituídas como componentes gramaticais, esta funções configuram lexicogramaticalmente as variáveis <strong>de</strong> registo<strong>de</strong> um texto, na sua relação com o contexto que o motivou, na seguinte relação: função i<strong>de</strong>acional > variável campo<strong>do</strong> registo > oração como representação; função interpessoal > variável relações <strong>do</strong> registo > oração como troca;função textual > variável mo<strong>do</strong> <strong>do</strong> registo > oração como mensagem.2


grupopalavramorfematextocomplexooracionaloraçãoDiagrama 1 – A escala <strong>de</strong> níveisTodas as orações que como tal funcionam situam-se neste nível da escala <strong>de</strong> níveis e sãoconstituídas por grupos (preposicionais, nominais, verbais), que, por sua vez, funcionam comounida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> nível abaixo <strong>do</strong> oracional, isto é, que constituem o nível <strong>do</strong> grupo. São unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stenível da escala estruturas como “computa<strong>do</strong>r” ou “No dia seguinte”, retira<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s exemplosanteriormente enuncia<strong>do</strong>s. Encarada a constituência <strong>de</strong>sta forma, o que nós temos em exemploscomo 1) e 2) são casos <strong>de</strong> orações que funcionam no seu nível natural <strong>de</strong> funcionamento:1) Começaram então a bailar à sua volta. O sorriso <strong>de</strong>la voltou aos seus lábios.2) Começaram então a bailar à sua volta e o sorriso <strong>de</strong>la voltou aos seus lábios.Po<strong>de</strong>mos até dizer que em 2) estamos a consi<strong>de</strong>rar um nível <strong>de</strong> funcionamento acima <strong>do</strong> daoração, porquanto estamos <strong>num</strong> nível que não diz respeito às relações entre grupos no <strong>do</strong>mínio daoração, como é o caso <strong>do</strong> nível da oração na escala <strong>de</strong> níveis, mas <strong>num</strong> nível acima, o <strong>do</strong> complexooracional, que diz respeito às relações entre orações no <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> complexo oracional.In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> tais consi<strong>de</strong>rações, nada pacíficas e não totalmente resolvidas nosfundamentos da teoria, o que interessa aqui registar é que um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> constituência como estepermite frisar, e fazer disso estrutura <strong>de</strong> funcionamento significativa, que as orações têm <strong>do</strong>is planos<strong>de</strong> funcionamento na escala <strong>de</strong> níveis, já que trabalham em <strong>do</strong>is níveis distintos: por um la<strong>do</strong>,organizam-se, com outras orações, em estruturas inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> parataxe e <strong>de</strong> hipotaxe, emcomplexos oracionais; por outro, organizam-se com outras unida<strong>de</strong>s menores, também em3


estruturas inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nciais, em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um nível inferior ao seu. Num caso, estamos peranteestruturas oracionais <strong>de</strong> pleno direito; no outro, perante estruturas oracionais <strong>encaixadas</strong> que <strong>de</strong>ixam<strong>de</strong> exercer funções próprias para exercerem funções <strong>de</strong> outro tipo (não oracionais).A classificação tradicional como orações subordinadas <strong>de</strong> ambos os tipos <strong>de</strong> orações (as <strong>de</strong>nível oracional e as <strong>encaixadas</strong> no nível <strong>do</strong> grupo) não dá conta <strong>de</strong>sta diferença <strong>de</strong> funcionamento,que, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da <strong>de</strong>scrição da língua em <strong>uso</strong> é por <strong>de</strong>mais fundamental. Como afirma MarySchleppegrell (2004: 66):“(...) a categoria oração subordinada inclui <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> orações funcionalmentemuito diferentes. Algumas orações subordinadas participam da estruturação <strong>do</strong>discurso: tais orações são referidas como orações hipotácticas. Outras funcionamcomo grupos nominais ou parte <strong>de</strong> um grupo nominal e não trazem nenhumcontributo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte para a estrutura <strong>do</strong> discurso; tais orações chamam-seorações <strong>encaixadas</strong>. As orações hipotácticas são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> outra oração, masnão são suas constituintes. (...). As orações <strong>encaixadas</strong>, por sua vez, funcionam<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> outra oração;” 4Se acrescentarmos a estes <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> orações, as orações paratácticas, verificamos que atradicional divisão entre subordinação e coor<strong>de</strong>nação resulta na prática <strong>num</strong>a divisão em três tipos,paratácticas, hipotácticas e <strong>encaixadas</strong>, com a particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as paratácticas e as hipotácticascontribuirem para a estrutura <strong>do</strong> discurso e as <strong>encaixadas</strong> não o fazerem. Mais uma vez, como dizShleppegrell (i<strong>de</strong>m: 67): “Esta distinção tripartida <strong>de</strong> ligações oracionais em paratácticas,hipotácticas e <strong>encaixadas</strong>, distingue entre orações que, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, contribuem para aestrutura <strong>do</strong> discurso (paratácticas e hipotácticas) e as que funcionam como parte <strong>de</strong> uma outraoração (<strong>encaixadas</strong>).” 