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Orgulho de ser Chevrolet - Revista Jornauto

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GENERAL MOTORS DO BRASIL80 ANOS<strong>Orgulho</strong> <strong>de</strong> <strong>ser</strong> <strong>Chevrolet</strong>*por João Batista SimãoA General Motors está prestes a completar 80 anos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s no Brasil e, sem dúvida,tem muito a festejar. Não falo aqui apenas dos resultados que a empresa tem alcançado emum mercado como o nosso, cheio <strong>de</strong> surpresas na área econômica, <strong>de</strong> incertezas e <strong>de</strong>safi osa <strong>ser</strong>em vencidos, coisas que fazem a li<strong>de</strong>rança parecer um feito olímpico. Refi ro-me tambémàquilo que a GMB conseguiu atribuir à marca <strong>Chevrolet</strong>, tornando-a entre as mais <strong>de</strong>sejadas,sinônimo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, tecnologia, conforto e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Esses atributos inquestionáveisdos produtos e <strong>ser</strong>viços <strong>Chevrolet</strong> são como ouro puro para a Re<strong>de</strong> que, sem falsamodéstia, ajudou a montadora a tirá-los dos conceitos expressos nos manuais <strong>de</strong> Marketingpara a prática.A transparência que tem pautado o relacionamento da Re<strong>de</strong> <strong>Chevrolet</strong> com a GMB, sempre marcado por um diálogo franco, estabeleceu umaparceria real para os avanços contínuos, fi rmes e sustentados que temos alcançado. Mais do que isso, construiu uma Re<strong>de</strong> comprometida,atenta às mudanças e com incrível capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação.Queremos enaltecer os portões abertos, o profi ssionalismo e a ética com que a li<strong>de</strong>rança da GMB tem nos brindado, compartilhando <strong>de</strong>cisõescom franqueza e respeito, sem ilusões. O fortalecimento <strong>de</strong>sta parceria <strong>de</strong> alto nível tem sido prepon<strong>de</strong>rante na minimização dos nossosmomentos <strong>de</strong> difi culda<strong>de</strong> e criado condições para a ascensão da marca <strong>Chevrolet</strong> a uma posição <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>r.Temos nos empenhado na constante valorização <strong>de</strong>ste relacionamento, abraçando as lutas pela li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong> mercado. Partilhamos <strong>de</strong>stafesta e do mesmo sentimento <strong>de</strong> júbilo pelo caminho trilhado nestes 80 anos da GM no Brasil, que tem colocado a <strong>Chevrolet</strong> em lugar <strong>de</strong><strong>de</strong>staque perante o consumidor, como marca que respeita os seus anseios e procura sempre dar um passo à frente.Nossa força resi<strong>de</strong> no diálogo, em propostas e na busca <strong>de</strong> soluções para os nossos problemas e necessida<strong>de</strong>s. A Re<strong>de</strong> <strong>Chevrolet</strong> está preparadae organizada para avançar, crescer e consolidar sua presença no mercado. Para isto acreditamos e apostamos na competência da GMB,na sua coragem e obstinação em manter os investimentos necessários em produtos sempre renovados e <strong>de</strong> excepcional qualida<strong>de</strong>.Queremos erguer um brin<strong>de</strong> à digna aniversariante, que tem o perfi l <strong>de</strong> um lí<strong>de</strong>r, sem arrogância, mas ciente <strong>de</strong> seu valor, que fala e sabe ouvire com quem, lado a lado, <strong>de</strong>senvolvemos algo que consi<strong>de</strong>ramos imprescindível ao sucesso: o orgulho <strong>de</strong> <strong>ser</strong> <strong>Chevrolet</strong>.* Presi<strong>de</strong>nte da Associação Brasileira dos Concessionários <strong>Chevrolet</strong>4 ESPECIAL JORNAUTO


80 ANOS GENERAL MOTORS DO BRASILIndústria fortalecida*por Paulo ButoriIndústria automotiva forte signifi ca economia forte e promissora emqualquer parte do mundo. No Brasil, apesar <strong>de</strong> todas as difi culda<strong>de</strong>senfrentadas comumente por países em <strong>de</strong>senvolvimento, conquistamosespaço e lutamos muito para pre<strong>ser</strong>vá-lo. E tudo começou lá atrás, há80 anos, quando a General Motors veio para o Brasil. Esta montadora éuma das pioneiras no processo <strong>de</strong> nacionalização <strong>de</strong> veículos. Em parte,<strong>de</strong>vemos a ela, portanto, o surgimento organizado do setor <strong>de</strong> autopeçasnum país, à época, eminentemente agrícola.O relacionamento da GM com os fabricantes <strong>de</strong> autopeças, segundo antigos fundadores <strong>de</strong> empresas antológicas <strong>de</strong> nosso setor, muitas dasquais pertencentes agora a grupos multinacionais, tinha no respeito e no compromisso com a palavra dada seus mais importantes princípios.Atualmente, os contatos são mais impessoais e, <strong>de</strong>vido à acirrada concorrência, mais difíceis também.A GM é uma empresa com gran<strong>de</strong> visão <strong>de</strong> mercado. Talvez seja a única montadora a oferecer produtos para consumidores em todas as faixas<strong>de</strong> consumo. A inteligência <strong>de</strong>sta estratégia está no fato <strong>de</strong> que, ao conquistar o comprador do primeiro carro zero, geralmente com menorpo<strong>de</strong>r aquisitivo, po<strong>de</strong>rá con<strong>ser</strong>vá-lo mesmo quando sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compra aumentar, anos <strong>de</strong>pois.O Sindipeças e seus associados se relacionam muito bem com a GM. Juntos, instituímos reunião mensal da Diretoria <strong>de</strong> Compras da empresacom um grupo <strong>de</strong> fornecedores em que são discutidos vários temas, dos claramente comerciais e técnicos até o próprio relacionamento.Esse mo<strong>de</strong>lo foi seguido por outras montadoras, já que elas e nós, autopeças, somos elos fundamentais na complexa ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> produção doautomóvel.A estratégia do Sindipeças se baseia em três pilares <strong>de</strong> atuação, cuja manutenção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das boas políticas comerciais que soubermosestabelecer com as montadoras, nossos principais clientes. São eles: crescimento do mercado doméstico <strong>de</strong> maneira sustentável; exportações,com foco nos veículos compactos e pesados, segmentos nos quais o Brasil é competitivo; e queda das barreiras à competitivida<strong>de</strong>. Em resumo,estes são pontos para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma política industrial consistente. Para que ela vire realida<strong>de</strong>, montadoras e autopeças precisamestar do mesmo lado. Trabalhamos todos para isso.Parabéns GM pelo trabalho, pelo exemplo e pelo aniversário <strong>de</strong> 80 anos.* Presi<strong>de</strong>nte do Sindicato Nacional da Indústria <strong>de</strong> Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças)ESPECIAL JORNAUTO - GMB 80 ANOS5


GENERAL MOTORS DO BRASIL80 ANOSGM e os seus 80 a nos no BrasilFuncionários da fábrica da General Motors do Brasil, noIpiranga (SP), em 1926, primeira instalação da empresa no paísA General Motors do Brasil, maior subsidiária da corporaçãonorte-americana na América do Sul, está completando 80 anos<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s em solo brasileiro, marcadas pela superação <strong>de</strong>suas próprias conquistas no mercado automotivo. Fez umalonga e árdua caminhada, com obstáculos e <strong>de</strong>safi os, semprevencidos com coragem, ousadia e <strong>de</strong>terminação.6 ESPECIAL JORNAUTO


80 ANOS GENERAL MOTORS DO BRASILA montadora se instalou ofi cialmenteno dia 26 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1925, conformeregistro no II Tabelionato <strong>de</strong> SãoPaulo, com o nome <strong>de</strong> CompanhiaGeral <strong>de</strong> Motores S/A. A razão sociallogo <strong>ser</strong>ia mudada para General Motorsof Brazil. O en<strong>de</strong>reço era a entãotranqüila avenida Presi<strong>de</strong>nte Wilson,no bairro do Ipiranga, em São Paulo,que, a partir do número 2.395, reuniaum conjunto <strong>de</strong> galpões antes <strong>de</strong>stinadosà armazenagem <strong>de</strong> algodão.A escritura da constituição da novaempresa, com um capital inicial <strong>de</strong> doismil contos <strong>de</strong> réis, <strong>de</strong>stacava os seusprincipais objetivos no Brasil: “Venda,fabricação, importação, exportação <strong>de</strong>automóveis, acessórios, maquinários,materiais necessários para montageme fabricação dos ditos produtos, bemcomo todo e qualquer negócio quese prenda ao comércio e à indústriamotora e <strong>de</strong> maquinaria, inclusivemontagem, aquisição e venda <strong>de</strong>fábricas e bens que se relacionassemcom o dito comércio e indústria”.Como se po<strong>de</strong> ob<strong>ser</strong>var, a escritura jáantecipava a diversifi cação <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>sfuturas - o que se comprovarianas décadas seguintes, com o seu envolvimentoem aparelhos eletrodomésticose, posteriormente, motores, peças e<strong>de</strong>mais componentes automotivos.Mas como a General Motorsveio parar no Brasil, mais precisamenteem São Paulo?A resposta po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> encontrada navisão empresarial do norte-americanoWilliam C. Durant, um prósperocomerciante <strong>de</strong> carruagens que, em1908, como administrador da Buick,fundava a General Motors Company,em Hudson, Nova Jersey.Nesse mesmo ano, o piloto <strong>de</strong> corridaLouis <strong>Chevrolet</strong> <strong>de</strong>ixava a Suiça,sua terra natal, rumo aos EUA e, em1909, criava em Detroit a <strong>Chevrolet</strong>Motors Company of Michigan.O interesse pelos automóveisaproximou Louis <strong>Chevrolet</strong> e BillyDurant. Dessa união, nascia, em1914, o <strong>Chevrolet</strong> 490, um mo<strong>de</strong>locom motor <strong>de</strong> 4 cilindros e 20cv, sucesso <strong>de</strong> vendas nos EUA.Em 1918, a <strong>Chevrolet</strong> <strong>ser</strong>ia integralmenteincorporada pela General Motors,que, dois anos antes, havia mudadosua razão social para General MotorsCorporation. Com essa mudança, assubsidiárias <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> <strong>ser</strong> holdinge se transformaram em empresasoperacionais, com controle próprio.Entre as fábricas <strong>de</strong> veículos da GMCque mais progrediram estão a Buick,Olds, atual Oldsmobile, Oakland, hojePontiac, Cadillac e, posteriormente,a GMC Truck e a <strong>Chevrolet</strong>.O alto <strong>de</strong>sempenho dos sistemas <strong>de</strong> produçãoda GM era posto à prova durantea I Guerra Mundial, quando a corporaçãoteve <strong>de</strong> transformar suas instalaçõespara a fabricação <strong>de</strong> material bélico,sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r ao mercadointerno com seus produtos. Logo após oconfl ito, adquiria a sua primeira empresafora dos EUA: a Opel, na Alemanha.Os anos 20 signifi caram uma época <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> expansão, levando a empresaa colocar em prática novos sistemas<strong>de</strong> manufatura e <strong>de</strong> administração. Osclientes já exigiam carros ágeis, fáceis<strong>de</strong> manejar, confortáveis e <strong>de</strong> baixocusto. Adiantar-se às expectativas e aos<strong>de</strong>sejos dos consumidores, apresentandoprodutos com segurança e qualida<strong>de</strong>,se tornariam uma das característicasda GM e base <strong>de</strong> sustentação do seuêxito ao longo das décadas seguintes.Batendo recor<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vendas, impelidaspelo crescimento da economia norteamericana<strong>de</strong> pós-guerra, Billy Durantexpandia cada vez mais os negócios.Uma <strong>de</strong> suas estratégias consistia emaproveitar as novas oportunida<strong>de</strong>s quesurgiam nos países em que as pessoassó conseguiam adquirir automóvelpor meio <strong>de</strong> importação. Acreditavaque a febre <strong>de</strong> possuir um carro iria sealastrar para outras partes do mundoe passar a integrar o cotidiano doshabitantes das áreas urbanas e rurais.A partir da década <strong>de</strong> 20, <strong>de</strong>u inícioà conquista <strong>de</strong> outros mercados, pormeio da compra <strong>de</strong> empresas, associaçãocom companhias estrangeiras e oestabelecimento <strong>de</strong> plantas próprias<strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> automóveis.O sistema utilizado pela empresanesses países era prático e econômico:chamava-se CKD (Completely KnockedDown). Em outras palavras, os veículosseguiam <strong>de</strong>smontados em navios, embaladosem caixotes e, <strong>de</strong>pois, montadosno país <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino, garantindo preçoscompetitivos e atraentes ao consumidor.A primeira indústria <strong>de</strong>sse gênero seestabeleceu na Dinamarca, em 1923.O Brasil foi um dos países escolhidospor Durant para expandir o impérioque começava a se formar, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>apurada análise da situação econômicae política do país, constatandoa viabilida<strong>de</strong> do empreendimento.No início da segunda década do séculopassado, o Brasil era a nação mais populosada América do Sul, com 35 milhões<strong>de</strong> habitantes, em 1925, e apresentavauma economia com crescimento anualsuperior a 4%. A capital paulista, <strong>de</strong>acordo com o censo <strong>de</strong>mográfi co, tinha,nesse mesmo ano, uma população <strong>de</strong>700 mil habitantes e se projetava comoo principal pólo industrial do país. Obairro do Ipiranga foi indicado por reuniralgumas indústrias e <strong>ser</strong> benefi ciado como transporte ferroviário da Santos-Jundiaí.MONTAGEM DE CARROS ÉINICIADA NO IPIRANGASob o comando do diretor-gerente M.P. Lawrence (janeiro a setembro), quefoi substituído no mesmo ano por L. W.Turner (setembro a novembro), entravaem funcionamento a linha <strong>de</strong> montagem,instalada em 26 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong>1925, com capacida<strong>de</strong> para construir25 carros por dia. Em setembro, saía oprimeiro <strong>Chevrolet</strong> montado no Brasil:um furgão para entregas urbanas.Até <strong>de</strong>zembro daquele ano foramcomercializadas 5.597 unida<strong>de</strong>s. Paraaten<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>manda, a produção foiaumentada para 40 veículos diáriosem 1926, quando assumiu A. M. <strong>de</strong>ESPECIAL JORNAUTO - GMB 80 ANOS7


GENERAL MOTORS DO BRASIL80 ANOSdiaí, o que iria facilitar o acesso ao porto<strong>de</strong> Santos e o escoamento da produçãopara as mais diversas regiões do país.Enquanto erguiam-se as estruturas danova fábrica, a linha <strong>de</strong> montagem noIpiranga continuava em plena ativida<strong>de</strong>e, em 1928, atingia a marca do50.000 º <strong>Chevrolet</strong> produzido no Brasil.SÃO CAETANO DO SUL ABRIGA ANOVA SEDE DA EMPRESAConsi<strong>de</strong>rada uma cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> PrimeiroMundo, São Caetano integra, hoje, umadas regiões mais industrializadas dopaís, conhecida como ABC Paulista, porenglobar Santo André e São Bernardo- esta última chegou a <strong>ser</strong> <strong>de</strong>nominada<strong>de</strong> “A Capital do Automóvel”, porabrigar a maioria das montadoras.No fi nal da década <strong>de</strong> 20 do séculopassado, porém, São Caetano nãopassava <strong>de</strong> um bairro pobre, distante15 quilômetros do centro <strong>de</strong> SãoPaulo. Sua população era constituídaem sua maioria por imigrantes, coma predominância <strong>de</strong> italianos.É nesse cenário que em 1 o <strong>de</strong> outubro<strong>de</strong> 1928, tendo A. M. <strong>de</strong> Tonnay comopresi<strong>de</strong>nte (1928 a 1930), a fábricada General Motors do Brasil iniciava aprodução <strong>de</strong> veículos em São Caetano.Dois anos <strong>de</strong>pois, prosseguindo com aousadia em marketing, a GM inovava nabatalha ininterrupta para manter a venda<strong>de</strong> seus produtos em patamares cadavez mais elevados. Exatamente no dia15 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1930, partia <strong>de</strong> São Pauloum trem a vapor transportando a estrutura<strong>de</strong> um circo, o Gran<strong>de</strong> Circo <strong>Chevrolet</strong>,com belas equilibristas, violeiros eartistas cômicos e dramáticos. O objetivoera percorrer as principais cida<strong>de</strong>s dointerior paulista e dos estados <strong>de</strong> MinasGerais e Rio <strong>de</strong> Janeiro propagan<strong>de</strong>andoas vantagens dos produtos da empresa.A entrada era gratuita e o espetáculocircense causava furor por on<strong>de</strong> passava.Ofi cialmente, a fábrica da GM emSão Caetano foi inaugurada a 12 <strong>de</strong>agosto <strong>de</strong> 1930, quando estava soba responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> J. D. Mooneyna presidência (1930 a 1941) e E. M.Van Voorhees como diretor-gerente(1930 a 1932). Esse ano coinci<strong>de</strong> coma chegada à presidência da Repúblicado gaúcho Getúlio Vargas, que viriaa adotar uma postura administrativa<strong>de</strong> cunho fundamentalmente nacionalista.Em seu governo, instituiu-seo mo<strong>de</strong>lo do Estado-empresário, quefi nanciava a produção e o investimento,protegia as empresas da concorrênciae priorizava o mercado interno.Diante das difi culda<strong>de</strong>s em importartudo o que era necessário e aindaarcar com altos custos dos produtos, onovo mandatário da nação estimula o<strong>de</strong>senvolvimento da indústria <strong>de</strong> base.Anteriormente, em 1926, comosecretário da Fazenda do governoWashington Luís, Getúlio haviaimplementado uma política cambialque favorecia os setores exportadorese protegia as empresas nacionais.Ao assumir a Presidência da República,por meio <strong>de</strong> um movimento progressistacom apoio militar, Getúlio criara,no entanto, um clima hostil junto àsoligarquias paulistas e mineiras, dasquais contrariara interesses econômicose políticos. Isso gerou uma situação<strong>de</strong> incerteza e insegurança, refl etindodiretamente nos rumos da economia.Essa instabilida<strong>de</strong> atingiria o clímaxem 1932, quando eclodiu, em SãoPaulo, a Revolução Constitucionalista.Naquele momento, tendo como diretorgerenteG. P. Harrington (1933 a 1944),a GM, há apenas quatro anos com afábrica <strong>de</strong> São Caetano, enfrentava umasensível queda nas vendas <strong>de</strong> seus veículose, para reverter a situação, apostavana aceitação comercial <strong>de</strong> uma novida<strong>de</strong>:o primeiro ônibus com carroçaria<strong>de</strong> estrutura <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira fabricado nopaís. O setor <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> da empresase empenhava em divulgar as vantagensdo novo veículo, apontando em10 ESPECIAL JORNAUTO


