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sumário - Philip M. Fearnside - Inpa

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SUMÁRIO7.8.4 ECOSSISTEMA AQUÁTICO - VERTEBRADOS..............................................157.8.4.1 Ictiofauna e Pesca ..................................................................................................157.8.4.1.2 Área de Estudo.......................................................................................................167.8.4.1.3 Metodologia Geral.................................................................................................167.8.4.1.4 Classificações das Áreas de Estudo.......................................................................197.8.4.1.5 Biodiversidade da Ictiofauna .................................................................................277.8.4.1.6 Ecologia da Ictiofauna .........................................................................................1137.8.4.1.7 Pesca Comercial de Peixes para Consumo ..........................................................1687.8.4.1.8 A Pesca Comercial de Peixes Ornamentais.........................................................2077.8.4.1.9 Outros Usos da Ictiofauna ...................................................................................2507.8.4.1.10 Aspectos Socioeconômicos das Comunidades Ribeirinhas – Estudo de Caso....2667.8.4.1.11 Referências Bibliográficas...................................................................................287LISTA DE FIGURASFIGURA 7.8.4.1- 1 - Área de influência direta (amarelo) e indireta (vermelho) do projeto deAHE Belo Monte e classificação do rio em setores, utilizada para a coleta dedados primários de ictiofauna (Mapa: Tommaso Giarrizo)...................................21FIGURA 7.8.4.1- 2 - Esquema dos ambientes amostrados nas coletas de ictiofauna (Esquema:Victoria Isaac)........................................................................................................22FIGURA 7.8.4.1- 3 - Canoa de pescadores navegando no canal do rio próximo da Ilha daFazenda, no setor III. (Fotografia: Roberto E. Santo). ..........................................23FIGURA 7.8.4.1- 4 - Remanso do rio no setor III, às margens de uma ilha com predominânciade blocos rochosos e praias de areia nas margens (Fotografia: Victoria Isaac). ...23FIGURA 7.8.4.1- 5 - Corredeiras e pedrais na frente da foz do rio Bacajá, no setor III(Fotografia: Victoria Isaac)....................................................................................24FIGURA 7.8.4.1- 6 - Imagem de lagoa no interior da Ilha Grande, no setor I. (Fotografia:Vanessa Costa).......................................................................................................24FIGURA 7.8.4.1- 7 - Imagem de área de inundação na Ilha Grande, no setor I (Fotografias:Valerie Sarpedonti)................................................................................................25FIGURA 7.8.4.1- 8 - Igarapé Terra Nova durante a estação seca, perto da sua desembocadura,na margem esquerda do rio, no setor I (Fotografia: Tommaso Giarrizzo). ...........25FIGURA 7.8.4.1- 9 - Localização dos pontos de coleta de acordo com os ambientes aquáticose os setores definidos para o Médio inferior e Baixo Rio Xingu no diagnóstico daictiofauna. ..............................................................................................................30FIGURA 7.8.4.1- 10 - Fotografia do canal do rio, no sítio Iriri/Igarapés, nas imediações daconfluência dos rios Iriri e Xingu. (Fotografia: Mauricio Camargo). ...................31FIGURA 7.8.4.1- 11 - Vista aérea da ilha de Arapujá e da lagoa, nas imediações da cidade deAltamira (Fotografia: Mauricio Camargo). ...........................................................32FIGURA 7.8.4.1- 12 - Superfícies rochosas emergentes em remansos da localidade Dona Julia(Fotografia: Douglas Bastos).................................................................................32FIGURA 7.8.4.1- 13 - Detalhe da margem do rio, no sítio Paquiçamba, mostrando área desucessão vegetal, durante o período seco (Fotografia: Mauricio Camargo)..........33FIGURA 7.8.4.1- 14 – Visão panorâmica do canal do rio na frente da localidade de CNEC,onde podem ser observadas as corredeiras e as ilhas fluviais, formadas pordeposição de material, no canal do rio (Fotografia: Tommaso Giarrizzo)............336365-EIA-G90-001b i Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 15 - Furo do Xingu, no final do setor III, durante o período seco(Fotografia: Tommaso Giarrizzo)..........................................................................34FIGURA 7.8.4.1- 16 - Lago Cajuí, no setor IV, localizado entre Vitória do Xingu e SenadorJosé Porfírio (Fotografia: Álvaro de Souza)..........................................................34FIGURA 7.8.4.1- 17 - Igarapé Galhoso, durante o período cheio, um dos cursos de água queservirão para o desvio da água do rio para o reservatório dos canais, no setor V(Fotografia: Tommaso Giarrizzo)..........................................................................35FIGURA 7.8.4.1- 18 – Rede de malha sendo despescada em remanso do rio Xingu(Fotografia: Victoria Isaac)....................................................................................37FIGURA 7.8.4.1- 19 - Espinhel sendo retirado na pesca experimental do canal do rio(Fotografia: Mauricio Camargo)............................................................................37FIGURA 7.8.4.1- 20 - Busca direta de espécies da família Loricariidae nas corredeiras domédio Rio Xingu (Fotografia: Tommaso Giarrizzo).............................................38FIGURA 7.8.4.1- 21 - Censos visuais subaquáticos nas corredeiras do médio Rio Xingu.(Fotografia: Douglas Bastos).................................................................................39FIGURA 7.8.4.1- 22 - Coleta de ictiofauna, através de tapagem e coleta com vários aparelhosnos igarapés do Rio Xingu. (Fotografias: Douglas Bastos)...................................40FIGURA 7.8.4.1- 23 - Locais de coleta de Prochilodus nigricans para estudos de variabilidadegenética e morfometria. .......................................................................................115FIGURA 7.8.4.1- 24 - Rio Xingu em outubro de 2007. Direita: Fotografia do barranco damargem esquerda do Rio Xingu, na região da Volta Grande. Esquerda - Poça deágua remanescente, atrás de restinga de areia, em uma região próxima àdesembocadura do rio Bacajá (Fotografias: Victoria Isaac)................................117FIGURA 7.8.4.1- 25 - Fotografia de uma área de um sangradouro, local de entrada de água dorio, no início da enchente. (Fotografia: Mauricio Camargo)...............................117FIGURA 7.8.4.1- 26 - Esquema do ciclo sazonal de eventos no rio Xingu (adaptado deLOWE-McCONNELL, 1999) .............................................................................119FIGURA 7.8.4.1- 27 - Pacus (esquerda) e aracus (centro) se alimentando nos depósitos dematéria orgânica e perilíton encontrados sobre as pedras no período seco e poçasde água formadas no meio do Rio Xingu, durante esse período (direita)(Fotografias: Tommaso Giarrizo)........................................................................120FIGURA 7.8.4.1- 28 - Representação da partição do habitat trófico de quatro espécies de piaunos blocos de rochas do rio Xingu. A- Leporinus julii; B-Leporellus vittatus; C-Leporinus tigrinus; D-Leporinus sp. Extraído de Zuanon (1999). ......................123FIGURA 7.8.4.1- 29 - Sucessão das fontes de alimentos mais importantes e ocorrências dasguildas nos diversos ambientes, ao longo do rio Xingu (adaptado de LOWE-McCONNELL, 1999)..........................................................................................124FIGURA 7.8.4.1- 30 - Podostemáceas (direita) e perilíton (esquerda) encontrados nos pedraisdo rio Xingu (Fotografias: Tommaso Giarrizzo).................................................125FIGURA 7.8.4.1- 31 - Modelo trófico para o ecossistema aquático do Rio Xingu. O tamanhodos compartimentos é proporcional à biomassa. Em cada compartimento sedestacam os valores de biomassa (B), produção (P/B) e consumo (Q). Todos osfluxos estão em g.m-2.ano-1 de peso úmido. Extraído de Camargo (2004) .......128FIGURA 7.8.4.1- 32 - Mapeamento dos locais indicados pelos pescadores como sendo locaisde piracemas, ou entradas de cardumes de peixes adultos para a reprodução.....141FIGURA 7.8.4.1- 33 - Rotas de navegação na região de vazão reduzida da Volta Grande doRio Xingu em outubro de 2007. ..........................................................................162FIGURA 7.8.4.1- 34 - Mapa da localização do furo do Xingu e outros canais alternativos,próximo da vila de Belo Monte (Fotografia: Tommaso Giarrizzo).....................1636365-EIA-G90-001b ii Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 35 - Esquema demonstrando o modelo de migração proposto para espéciesde peixes que realizam curtas migrações, de acordo com as evidências discutidasneste estudo. (Desenho: Allan Jamesson)............................................................161FIGURA 7.8.4.1- 36 - Fotografia de Hypancistrus zebra (extraída do www.fishbase.org)...165FIGURA 7.8.4.1- 37 - Fotografia de Ossubtus xinguensis (Fotografia: Tommaso Giarrizzo).............................................................................................................................167FIGURA 7.8.4.1- 38 - Fotografia de Potamotrigon leopoldi (Fotografia: John Nakachima).168FIGURA 7.8.4.1- 39 - Mapa da classificação dos trechos do rio, para os pesqueiros. ..........171FIGURA 7.8.4.1- 40 - Porto de Maribel (direita) e moradias de pescadores nas margens no rioNovo (esquerda) (Fotografia: Morgana Almeida)...............................................174FIGURA 7.8.4.1- 41 - Detalhe do motor rabeta de canoas de pesca do rio Xingu (Fotografia:Roberto E. Santo).................................................................................................175FIGURA 7.8.4.1- 42 - Rabetas-catraias na beira do rio Xingu (Fotografia: Roberto E. Santo)..............................................................................................................................175FIGURA 7.8.4.1- 43 - Barco de motor de centro utilizado para o transporte de pescado(Fotografia: Roberto E. Santo). ...........................................................................176FIGURA 7.8.4.1- 44 - Esquema da forma em que “tiradeiras” são utilizadas no Rio Xingu.(Desenho: Roberto E. Santo) ...............................................................................178FIGURA 7.8.4.1- 45 - Tarrafa utilizada por pescadores do rio Xingu (Fotografia: Roberto E.Santo)...................................................................................................................180FIGURA 7.8.4.1- 46 - Arco e flecha (acima) e arpão utilizados nas pescarias de tucunaré norio Xingu. (Fotografias: Roberto E. Santo). ........................................................181FIGURA 7.8.4.1- 47 - Produção média (kg) por viagem de pesca, nas pescarias ao longo dorio Xingu..............................................................................................................189FIGURA 7.8.4.1- 48 - Atravessadores de peixes nas margens do rio Xingu, próximo à Vitória(Fotografia: Roberto E. Santo). ...........................................................................198FIGURA 7.8.4.1- 49 - Filhote (Brachyplatistoma filamentosum) comercializado pelosatravessadores de Senador José Porfírio (Fotografia: Leocyvan Nunes). ...........199FIGURA 7.8.4.1- 50 - Pescadores a jusante de Altamira (Fotografia: Roberto E. Santo).....200FIGURA 7.8.4.1- 51 - Pescadores voltando de viagem realizada a montante de Altamira(Fotografia: Roberto E. Santo). ...........................................................................201FIGURA 7.8.4.1- 52 - Porto de desembarque pesqueiro de Maribel – Altamira – Pará.(Fotografia: Morgana Almeida)...........................................................................202FIGURA 7.8.4.1- 53 - Barco geleiro de Altamira que atua em Maribel (Fotografia: Roberto E.Santo)...................................................................................................................202FIGURA 7.8.4.1- 54 - Residências dos pescadores nas margens do rio Novo, afluente do Iriri.(Fotografia: Roberto E. Santo). ...........................................................................204FIGURA 7.8.4.1- 55 - Rabetas e canoas utilizadas nas pescarias..........................................204FIGURA 7.8.4.1- 56 - Caminhões esperando a produção pesqueira no porto de Maribel.(Fotografia: Roberto E. Santo). ...........................................................................205FIGURA 7.8.4.1- 57 - Produção de pescada sendo pesada para venda em Maribel.(Fotografia: Roberto E. Santo). ...........................................................................205FIGURA 7.8.4.1- 58 - Mapa das localidades onde foram acompanhadas as pescarias de peixesornamentais no médio Rio Xingu em setembro de 2007, janeiro de 2008 e marçode 2008.................................................................................................................210FIGURA 7.8.4.1- 59 - Dimensões de “vaquetas” ou “espadas” – petrechos comumenteutilizados na captura de peixes ornamentais ao longo da calha dos rios Xingu eIriri. (Desenho: Bianca Bentes da Silva) .............................................................2126365-EIA-G90-001b iii Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 60 - Petrechos comumente utilizados na captura de peixes ornamentais:faca, tesoura e “vaqueta” (A), potes plásticos (B), mangueira e “chupeta” (C),lanterna (D), “mascareta” (E), compressor (F), cinto (G), rede “tarrafinha” (H)(Fotografias: Bianca Bentes da Silva). ................................................................212FIGURA 7.8.4.1- 61 - Embarcações utilizadas na captura de peixes ornamentais ao longo dacalha dos rios Xingu e Iriri: (A) canoa movida a remo, (B) “rabeta” com casco demadeira, (C) “rabeta” com casco em alumínio (Fotografias: Priscila Carmona).213FIGURA 7.8.4.1- 62 - Estado de uso de alguns materiais utilizados nas pescarias de peixesornamentais na região do Arroz Cru – Altamira – PA – A e B: frente e verso demascareta; C e D: compressor enferrujado em com vazamento nas saídas de ar(Fotografias: Jaime Carvalho Júnior). .................................................................213FIGURA 7.8.4.1- 63 - Acampamento dos pescadores de peixes ornamentais em área de“saroba” do Rio Xingu (incluindo a barraca que aparece do lado esquerdo daimagem). (Fotografia: Jaime Carvalho Júnior)....................................................214FIGURA 7.8.4.1- 64 - Distribuição geográfica das principais espécies de acaris (Loricariidae)ao longo da calha dos rios Xingu e Iriri – PA de acordo com pescadoresentrevistados. .......................................................................................................219FIGURA 7.8.4.1- 65 - Pesqueiros para a captura de peixes ornamentais ao longo da calha doRio Xingu visitados pela equipe de pesquisadores..............................................229FIGURA 7.8.4.1- 66 - Basquetas submersas contendo espécimes de peixes ornamentaisarmazenados na região do rio Iriri, montante da cidade de Altamira (A e B) earmazenamento de peixes ornamentais em basquetas emersas, na canoa (C).(Fotografias: Bianca Bentes da Silva). ................................................................242FIGURA 7.8.4.1- 67 - Estruturas de armazenamento de peixes ornamentais (A e C) e formasde embalagem para transporte do produto (B e D) no município de Altamira –Pará. (Fotografias: Priscila Carmona)..................................................................243FIGURA 7.8.4.1- 68 - Fluxograma da cadeia de comercialização de peixes ornamentaisoriundos da calha do Rio Xingu. .........................................................................245FIGURA 7.8.4.1- 69 - Esquema dos principais conflitos e carências observadas na pesca depeixes ornamentais no médio Rio Xingu.............................................................249FIGURA 7.8.4.1- 70 - Fotografias da posada Salvaterra e suas atividades culinárias e de pescaesportiva relacionadas com o uso dos recursos ícticos. (Fotografias cedidas pelosresponsáveis da Pousada). ...................................................................................260FIGURA 7.8.4.1- 71 - Fotografias da Pousada Rio Xingu, empreendimento do sítio pesqueiroda Volta Grande. (Fotografias cedidas pelos responsáveis da Pousada) .............260FIGURA 7.8.4.1- 72 - Localização da Ilha da Fazenda, no Rio Xingu, a jusante da cidade deAltamira. (Adaptado do Google Earth). ..............................................................267FIGURA 7.8.4.1- 73 - Poços de água utilizados pela população da ilha para consumo.(Fotografia: Morgana Almeida)...........................................................................271FIGURA 7.8.4.1- 74- Escola de ensino fundamental na Ilha da Fazenda. (Fotografia:Morgana Almeida)...............................................................................................273FIGURA 7.8.4.1- 75 - Marreteiros flutuantes que atuam na Ilha da Fazenda. (Fotografia:Roberto E. Santo).................................................................................................275FIGURA 7.8.4.1- 76 - Atividades domésticas realizadas diariamente no rio pelos moradoresda Ilha da Fazenda. (Fotografia: Roberto E. Santo) ............................................276FIGURA 7.8.4.1- 77 - Localização dos lotes de terra segundo os moradores da ilha dafazenda. Adapatada do Google Earth).................................................................276FIGURA 7.8.4.1- 78 - Plantações de teca (Tectona grandis) nos lotes dos moradores da Ilhada Fazenda. (Fotografia: Morgana Almeida).......................................................2776365-EIA-G90-001b iv Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 79 - Viveiros de mudas de cacau e mogno nos lotes dos moradores da Ilhada Fazenda. (Fotografia: Morgana Almeida).......................................................278FIGURA 7.8.4.1- 80 - Pescadores de acaris no Rio Xingu. (Fotografia: Roberto E. Santo) .278FIGURA 7.8.4.1- 81 - Localização dos principais pesqueiros freqüentados pelos pescadoresde peixes ornamentais da Ilha da Fazenda. Adapatada do Google Earth)...........279FIGURA 7.8.4.1- 82 - Pescador com os petrechos de captura atuando na pesca de peixesornamentais. (Fotografia: Roberto E. Santo).......................................................279FIGURA 7.8.4.1- 83 - Pescador voltando da pescaria demonstrando um surubim pintado,capturado durante a noite. (Fotografia: Morgana Almeida))...............................281FIGURA 7.8.4.1- 84 - Armadilha construída para caçar pelos moradores da Ilha da Fazenda.(Fotografia: Roberto E. Santo) ............................................................................282FIGURA 7.8.4.1- 85 - Separação do ouro no garimpo, feita com bateias. (Fotografia:Morgana Almeida)...............................................................................................284LISTA DE QUADROSQUADRO 7.8.4.1- 1 Lista dos membros da equipe de levantamento da ictiofauna e pesca noRio Xingu. .............................................................................................................18QUADRO 7.8.4.1- 2 Esquema da subdivisão de ambientes de interesse para a ictiofauna, notrecho estudado do rio Xingu.................................................................................22QUADRO 7.8.4.1- 3 Classificação das espécies de peixes capturadas com redes de malha, emfunção do componente temporal e intensidade da presença entre os setores. .......59QUADRO 7.8.4.1- 4 Riqueza de espécies exclusivas e comuns da família Loricariidae, entresetores, no ambiente de pedrais/corredeiras ..........................................................82QUADRO 7.8.4.1- 5 Riqueza de espécies exclusivas e comuns da família Loricariidae, entreperíodos de coleta, no ambiente de pedrais/corredeiras. .......................................82QUADRO 7.8.4.1- 6 Riqueza de espécies exclusivas nos setores e períodos, observadas nocenso visual, nos pedrais........................................................................................91QUADRO 7.8.4.1- 7 Número de espécies exclusivas e comuns da ictiofauna entre setores eperíodos, nos ambientes de igarapés....................................................................103QUADRO 7.8.4.1- 8 Medidas morfométricas e merísticas realizadas para os exemplares deProchilodus nigricans de cinco localidades do rio Xingu....................................116QUADRO 7.8.4.1- 9 Freqüência de locais de piracema encontrados de acordo com o tipo deambiente e vegetação dominantes no rio Xingu, entre Senador José Porfírio e o rioIriri. ......................................................................................................................141QUADRO 7.8.4.1- 10 Lista de espécies (nome comum) ordenadas de acordo com a suacapacidade de subir ou não as cachoeiras grandes do rio Xingu, que segundodepoimentos dos pescadores da região de Belo Monte. ......................................157QUADRO 7.8.4.1- 11 Ocorrência de espécies da ictiofauna (nome comum) a montante e ajusante das grandes cachoeiras do rio Xingu, segundo os depoimentos dospescadores da região de Belo Monte. ..................................................................158QUADRO 7.8.4.1- 12 Locais de desembarque pesqueiro na área de estudo, desde a foz do rioXingu, até pouco acima da desembocadura do rio Iriri.......................................172QUADRO 7.8.4.1- 13 Iscas e características das linhas e anzóis, de acordo com a espéciealvo, nas pescarias de linhas. ...............................................................................177QUADRO 7.8.4.1- 14 Malhas, fios e espécies alvo para os diversos tipos de redes utilizadasacima da Volta Grande do rio Xingu...................................................................179QUADRO 7.8.4.1- 15 Malhas, fios e espécies alvo, para os diversos tipos de redes utilizadasno Baixo Xingu....................................................................................................1796365-EIA-G90-001b v Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1- 16 Número de pescadores de acordo com as colônias de pesca, de cadamunicípio, em 2001 e 2008, e da SEAP em 2008 e estimativa de produção (t)pesqueira anual. ...................................................................................................182QUADRO 7.8.4.1- 17 Número de moradores ribeirinho por setor de acordo com oslevantamentos censitários e entrevistas, do componente sócio-econômico destediagnóstico...........................................................................................................185QUADRO 7.8.4.1- 18 Localização dos pesqueiros e suas principais espécies, na região deMaribel.................................................................................................................203QUADRO 7.8.4.1- 19 Denominação, localização geográfica e setor dos pesqueirosacompanhados em setembro de 2007, janeiro de 2008 e março de 2008, no RioXingu. ..................................................................................................................209QUADRO 7.8.4.1- 20 Listagem das espécies de Loricarídeos mais capturadas ecomercializadas ao longo da calha dos rios Xingu e Iriri (PA). ..........................215QUADRO 7.8.4.1- 21 Espécies de Loricarídeos, tamanhos comerciais e formas de uso na áreade estudo. .............................................................................................................217QUADRO 7.8.4.1- 22 Áreas de captura das espécies de Loricariidae, alvo da pescaornamental, de acordo com as declarações dos pescadores.................................221QUADRO 7.8.4.1- 23 Sinopses das preferências reprodutivas das espécies de Loricariidae deimportância para a pesca ornamental, de acordo com a declaração dos pescadores..............................................................................................................................223QUADRO 7.8.4.1- 24 Resultados das estimativas de produção de exemplares de peixesornamentais em Altamira, de acordo com as diversas fontes de informação......228QUADRO 7.8.4.1- 25 Unidades de peixes ornamentais por espécie exportadas do municípiode Altamira, segundo os registros das guias de exportação do IBAMA. ............233QUADRO 7.8.4.1- 26 Preço da primeira comercialização, preço de venda aos aquários epreço ao consumidor final (R$) de espécies de peixes ornamentais oriundos doRio Xingu. ...........................................................................................................246QUADRO 7.8.4.1- 27 Número de amostras realizadas para investigar o consumo de fontes deproteínas nas famílias de Altamira ......................................................................252QUADRO 7.8.4.1- 28 Torneios de pesca esportiva detectados na região de estudo. ............258QUADRO 7.8.4.1- 29 Espécies capturadas na atividade de caça pelos moradores da Ilha daFazenda................................................................................................................283QUADRO 7.8.4.1- 30 Espécies, produção e renda diária da pesca de acaris na ilha, para umgrupo de cinco pescadores, de acordo com as entrevistas realizadas com osatravessadores......................................................................................................285LISTA DE TABELASTABELA 7.8.4.1- 1 Distribuição dos ambientes identificados no médio Rio Xingu de acordocom estimativas de Estupiñan & Camargo (no prelo)...........................................26TABELA 7.8.4.1- 2 Número de espécies exclusivas e comuns aos setores avaliados. ...........47TABELA 7.8.4.1- 3 Freqüências relativas das espécies representativas nas porções da bacia................................................................................................................................48TABELA 7.8.4.1- 4 Abundância e biomassa relativas entre as ordens de peixes, capturadascom redes de malha nos ambientes de remansos e áreas de inundação.................53TABELA 7.8.4.1- 5 Abundância relativa (%) das famílias nos setores e períodos, capturadascom redes de malha. ..............................................................................................54TABELA 7.8.4.1- 6 Porcentagem da biomassa das famílias nos setores e períodos, para apesca com redes de malha......................................................................................556365-EIA-G90-001b vi Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 7 Variação espaço temporal da riqueza (S), abundância (N), número deindivíduos da espécie com maior abundância (N(max)), índice de dominância deBerger-Parker (I(B-P)) e diversidade de Shannon-Weaver (H’) ± variância, para aictiofauna capturada com redes. ............................................................................64TABELA 7.8.4.1- 8 Valores de riqueza estimados segundo as técnicas não-paramétricas paraos períodos e setores. .............................................................................................68TABELA 7.8.4.1- 9 Freqüência relativa das espécies típicas nos agrupamentos. ...................71TABELA 7.8.4.1- 10 Abundância absoluta por espécie nas capturas com espinhel, no canal dorio, de acordo com os setores e períodos ...............................................................74TABELA 7.8.4.1- 11 Valores de riqueza, abundância, abundância máxima (N(max)), índicede dominância de Berger-Parker (I(B-P))e índice de diversidade de Shannon-Weaner (H’) e a respectiva estimativa de variância, entre setores e períodos decoleta, para a ictiofauna capturada com espinhel ..................................................76TABELA 7.8.4.1- 12 Valores de riqueza estimada e representatividade da riqueza observada...............................................................................................................................77TABELA 7.8.4.1- 13 Freqüência relativa das espécies típicas capturadas com espinhel nosagrupamentos obtidos na análise de cluster...........................................................79TABELA 7.8.4.1- 14 Valores de riqueza estimada e representatividade das amostras da faunade Loricariidae dos pedrais, por setor e período....................................................84TABELA 7.8.4.1- 15 Valores de freqüência relativa das espécies de Loricariidae típicas nosagrupamentos.........................................................................................................87TABELA 7.8.4.1- 16 Abundância relativa do numero de espécies por famílias e ordensobservadas no censo visual, nos pedrais da área de estudo. ..................................90TABELA 7.8.4.1- 17 Valores de riqueza, abundância, abundância máxima (N(max)), índicede dominância de Berger-Parker (I(B-P)) e índice de diversidade de Shannon-Weaver (H’) e a respectiva estimativa de variância, entre setores e períodos decoleta, nas amostras obtidas através do censo visual nos pedrais..........................94TABELA 7.8.4.1- 18 Valores de riqueza estimada e representatividade em relação à dariqueza observada, nos setores e períodos, nas observações do censo visual........95TABELA 7.8.4.1- 19 Abundância e biomassa relativas entre as ordens, para a fauna deigarapés................................................................................................................100TABELA 7.8.4.1- 20 Abundância relativa (%) total de famílias encontradas na ictiofauna deigarapés, de acordo com os setores e períodos. ...................................................101TABELA 7.8.4.1- 21 Biomassa relativa (%) das famílias encontradas na ictiofauna deigarapés, de acordo com os setores e períodos ....................................................101TABELA 7.8.4.1- 22 Valores de riqueza, abundância, número de indivíduos da espécie commaior abundância (N(max)), índice de dominância de Berger-Parker (I(B-P)) eíndice de diversidade de Shannon-Weaver (H’) e a respectiva estimativa devariância, entre os setores e períodos de coleta, capturados nos ambientes deigarapés................................................................................................................106TABELA 7.8.4.1- 23 Valores de riqueza estimada e representatividade em relação a dariqueza observada, nos setores e períodos e interações entre estes, no ambienteigarapé..................................................................................................................107TABELA 7.8.4.1- 24 Abundância relativa das espécies típicas nos agrupamentos daictiofauna, nos ambientes igarapés ......................................................................110TABELA 7.8.4.1- 25 Parâmetros de entrada e parâmetros estimados (negritos) na modelagemtrófica, do médio rio Xingu. P/B: produção/biomassa; P: produção; Q/B:consumo/biomassa; EE: eficiência ecotrófica de transferência; GE: eficiênciabruta. ....................................................................................................................1256365-EIA-G90-001b vii Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 26 Matriz predador-presa, utilizada n o modelo ECOPATH. As colunasrepresentam as frações de cada tipo de alimento ingerido por cada grupo (Extraídode CAMARGO, 2004).........................................................................................127TABELA 7.8.4.1- 27 Resumo de informações sobre ciclo de vida e atividades reprodutivas dealgumas espécies de peixes..................................................................................133TABELA 7.8.4.1- 28 Freqüência relativa de indivíduos em estágios reprodutivos de acordocom o setor do rio e a estação do ano. Considerou-se 100% o total de espécimescoletados em cada setor. ......................................................................................138TABELA 7.8.4.1- 29 Estatística descritiva do comprimento total e do peso total, número declasses etárias e estratégias de crescimento de 16 espécies de peixes do rio Xingu..............................................................................................................................150TABELA 7.8.4.1- 30 Relação comprimento-peso (g/cm) de algumas espécies de peixes queocorrem no rio Xingu de acordo com o presente estudo e extraído de Ruffino &Isaac (1995). ........................................................................................................151TABELA 7.8.4.1- 31 Estimativas da produção pesqueira realizadas neste estudo a partirdiversas fontes de informações considerando um número aproximado depescadores de 1.500 na AII e de 1000 pescadores na AID..................................186TABELA 7.8.4.1- 32 Produção média (kg) por viagem de acordo com o tipo de embarcação..............................................................................................................................186TABELA 7.8.4.1- 33 Captura média (kg) por viagem de pesca de acordo com a arte de pescautilizada................................................................................................................186TABELA 7.8.4.1- 34 Produção média (kg) por viagem de pesca de acordo com o ambiente eintervalo de confiança (95%)...............................................................................187TABELA 7.8.4.1- 35 Captura média por viagem (kg) para os quatro períodos do ano, naspescarias do rio Xingu. ........................................................................................187TABELA 7.8.4.1- 36 Produção média (kg) por viagem de pesca de acordo com a localizaçãodos pesqueiros, ao longo do rio e resultados do teste LSD de comparação dasmédias (p≥0.05). ..................................................................................................190TABELA 7.8.4.1- 37 Produção (kg) por viagem de pesca para as principais espéciesdesembarcadas em Altamira................................................................................190TABELA 7.8.4.1- 38 Número médio de dias e tripulação média nas viagens de pesca, deacordo com o tipo de embarcação. ......................................................................192TABELA 7.8.4.1- 39 Rendimento médio (kg.pescador-1.dia-1) de acordo com o período doano, para a frota que desembarca em Altamira e resultados da comparaçãomúltipla pelo teste LSD para o LogCPUE...........................................................193TABELA 7.8.4.1- 40 Rendimento médio (kg.pescador-1.dia-1) de acordo com o ambiente depesca, para a frota que desembarca em Altamira e resultados da comparaçãomúltipla pelo teste LSD para o LogCPUE...........................................................194TABELA 7.8.4.1- 41 Rendimento médio (kg.pescador-1.dia-1) de acordo com o tipo deembarcação, para a frota que desembarca em Altamira e resultados da comparaçãomúltipla pelo teste LSD para o LogCPUE...........................................................194TABELA 7.8.4.1- 42 Rendimento médio (kg.pescador -1 .dia -1 ) de acordo com a arte de pesca,para a frota que desembarca em Altamira e resultados da comparação múltiplapelo teste LSD para o LogCPUE.........................................................................194TABELA 7.8.4.1- 43 Produção (kg) por pescador e por dia de pesca de acordo com o local depesca, para a frota que desembarca em Altamira e resultados da comparaçãomúltipla pelo teste LSD para o LogCPUE...........................................................195TABELA 7.8.4.1- 44 Produtividade média (unidades/viagem), intervalo de confiança,mediana e número de viagens, para as principais espécies da pesca ornamental, de6365-EIA-G90-001b viii Leme Engenharia Ltda