5Do ponto <strong>de</strong> vista discursivo, então, esta é uma distinção importante, em pelo menos <strong>do</strong>isaspectos. Em primeiro lugar, porque permite distinguir entre orações que contribuem para aestrutura <strong>do</strong> discurso <strong>de</strong> uma forma directa e imediata e as que o fazem apenas <strong>de</strong> uma formaindirecta e não in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Em segun<strong>do</strong>, porque da sua expressão linguística em textos reais<strong>de</strong>correm aspectos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição discursiva, nomeadamente os valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical e <strong>de</strong>4 Esta e outras traduções <strong>de</strong> citações originais inglesas que ao longo <strong>do</strong> texto vão ocorren<strong>do</strong> são da minharesponsabilida<strong>de</strong>. As citações originais po<strong>de</strong>m ser encontradas em nota <strong>de</strong> rodapé associada à tradução usada nocorpo <strong>do</strong> texto, como acontece neste caso: “(...) the category subordinate clause inclu<strong>de</strong>s two functionally verydifferent types of clauses. Some subordinate clauses participate in discourse structuring; these are referred to ashypotactic clauses. Others function as a nominal group or part of a nominal group and <strong>do</strong> not make an in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntcontribution to discourse structure; these are called embed<strong>de</strong>d clauses. Hypotactic clauses are <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt on but notconstituents of another clause. (...). Embed<strong>de</strong>d clauses, on the other hand, function within another clause;”5 Cf.: “This three-way distinction of clause linkages as paratactic, hypotactic, or embed<strong>de</strong>d, distinguishes betweenclauses that in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntly contribute to discourse structure (hypotactic and paratactic) and those that function as partof another clause (embeddings).”4


intricacia gramatical associa<strong>do</strong>s a esses textos. Por <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical enten<strong>de</strong>-se a ratio das palavraslexicais <strong>de</strong> um texto relativamente ao número <strong>de</strong> orações que nesse mesmo texto <strong>de</strong>sempenhamfunções oracionais, isto é, que na escala <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> situam no nível oracional (ou seja, que não são<strong>encaixadas</strong>). Os valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical, como os valores <strong>de</strong> intricacia gramatical (i. e., a ratiodas orações relativamente aos complexos oracionais <strong>de</strong> que fazem parte), <strong>de</strong>finem padrões <strong>de</strong>comportamento <strong>do</strong>s textos orais e escritos. Assim, quanto mais alta for a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical <strong>de</strong> umtexto mais próximo esse texto está <strong>do</strong>s registos mais prestigia<strong>do</strong>s da escrita, como o <strong>do</strong> discursocientífico, e quanto mais baixa ela for mais próximo o texto está <strong>do</strong>s registos da oralida<strong>de</strong>.Inversamente, valores altos <strong>de</strong> intricacia gramatical estão associa<strong>do</strong>s a registos orais e valoresbaixos a registos escritos (sobre estas noções vd, Halliday, 1987 e Halliday, 1985).Os valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical e <strong>de</strong> intricacia gramatical alimentam duas noçõesfundamentais que ajudam a caracterizar a variação funcional <strong>do</strong>s textos; ou seja, ajudam acaracterizar tanto géneros, enquanto “mo<strong>do</strong>s diferentes <strong>de</strong> usar a língua para realizar diferentestarefas culturalmente estabelecidas” 6(Eggins & Martin, 1997: 236), quanto registos, enquantomo<strong>do</strong>s contextualmente motiva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> usar a língua em situação, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que “as dimensõescontextuais po<strong>de</strong>m ser vistas como ten<strong>do</strong> consequências na língua por tornarem certos significa<strong>do</strong>se suas expressões linguísticas mais plausíveis <strong>de</strong> ocorrer <strong>do</strong> que outros” 7 .Numa fase preliminar <strong>de</strong> análise, os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> presente trabalho pareciam <strong>de</strong>monstrar, porexemplo, que os textos <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> 6º ano seriam os que em média têm o menor número <strong>de</strong>palavras por oração (6,5, contra 7,2 no 4º ano e 9,2 no 9º ano) e seriam também os que na relaçãoorações <strong>de</strong> nível oracional vs. orações <strong>de</strong> nível abaixo <strong>do</strong> nível oracional (orações <strong>encaixadas</strong>)apresentam uma maior incidência <strong>de</strong> orações sem encaixe (em média um encaixe por cada 8,6orações, contra em média um encaixe por cada 7,3 orações, no 4º ano, e um encaixe em média porcada 6,1 orações, no 9º ano). Ou seja, a hipótese <strong>de</strong> trabalho que se colocava era a <strong>de</strong>: aceitan<strong>do</strong> queestes da<strong>do</strong>s dão conta, quantitativamente, da menor complexida<strong>de</strong> estrutural <strong>do</strong>s textos <strong>do</strong>s alunos<strong>do</strong> 6º ano comparativamente aos <strong>do</strong> 4º ano, será que estaremos eventualmente perante um retrocessono <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> intricacia gramatical, e perante uma clara preferência por estruturasoracionais <strong>de</strong> reduzida complexida<strong>de</strong>?Respon<strong>de</strong>r a esta pergunta e outras com ela relacionadas será a tarefa <strong>de</strong>ste texto logo após a6 Vd.: “(…) linguists <strong>de</strong>fine genres functionally in terms of their social purpose. Thus, different genres are differentways of using language to achieve different culturally established tasks, and texts of different genres are texts whichare achieving different purposes in the culture. (...). Thus, the major linguistic reflex of differences in purpose is thestaging structure by which a text unfolds.”7 Cf. "The concept of register is a theoretical explanation of the common-sense observation that we use languagedifferently in different situations. More technically, contextual dimensions can be seen to impact on language bymaking certain meanings, and their linguistics expressions, more likely than others. We can say that context placescertain meanings 'at risk'.”5


<strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> alguns aspectos referentes aos <strong>corpus</strong> e à meto<strong>do</strong>logia.2. Corpus e meto<strong>do</strong>logiaOs resulta<strong>do</strong>s ora apresenta<strong>do</strong>s enquadram-se no conjunto <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s que estão a serobti<strong>do</strong>s em razão <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um projecto <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> espectro mais alarga<strong>do</strong>,situa<strong>do</strong> <strong>num</strong>a área <strong>de</strong> investigação nuclear da linguística aplicada relativamente menosprezada: aárea <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da escrita. Tal projecto visa i) cartografar as transformações<strong>de</strong>senvolvimentistas da escrita na L1 ao longo <strong>do</strong>s 3 ciclos <strong>do</strong> ensino básico, e ii) construir um<strong>corpus</strong> <strong>de</strong> textos produzi<strong>do</strong>s por alunos, a constituir como <strong>corpus</strong> <strong>de</strong> referência da escrita no ensinobásico (4800 textos). Os resulta<strong>do</strong>s estão, presentemente, a ser obti<strong>do</strong>s a partir da <strong>de</strong>scrição eanálise <strong>de</strong> um <strong>corpus</strong> <strong>de</strong> textos produzi<strong>do</strong>s no ano lectivo <strong>de</strong> 2007/2008 no contexto das provas <strong>de</strong>aferição <strong>do</strong> 4º e 6º anos e <strong>do</strong> exame nacional <strong>de</strong> 9º ano. O <strong>corpus</strong> é constituí<strong>do</strong> por 400 textos <strong>do</strong> 4ºano, 400 <strong>do</strong> 6º ano e 400 <strong>do</strong> 9º ano, <strong>num</strong> total <strong>de</strong> 1200 textos, produzi<strong>do</strong>s como parte da tarefa <strong>de</strong>produção textual das respectivas provas.Espera-se que as <strong>de</strong>scrições e os materiais resultantes <strong>de</strong>ste projecto sejam <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>utilida<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong> em vista as necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s professores, já que em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento daescrita os professores ensinam aos alunos aquilo que os programas e os manuais consi<strong>de</strong>ram que osalunos <strong>de</strong>vem saber, mas estão, estamos to<strong>do</strong>s nós, pouco informa<strong>do</strong>s acerca <strong>do</strong> conhecimentolinguístico e metalinguístico que os alunos <strong>de</strong>têm sobre a escrita nas diferentes fases da sua vida. Ofacto não é invulgar; é sobretu<strong>do</strong> uma consequência da ausência <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrições linguísticasconsistentes e utilizáveis da escrita <strong>do</strong>s alunos, <strong>do</strong>s diferentes níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>num</strong>a faseespecífica e das diferentes fases <strong>de</strong> progressão da escrita na escola. Como resulta<strong>do</strong> da falta <strong>de</strong>instrumentos <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, os professores <strong>de</strong>ixam muitas vezes os critérios <strong>de</strong>avaliação apenas implícitos, sem os trabalharem pormenorizadamente na avaliação concreta, efrequentemente consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> apenas aspectos relativos à tarefa/tipo <strong>de</strong> escrita em particular, isto é,avalian<strong>do</strong> apenas os aspectos genológicos e <strong>de</strong> registo das produções textuais. Ou seja, não há<strong>de</strong>scrições consistentes e sistemáticas <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento que possam ser usa<strong>do</strong>scomo parâmetros <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho.3. AnáliseEmbora, como afirmam Christie & Derewianka (2008: 238), o aumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexicalnão seja em si mesmo um critério <strong>de</strong> aferição <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento na escrita, não há dúvida <strong>de</strong> queo mesmo será relevante se consi<strong>de</strong>rarmos, por um la<strong>do</strong>, que tal critério distinguecaracteristicamente, por exemplo, a oralida<strong>de</strong> da escrita, a primeira com baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical, a6


segunda com valores muito mais altos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong>s registos, e, por outro, que, ten<strong>de</strong>ncialmente,o <strong>de</strong>senvolvimento da escrita representa um movimento <strong>de</strong> afastamento das características daoralida<strong>de</strong> por apropriação progressiva das características da escrita 8 . Aliás, as mesmas autoras dãoconta da importância da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical no <strong>de</strong>senvolvimento da escrita ao admitirem, a propósitoda sua investigação sobre <strong>de</strong>senvolvimento da escrita nos ensinos básico e secundário, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>três áreas disciplinares, Inglês, História e Ciência, que “a tendência geral em cada uma das trêsáreas disciplinares <strong>de</strong>monstra um crescimento estável em <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical, à medida que ascrianças passam pela infância para os anos da a<strong>do</strong>lescência, <strong>do</strong>minan<strong>do</strong> o carácter relativamente<strong>de</strong>nso da linguagem escrita” (Christie & Derewianka, ibi<strong>de</strong>m). 9Partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste pressuposto, seria <strong>de</strong> esperar que os valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical na escritaem cada um <strong>do</strong>s anos em análise no presente estu<strong>do</strong> reflectisse um crescimento <strong>do</strong> 4º para o 6º anose <strong>do</strong> 6º para o 9º anos. Tal não acontece, porém. De facto, e sen<strong>do</strong> a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical média no 9ºano a mais alta <strong>de</strong> todas, como seria <strong>de</strong> esperar, no 6º ano os valores estão abaixo <strong>do</strong>s <strong>do</strong> 4º ano, oque, a aceitar a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical como critério <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, significará não um<strong>de</strong>senvolvimento mas um retrocesso. Tais da<strong>do</strong>s parecem, portanto, estar relaciona<strong>do</strong>s com umaresposta afirmativa à hipótese <strong>de</strong> trabalho atrás colocada. Efectivamente, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que a<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical, tal como está a ser aqui trabalhada, <strong>de</strong>corre da distinção entre oraçõeshipotácticas e orações <strong>encaixadas</strong> e <strong>do</strong>s índice <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> umas e <strong>de</strong> outras nos textos,po<strong>de</strong>mos dizer que, face aos resulta<strong>do</strong>s, há uma menor complexida<strong>de</strong> estrutural nos textos <strong>do</strong>salunos <strong>do</strong> 6º ano comparativamente aos <strong>do</strong> 4º ano. Se isso correspon<strong>de</strong> eventualmente a umretrocesso no <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> intricacia gramatical e a uma preferência por estruturasoracionais <strong>de</strong> reduzida complexida<strong>de</strong> é algo que ainda estamos para ver. Por agora, e em razão <strong>do</strong>svalores mais recentes, relativos a 388 textos <strong>do</strong> 4º ano, 400 <strong>do</strong> 6º e 396 <strong>do</strong> 9º ano, registe-se que, emto<strong>do</strong>s os valores associa<strong>do</strong>s ao <strong>uso</strong> <strong>de</strong> estruturas <strong>encaixadas</strong>, temos valores mais baixos para o 6ºano <strong>do</strong> que temos para os outros <strong>do</strong>is níveis <strong>de</strong> ensino. Comecemos pela proporção <strong>de</strong> orações<strong>encaixadas</strong> relativamente às orações não <strong>encaixadas</strong>. Enquanto no 9º ano, como se po<strong>de</strong> observar noQuadro 1, temos uma oração encaixada por, em média, cada 6 orações (6,12), e no 4º ano temos8 Veja-se o que a este respeito nos diz Christie (1998: 58): “A linguagem escrita <strong>de</strong>senvolveu-se ao longo <strong>do</strong>s séculospara fazer coisas que a oralida<strong>de</strong> não faz. Demora-se necessariamente muitos anos a <strong>do</strong>minar a organizaçãogramatical da linguagem escrita. Não se trata <strong>de</strong> uma característica <strong>de</strong>senvolvimentista <strong>de</strong> crianças na ida<strong>de</strong> da escolaprimária.”/ “Written language has evolved over the centuries to <strong>do</strong> things that speech <strong>do</strong>esn't <strong>do</strong>. It necessarily takesmany years to master the grammatical organisation of written language. It is not a <strong>de</strong>velopmental feature of primaryaged children”.9 Vd.: “Increasing lexical <strong>de</strong>nsity is not in itself a sufficient measure of <strong>de</strong>velopment in writing. However, it is of someinterest to this study that the overall trend in all three subjects <strong>de</strong>monstrates a steady growth of lexical <strong>de</strong>nsity aschildren move through childhood and into the years of a<strong>do</strong>lescence, mastering the relatively <strong>de</strong>nse nature of writtenlanguage.”7


uma oração encaixada por, em média, cada 9 orações (8,76), no 6º ano, temos uma oraçãoencaixada por, em média, cada 10 orações (9,68), ou seja, os alunos <strong>do</strong> sexto ano ten<strong>de</strong>m a usarmenos encaixes <strong>de</strong> orações <strong>do</strong> que os <strong>do</strong> 9º ano, o que será eventualmente natural, mas tambémusam menos encaixes <strong>do</strong> que os <strong>do</strong> 4º ano, o que, eventualmente, já não será assim tão natural.4º ano 6º ano 9º anoOrações simplex ou em relação paratácticaou hipotáctica (não <strong>encaixadas</strong>) / Orações 8,76 9,68 6,12<strong>encaixadas</strong>Quadro 1 – Proporção <strong>de</strong> orações não <strong>encaixadas</strong> por cada oração encaixadaComo afirma<strong>do</strong> anteriormente, e como po<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong> <strong>de</strong> seguida no Quadro 2, osvalores da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical são homólogos a estes valores, isto é, também neste aspecto os alunos<strong>do</strong> 6º ano apresentam valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical mais baixos <strong>do</strong> que os alunos <strong>do</strong> 4º ano. Éexactamente porque fazem <strong>uso</strong> <strong>de</strong> menos orações <strong>encaixadas</strong> que tal acontece, uma vez que a<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical se me<strong>de</strong> na proporção <strong>de</strong> itens lexicais no texto relativamente a orações simplexou em relação paratáctica ou hipotáctica no mesmo texto (<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> fora da contagem as orações<strong>encaixadas</strong>).4º ano 6º ano 9º anoDensida<strong>de</strong> lexical2,80 2,66 3,0840% total palavras/ nº orações 10Quadro 2 – Densida<strong>de</strong> lexicalOs <strong>do</strong>is factores <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição até agora regista<strong>do</strong>s estão intimamente relaciona<strong>do</strong>s, já quesão ambos fortemente motiva<strong>do</strong>s pela presença relativa nos textos <strong>de</strong> orações <strong>encaixadas</strong> na