GENERAL MOTORS DO BRASIL80 ANOSrente E. G. Poxson (1942 a 1948), havia197.891 veículos em todo o país, dosquais apenas 7.088 eram caminhões.Para suprir o déficit em transporteautomotivo, a empresa mobilizoutodos os seus funcionários namontagem <strong>de</strong> carros militares paraas Forças Armadas Brasileiras. Entreesses, estavam caminhões, ambulâncias,reboques <strong>de</strong> duas rodas paracanhões leves, tanques <strong>de</strong> combustívele até utensílios <strong>de</strong> cozinha.Produziu mais <strong>de</strong> 2.000 veículospara uso civil, movidos a gasogênio,combustível alternativo gerado pelaqueima <strong>de</strong> carvão, que vinha suprira falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> petróleo.E é no meio <strong>de</strong>sse turbilhão <strong>de</strong>acontecimentos que se iniciou, em1943, a fabricação <strong>de</strong> molas elípticas.Complexo Industrial Automotivo da GMB, nos diasatuais, in<strong>ser</strong>ido no cenário <strong>de</strong> São Caetano do Sul (SP)RECONSTRUÇÃO ECONÔMICAFindo o confl ito mundial, o Brasil retomouas importações sem controle, esgotandorapidamente as re<strong>ser</strong>vas nacionaisem moeda forte, per<strong>de</strong>ndo excelenteoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar seu parque<strong>de</strong> máquinas. O então presi<strong>de</strong>nte EuricoGaspar Dutra adota medidas enérgicascom o objetivo <strong>de</strong> conter as compras noexterior, seguindo o exemplo dos <strong>de</strong>maispaíses aliados, que voltavam suaspreocupações para a reconstrução econômica,tendo como uma das metas aregularização do mercado internacional.Essa busca da normalida<strong>de</strong> <strong>ser</strong>viacomo um dos principais argumentosdos empresários que vinham lutando<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 30 para a implantaçãoda indústria automobilística nacional. Ameta era substituir as peças e <strong>de</strong>maiscomponentes até se chegar à produçãodo veículo genuinamente brasileiro.De 1930 para cá, havia surgido fábricas<strong>de</strong> acumuladores, molas, juntas e acessórios.Praticamente durante a guerra,vieram a Metal Leve, Motorit, Sabó &Reinholz e Freios Vargas, entre outras,incentivadas pelos pedidos feitospelas montadoras, entre elas a GM.“Não havia ainda uma indústriaespecializada em peças para veículos.Eram empresas que trabalhavamem mecânica geral <strong>de</strong> máquinas,equipamentos e con<strong>ser</strong>vação <strong>de</strong>maquinários”, lembra o empresárioSylvio Steves, fundador da IndústriaMecânica C. Esteves, em <strong>de</strong>poimentoà <strong>Revista</strong> <strong>Jornauto</strong> - edição especialsobre os 50 anos do Sindipeças.Para compensar, o país contava comuma obra <strong>de</strong> vital importância para afutura indústria automobilística brasileira:a si<strong>de</strong>rúrgica <strong>de</strong> Volta Redonda,que entrara em ativida<strong>de</strong>s em 1946.A si<strong>de</strong>rúrgica, em seu primeiro ano<strong>de</strong> funcionamento, chegou a produzir85.186 toneladas <strong>de</strong> aços emlingote. Uma das primeiras empresasa consumir o aço nacional foia GM, na expansão e diversifi cação<strong>de</strong> sua linha <strong>de</strong> produtos.12 ESPECIAL JORNAUTO


GENERAL MOTORS DO BRASIL80 ANOSMontadora traz progressopara São Caetano do SulCom a transferência para São Caetano, a GM se transforma em centro <strong>de</strong> atração <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> pequenasfábricas e estabelecimentos comerciais, órgãos públicos e escolas, que contribuíram para impulsionarrapidamente a expansão urbana e o progresso <strong>de</strong>sse distrito <strong>de</strong> Santo André. Tanto que, 20 anos apósa chegada da montadora, a localida<strong>de</strong> conquistou a emancipação político-administrativa e se tornou oterceiro município da região que, anos mais tar<strong>de</strong>, passaria a <strong>ser</strong> conhecida como o ABC PaulistaAinda hoje, a montadora se constituina principal fonte <strong>de</strong> arrecadação<strong>de</strong> tributos da Prefeitura local,sendo responsável por quase meta<strong>de</strong>do total do ICMS recolhido.No início <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s no Brasil,a política da empresa em admitirparentes <strong>de</strong> funcionários era bastantepraticada e se tornou mais comumquando se transferiu para São Caetano.Essa postura administrativa,adotada durante décadas, tornavapossível para várias gerações damesma família pu<strong>de</strong>ssem planejar eseguir a carreira do avô, do pai, do irmão,do tio e assim por diante. Outraprática que chegava a atrair jovensambiciosos em trabalhar na multinacionalera a concessão <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong>estudo aos interessados em estagiarnos EUA.Entre os funcionários, trazidos ouinfl uenciados por parentes, que se<strong>de</strong>stacaram na empresa, três <strong>de</strong>sempenharampapel fundamentalpara o seu sucesso: Stefan Bogar,Wal<strong>de</strong>mar Ettori e Adalberto Bogsan.Mas quem veio mesmo interessadodiretamente em conseguir abolsa <strong>de</strong> estudo foi Pedro A. Kahn,outro profi ssional importante natrajetória vitoriosa da montadora.KAHN, DETERMINAÇÃO DESDE O INÍCIOPedro A. KahnE. G. Poxson ocupava o mais alto cargo executivoda GM no Brasil, em 1947, quando o jovem PedroA. Kahn, formado em Eletrotécnica no Mackenzie, setornou o mais novo contratado da empresa, visando<strong>de</strong> imediato um objetivo: conquistar uma bolsa <strong>de</strong> estudopara o General Motors Institute (GMI), em Flint,Michigan, mantido pela GMC para os seus funcionáriosespalhados pelos mais diversos países do mundo.Mas antes <strong>de</strong> atingir essa meta, Kahn passoua trabalhar no setor <strong>de</strong> manutenção elétricada fábrica em São Caetano, então com poucomais <strong>de</strong> 2.000 funcionários, a maioria comconhecimento prático <strong>de</strong> suas funções, mas sem embasamento teórico. As ativida<strong>de</strong>s,porém, não exigiam muita tecnologia. A empresa só montava veículos e os setoresmais importantes eram os <strong>de</strong> marcenaria e carpintaria, fabricantes <strong>de</strong> carroçarias <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira para os ônibus. O Departamento <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Produtos já existia, mas selimitava a projetar carroçarias <strong>de</strong> coletivos e algumas pequenas peças específi cas.Da seção elétrica, Kahn se transferiu para a área <strong>de</strong> refrigeradores Frigidaire, quecuidava também <strong>de</strong> compressores comerciais para balcão frigorífi co e aparelhos<strong>de</strong> ar-condicionado. Em fi ns <strong>de</strong> 1949, já com a presença do presi<strong>de</strong>nte S. E Dithmer(1948 a 1953), quando já estavam em andamento as obras <strong>de</strong> ampliação da fábrica,Kahn conseguiu a tão almejada bolsa <strong>de</strong> estudo e embarcou para os EUA paraestudar no GMI e trabalhar na fábrica instalada também em Flint, Michigan.Após dois anos, <strong>de</strong> regresso a São Caetano, fi cou lotado no Departamento <strong>de</strong> Engenharia,que cuidava da manutenção elétrica e do planejamento da fábrica. “Nesseano, estávamos atravessando uma fase <strong>de</strong> racionamento <strong>de</strong> energia elétrica e euparticipei da instalação <strong>de</strong> uma usina na fábrica para suplementar o que a Light nãofornecia”, rememora. Kahn <strong>ser</strong>ia transferido, anos <strong>de</strong>pois para São José dos Campos,on<strong>de</strong> se tornaria responsável pela Engenharia da Fábrica. Aposentou-se 44 anos<strong>de</strong>pois, em 1991, como diretor do Complexo Industrial <strong>de</strong> São Caetano do Sul.14 ESPECIAL JORNAUTO


80 ANOS GENERAL MOTORS DO BRASILFoto da coleção Becherini, do Museu GM, datada dosanos 20, mostra o antigo Viaduto do Chá, cruzandoo Vale do Anhangabaú, no centro <strong>de</strong> São PauloVista da se<strong>de</strong> da GM em São Caetano do Sul (SP), com<strong>de</strong>staque para o portão 1 e para os prédios administrativosBOGAR IMPRESSIONA AO FALAR INGLÊSStefan BogarStefan Bogar ingressou na GM em 1948, com 19 anos incompletos, <strong>de</strong>pois<strong>de</strong> passar a infância e a adolescência ouvindo seus tios Miguel e FranciscoKulczar elogiarem a fábrica on<strong>de</strong> trabalhavam na montagem <strong>de</strong> carroçarias <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira para ônibus, quando esta fi cava na avenida Presi<strong>de</strong>nte Wilson.Eles vieram com a empresa para São Caetano e, por um bom tempo, fi zeram o percurso<strong>de</strong> quase duas horas a pé, vindos <strong>de</strong> São Paulo. “A vida era sacrifi cada, lembraBogar, mas, mesmo assim, eles falavam com alegria em trabalhar na GM”.Bogar entrou como torneiro mecânico na seção técnica. Nesse ano <strong>de</strong> 1948 a GManunciava a produção da primeira carroçaria inteiramente metálica, com 100% <strong>de</strong>matéria-prima nacional e começava a executar o plano <strong>de</strong> reestruturação dos prédios<strong>de</strong> números 1 e 2 e a ampliação dos escritórios administrativos.Ele, hoje, visualiza a empresa no início dos anos 50: uma miscelânea <strong>de</strong> profi ssionais,como ferreiros, pa<strong>de</strong>iros, açougueiros, enfi m, todos os que eram necessários paradar suporte aos empregados responsáveis pelo funcionamento da montadora.Os equipamentos não dispunham <strong>de</strong> recursos, tanto que, em conseqüência <strong>de</strong>ssa precarieda<strong>de</strong>, Bogar surpreen<strong>de</strong>uo seu chefe Herman Gru<strong>de</strong>lack quando este encontrou problemas para fazer a rosca esquerda <strong>de</strong>um terminal <strong>de</strong> direção. O jovem resolveu a questão em minutos, mostrando habilida<strong>de</strong> com peças e impressionandoainda mais quando dialogou em inglês com o seu superior. Este o encaminhou para participar<strong>de</strong> vários cursos, envolvendo mecânica geral, transmissão automática e motores Diesel.Não <strong>de</strong>morou muito e obteve a promoção para <strong>ser</strong> instrutor da escola técnica da empresa: dava aulase traduzia o material vindo dos EUA, para melhor compreensão dos alunos.Dessa forma, Bogar começava a sua carreira profi ssional na GM, on<strong>de</strong> se aposentaria 50 anos <strong>de</strong>poiscomo diretor <strong>de</strong> Manufatura dos complexos industriais <strong>de</strong> São Caetano e São José dos Campos.Nesse meio século, participou da fabricação do primeiro motor nacional e do lançamento da maioria dos mo<strong>de</strong>los, do Opalaaos carros mundiais. Contribuiu para que a empresa fi zesse suas próprias ferramentas, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a terceirização dos <strong>ser</strong>viçosque não exigiam tecnologia e se <strong>de</strong>stacou pela mecanização <strong>de</strong> várias ativida<strong>de</strong>s manuais, sem que houvessem <strong>de</strong>missões.É um dos mentores das mo<strong>de</strong>rnas plantas, com os sistemistas <strong>de</strong>ntro da mesma área, mas não sob o mesmo teto.Em 1997, um ano antes <strong>de</strong> se aposentar, recebeu a distinção Presi<strong>de</strong>nt´s Council Honors, criada pelo Conselhoda Presidência da General Motors Corporation para homenagear os empregados que se <strong>de</strong>stacaram por suas realizaçõese contribuíram para o <strong>de</strong>senvolvimento da companhia e o sucesso dos objetivos estabelecidos.ESPECIAL JORNAUTO - GMB 80 ANOS15


GENERAL MOTORS DO BRASIL80 ANOSETTORI SE CONSIDERA UM “SORTEADO”Outro que passou a trabalhar na GM, infl uenciadopor parentes, foi Wal<strong>de</strong>mar Ettori, em 1954, quandoo presi<strong>de</strong>nte era G. A Wolff (1953 a 1955).Ele relata: “Na minha mocida<strong>de</strong>, nos anos 50, era sonhoda maioria dos trabalhadores e jovens da regiãotrabalhar na General Motors do Brasil. Essa empresasempre ofereceu os melhores salários, pagando emdia sem nenhum atraso e oferecendo outros benefícioscomo ambulatórios médicos, restaurantes internos, fornecimentogratuito <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> segurança”.Aos 20 anos, ao <strong>ser</strong> admitido, se consi<strong>de</strong>rou um “sorteado”,pois começou “trabalhando na ferramentaria, um <strong>de</strong>partamentomuito importante para a empresa”, assinala.Nesse setor, durante quatro anos, teve a oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r e trocar experiência com ferramenteirosestrangeiros muito competentes, vindosprincipalmente da Itália, Espanha e França.Afi rma: “Com esses ferramenteiros, iniciava-se uma novafase em fabricação <strong>de</strong> itens <strong>de</strong> precisão, empregados nosestampos e ferramentas <strong>de</strong> repuxo <strong>de</strong> vários estágios,confeccionados com gran<strong>de</strong>s blocos <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> liga <strong>de</strong>alumínio e aço, com precisão no ajuste <strong>de</strong> folga e corte”.Nesse período, continua Ettori, “a fábrica <strong>de</strong> São Caetanoprocurou dar mais qualifi cação aos funcionários,implantando um programa que ensinava matemática,noções <strong>de</strong> conhecimento geral e da língua inglesa”.Ettori se transferiu para São José dos Camposem 1958, on<strong>de</strong> permaneceu até se aposentar em1999, como gerente da fábrica <strong>de</strong> motores.Sua experiência nessa unida<strong>de</strong> ren<strong>de</strong>u um livro: “Eu, aQualida<strong>de</strong> e a SenhoraFábrica <strong>de</strong> Motores”,on<strong>de</strong> mescla acontecimentos<strong>de</strong> sua vidapessoal e profi ssional.Mostra “como aempresa se atualizoue implantou tecnologiasmo<strong>de</strong>rnas e umanova postura emrelação às pessoase ao trabalho” e asua transformação“em uma fábrica<strong>de</strong> alta produção<strong>de</strong> motores <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> classemundial, aten<strong>de</strong>ndoao mercado locale <strong>de</strong> exportação”.Wal<strong>de</strong>mar EttoriBOGSAN: GMEMPREGA PAI,FILHO E NETOOutro exemplo éo da família <strong>de</strong>Adalberto Bogsan.Em 1962, a GMBanunciava a fabricaçãodo 50.000ºmotor <strong>Chevrolet</strong>, opai comemorava 36anos como empregadoda empresa, que,no mesmo ano, contratariao fi lho paratrabalhar como auxiliar<strong>de</strong> <strong>de</strong>senhista. Equase duas décadas<strong>de</strong>pois o neto <strong>ser</strong>iaadmitido como operador<strong>de</strong> impressoras.Dos três, pai e fi lho se aposentaram por tempo <strong>de</strong><strong>ser</strong>viço e apenas o neto <strong>de</strong>cidiu seguir novos caminhos,tornando-se piloto <strong>de</strong> aviação comercial.Bogsan, pai, acompanhou a evolução da companhia.Trabalhou na pioneira linha <strong>de</strong> montagemno bairro do Ipiranga e se transferiu para SãoCaetano, on<strong>de</strong> permaneceu até 1978. Nesse ano,em que se aposentou, viu a empresa apresentaro <strong>Chevrolet</strong> Caravan Comodoro e a nova linha<strong>Chevrolet</strong> 1979, incluindo o Chevette quatroportas, as picapes D10 (diesel) e C100 - mo<strong>de</strong>loscom um toque do seu filho, um <strong>de</strong>signerformado na própria escola da GM nos EUA.Assim como Bogar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> criança Bogsan, o fi -lho, nutria o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> trabalhar na empresaque o pai tanto elogiava. Menino ainda, freqüentavao clube dos funcionários que tinhaárvores frutíferas e piscina com água natural.“A GM era uma gran<strong>de</strong> família e, com esse espíritofamiliar, foi crescendo e hoje é essa potência”.Essa política <strong>de</strong> admitir parentes sofreu gran<strong>de</strong>s alterações<strong>de</strong>pois que a empresa se viu obrigada a assumiruma nova postura diante das mudanças provocadaspela globalização que, entre outras medidas, implantoua terceirização da maior parte <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s.Bogsan, o filho, se aposentou como gerenteadministrativo do Departamento <strong>de</strong> Designe, nessa função, participou <strong>de</strong> quasetodos os lançamentos da empresa. O últimomo<strong>de</strong>lo que acompanhou foi o Astra.Adalberto Bogsan16 ESPECIAL JORNAUTO