acordo com os registros dos portos de Altamira, entre janeiro de 2006 e março de2008. ....................................................................................................................231TABELA 7.8.4.1- 45 Distribuição mensal de peixes ornamentais (unidades) declarados nasguias de trânsito (IBAMA) nos anos 2000, 2006 e 2007 em Altamira. ..............234TABELA 7.8.4.1- 46 Distribuição relativa da captura de peixes ornamentais por locais depesca, nas pescarias acompanhadas entre setembro de 2007 e março de 2008...237TABELA 7.8.4.1- 47 Composição específica das capturas de peixes ornamentais por local decaptura, nas pescarias acompanhadas entre setembro de 2007 e março de 2008.238TABELA 7.8.4.1- 48 Comprimento total médio (cm), peso médio (g) e desvios das espéciesde peixes ornamentais capturadas durante as pescarias acompanhadas nos mesesde setembro/2007, janeiro/2008 e março/2008 nas pescarias acompanhadas do RioXingu. ..................................................................................................................238TABELA 7.8.4.1- 49 CPUE média por pesqueiro e etno-espécie nas pescarias acompanhadasao longo do Rio Xingu nos meses de setembro de 2007, janeiro e março de 2008..............................................................................................................................241TABELA 7.8.4.1- 50 Consumo diário médio (g.per capita.dia -1 ) de alimentos de origemanimal na comunidade de Ilha da Fazenda (rural) e na cidade de Altamira (urbano)e valores de F e p resultantes da ANOVA...........................................................253TABELA 7.8.4.1- 51 Quantidade de pescado adquirido pelos restaurantes do município deAltamira por espécie e forma de comercialização e seus respectivos valores para omês de dezembro de 2007....................................................................................257TABELA 7.8.4.1- 52 Escolaridade da população da Ilha da Fazenda. ..................................274TABELA 7.8.4.1- 53 Distribuição das atividades de renda, na comunidade de Ilha daFazenda................................................................................................................274LISTA DE GRÁFICOSGRÁFICO 7.8.4.1- 1 - Hidrograma do rio Xingu em Altamira nos anos 2000, 2001, 2007 e2008 e delimitação das amostragens para ictiofauna (símbolos maiores). As coresrepresentam a classificação em períodos. Rosa-Vazante; Branco-Seca; Azul-Enchente; Amarelo- Cheia.....................................................................................28GRÁFICO 7.8.4.1- 2 - Número de famílias (superior) e espécies (inferior) da ictiofauna, porordem, ao longo de toda a área de estudo e para todos os ambientes estudados...44GRÁFICO 7.8.4.1- 3 - Importância relativa do número de espécies, por ordem, em cada umdos setores do rio. ..................................................................................................45GRÁFICO 7.8.4.1- 4 - Dendrograma de dissimilaridade binária entre os setores...................46GRÁFICO 7.8.4.1- 5 - Topologia da rede de similaridade entre os setores do rio (I, II, II e I),arranjados segundo a técnica MDS, em função da abundância relativa entre asespécies capturadas em todas as artes de pesca.....................................................50GRÁFICO 7.8.4.1- 6 - Ordenação entre os setores do rio e grupo de espécies, via DCA, emfunção da abundância relativa média em todos os ambientes. ..............................51GRÁFICO 7.8.4.1- 7 - Dendrograma de similaridade entre os setores do rio (I, II, III, IV) eperíodos (E: Enchente; S: Seca; V: Vazante), em função da composiçãotaxonômica.............................................................................................................58GRÁFICO 7.8.4.1- 8 - Valores médios e erro padrão da média do número de espécies eabundância, nos setores do rio (I, II, III e IV) e períodos, para a ictiofaunacapturada com redes de malha...............................................................................62GRÁFICO 7.8.4.1- 9 - Valores médios e erro padrão da biomassa relativa média nos setoresdo rio, amostrados com rede de malha. .................................................................626365-EIA-G90-001b ix Leme Engenharia Ltda


GRÁFICO 7.8.4.1- 10 - Valores médios e erro padrão da biomassa média nos períodos decoleta, amostrados com rede de malha. .................................................................63GRÁFICO 7.8.4.1- 11 - Valores globais do índice de diversidade de Shannon, H´ e variânciadeste estimador, entre os setores do rio, para as coletas com redes de malha. ......64GRÁFICO 7.8.4.1- 12 - Valores globais do índice de diversidade de Shannon e variânciadeste estimador, entre os períodos de coleta em todos os setores. ........................65GRÁFICO 7.8.4.1- 13 - Índice de diversidade de Shannon Weaver e variância desteestimador, entre os setores do rio e períodos de coleta..........................................65GRÁFICO 7.8.4.1- 14 - Curva do coletor para: (a) setores do rio e períodos de coleta; (b)setores e os respectivos valores de desvio padrão; (c) total e os respectivos valoresde desvio padrão e estimativas de riqueza total por meio de métodos nãoparamétricos...........................................................................................................67GRÁFICO 7.8.4.1- 15 - Dendrograma de dissimilaridade entre os setores do rio (I, II, III e IV)e períodos do ano (E: Enchente; S: Seca; V: Vazante), em função da abundânciarelativa das espécies capturadas com rede de malha. ............................................69GRÁFICO 7.8.4.1- 16 - Topologia da rede de similaridade entre os setores do rio (números) eperíodos (E: Enchente; S: Seca; V: Vazante) constituintes dos agrupamentos,arranjados segundo a técnica MDS, em função da abundância relativa entre asespécies capturadas na arte de pesca malhadeira...................................................69GRÁFICO 7.8.4.1- 17 - Número de espécies médio e abundância média e seus respectivoserros padrão, nos agrupamentos encontrados para a ictiofauna capturada comredes de malha. ......................................................................................................72GRÁFICO 7.8.4.1- 18 - Médias e desvio padrão da biomassa dos agrupamentos de espéciesencontrados para a arte malhadeira........................................................................72GRÁFICO 7.8.4.1- 19 - Valores médios e erro padrão da abundância relativa entre osperíodos de coleta, de indivíduos da ictiofauna amostrados com espinhel. ..........75GRÁFICO 7.8.4.1- 20 - Valores médios e erro padrão da média da biomassa/indivíduos, nosperíodos de coleta, capturados com o aparelho espinhel.......................................76GRÁFICO 7.8.4.1- 21 - Valores do índice de diversidade de Shannon Weaver e variânciadeste estimador, entre os setores e períodos de coleta, capturados com o aparelhoespinhel..................................................................................................................77GRÁFICO 7.8.4.1- 22 - Dendrograma de dissimilaridade entre os setores do rio (I, II, III e IV)e períodos (E: Enchente; S: Seca; V: Vazante), em função da abundância relativadas espécies capturadas com espinhel. ..................................................................78GRÁFICO 7.8.4.1- 23 - Topologia da rede de similaridade entre os setores e períodosconstituintes dos agrupamentos, arranjados segundo a técnica MDS, no ambientede canal do rio, baseado nas espécies capturadas com espinhel............................79GRÁFICO 7.8.4.1- 24 - Valores médios e erro padrão da média de abundância absoluta, emfunção dos agrupamentos ......................................................................................80GRÁFICO 7.8.4.1- 25 - Valores médios e erro padrão da média do número de espécies e daabundância relativa de indivíduos Loricariidae, nos períodos (E: Enchente; S:Seca) e setores estudados.......................................................................................84GRÁFICO 7.8.4.1- 26 - Curva de coletor para: (a) setores e períodos de coleta; (b) setores eos respectivos valores de desvio padrão; (c) total e os respectivos valores dedesvio padrão e estimativas de riqueza por meio de métodos não-paramétricos,para as espécies de Loricariidae, capturadas nos pedrais ......................................85GRÁFICO 7.8.4.1- 27 - Dendrograma de dissimilaridade entre os setores e períodos de coleta(E: Enchente; S: Seca; V: Vazante).......................................................................866365-EIA-G90-001b x Leme Engenharia Ltda


