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Sobre discursos e práticas acerca das manipulações irreversíveis ...

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defina uma identidade, como tentativa de encontrar consistência e de habitar opróprio corpo.É possível escutar na clínica pessoas que diante do desconforto frente asua sexualidade ou se deparando com uma forma de ser e estar que não seconforma dentro dos moldes convencionais do que é masculino ou femininoentendem a transexualidade como um diagnóstico apaziguador para o seu malestar e um não querer saber sobre isso. O que observamos é que o discursonormativo a que essa tendência se apoia é uma tentativa de não apenas ter umcorpo, mas de ser a partir dele, como nos aponta Lacan (1979/2003).Para Lacan (1976/2007) o ser falante encontra sua consistência nosentimento de que é portador de um corpo, “esse corpo enraizado no imaginário, eo amor-próprio que lhe está associado, lhe escapa todo o tempo” (p.66). Para ele,é o fato de o homem “ter um corpo”, e não de “ser um corpo” que o caracteriza(LACAN, 1979/2003, p. 561).Ao apontar para a disjunção entre o ser e o ter um corpo, Lacan nosensina que o ser humano não se identifica com seu corpo, mas por ter um corposeus sintomas lhe aparecem como estrangeiros. A noção de ex-sistência foi criadapor ele para dizer de algo que, mesmo estando fora do sujeito, lhe permaneceligado. É exterior a ele mesmo, mas ao mesmo tempo em que é “êx-timo” é intimo.Esse corpo que para Lacan (1979/2003) deixa de ser estrangeiro, ao serbanhado pela linguagem adquire consistência por seus orifícios, principalmente oouvido, ao ser tocado por um discurso estabelecido e socialmente compartilhado“(...) porque ele não pode se tapar, se cerrar, se fechar. É por esse viés que, nocorpo, responde o que chamei de voz” (p.563). Assim entendemos que o corpo é

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