80 ANOS GENERAL MOTORS DO BRASILFRIGIDAIRE MOTIVA CONTRATAÇÃO DE BEERAndré Beer chegou para trabalhar na GM no segundo semestre <strong>de</strong> 1951 e saiu em 1999como vice-presi<strong>de</strong>nte, cargo criado especialmente para ele. Durante esses 48 anos, setransformou no principal interlocutor entre a empresa, o governo, as entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> classee a imprensa. Soube, com invejável maestria, contornar todas as crises econômicas esociais enfrentadas pelo país nesse quase meio século e, o mais importante, sair vencedor.Por seu total envolvimento nos negócios da empresa, passou a <strong>ser</strong> chamado <strong>de</strong> Mr. GM e,ao fi nal, recebeu como homenagem o prêmio Chairman`s Honors Award, que distingue osprincipais colaboradores da corporação da GM no mundo. Essa, apenas uma das distinções.Outras: Homem <strong>de</strong> Vendas <strong>de</strong> 1995 (ADVB), Melhor Lí<strong>de</strong>r Empresarial do setor automotivoem 1998 e 10 vezes Lí<strong>de</strong>r Empresarial do Ano (Jornal Gazeta Mercantil). De 1983 a 1989,comandou a Associação Nacional dos Fabricantes <strong>de</strong> Veículos Automotores (Anfavea).Beer veio para a GM justamente no período em que a empresa, sob a presidência <strong>de</strong> S. E.Ditmer, <strong>de</strong>cidira investir pesado no setor <strong>de</strong> refrigeração comercial e doméstico, passando afabricar produtos da marca Frigidaire que vinham sendo importados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 30.A nova operação não interferia na montagem <strong>de</strong> veículos. Prova disso é que, em janeiro,circulava o mo<strong>de</strong>rníssimo GM Coach, um novo ônibus urbano, com chassis e motordiesel importados dos EUA, e capacida<strong>de</strong> para 70 pessoas. Logo <strong>de</strong>pois começavam a<strong>ser</strong>em montados os carros da marca Opel, importados da GM alemã. Beer havia sidocontratado para avaliar os custos industriais dos primeiros refrigeradores que começavama <strong>ser</strong>em produzidos. Embora consi<strong>de</strong>rada a maior empresa da região, o total <strong>de</strong> empregados, nesse começo <strong>de</strong> década,não passava <strong>de</strong> dois mil e todos praticamente se conheciam pelo primeiro nome. Ele lembra que a companhia já dispunha <strong>de</strong>uma avançada fundição <strong>de</strong> matrizes, com uma nova linha <strong>de</strong> zinco, para estampagem <strong>de</strong> gabinetes <strong>de</strong> gela<strong>de</strong>iras e produção<strong>de</strong> diversas peças <strong>de</strong> bronze e latão, além <strong>de</strong> painéis <strong>de</strong> aço e cabinas <strong>de</strong> caminhões. As primeiras unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gela<strong>de</strong>iras Frigidairesaíram da linha <strong>de</strong> produção no segundo semestre <strong>de</strong>ste mesmo ano, com um índice <strong>de</strong> nacionalização <strong>de</strong> 72%. Areceptivida<strong>de</strong> pelo eletrodoméstico superou os mais otimistas prognósticos: em 1955, as vendas atingiram 50 mil unida<strong>de</strong>s,número duplicado no ano seguinte. Quatro anos mais tar<strong>de</strong>, a empresa comemorava a marca <strong>de</strong> 300 mil unida<strong>de</strong>s produzidas.Esse sucesso ocorreu, em gran<strong>de</strong> parte, em conseqüência do trabalho <strong>de</strong>senvolvido pelo Departamento Frigidaireda GM, que utilizava recursos consi<strong>de</strong>rados ousados para a época: patrocinava na extinta TV Tupi o TeleteatroGM e, nos intervalos, sorteava uma gela<strong>de</strong>ira como parte do concurso Felizardo Frigidaire.André BeerNOVA FÁBRICA REAFIRMACONFIANÇA NO PAÍSApostando no futuro da economiabrasileira, a GMB mostra que está<strong>de</strong>cidida a permanecer e a investir nopaís. Em outubro <strong>de</strong> 1953 adquiriu umaárea <strong>de</strong> 1.634.008 m 2 em São Josédos Campos, no Vale do Paraíba. Nesselocal, à beira da Via Dutra, planejavaconstruir um novo complexo industrialpara a fabricação, no futuro, dos própriosveículos, com matéria-prima nacional.Essa iniciativa se dava também emvirtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> o governo fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>monstrarinteresse e incentivar estudos sobre apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliar a nacionalizaçãodos veículos aqui montados.Um dos primeiros funcionários avistoriar a área foi Pedro A. Kahn.“Comecei a fazer levantamentossobre o terreno. A preocupaçãoera com a água, já que São Caetanoenfrentava problema com abastecimento.Mas, lá, o primeiro poço que abrimostinha mais água do que o necessário.Depois, voltei para receber as máquinas<strong>de</strong> terraplanagem”, conta.Três anos antes, empresários mostravamcriativida<strong>de</strong>: em agosto <strong>de</strong> 1950, aExposição Industrial, no Parque da ÁguaBranca (SP), apresentava o primeiroautomóvel brasileiro: o Pinar, construídoà mão, com materiais e peças nacionais,inclusive o motor. Esse veículo, projetadopelo capitão Edvaldo dos Santos, doServiço <strong>de</strong> Motorização do Exército,e construído por Domingos Otolini,não saiu da condição <strong>de</strong> protótipo.Em outubro <strong>de</strong> 1952, o governo haviaaprovado o Plano Nacional <strong>de</strong> Estímulo àProdução <strong>de</strong> Autopeças e à ImplantaçãoGradativa da Indústria Automobilística.Estava, assim, lançado o <strong>de</strong>safi o daindustrialização nacional, que vinha aoencontro dos interesses da GM, a qualhavia <strong>de</strong>senvolvido o Projeto 420, prevendoa fabricação <strong>de</strong> caminhões no Brasil.Os fabricantes <strong>de</strong> autopeças <strong>de</strong>sempenharampapel <strong>de</strong> fundamental importância para queesse processo pu<strong>de</strong>sse <strong>ser</strong> levado adiante.Mesmo antes <strong>de</strong>sse plano governamental,representantes do Sindicato da Indústria<strong>de</strong> Autopeças para Automóveis e Similaresno Estado <strong>de</strong> São Paulo, o atual Sindipeças,estiveram com o presi<strong>de</strong>nte Getúlio Vargas- que havia retornado ao po<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>sta vezeleito pelo povo - <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo a produção<strong>de</strong> veículos no país. Argumentavam <strong>ser</strong>essa a forma mais efi caz <strong>de</strong> impulsionaro <strong>de</strong>senvolvimento do setor por elesrepresentado. Uma <strong>de</strong>monstração dopo<strong>de</strong>rio <strong>de</strong>sses empresários foi a realizaçãoda I Mostra da Indústria Nacional <strong>de</strong>ESPECIAL JORNAUTO - GMB 80 ANOS17


GENERAL MOTORS DO BRASIL80 ANOSAutopeças, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, no início <strong>de</strong> 1953.No ano seguinte, Getúlio criava a Comissão Executivada Indústria <strong>de</strong> Material Automobilística, como tentativa<strong>de</strong> viabilizar um plano <strong>de</strong> nacionalização progressivapara os veículos a <strong>ser</strong>em construídos no Brasil.A idéia <strong>de</strong> se implantar a indústria automotivanacional, no entanto, só ganharia consistênciano governo Juscelino Kubitscheck, que <strong>de</strong>terminaa criação do Grupo Executivo da IndústriaAutomobilística (Geia), dirigido pelo AlmiranteLúcio Meira. Era <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse órgão,integrado por representantes do governo e daindústria, orientar e gerir a política para o setorautomotivo. Para atrair o interesse das empresase viabilizar o plano, o governo oferecia algumasisenções fi scais sobre a produção <strong>de</strong> componentes.O objetivo principal do Geia consistia em promover o<strong>de</strong>senvolvimento da indústria automobilística nacional.L. J. Kelly (1955 a 1958) era o presi<strong>de</strong>nte quando aGMB consegue aprovar, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1956, um<strong>de</strong> seus primeiros projetos: o que previa a fabricação<strong>de</strong> caminhões leves com motor <strong>de</strong> 6 cilindros. Esseprojeto garantia o início da produção em até trêsanos, período necessário para a importação domaquinário, da ampliação da fábrica <strong>de</strong> São Caetanoe construção da unida<strong>de</strong> em São José dos Campos.Nesse período, André Beer, já como analistafi nanceiro, tem sua primeira participação efetiva<strong>de</strong>ntro da empresa. Integrava o grupo <strong>de</strong> trabalhoresponsável pelo projeto sobre manufatura <strong>de</strong>caminhões e picapes que marcaria o começoda produção automotiva da empresa.“Depois <strong>de</strong> muita insistência com as autorida<strong>de</strong>sgovernamentais, começamos a produzir picapes,que foi a salvação da montadora. A seguir, maisimportante ainda, veio a Veraneio, <strong>de</strong>senhadae produzida pela GM brasileira”, recorda.O presi<strong>de</strong>nte da República Juscelino Kubitschek, juntamente comLúcio Meira, presi<strong>de</strong>nte do Geia e o governador <strong>de</strong> São Paulo CarvalhoPinto na inauguração da fábrica <strong>de</strong> São José dos Campos (SP)NOGUEIRA ENTRA EM CAMPOPrimeiro semestre <strong>de</strong> 1956. Pedro Ramos Nogueira Jr., um engenheiro <strong>de</strong> 22 anos,formado na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Louisiana, (EUA) e morador no Rio <strong>de</strong> Janeiro, lê noextinto Correio da Manhã anúncio <strong>de</strong> página inteira da General Motors. A empresaoferecia oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego para engenheiros com conhecimento eminglês, para treinamento prático <strong>de</strong> dois anos e mais curso no GMI. Os aprovados<strong>ser</strong>iam aproveitados na nova fábrica que se erguia no Vale do Paraíba.Nogueira, que trabalhava como gerente <strong>de</strong> produção na metalúrgica <strong>de</strong> seu pai,vislumbrou a chance <strong>de</strong> seguir carreira profi ssional em uma empresa multinacional.Em São Caetano, foi “muito bem recebido” por Laércio Guilger, gerente doDepartamento Pessoal e, logo a seguir, encaminhado para entrevistas com osgerentes, Moacir Prestes, do Controle <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> e Mario Garbi, da Manutenção.Estava aprovado “sem mesmo apresentar o diploma <strong>de</strong> engenheiro”, diz, hoje, bemhumorado, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> trabalhar 38 anos na empresa e estar aposentado há <strong>de</strong>z.Em setembro do mesmo ano, seguiu para os EUA. Trabalhava um mês na fábricae o outro mês permanecia no GMI, recebendo treinamento prático e teórico sobreprodução, motores, estamparia e a rotina <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> fábrica <strong>de</strong> automóveis.De regresso, em 1958, ao invés <strong>de</strong> <strong>ser</strong> enviado para São José dos Campos, conformeGRUPO APRENDE A FABRICAR MOTORDiante da iminência <strong>de</strong> começar a fabricar os seus próprios motores em São José dosCampos, a GM <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> investir mais intensamente na formação <strong>de</strong> profi ssionais brasileiros.Escolheu um grupo <strong>de</strong> 25, entre os que trabalhavam na mecânica e montagem <strong>de</strong> veículos.“Ao invés <strong>de</strong> enviar americanos para montar a indústria, como fi zeram na Austrália, aGM resolveu treinar brasileiros para fabricar o novo produto, nesse caso, o motor 261,que era exatamente o que eu tinha conhecido em Flint Michigan”, diz Pedro Kahan.Um dos integrantes <strong>de</strong>sse grupo era Stefan Bogar que, em 1956, embarcavapara os EUA para apren<strong>de</strong>r, na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tonawanda, no Estado<strong>de</strong> Nova York, como se fabricava o motor para caminhões.“A realização do nosso sonho era produzir motores no Brasil”, relembra Bogar. Essa aprendizagemo habilitou a se tornar um dos poucos brasileiros a enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> motorese o cre<strong>de</strong>nciaria, posteriormente, a coor<strong>de</strong>nar o grupo responsável pela implantaçãoda fábrica em São José dos Campos, cuja produção teve início em 21 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1956.“Nessa cida<strong>de</strong> do Vale do Paraíba íamos nacionalizar as picapes e os caminhões. Essefoi um <strong>de</strong>safi o infernal para todas as pessoas que trabalharam nesse projeto”.Para se familiarizar com a fundição a <strong>ser</strong> instalada em SãoJosé, em 1958, Bogar regressa aos EUA com outro grupo, integrado<strong>de</strong>sta vez por Wal<strong>de</strong>mar Ettori. Estagiam na GM-ServiceParts, em Saguinaw, Michigan, que estava produzindo omo<strong>de</strong>lo do motor 261 e responsável também pelo projeto eexecução da fundição que <strong>ser</strong>ia transferida para o Brasil.O estágio consistiu na aprendizagem <strong>de</strong> processos mecânicoscom operações <strong>de</strong> usinagem e montagem <strong>de</strong> motores.Portanto, o treinamento era para que os brasileiros estivessemcapacitados a levar adiante o projeto 420 - fabricarcaminhões leves em São Caetano e montar os motores <strong>de</strong>seis cilindros mo<strong>de</strong>lo 261 na nova fábrica <strong>de</strong> São José.Meses <strong>de</strong>pois, <strong>de</strong> volta, eles presenciam, “com enormesatisfação”, sair o primeiro motor <strong>Chevrolet</strong>, fundido,forjado e usinado no Vale do Paraíba.18 ESPECIAL JORNAUTO


80 ANOS GENERAL MOTORS DO BRASILfora contratado, <strong>de</strong>cidiram aproveitá-lona fábrica <strong>de</strong> São Caetano, on<strong>de</strong> entroucomo superinten<strong>de</strong>nte da Manutenção.“Fiquei <strong>de</strong>cepcionado com as instalações”,confessa. “Pensei que fossem maiores. Euimaginava que a GM do Brasil teria máquinas,prensas gigantescas. Fiquei realmente um pouco<strong>de</strong>sapontado, mas vi que tinha uma explicação: aempresa, naqueles anos, só montava veículos. Elogo começou a expansão, que continua até hoje”.Em São Caetano, Nogueira chegou adiretor geral da fábrica, cargo que passoua ocupar também na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Josédos Campos, para a qual se transferiu em 14 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1984. Nessa funçãose aposentou 10 anos <strong>de</strong>pois, encerrando uma trajetória marcada por sucessivas eimportantes conquistas no campo profi ssional. “Três meses após ter me aposentado,fui chamado à fábrica e recebi <strong>de</strong> volta o meu crachá <strong>de</strong> funcionário, com as seguintespalavras: Pedro, aqui você po<strong>de</strong> entrar e sair quando qui<strong>ser</strong>”, relembra, emocionado.Pedro NogueiraSobre esse fato, diz Ettori que “Jamais vou esquecer do momento em que ouvimoso som do primeiro motor <strong>Chevrolet</strong> que foi posto a funcionar. Quantaalegria e satisfação daquele grupo <strong>de</strong> pioneiros quando o motor foi aprovado.Alguns até choraram <strong>de</strong> emoção e se abraçaram e erguiam os braços comvigor em sinal <strong>de</strong> vitória e missão cumprida. Foi o início da fábrica...”.A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São José ocupava apenas uma parte do terreno. Em uma área <strong>de</strong> 18 milm 2 foi construída uma fundição para produzir <strong>de</strong> blocos <strong>de</strong> motor e <strong>de</strong>mais peças e, emoutra, <strong>de</strong> quase 17 mil m 2 , ergueu-se a ofi cina <strong>de</strong> usinagem <strong>de</strong> componentes <strong>de</strong> motor.A inauguração ofi cial <strong>de</strong>sse novo complexo industrial, que tinha como objetivo principala fabricação <strong>de</strong> motores nacionais, se <strong>de</strong>u no dia 10 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1959, no período<strong>de</strong> K. W. Doelling (1958 a 1960), com a presença do presi<strong>de</strong>nte Juscelino Kubitschek.“A novida<strong>de</strong> estava no fato <strong>de</strong> que a fundição e a usinagem <strong>de</strong> motores eram operadaspor brasileiros. Havia apenas pouco mais <strong>de</strong> cinco norte-americanos, mais envolvidosna parte da construção da fábrica do que em suas ativida<strong>de</strong>s”, testemunha Kahn.A partir da inauguração, Bogar vê disparar a produção <strong>de</strong> motores que, em apenas três anos,<strong>de</strong> 1960 a 62, chegou a atingir a marca <strong>de</strong> 50 mil unida<strong>de</strong>s, número que dobraria em 1965.No ano seguinte, a empresa iniciou a exportação <strong>de</strong> blocos <strong>de</strong> motor para a África do Sul.Já Pedro Kahn tem uma história curiosa. Antes <strong>de</strong>sse terreno <strong>ser</strong> adquirido, ele estava emlua-<strong>de</strong>-mel, parou para almoçar em São José dos Campos e ouviu o comentário da jovemesposa: “Como é que tem gente que consegue morar numa cida<strong>de</strong> tão pequena comoessa...?” Mal sabiam que, não muito <strong>de</strong>pois, iriam morar ali nas décadas seguintes.São José dos Campos se transformou numa metrópole. André Beer, ao comentar sobre o po<strong>de</strong>r<strong>de</strong> mudanças exercido pela indústria automobilística, com o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> novosnegócios e a expansão econômica e social, cita o exemplo <strong>de</strong> São Caetano. Numa das primeirasapresentações da fábrica no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, ele mostrou uma foto da GM <strong>de</strong> SãoCaetano na década <strong>de</strong> 20 e outra do início da construção em Gravataí. Eram idênticas e davamaté para confundir. Depois, mostrou a imagem atual da fábrica <strong>de</strong> São Caetano, perdidaem meio ao a<strong>de</strong>nsamento urbano e comercial que atraiu. “É isso que seduz: a perspectiva <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolver a comunida<strong>de</strong> e <strong>ser</strong> importante no crescimento profi ssional das pessoas”, afi rma.A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São José, assim como a <strong>de</strong> São Caetano, teria ampliada sua área construída,seis anos <strong>de</strong>pois, para a fabricação do primeiro automóvel brasileiro.A COROA DO ITALIANOEm seu livro sobre a fábrica em SãoJosé, Wal<strong>de</strong>mar Ettori narra váriosfatos pitorescos e engraçados que elepresenciou durante o tempo em quetrabalhou na empresa. Aqui, é transcritoum <strong>de</strong>sses casos que revela o humorextraído <strong>de</strong> acontecimentos corriqueiros:Alguns supervisores da fábricamantinham um bom nível <strong>de</strong> relacionamentosocial com seus funcionários.Um dia faleceu, <strong>de</strong> doença maligna, umoperador <strong>de</strong> máquina. O Italiano Véioera supervisor do operário e telefonoupara a funerária montar uma coroa <strong>de</strong>fl ores em nome <strong>de</strong> todos os colegas do<strong>de</strong>partamento. Mas como o falecidomorava longe, achou melhor que acoroa fosse entregue na portaria dafábrica em sua atenção e ele próprioa levaria no horário do enterro.Quando a funerária terminou amontagem da coroa, entregou naportaria da GMB e o guarda informou,por telefone, que a coroa do ItalianoVéio tinha chegado. Quem aten<strong>de</strong>uao telefone foi um escriturário quenão sabia da morte do funcionárioe nem da encomenda da coroa.Rapidamente procurou informarao Italiano Véio do telefonema,mas achou que não era respeitosofalar da chegada da coroa para oseu chefe e então falou assim:-Senhor, o guarda avisou que sua esposajá está na portaria. O Italiano ficou muitopreocupado, nunca sua esposa tinhavindo procurá-lo na portaria, o que teriaacontecido? Foi para a portaria pensandoem mil coisas ruins, até que viu o guardavindo com a coroa nas mãos. Então, soltouuma expressão <strong>de</strong> alívio e <strong>de</strong>sabafo:- Bruta bestia, é isto então? Male<strong>de</strong>tobastardo.O guarda ao ouvir estas palavras fi couin<strong>de</strong>ciso e perguntou:- Alguma coisa errada, senhor?- No, no, tudo cherto. Obrigado.E o Italiano saiu bufando com acoroa na mão, mas aliviado coma situação por não ter acontecidonada com a sua família.ESPECIAL JORNAUTO - GMB 80 ANOS19