GRÁFICO 7.8.4.1- 28 - Topologia da rede de similaridade entre os setores e períodos (E:Enchente; S: Seca) constituintes dos agrupamentos, arranjados segundo a técnicaMDS, para as coletas de parcelas realizadas nos pedrais. .....................................87GRÁFICO 7.8.4.1- 29 - Valores médios e erro padrão da média de abundância e biomassaentre os agrupamentos, para as espécies de Loricariidae ......................................88GRÁFICO 7.8.4.1- 30 - Diversidade e desvio padrão estimado pelo o índice de diversidadeH´, em função da riqueza para os peixes Loricariidae dos pedrais. ......................89GRÁFICO 7.8.4.1- 31 - Valores médios e erro padrão da média de abundância relativa eriqueza de espécies nas amostras de censo visual .................................................93GRÁFICO 7.8.4.1- 32 - Valores do índice de diversidade de Shannon-Weaver (H’) evariância deste estimador, entre os setores e períodos de coleta, observados nascoletas do censo visual nos pedrais. ......................................................................94GRÁFICO 7.8.4.1- 33 - Curva do coletor para: (a) setores e períodos de coleta; (b) setores eos respectivos valores de desvio padrão; (c) total e os respectivos valores dedesvio padrão e estimativas de riqueza por meio de métodos não-paramétricos,para as espécies de peixes coletadas no censo visual. ...........................................96GRÁFICO 7.8.4.1- 34 - Dendrograma de dissimilaridade entre os setores e períodos de coleta(E: Enchente; S: Seca; V: Vazante).......................................................................97GRÁFICO 7.8.4.1- 35 - Valores médios e erro padrão da média de abundância relativa eriqueza de espécies em função dos agrupamentos.................................................99GRÁFICO 7.8.4.1- 36 - Valores médios e erro padrão da média do número total de espéciescapturadas nas amostragens e do número de espécies por área de amostragem, emfunção dos setores e períodos de coleta, no ambiente de igarapés. .....................104GRÁFICO 7.8.4.1- 37 - Abundância média e erro padrão, em função dos setores e períodos decoleta, nos ambientes de igarapés........................................................................105GRÁFICO 7.8.4.1- 38 - Índice de diversidade de Shannon Weaver e variância desteestimador, entre os setores e períodos de coleta, para a ictiofauna capturada emigarapés................................................................................................................106GRÁFICO 7.8.4.1- 39 - Curvas de coletor para (a) setores e períodos de coleta; (b) setores eos respectivos valores de desvio padrão; (c) total e os respectivos valores dedesvio padrão e estimativas de riqueza por meio de métodos não-paramétricos 108GRÁFICO 7.8.4.1- 40 - Dendrograma de dissimilaridade entre os setores e períodos de coleta,em função da abundância relativa, nos ambientes de igarapés............................109GRÁFICO 7.8.4.1- 41 - Topologia da rede de similaridade da ictiofauna de ambientes deigarapés, por setores e períodos, arranjados segundo a técnica MDS. ................111GRÁFICO 7.8.4.1- 42 - Abundância e erro padrão em função da biomassa de ictiofauna nosambientes igarapés...............................................................................................112GRÁFICO 7.8.4.1- 43 - Riqueza média e erro padrão em função dos índices de diversidade(H’) e desvio padrão estimado, para os agrupamentos da ictiofauna, nos ambientesde igarapés. ..........................................................................................................112GRÁFICO 7.8.4.1- 44 - Relação do nível do rio (pontilhado) com as médias e do índicealimentar e fator de condição, indicadores do estado nutricional, em Schizodonfasciatus do rio Negro (adaptado de FABRÉ e SAINT-PAUL, 1997)................118GRÁFICO 7.8.4.1- 45 - Dendrograma de similaridade binária entre as espécies de peixes emfunção do tipo de fruta ingerida, arranjado através de distância de (1 – Pearson) emétodo de Ward´s................................................................................................121GRÁFICO 7.8.4.1- 46 - Representação gráfica do período de frutificação das espéciesarbóreas e número de espécies frugívoras que as utilizam..................................1226365-EIA-G90-001b xi Leme Engenharia Ltda


GRÁFICO 7.8.4.1- 47 - Pirâmide dos fluxos para o ecossistema aquático do rio Xingu. Ovolume de cada nível trófico é proporcional à transferência total de energia (fluxototal) em cada nível. A base representa o compartimento dos herbívoros (Extraídode CAMARGO, 2004).........................................................................................126GRÁFICO 7.8.4.1- 48 - Freqüência relativa de estágios de maturidade por estação do ano parafêmeas (acima) e machos (embaixo) da fauna íctica do Xingu. ..........................129GRÁFICO 7.8.4.1- 49 - Distribuição de estágios de maturidade de acordo com os meses decoleta para Curimatella dorsalis (Curimatidae). ..................................................131GRÁFICO 7.8.4.1- 50 - Distribuição dos estágios de maturidade de Triportheus rotundatus,sardinha, de acordo com o mês de coleta. ...........................................................131GRÁFICO 7.8.4.1- 51 - Freqüência de indivíduos maturos por local de captura para toda afauna de peixes do rio Xingu. As cores representam os setores do rio, roxo-setor I;azul- setor II; verde- setor III e laranja – setor IV. ..............................................139GRÁFICO 7.8.4.1- 52 - Distribuição dos estágios de maturidade de Curimatella dorsalis, porlocal de captura....................................................................................................140GRÁFICO 7.8.4.1- 53 - Ordenação das fitocenoses inventariadas nos locais de piracema edesova de peixes. .................................................................................................142GRÁFICO 7.8.4.1- 54 - Logaritmo do número de indivíduos em função do comprimento total(cm) para toda a comunidade íctica coletada com redes de malha no rio Xingu.144GRÁFICO 7.8.4.1- 55 - Índice de diversidade H´ em função do comprimento total dos peixespara toda a comunidade íctica coletada com redes no rio Xingu. .......................144GRÁFICO 7.8.4.1- 56 - Comprimento total médio (cm) e intervalo de confiança (95%) deindivíduos da ictiofauna do rio Xingu, capturados com redes de malha emambientes fluviais (acima) e lacustres (embaixo), de acordo com a estação do ano..............................................................................................................................145GRÁFICO 7.8.4.1- 57 - Distribuição das médias de comprimento total (cm) e intervalo deconfiança (95%), por local de captura, para exemplares da ictiofauna do rio Xingucapturados com redes de malha. ..........................................................................146GRÁFICO 7.8.4.1- 58 - Comprimentos médios (cm) e intervalo de confiança (95%), por setordo rio para seis espécies da ictiofauna.................................................................147GRÁFICO 7.8.4.1- 59 - Distribuição de freqüências relativas médias (%) do comprimentototal (cm) de algumas das espécies mais abundantes nas coletas com redes demalha da ictiofauna do rio Xingu. .......................................................................148GRÁFICO 7.8.4.1- 60 - Análise de componentes principais para os exemplares deProchilodus nigricans do rio Bacajá (pontos brancos) e de Vitória do Xingu(pontos pretos). ....................................................................................................159GRÁFICO 7.8.4.1- 61 - Análise de componentes principais para os exemplares deProchilodus nigricans do rio Bacajá (pontos pretos) e rio Iriri (pontos brancos)..............................................................................................................................159GRÁFICO 7.8.4.1- 62 - Análise de componentes principais para os exemplares deProchilodus nigricans das cinco localidades estudadas no médio rio Xingu.......160GRÁFICO 7.8.4.1- 63 - Gráfico do logaritmo das capturas em função do número depescadores para 8 rios do Estado do Amazonas entre 1976 e 1978 (PETRERE,1983), indicando a posição teórica que ocuparia o trecho estudado do rio Xinguneste trabalho, caso pudesse ser considerado similar a este grupo de rios.Triângulos correspondem aos rios Solimões, Japurá e Amazonas; quadradoscorrespondem aos rios Negro, Branco, Purús, Juruá, Jutaí e Madeira. ...............183GRÁFICO 7.8.4.1- 64 - Produtividade das viagens (kg), de acordo com a arte utilizada naspescarias...............................................................................................................1886365-EIA-G90-001b xii Leme Engenharia Ltda


GRÁFICO 7.8.4.1- 65 - Distribuição da composição específica dos desembarques nos portosde Altamira. .........................................................................................................190GRÁFICO 7.8.4.1- 66 - Produção média por viagem de pesca para as principais espécies e deacordo com o período do ano...............................................................................192GRÁFICO 7.8.4.1- 67 - Variação mensal da produtividade média para a pesca de peixes parao consumo no Rio Xingu. ....................................................................................193GRÁFICO 7.8.4.1- 68 - Tendência temporal da produção média (kg) por viagem e da CPUE(kg capturados por pescador e por dia), a partir dos dados de 2000-2001 e 2007-2008, indicando declínio na produtividade..........................................................196GRÁFICO 7.8.4.1- 69 - Produtividade mensal média (unidades.pescador-1.dia-1) para peixesornamentais do Rio Xingu, de acordo com o desembarque em Altamira, noperíodo de janeiro de 2006 a março de 2008 e ciclo hidrológico (linha compontos). ................................................................................................................230GRÁFICO 7.8.4.1- 70 - Produção média por viagem do Acari bola azul (gráfico superior) edo Acari amarelinho (gráfico inferior), ao longo dos meses do ano. ..................232GRÁFICO 7.8.4.1- 71 - Produção (unidades) por pescador e por dia de pesca, de acordo coma área de pesca, para a frota de peixes ornamentais que desembarca em Altamira.As cores representam os setores do rio I, II, III e IV, respectivamente...............236GRÁFICO 7.8.4.1- 72 - Comparações do consumo médio (g per capita.dia-1) de carne decaça, carne de gado, peixes, conservas, leite e tracajá, entre os moradores dacomunidade de Ilha da Fazenda e os da cidade de Altamira ...............................254GRÁFICO 7.8.4.1- 73 - Comparação das médias, erro padrão e IC das taxas de consumo depescado das famílias de Altamira de acordo com o nível de renda. ....................255GRÁFICO 7.8.4.1- 74 - Distribuição da compra de pescado nos restaurantes de Altamira porespécie..................................................................................................................256GRÁFICO 7.8.4.1- 75 - Opinião dos moradores da região sobre os impactos do AHE BeloMonte. As freqüências representam o total de respostas sobre cada quesito. .....264GRÁFICO 7.8.4.1- 76 - Percepção dos pescadores da região em relação à evolução daprodução pesqueira de peixes para consumo, aferida a partir de nota concedidapelos entrevistados em Vitória do Xingu, Altamira e Ilha da Fazenda. ..............265GRÁFICO 7.8.4.1- 77 - Percepção dos pescadores da região em relação à evolução daprodução pesqueira de peixes ornamentais, aferida a partir de nota concedidapelos entrevistados em Vitória do Xingu, Altamira e Ilha da Fazenda. ..............265GRÁFICO 7.8.4.1- 78 - Percepção dos moradores e pescadores da região em relação rendafamiliar antes, durante e após a construção do complexo hidrelétrico Belo Monte,aferida a partir de nota concedida pelos entrevistados em Vitória do Xingu,Altamira e Ilha da Fazenda..................................................................................266GRÁFICO 7.8.4.1- 79 - Distribuição das idades por sexo das pessoas entrevistadas na ilha daFazenda................................................................................................................2706365-EIA-G90-001b xiii Leme Engenharia Ltda


ANEXOS7.8.4.1-1 Locais e formas de coleta da ictiofauna durante os trabalhos de 298campo7.8.4.1-2 Distribuição e características das espécies da ictiofauna na bacia do 301rio Xingu, de acordo com todos os registros encontrados na literaturae nas coletas de campo, de acordo com o trecho do rio.7.8.4.1-3 A - Densidade média (ind.dia m -2 ) e desvio padrão (entre parênteses) 316dos peixes coletados com redes de malha no médio Rio Xingu, em2000 e 2001B - Biomassa média (g dia m-2) e desvio padrão (entre parênteses)dos peixes coletados com redes de malha no médio Rio Xingu, em2000 e 20017.8.4.1-4 A - Biomassa média (g hora -1 ) e desvio padrão (entre parênteses) dos 337peixes coletados com espinhéis de malha no médio Rio Xingu, em2000 e 2001B - Densidade média (ind.hora -1 ) e desvio padrão (entre parênteses)dos peixes coletados com espinhéis no médio Rio Xingu, em 2000 e20017.8.4.1-5 Densidade média (ind.m -2 ) e desvio padrão (entre parênteses) dos 341peixes bentônicos da família Loricariidae coletados nos pedrais domédio Rio Xingu, em setembro e dezembro 20077.8.4.1-6 Densidade (ind. m -2 ) média e desvio padrão (entre parênteses) dos 344peixes coletados com o censo realizado nos pedrais e corredeiras dorio Xingu em setembro e dezembro de 20077.8.4.1-7 A - Densidade (ind.m 2 ) e desvio padrão de espécies de peixes 348encontrados nos igarapés do rio Xingu de acordo com o setor do rioB - Biomassa (g.m 2 ) e desvio padrão de espécies de peixesencontrados nos igarapés do rio Xingu de acordo com o setor do rio7.8.4.1-8 Formulário de pesquisa de desembarque pesqueira 3577.8.4.1-9 Dados oficiais sobre a captura de peixes ornamentais de Altamira 3607.8.4.1-10 Lista espécies permitidas para serem utilizadas pela pesca ornamental 3627.8.4.1-11 Formulário de coleta diária sobre o consumo de alimentos nas 368famílias7.8.4.1-12 Formulário para medir a percepção dos moradores sobre a AHE Belo 370Monte7.8.4.1-13 Documento que proba a regularização dos lotes da região entre acomunidade de Ilha da Fazenda e foz do rio Bacajá3736365-EIA-G90-001b xiv Leme Engenharia Ltda


7.8.4 ECOSSISTEMA AQUÁTICO - VERTEBRADOS7.8.4.1 Ictiofauna e Pesca7.8.4.1.1 IntroduçãoEntre 2001 e 2007, algumas alterações podem ser observadas na região do médio Xingu;dentre elas, destaca-se o incremento demográfico da cidade de Altamira e arredores. Mesmoassim, boa parte dos estudos anteriores possui ainda um grande valor científico e validadeatual, principalmente por se constituírem em quase os únicos trabalhos na bacia do Xingu,contendo informações detalhadas sobre a biota e os meios físicos e sócio-econômicos. Assim,parece evidente que na iminência da realização de um novo EIA/RIMA para o rio Xingu,houve necessidade de atualização das informações existentes e complementação dos estudoscientíficos, como também a integração e aproveitamento das informações pretéritas, naobtenção do melhor diagnóstico possível, à luz de todos os conhecimentos disponíveis.No caso dos estudos sobre a ictiofauna e a pesca do trecho médio do rio, em 2007 a primeiraatividade realizada consistiu em sintetizar os conhecimentos já disponíveis, assim comoidentificar as lacunas ainda existentes. Assim, verificou-se que em 2000-2001 tinham sidoexaustivamente amostrados biótopos tais como: remansos do rio, canal do rio e lagoasmarginais ao longo de um extenso ano hidrológico. Na busca de otimizar esforços e recursos,concluiu-se sobre a necessidade de realizar estudos mais detalhados naqueles ambientes quetinham sido pouco contemplados nos trabalhos anteriores, como é o caso das corredeiras compedrais e os pequenos igarapés que desembocam no rio Xingu. Ao mesmo tempo, ficouevidente a necessidade de atualizar as informações sobre as características ambientais dapesca extrativista, bem como sua importância econômica e social para a região. Neste caso,foi ainda considerado o aumento populacional e, portanto, um possível aumento na pressãosobre os recursos. Em um planejamento amostral que atende ao seguimento da curvahidrológica, foram planejadas três campanhas, entre setembro de 2007 e abril de 2008, aslacunas identificadas foram contempladas, permitindo assim completar o diagnóstico destecomponente.Goodland et al. (1992) e Goodland (1993) apresentam condições para tornarempreendimentos hidrelétricos mais sustentáveis, em termos ambientais e sociais, a saber:1. Procurar maior eficiência na produção de energia por área inundada (afetada) para osreservatórios;2. Realizar inventário biológico, para detectar espécies endêmicas e característicasintrínsecas do ambiente a ser alterado;3. Propor medidas de mitigação adequadas;4. Ofertar soluções que permitam a sustentabilidade das populações humanas afetadas.Portanto, esse capítulo pretende atender as recomendações desse autor, apresentando osresultados consolidados, obtidos a partir dos dados coletados, entre 2000 e 2008, para ocomponente de ictiofauna e pesca. Desta forma, pretende-se também oferecer os subsídiosnecessários para os estudos de impacto ambiental do AHE Belo Monte, nessa área de6365-EIA-G90-001b 15 Leme Engenharia Ltda


conhecimento, bem como apresentar um prognóstico que permita a elaboração de programasde mitigação e compensação adequados.7.8.4.1.2 Área de EstudoO trecho da bacia do rio Xingu, que será considerado para este diagnóstico compreende o RioXingu, desde pouco acima da confluência com o Rio Iriri, passando pela cidade de Altamira,a Volta Grande, Belo Monte e, finalmente, as cidades de Vitória de Xingu e Senador JoséPorfírio, incluindo ilhas fluviais, lagoas e trechos inferiores dos tributários e igarapés dabacia. A escolha dessa área de abrangência está correlacionada com as hipóteses de trabalhoque nortearam os estudos da ictiofauna e pesca e será justificado mais adiante.7.8.4.1.3 Metodologia GeralAs metodologias utilizadas no presente relatório, para a realização do diagnóstico ambientalda “Ictiofauna e Pesca do Rio Xingu”, constituem-se em um conjunto de ferramentas de largaabrangência. A combinação de metodologias teve como finalidade examinar a maior parte dosatributos destes componentes (intensidade, dimensão temporal, periodicidade, ordem deinteração, natureza, benefícios, etc.), contemplados na caracterização dos impactos.Considerando a enorme diversidade de ambientes e complexidade de situações na região deestudo, bem como a ausência de estudos anteriores na região, esta investigação destaca osatributos mais afetados pelas ações da implantação do empreendimento.A seguir, são apresentadas as definições e classificações que guiaram o desenho amostral, acoleta, a triagem e a análise dos dados. Seguidamente, o documento apresenta os resultadosobtidos, principalmente através de dados primários, mas também secundários, sobre aictiofauna e a pesca no trecho do rio considerado.As campanhas de coletas de dados primários foram realizadas durante dois extensos períodosde levantamentos distintos: o primeiro entre dezembro de 2000 e novembro de 2001 e osegundo entre setembro de 2007 e abril de 2008. A estratégia de integrar dados antigos enovos, coletados pela mesma equipe de pesquisadores, permitiu uma maior abrangênciaespacial e temporal e um esforço amostral mais intenso, que não seria possível utilizando-seapenas um único ciclo hidrológico. Esta estratégia garante a maior validade das conclusões doestudo, que não se remete apenas a uma situação particular de um ano particular e abrangecerta variabilidade entre anos das condições ambientais, o que valida que os resultadostornando-os mais genéricos do que se representassem apenas um único ciclo hidrológico. Osdados secundários foram obtidos junto a diversas fontes (instituições governamentais,literatura científica, relatórios, etc.) e foram integrados para completar um diagnóstico com omaior número de informações possíveis.A estratégia de amostragem seguiu os princípios de variabilidade espacial e temporal,contemplando todos os ambientes aquáticos de importância para a ictiofauna e pesca ediferentes épocas do ano, de acordo com o ciclo hidrológico anual.A coleta e análises de dados seguiram uma classificação, de acordo com tópicos temáticos,que determinaram as subdivisões deste relatório, a saber:6365-EIA-G90-001b 16 Leme Engenharia Ltda