suarelação com outras unida<strong>de</strong>s textuais. Mas se nos centrarmos apenas em tais orações, passamos paraum outro <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong>scritivo, neste caso referente aos valores relativos à complexida<strong>de</strong> da estrutura<strong>de</strong>ssas mesmas orações, que nos permitirá talvez avançar um pouco mais no tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição quetem vin<strong>do</strong> a ser feita. Por outro la<strong>do</strong>, se esquecermos as orações <strong>encaixadas</strong> e pensarmos apenas nasorações que estão a funcionar no seu nível natural e que, portanto, ou são orações simplex ou sãoorações que estão <strong>num</strong>a relação paratáctica ou hipotáctica (em complexo oracional), e verificarmos10 A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical foi aqui medida a partir <strong>de</strong> uma projecção média da percentagem <strong>de</strong> palavras lexicais por texto.Isto é, não ten<strong>do</strong> ainda si<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>s os itens lexicais no <strong>corpus</strong>, resolveu-se trabalhar com uma projecção média<strong>de</strong> 40% <strong>de</strong> itens lexicais por texto e por cada subcorpora (to<strong>do</strong>s os textos <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s anos). Embora nos resolvao problema imediato <strong>de</strong> contabilização <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical, tal projecção ignora infelizmente diferençasque possam existir nos valores <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> itens lexicais por texto e por cada sub<strong>corpus</strong> e que efectivamentepo<strong>de</strong>m ser diferentes, mesmo que apenas ligeiramente, em razão <strong>do</strong>s registos <strong>do</strong>s textos.8


as incidências <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>sse <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> orações (simplex e em complexo oracional), talvezpossamos avançar ainda mais. Vejamos tais valores, respectivamente, no Quadro 3 e no Quadro 4:Orações <strong>encaixadas</strong> simplex relativamenteao total <strong>de</strong> orações <strong>encaixadas</strong>4º ano 6º ano 9º ano84,86% 86,16 81,75Orações <strong>encaixadas</strong> que iniciam complexooracional relativamente ao total <strong>de</strong> orações 15,14% 13,84 18,25<strong>encaixadas</strong>Quadro 3 – Valores para encaixe <strong>de</strong> oração simplex e <strong>de</strong> complexo oracionalOrações simplex relativamente ao total <strong>de</strong>orações simplex ou em relação paratácticaou hipotáctica4º ano 6º ano 9º ano84,20 % 86,01% 81,82%Orações em relação paratáctica ouhipotáctica relativamente a total <strong>de</strong> orações 15,79% 13,98% 18,17%simplex ou em relação paratáctica ouhipotácticaQuadro 4 – Valores para orações simplex e orações em complexo oracionalO que os valores até agora enuncia<strong>do</strong>s nos permitem concluir, em termos <strong>de</strong> sistematização<strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s, é que, contrariamente às expectativas, os textos <strong>do</strong> 6º ano têm:1. menos <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical <strong>do</strong> que os <strong>do</strong> 4º ano (Quadro 2);2. mais orações simplex e menos complexos oracionais <strong>do</strong> que os 4º ano (Quadro 4);3. menos orações <strong>encaixadas</strong> <strong>do</strong> que os <strong>do</strong> 4º ano (Quadro 1);4. menos complexos oracionais encaixa<strong>do</strong>s e mais orações simplex <strong>encaixadas</strong> <strong>do</strong> que os <strong>do</strong>4º ano (Quadro 3).Se aceitarmos, seguin<strong>do</strong> Christie & Derewianka (2008: 240), que nesta fase <strong>do</strong> 6ª ano <strong>de</strong>ensino básico, “Entre outras coisas, os textos <strong>de</strong>senvolvem um leque maior <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> orações e <strong>de</strong>inter<strong>de</strong>pendências oracionais” 11 , não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> nos interrogar porque razão os da<strong>do</strong>sapresenta<strong>do</strong>s não espelham tal tendência. Da mesma forma, se aceitarmos com Schleppegrell (2004:79-80) que, em geral, a investigação “indica que o <strong>de</strong>senvolvimento da escrita escolar envolve ummovimento da sintaxe paratáctica e enca<strong>de</strong>ada <strong>do</strong> oral para uma estrutura oracional reduzida <strong>de</strong> altoconteú<strong>do</strong> proposicional própria <strong>do</strong>s registos académicos.” e que “Os escritores apren<strong>de</strong>m a11 Vd. “(...) it is the second phase which is in many ways critical, for it marks an important transitional passage awayfrom forms of language like those of speech, towards forms closer to matures writing, and the grammaticalorganization of children's texts must change if children are to succeed. Among other matters, texts <strong>de</strong>velop a greaterrange of clause types and clause inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncies (...)”9


empacotar mais informação em cada oração, à medida que a sua escrita se <strong>de</strong>senvolve.” 