GENERAL MOTORS DO BRASIL 80 ANOSBREVE HISTÓRIADO AUTOMÓVELO mérito da invenção do automóvel coubea Siegfried Marcus, um ju<strong>de</strong>u alemão,aprendiz <strong>de</strong> mecânico que, em 1865, emViena, colocou para funcionar o primeirocarro impulsionado com petróleo. O mesmoMarcus, em 1874, construiu um outromo<strong>de</strong>lo, com motor <strong>de</strong> quatro tempos eapenas um cilindro, que chegou a percorrer6,5 quilômetros por hora. Em 1924,os vienenses ergueram uma estátua emsua homenagem. Outros pioneiros da indústriaautomobilística foram os alemãesDaimler e Benz que, em 1895, fabricaramseus primeiros veículos com motor <strong>de</strong>combustão interna.A popularização do automóvel fi cou por contados franceses De Dion, Bollée e Serpolett, quehaviam obtido muito êxito com os carros motorizados,porém, a indústria <strong>de</strong>les não progrediu.No entanto, outro francês, Emile Levassor, sócio <strong>de</strong>René Panhard, da fi rma Panhard et Levassor, passoua construir o motor na França. Ele conhecera o últimomo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Daimler na Exposição Internacional<strong>de</strong> Paris, em 1889, impressionara-se com a sua potência,gerada por um motor <strong>de</strong> dois cilindros, e conseguirauma aliança comercial com a fi rma alemã.Decidido a inovar, Levassor <strong>de</strong>senhou o seu próprioautomóvel, equipando-o com o motor que se tornouo protótipo <strong>de</strong> todos os motores que surgiramnos 50 anos seguintes. O motor fi cava na partedianteira, a embreagem e o sistema <strong>de</strong> transmissãoatrás e o diferencial entre as rodas traseiras.Esse automóvel impressionava a população aose <strong>de</strong>slocar pelas estradas francesas, largas, retase uniformes, abertas na época <strong>de</strong> Napoleão.Depois dos franceses, foram os inglesesque passaram a fabricar veículos coma concessão outorgada por Daimler.Quase que simultaneamente, milionários norteamericanos<strong>de</strong> Newport começaram a importarautomóveis da Europa. Ainda nos EUA, váriosentusiastas se <strong>de</strong>dicaram a construir veículos:Hiram Percy Maxim, Ramson E. Olds, ElwoodHaynes, os irmãos Apperson e Dureya e, o maisconhecido <strong>de</strong> todos, Henry Ford, que, com a suagenialida<strong>de</strong>, popularizou o veículo automotivo.O primeiro automóvel chegou ao Brasil em 1891,trazido <strong>de</strong> Paris por Santos Dumont - “uma Peugeot<strong>de</strong> rodas altas, <strong>de</strong> três e meio cavalos <strong>de</strong> força”, conformerelata o Pai da Aviação em “Os meus balões”.20 ESPECIAL JORNAUTOOPALA, PRIMEIRO CARRO BRASILEIROQuando W. H. Gussenhoven era o presi<strong>de</strong>nte (1960 a 1963) começaram os estudospara a fabricação do primeiro automóvel brasileiro. No início <strong>de</strong> 1963, o engenheiroCarlos Buechler foi admitido pela GMB, on<strong>de</strong> permaneceu durante quase quatrodécadas - 39 anos para <strong>ser</strong> exato. Nesse período, teve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acompanhara evolução da engenharia <strong>de</strong> motores e <strong>de</strong>mais componentes. Essa evoluçãolevou a montadora a atingir um nível tecnológico equiparado ao das subsidiáriasGM nos países mais <strong>de</strong>senvolvidos do mundo.Mas quando Buechler começou, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> concluído o curso <strong>de</strong> engenheirona Escola Politécnica da USP, “o setor <strong>de</strong> engenharia era muito pequeno, <strong>ser</strong>estringindo à sala <strong>de</strong> Manômetro. Fui nomeado gerente da área <strong>de</strong> motores.Na época, só tinha um motor, o <strong>de</strong> caminhões, que fazia parte do primeiro plano<strong>de</strong> nacionalização. Esse motor, <strong>de</strong> 6 cilindros, era fabricado em São José”,lembra. O presi<strong>de</strong>nte na época era A. A. Cunningham (1963 a 1964).Para o lançamento do Opala, passou a trabalhar na nova geração<strong>de</strong> motores <strong>de</strong> 4 e 6 cilindros, chamados <strong>de</strong> 2.5 e 3.8, que posteriormenteforam utilizados na linha <strong>de</strong> picapes e caminhões.Enquanto Bogar e Buechler permaneceram no Brasil, pesquisando sobre sistemamotorizado, em 1966, Adalberto Bogsan viajou para os EUA para fazer curso <strong>de</strong><strong>de</strong>sign. A GM continuava a treinar os funcionários para que estes fi cassem habilitadosa exercer as ativida<strong>de</strong>s até então <strong>de</strong>stinadas aos técnicos norte-americanos.No GMI, Bogsan se especializou na área <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign automotivo e apren<strong>de</strong>u“o que não apren<strong>de</strong>ria no Brasil - toda a técnica <strong>de</strong> criação do veículo,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o esboço até o protótipo pronto para a apresentação”.Bogsan estava lotado como <strong>de</strong>senhista técnico no <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Engenharia eProduto, instalado no Edifício Del Rey, na rua Baraldi, em frente à praça Car<strong>de</strong>alArco Ver<strong>de</strong>, em São Caetano do Sul. Em algumas salas <strong>de</strong>sse prédio, funcionavam asáreas <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Carroçaria e Chassis, que começavam a se <strong>de</strong>senvolver e seexpandir. Os projetos em andamento eram da linha Veraneio, C10, C65 e C1416.D. Martin Jr assume a direção da empresa (1964 a 1968). Em 1965, a GMBcriou o Departamento <strong>de</strong> Estilo - futuro Centro Tecnológico - sob a tutelada Engenharia, que passou a funcionar no prédio Finish-Car.A primeira equipe <strong>de</strong>ssenovo <strong>de</strong>partamento, além<strong>de</strong> Bogsan, era integradapor G. Ghuisano, supervisor,J. B. Mateo, <strong>de</strong>signer eEmilio Mancha, mo<strong>de</strong>lador,selecionados pelo norte-americanoL. W. Stier,que assumiu a direção.A sua experiência inicial naárea se dá com a modificação da linha C1416,eliminando os faróis duplospara simples e <strong>de</strong>talhes dagran<strong>de</strong> frontal. Em seguida,se projetou a cabina dupla.Depois do curso e doestágio nos EUA, eleregressa em 1968 e Carlos Buechler


GENERAL MOTORS DO BRASIL80 ANOSestranha quando passa a trabalharem uma pequena e acanhadasala do Departamento <strong>de</strong> Estilo.“E aí começou a luta para ampliaro <strong>de</strong>partamento, só encerrada em1988, quando a empresa adquiriu oprédio da antiga Tecelagem Nice eimplantou o Centro Tecnológico, o quea gente sempre sonhou”, assinala.Como <strong>de</strong>signer, o trabalho <strong>de</strong> Bogsan écom o Opala, sedan, cupê, duas portas,o primeiro carro <strong>de</strong> passageiros. “Aúnica coisa que fi z nesse mo<strong>de</strong>lo foia cobertura do volante. Tive <strong>de</strong> tirarsuas características <strong>de</strong> Opel e fazê-loparecer um legítimo <strong>Chevrolet</strong>”, conta.Pedro Nogueira acrescenta que, parafabricar o Opala, a empresa teve <strong>de</strong>aumentar o setor <strong>de</strong> Manufatura e levantara seção <strong>de</strong> prensas para abrigaro novo maquinário. “Mudamosaté a caixa d´água, que foi arrastadauns 20 metros, para conseguir maisespaço para a seção <strong>de</strong> prensas”.Reconhece: “Com o Opala, a GM<strong>de</strong>u um gran<strong>de</strong> salto e <strong>ser</strong>viu comouma espécie <strong>de</strong> preparação <strong>de</strong> todaa equipe para os projetos futuros. Aexperiência obtida com esse projetonão há dinheiro que pague”.Já Pedro Kahn lembra a disputaentre São Caetano e São José paraganhar a preferência pela produçãodo carro. “Como sabem, o projetofoi executado em São Caetano, quejá tinha um pavilhão, um antigoarmazém <strong>de</strong> peças, mais apropriadopara a instalação da estamparia”.Mas para isso, acrescenta, uma equipefoi <strong>de</strong>signada para trabalhar no <strong>de</strong>senvolvimentoda nova usinagem <strong>de</strong>motores e outra para cuidar da estampariae montagem na fábrica do ABC.André Beer fala <strong>de</strong> seu envolvimentocom o projeto: “Esse veículo nasceubasicamente do esforço entre o setorFinanceiro, do qual estava encarregado,e a Engenharia <strong>de</strong> Produtos,comandada por Armando Eliezer”.Como controlador fi nanceiro, esteve nosEUA ven<strong>de</strong>ndo a produção, pela fábricabrasileira, <strong>de</strong> um carro <strong>de</strong> passageiroscom o aproveitamentoda experiênciaacumuladacom a produção<strong>de</strong> utilitários.Antes, foraanalisado, entreoutros, o mo<strong>de</strong>loChevy, que estavasendo feitona Argentina eera o primeiromonobloco daGM. Este foi<strong>de</strong>scartadopor apresentaruma série<strong>de</strong> problemas. O Opel Rekord tornou-seo escolhido para <strong>ser</strong>vir como base doprojeto, uma vez que se planejava umveículo médio, o que mais atendia àsnecessida<strong>de</strong>s do consumidor brasileiro.No entanto, como a parte mecânica aindanão dispunha <strong>de</strong> boa reputação no Brasil,“nos propusemos a fazer um carro commotorização <strong>Chevrolet</strong> (motor e câmbio)e o chassi Opel, mais a<strong>de</strong>quado às nossasnecessida<strong>de</strong>s. Foi a primeira vez, no mundo,que a GM fez um carro híbrido, apesar <strong>de</strong>,na época, acharem que nós, brasileiros,não tínhamos competência para isso. Eprovamos que a nossa engenharia tinhacondições <strong>de</strong> fazer o re<strong>de</strong>senho”, conta.Beer faz questão <strong>de</strong> citar que esseprojeto só conseguiu <strong>ser</strong> vendidoà matriz porque contou com oapoio do presi<strong>de</strong>nte D. Martin Jr.Nascia, assim, o Opala - fusão dos nomesOpel e Impala, mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> veículosimportados. “Foi um dos momentosprofissionais que mais me fez sentirrealizado”, confessaria anos mais tar<strong>de</strong>.O Opala saiu com duas versões <strong>de</strong>motores: um <strong>de</strong> 4 outro <strong>de</strong> 6 cilindrose se transformou numa dasve<strong>de</strong>tes do Salão do Automóvel <strong>de</strong>1968, realizado no Ibirapuera.“Essas novas linhas <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong>motores <strong>de</strong>ixaram os trabalhadores motivados.Abriram-se vagas para novos empregos;era uma linha <strong>de</strong> motores paracarros <strong>de</strong> passeio, sendo também umalinha <strong>de</strong> maior capacida<strong>de</strong> produtivaem massa e mais automatizada que aexistente”, registra Wal<strong>de</strong>mar Ettori.Posteriormente, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> 4 cilindrosfoi aprimorado pelo Departamento<strong>de</strong> Engenharia e tornou-seo gran<strong>de</strong> campeão <strong>de</strong> vendas.Beer acredita que o sucesso do Opalapossibilitou que ele se fi rmasse comoadministrador. Tanto que, em 1971,foi convidado a integrar a diretoria daempresa pelo presi<strong>de</strong>nte da GM noBrasil, James Waters. Passou a ocupar ocargo <strong>de</strong> diretor e controlador fi nanceiroe continuou como interlocutorentre a empresa e o governo, funçãoque vinha exercendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1964.O Opala encerrou seu ciclo <strong>de</strong> vida24 anos <strong>de</strong>pois, com mais <strong>de</strong> 1 milhão<strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s vendidas.EXPANSÃONo período em que esteve sob a presidência<strong>de</strong> James Waters (1968 a 1973), aunida<strong>de</strong> da GM em São Caetano expandiuconsi<strong>de</strong>ravelmente o seu território. Comoa fábrica fi cava espremida entre a linhaférrea e a avenida Goiás, Waters fez váriasaquisições, como os imóveis antes ocupadospela Colombina, fabricante <strong>de</strong> ácidos,pela An<strong>de</strong>rson Clayton e um prédio <strong>de</strong>escritórios. “Foi a única maneira encontradapara ampliar suas <strong>de</strong>pendências sem<strong>de</strong>ixar o local”, diz Pedro Nogueira.Família Opala22 ESPECIAL JORNAUTO


GENERAL MOTORS DO BRASIL80 ANOSCHEVETTE, O COMPACTO NASCEEM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS1969, um ano para <strong>ser</strong> comemorado:em abril, lavadoras, secadoras e fogõesda marca Frigidaire ampliam o setor<strong>de</strong> eletrodomésticos; em julho, o Opalaatinge a marca <strong>de</strong> 10 mil unida<strong>de</strong>s; emsetembro, chega a 500 mil a soma dosveículos produzidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua instalaçãona avenida Presi<strong>de</strong>nte Wilson; e, em<strong>de</strong>zembro, a fábrica <strong>de</strong> São José produzo 200.000º <strong>Chevrolet</strong>, mesmo mês emque é lançado o caminhão <strong>Chevrolet</strong>D-70, com motor Perkins, um Diesel <strong>de</strong>6 cilindros. Incentivada pelo sucesso<strong>de</strong> vendas do Opala, no ano seguinte,a GMB inaugura uma nova linha <strong>de</strong>montagem em São José, visando olançamento do Chevette. A unida<strong>de</strong>ganhava inclusive linha <strong>de</strong> prensas,funilaria, pintura e montagem fi nal.“Foi muito bom saber que, além <strong>de</strong>fundir e fabricar motores, a GM estariaproduzindo veículos em São José. Amão-<strong>de</strong>-obra efetiva aumentou 160%,consi<strong>de</strong>rando-se todas as áreas”, ob<strong>ser</strong>vaEttori. O Chevette se constituía noprimeiro carro compacto da montadora,sob a responsabilida<strong>de</strong> do Departamento<strong>de</strong> Planejamento e Desenvolvimento,comandado por Alberto Schies<strong>ser</strong>, quefaleceu durante o andamento dos estudospara a sua aprovação.Quem assumiu o seu lugar foi PedroKahn. “O projeto exigiu um investimento<strong>de</strong> US$ 130 milhões. ConstruímosChevetteuma terceira fábrica<strong>de</strong> motor, o daFamília I. Era umprojeto alemão efomos o primeiroa introduzir essemotor no mundoda GM”.Ettori é específico:“Esse projetotrazia uma gran<strong>de</strong>inovação: autilização docabeçote do motorem alumínioe eixo comando <strong>de</strong> válvula na cabeça,sistema chamado <strong>de</strong> OHC, iniciais daspalavras em ingês over head camschaft”.Para participar do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sseprojeto, quem viaja para Alemanha é CarlosBuechler, que se torna o primeiro engenheiro-resi<strong>de</strong>nteda fi lial brasileira na Opel.“Para fazer o Chevette foi preciso vencero estigma <strong>de</strong> que carro pequeno nãodava lucro. Lançamos o Chevette seismeses antes da Alemanha, o que veiomostrar a nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizaçãoe fi zemos mais: tiramos todosos problemas que o carro apresentavaem sua versão alemã”, revela Beer.Bogsan arremata: “A gente entrava noprotótipo para verificar se, realmente,cabiam duas pessoas no banco dafrente e três no banco <strong>de</strong> trás. De fato,era um carro compacto que abrigavacinco pessoas confortavelmente”.“Foram muitos os obstáculos a <strong>ser</strong>emvencidos”, recorda Pedro Nogueira, aofalar da necessida<strong>de</strong> que a empresatinha em produzir todas as ferramentase <strong>de</strong>mais componentes. “Não existiamempresas que pu<strong>de</strong>ssem dar apoio,que soubessem executar o que a genterealmente precisava. Enfi m, não havia oentrosamento que é mantido hoje entre amontadora e os prestadores <strong>de</strong> <strong>ser</strong>viços”.O problema da falta <strong>de</strong> peças forçoua empresa a reduzir a produção.“Os fornecedores não tinham capacida<strong>de</strong>sufi ciente para acompanhar o ritmo dalinha <strong>de</strong> montagem”, justifi ca Pedro Kahn.O Chevette, duas portas, teve seu lançamentono dia 24 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1973, jáobe<strong>de</strong>cendo à nova filosofia da empresa,segundo Pedro Nogueira: planejarcom minúcias, avaliar todos os ângulosque pu<strong>de</strong>ssem trazer problemas e só<strong>de</strong>pois fazer a implementação, maissuave. “Um processo que os americanosapren<strong>de</strong>ram com os japoneses”.Nesse intervalo, entre o projeto ea execução, havia sido lançado,em 70, o Opala Cupê SS e, doisanos <strong>de</strong>pois, foram adquiridos doisterrenos com 243.000 m 2 paraexpansão da fábrica em São Caetanoe uma área <strong>de</strong> 11.273.205 m 2na cida<strong>de</strong> paulista <strong>de</strong> Indaiatuba,para o futuro Campo <strong>de</strong> Provas.Em setembro, o Conselho <strong>de</strong> DesenvolvimentoIndustrial (CDI), aprova asplantas para a instalação da GM Terexdo Brasil, em Minas Gerais, que <strong>ser</strong>iainaugurada em outubro <strong>de</strong> 1974.24 ESPECIAL JORNAUTO