1) Biodiversidade da ictiofauna – apresenta os achados sobre a riqueza de espécies,raridade, endemismo e abundância numérica das espécies coletadas, comparandoperíodos do ano, biótopos e trechos do rio, através de testes estatísticos.2) Ecologia da ictiofauna – discute aspectos relevantes à ecologia da comunidade e/ougrupo de espécies que poderão ser afetadas pelo empreendimento, destacando relaçõestróficas da comunidade, biologia reprodutiva e conectividade dos ambientes ao longo dorio (migrações e deslocamentos).3) Pesca comercial de peixes para consumo humano – reporta as informações sobre ascaracterísticas técnicas e ambientais da pesca artesanal (captura, esforço, rendimentos,locais de pesca, comercialização, etc.) que atua na captura de peixes para o consumo dapopulação local ou regional desde a foz do rio Xingu e até o trecho inferior do rio Iriri,bem como os aspectos socieocnômicos e culturais relacionados à pesca comercial.4) Pesca comercial de peixes ornamentais – reporta as informações sobre as característicastécnicas e ambientais da pesca artesanal (captura, esforço, rendimentos, locais de pesca,comercialização, etc.) que atua na captura de peixes vivos para serem comercializados aaquaristas e colecionadores, bem como os aspectos socieocnômicos e culturaisrelacionados à pesca comercial.5) Aspectos socioeconômicos do uso da ictiofauna – relata estudos específicos sobre ascaracterísticas sócio-econômicas das comunidades ribeirinhas, focalizando adependência das populações, desde o ponto de vista econômico, cultural e desobrevivência, dos recursos pesqueiros, incluindo um diagnóstico da pesca amadora naregião, o consumo de pescado pelas comunidades e a integração das auividades de pescacom outras atividades econômicas dos ribeirinhos, buscando demosntrar que a pescanão pode ser considerada como um fator isolado e sim no contexto da economia ecultural regional.Nos trabalhos de campo e de laboratório, para coleta e análise dos dados sobre a ictiofauna esobre a pesca, atuaram um total de 42 pessoas, colaborando com este estudo, sendo: cincopesquisadores doutores, dois doutorandos, dois mestres, três mestrandos, três graduados, 21alunos de graduação, três técnicos de apoio, além de cinco pescadores (QUADRO 7.8.4.1- 1).6365-EIA-G90-001b 17 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1- 1Lista dos membros da equipe de levantamento da ictiofauna e pesca no Rio Xingu.Participantes Coleta Análise NívelAlany Pedrosa GONÇALVES * {es}Allan Jamesson SILVA DE JESUS * {ms}Álvaro de Souza BATISTA JR. * {ap}Anderson Paixão MANGAS * {es}André Tambara de CAMARGO * {es}Bianca Bentes da SILVA * * {dd}Bruno Osvaldo Anchieta SOUZA * {es}Caio Brito LOURENÇO * {es}Camila Moraes CORDEIRO * {es}Carolina Piane das NEVES * {es}Christophe Henrique de A. da COSTA * {es}Clarisse WANDERLEY * {ms}Claudemir Oliveira da SILVA * {ap}Daniel da SILVA * {pq}David da SILVA * {pq}Douglas Avis BASTOS * {es}Eliane Leite do BOUTO * {es}Elielma Ribeiro BORCEM * {es}Elyusam BARROS * * {es}Fabíola Seabra MACHADO * {es}Fabrício Carvalho CARRARO * {es}Jaime CARVALHO JR. * {md}João Gilberto Brito MEIRELES * * {es}José Leocyvan Gomes NUNES * {ap}José Nairo Ribeiro da SILVA * {pq}Maria Iracilda Sampaio * {dr}Maria Simone Santos REIS * {es}Marles Adriano F. de MÊLO{pq}Maurício CAMARGO-ZORRO * {dr}Moisés MOURÃO JR. * {ms}Morgana Carvalho de ALMEIDA * {md}Nelson de Nascimento S. Balão * {pq}Priscila CARMONA * * {md}Roberto Vilhena Espírito SANTO * {dd}Rony Romer da Sena OLIVEIRA * {es}Rosana Nazaré M. QUINTELLA * {es}Saymon Matos da COSTA * {es}Sheila Cristina de Souza MIRANDA * {es}Tereza Cristina AQUINO * {es}Tommaso GIARRIZZO * * {dr}Valerie SARPEDONTI * * {dr}Victoria Judith ISAAC-NAHUM * * {dr}Onde: {pq} - pescador; {ap} - apoio técnico; {es} -estudante; {md} - mestrando {ms} - mestre; {dd} -doutorando; {dr} - doutor6365-EIA-G90-001b 18 Leme Engenharia Ltda


7.8.4.1.4 Classificações das Áreas de Estudoa) Áreas de ImpactosPara efeitos de espacialização dos estudos de impacto ambiental, a área fluvial e de inundaçãoa ser considerada foi classificada de acordo com a influência do empreendimento hidrelétrico,em três categorias, cujas descrições econtram-se no Capítulo 6 – Definição das áreas deInfluência (FIGURA 7.8.4.1- 1).Para efeitos do presente diagnóstico sobre a ictiofauna e pesca, a coleta de dados primáriosnão ficou restrita à AID. Dados foram coletados também ao longo da AII (Senador JoséPorfírio, Porto de Moz, Foz do Iriri) e, inclusive, em alguns pontos da AAR, como é o casodos levantamentos no baixo Iriri, no povoado de Maribel. Esta abordagem se justifica, poispartiu-se do princípio de que a ictiofauna do rio Xingu pode percorrer, nos seusdeslocamentos, uma área bem mais extensa do que a delimitada como AID. Além disso, esterelatório pretende discutir e responder questionamentos básicos de interesse para adelimitação de impactos e medidas de compensação e mitigação da AHE Belo Monte, como,por exemplo: Qual o grau de similaridade da fauna íctica entre o trecho a ser afetado do rio eo trecho que não será afetado? Existem barreiras geográficas à distribuição das espécies?Existe intercâmbio entre os setores do rio? A atividade pesqueira depende da abundância dasespécies a montante ou a jusante do local de pesca ou de locais a serem impactados?Para responder estas perguntas, foi necessário aumentar a área de abrangência da coleta dedados. Os locais de coleta para cada tema deste estudo foram delimitados de acordo com asnecessidades específicas e as hipóteses testadas para cada um deles. Por tanto, para os estudossobre a atividade pesqueira, as coletas realizadas no período 2007-2008 tiveram uma área deabrangência que se estendeu desde Porto de Moz, no baixo Xingu, até o povoado de Maribel,no rio Iriri. Para as coletas sobre a diversidade e riqueza da ictiofauna, os trabalhos seestenderam desde Senador José Porfírio até a foz do Iriri.b) Trechos do RioNo desenho amostral utilizado para a coleta de dados sobre a ictiofauna, e principalmente paraefeitos da comparação de resultados entre as diferentes áreas de coleta, o trecho do rioestudado foi subdividido de acordo com os seguintes setores (FIGURA 7.8.4.1- 1).Setor I- (IRIRI) - Trecho baixo do Rio Iriri, desde Maribel, a 200 km de Altamira, até a suadesembocadura, continuando pelo Rio Xingu, até a Ilha Grande, limite superior da AID. Estesetor a montante do reservatório será considerado como “área controle”, por supor-se que seráo que deverá sofrer menos impacto do empreendimento, além de ser considerada uma árearelativamente bem conservada.Setor II – (RESERVATÓRIO) – Área que irá sofrer inundação permanente pela formação doreservatório principal do empreendimento; compreende a calha do rio Xingu (ilhas emargens), desde a Ilha Grande, a montante de Altamira, até o sítio Pimental, a jusante, ondeserá localizada a barragem e vertedouro principal do empreendimento.Setor III – (VOLTA GRANDE) - Trecho do Rio Xingu conhecido como Volta Grande peloseu recorte particular em relação à direção do rio. Neste setor haverá uma redução de vazão6365-EIA-G90-001b 19 Leme Engenharia Ltda


permanente, devido ao represamento do rio no sítio Pimental. Estende-se desde o sítioPimental, a jusante, passando pelo trecho encachoeirado do rio até o a última cachoeira(Itamaracá), pouco a montante de Belo Monte, incluindo os furos do rio que constituempassagens alternativas às cachoeiras. (FIGURA 7.8.4.1- 1 e FIGURA 7.8.4.1- 3)Setor IV – (BAIXO XINGU) - Trecho inferior do Rio Xingu, desde o povoado de Belo Monteaté a localidade de Senador José Porfírio. Trecho muito largo do rio, que apresenta poucadeclividade, menor velocidade e que sofre de forma mais ou menos evidente o efeito doremanso do Rio Amazonas. Possui sedimentos mais finos que, quando em suspensão, tornamas águas mais barrentas. No primeiro trecho, entre Belo Monte e a cidade de Vitória doXingu, o canal é mais estreito e de perfil bastante profundo. A partir de Vitória do Xinguaparecem as características típicas de ria. Destacam-se presença de extensas praias de areia,ausência de corredeiras e poucos pedrais e uma maior área de inundação marginal, comalgumas lagoas. O regime de maré de freqüência bi-diurna pode ser sentido, com mais oumenos intensidade ao longo de todo o setor.Setor V- (RESERVATÓRIO DOS CANAIS) – Região de terra firme, onde será formado oReservatório dos Canais. Inclui os igarapés Galhoso e Di Maria, que serão transformados emcanais para desviar a água do rio para o novo reservatório. Atualmente a área é drenada poruma extensa malha de igarapés, a maioria de primeira e segunda ordem, muitos dos quaisdeverão sofrer impacto direto pelas mudanças no curso do rio Xingu e pela formação doreservatório. A região encontra-se hoje bastante degradada, como conseqüência daintensidade de uso do solo para agricultura e pecuária.Setor VI- (TRIBUTÁRIOS) – O rio Xingu tem alguns tributários de maior porte, como o Iriri,Bacajá, Bacajaí e igarapé Ituna. Escolheram-se o rio Bacajá e o rio Iriri, para representar estegrupo de rios, pela sua posição estratégica em relação ao empreendimento e sua importânciarelativa. O rio Bacajá nasce ao norte das terras dos Apyterewa, junto a Serra do Bacajá, nascoordenadas aproximadas de latitude -5º 30’ e longitude -52º 00’. O rio corre no sentido S-N,por aproximadamente 379 km e desemboca no Xingu, na Volta Grande, próximo da aldeiaindígena arara (Maia). Sua principal característica é possuir um canal simples, de poucasinuosidade. A carga de sedimento é bastante superior que a do rio Xingu e a condutividadetambém. O canal é relativamente instável provocando erosão das margens e do fundo. A áreaconsiderada para este estudo compreende a parte inferior do rio. O rio Iriri, com cerca de 800km de extensão é um dos principais afluentes do rio Xingu. Suas margens estão ocupadas porinúmeras terras indígenas e unidades de conservação, motivo pelo qual se considera uma dassub-bacias mais preservadas da região.6365-EIA-G90-001b 20 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 1 - Área de influência direta (amarelo) e indireta (vermelho) do projeto deAHE Belo Monte e classificação do rio em setores, utilizada para acoleta de dados primários de ictiofauna (Mapa: Tommaso Giarrizo).c) Ambientes Aquáticos (Biótopos)Pela sua diversidade paisagística o Rio Xingu é muito rico em ambientes aquáticos o que,possivelmente, explica a grande riqueza faunística e a multiplicidade cultural. Muitos destesambientes são de interfase, ou seja, podem sofrer modificações dependendo da época do ano,em função das diferenças nos volumes de água e no tamanho das áreas inundadas. Mesmoassim, para efeitos didáticos, dividiu-se os ambientes em três grandes compartimentos: i) rioXingu, ii) Áreas de inundação, iii) Tributários; estes, por sua vez podem ser subdivididos,chegando a sete categorias (QUADRO 7.8.4.1- 2), como esquematizado na FIGURA 7.8.4.1-2.Destaca-se a seguir os mais importantes ambientes aquáticos observados, que são relevantespara o diagnóstico da ictiofauna e pesca:Canal do rio: Calha do rio, geralmente com largura de mais de 1000m, encostas mais oumenos íngremes e perfil muito variado, muitas vezes profundo e irregular, com fundo de areiaou de pedra. Curso sinuoso e irregular com presença de inúmeras ilhas, que determinam aformação de inúmeros canais menores anastomosados. A velocidade de correnteza é variável,dependendo do ano, mas sempre importante, quando comparada com as áreas marginais deinundação.6365-EIA-G90-001b 21 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1- 2Esquema da subdivisão de ambientes de interesse para a ictiofauna, no trecho estudado do rioXingu.Ambiente PrincipalRio XinguÁreas de inundaçãoTributáriosSubdivisãoCanal do rioRemansosPedrais/corredeirasLagoas marginaisIgapósDe grande porte – por ex. rio BacajáDe pequeno porte - igarapésFIGURA 7.8.4.1- 2 - Esquema dos ambientes amostrados nas coletas de ictiofauna(Esquema: Victoria Isaac).6365-EIA-G90-001b 22 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 3 - Canoa de pescadores navegando no canal do rio próximo da Ilha daFazenda, no setor III. (Fotografia: Roberto E. Santo).Remansos: Regiões marginais e pouco profundas do rio (1m.s -1 ). Apresentam substratos constituídos de cantosrodados e conglomerados rochosos, gravas e pedregulhos e, às vezes, depósitos de areia naspartes mais profundas do canal. As águas transparentes e de pouca profundidade, o que6365-EIA-G90-001b 23 Leme Engenharia Ltda


permite, em algumas áreas, o estabelecimento de periliton. Freqüentemente sãoacompanhados por blocos rochosos, dispostos nas margens ou nos canais, denominadospedrais, os quais podem ser cobertos parcialmente por uma vegetação pioneira arbustiva,muito resistente aos embates das fortes correntezas que dominam o rio durante o períodochuvoso (FIGURA 7.8.4.1- 5).FIGURA 7.8.4.1- 5 - Corredeiras e pedrais na frente da foz do rio Bacajá, no setor III(Fotografia: Victoria Isaac).Lagoas marginais e insulares: Tratam-se de corpos de água de pequeno e médio porte cujamaior parte é temporária e de pouca profundidade e que apresentam geralmente uma ligaçãoao canal principal do rio, a qual geralmente seca durante o verão. O substrato do fundo podeser de areia, lama, limo e serrapilheira, proveniente da vegetação marginal. As águas são decor parda, menos transparentes do que as do rio, devido ao excesso de material em suspensão.(FIGURA 7.8.4.1- 6).FIGURA 7.8.4.1- 6 - Imagem de lagoa no interior da Ilha Grande, no setor I. (Fotografia:Vanessa Costa).Áreas de inundação: Ambientes marginais das ilhas e do rio, que podem ser inundados emmaior ou menor grau, durante os meses de maior pluviosidade, dependendo da sua inclinação6365-EIA-G90-001b 24 Leme Engenharia Ltda


e da altitude do local considerado. São cobertos na maior parte com Floresta OmbrófilaDensa, mas também com palmeiras, principalmente nas ilhas. (FIGURA 7.8.4.1- 7).FIGURA 7.8.4.1- 7 - Imagem de área de inundação na Ilha Grande, no setor I (Fotografias:Valerie Sarpedonti).Igarapés: Córregos e pequenos riachos que drenam nas margens do canal do rio. Apresentamágua relativamente transparente, de coloração parda, com fundos de areia e deposição derestos vegetais, como serrapilheira, troncos e gravetos caídos. São geralmente estreitos epouco profundos, pelo menos durante o verão (FIGURA 7.8.4.1- 8), mas com margenscavadas sobre um barranco e sombreadas por Floresta Densa. Sofrem considerável alteraçãona vazão durante o inverno, quando suas águas também perdem em parte a transparência evolume de água aumenta muito.FIGURA 7.8.4.1- 8 - Igarapé Terra Nova durante a estação seca, perto da suadesembocadura, na margem esquerda do rio, no setor I(Fotografia: Tommaso Giarrizzo).Com base em imagens de satélite, curvas de nível e planimetria, Estupiñan & Camargo (noprelo), estimaram a proporção dos principais ambientes aquáticos e subaquáticos na regiãoentre Souzel e a desembocadura do Rio Iriri. Esta pesquisa indica uma predominância de6365-EIA-G90-001b 25 Leme Engenharia Ltda


ambientes inundados permanentemente ou sazonalmente no canal do Rio Xingu, queconformam 41% da área total considerada; 25% é ocupada pela floresta aluvial sazonalmenteinundada; 18% por formações rochosas, que são periodicamente expostas durante a estiageme possuem formações arbustivas pioneiras; 10% da área é ocupada pelos rios tributários e suasáreas de inundação; o resto corresponde a ilhas, lagoas e igarapés ou áreas de inundação comoutros tipos de vegetação, que possuem menor importância na distribuição geral.Diferentemente dos rios da calha amazônica de origem andina, as lagoas marginais do Xingupossuem importância menor, a julgar pela sua área relativa, pois ocupam apenas 0,3% da áreatotal (TABELA 7.8.4.1- 1).TABELA 7.8.4.1- 1Distribuição dos ambientes identificados no médio Rio Xingu de acordo com estimativas deEstupiñan & Camargo (no prelo).Ambiente Área total ( km 2 ) % da área totalLeito do Rio Xingu 620,43 41,55Floresta ombrófila aluvial 373,98 25,05Afloramentos rochosos (pedrais) 270,54 18,12Rios tributários e planícies de inundação 151,97 10,18Ilhas fluviais 21,89 1,47Floresta latifólia com dossel emergente 34,92 2,34Lagoas marginais e lagoas em ilhas fluviais 4,67 0,31TOTAL 1493,06 100d) Períodos do AnoAs coletas de ictiofauna foram realizadas em períodos de 15 a 20 dias, unidade de trabalhodenominadas de “campanhas”. Ao todo foram executadas nove campanhas, sendo duas em2000 (novembro e dezembro), 4 em 2001 (janeiro, fevereiro, julho e setembro), duas em 2007(setembro e dezembro) e uma em 2008 (março).Com base na curva hidrológica, derivada das vazões médias dos anos nos quais foram feitascoletas, o ano dividiu-se em quatro diferentes períodos, para efeito da comparação temporaldos resultados, a saber:• Cheia – Período entre os meses de março a maio• Vazante – Período entre os meses de junho a agosto• Seca – Período entre os meses de setembro a novembro• Enchente – Período entre os meses de dezembro a fevereiro.6365-EIA-G90-001b 26 Leme Engenharia Ltda