12 , entãoporque não reflectem essa tendência, em termos quantitativos, os textos <strong>do</strong> 6º ano ou porque sãodistintos, em razão inversa, <strong>do</strong>s textos <strong>do</strong> 4º ano?Centran<strong>do</strong>-nos exclusivamente nas orações <strong>encaixadas</strong> e, <strong>de</strong> entre estas, nas que funcionamcomo orações pós-modifica<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> núcleo <strong>de</strong> um grupo nominal, as já referidas subordinadasadjectivas relativas restritivas da gramática tradicional, po<strong>de</strong>mos pensar que a sua menor incidêncianos textos <strong>do</strong> 6º ano é eventualmente compensada com níveis mais altos <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> outrasestruturas <strong>de</strong> pré e pós-modificação <strong>de</strong> núcleos <strong>de</strong> estruturas nominais, mas não parece ser esse ocaso, a julgar por uma análise breve <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s. Resta-nos, como explicação, pensar nas tarefas queforam solicitadas aos alunos e verificar se há nessas tarefas alguma razão que motive os valores <strong>de</strong>ocorrência aqui apresenta<strong>do</strong>s, isto é, vejam-se os resulta<strong>do</strong>s à luz da sua relação com o tipo <strong>de</strong> textosolicita<strong>do</strong> nas tarefas das provas <strong>de</strong> aferição:4º ano 6º anoComo já antes te foi dito, vais agoraescrever um texto <strong>de</strong> 20 a 25 linhas.São muitos os objectos que po<strong>de</strong>mosusar para escrever: uma lapiseira, umlápis, uma caneta, uma máquina <strong>de</strong>escrever ou até mesmo um computa<strong>do</strong>r.Imagina que, durante um dia, te podiastransformar <strong>num</strong> <strong>de</strong>sses objectos.Para contares como seriam essas vinte equatro horas fantásticas, pensa:– que objecto gostarias <strong>de</strong> ser;– quem seriam os teus <strong>do</strong>nos;– em que tempo e local viverias;– o que te po<strong>de</strong>ria acontecer;– como acabaria esse teu dia tãodiferente.Como já atrás te foi dito, vais escrever, durante este tempo, umtexto <strong>de</strong> 25 linhas.Conta uma aventura, real ou imaginária, em que tu e o teuanimal <strong>de</strong> estimação sejam os protagonistas, isto é, aspersonagens principais.Ao fazeres, na folha <strong>de</strong> rascunho, o plano <strong>do</strong> teu texto, não teesqueças <strong>de</strong> que és o narra<strong>do</strong>r e, ao mesmo tempo,protagonista da história. Não <strong>de</strong>ixes <strong>de</strong>...a) indicar quan<strong>do</strong> se <strong>de</strong>u o episódio que vais contar;b) <strong>de</strong>screver, com algum pormenor, o local on<strong>de</strong> a aventura<strong>de</strong>correu;c) apresentar o teu animal <strong>de</strong> estimação como a outrapersonagem principal: como é, o que habitualmente faz, querelação há entre ti e ele…;d) contar o que aconteceu, o que cada um fez e com queintenção; como acabou a aventura;e) organizar a <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong>s diferentes acontecimentos queconstituem a «aventura», <strong>de</strong> maneira a obter uma sequêncianarrativa bem construída, com princípio, meio e fim.A leitura e comparação <strong>de</strong>stas tarefas permite-nos observar duas coisas: i) os textos sãodiferentes na sua formulação, no <strong>uso</strong> <strong>do</strong>s tempos verbais e na estrutura que seguem para solicitar e<strong>de</strong>screver a tarefa que propõem; e ii) apesar <strong>de</strong>ssas diferenças, e <strong>do</strong> carácter mais espartilhante oumenos espartilhante das indicações que são dadas e <strong>do</strong> <strong>uso</strong> <strong>do</strong>s diferentes tempos verbais (sobretu<strong>do</strong>o <strong>uso</strong> <strong>de</strong> futuro <strong>do</strong> pretérito na tarefa <strong>do</strong> 4º ano), as tarefas pe<strong>de</strong>m aos alunos a concretização <strong>do</strong>mesmo género <strong>de</strong> texto, isto é, a chamada história. Trata-se, provavelmente, <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong>12 Vd. “All of this research indicates that aca<strong>de</strong>mic writing <strong>de</strong>velopment involves movement away from the paratactic,clause-chaining syntax of speech, and toward the reduced clauses and high propositional content of the aca<strong>de</strong>micregisters. Writers learn to pack more information into each clause as their writing <strong>de</strong>velops.”10


texto <strong>de</strong> maior pre<strong>do</strong>minância e permanência na socieda<strong>de</strong> e, <strong>de</strong>finitivamente, na escola. Mas otermo história, no quadro da linguística sistémico-funcional, é uma <strong>de</strong>signação válidafundamentalmente para uma família <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> textos que têm um conjunto <strong>de</strong> características emcomum e não para um género em particular. Como afirmam Christie & Derewianka (2008: 32),“todas as histórias tem um estádio <strong>de</strong> orientação, todas têm uma qualquer sequência temporal <strong>de</strong> umevento e todas têm um qualquer tipo <strong>de</strong> fecho”, mas tais estádios ou etapas encontram realizaçãodiversa em diferentes tipos <strong>de</strong> histórias. Na escola, por exemplo, mais concretamente nas tarefas <strong>de</strong>escrita, a história encontra representativida<strong>de</strong> em <strong>do</strong>is géneros em particular, a narrativa (narrative)e o relato (recount), ou, por palavras mais transparentes relativamente ao que são as práticaspedagógicas portuguesas, a narrativa <strong>de</strong> problema (narrative), e verda<strong>de</strong>ira narrativa, e a narrativa<strong>de</strong> acontecimentos (recount), <strong>de</strong> estrutura linear, cronológica, sem a etapa fundamental da narrativaque é a Complicação. Em ambos os casos das tarefas das provas <strong>de</strong> aferição, o que é solicita<strong>do</strong> aosalunos, embora a partir <strong>de</strong> escolhas lexicogrammaticais diferentes, é uma narrativa <strong>de</strong>acontecimentos, ou relato. E embora a narrativa <strong>de</strong> acontecimentos possa ser baseada emexperiências pessoais, caso em que seria uma narrativa <strong>de</strong> acontecimentos pessoal, nestes casos elaé baseada em experiência imaginada, razão pela qual se trata <strong>de</strong> uma narrativa <strong>de</strong> acontecimentosimaginativa. Mais uma vez, citan<strong>do</strong> Christie & Derewianka (i<strong>de</strong>m: 32-33), po<strong>de</strong>mos dizer que asdiferenças entre a narrativa e o relato (narrativa <strong>de</strong> problema e a narrativa <strong>de</strong> acontecimentos) são asseguintes:Uma narrativa po<strong>de</strong> ter um Resumo, embora este seja opcional. Ambos os génerostêm <strong>de</strong> ter uma