80 ANOS GENERAL MOTORS DO BRASILCAMPO DE PROVAS SURPREENDEPELA MODERNIDADEO Campo <strong>de</strong> Provas, aberto numaárea on<strong>de</strong> havia produção <strong>de</strong> batata,milho e café da Fazenda Cruz Alta,foi inaugurado em 1974 na gestão <strong>de</strong>John F. Beck (1974 a 1976) e surpreen<strong>de</strong>uos visitantes pela sua mo<strong>de</strong>rnaconcepção. O Brasil ganhava um dosmais avançados sistemas <strong>de</strong> testes automotivos,com quilômetros <strong>de</strong> pistasCampo <strong>de</strong> provas<strong>de</strong> Indaiatubareproduzindo os mais variados tipos<strong>de</strong> estradas. Até então, os testes eramfeitos nas ruas, em trajetos escolhidospelo número <strong>de</strong> buracos e <strong>de</strong> curvasque apresentavam.É nesse centro, o mais mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong>engenharia automobilística da AméricaLatina e o terceiro da Corporação GM,que são <strong>de</strong>senvolvidos e validadosos veículos <strong>Chevrolet</strong> e GMC, comos testes mais rigorosos do mundo.Em seus laboratórios, equipados cominstrumentos <strong>de</strong> última geração, sãorealizados sete mil testes por ano <strong>de</strong>segurança veicular, ruídos e vibraçõese emissões - este último é o único noBrasil cre<strong>de</strong>nciado pelo Inmetro - muitos<strong>de</strong>les acima dos padrões exigidospela legislação brasileira e, em algunscasos, até européia e americana.Alguns testes, como o <strong>de</strong> impacto frontalentre dois veículos, são pioneiros naAmérica Latina. Antes <strong>de</strong> chegaremao mercado, os veículos rodam mais<strong>de</strong> 8 milhões <strong>de</strong> quilômetros por ano.São ensaios <strong>de</strong> campo e <strong>de</strong> laboratórios,cujos resultados são captados porsofisticada instrumentação e minuciosamenteanalisados, com vantagens <strong>de</strong>precisão <strong>de</strong> dados e maior velocida<strong>de</strong>no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas soluçõespara o aperfeiçoamento do veículo.Para <strong>de</strong>senvolver novos projetos visandoo uso <strong>de</strong> materiais recicláveis, os engenheirosda empresa, juntamente comrepresentantes do ITDC (InternationalTechnical Development Center) - CentroTécnico Internacional <strong>de</strong> Desenvolvimentoda GM, com se<strong>de</strong> na Alemanha- e da NAO (North American Operation),escolhem as matérias-primas <strong>de</strong> acordocom os mais rigorosos critérios <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> respeito à natureza.Foi nesse local que, em 17 <strong>de</strong> setembro<strong>de</strong> 1975, a GM apresentavaa linha <strong>Chevrolet</strong> 76. O Chevette SLimperou como <strong>de</strong>staque da festa.PROÁLCOOL APROFUNDA ESTUDO DENOVOS MOTORESDurante a crise do petróleo, a partir <strong>de</strong>1975, a GM, em colaboração com ogoverno fe<strong>de</strong>ral, participa do Proálcool,programa i<strong>de</strong>alizado para economizarinicialmente 20% da gasolina consumidano país. O Departamento <strong>de</strong> Engenhariada empresa, por um longo tempo, realizapesquisas e testes em Dinamômetros <strong>de</strong>São Caetano e em campo <strong>de</strong> provas paraavaliar o <strong>de</strong>sempenho dos motores convertidosa álcool. Desenvolve, ainda,materiais à prova <strong>de</strong> oxidação.Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1976, é fabricado oprimeiro motor mo<strong>de</strong>lo 151 a álcool.“Todos fi camos contentes por termosentrado na nova era energética doscombustíveis alternativos, aten<strong>de</strong>ndoa um programa ousado do governofe<strong>de</strong>ral”, historia Wal<strong>de</strong>mar Ettori.André Beer foi um dos mais ardorosos<strong>de</strong>fensores da medida, embora passasse<strong>de</strong>pois por vários dissabores, causadospela especulação e pela <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>produtores em preterir o combustívela favor da exportação <strong>de</strong> açúcar.“Mas eu sempre fui a favor docarro a álcool, mesmo porque aindanão existe outra alternativa. Talveztenhamos, pela frente, o substitutoque é a célula <strong>de</strong> combustível,um sistema que utiliza o nitrogênio.Mas esse produto ainda nãoestá <strong>de</strong>senvolvido a contento”.Ressalva que o álcool, como combustível,é excelente para uso emautomóvel, mas não dá o resultadoesperado para caminhões, por nãoconter a mesma massa energéticada gasolina ou do óleo diesel.Buechler, por sua vez, acrescenta:“Tem um fato histórico interessante.Quando os EUA, na primeira crise dopetróleo, necessitaram <strong>de</strong> um carropequeno com certa urgência, o presi<strong>de</strong>ntemundial da GM analisou umasérie <strong>de</strong> veículos e chegou à conclusão<strong>de</strong> que o mo<strong>de</strong>lo brasileiro era oque mais se a<strong>de</strong>quava no momentoaos americanos. E lançou o Chevette,mo<strong>de</strong>lo Hatch, nos EUA, com apenasalgumas modificações <strong>de</strong> estilo”.Mesmo com todos os problemasgerados pela crise do combustível,a GM prosseguiu obtendo sucessocom seus produtos e, em fevereiro<strong>de</strong> 1976, foi produzido o milionésimo<strong>Chevrolet</strong> brasileiro, mesmamarca atingida pela unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> SãoJosé na fabricação <strong>de</strong> motores.Como ousada investida para incrementarainda mais as vendas, a direção daempresa tomou uma iniciativa inéditaESPECIAL JORNAUTO - GMB 80 ANOS25


GENERAL MOTORS DO BRASIL80 ANOSe, no dia 25 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1976,apresentou a linha <strong>Chevrolet</strong>77 por uma re<strong>de</strong> nacional <strong>de</strong>televisão. Em seguida, no X Salãodo Automóvel, se faz presentecom o novo Chevette esportivoGP-II e o <strong>Chevrolet</strong> Comodorocom motor <strong>de</strong> 4 e 6 cilindros.Em <strong>de</strong>zembro, foi inaugurada afábrica <strong>de</strong> motores Detroit DieselAllison do Brasil. Em 1977,chegou ao Brasil para assumira direção máxima da empresaJoseph J. Sanches (1977 a 1982).Outra jogada <strong>de</strong> marketing ocorreem janeiro daquele, com o lançamentodo Chevette GP-II junto como Gran<strong>de</strong> Prêmio Brasil <strong>de</strong> FórmulaI, em Interlagos. Esse mo<strong>de</strong>lo fi cou20% mais econômico em combustível<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sofrer mudanças no motor,ganhando novo comando <strong>de</strong> válvulase tendo sido aperfeiçoados e calibradoso distribuidor e o carburador.As outras divisões propiciavam boasnotícias: a DDAB atingiu a produçãodo 10.000º motor Detroit Diesel eainda lança o <strong>de</strong> 3 cilindros; a Terexproduz a sua milésima unida<strong>de</strong>; abateria Delco chega à surpreen<strong>de</strong>ntemarca <strong>de</strong> 6.000.000º <strong>de</strong> peçase as gela<strong>de</strong>iras Frigidaire obtémum novo marco: 2.000.000º.Com o conhecimento adquirido noperíodo crucial da crise do combustível,quando seus engenheiros gastarammilhares <strong>de</strong> horas <strong>de</strong>senvolvendo tecnologiaspara a produção <strong>de</strong> motoresa álcool, a GM começou, em 1979,a comercializar veículos com essescomponentes. As primeiras versõesoferecidas foram a da Veraneio e dapicape A-10, ambas com 4 cilindros.O próximoa sair commotor aálcool <strong>ser</strong>iao Chevette.A partir daí,a produção<strong>de</strong> motoresa álcool seMonzatornou rotineira, abrangendo a linha <strong>de</strong>caminhões, equipados com o motor 292.Quatro meses <strong>de</strong>pois, em abril <strong>de</strong> 1981, aSecretaria <strong>de</strong> Tecnologia Industrial aprovou omotor <strong>Chevrolet</strong> 250, um 6 cilindros a álcool,que iriam equipar a picape e a Veraneio.Em 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>sse mesmoano, a linha <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> veículoscomerciais <strong>de</strong>ixou São Caetano com<strong>de</strong>stino a São José dos Campos.MONZA, O CARRO MUNDIAL SUCESSODE VENDASNo início dos anos 80, quase uma décadaantes da <strong>de</strong>cisão do presi<strong>de</strong>nte FernandoCollor em promover a abertura do mercadoautomotivo para novas fábricas, a indústriamundial do setor vinha buscando soluçõespara enfrentar a acirrada concorrência,principalmente a dos japoneses.“As exigências do consumidor são crescentese as novida<strong>de</strong>s andam em ritmo<strong>de</strong> jato. Os japoneses vislumbraram essesfatores muito bem e se anteciparam,criando estruturas enxutas e competitivas”,reconheceria André Beer, anos mais tar<strong>de</strong>.A idéia <strong>de</strong> se produzir um carro mundial,conjugandoos recursostécnicos e osinteresses damatriz e dassubsidiárias,se constituina alternativaqueÚltimo Monza sai da linha <strong>de</strong>montagem e entra para a históriaobtém a aprovação da maioria.A GM do Brasil estava preparada paraenfrentar esse novo <strong>de</strong>safi o e se tornouuma das primeiras subsidiárias da corporaçãoa se adaptar à nova conjuntura.Em janeiro <strong>de</strong> 1981, iniciou a produçãodos motores Família II, que equipariamo veículo inicialmente i<strong>de</strong>ntifi -cado como Projeto “J” - que viria a<strong>ser</strong> o Monza e se tornaria o primeirocarro mundial fabricado no Brasil,lançado em 13 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1982.Beer recorda que essa se constituiuuma das iniciativas mais arriscadasda empresa. “O mundo vivia uma<strong>de</strong> suas maiores crises por causa dochoque do petróleo. Países e empresasestavam sem fundos externos, só osárabes tinham dinheiro, os petrodólares.Mesmo assim, pusemos o Monzano mercado junto com os EUA e aAlemanha e, aqui no Brasil, o carroli<strong>de</strong>rou as vendas por três anos”.Bogar, que ocupava o cargo <strong>de</strong> gerente<strong>de</strong> Manufatura da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Josédos Campos, testemunha: “O Monzafamília II foi o primeiro gran<strong>de</strong> programaque po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> consi<strong>de</strong>rado como overda<strong>de</strong>iro início da globalização dafabricação <strong>de</strong> veículos no Brasil. Ele foiconstruído aqui, na Austrália, na Alemanhae uma quase versão nos EUA. Enfi m,a globalização começou com o Monza”.A partir daí, a GM do Brasil começoua fabricar motores para oscarros europeus e, em contrapartida,importar componentes, “que pas-26 ESPECIAL JORNAUTO


80 ANOS GENERAL MOTORS DO BRASILsamos a fabricar também aqui”.Buechler consi<strong>de</strong>ra que o projeto doMonza, mo<strong>de</strong>lo Hatch, duas portas, foi<strong>de</strong>senvolvido fundamentalmente pelaOpel alemã. “Esse carro também saiunos EUA, numa versão similar, mas comalgumas modifi cações. Lembro que, naocasião, havia o Befi ex, um programa<strong>de</strong> incentivo às exportações, o que facilitoubastante o comércio internacional.Além disso, criou uma base tecnológicapara a fabricação <strong>de</strong> motores e seuscomponentes, benefi ciando o setor <strong>de</strong>autopeças e contribuindo para o aperfeiçoamentoda indústria brasileira”.Na opinião <strong>de</strong> Bogsan, o Monza <strong>de</strong>spertouinteresse por trazer gran<strong>de</strong>s novida<strong>de</strong>stecnológicas. Era o primeiro veículocom tração dianteira e motor transversal,versões Hatch e Sedan. “O Monzase constituiu num gran<strong>de</strong> e importantepasso para a li<strong>de</strong>rança da GM”, atesta.Esse carro, sucesso absoluto <strong>de</strong> vendas,em menos <strong>de</strong> três anos, em 1984, superavaa marca <strong>de</strong> 53 mil unida<strong>de</strong>s comercializadas,mesma data em que se registrava aprodução <strong>de</strong> 500 mil motores Família II,que equipava todos os mo<strong>de</strong>los mundiaisda GM. Fator que levou as exportaçõesa atingirem, só naquele ano, a cifra <strong>de</strong>US$ 245 milhões, <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> US$950 milhões, acumulado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1966.JUST-IN-TIMEPedro Nogueira menciona que, em fi ns <strong>de</strong>1983 quando estava na direção Clifford J.Vaughan (1983 a 1987), um ano após olançamento do Monza, os executivos damontadora trouxeram do Japão um revolucionáriosistema <strong>de</strong> entrega e recebimento<strong>de</strong> materiais <strong>de</strong>nominado just-in-time. Onovo processo promoveu uma drásticaredução dos estoques <strong>de</strong> materiais e <strong>de</strong>componentes nos armazéns e ao longo daslinhas <strong>de</strong> montagem. Contribuí, assim,para a redução do valor do materialestocado e para o ganho <strong>de</strong> área útilnas <strong>de</strong>pendências da fábrica, além <strong>de</strong>utilizar menos mão-<strong>de</strong>-obra.Esse sistema estipula quantida<strong>de</strong>smínimas <strong>de</strong> itens que são enviadosdiretamente ao local <strong>de</strong> uso nomomento certo <strong>de</strong> <strong>ser</strong>em utilizados.Afi rma: “Foi introduzido inicialmente namontagem <strong>de</strong> veículos em São Caetanocom tamanho sucesso que logo sealastrou para os <strong>de</strong>mais setores <strong>de</strong>ssafábrica e <strong>de</strong> São José dos Campos”.O ganho da área útil <strong>de</strong>ntro da empresafoi estimado em 25% e diminuiu anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliação necessáriada fábrica para a o início <strong>de</strong> projetosfuturos. Fornecedores também passarama adotar o just-in-time, reduzindoo custo das matérias-primas e doscomponentes pagos pela GM. Essesistema é hoje universalmente adotado.ESPECIAL JORNAUTO - GMB 80 ANOS27


GENERAL MOTORS DO BRASIL80 ANOSKa<strong>de</strong>ttCENTRO TECNOLÓGICO MARCAUMA NOVA ETAPADes<strong>de</strong> o início da década <strong>de</strong> 60, osprofissionais lotados nos <strong>de</strong>partamentos<strong>de</strong> Manufatura, Engenharia eDesign, vinham pleiteando um localmais a<strong>de</strong>quado para o <strong>de</strong>senvolvimentoconjunto <strong>de</strong> seu trabalho. Primeiro,conseguiram a transferência paraimóveis alugados fora das <strong>de</strong>pendênciasda fábrica. Mesmo assim, ficavamdispersos em escritórios improvisadose impedidos <strong>de</strong> realizar um trabalhoem seqüência.Bogar, junto com outros colegas,convenceu a diretoria da empresa acolocar lado a lado a Engenharia <strong>de</strong>Produtos, o Design e a Manufatura.O primeiro passo foi a aquisição doprédio <strong>de</strong> uma antiga tecelagem,ao lado do clube dos funcionários,e a conseqüente criação do CentroTecnológico, em 1988.Esse centro, inaugurado emfevereiro <strong>de</strong>sse mesmo ano,marcou o início <strong>de</strong> uma novaetapa, “um avanço extraordináriona história da GM doBrasil”, nas palavras <strong>de</strong> Buechler.Os funcionários dos setores<strong>de</strong> Engenharia, Manufaturae Design passaram a ocuparsalas bem aparelhadas. Era ofim dos projetos elaboradosem cima <strong>de</strong> pranchetas. Em seulugar, surgem a computaçãográfica, a tecnologia virtual eos cálculos matemáticos <strong>de</strong> estrutura,por meio <strong>de</strong> simulação. Torna-se umnúcleo criador <strong>de</strong> novos produtose responsável pela permanentemonitoração e aperfeiçoamento dosprodutos lançados pela montadora.“Toda essa tecnologia implementamosaqui em São Caetano, em paralelo, soba coor<strong>de</strong>nação das nossas co-irmãs nosEUA e na Alemanha. Nessa parte <strong>de</strong>computação gráfi ca, fi camos tão adiantadosquanto eles e, hoje, temos umatotal integração funcional”, diz Buechler.Todos passaram a trabalhar emconsonânciapara fornecerdados <strong>de</strong>maneira a<strong>de</strong>quadaentresi. Há troca<strong>de</strong> informaçõesem nívelmundial, coma utilizaçãodos canais<strong>de</strong> um satélite exclusivo da GM. Algumasoperações, que levavam meses para <strong>ser</strong>emexecutadas, agora se realizam em apenasalgumas horas e com absoluta precisão.Afi rma: “Nós temos hoje estrutura paraproduzir e manter uma boa presença nomercado e com a rentabilida<strong>de</strong> necessária.Estamos nivelados em todo tipo<strong>de</strong> projetos e testes laboratoriais. Umengenheiro daqui po<strong>de</strong> fazer projetopara qualquer parte do mundo. Tantoque <strong>de</strong>senvolvemos aqui uma fábrica <strong>de</strong>Ka<strong>de</strong>tt GSIconversívelprotótipos que são produzidos usando-sesomente dados matemáticos”.O engenheiro consi<strong>de</strong>ra que a tecnologiadigital <strong>de</strong>ve e tem que <strong>ser</strong> utilizadapara projetar um veículo cada vez maisrápido, com mais qualida<strong>de</strong> e melhorfunção, para “conquistar o cliente nessemercado cada vez mais competitivo”.Para Bogar, a gran<strong>de</strong> vantagem doCentro Tecnológico é que, quando opessoal do Estilo <strong>de</strong>senha o produto, aturma da Engenharia ou da Manufaturapo<strong>de</strong> opinar sobre a confi guração.“Tivemos assim um gran<strong>de</strong> avanço euma gran<strong>de</strong> aprendizagem em criarprodutos. Não podíamos importar,mas fazíamos reestilização - troca<strong>de</strong> pára-lamas, capô, parte traseira...Essa experiência <strong>de</strong>u tão certoque hoje temos uma engenharia <strong>de</strong>produtos e <strong>de</strong> manufatura superiorao <strong>de</strong> nossos concorrentes, que aindanão atingiram esse ponto”, garante.Bogsan tem a mesma opinião: “Hoje,a GM tem a mais completa área <strong>de</strong>criação, uma equipe <strong>de</strong> Primeiro Mundo,a nata dos profi ssionais,que sempre têm o<strong>de</strong>safi o <strong>de</strong> mostrar nocroquis, quatro anosantes, o mo<strong>de</strong>lo quevão ter na produção”.KADETT CHEGA COMCOMPUTADOR DEBORDOO sucesso <strong>de</strong> vendasapresentado pelo Opala,a pronta aceitação doChevette e o êxito comercial obtidopelo Monza asseguravam que asubsidiária brasileira da General MotorsCorporation seguia no caminho certo,conquistando a preferência da maioriados consumidores <strong>de</strong> veículos empotencial. No fi nal da década <strong>de</strong> 80, amontadora manteve o ritmo <strong>de</strong> evoluçãotecnológica e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign surpreen<strong>de</strong>ndo,<strong>de</strong> forma positiva, mais uma vezos consumidores com seus produtos.Colocou no mercado o Ka<strong>de</strong>tt, superiora todos os mo<strong>de</strong>los anteriores,equipado com motor executado com28 ESPECIAL JORNAUTO