7.8.4.1.5 Biodiversidade da Ictiofaunaa) IntroduçãoO rio Xingu é conhecido pela sua biodiversidade de fauna, como um dos mais ricos da baciaAmazônica. Os conhecimentos atuais sobre esta ictiofauna do curso inferior do rio são muitosuperiores ao de muitas outras regiões da bacia. Isto porque a iniciativa de aproveitar opotencial hidrelétrico deste rio levou à execução de diversos levantamentos e diagnósticos,que em muito contribuíram para conhecer a sua fauna (ELETRONORTE, 2001). A bacia éconsiderada uma das oito áreas de endemismo da Amazônia, sendo uma das mais ameaçadaspelas altas taxas de desmatamento, que alcançam 27% de sua área (SILVA et al., 2005).Os estudos de diagnóstico da ictiofauna do setor do médio Rio Xingu iniciaram em 2000 efinalizaram em 2008. Na primeira fase dos estudos, entre 2000 e 2001, foram obtidosnumerosos resultados sobre a abundância e a diversidade de peixes, além da estruturapopulacional, ecologia trófica e reprodutiva de várias espécies de importância ecológica eeconômica.Mesmo com um intenso esforço amostral aplicado nos estudos iniciados em 2000, não foipossível cobrir a diversidade de ambientes aquáticos existentes no rio, tendo sido, naquelemomento, priorizadas as coletas com espinhéis e redes de malha, os quais são adequados paraestudar o canal do rio, remansos e lagoas marginais. Nesta oportunidade se capturaram amaior parte da riqueza íctica do rio, particularmente aquelas espécies de importânciacomercial.Porém, após a avaliação dos resultados, foi evidenciada a necessidade de se realizar estudoscomplementares para preencher as lacunas no conhecimento da ictiofauna associadas aoshabitas aquáticos ainda não estudados, tais como igarapés, pedrais e corredeiras. Estasdemandas foram atendidas com os trabalhos desenvolvidos entre 2007 e 2008.O presente estudo apresenta uma síntese de todos os resultados obtidos durante essestrabalhos. Desta forma, este capítulo discursa sobre a composição e abundância da ictiofaunaassociada a todos os ambientes aquáticos que irão sofrer impactos após a instalação do AHEem Belo Monte, focalizando o registro da biodiversidade e as características biológicas eecológicas das assembléias de peixes, bem como sua variação espaço temporal.b) Material e Métodosb.1)Variação Temporal - Períodos de ColetaAs coletas para estudar a biodiversidade da ictiofauna foram realizadas em dois períodosdistintos: entre dezembro de 2000 e novembro de 2001 e, posteriormente, entre setembro de2007 e março de 2008. A separação entre esses dois períodos de coletas foi em conseqüênciada interrupção dos estudos de avaliação em 2001, devido a problemas jurídicos com olicenciamento do empreendimento, os quais vieram a ser resolvidos apenas em 2007. Isto foipossível uma vez que as variações naturais inter-anuais dos ciclos hidrológicos se mantiveramdentro de uma amplitude estreita, como demonstra o GRÁFICO 7.8.4.1- 1. Esta abordagemresultou de discussões entre todos os especialistas envolvidos nos estudos deste diagnóstico efoi discutida em seminários de trabalho, com participantes do órgão ambiental e técnicos6365-EIA-G90-001b 27 Leme Engenharia Ltda


especialistas. Desta forma foram atendidos critérios de viabilidade logística, redução de custose agilidade no processo de licenciamento, como solicitado no documento que postula asnormas para este tipo de estudos (MMA/IBAMA, 1995) e de acordo com as diretrizes dapolítica nacional de recursos hídricos, além de otimizar os resultados, pois permitiu umamaior abrangência temporal e espacial das amostras. Adicionalmente, em alguns casos,informações disponíveis do projeto Um modelo trófico para o ecossistema do médio rioXingu – bases para seu manejo, financiado pela Eletronorte e coordenado pelo Dr. MaurícioCamargo Zorro, foram in tegradas aos dados coletados para este diagnóstico.Para investigar os efeitos temporais na composição da ictiofauna, cada ano foi dividido emperíodos homogêneos, de acordo com o hidrograma médio de vazão do rio, a saber: enchente,de novembro a fevereiro, cheia, de março a abril, vazante, de maio a julho, e seca, de agosto aoutubro. A distribuição das coletas, nos diversos ambientes e anos, visou a abrangência dociclo hidrológico (GRÁFICO 7.8.4.1- 1). As coeltas nem sempre foram distribuídas de formabalanceada entre os períodos, seja por limitações jurídicas ou logísticas. Por exemplo, a falhade coleta nos pedrais no período da vazante tem como justificativa o fato de que nessesbiótopos a correnteza é muito forte durante essa época e o rio fica muito turvo, o que dificultaa estabilidade do mergulhador para a relização das contagens, e coloca em perigo a vida dosmesmos. Assim, apesar desse tipo de problemas, em todos os períodos ocorreram coletas, deforma a cobrir o ciclo hidrológico de forma completa.GRÁFICO 7.8.4.1- 1 - Hidrograma do rio Xingu em Altamira nos anos 2000, 2001, 2007 e2008 e delimitação das amostragens para ictiofauna (símbolosmaiores). As cores representam a classificação em períodos. Rosa-Vazante; Branco-Seca; Azul-Enchente; Amarelo- Cheia.O esforço amostral realizado para a ictiofauna do rio Xingu encontra-se entre os maioresesforços de coleta de peixes de toda a Amazônia. Ao todo, foram coletados mais de 35.000indivíduos em um total de 56 amostras. Os trabalhos de coleta envolveram um grandecontingente de pesquisadores e assistentes que permaneceram em campanhas de campo porum período de mais de 15 dias, procedendo coletas diurnas e noturnas, em condiçõesambientais que dificultaram o trabalho (corredeiras e muita vazão, dependendo da época do6365-EIA-G90-001b 28 Leme Engenharia Ltda


ano), restringindo a utilização de certas metodologias, tais como arrasto de portas ou deparelha. Contudo, as coletas incluíram todos as formas de pesca e captura conhecidas eambientalmente adaptadas aos ambientes disponíveis. Posteriormente, a investigação domaterial coletado demandou mais tempo do que o utilizado nas coletas, em virtude da capturade um número expressido de espécies praticamente desconhecidas para a ciência.b.2)Variação Espacial – Espaço AmostralAs coletas para os estudos da biodiversidade da ictiofauna foram realizadas no Médio inferiore Baixo Rio Xingu, desde pouco acima da confluência com o Rio Iriri(X=322141/Y=9578818), até o povoado de Senador José Porfírio(X= 388411/Y=9706383), em um total de aproximadamente 275 km de rio, considerados emlinha reta (100 km rio a montante de Altamira e 175 km a jusante) (FIGURA 7.8.4.1- 9).Esta área de estudo foi subdividida em seis trechos ou setores, quatro ao longo do rio e dois narede de tributários. Esta classificação foi adotada para toda a fauna aquática, usando comobase as características ambientais do rio Xingu e, principalmente, considerando os impactosprevistos no empreendimento. A concentração de pontos de coleta foi maior na AID, por serconsiderada a de maior impacto. Pontos fora dessa área foram concebidos como “controles”ou pontos de referência por serem localizados em áreas que não sofreram maiores impactosdo empreendimento.6365-EIA-G90-001b 29 Leme Engenharia Ltda


9710745Canal do rioCorredeiras e pedraisN464000IgarapésLagoas marginais ou insularesRemansos do rioIVÁreas de inundaçãoAltamiraVIIIIIIRio BacajáRio IririVI2930009535500Rio Xingu100 10 20 30 40 50 kmFIGURA 7.8.4.1- 9 - Localização dos pontos de coleta de acordo com os ambientes aquáticose os setores definidos para o Médio inferior e Baixo Rio Xingu nodiagnóstico da ictiofauna.Dentro de cada trecho do rio, foram determinados, sítios de amostragem. Um sítio é umalocalidade do rio, de características mais ou menos homogêneas, onde foram realizadas váriasamostras (pseudo-réplicas) para cada um dos ambientes disponíveis. No Anexo 7.8.4.1-1 sãoapresentados todos os locais de coleta e sua classificação em sítios e setores. Os sítiosescolhidos são descritos resumidamente a seguir:Sítio 1 – Iriri/Igarapés – Esta localidade situa-se nas proximidades da confluência do rio Iririe o Xingu. Neste sítio observa-se a mistura das águas claras do Xingu com as águas commaior quantidade de material em suspensão do Iriri. Por sua vez, neste sítio ocorremnumerosos igarapés tais como o de Terra Nova e Passai que apresentam uma forte variação devazão entre o período seco e chuvoso. Neste sentido, com o aumento sazonal do regime deprecipitação local, esta rede de igarapés gera um grande aporte de águas que drenamsuperfícies rochosas. As formações vegetais encontradas neste sítio são dominadas porformações pioneiras com influência aluvial de caráter arbustivo. Por sua vez ainda existemfragmentos de Floresta Ombrófila Densa Aluvial com dossel uniforme. Os ambientes6365-EIA-G90-001b 30 Leme Engenharia Ltda


estudados neste sítio foram: canal do rio, remansos, corredeiras e pedrais e dois igarapés:Terra Nova e Passaí. A velocidade da correnteza da água nos ambientes estudados variou demoderada a alta (FIGURA 7.8.4.1- 10). Durante o período seco foi possível encontrar poçastemporárias isoladas, nos igarapés.FIGURA 7.8.4.1- 10 - Fotografia do canal do rio, no sítio Iriri/Igarapés, nas imediações daconfluência dos rios Iriri e Xingu. (Fotografia: Mauricio Camargo).Sítio 2 – Boa Esperança – Esta localidade, situada na porção mais a jusante da Ilha Grande,tem águas claras, mas ainda com influência da mistura que ocorre na confluência dos riosXingu e Iriri, no sítio 1. Em Boa Esperança, um processo de intensa sedimentação é evidentepelo acúmulo de material transportado pelo próprio rio neste trecho. As margens do rioapresentam-se degradadas como conseqüência da ocupação humana e da perturbaçãodecorrente do uso do solo, que é intensa neste local possivelmente devido ao reduzido efeitode inundação sazonal do rio, o que induz os assentamentos de moradores. Nas ilhas fluviais enas áreas marginais onde não é observada a ocupação humana é encontrada uma coberturavegetal constituída principalmente por Floresta Ombrófila Densa Aluvial com dosseluniforme. Os ambientes amostrados neste sítio foram: áreas de inundação que ocorremsomente durante o período da cheia quando o rio invade as depressões topográficas das ilhas emargens, o canal principal do rio Xingu, as lagoas insulares e, finalmente, os ambientes deáguas com menor correnteza, denominada remansos dentro do mesmo rio Xingu.Sítio 3 – Arapujá/Gorgulho da Rita – Esta localidade é situada no trecho do rio Xingu nasproximidades da ilha de Arapujá, na frente da cidade de Altamira, e contempla também otrecho de Gorgulho da Rita, a poucos quilômetros a montante da cidade de Altamira. As águasdo Xingu recebem neste trecho alguns igarapés de água preta como o igarapé Panelas, eoutros pequenos igarapés com águas contaminadas pelos esgotos domésticos da própriacidade de Altamira. A vegetação dominante é representada por floresta secundária, como éevidente na Ilha de Arapujá, e por capoeira em diferentes graus de sucessão vegetal. O lago dailha de Arapujá tem sofrido um forte efeito de assoreamento, principalmente pelo intensodesmatamento e queima da vegetação marginal. Por tais características, as águas do lago sãobarrentas, diferenciando-se significativamente das águas claras do rio Xingu (FIGURA7.8.4.1- 11). Os ambientes estudados neste sítio foram: pedrais e corredeiras, áreas deinundação, canal principal do rio e áreas de remansos.6365-EIA-G90-001b 31 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 11 - Vista aérea da ilha de Arapujá e da lagoa, nas imediações da cidade deAltamira (Fotografia: Mauricio Camargo).Sítio 4 – Dona Julia/Arroz Cru - Este sítio compreende uma área de grande deflexão do rioonde também há intensidade da energia cinética das águas claras do rio Xingu que contribuempara a formação de corredeiras, pedrais e praias de areia em algumas margens (FIGURA7.8.4.1- 12). Compreende áreas de ocupação antrópica, tanto nas margens como nas ilhasfluviais. Isso explica em um processo de desmatamento nas margens do rio que se faz maisevidente nas proximidades dos travessões e estradas, abertas para a ocupação da populaçãorural, especialmente na margem esquerda. Neste sítio predomina grande extensão de florestasecundária e capoeiras. Os ambientes estudados neste sítio foram: corredeiras e pedrais, ocanal do rio e ambientes de remanso.FIGURA 7.8.4.1- 12 - Superfícies rochosas emergentes em remansos da localidade DonaJulia (Fotografia: Douglas Bastos).Sítio 5 – Paquiçamba/Caitucá - Neste sítio observa-se um processo de ocupação das áreasmarginais, mas com uma menor intensidade de desmatamento, devido à proximidade dealgumas áreas indígenas, onde predominam formações vegetais de Floresta Ombrófila DensaAluvial, com dossel uniforme, e formações pioneiras com influência aluvial ou lacustre –arbustiva (FIGURA 7.8.4.1- 13). Os ambientes estudados neste sítio foram: corredeiras epedrais, canal do rio e ambientes de remanso.6365-EIA-G90-001b 32 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 13 - Detalhe da margem do rio, no sítio Paquiçamba, mostrando área desucessão vegetal, durante o período seco (Fotografia: MauricioCamargo).Sítio 6 – CNEC/Itapaiuna/Itamaracá – Corresponde a um trecho do rio com a maior diferençaaltitudinal da área de estudo. Esta característica origina a formação das maiores cachoeiras daregião e, por sua vez, a maior dispersão do rio em canais acessórios de drenagem, ondepredominam as formações rochosas de pedrais. Constitui uma área onde as águas do Xinguapresentam alto nível de energia cinética o que gera processos de erosão e transporte dematerial que é depositado nas áreas a jusante. Nas margens do rio e nas formações rochosasregistraram-se formações pioneiras com influência aluvial. Também ocorre floresta arbustivae Floresta Ombrófila Densa Aluvial, com dossel uniforme, principalmente nas ilhas. Osambientes estudados neste sítio foram corredeiras e pedrais, canal do rio e ambientes deremansos (FIGURA 7.8.4.1- 14).FIGURA 7.8.4.1- 14 – Visão panorâmica do canal do rio na frente da localidade de CNEC,onde podem ser observadas as corredeiras e as ilhas fluviais,formadas por deposição de material, no canal do rio (Fotografia:Tommaso Giarrizzo).Sítio 7 – Furo do Xingu - Este sítio constitui um braço de drenagem do rio que possivelmentetenha surgido de uma fratura da superfície rochosa, pela dinâmica geológica regional.Concentra um grande volume de água que drena parte das águas do Xingu neste setor, emuma grande depressão rochosa (FIGURA 7.8.4.1- 15). Este tipo de furo se constitui uma viaalternativa do curso de água às grandes cachoeiras. O efeito da intensa velocidade dacorrenteza e do volume de água drenado durante o período da cheia deixa suas marcas nafloresta arbustiva e nas formações pioneiras que crescem principalmente na fendas dasuperfície rochosa. Neste sítio foram estudadas as corredeiras e pedrais (FIGURA 7.8.4.1-15).6365-EIA-G90-001b 33 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 15 - Furo do Xingu, no final do setor III, durante o período seco(Fotografia: Tommaso Giarrizzo).Sítio 8 – Senador José Porfírio – Este sítio é localizado na região do Baixo Xingu, já naporção da ria, onde o rio se torna muito mais largo com características similares ao do rioAmazonas. Por apresentar unidades geológicas distintas, a paisagem deste trecho do rio Xinguse diferencia totalmente da encontrada a montante das cachoeiras. Aqui o efeito da dinâmicadiária da maré se faz sentir no nível do rio e o substrato rochoso, típico dos sítios localizados amontante, é substituído por depósitos de lama e argilas do quaternário. Na cobertura vegetaldas margens, lagos e ilhas predominam a Floresta Ombrófila Densa com dossel uniforme(FIGURA 7.8.4.1- 16). Os ambientes estudados neste sítio foram: canal do rio, áreas deremanso e lagoas.FIGURA 7.8.4.1- 16 - Lago Cajuí, no setor IV, localizado entre Vitória do Xingu e SenadorJosé Porfírio (Fotografia: Álvaro de Souza).6365-EIA-G90-001b 34 Leme Engenharia Ltda