Orientação que introduz a(s) personagen(s) <strong>num</strong> da<strong>do</strong> tempo ouespaço (ou por vezes em ambos); <strong>de</strong>pois e, para além disso, são diferentes. Anarrativa introduz um problema – a Complicação, e esta é seguida por umaAvaliação, em que é provi<strong>de</strong>nciada uma resposta a e/ou uma reflexão sobre aComplicação (embora linguagem avaliativa possa ocorrer noutros elementos). Anarrativa termina com uma Resolução em que o problema é resolvi<strong>do</strong>, e umelemento opcional – a Coda – oferece um comentário. Quanto ao relato, o seu'meio' tem eventos em sequência temporal, referi<strong>do</strong>s como o Rol, e tem umelemento conclusivo opcional, a Reorientação, que termina satisfatoriamente otexto, retornan<strong>do</strong> os protagonistas ao ponto <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vieram. Comentários aoseventos ocorrem mais em função <strong>do</strong> ritmo <strong>do</strong> texto, e em diferentes momentos, <strong>do</strong>que <strong>num</strong> momento distinto da estrutura esquemática.” 1313 Vd. “A narrative may have an Abstract, though this optional. Both genres must have an Orientation which introducescharacter(s) in a setting of time or place (or sometimes both), and beyond that, they differ. A narrative introduces aproblem – the Complication, and this is followed by an Evaluation, in which response to and /or reflection on theComplication is provi<strong>de</strong>d (though evaluative language can occur in other elements). The narrative ends with aResolution where the problem is solved, and an optional element- Coda – offers commentary. As for the recount, its'middle' has events in temporal sequence, referred to as the Record, and it has an optional concluding element, theReorientation which 'rounds off' the text, normally returning the protagonists to the point whence they came.Comment on the events occurs prosodically, and across the text, rather than falling in a distinct element of schematic11


Desta sistematização <strong>de</strong> diferenças <strong>de</strong>corre naturalmente que a tarefa solicitada nas provas<strong>de</strong> aferição em causa, como já afirmei, foi, em ambos os casos, uma narrativa <strong>de</strong> acontecimentosimaginativa, um relato, razão pela qual não po<strong>de</strong>mos, à partida, radicar na tarefa as diferenças entreos valores que apontámos para o 4º e o 6º anos. 14 Nesse senti<strong>do</strong>, os textos analisa<strong>do</strong>s mostramcaracterísticas próprias <strong>do</strong>s registos associa<strong>do</strong> ao género relato (vd. Christie, 1998; Martin, 1989;Rothery & Stenglin, 1997) e, <strong>de</strong> certa forma, não se distinguem uns <strong>do</strong>s outros, no <strong>uso</strong> <strong>de</strong>: processos materiais e comportamentais, participantes específicos e pronomes pessoais, pretérito perfeito e imperfeito 15 conjunções aditivas e temporais orações <strong>encaixadas</strong> a expandir grupos nominais temas a marcar a passagem <strong>do</strong> tempo e a estruturar a narrativa4. ConclusãoA comparação <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong>s três subcorpora mostrou que no que se refere ao<strong>uso</strong> <strong>de</strong> orações <strong>encaixadas</strong>, o 6º ano se distingue por manifestar tendências contrárias ao que seria<strong>de</strong> esperar, sobretu<strong>do</strong> em comparação com os textos <strong>do</strong> 4º ano, e que em geral, essas tendênciascorrespon<strong>de</strong>m a uma menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> lexical, à frequência <strong>de</strong> mais orações simplex e menoscomplexos oracionais, à frequência <strong>de</strong> menos orações <strong>encaixadas</strong> e à frequência <strong>de</strong> menoscomplexos oracionais encaixa<strong>do</strong>s e mais orações simplex <strong>encaixadas</strong>. Se bem que no que se refere aintricacia gramatical os três níveis <strong>de</strong> ensino não se distingam em termos <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s,apresentan<strong>do</strong> valores muito próximos relativamente aos padrões <strong>de</strong> organização <strong>do</strong> complexooracional, o que em si mesmo é sobretu<strong>do</strong> problemático para o 9º ano que <strong>de</strong>veria ter valores maisbaixos <strong>do</strong> que os outros anos no número médio <strong>de</strong> orações a funcionar <strong>num</strong> complexo, nos outrosstructure.”14 Esta caracterização <strong>do</strong>s textos propostos nas tarefas <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> princípios objectivos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong>s diferentesgéneros enquadráveis na categoria geral história, como já referi<strong>do</strong>. Se nos cingirmos às escolhas lexicogramaticais<strong>do</strong>s textos das tarefas, po<strong>de</strong>mos admitir que a tarefa <strong>do</strong> 4º ano visa um relato e a tarefa <strong>do</strong> 6º visa uma narrativa, mastambém po<strong>de</strong>mos afirmar que as diferenças nos textos das tarefas são mais <strong>de</strong> metalinguagem e <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação aosníveis <strong>de</strong> conhecimento <strong>do</strong>s diferentes sujeitos <strong>de</strong> aprendizagem <strong>do</strong> que propriamente ao reconhecimento, por parte<strong>de</strong> quem redigiu as tarefas, da narrativa e <strong>do</strong> relato como tipos diferentes <strong>de</strong> histórias.15 Existem diferenças fundamentais no <strong>uso</strong> <strong>do</strong>s tempos verbais entre os textos <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> 4º ano e os <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong>6º ano, com os alunos <strong>do</strong> 4º a usarem quer o condicional quer o pretérito imperfeito com valor modal (condicional)em proporções muito elevadas, contra os alunos <strong>do</strong> 6º que praticamente não os usam. Tais diferenças <strong>de</strong>corremfundamentalmente <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> como a tarefa <strong>do</strong> 4º ano foi redigida, apelan<strong>do</strong>, por um la<strong>do</strong>, para a expressão datemporalida<strong>de</strong>, própria <strong>do</strong> género história (seja relato, seja narrativa), e, por outro, para o <strong>do</strong>mínio da modalida<strong>de</strong>,própria da especulação, <strong>de</strong>corrente da subordinação da história ao enuncia<strong>do</strong> geral (obrigatório como título <strong>do</strong>textos): “Se eu fosse X [um objecto <strong>de</strong> escrita] por um dia”. Os <strong>uso</strong>s <strong>do</strong>s tempos verbais nos textos <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> 4ºano que assumem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início o género história aproximam-se <strong>do</strong>s <strong>uso</strong>s <strong>do</strong>s tempos verbais nos textos <strong>do</strong>s alunos<strong>do</strong> 6º ano. Contrariamente, <strong>uso</strong>s <strong>do</strong>s tempos verbais nos textos <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> 4º ano que assumem o carácterespeculativo <strong>do</strong> texto, usan<strong>do</strong> estruturas em que uma condição informa uma situação hipotética (“Se eu fosse x,seria/era....”), estão mais longe <strong>do</strong>s <strong>uso</strong>s <strong>do</strong>s tempos verbais nos textos <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> 6º ano.12


valores há diferenças importantes que importa investigar. Por exemplo, interessa perceber qual arazão que leva a que os alunos <strong>do</strong> 6º ano tenham valores mais altos <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> estruturasoracionais simplex, seja <strong>encaixadas</strong> ou não, <strong>do</strong> que os alunos tanto <strong>do</strong> 4º como <strong>do</strong> 9º anos, e queestes últimos, por sua vez, tenham valores mais baixos <strong>do</strong> que os <strong>do</strong> 4º ano. 16É certo que o 2º ciclo <strong>do</strong> ensino básico tem características próprias que po<strong>de</strong>m ajudar aexplicar os valores apresenta<strong>do</strong>s. Por exemplo, Foley & Lee (2004: 117) referem que relativamenteaos da<strong>do</strong>s que analisaram <strong>de</strong> estudantes <strong>de</strong> Singapura e que correspon<strong>de</strong>m aos nossos <strong>do</strong>is primeirosciclos <strong>do</strong> ensino básico, “uma importante característica que sobressai é o pouco <strong>de</strong>senvolvimentoque existe <strong>do</strong> 4º ano para a frente. Em geral, <strong>de</strong>pois da conclusão <strong>do</strong> 4º ano, as indicações são <strong>de</strong>que no 5º e no 6º anos todas as características analisadas mostram pouco ou nenhum<strong>de</strong>senvolvimento na escrita das crianças quan<strong>do</strong> comparadas com o 4º ano.” 17 Talvez estaobservação possa ser válida para as crianças e o ensino básico português, mas não esqueçamos que,no caso presente, estamos perante valores que não só não parecem indiciar nenhum<strong>de</strong>senvolvimento, como até parecem indiciar o contrário.Muitas explicações po<strong>de</strong>m ser possíveis para explicar o fenómeno observa<strong>do</strong>, mas a suacorrecta apreciação só será possível, por um la<strong>do</strong>, com o alargamento <strong>do</strong> <strong>corpus</strong> aos anos seguintese jogan<strong>do</strong> os resulta<strong>do</strong>s na relação <strong>de</strong> uns anos com os outros, e por outro, com uma análisequalitativa <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> encaixe <strong>num</strong>a amostra <strong>de</strong> textos <strong>do</strong>s três níveis <strong>de</strong> ensino. Mas isso ématéria para trabalho futuro.ReferênciasButt, D., R. Fahey, S. Feez, S. Spinks & C. Yallop (2000): Using Functional Grammar: AnExplorer’s Gui<strong>de</strong>. 2nd ed. Sidney: National Centre for English Teaching and Research –Macquarie University.Christie, F. & Derewianka, B. (2008): School Discourse: Learning to Write Across the Years ofSchooling. Lon<strong>do</strong>n: Continuum.Christie, F. (1998): Learning the literacies of primary and secondary schooling. In Christie, F. &Mission, R., eds.: Literacy and schooling. Lon<strong>do</strong>n: Routledge: 47-73.Eggins, S. & J. R. Martin (1997): Genres and registers of discourse. In Van Dijk, Teun A., ed.:Discourse Studies: A Multidisciplinary Introduction, Volume 1: Discourse as Structureand Process. Lon<strong>do</strong>n: Sage Publications: 230-256Foley, J. A. & Lee, C. (2004): A Framework for Tracing the Development of Children's Writing in16 A diminuição <strong>de</strong> valores <strong>do</strong> 9º ano neste caso po<strong>de</strong>ria eventualmente estar relacionada com o tipo <strong>de</strong> texto solicita<strong>do</strong>na tarefa <strong>do</strong> exame. Não é esse o caso, porém, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que a tarefa <strong>do</strong> 9º ano não se distingue, no que a génerodiz respeito, das tarefas <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is outros anos, já que também se enquadra na categoria geral história, embora emtermos mais precisos corresponda ao género episódio/inci<strong>de</strong>nte (anec<strong>do</strong>te) isto é, a um tipo <strong>de</strong> texto em que umasituação particular e fora <strong>do</strong> vulgar na experiência <strong>do</strong> sujeito é revivida ou imaginada (“Redige um texto narrativo emque recor<strong>de</strong>s ou imagines uma situação na qual um sorriso tenha ti<strong>do</strong> um papel fundamental”).17 Vd. “In fact one very notable feature which stands out in this data is how little <strong>de</strong>velopment there is from Primaryfour onwards. In general having completed Primary four, the indications are that in Primary five and six all thefeatures we have analysed show little or no <strong>de</strong>velopment in the children writing when compared to Primary four.”13


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