80 ANOS GENERAL MOTORS DO BRASILIpanemabase na mais requintadatecnologia européia, commais potência e mais ativona proteção ambiental.Possuía computador <strong>de</strong>bordo, que possibilitavaao motorista controlarconsumo <strong>de</strong> combustível,velocida<strong>de</strong> e temperaturae um sistema <strong>de</strong> sensores para controlegeral do veículo, o check-control.Era, enfi m, o mais sofi sticado carrobrasileiro para a época em que chegouao mercado: abril <strong>de</strong> 1989, no períodoem que Robert B. Stone (1988 a 1991)dirigia a GMB. Em seguida, o Ka<strong>de</strong>ttganhou a versão station-wagon, oIpanema. Para o Ka<strong>de</strong>tt se tornar realida<strong>de</strong>,conta Bogar, a GM investiu mais<strong>de</strong> US$ 200 milhões em equipamentose na ampliação das instalações dafábrica <strong>de</strong> São José dos Campos, enquanto<strong>de</strong>senvolvia uma parceria maisacentuada com os fornecedores.Nesse veículo, arremata Ettori, a GMempregou todos os avanços tecnológicosadquiridos ao longo do tempo etornou seus produtos mais competitivos,num mercado cada vez mais exigente.“Depois do Ka<strong>de</strong>tt, em váriasopções, a GM se aperfeiçoouna construção <strong>de</strong> ferramentas eestampados. Assim, conseguimosmanter o Opala, o Chevette e os<strong>de</strong>mais carros em linha mais tempodo que os EUA ou a Alemanha. Nosequiparamos aos gran<strong>de</strong>s fabricantes<strong>de</strong> ferramentas”, diz Bogar, que fazquestão <strong>de</strong> frisar o apoio recebidopelo chairman Jack Smith Jr. Este,quando vinha ao Brasil, procuravasaber como se encontrava afabricação <strong>de</strong> ferramentas, <strong>de</strong> custoelevado nos EUA e na Alemanha, oque obrigava a importar do Japão.A aquisição no mercado japonês,no entanto, gerava atritos com ossindicatos trabalhistas norte-americanos.Assim, a GM do Brasil evitouesses transtornos: tomando por basea tecnologia japonesa, conseguiumo<strong>de</strong>rnizar a produção e passou afabricar ferramentas a um custo inferior aodo Japão. “Com essa medida, passamos aven<strong>de</strong>r - e ven<strong>de</strong>mos até hoje - ferramentaspara americanos e alemães”, afi rma.No ano <strong>de</strong> lançamento do Ka<strong>de</strong>tt, Bogarteve mais um motivo para comemorar:a fábrica <strong>de</strong> São José atingia produção<strong>de</strong> 5 milhões <strong>de</strong> motores <strong>Chevrolet</strong>.E o Departamento <strong>de</strong> Planejamentoda fábrica em SãoCaetano obtinha um feito notável,conforme relata PedroKahn: “Conseguimos fazer amontagem das portas fora dacarroçaria. A porta tinha <strong>de</strong>chegar na linha exatamentejunto com a carroçaria. Maisum <strong>de</strong>safi o que vencemos”.DÉCADA DE 90 EXIGEMAIS INVESTIMENTOSOmegaA concorrência internacional e a aberturado mercado, mais acentuadas no inícioda década <strong>de</strong> 90, levaram a indústriaautomobilística nacional a investir pesadona mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong> seus equipamentos,passando por uma profunda reestruturação,inclusive administrativa. Era precisoenxugar custos e acelerar a oferta <strong>de</strong> novosmo<strong>de</strong>los num período <strong>de</strong> tempo jamaisconcebido alguns anos atrás. Os fabricantes<strong>de</strong> autopeças também enfrentaram essasmudanças, fazendo parcerias tecnológicas,fusões e aquisições por parte <strong>de</strong> empresasmultinacionais.Uma das conseqüências <strong>de</strong>sse novo cenáriono mercado automotivo foi a retirada<strong>de</strong> linha <strong>de</strong> antigos mo<strong>de</strong>los, sucesso <strong>de</strong>vendas durante longo tempo. A medidapossibilitava o lançamento <strong>de</strong> novos veículos,dotados dos mais avançados recursostecnológicos já existentes em produtoscomercializados nos EUA e na Europa.A GM, sempre em perfeita sintoniacom a matriz e <strong>de</strong>mais co-irmãs, sefortaleceu para enfrentar e venceressa nova batalha. Anunciou, no início<strong>de</strong>ssa década, investimento <strong>de</strong> U$ 1bilhão no qüinqüênio 91/95 para arenovação <strong>de</strong> sua linha <strong>de</strong> produtos.O Omega, primeiro mo<strong>de</strong>lo da novageração, chegou em 1992, já sob aresponsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> George RichardWagoner Jr. (1991 a 1993), com a vantagem<strong>de</strong> <strong>ser</strong> aguardado como o automóvelmais mo<strong>de</strong>rno e sofi sticado do país.“O Omega apareceu na época emque o presi<strong>de</strong>nte Collor chamou oscarros nacionais <strong>de</strong> carroça. A idéiaanterior, no entanto, consistia emconstruir um carro versátil, como hojeé o Zafi ra, que o mercado da épocanão comportava. Introduzimos entãoo Omega, com os motores <strong>Chevrolet</strong><strong>de</strong> 4 e 6 cilindros”, recorda Bogar.Diz ainda: “Esse carro foi mais ummotivo <strong>de</strong> orgulho para nós. Saímosdo conceito <strong>de</strong> que éramos fabricantes<strong>de</strong> carroça e mostramos que podíamosproduzir veículos compatíveis comos fabricados nos EUA e Europa”.Buechler acrescenta: “O Omega foiprojetado para fazer frente aos concorrentesestrangeiros. A GM do Brasil <strong>de</strong>uênfase para a área <strong>de</strong> Engenharia. Foi amontadora que mais investiu nos programas<strong>de</strong> criação, procurando manter,<strong>de</strong> forma consistente, um <strong>de</strong>partamento<strong>de</strong> engenharia sempre atualizado”.Na esteira do sucesso do Omega, aESPECIAL JORNAUTO - GMB 80 ANOS29


GENERAL MOTORS DO BRASIL80 ANOSVectraGM brasileira apresentou, em outubro<strong>de</strong> 1993, um mo<strong>de</strong>lo compactoe elegante, <strong>de</strong>stinado ao segmentodos médios <strong>de</strong> luxo: o Vectra, jáproduzido pela Opel alemã, quefazia gran<strong>de</strong> sucesso na Europa.Nesses primeiros anos <strong>de</strong> 90, algunsfatos merecem registro. Em março <strong>de</strong>1990, foi fi rmada a joint-venture entre aPackard Electric do Brasil (Divisão GM)e Erickson do Brasil, para a produção<strong>de</strong> componentes automobilísticos e <strong>de</strong>telecomunicações; no mesmo ano, emsetembro, teve início as operações daAC Rochester, em Piracicaba (SP). Emmaio <strong>de</strong> 91, comemorou-se a produção<strong>de</strong> 600 mil Monza e, no mesmo mês,foi inaugurado o CCA - Centro <strong>de</strong> ComponentesAutomotivos, em Piracicaba,formado por três divisões do grupo <strong>de</strong>componentes automobilísticos da GeneralMotors Corporation: Delco Remy, ACRochester e a Harrison Division Brasil.Em 1992, também aconteceu o lançamentodo Chevette Júnior, um popularpropulsionado por motor 1.0 litro, dapicape Conquest e do motor MaxionS4T Turbo. A Prefeitura <strong>de</strong> São Caetanoinstitui, em julho, o Dia do <strong>Chevrolet</strong>,a <strong>ser</strong> comemorado no terceiroSupremadomingo daquele mês.Outro ano <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s marcasé 1993: em janeiro, a fábrica<strong>de</strong> motores <strong>de</strong> São Josédos Campos atingiu a cifra<strong>de</strong> 6 milhões <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s;em fevereiro, a Fábrica <strong>de</strong>Caminhões e Comerciaischegou a 300 mil unida<strong>de</strong>sproduzidas e, em abril, foramlançados dois novos mo<strong>de</strong>los; a stationwagonSuprema, <strong>de</strong>rivada do Omega, ea Ka<strong>de</strong>tt Ipanema <strong>de</strong> quatro portas e,logo <strong>de</strong>pois, sai o Chevette L-16.A HORA E A VEZ DO CORSAAinda no fi nal <strong>de</strong> 1992, poucoantes do início da administração<strong>de</strong> Mark T. Hogan (1993 a 1997),um novo projeto começou a <strong>ser</strong><strong>de</strong>senvolvido nos Departamentos <strong>de</strong>Engenharia <strong>de</strong> Produtos, Manufaturae Design da GM do Brasil.“A nossa estratégia era criar e executarum conceito <strong>de</strong> carro popular antesda concorrência”, revela o engenheiro Buechler,um dos i<strong>de</strong>alizadores do Corsa que,lançado em fevereiro <strong>de</strong> 1994, se transformounum sucesso extraordinário <strong>de</strong> vendas.Ettori explica: “O motor oferecia nova tecnologia,com injeção eletrônica, bom <strong>de</strong>sempenho,melhor consumo <strong>de</strong> combustível, tantono percurso urbano quanto em estrada”.Acrescenta: “A produção do Corsa em SãoJosé foi um acontecimento marcante porsuas inovações revolucionárias, sua sofi sticadatecnologia e linhas arrojadas, ou seja, nãoconvencional. Esse carro encantoua todos com sua forma mo<strong>de</strong>rnaarredondada, e acabou por abalaro mercado brasileiro com uma <strong>de</strong>mandanunca vista paraum mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> veículo”.A procura pelo novoveículo foi tamanhaque as concessionáriascomeçaram a cobrarágio <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>sejassea posse imediata.Essa situação inusitadaPicape Corsalevou o vice-presi<strong>de</strong>nte da montadora,André Beer, a solicitar, em uma re<strong>de</strong>nacional <strong>de</strong> televisão, que os interessadosno carro tivessem paciência,porque a montadora estava provi<strong>de</strong>nciandoo aumento da produção.“Foi, realmente, um acontecimento quenunca se po<strong>de</strong>ria esperar”, diz Buechler.De fato, o Corsa Wind 1.0 atendia emcheio às aspirações do consumidor commenor po<strong>de</strong>r aquisitivo. Era pequeno,<strong>de</strong> preço acessível e, ao mesmo tempo,dispunha <strong>de</strong> tecnologia avançada.No mesmo ano, saíram as versões CorsaGL 1.4 e o Corsa Gsi 1.6 16V, este últimolançado no XVIII Salão do Automóvel<strong>de</strong> São Paulo, juntamente com o AstraGLS hatchback, importado da Opel.Em <strong>de</strong>zembro, o Corsa recebeu o título<strong>de</strong> Carro do Ano, da revista Auto Esporte.GMB, 70 ANOS DE CONQUISTASSUCESSIVASO ano <strong>de</strong> 1995 marcou os 70 anos <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s da montadora no Brasil ese transformou num festival <strong>de</strong> boasnotícias. Em fevereiro, as fábricas <strong>de</strong>Corsa30 ESPECIAL JORNAUTO


GENERAL MOTORS DO BRASIL80 ANOSveículos <strong>de</strong> passageiros <strong>de</strong> São Caetanoe São José obtiveram o certifi cado <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> da norma ISO 9002, outorgadopela British Standards Institution,da Inglaterra. A GM do Brasil se tornoua primeira indústria automobilística daAmérica Latina a conquistar a certifi -cação para duas fábricas completas. Aempresa está capacitada, agora, a participarefetivamente <strong>de</strong> todos os mercadosmundiais, inclusive da Comunida<strong>de</strong>Econômica Européia, a qual, a partir <strong>de</strong>1994, passou a exigir a ISO 9002 paraqualquer produto importado, inclusivepeças e veículos montados.No mesmo mês, foi criada a DelphiAutomotive em substituição à ACGWordwi<strong>de</strong>, congregando diversasempresas como a ACDelco Systems,Packard, Harrison, entre outras.Em março foi lançada a S10, primeira picapedo segmento compacto produzidano Brasil e, ainda em março, a GM quebrouseu recor<strong>de</strong> histórico <strong>de</strong> veículoscomercializados no atacado, alcançandoa marca <strong>de</strong> 32.265 unida<strong>de</strong>s. Já o ComplexoIndustrial <strong>de</strong> São José dos Camposatingiu a produção <strong>de</strong> 100 mil Corsa.No mês seguinte, a diretoria da GM,li<strong>de</strong>rada por Mark T. Hogan, foi a Brasíliacomunicar ao presi<strong>de</strong>nte FernandoHenrique Cardoso um programa <strong>de</strong> investimentos<strong>de</strong> US$ 2 bilhões até 1998.O fi nal <strong>de</strong> 1995 foi marcado pelolançamento da versão 5 portas doCorsa GL 1.4, do utilitário Blazer, dapicape S10 cabine estendida, do motorDiesel Maxion para propulsionar aS10 cabine simples e o Corsa SedanCorsa WagonGL e GLS, com motor 1.6 <strong>de</strong> 92 cv.Um bom ano também é o <strong>de</strong> 1996. OCorsa conquista pela segunda vez otítulo <strong>de</strong> Carro do Ano e, em fevereiro,entra em cena o novo ciclo do Vectra,que trouxe várias novida<strong>de</strong>s tecnológicasem segurança e conforto.Em 3 <strong>de</strong> julho, a Câmara Municipal<strong>de</strong> São José dos Campos,assim como ocorrera em SãoCaetano, institui o Dia do <strong>Chevrolet</strong>,a <strong>ser</strong> comemorado noprimeiro domingo <strong>de</strong>ste mês.A Omega Suprema, o Monzae o Ka<strong>de</strong>tt Gsi <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong><strong>ser</strong> produzidos em agosto.No fi nal do ano, a diretoria da GMretornou a Brasília e comunicou aopresi<strong>de</strong>nte da República a intenção<strong>de</strong> construir no país três novas fábricas:uma em São Paulo, uma no Rio Gran<strong>de</strong>do Sul e uma em Santa Catarina. Tantoque, em janeiro <strong>de</strong> 1997, foi ofi cializadaa construção <strong>de</strong> uma fábrica na cida<strong>de</strong>paulista <strong>de</strong> Mogi das Cruzes e, em fevereiro,assinado contrato para a instalação <strong>de</strong>outra unida<strong>de</strong> em Gravataí, na Gran<strong>de</strong>Porto Alegre (RS), que sediaria aterceira fábrica <strong>de</strong> montagem<strong>de</strong> veículos da GMB.Junto com a expansão da empresasuce<strong>de</strong>ram-se os novoslançamentos, com mo<strong>de</strong>loscada vez mais mo<strong>de</strong>rnos comequipamentos dos mais sofi s-ticados. Em 1997, Fre<strong>de</strong>rick A.Hen<strong>de</strong>rson substituiu Hoganna presidência da empresa. Emfevereiro o mercado recebeu oCorsa Wagon GL, com motor1.6, duas válvulas por cilindro e 1.6 16 V, quepassou a propulsionar também o Corsa SedanGLS. No mês seguinte apareceu a picapeSilverado, com três motorizações, sendo duasa Diesel e uma a gasolina. Em agosto, o CorsaSedan 1.6 fi cou disponível também comtransmissão automática <strong>de</strong> quatro marchas.Beer conta que, a partir daí, a GMvoltou a revigorar a sua participaçãono mercado <strong>de</strong> caminhões, criando aGMC Caminhões, com o objetivo <strong>de</strong>aumentar as vendas nesse segmento.Esses veículos começaram a <strong>ser</strong>fabricados em São José dos Campos.Toda a linha GMC produzida nas outrassubsidiárias é igual à produzida noBrasil e vendida em mais <strong>de</strong> 60 países.1998 teve fatos marcantes: em maio,houve o lançamento do CorsaCorsa Sedan 1.6Sedan Super, o primeiro <strong>de</strong> quatro portascom motor 1000 cc da era mo<strong>de</strong>rna daindústria automobilística brasileira; em julho,ocorreu a apresentação da Blazer comtração 4x4 e, em 30 <strong>de</strong> outubro, no XXSalão do Automóvel <strong>de</strong> São Paulo, é apresentadoo novo Omega CD, importado daGM-Hol<strong>de</strong>ns, da Austrália, mesma épocaem que surgiu o utilitário esportivo GrandBlazer, produzido pela GM argentina.Nesse mesmo ano, encerrou-se aprodução do Omega e o últimoKa<strong>de</strong>tt <strong>de</strong>ixou a linha <strong>de</strong> montagemem São Caetano do Sul.A fábrica <strong>de</strong> São José produziu o milésimoCorsa em março <strong>de</strong> 1999 e, em abril, noCampo <strong>de</strong> Provas <strong>de</strong> Cruz Alta, foi expostaa linha Corsa reformulada, cujos principais<strong>de</strong>staques são o novo motor 1.0 16válvulas para os mo<strong>de</strong>los Super e a CorsaWagon Super. Em maio, o mercado recebea S10 cabine dupla Executive 4x12.AS NOVAS FÁBRICAS DE MOGI DASCRUZES E GRAVATAÍA terceira e mais nova fábrica em SãoPaulo, foi inaugurada em 5 <strong>de</strong> novembro<strong>de</strong> 1999. Tratava-se do ComplexoIndustrial e Comercial Automotivo, erguidoem uma área <strong>de</strong> 422 mil m 2 , no bairro <strong>de</strong>32 ESPECIAL JORNAUTO