Sítio 9 – Igarapés dos canais – Este sítio compreende os dois igarapés (Galhoso e Di Maria),cujo curso será invertido para alimentar o reservatório dos canais de acordo com o projeto deinstalação do AHE Belo Monte. Estes igarapés drenam áreas com pequenos fragmentos defloresta natural inseridos em grandes extensões de capoeiras e de áreas de pastagem ouqueimadas. Seu leito é pouco profundo e com águas claras e transparentes durante o períodoseco, além de baixa velocidade de correnteza. Durante o período da cheia, os igarapés setornam extensos chegando a alagar em algumas áreas marginais: neste período a correnteza setorna maior e a transparência da água diminui significativamente. Dois igarapés foramestudados na sua ictiofauna: o Igarapé de Galhoso (FIGURA 7.8.4.1- 17) e o Di Maria.FIGURA 7.8.4.1- 17 - Igarapé Galhoso, durante o período cheio, um dos cursos de água queservirão para o desvio da água do rio para o reservatório dos canais,no setor V (Fotografia: Tommaso Giarrizzo).Sítio 10 – Igarapés do CNEC – Este sítio agrupa a rede hídrica de igarapés, a maior parte deprimeira e segunda ordem, que serão represados ou parcialmente impactados, para formar oreservatório dos canais. Muitos destes igarapés drenam a área próxima ao travessão do CNECe deságuam na margem esquerda do rio Xingu na altura do sítio seis. O fundo do leito destesigarapés é constituído por areia e lama, e a vegetação marginal é representada por associaçõesde capoeira e pastagens, o que reflete o intenso uso do solo da região, através dos lotes deassentamento rural do Incra. Como é característico deste tipo de igarapés, estes cursos de águaapresentam uma dinâmica temporal típica, que muda a paisagem em função do regime decheias e secas locais. Assim se durante o período seco estes igarapés são parecidos compequenos riachos com água quase parada, na cheia se transformam em cursos de água demaior volume e velocidade de correnteza alagando, em alguns trechos, a vegetação marginal.Desta rede de drenagem foram amostrados os igarapés Paquiçamba e Ticaruca.Sítio 11 – Igarapés Terra Firme – Este sítio agrupa um conjunto de igarapés do setor V quenão serão impactados na criação do reservatório dos canais. Estes igarapés, de forma similarao do sítio 10, drenam áreas mais ou menos antropizadas, com capoeiras e, em alguns trechos,com fragmentos de floresta primária. Algumas áreas destes igarapés sofrem assoreamento porefeito de transformação da floresta em áreas desnudadas e de pastagens. Desta rede dedrenagem foram amostrados dois igarapés Agrobet e Chocaí.6365-EIA-G90-001b 35 Leme Engenharia Ltda


Sítio 12 – Rio Bacajá - O rio Bacajá se desemboca na margem direita do rio Xingu, nasimediações de Paquiçamba. Talvez seja, dentro da área de estudo, o segundo tributárioimportante para o rio Xingu, após o rio Iriri. Trata-se de um rio com grande área de florestamarginal, a qual é inundada periodicamente durante o período de enchente. Suas águasdrenam em um vale em forma de V, especialmente no seu trecho médio. Com águas deaparência esbranquiçada que lhe atribuem características aparentes de um rio de águasbrancas, mas que na realidade trata-se do efeito da contribuição das águas provindas doescoamento superficial ou enxurrada que contribuem com uma importante carga de partículasem suspensão. Seu leito é principalmente constituído por rochas e, em alguns casos, comdepósitos de lama. Dentre os ambientes estudados neste rio se incluíram o canal principal, asáreas de remanso e de floresta inundável durante a época da cheia.b3) Ambientes e Formas de ColetaNas pescarias experimentais, foram contemplados todos os ambientes aquáticos deimportância para a ictiofauna do Rio Xingu, i.e.: canais, lagoas, corredeiras, tributáriosigarapés, etc. (FIGURA 7.8.4.1- 2) segundo a disponibilidade de estes ambientes em cadalocal de coleta.Para poder realizar a coleta de peixes em todos os ambientes aquáticos disponíveis, foramutilizados vários métodos de pesca, de acordo com a literatura (BACKIEL; WELLCOME,1980; PERROW et al., 1996), i.e: redes de espera de vários tamanhos de malhas, espinhéis,mergulho livre, puçás de malha fina, tapagem, redinha, cerco, paneiros e coleta manual. Paracada ambiente, foi adaptada a metodologia mais adequada ao mesmo, seguindo ascaracterísticas limnológicas e físicas do entorno e de acordo com a acessibilidade ao local eépoca do ano. Para a estimativa de abundância relativa, foram definidas as artes que semostraram mais adequadas a estes ambientes, a saber: rede de malha para remansos e lagos;espinhel para canais de rio; coleta manual e tarrafinha para corredeiras e pedrais; tapagem ecoleta com puçás, e paneiros para igarapés. Outros métodos de coleta como: mergulho livre,arrasto manual, tarrafa grande, puçá e cerco foram utilizados sem uma finalidade quantitativa,para otimizar a lista de espécies e a determinação da biodiversidade do trecho do rio estudado.Não foram utilizadas redes de arrasto, pois a estrutura do substrato iria danificar este tipo deaparelho, que não pode ser utilizado em ambientes fluviais com grande quantidade de pedras egalhos no fundo e com altas velocidades. Também não foram utilizados venenos, como otimbó ou a rotenona, por serem considerados nocivos ao meio ambiente, além dedesnecessários para alcançar os objetivos deste trabalho. No caso de ambientes de pedrais, foitambém utilizado um método de contagem, por mergulho e visualização dos indivíduos, semrealizar a coleta dos mesmos, evitando assim a sua mortalidade.Para conhecer a fauna de remansos, planícies inundadas e lagoas, pescarias por períodoscontínuos de 24 horas, foram realizadas, colocando baterias de redes de espera, com malha delinha de nylon mono-filamento, durante todo o período, para cada ponto de coleta. Cadabateria era composta por oito redes, com malhas de 2, 3, 4, 8, 10, 12, 15 e 18cm entre nósopostos, respectivamente. Cada rede possui aproximadamente 60m de comprimento e entre 3e 4m de altura. Os petrechos dispostos na água foram visitados para despescas (FIGURA7.8.4.1- 18). O tempo médio para cada despesca oscilou entre três e quatro horas. Estesaparelhos foram utilizados em 9 locais: um no setor I (Iriri); três no setor II (Reservatório);três no setor III (Volta Grande); um no setor IV (Baixo Xingu) e um no setor VI (Bacajá).6365-EIA-G90-001b 36 Leme Engenharia Ltda


Com a interrupção dos estudos ambientais em 2001, devido a problemas jurídicos, as coletascom baterias de redes de espera foram realizadas nos períodos de enchente (novembro edezembro de 2000 e janeiro de 2001), vazante (julho 2001), seco (setembro e outubro de2001). No mês de fevereiro de 2001 foi feita uma campanha especial para estudar o trechoinferior do rio Bacajá com esta metodologia.Nos canais do rio, foram utilizados espinhéis de comprimento variável, possuindo entre 30 e100 anzóis de número 3 (FIGURA 7.8.4.1- 19). O número de anzóis colocados e ocomprimento do espinhel variaram, dependendo da correnteza e da largura do canal do rio. Osanzóis foram colocados a uma distância aproximada de 3,5m, cada.FIGURA 7.8.4.1- 18 – Rede de malha sendo despescada em remanso do rio Xingu(Fotografia: Victoria Isaac).FIGURA 7.8.4.1- 19 - Espinhel sendo retirado na pesca experimental do canal do rio(Fotografia: Mauricio Camargo).Os espinhéis eram colocados por um período aproximado de 12 horas, começando noanoitecer e retirando-os de manha. Espinhéis foram utilizados em 9 locais: um no setor I(Iriri); três no setor II (Reservatório); três no setor III (Volta Grande); um no setor IV (BaixoXingu) e um no setor VI (Bacajá). Similarmente ao desenho realizado para as bateria de redede espera, a amostragem com espinhéis foi realizada nos períodos de enchente (novembro e6365-EIA-G90-001b 37 Leme Engenharia Ltda


dezembro de 2000 e janeiro de 2001), vazante (julho 2001) e seco (setembro e outubro de2001). No mês de fevereiro de 2001 foi feita uma campanha especial para estudar o trechoinferior do rio Bacajá com esta metodologia.Para determinar a diversidade de peixes associados aos ambientes de pedrais foram realizadasparcelas de 5 x 5m (25m 2 ), em 7 locais: um local em cada um dos setores I (Iriri) e IV (BeloMonte), respectivamente; dois locais no setor III (Volta Grande); e três no setor II(Reservatório). Em cada local trabalharam três pescadores e cada um realizou, em média, trêspseudo-réplicas, de acordo com as características do substrato do rio. Depois de delimitada aárea, cada pescador capturou o maior número possível dos peixes presentes na área. Os peixesforam capturados manualmente, ou com auxílio de pequenas tarrafas. O tempo utilizado porcada pescador para cobrir a área delimitada foi também registrado.FIGURA 7.8.4.1- 20 - Busca direta de espécies da família Loricariidae nas corredeiras domédio Rio Xingu (Fotografia: Tommaso Giarrizzo).A técnica de parcelas de amostragem com busca direta de exemplares (FIGURA 7.8.4.1- 20)é extremamente eficiente para a captura de peixes com baixa mobilidade e fortementeassociados ao substrato do fundo, e neste caso ela foi direcionada especificamente para asespécies da família Loricariidae, abundantes nos ambientes de pedrais. Contudo, ela pode serexecutada com maior sucesso no período de águas baixas. À medida que a velocidade e níveldo rio aumentam, sua aplicação se torna mais difícil. Assim, a localidade Dona Julia não foiamostrada no mês de dezembro, por não ter mais visibilidade suficiente na água para aexecução da coleta pelo sistema de parcelas. Estas coletas foram realizadas no período seco(setembro de 2007) e enchente (dezembro de 2007). No mês de marco 2008 (período decheia) não foi possível replicar esta metodologia devido à impossibilidade de encontrar áreascom reduzida profundidade (


um esforço total de 270m 2 . Estas coletas foram realizadas no período seco (setembro de 2007)e enchente (dezembro de 2007). Devido à baixa transparência da água e as fortes correntezas,esta metodologia não foi executada no mês de março 2008 (período de cheia).FIGURA 7.8.4.1- 21 - Censos visuais subaquáticos nas corredeiras do médio Rio Xingu.(Fotografia: Douglas Bastos).Para a coleta de peixes em igarapés, foram pesquisados os trechos inferiores de seis igarapésda margem esquerda do rio, a saber: Terra Nova e Passai, no setor I; Galhoso e Di Maria nosetor II; e Paquiçamba e Ticaruca, no setor III. Neles foram fechados três trechos do curso deágua (tapagem), cada um com 10m de comprimento, colocando redes de tipo mosquiteiro(malha de 2mm) no início e final do trecho escolhido. A área contida entre as duas redes foicalculada. Vários coletores realizaram a captura dos peixes com auxílio de peneiras de malhapequena (2mm), pequenas tarrafas com malha de 8mm e um puçá elaborado com tela demosquiteiro (FIGURA 7.8.4.1- 22). As capturas foram interrompidas quando, praticamente,não se obtinham mais exemplares, pelo qual se supõe que toda a biomassa íctica presente nolocal foi capturada. Simultaneamente às capturas, foram registradas: a profundidade, AAtransparência da água, a composição do leito e a vegetação marginal. As intensas chuvas,durante a campanha de março 2008, determinaram um significativo aumento do volume deágua dos igarapés que se apresentaram com elevadas profundidades (> 3m) e extensas áreasmarginais inundadas. Estas condições ambientais inviabilizaram a técnica de amostragem queprevê a delimitação de um trecho de área conhecida do curso de água e, portanto, optou-se porutilizar técnicas alternativas (por ex. malhadeiras). As capturas deste mês foramcontabilizadas somente para os cálculos de riqueza total e composição da ictiofauna, visto queas capturas não seguiram a metodologia anteriormente definida.6365-EIA-G90-001b 39 Leme Engenharia Ltda


BFIGURA 7.8.4.1- 22 - Coleta de ictiofauna, através de tapagem e coleta com vários aparelhosnos igarapés do Rio Xingu. (Fotografias: Douglas Bastos).Todos os exemplares capturados foram identificados ao nível taxonômico o mais detalhadopossível e foram medidos e pesados individualmente. O material preservado foi levado aolaboratório de Biologia Pesqueira da UFPA em Belém para posteriores estudos.b4) Revisão BibliográficaPara montar uma tabela, contendo um inventário que contemplasse toda a biodiversidadeíctica da Bacia do Rio Xingu, até o momento conhecida (Anexo 7.8.4.1-2), foram utilizadostodos os registros de espécies encontrados nos estudos de campo realizados por ocasião dosdiagnósticos ambientais realizados por esta equipe. Adicionalmente, foi realizado umexaustivo trabalho de revisão bibliográfica. Neste caso, além da literatura científica, registrosde coleções de museus, bancos de dados digitais, como os Neodat II e o Fishbase, dentreoutros, foram consultados (GÉRY, 1977; LOWE MCCONNELL, 1991; MALABARABA etal., 1998; BERGLEITER, 1999; ZUANON, 1999; ISAAC et al., 2002; NEODAT II, 2006;REIS et al., 2003; CAMARGO, 2004; CAMARGO et al., 2002, 2004; FROESE; PAULY,2006; BUCKUP et al., 2007).b5) Análise de Dados• Análise de AgrupamentoUma análise de agrupamento foi realizada com todos os dados obtidosem todas as campanhase em todos os ambientes, tomando como base a presença ou ausência de cada espécie nasamostras, por setor do rio. Para isto foi utilizado o coeficiente de Jaccard. Com os mesmosdados, agrupados foram calculadas as freqüências médias relativas (%) de cada espécie, nossetores. Neste caso, para a análise de agrupamento, foi utilizada a distância de Bray-Curtis. Asmatrizes de similaridade e dissimilaridade foram utilizadas para a ordenação via a análisemultivariada de MDS (Multidimensional Scalling), a qual fornece a topologia das redes desimilaridade (McCUNE; MEFFORD, 1997; GAUCH JR,1982; JOHNSON; WICHERN,1998; MANLY, 1994).6365-EIA-G90-001b 40 Leme Engenharia Ltda


• Biomassa e DensidadeA biomassa e densidade de peixes foram estimadas através do peso ou número de exemplarespor unidade de área, no caso das amostras de parcelas e censos visuais, nos pedrais, e dascoletas com tapagens nos igarapés. No caso das amostras coletadas com redes de malha, onúmero de indivíduos e a biomassa foram estimados por metro quadrado de rede e por dia(24h). No caso das amostras de espinhel, foi estimada a biomassa e densidade, por anzol e pordia (24h).• Índices de DiversidadePara os cálculos de diversidade (PATIL; TAILLIE, 1982; MAGURRAN, 1988) foi observadaa freqüência de ocorrência de espécies, gêneros, famílias e ordens em cada um dos níveis. Oíndice de diversidade de Shannon-Weaver, H´ (Eq. 1) foi estimado:H’= - ∑ (p i ln p i ) Equação 1onde: p i é proporção da i-ésima espécie, em função da abundância ou biomassa, na amostra. Abase do logaritmo adotado foi o neperiano ou natural. Os valores do índice dediversidade de Shannon (H’) foram comparados por meio do teste t específico para oíndice de Shannon, O que é defindo por (Eq. 2).' 'H1-HEquação 22t=VarH''1 +VarH2Os valores de variância de H’ (Eq. 3) e graus de liberdade para o teste dos contrastes (Eq. 4)são apresentados abaixo:∑2( ) ( ∑ )2pi logp'i- plogpi i S-1VarH = -2N2''( VarH1+VarH2)''( VarH1 ) ( VarH2)2NEquação 3g.l.=2 2⎡ ⎤ ⎡ ⎤Equação 4⎢ ⎥ + ⎢ ⎥⎢ N ⎥ ⎢ ⎥1N2⎣ ⎦ ⎣ ⎦Onde: p i – proporção da i-ésima espécie; S – número total de espécies; N – número totalde indivíduos; N i – número total de indivíduos na i-ésima amostra• Estimadores não Paramétricos de RiquezaForam utilizados os estimadores Chao 1 (Eq. 5), Chao 2 (Eq. 6), Jackniffe 1 (Eq. 7) eJackniffe 2 (Eq. 8). A definição dos estimadores é dada pelas equações abaixo:FS =S + Equação 52F21Chao1 (obs) 22( )6365-EIA-G90-001b 41 Leme Engenharia Ltda


2Q1S =S + Equação 62Q( Chao2)(obs)S FS( J1)=S(comm)+ + +γC2(rare) 1 2(ACE)(ACE)C(ACE)S QS( J2)=S(freq)+ + +γC(infr) 1 2(ICE)(ICE)C(ICE)Equação 7Equação 8Os parâmetros para aplicações dos estimadores utilizados foram: S(obs) – número total deespécies observadas em todos os pontos amostrais combinados; S(rare) – número de espéciesraras (cada uma com 10 ou menos indivíduos) quando todos os pontos amostrais sãocombinados; S(comm) – número de espécies comuns (cada uma com mais de 10 indivíduos);S(infr) – número de espécies infreqüentes (cada uma encontrada em um dado valor limite oumenos pontos amostrais); S(freq) – número de espécies freqüentes (cada uma encontrada emdado valor limite ou mais pontos amostrais); C(ace) – estimador de cobertura de abundânciados pontos amostrais; C(ICE) – estimador de cobertura de incidência nos pontos amostrais;γ2(ACE) – coeficiente de variação estimado do Fi para espécies raras; γ2(ICE) – coeficientede variação estimado do Qi para espécies infreqüentes. S(obs) – número total de espéciesobservadas em todos os pontos amostrais combinados; Fi – número de espécies queapresentam exatamente i indivíduos quando todos os pontos amostrais são combinados (F1 –freqüência de singletons F2 - freqüência de doubletons); Qj – número de espécies queocorrem exatamente em j pontos amostrais (Q1 – freqüência de uniques; Q2 - freqüência deduplicates) (CODDINGTON et al., 1991; CHAO; LEE, 1992; CHAO; YANG, 1993; CHAO,1984, 1987; CHADZON et al., 1998; COLWELL, 2004).• Análises de VariânciaPara as comparações dos dados entre setores e épocas do ano, em cada ambiente ou biótopo,foram realizadas análises de variância (UNDERWOOD, 1997; ZAR, 1998; QUINN;KEOUGH, 2002; GOTELLI; ELLISON, 2004). Neste caso, os valores de abundânciarelativa, riqueza e biomassa foram analisados, segundo o modelo linear geral e testados, viateste F de Fisher. Adotou-se o nível de significância de 5%. Para as ordenações univariadas,foi utilizado o teste de Duncan com o mesmo nível de significância adotado na ANOVA. Osdados sofreram transformação do tipo logarítmica, buscando resguardar a homocedasticidadedas amostras. Os valores médios e os respectivos valores de desvio padrão foram fornecidos,a representação gráfica consistiu-se de valores médios e o erro padrão das médias.c) A Ictiofauna em Todos os Ambientes do Rio Xinguc1) Composição BináriaConsiderando todas as artes de pesca, todos os ambientes e todos os períodos de coleta, desde2000 até 2008, foram coletados 35.352 indivíduos da ictiofauna, classificados em 387espécies ou morfo-espécies, no curso Médio inferior e Baixo, do rio Xingu. Dentre essas,encontramos 12 ordens e 41 famílias. Estes números correspondem às maiores riquezas járegistradas na região Amazônica. Um importante número de espécies não pode serclassificado até o nível específico. Isto foi particularmente verdadeiro para a fauna de6365-EIA-G90-001b 42 Leme Engenharia Ltda


igarapés, por se tratar de espécies de pequeno porte que ainda não foram alvo de estudoscientíficos sobre taxonomia e ecologia. Este trabalho é pioneiro na coleta de este tipo deambiente na bacia do Xingu, e deverá ser continuado a partir das propostas de programasapresentados no EIA.As ordens Characiformes (12 famílias), Siluriformes (11 famílias), Gymnotiformes (6famílias), Perciformes (2 famílias), Cyprinodontiformes (2 famílias) e Clupeiformes (2famílias) são as mais diversas, as outras têm apenas uma família cada ordem.No que diz respeito ao número de espécies, essa hierarquia de importância se mantém, para asduas primeiras ordens: Characiformes (183 espécies), Siluriformes (125 espécies). Já osPerciformes parecem mais diversificados em espécies (35 espécies) que os Gymonotiformes(19 espécies). Os Clupeiformes seguem na quinta posição (9 espécies). Destacam-se seteespécies de arraias, todas de uma única família e os Cyprinodontiformes com duas famílias equatro espécies. As outras ordens (Beloniformes, Osteoglossiformes, Pleuronectiformes,Symbranchiformes e Tetraodontiformes) possuem apenas uma espécie cada (GRÁFICO7.8.4.1- 2).Dentre as famílias, destacam-se Characidae, Characiformes (111 espécies); Loricariidae,Siluriformes (61 espécies); Cichlidae, Perciformes (30 espécies) foram as que apresentaram omaior número de espécies, representando cerca de 52% da riqueza total capturada.Pimelodidae, Siluriformes (22 espécies); Curimatidae (20 espécies), Auchenipteridae (16espécies) e Hemiodontidae (12 espécies), Characiformes, seguiram em importância. As outrasfamílias apresentaram uma riqueza menor de espécies, sendo que 22% das famíliasapresentaram apenas uma única espécie.6365-EIA-G90-001b 43 Leme Engenharia Ltda


14121086420CharaciformesSiluriformesGymnotiformesPerciformesClupeiformesCyprinodontiformesRajiformesOutros200150100500CharaciformesSiluriformesGymnotiformesPerciformesClupeiformesCyprinodontiformesRajiformesOutrosGRÁFICO 7.8.4.1- 2 - Número de famílias (superior) e espécies (inferior) da ictiofauna, porordem, ao longo de toda a área de estudo e para todos os ambientesestudados.Na distribuição do número de grupos taxonômicos por setor, todos os setores (GRÁFICO7.8.4.1- 3) apresentaram entre 25 e 27 famílias, com exceção do setor VI (Bacajá), que teveapenas 12 famílias representadas, o que pode ser justificado pelo menor esforço amostral nomesmo. Dentre os setores, o setor I foi o que apresentou a maior riqueza de espécies (227espécies) e em seguida os setores II (206 espécies) e III (208 espécies). Já nos setores IV e Va riqueza foi menor (133 espécies e 116 espécies, respectivamente). O setor VI apresentousomente 48 espécies, mas deve ser considerado o menor esforço amostral no Bacajá.Comparando os setores, verifica-se que mesmo que os Characiformes são sempre o grupomais diverso, esta ordem tem maior importância relativa nos igarapés do setor V e em seguidanos setores I e IV. Nos setores II e III, os Siluriformes ganham maior relevância pela grandediversidade de Loricariidae encontrada nos pedrais das corredeiras, abundantes nesses trechosdo rio. Os Perciformes possuem uma importância relativa um pouco maior, em relação aosoutros grupos, no setor do baixo Xingu. Por último, o maior destaque de Gymnotiformesocorre também nos igarapés, onde a freqüência relativa deste grupo é maior.6365-EIA-G90-001b 44 Leme Engenharia Ltda


70.060.050.0% de especies40.030.020.010.00.0I II III IV V VICharaciformes Siluriformes Perciformes Gymnotiformes Clupeiformes OutrosGRÁFICO 7.8.4.1- 3 - Importância relativa do número de espécies, por ordem, em cada umdos setores do rio.NOTA: O total de espécies em cada setor corresponde a 100%.Considerando apenas os setores I a IV, que representam os setores ao longo do rio, onde acoleta foi possível durante todas as estações do ano, foram encontradas 342 espécies. Estacomunidade íctica apresentou 35 famílias e 12 ordens. As ordens com maior diversificaçãoespecífica foram Characiformes (152 espécies) e Siluriformes (123 espécies), seguidas dePerciformes (32 espécies) e Gymnotiformes (12 espécies). As ordens Clupeiformes (9espécies) e Rajiformes (7 espécies), situaram-se em uma posição intermediária, enquanto quea ordem Cyprinodontiformes (3 espécies) foi bem menos diversificada e o restante das ordens,Beloniformes, Osteoglossiformes, Pleuronectiformes, Synbranchiformes e Tetraodontiformes,apresentaram somente uma espécie.Dentre as famílias Characidae, Characiformes (89 espécies); Loricariidae, Siluriformes (63espécies); Cichlidae, Perciformes (27 espécies) foram as que apresentaram o maior número deespécies, representando cerca de 52% da riqueza total capturada.Outras famílias tais sejam: Anostomidae, Characiformes e Pimelodidae, Siluriformes (21espécies); Curimatidae, Characiformes e Auchenipteridae, Siluriformes (16 espécies), tambémapresentatam valores elevados de riqueza, entretanto num patamar inferior. Hemiodontidae,Characiformes (12 espécies); Doradidae, Siluriformes (11 espécies); Potamotrygonidae,Rajiformes (7 espécies); Sternopygidae, Gymnotiformes e Engraulidae, Clupeiformes (6espécies); Sciaenidae, Perciformes (5 espécies); Acestrorhynchidae, Characiformes (4espécies); Erythrinidae, Characiformes (4 espécies), seguem em ordem de importância,representando cerca de 38% do total de espécies.O restante das famílias: Beloniformes - Belonidae; Characiformes - Crenuchidae,Ctenoluciidae, Gasteropelecidae, Lebiasinidae, Prochilodontidae, Chilodontidae;Clupeiformes – Clupeidae, Poeciliidae, Rivulidae; Gymnotiformes – Apteronotidae,Gymnotidae, Hypopomidae, Rhamphichthyidae, Electrophoridae, Rhamphichthidae;Osteoglossiformes – Osteoglossidae; Pleuronectiformes – Achiridae; Siluriformes –Trichomycteridae, Aspredinidae, Cetopsidae, Heptapteridae, Hipopomidae,Pseudopimelodidae; Synbranchiformes – Synbranchidae; Tetraodontiformes –6365-EIA-G90-001b 45 Leme Engenharia Ltda


Tetraodontidae, apresentou de 01 a 03 espécies, correspondendo a cerca de 10% do total deespécies capturadas.Avaliando-se o grau de similaridade entre os setores, foi observada uma variação baixa(mínimo = 0,30; máximo = 0,64), com um valor médio de cerca de 45%. A maior associaçãofoi assinalada entre os setores II e III (S (J) =0,64) e entre os setores I e II (S (J) =0,46). Enquantoque as menores associações foram assinaladas entre I e IV (S (J) =0,30) (GRÁFICO 7.8.4.1- 4).Um arranjo entre setores indica os seguintes agrupamentos: G1 – setor I; G2 – setores II e III;G3 – setor III (GRÁFICO 7.8.4.1- 4).GRÁFICO 7.8.4.1- 4 - Dendrograma de dissimilaridade binária entre os setoresO número de espécies presentes a todos os setores (70 espécies) foi cerca de 20% da riquezatotal assinalada, enquanto que o número de espécies exclusivas a algum dos setores foi muitomais elevado, representando cerca de 35% da riqueza total assinalada (QUADRO 7.8.4.1- 2).Dentre os setores, o maior número de espécies exclusivas foi observado no setor I (73espécies), seguido dos setores II e III (17 e 18 espécies, respectivamente). Enquanto que osetor IV (10 espécies) apresentou o menor número de espécies exclusivas (QUADRO 7.8.4.1-2).O maior número de espécies foi assinalado sob a condição de exclusivas do setor I (73espécies) ou presentes em todos os setores (70 espécies). Num limiar inferior foramassinaladas espécies exclusivas dos setores I, II e III (49 espécies) e exclusivas dos setores II eIII (30 espécies). Ainda com um número de espécies considerável foram assinaladas asexclusivas dos setores II (17 espécies) e III (18 espécies) (QUADRO 7.8.4.1- 2).6365-EIA-G90-001b 46 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 2Número de espécies exclusivas e comuns aos setores avaliados.I II III IV S+ 73+ 17+ 18+ 10+ + 12+ + 10+ + 3+ + 30+ + 11+ + 15+ + + 49+ + + 7+ + + 3+ + + 14+ + + + 70S 227 210 209 133 342As espécies presentes em todos os setores (de I a IV) foram: Acestrorhynchus falcirostris,Acestrorhynchus microlepis, Ageneiosus aff. ucayalensis, Ageneiosus inermis, Ageneiosusvittatus, Agoniates anchovia, Argonectes robertsi, Auchenipterichthys thoracatus,Auchenipterus nuchalis, Bivibranchia fowleri, Bivibranchia velox, Boulengerella cuvieri,Brycon cf. pesu, Brycon pesu, Chalceus macrolepidotus, Crenicichla sp., Curimatacyprinoides, Curimata ocellata, Curimatella dorsalis, Cyphocharax spiluropsis, Geophagusaff. altifrons, Geophagus proximus, Hassar orestis, Hemiodus argenteus, Hemiodusimmaculatus, Hemiodus unimaculatus, Hemiodus vorderwinkleri, Hemisorubimplatyrhynchos, Hoplias aimara, Hypophthalmus marginatus, Laemolyta cf. taeniata,Laemolyta petiti, Leporinus friderici, Leporinus maculatus, Leporinus sp. "psi", Leporinus sp."verde", Leporinus tigrinus, Loricaria sp, Megalodoras uranoscopus, Moenkhausiaintermedia, Myletes pacu, Myleus sp., Myleus torquatus, Pachyurus schomburgkii,Petilipinnis grunniens, Pimelodella altipinnis, Pinirampus pirinampu, Plagioscion sp.,Plagioscion squamosissimus, Poptella compressa, Poptella sp, Pristobrycon striolatus,Prochilodus nigricans, Pseudancistrus barbatus, Pseudoloricaria punctata, Pseudoloricariasp. 1, Pygocentrus nattereri, Retroculus xinguensis, Rhamdella sp., Rhaphiodon vulpinus,Roeboides dayi, Serrasalmus cf. eigenmanni, Serrasalmus rhombeus, Squaliformaemarginata, Steindachnerina sp., Sternarchella terminalis, Tetragonopterus chalceus,Tometes sp. "xingu", Triportheus rotundatus, Triportheus sp.Já as espécies exclusivas do setor I foram: Ancistrus sp., Ancistrus sp. 1, Ancistrus sp. 2,Ancistrus sp. 4, Apistogramma eunotus, Apistogramma sp., Aspidoras cf. maculosus,Aspidoras sp., Astyanax sp., Baryancistrus sp. "preto", Baryancistrus sp. 2, Baryancistrus sp.5, Bivibranchia sp., Bryconamericus aff. stramineus, Bryconops sp., Bunocephalus sp.,Calophysus macropterus, Characidae sp., Characidae sp. 1, Characidae sp. 10, Characidaesp. 12, Characidae sp. 13, Characidae sp. 15, Characidae sp. 2, Characidae sp. 5,Characidae sp. 6, Characidae sp. 7, Characidae sp. 8, Characidae sp. 9, Characidae spp.,Characidium fasciatum (gr), Characidium sp., Charax sp., Cichla melaniae, Cichlasomatinaesp., Cichlidae sp., Corydoras sp., Creagrutus cracentis, Creagrutus sp., Crenicichla lepidota,6365-EIA-G90-001b 47 Leme Engenharia Ltda


Ctenobrycon sp. 1, Curimatella meyeri, Curimatidae sp., Cynopotamus essequibensis,Cyphocharax sp., Hemiodus goeldii , Hemiodus sp., Hyphessobrycon sp, Hypostomusplecostomus, Ituglanis sp, Jupiaba minor , Jupiaba ocellata , Knodus sp, Knodus cf.savannensis, Leporinus sp. 2, Loricariidae sp. 1, Loricariidae sp. 2, Moenkhausia oligolepis,Otocinclus sp., Parancistrus cf. nudiventris, Phenacogaster sp., Pimelodella cristata,Platystomatichthys sturio, Poecilia sp., Poeciliidae sp., Rineloricaria cf. platyura , Roeboidessp., Sternarchorhynchus curvirostris, Synbranchidae sp., Thayeria boehlkei, Thayeria sp.,Trichomycteridae sp., Triportheus curtus.As espécies exclusivas do setor II foram: Anchoviella vaillanti, Baryancistrus sp. 4,Baryancistrus sp. 5, Eigenmannia sp., Hemiodus microlepis, Hoplias sp., Hypopomidae sp,Hypoptopoma aff. gulare, Laemolyta sp, Metynnis hypsauchen, Micromischodus sugillatus,Moenkhausia sp., Potamotrygon orbignyi, Psedopimelodus cf. bufonius, Roeboides cfdescalvandensis, Serrasalmus cf. rhombeus, Trachelyopterus galeatus.Já as espécies exclusivas do setor III foram: Acnodon sp., Anchovia clupeoides, Ancistrus sp.1, Ancistrus sp. 2, Anostomus intermedius, Archolaemus blax, Baryancistrus sp.,Baryancistrus sp. 3, Centromochlus sp., Cetopsis sp., Crenicichla strigata, Doradidae sp.,Hemicetopsis candiru, Hypancistrus sp. "pão", Oligancistrus sp. 3, Pimelodinae sp,Potamorhina latior, Potamotrygon cf. humerosa.Enquanto que as espécies exclusivas do setor IV foram: Acarichthys heckelii, Cetengraulissp., Colomesus asellus, Cyphocharax abramoides, Geophagus altifrons, Hemiodontichthysacipenserinus, Serrasalmus cf. spilopleura, Serrasalmus sp., Tetragonopterus argenteus.c2) Freqüência Relativa Média entre os AmbientesConsiderando a freqüência relativa de ocorrência das espécies concluiu-se que o grau desimilaridade entre os setores I a IV apresentou elevada variação (mínimo = 0,082; máximo =0,673), centrados em um valor médio de cerca de 32%. A maior associação foi assinaladaentre os setores II e III (D(B-C)=0,67) e entre os setores I e III (D(B-C)=0,50). Enquanto queas menores associações foram assinaladas entre I e IV (D(B-C)=0,08) e II e IV (D(B-C)=0,12)(GRÁFICO 7.8.4.1- 4).Com base na abundância relativa, as espécies foram classificadas em função de suarepresentatividade. Deste modo, foram encontradas 18 espécies consideradas representativas(≥1%), 06 espécies com uma abundância relativa intermediária e 12 espécies abundânciarelativa baixa, em todos os setores. No setor I foram assinaladas 06 espécies representativas,sendo 01 espécie com abundância relativa elevada, 03 espécies com abundância relativaintermediária e 02 espécies com abundância relativa baixa. No setor II, foi encontradasomente 01 espécie com abundância relativa intermediária. No baixo Xingu, setor IV, tambémfoi assinalada somente 01 espécie, entretanto com abundância relativa elevada. Já entre ossetores I, II e III foram destacadas 13 espécies, sendo 03 com abundância relativa elevada, 03com abundância relativa intermediária e 07 com abundância relativa baixa (TABELA 7.8.4.1-3).TABELA 7.8.4.1- 3Freqüências relativas das espécies representativas nas porções da bacia.6365-EIA-G90-001b 48 Leme Engenharia Ltda


SetoresI II III IV Abundância Espécies+ + + + Ageneiosus aff. ucayalensis (0,2-2,5%), Curimata cyprinoides(0,7-3,2%), Hemiodus unimaculatus (0,4-8,2%), Loricaria sp.(0,1-8,6%), Petilipinnis grunniens (0-5,9%), Pinirampuspirinampu (0,1-2,9%),Acestrorhynchus falcirostris (0,2-1,5%), Ageneiosus inermis(0,2-1,2%), Auchenipterus nuchalis (0,1-1,4%), Boulengerellacuvieri (0,2-1,7%), Curimatella dorsalis (0,1-2,2%), Hassarorestis (0,2-2%), Hemiodus immaculatus (0,5-1,7%), Leporinussp. "verde" (0,1-1,6%), Moenkhausia intermedia (0,1-2%),Myleus torquatus (0,1-1,1%), Pachyurus schomburgkii (0,1-3,8%), Squaliforma emarginata (0,1-1,1%),+ Characidae sp. (10,6%)Baryancistrus sp. 2 (4,9%), Characidae sp. 5 (1,6%), Otocinclussp. (1,9%) Apistogramma sp. (1,3%), Parancistrus cf nudiventris (1%)+ Baryancistrus sp. 3 (2,4%)+ + Potamotrygon motoro (0,1-50%)+ + Ancistrus ranunculus (0,6-2,5%), Ancistrus sp. 3 (1,3-1,9%),Baryancistrus sp. 2 (1,4-2%), Peckoltia vittata (2,3-3,7%)+ + Lycengraulis batesii (0,1-4,1%) Centromochlus heckelii (0,1-1,2%)+ + + Oligancistrus sp. 2 (3,4-6,9%), Phractocephalus hemioliopterus(5,9-11,6%), Tocantinsia piresi (8,6-19,4%) Oligancistrus sp. 1 (4-5,5%), Parancistrus nudiventris (0,9-5,2%), Peckoltia sp. 1 (0,7-6%)Acestrorhynchus falcatus (0,1-1,6%), Caenotropus labyrinthicus(0,3-1,2%), Parancistrus sp. 3 (0,7-1,3%), Potamotrygonleopoldi (0-1,6%), Pseudoplatystoma fasciatum (0,6-2,3%),Scobiancistrus sp. (0,4-1,2%), Scobinancistrus pariolispos (0,1-1,1%)+ + + Pimelodina flavipinnis (0,1-1,2%)+ + + Anchovia surinamensis (0,1-1,1%)Onde: - abundância baixa; - abundância intermediária; - abundânciaelevada; + - presença da espécie no referido setor; valores entre parêntesis – intervalo deabundância relativa entre os setoresAvaliando-se a topologia dos setores, observa-se uma marcante contribuição do componenteespacial. Os setores II e III apresentam uma maior densidade, participando do centro dodiagrama. Os setores I e IV aderem ao centro, sugerindo canais de fluxos de espécies entre ossetores ao longo do rio. (GRÁFICO 7.8.4.1- 5).6365-EIA-G90-001b 49 Leme Engenharia Ltda


GRÁFICO 7.8.4.1- 5 - Topologia da rede de similaridade entre os setores do rio (I, II, II e I),arranjados segundo a técnica MDS, em função da abundância relativaentre as espécies capturadas em todas as artes de pesca.A partir de uma ordenação com base na técnica Detrended Correspondence Analysis (DCA),foram evidenciadas associações entre espécies e os ambientes avaliados (GRÁFICO 7.8.4.1-6).6365-EIA-G90-001b 50 Leme Engenharia Ltda