80 ANOS GENERAL MOTORS DO BRASILComplexo Industrial e ComercialAutomotivo <strong>de</strong> Mogi das Cruzes (SP)Taboão, em Mogi das Cruzes. Era a primeiraindústria automobilística brasileira<strong>de</strong>dicada exclusivamente à produção <strong>de</strong>peças estampadas em aço para veículos<strong>de</strong>scontinuados e, também, <strong>de</strong> peças quejá tenham saído das linhas regulares <strong>de</strong>montagem por causa da atualização <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>los ainda em produção.A GM se tornou, junto com a matriz dosEUA, a Toyota e a Honda no Japão, umadas poucas fabricantes <strong>de</strong> veículos domundo a possuir estamparias exclusivaspara peças<strong>de</strong> veículosfora-<strong>de</strong>-linha.A capacida<strong>de</strong>instalada dafábrica <strong>de</strong>Mogi, comdois turnos <strong>de</strong>produção, é <strong>de</strong>2.100 milhões<strong>de</strong> itens porano, comocapôs, porta,tetos laterais,pára-lamas epára-choques,equivalentesa 30/35 mil veículos (carroçarias).São cerca <strong>de</strong> 637 itens e mais <strong>de</strong> milsubconjuntos para as plataformasOpala, Chevette, Monza, Ka<strong>de</strong>tt eIpanema, Omega e Omega Suprema,D20 e Veraneio, que eram fabricados nasunida<strong>de</strong>s da GM em São Caetano e emSão José, na mesma linha <strong>de</strong> produçãodas peças para os carros atuais.Além <strong>de</strong> garantir o abastecimento domercado <strong>de</strong> reposição <strong>de</strong> peças <strong>de</strong>scontinuadase agilizar sua disponibilida<strong>de</strong>para o consumidor, a estamparia <strong>de</strong> Mogitem a função estratégica <strong>de</strong> promoverganhos importantes <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>para a manufatura nas <strong>de</strong>maisfábricas da GM do Brasil.Com essa nova unida<strong>de</strong>, aempresa resolveu problemas <strong>de</strong>espaço das suas fábricas paraa produção dos atuais veículose dos volumes regulares <strong>de</strong>programas <strong>de</strong> novos produtos.Possibilitou, ainda, o ganho<strong>de</strong> espaço físico nos pátios das fábricas,até então tomados pelas matrizes utilizadasna produção <strong>de</strong> componentesestampados, que aumenta a cada ano emconseqüência dos mo<strong>de</strong>los que saem <strong>de</strong>linha e a cada lançamento <strong>de</strong> novida<strong>de</strong>s.O sistema adotado para a troca <strong>de</strong>matrizes nas prensas, conhecido comoDie Cart, opera por meio <strong>de</strong> carrega<strong>de</strong>irasque substituem automaticamenteas ferramentas, proporcionando ganhosbem maiores. Cerca <strong>de</strong> três mil matrizesforam transferidas para Mogi.GRAVATAÍComplexo Industrial<strong>de</strong> Gravataí (RS)A quarta fábrica da General Motors doBrasil benefi ciou o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e setornou a primeira unida<strong>de</strong> da empresa forado Estado <strong>de</strong> São Paulo. Em Gravataí, naGran<strong>de</strong> Porto Alegre, em julho <strong>de</strong> 2000, foiinaugurado o novo Complexo Industrial, umdos mais mo<strong>de</strong>rnos do mundo, on<strong>de</strong> passoua <strong>ser</strong> produzida a linha Celta.Pelo seu avanço tecnológico, a empresarecebe visitas <strong>de</strong> especialistas em manufaturados países mais <strong>de</strong>senvolvidos domundo, que querem conhecer o sistema<strong>de</strong> montagem do mo<strong>de</strong>lo, feito com aparceria dos fornecedores sistemistas,instalados <strong>de</strong>ntro do complexo industrial.Em setembro do mesmo ano, foi lançadoo Celta, que teve extraordinária aceitaçãono mercado. Tanto que, em 29 <strong>de</strong> outubro<strong>de</strong> 2001, a montadora marcou até ahora - 15h15 - em que produz o Celta<strong>de</strong> número 100.000. A versão básica,<strong>de</strong> cor vermelha Beta, se transformounuma das novida<strong>de</strong>s da linha 2002.ANO 2000, MODELOS PARA TODOSOS SEGMENTOSA GM ingressou no ano <strong>de</strong> 2000 sob abatuta <strong>de</strong> Walter Wieland (2000 a 2004),com uma oferta variada <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>losque atendia praticamente a todos ossegmentos. Para o consumidor queprocurava <strong>de</strong>sempenho e conforto emum veículo pequeno e <strong>de</strong> menor preço,dispunha do Corsa Super 2001, com oconsagrado motor <strong>Chevrolet</strong> 1.6 MPFI,<strong>de</strong> 92 cv, nas versões Hatch (5 portas),Sedan (4 portas) e Wagon (5 portas).Outras opções: os <strong>Chevrolet</strong> S10 e Blazermo<strong>de</strong>lo 2001, com aparência totalmenteremo<strong>de</strong>lada e um novo motor, o <strong>Chevrolet</strong>2.4 MPFI a gasolina, disponível emprimeira mão para o mercado brasileiro,lançados no Salão Internacional doAutomóvel. Anunciou, simultaneamente,que as linhas 2001 do Astra e do Vectra jáse encontravam nas concessionárias, comnovida<strong>de</strong>s que agregavam mais valor aosdois veículos, e que, ainda para maio, <strong>ser</strong>iainiciada a produção do Corsa a álcool.Para celebrar os 500 anos do Descobrimentodo Brasil, colocou no mercado asérie especial Astra 500, i<strong>de</strong>al para quemaprecia elegância, exige conforto e querexclusivida<strong>de</strong>. No mesmo ano, incorporouà linha <strong>Chevrolet</strong> S10 uma nova geração<strong>de</strong> motores Diesel - o MWM Sprint 2.8turbodiesel e, em setembro, trouxe anova versão do Astra - o Sport, hatchback3 portas, agradando em cheio aosque gostam <strong>de</strong> linhas mais ousadas.ESPECIAL JORNAUTO - GMB 80 ANOS33


GENERAL MOTORS DO BRASIL80 ANOSZafiraPIONEIRISMO NA TERCEIRIZAÇÃOTrackerStefan Bogar assinala que a GMtornou-se a primeira montadora doBrasil a implantar a terceirização <strong>de</strong>componentes. Essa mudança consistiuinicialmente em transferir a responsabilida<strong>de</strong>da fabricação <strong>de</strong> bateriaspara a Delco, que <strong>de</strong>pois passou para aDelphi, a qual também se incumbiu <strong>de</strong>produzir chicotes. A produção <strong>de</strong> peçasinjetadas <strong>de</strong> plástico e <strong>de</strong> espuma,assim com <strong>de</strong> bancos, também foramtransferidas para a indústria local. Ooutro estágio da terceirização veio coma seção <strong>de</strong> estampados pequenos. ‘Essamudança ocorreu <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> convencermosa diretoria <strong>de</strong> que todo trabalhoque não exigia alta tecnologia <strong>de</strong>veria<strong>ser</strong> terceirizado. Ao mesmo tempo,todo o trabalho com tecnologia <strong>ser</strong>iamecanizado. Assim, fomos tambémpioneiros a utilizar robôs na montagem<strong>de</strong> carroçarias. E essa mudança resultouem melhor qualida<strong>de</strong> dos produtos”.A seção <strong>de</strong> pintura da fábrica em SãoCaetano tornou-se também a primeira a<strong>ser</strong> robotizada, eliminando as estaçõesfi xas on<strong>de</strong> equipamentos automáticosespirravam tinta nos carros.Wal<strong>de</strong>mar Ettori aponta que a terceirizaçãomais profunda se <strong>de</strong>u emparcerias com fornecedorespara peças e conjuntos menoresque não faziam parte doplano <strong>de</strong> negócios da empresa.Esses componentes forampassados a parceiros, comtodas as máquinas necessáriaspara a produção. Esseprocesso, <strong>de</strong>nominado outsoursing,tinha um cronogramaque previa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as obrascivis no fornecedor, quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> peças para o banco <strong>de</strong>estoque, utilida<strong>de</strong>s e tempo <strong>de</strong>transferência das máquinas atéas datas <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> daspeças nas linhas <strong>de</strong> produção.“A terceirização foi, paraa fábrica <strong>de</strong> São José, umimportante passo paraa mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Porém, conseguirexecutá-la com a fábrica em funcionamentoe sem interrupção, foimais um <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> envergadura”,testemunha Ettori.TERCEIRO MILÊNIO, NOVOSDESAFIOS PARA VENCERO novo milênio encontrou a General Motorsdo Brasil solidifi cada como a maiorsubsidiária da Corporação GM na Américado Sul, que produzia, em média, 350mil veículos ano, 15% dos quais exportadospara várias partes do mundo, principalmentepara os mercados latino-americanos, paísesdo Oriente Médio, África do Sul e Rússia.Exportava motores para os EUA, Alemanhae Inglaterra, além <strong>de</strong> peças, componentese <strong>ser</strong>viços para vários outras nações. Essesnegócios representavam 18 mil empregosdiretos, sem contar a Re<strong>de</strong> <strong>Chevrolet</strong> e GMC,com 550 concessionários em todo o territóriobrasileiro. Detinha 22% <strong>de</strong> participação nasvendas globais do mercado nacional, <strong>de</strong> 1,4milhão <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s, em 2000.Mantendo a fi losofi a <strong>de</strong> estar sempre àfrente dos concorrentes, nesse início <strong>de</strong>milênio a GM se antecipou e apresentandoao mercado o <strong>Chevrolet</strong> Tracker. Passoua marcar presença também na categoria<strong>de</strong> utilitários esportivos pequenos - SmallSUV´s (Sport Utility Vehicles) - um nichomercadológico que vinha apresentandocrescimento contínuo no mercado nacional.Quase ao mesmo tempo, lançou a vancompacta Zafi ra, única em sua categoriacom sete lugares e 28 posiçõesdiferentes <strong>de</strong> bancos. Ao fi nal <strong>de</strong> 2001,iniciou a produção, em São José dosAstraCampos, da <strong>Chevrolet</strong> Zafi ra, comvariações mecânicas em relação aomo<strong>de</strong>lo europeu, para melhor a<strong>de</strong>quaçãoàs condições brasileiras <strong>de</strong> rodagem.O ano <strong>de</strong> 2002 começou com a GM oferecendouma alternativa aos clientes que <strong>de</strong>sejavampossuir um veículo para funcionarcom dois combustíveis: o álcool e o GNV.Tratava-se do mo<strong>de</strong>lo Astra Sedã, equipadocom motor 1.8 a álcool, que podia <strong>ser</strong> convertidopara o GNV sem per<strong>de</strong>r a garantia.E o Corsa Sedã, um dos maiores sucessos<strong>de</strong> vendas da montadora, é relançado comoCorsa Classic, linha 2003, com motor VHC(Very High Compression) 1.0 a gasolina <strong>de</strong>70 cavalos, o mais potente da categoria.O MERIVAO <strong>Chevrolet</strong> Meriva, que apareceuem agosto <strong>de</strong> 2002, quebrou váriosparadigmas do segmento e estabeleceunovos parâmetros para vendas nomercado dos monovolumes, com umali<strong>de</strong>rança inquestionável e consistente.Esse mo<strong>de</strong>lo constitui um dos motivos<strong>de</strong> satisfação pessoal do engenheiroCarlos Buechler. “Um gran<strong>de</strong> projeto34 ESPECIAL JORNAUTO


Meriva80 ANOS GENERAL MOTORS DO BRASILdo qual todos nos orgulhamos. Ele foi<strong>de</strong>senvolvido aqui, em conjunto com aOpel. Esse mo<strong>de</strong>lo foi lançado primeirono Brasil e só um ano <strong>de</strong>pois na Europa.Normalmente, o lançamento ocorre noexterior e só <strong>de</strong>pois aqui. Foi gran<strong>de</strong> anossa participação no Meriva, que aindahoje é produzido em larga escala naEuropa, <strong>de</strong>vido à gran<strong>de</strong> aceitação. Quandome aposentei formalmente da GM, emmaio <strong>de</strong> 2002, me comprometi com oprojeto Meriva, continuei trabalhando esaio, agora, satisfeito com os resultados”.Na opinião <strong>de</strong> Buechler, com o Meriva,a GM ganhou mais credibilida<strong>de</strong> e<strong>ser</strong>viu para provar que a engenhariabrasileira está, <strong>de</strong>fi nitivamente, capacitadaa <strong>de</strong>senvolver projetos mundiais.Já a picape Montana 1.8 Flexpower,lançada mundialmente pela GM doBrasil em 2003, se tornou o primeiroveículo vendido exclusivamente commotorização multicombustível do mercado.Era um produto totalmente novo,<strong>de</strong>senvolvido, segundo a montadora,“para pessoas dinâmicas e práticas”.Sob a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> José CarlosPinheiro Neto, vice-presi<strong>de</strong>nte, 2003 seconstituiu no melhor ano em exportações<strong>de</strong> sua história: as exportações combinadasda GM do Brasil e daArgentina totalizaramUS$ 1,2 bilhão,superando o últimorecor<strong>de</strong> obtido em2002, quando a empresaexportou US$ 1bilhão. Registrou ainda,em <strong>de</strong>zembro, o maiorvolume mensal <strong>de</strong>s<strong>de</strong>a sua implantação noBrasil: 42.234 veículos,resultado superior aorecor<strong>de</strong> anterior, <strong>de</strong>outubro <strong>de</strong> 1997, <strong>de</strong> 40.114 unida<strong>de</strong>s.Fechou 2003 em segundolugar no mercado nacional <strong>de</strong>veículos, com emplacamentostotais <strong>de</strong> 333.444 veículos.Em 2004, Ray G. Yong assumiua presidência da General Motorsdo Brasil, em substituição aWalter Wieland. O novo presi<strong>de</strong>nte agorareporta-se à Maureen Kempston Darkes,presi<strong>de</strong>nte da LAAM, a divisão que respon<strong>de</strong>pelas ativida<strong>de</strong>s da GM na AméricaLatina, África e Oriente Médio.Em fevereiro, o agora chairman epresi<strong>de</strong>nte mundial da GeneralMotors Corporation, RickWagoner, vem ao Brasil paracomunicar ao presi<strong>de</strong>nte LuisInácio Lula da Silva a <strong>de</strong>cisão daempresa em investir US$ 240milhões no complexo industrial<strong>de</strong> Gravataí. Formalizaa mesma <strong>de</strong>cisão ao governadordo Rio Gran<strong>de</strong> do Sul,Germano Rigotto. Lá surgiráuma nova fábrica que produziráum veículo <strong>de</strong>senvolvido no Brasil,especialmente para o mercado externo.A VISÃO DO CARRO DO FUTUROPara André Beer, ex-vice-presi<strong>de</strong>nte daGeneral Motors do Brasil, neste novomilênio, a tendência é o carro maisautomatizado, com a utilização cada vezmaior da informática, da eletrônica. Oobjetivo é a construção <strong>de</strong> veículos maisseguros, <strong>de</strong>ntro datese, <strong>de</strong>fendida na GMhá muitos anos, <strong>de</strong>proteger a pessoa, nãoo veículo.No futuro próximo, emsua opinião, haveráaté carros protegidoscontra assaltos, pormeio <strong>de</strong> sistemassofi sticados e a custosrazoáveis. “Porquenão vai adiantar nadafazer um veículo<strong>de</strong>sse se ninguém pu<strong>de</strong>r comprar”,avalia. Ele vê ainda a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>se lançar o veículo individual e sairdo conceito <strong>de</strong> que o carro tem quecarregar mais pessoas. O carro <strong>ser</strong>á <strong>de</strong>acordo com a necessida<strong>de</strong> do usuário.“Evi<strong>de</strong>ntemente vai custar menos,poluir menos e vai dar uma gran<strong>de</strong>alavancada no setor automobilístico”.O engenheiro Carlos Buechler prevêque, nos próximos anos, o automóvelvai evoluir principalmente em<strong>de</strong>sign e motorização, sendo que “oMontanaestilo vai permanecer como o primeiroelemento que chama a atençãoem um carro”. E que <strong>ser</strong>á preciso<strong>de</strong>senvolver combustíveis alternativospara não ficar só na <strong>de</strong>pendênciados <strong>de</strong>rivados do petróleo.Sobre o avanço tecnológico, adverte: épreciso tomar cuidado com certos exagerose cita o exemplo <strong>de</strong> alguns países queimplementaram em seus veículos umatecnologia que o cidadão comum nãosabe manejar, tal o grau <strong>de</strong> complicação.Adalberto Bogsan tem uma <strong>de</strong>fi nição <strong>de</strong>carro do futuro: terá tecnologia cada vezmais avançada, mas, por mais mo<strong>de</strong>rnoque seja, permanecerá refém <strong>de</strong> um requisitobásico: “Você tem <strong>de</strong> vestir o homemcom o carro. Entrar no automóvel e sesentir bem. Esse é o segredo do sucesso”.Deixa escapar uma sincera homenagem aeste aniversário da empresa: “A GM estáfazendo 80 anos sem nunca ter abandonadoo empregado. Nunca <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> pagaro salário no dia certo. Em épocas <strong>de</strong>greve, em várias situações adversas, sem-José CarlosPinheiro NetoESPECIAL JORNAUTO - GMB 80 ANOS35


GENERAL MOTORS DO BRASIL80 ANOSPedro Manuchakianpre cumpriu o seu <strong>de</strong>vercom o trabalhador. É um exemplo”.Na opinião <strong>de</strong> Pedro Nogueira, o mo<strong>de</strong>loque irá imperar daqui para frente<strong>ser</strong>á o híbrido, movido à gasolina e àeletricida<strong>de</strong>, já produzido pela Toyotae vendido nos EUA. “Acredito que nopróximo ano o Brasil terá esse tipo <strong>de</strong>carro”. Em <strong>de</strong>corrência do crescimentocada vez maior do turismo, ele consi<strong>de</strong>ratambém que os veículos ten<strong>de</strong>ma <strong>ser</strong> mais confortáveis e seguros.Pedro Kahn vê o carro do futuro sendomovido por células elétricas. “O petróleo,um dia, vai acabar, o gás natural,também. Produtores não darão conta<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r ao mercado mundial <strong>de</strong> álcool.Resta o hidrogênio e o problemaé como armazená-lo. O que tenho quasecerteza é que os carros <strong>ser</strong>ão menores,para evitar congestionamentos”.MERIVA REPRESENTA MAIORIDADE“O projeto do Meriva po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> consi<strong>de</strong>radoa maiorida<strong>de</strong> da Engenharia <strong>de</strong>Produtos da General Motors do Brasil.Construir o Meriva, um carro completamentenovo, quando se fazia apenascópias ou <strong>de</strong>rivativos do Exterior, foi oápice da nossa carreira. Agora, a idéiaé aprimorar cada vez mais, isso porqueo engenheiro brasileiro tem capacida<strong>de</strong>sufi ciente para fazer o que o pessoal láfora faz, ou até melhor”, afi rma PedroManuchakian, diretor executivo<strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Produtos da GMem São Caetano e vice-presi<strong>de</strong>nteda LAAM (América Latina, OrienteMédio e África).Formado engenheiro mecânicoautomobilista pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong>Engenharia Industrial em 1968,Manuchakian foi admitido pelaGM em São Caetano três anos<strong>de</strong>pois – exatamente no dia 4 <strong>de</strong>junho <strong>de</strong> 1971 – como engenheirojúnior <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> transmissões.Começava uma carreira que jádura 33 anos, período em que tevea oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar dosprincipais projetos da montadora.Seu primeiro trabalho envolveu o projetodo sistema <strong>de</strong> transmissão do Chevette e,quase ao mesmo tempo, o câmbio do Opala5 marchas que acabava <strong>de</strong> <strong>ser</strong> lançado.Nesse início da década 70, a GM criouuma área <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>produtos <strong>de</strong>ntro do setor <strong>de</strong> transmissõese Manuchakian foi indicado paraa li<strong>de</strong>rança. Não <strong>de</strong>morou muito e, em1974, outra promoção: tornou-se gerentedo grupo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento geral<strong>de</strong> veículos, também recém-criado.“Esse grupo reunia engenheiros novose experientes. Tive um gran<strong>de</strong> aprendizado,que <strong>ser</strong>viu <strong>de</strong> base para a minhaposterior atuação na área <strong>de</strong> projetos”,reconhece Manuchakian que, a partir<strong>de</strong> 1975 passou a acompanhar aconstrução do Campo <strong>de</strong> Provas CruzAlta, em Indaiatuba, do qual ele foi oprimeiro diretor, a partir <strong>de</strong> 1982.Nesse cargo, permaneceu por seis anos.Em Indaiatuba, o engenheiro participou<strong>de</strong> vários programas <strong>de</strong> produtos, queforam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma nova linha <strong>de</strong> caminhõesàs picapes D20 e D70. “Com oMonza, começamos a testar os primeirosveículos <strong>de</strong> pré-produção”, diz.Em 1988, voltou para São Caetanocomo diretor <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Chassis,setor que, quatro anos após, agregariaa parte <strong>de</strong> caminhões e picapes. Manuchakianli<strong>de</strong>rou a engenharia no projetoda S10, lançada em 95. “Esse trabalhofoi <strong>de</strong>senvolvido em conjunto com amatriz norte-americana”, atesta.Para o engenheiro, a evolução tecnológicada GM do Brasil teve início em 1982,com o Monza, mas a gran<strong>de</strong> arrancadase <strong>de</strong>u na década <strong>de</strong> 90, com o lançamentodo sistema <strong>de</strong> injeção eletrônica.“Eliminamos os carburadores – umavanço notável”, consi<strong>de</strong>ra. Transferidopara Detroit, em 1994, projetou, juntocom um grupo <strong>de</strong> cinco profi ssionais,a Silverado, que fi cou praticamentepronta no fi nal do ano seguinte.De regresso ao Brasil, assumiu em janeiro<strong>de</strong> 1996 a diretoria <strong>de</strong> todas as ativida<strong>de</strong>sda Engenharia <strong>de</strong> Produtos. Nessaépoca, houve a reformulação da área <strong>de</strong>protótipos da Engenharia Experimentalda fábrica em São Caetano e a inauguração<strong>de</strong> laboratórios em Cruz Alta.Um ano <strong>de</strong>pois, a GM criou um novosistema <strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong> programase <strong>de</strong> plataformas, chamado LVE – siglaque em português para Executivo<strong>de</strong> Linha <strong>de</strong> Produtos, e Manuchakiantornou-se o executivo responsávelpela linha Corsa que, posteriormente,incluiria também o Celta.Em 2002, assumiu o cargo <strong>de</strong> diretorexecutivo <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Produtos.De lá para cá, foram <strong>de</strong>senvolvidos váriosprojetos, como os motores Flexpower. Recentemente,aprimoraram a parte <strong>de</strong> segurançae as chamadas análises virtuais,que praticamente possibilitam o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> um carro no computador.Os engenheiros da GMB criaram, ainda,programas que passaram a <strong>ser</strong> adotadospelas unida<strong>de</strong>s dos EUA e da Europa.Um <strong>de</strong>sses, é o campo <strong>de</strong> provas virtual,on<strong>de</strong> o veículo é testado no computador.“Agora, estamos trabalhando em outrosprodutos, sempre procurando mantera linha atualizada, competitiva, tecnologicamenteavançada e, o principal,com qualida<strong>de</strong>, essa a preocupaçãomaior do nosso <strong>de</strong>partamento”.Na opinião <strong>de</strong> Manuchakian, emtermos <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>, o engenheiro <strong>de</strong>produtos da GM brasileira é mundialmentereconhecido e está em igualda<strong>de</strong>com todos os processos <strong>de</strong> trabalho36 ESPECIAL JORNAUTO


80 ANOS GENERAL MOTORS DO BRASIL<strong>de</strong>senvolvidos pelos centros maisavançados. A idéia é manter a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> sempre lançar algo novo.“E estamos preparados para projetarveículos novos, não só para o Brasil,mas também para outros mercados”.Ao lembrar os 80 anos da GM noBrasil, Pedro Manuchakian, faz uma revelaçãoespontânea: “Desses 80 anos,participei <strong>de</strong> 33. É muito bom trabalharaqui, num ambiente <strong>de</strong> colaboração,respeito e amiza<strong>de</strong>. Posso dizer que aGM é minha casa, minha família”.MANUFATURA DE PRIMEIRO MUNDOJosé Eugênio Pinheiro, físico formadopela USP e com especialização emAdministração pela Fundação GetúlioVargas, é hoje o diretor <strong>de</strong> Manufaturada General Motors em São Caetano ediretor executivo da LAAM, responsávelpelas unida<strong>de</strong>s instaladas não só noBrasil como também no Chile, Colômbia,Equador, Venezuela, Egito, Quênia eÁfrica do Sul.Ele começou na GM em 1968, aos 19anos, como estagiário técnico na área<strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Manufatura e, <strong>de</strong>pois,na Ferramentaria, setor que <strong>ser</strong>viu paraimpulsionar a sua carreira profi ssional.“Entrei quando estava começandoa produção do Opala. Na realida<strong>de</strong>,fui a Geração Opala, pois fi z partedo crescimento que a empresa experimentoucom o lançamento <strong>de</strong>seu primeiro veículo <strong>de</strong> passeio”,diz, voltando 36 anos no tempo.Depois, transferido para o setor <strong>de</strong>Mo<strong>de</strong>lagem, passou a trabalhar noChevette. Para transformar a idéia doveículo em processos produtivos era umtrabalho bastante <strong>de</strong>morado, totalmentemanual. “Eu vejo o pessoal fazendoo mo<strong>de</strong>lo padrão na época, feito emresina. Os mo<strong>de</strong>ladores tinham que<strong>ser</strong> extremamente competentes parapegar um <strong>de</strong>senho em duas dimensõese transformá-lo em três dimensões.Hoje, o <strong>de</strong>signer elabora uma peça,escaneia em mo<strong>de</strong>lo matemático, aJosé Eugenio PinheiroEngenharia complementa, com o mesmoprocesso e envia para a Manufatura,que nem precisa do mo<strong>de</strong>lo padrão parausinar as ferramentas. Há uma rapi<strong>de</strong>zenorme no processamento”, elogia.Para Pinheiro, a GM do Brasil atingiua maiorida<strong>de</strong> na manufatura na unida<strong>de</strong><strong>de</strong> Gravataí, on<strong>de</strong> começaram a<strong>ser</strong> realizadas operações consi<strong>de</strong>radas<strong>de</strong> Primeiro Mundo e que culminaramcom o lançamento do Celta.Com esse veículo, a empresa colocou emprática nas <strong>de</strong>mais plantas, e com mais intensida<strong>de</strong>,o Sistema Global <strong>de</strong> Manufatura(GMS). Trata-se <strong>de</strong> um esforço corporativopara que todas as fábricas da GM, ao redordo mundo, utilizem um processo <strong>de</strong> produçãomais enxuto e mais comum possível.O GMS é basicamente fundamentadoem cinco princípios: 1) padronização,para facilitar a i<strong>de</strong>ntificação da oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> melhoria; 2) melhoriacontínua, fazer hoje sempre melhorque ontem; 3) fazer com qualida<strong>de</strong>, emtodos os <strong>de</strong>partamentos, para satisfazero consumidor; 4) prazos curtos, queobjetiva encurtar os tempos <strong>de</strong> produçãoe colocar o veículo mais rápido nomercado; 5) envolvimento das pessoas– nenhum dos quatro itens anteriores<strong>ser</strong>ão possíveis se não houver o engajamentodos envolvidos no processo.O objetivo da GM é que, até 2006,todas as plantas estejam equipadaspara obe<strong>de</strong>cer ao mesmo padrão.ESTÁGIO NOS EUAAssim como vários funcionários da chamadaGeração Opala, Pinheiro tambémfoi um dos escolhidos para estagiar nasfábricas da GM nos EUA e, ao mesmotempo, estudar no General MotorsInstitute (GMI), em Flint, Michigan.“Lá, tive oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adquirirconhecimentos teóricos e experiênciaprática, tanto na área <strong>de</strong>Engenharia como <strong>de</strong> operação<strong>de</strong> fábrica mesmo”, afirma.De volta, no fi nal da década <strong>de</strong> 70,tornou-se um dos responsáveis pelamo<strong>de</strong>rnização da Ferramentaria dafábrica <strong>de</strong> São Caetano. “Passamosdo processo totalmente manualpara o que temos hoje. Foram asprimeiras máquinas a trabalharcom dados matemáticos”.No mesmo período, viajou paraa Argentina como parte <strong>de</strong> umaequipe responsável por avaliaros equipamentos <strong>de</strong> uma fábricaque estava sendo <strong>de</strong>sativada.Muitas máquinas foram trazidaspara o Brasil e algumas aindase encontram em operação.No início dos anos 80, comoCoor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> Piloto, Pinheirotinha <strong>de</strong> assegurar que todosexecutassem corretamente o trabalhopara a montagem dos carrosantes da produção. Esse cargo lhepossibilitou saber como funcionava as<strong>de</strong>mais áreas da empresa e buscar aintegração <strong>de</strong>las. Conhecimento queele utilizou na fabricação do Monza.No entanto, na opinião <strong>de</strong> Pinheiro,o gran<strong>de</strong> avanço na Manufaturaocorreu com o Ka<strong>de</strong>tt, quando seinaugurou o sistema automático <strong>de</strong>montagem <strong>de</strong> carroceria. Anteriormente,os processos eram manuais,não havia um sistema único <strong>de</strong>fechamento <strong>de</strong> carroceria, o queacarretava ter várias carroceriascom dimensionais diferentes.Nessa mesma época, era mo<strong>de</strong>rnizadoo processo <strong>de</strong> pinturada unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Caetano.ESPECIAL JORNAUTO - GMB 80 ANOS37


GENERAL MOTORS DO BRASIL80 ANOSGM, empresa cidadã brasileira*por Gilberto Gar<strong>de</strong>saniOs 80 anos da General Motors no Brasil se confun<strong>de</strong>m com um importante período da própriahistória do país. Nessas oito décadas, a empresa passou por duas revoluções e uma GuerraMundial e várias crises políticas, institucionais e econômicas. Nenhuma <strong>de</strong>ssas situações, pormais adversas, chegaram a abalar sua confi ança e inibir seus investimentos em expansãotécnica e industrial. Tanto que, hoje, é consi<strong>de</strong>rada a maior subsidiária da corporaçãona América do Sul, com fábricas em São Caetano, no ABC Paulista, em Jacareí e SãoJosé dos Campos, no Vale do Paraíba, e em Gravataí, no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.Na história ofi cial que está registrada, constam investimentos <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong>dólares, aquisição <strong>de</strong> espaços, construção <strong>de</strong> instalações, implantação <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>rnas máquina e equipamentos, resultando em milhares <strong>de</strong> veículosproduzidos e exportados. Mas há uma outra história, a que ainda não foicontada. É aquela narrada por pessoas que viveram mais da meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssasoito décadas <strong>de</strong>ntro da empresa, exercendo papel fundamental paraalcançar o sucesso atual.A <strong>Revista</strong> <strong>Jornauto</strong> publica, nesta edição especial, <strong>de</strong>poimentos exclusivos dos principaisexecutivos que participaram <strong>de</strong> inúmeros protótipos oriundos <strong>de</strong> ousados projetos, e permaneceramaté o lançamento <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los com padrão técnico mundial. Alguns continuam na ativa fazendo <strong>Chevrolet</strong>.Todos ingressaram na companhia com o objetivo <strong>de</strong> garantir um futuro melhor para si. E, com o tempo, acabaram se transformando em umaúnica família: a Família General Motors, que se mantém viva até hoje por meio <strong>de</strong> várias ativida<strong>de</strong>s. Os relatos envolvem graxa e suor, engrenagense nervos, exaustão e lazer, tensão e alívio, sonho e realização, mas, acima <strong>de</strong> tudo, uma cumplicida<strong>de</strong> entre <strong>ser</strong> humano e empresaencontrada em poucas organizações. Cada um a seu modo, eles falam sobre os projetos pioneiros, as difi culda<strong>de</strong>s encontradas no início, osnovos processos que foram sendo implantados, os avanços tecnológicos, a expansão e a criação <strong>de</strong> novas fábricas, até a evolução alcançadaem tempos mais recentes.Falam, ainda, <strong>de</strong> suas emoções, <strong>de</strong> suas expectativas, do companheirismo predominante no ambiente <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> um objetivo comum: fazersempre o melhor, como se o nome <strong>Chevrolet</strong> estivesse incorporado no <strong>de</strong>les. Nestes <strong>de</strong>poimentos, colhidos pelo jornalista José Marqueiz, notaseo sentimento <strong>de</strong> gratidão e uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> amor explícito à empresa. Para os que <strong>de</strong>ixaram a fábrica, fi cou um vazio, mas que é semprepreenchido com muitas boas lembranças.Com esta edição especial, a <strong>Revista</strong> <strong>Jornauto</strong> não presta apenas uma homenagem aos 80 anos da General Motors no Brasil, que engran<strong>de</strong>ceua cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Caetano do Sul, mas, também, registra um tributo <strong>de</strong> louvor a todos os trabalhadores que contribuíram para o <strong>de</strong>senvolvimentoda montadora, que hoje ocupa posição privilegiada no cenário automotivo mundial, e se expandiu para outras cida<strong>de</strong>s brasileiras.* Diretor da EditorautoUma publicaçãoEditorautoEditora e RepresentaçõesRua Oriente, 753 - Barcelona09551-010 • São Caetano do Sul - SPPABX: (11) 4227-1016Fax: (11) 4229-2563www.editorauto.com.breditorauto@editorauto.com.brDiretor ResponsávelGilberto Gar<strong>de</strong>sanieditoria@editorauto.com.brDiretora AdministrativaNeusa Colognesi Gar<strong>de</strong>sanifi nanceiro@editorauto.com.brDiretorGilberto Gar<strong>de</strong>sani Filhogilberto.fi lho@editorauto.com.brEditorJosé Marqueizjmarqueiz@hotmail.comGerente ComercialSérgio Ribeiro<strong>ser</strong>gio.ribeiro@editorauto.com.brProdução GráficaIsac Ferreira <strong>de</strong> Araújo Filhoproducao@editorauto.com.brDistribuição/AssinaturasMerce<strong>de</strong>s Cumaruassinatura@editorauto.com.brFotolito/ImpressãoDuo Graf38 ESPECIAL JORNAUTO

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