GRÁFICO 7.8.4.1- 6 - Ordenação entre os setores do rio e grupo de espécies, via DCA, emfunção da abundância relativa média em todos os ambientes.Onde: a - Tocantinsia piresi; b - Characidae sp.; c - Phractocephalus hemioliopterus; d -Peckoltia sp. 1; e - Loricaria sp; f - Baryancistrus sp. 2; g - Oligancistrus sp. 2; h - Hemiodusunimaculatus; i - Petilipinnis grunniens; j - Parancistrus nudiventris; k - Oligancistrus sp. 1; l- Lycengraulis batesii; m - Peckoltia vittata; n - Pachyurus schomburgkii; o - Otocinclus sp.;p - Curimata cyprinoides; q - Pseudoplatystoma fasciatum; r - Characidae sp. 5; s -Pinirampus pirinampu; t - Ancistrus ranunculus; u - Apistogramma sp.; v - Curimatelladorsalis; w - Baryancistrus sp. 2; x - Ancistrus sp. 3; y - Ageneiosus aff. ucayalensis; z -Parancistrus cf. nudiventris; aa - Potamotrygon leopoldi; ab - Hassar orestis; ac -Caenotropus labyrinthicus; ad - Hemiodus immaculatus; ae - Auchenipterus nuchalis; af -Cyphocharax stilbolepis.Esta análise demonstrou as particularidades da comunidade de cada setor. O setor Iapresentou associação com caracídeos (Characidae sp.), grandes bagres (Phractocephalushemioliopterus) e acaris (Peckoltia sp. 1, Baryancistrus sp. 2). Enquanto que o setor IVapresentou associação com bagres (Hassar orestis, Auchenipterus nuchalis), acaris (Loricariasp) e espécies potencialmente estuarinas como pescadas e sardinhas (Petilipinnis grunniens,Lycengraulis batesii, Pachyurus schomburgkii) (GRÁFICO 7.8.4.1- 6 e TABELA 7.8.4.1-3). Já nos setores II e III encontraram-se associados: uma espécie de bagre (Tocantinsiapiresi), caracídeos (Hemiodus unimaculatus) e acaris (Oligancistrus sp. 2, Parancistrus6365-EIA-G90-001b 51 Leme Engenharia Ltda


nudiventris, Oligancistrus sp. 1, Peckoltia vittata).d) A Ictiofauna de Remansos, Lagoas e Áreas de Inundação (Malhadeiras)d1) Composição TaxonômicaNos ambientes nos quais foi utilizado o método passivo de redes de espera, foram capturados24.154 indivíduos (perfazendo 2.581,80kg de biomassa), pertencentes a 250 espécies,distribuídas em 30 famílias e 10 ordens (Anexo 7.8.4.1-3). A maior diversificação de espéciesfoi observada para as ordens Characiformes e Siluriformes, um padrão já observado emmuitos ambientes aquáticos tropicais de terras baixas. Outro padrão geral é a predominânciade espécies de menores tamanhos e poucas espécies maiores.Dentre os Characiformes, a família Characidae apresentou o maior número de espécies (55espécies), já dentre os Siluriformes destacou-se a família Loricariidae (34 espécies). Asfamílias Pimelodidae, Siluriformes (21 espécies); Anostomidae, Characiformes (20 espécies)e Cichlidae, Perciformes (20 espécies); Auchenipteridae, Siluriformes (15 espécies);Curimatidae, Characiformes (13 espécies); Hemiodontidae, Characiformes e Doradidae,Siluriformes (10 espécies) situaram-se em um patamar imediatamente inferior. As famíliasPotamotrygonidae, Rajiformes (07 espécies); Engraulidae, Clupeiformes (06 espécies);Sternopygidae, Gymnotiformes (06 espécies); Sciaenidae, Perciformes (05 espécies);Acestrorhynchidae, Characiformes (04 espécies); Erythrinidae, Characiformes (03 espécies);Clupeidae, Clupeiformes (03 espécies); Apteronotidae, Gymnotiformes (03 espécies);Ctenoluciidae, Characiformes (02 espécies); Prochilodontidae, Characiformes (02 espécies);Cetopsidae, Siluriformes (02 espécies) apresentaram menor diversificação específica. Orestante das famílias: Belonidae, Beloniformes; Chilodontidae, Characiformes;Electrophoridae e Rhamphichthyidae, Gymnotiformes; Osteoglossidae, Osteoglossiformes;Achiridae, Pleuronectiformes; Aspredinidae, Hypopomidae e Trychomicteridae, Siluriformes;Tetraodontidae, Tetraodontiformes ocorreram com apenas uma única espécie.Como resultado da maior diversificação, as ordens Characiformes, Siluriformes e Perciformesapresentam também a maior abundância e biomassa relativa. Estes três grupos conformamcerca de 97% da abundância e 95% da biomassa total (TABELA 7.8.4.1- 4).6365-EIA-G90-001b 52 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 4Abundância e biomassa relativas entre as ordens de peixes, capturadas com redes de malhanos ambientes de remansos e áreas de inundação.Ordem Abundância (%) Biomassa (%)Characiformes 70,79 55,76Siluriformes 17,48 27,36Perciformes 8,63 12,68Clupeiformes 2,47 2,34Gymnotiformes 0,42 0,36Rajiformes 0,11 1,18Osteoglossiformes 0,03 0,26Pleuronectiformes 0,03 0,03Beloniformes 0,03 0,01Tetraodontiformes 0,01 0,00006Total 100,00 100,00Com relação a abundância total das famílias as mais expressivas foram: Hemiodontidae(26,89%), Characidae (18,63%), Curimatidae (11,02%), Auchenipteridae (7,13%),Loricariidae (5,86%), Sciaenidae (5,64%).A família Characidade foi a mais diversa e a mais abundante em todos os setores e períodosestudados. A família Hemiodontidae mesmo não sendo tão diversa, apresentou também, deuma forma geral, alta abundância em todos os setores e períodos,à exceção do setor IV, noperíodo de vazante. Enquanto que as famílias Auchenipteridae, Curimatidae, Sciaenidae,Anostomidae, Cichlidae, Ctenoluciidae, Doradidae e Pimelodidae ocorreram em todos ossetores e períodos, com uma abundância menor. Já as famílias Loricariidae,Acestrorhynchidae, Prochilodontidae e Sternopygidae estiveram presentes em praticamentetodos os setores e períodos, exceto em alguns períodos no setor IV. O restante das famílias(Chilodontidae, Potamotrygonidae, Erythrinidae, Engraulidae, Clupeidae, Cetopsidae,Apteronotidae, Osteoglossidae, Achiridae, Rhamphichthyidae, Belonidae, Aspredinidae,Electrophoridae, Tetraodontidae, Trychomicteridae, Hypopomidae) apresentou baixos valoresde abundância, a exceção de Chilodontidade no setor I, no período de enchente (TABELA7.8.4.1- 5).Com relação à biomassa total, a família Characidae apresentou os maiores valores em,praticamente, todos os setores e períodos. Já as famílias Sciaenidae e Auchenipteridaeapresentaram valores em um patamar imediatamente inferior em todos os setores e períodos.Enquanto que Pimelodidae, Ctenoluciidae, Cichlidae, Curimatidae e Anostomidaeapresentaram valores mais baixos, com algumas exceções em que foram assinalados valoresintermediários, em todos os setores e períodos. Enquanto que as famílias Potamotrygonidae,Chilodontidae, Erythrinidae, Engraulidae, Clupeidae, Cetopsidae, Apteronotidae,Osteoglossidae, Achiridae, Rhamphichthyidae, Electrophoridae, Aspredinidae, Belonidae,Tetraodontidae, Hypopomidae, Trychomicteridae apresentaram maior especificação entresetores e períodos, com valores baixos, com exceção de Clupeidae no setor IV, no período deseca e Osteoglossidae, também no setor IV, no período de vazante (TABELA 7.8.4.1- 6).6365-EIA-G90-001b 53 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 5Abundância relativa (%) das famílias nos setores e períodos, capturadas com redes de malha.Enchente Seca VazanteFamílias I II III IV I II III IV I II III IVHemiodontidae 23,44 48,02 15,24 6,50 9,68 30,98 29,75 15,43 7,42 17,16 18,29Characidae 21,47 16,70 12,13 2,37 33,44 17,46 21,75 17,83 20,33 30,09 17,49 13,60Auchenipteridae 26,11 4,11 7,43 2,04 1,25 7,54 0,37 4,78 13,09 2,50 33,26 57,60Curimatidae 1,33 11,58 8,14 2,66 18,49 3,27 2,09 13,48 42,15 19,25 0,34 0,80Sciaenidae 2,16 1,13 6,31 26,13 7,01 6,03 9,12 5,65 1,48 1,32 9,26 10,40Loricariidae 3,05 1,40 9,01 25,41 4,40 8,52 3,51 7,39 2,44 3,93 5,26Acestrorhynchidae 0,70 8,16 0,08 1,94 2,50 0,57 2,91 12,17 0,79 11,83 1,49Anostomidae 2,86 1,00 16,69 0,62 1,69 2,91 6,50 3,48 2,53 3,42 1,71 2,40Cichlidae 0,64 1,47 2,66 1,71 8,59 8,58 3,21 8,91 3,23 1,58 1,03 2,40Chilodontidae 11,94 1,22 2,99 2,18 4,89 1,49 0,44 0,37 0,34Ctenoluciidae 2,29 2,08 4,57 0,14 1,96 2,49 5,53 1,09 3,14 1,65 3,89 4,00Engraulidae 0,07 0,42 13,66 0,30 0,43 0,66 1,60Clupeidae 0,13 6,10 2,84 2,54 2,39 0,57Tetraodontidae 2,40Doradidae 1,21 2,10 1,91 5,83 1,58 1,25 5,68 1,09 0,35 4,04 2,29 0,80Pimelodidae 1,27 0,20 4,82 7,02 2,94 1,56 0,97 2,17 0,87 0,66 1,14 0,80Prochilodontidae 1,08 0,08 0,46 3,26 2,13 2,02 1,74 1,13 0,51 1,26Sternopygidae 0,13 0,03 0,04 0,57 0,54 0,21 1,72 0,09 0,15 1,83Osteoglossidae 0,04 0,07 1,09 0,80Erythrinidae 0,06 0,30 0,12 0,05 1,51 0,07 0,73 0,80Potamotrygonidae 0,13 0,04 0,21 0,16 0,05 0,43 0,52 0,07 1,60Cetopsidae 0,03 0,04 0,05 0,07 0,22 0,57Belonidae 0,21 0,09Achiridae 0,12 0,09 0,15 0,22Aspredinidae 0,08 0,19Apteronotidae 0,06 0,07 0,08 0,14 0,27 0,15Electrophoridae 0,04 0,07Rhamphichthyidae 0,06 0,01 0,08 0,05Trychomicteridae 0,04Hypopomidae 0,01NOTA: algarismos romanos maiúsculos representam os setoresO setor II, em todos os períodos, apresentou riqueza de 188 espécies, seguido do setor III comriqueza de 174 espécies. Os setores I (145 espécies) e IV (131 espécies) apresentarammenores riquezas. Já entre os períodos, o de vazante (134 espécies) apresentou o menor valorde riqueza, quando comparado aos outros (seca: 183 espécies; enchente: 181 espécies).6365-EIA-G90-001b 54 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 6Porcentagem da biomassa das famílias nos setores e períodos, para a pesca com redes demalha.Enchente Seca VazanteFamílias I II III IV I II III IV I II III IVCharacidae 35,20 19,46 26,23 1,38 43,17 23,35 30,33 10,86 24,18 16,81 49,50 24,33Auchenipteridae 31,46 10,38 5,13 3,14 2,38 11,89 1,45 1,76 15,11 10,85 11,30 34,50Sciaenidae 3,35 3,90 13,85 12,76 18,59 12,87 16,46 12,07 5,23 8,06 6,09 14,51Pimelodidae 2,85 1,39 10,61 41,58 6,43 3,98 4,36 8,52 2,27 5,01 5,80 3,09Ctenoluciidae 3,02 10,01 7,71 0,54 4,38 6,30 12,21 0,56 12,11 5,15 5,83 0,82Cichlidae 0,13 2,00 2,35 0,88 3,35 5,39 2,50 9,00 3,04 3,52 0,91 0,26Curimatidae 0,14 4,04 1,55 1,22 2,79 0,75 0,65 1,65 14,88 4,60 0,03 0,06Anostomidae 2,22 2,15 7,35 0,68 1,40 2,17 2,35 2,13 1,26 2,84 1,49 0,45Hemiodontidae 5,24 24,90 3,57 5,21 1,60 7,34 7,49 11,52 3,58 7,54 4,15Loricariidae 3,63 3,91 4,93 14,51 3,55 15,28 2,80 2,91 4,97 11,55 6,26Doradidae 4,59 5,54 1,60 4,38 2,63 2,43 7,69 0,86 2,93 4,32 1,26Acestrorhynchidae 0,07 4,19 0,02 1,26 0,27 0,32 0,42 3,00 0,16 8,94 1,06Prochilodontidae 3,37 0,80 2,05 7,29 5,10 5,27 7,25 5,20 1,58 5,92Sternopygidae 0,01 0,00 0,00 0,21 0,07 0,05 0,18 0,07 0,06 0,16Potamotrygonidae 2,24 0,49 2,04 1,14 0,08 0,36 4,85 1,83 3,07Chilodontidae 1,81 0,83 0,60 0,38 0,94 0,17 0,16 0,27 0,04Erythrinidae 0,60 5,25 1,58 0,55 1,66 0,01 5,30 8,10Engraulidae 0,03 0,16 7,99 0,02 0,20 0,21 0,52Clupeidae 0,31 7,11 3,36 4,91 19,89 0,07Cetopsidae 0,01 0,09 0,21 0,03 0,34 0,14Apteronotidae 0,01 0,23 0,01 0,09 0,04 0,03Osteoglossidae 0,21 0,56 7,01 10,13Achiridae 0,09 0,25 0,11 0,11Rhamphichthyidae 0,04 0,03 0,04 0,10Electrophoridae 1,03 1,54Aspredinidae 0,08 0,26Belonidae 0,08 0,10Tetraodontidae 0,16Hypopomidae 0,05Trychomicteridae 0,02NOTA: algarismos romanos maiúsculos representam os setoresDentre as espécies, 68 estiveram presentes em todos os setores, sendo estas: Acestrorhynchusfalcirostris, Acestrorhynchus microlepis, Ageneiosus aff. ucayalensis, Ageneiosus inermis,Ageneiosus vittatus, Agoniates anchovia, Anostomoides laticeps, Argonectes robertsi,Astyanax sp., Auchenipterichthys sp., Auchenipterichthys thoracatus, Auchenipterus nuchalis,Bivibranchia fowleri, Bivibranchia velox, Boulengerella cuvieri, Brycon cf. pesu, Bryconpesu, Bryconops sp., Chalceus macrolepidotus, Cichla sp., Curimata cyprinoides, Curimataocellata, Curimatella dorsalis, Geophagus aff. altifrons, Geophagus proximus, Hassarorestis, Hemiodus argenteus, Hemiodus immaculatus, Hemiodus unimaculatus, Hemiodusvorderwinkleri, Hemisorubim platyrhynchos, Hoplias aimara, Hypophthalmus marginatus,Hypostomus aff. emarginatus, Laemolyta petiti, Leporinus friderici, Leporinus maculatus,Leporinus sp. ("psi"), Leporinus sp. ("verde"), Leporinus tigrinus, Loricaria sp., Moenkhausiaintermedia, Myletes pacu, Myleus sp., Myleus torquatus, Pachyurus schomburgkii,Pimelodella altipinnis, Pinirampus pirinampu, Plagioscion sp., Plagioscion squamosissimus,6365-EIA-G90-001b 55 Leme Engenharia Ltda


Poptella compressa, Pristobrycon striolatus, Prochilodus nigricans, Pseudoloricariapunctata, Pseudoloricaria sp. 1, Pygocentrus nattereri, Retroculus xinguensis, Rhamdia sp.,Rhaphiodon vulpinus, Roeboides dayi, Petilipinnis grunniens, Serrasalmus cf. eigenmanni,Serrasalmus rhombeus, Steindachnerina sp., Sternarchella terminalis, Tometes sp. ("xingu"),Triportheus rotundatus e Triportheus sp.Um total de 91 espécies foi registrado em todos os períodos, a saber: Acestrorhynchusfalcatus, Acestrorhynchus falcirostris, Acnodon normani, Ageneiosus aff. ucayalensis,Ageneiosus inermis, Ageneiosus vittatus, Agoniates anchovia, Anostomoides laticeps,Argonectes robertsi, Auchenipterichthys thoracatus, Auchenipterus nuchalis, Baryancistrusniveatus, Baryancistrus sp. "pg", Bivibranchia fowleri, Boulengerella cuvieri, Brycon cf.pesu, Brycon pesu, Brycon sp., Caenotropus labyrinthicus, Cetopsis coecutiens, Chalceusmacrolepidotus, Charax gibbosus, Cichla sp., Crenicichla johanna, Crenicichla sp. "preta",Curimata cyprinoides, Curimata sp., Curimatella dorsalis, Cyphocharax spiluropsis,Geophagus aff. altifrons, Geophagus argyrostictus, Geophagus proximus, Glyptoperichthysaff. joselimaianus, Glyptoperichthys xinguensis, Hassar orestis, Hemiodus argenteus,Hemiodus unimaculatus, Hemiodus vorderwinkleri, Hemisorubim platyrhynchos, Hopliasaimara, Hoplias malabaricus, Hydrolycus armatus, Hypostomus aff. emarginatus,Hypostomus sp. 1, Ilisha amazonica, Laemolyta petiti, Laemolyta proxima, Leporinusdesmotes, Leporinus friderici, Leporinus julii, Leporinus maculatus, Leporinus sp., Leporinussp. ("verde"), Loricaria sp., Metynnis hypsauchen, Moenkhausia intermedia, Myletes pacu,Myleus rubripinnis, Myleus schomburgkii, Myleus torquatus, Osteoglossum bicirrhosum,Pachyurus schomburgkii, Phractocephalus hemioliopterus, Pimelodella sp., Pimelodusornatus, Pimelodus sp. "olhudo", Pinirampus pirinampu, Plagioscion squamosissimus,Platynematichthys notatus, Poptella compressa, Potamotrygon aff. hystrix, Prochilodusnigricans, Pseudacanthicus leopardus, Pseudancistrus barbatus, Pseudoloricaria punctata,Pseudoplatystoma fasciatum, Pygocentrus nattereri, Retroculus xinguensis, Rhaphiodonvulpinus, Roeboides dayi, Satanoperca jurupari, Petilipinnis grunniens, Scobinancistrusaureatus, Semaprochilodus brama, Serrasalmus af.. manueli, Serrasalmus rhombeus,Sorubim lima, Sternopygus xingu, Tocantinsia piresi, Tometes sp. "xingu", Triportheusrotundatus.Dentre todas as espécies capturadas com redes, 48 foram comuns a todos os setores eperíodos. Elas são: Acestrorhynchus falcirostris, Ageneiosus aff. ucayalensis, Ageneiosusinermis, Ageneiosus vittatus, Agoniates anchovia, Anostomoides laticeps, Argonectesrobertsi, Auchenipterichthys thoracatus, Auchenipterus nuchalis, Bivibranchia fowleri,Boulengerella cuvieri, Brycon cf. pesu, Brycon pesu, Chalceus macrolepidotus, Cichla sp.,Curimata cyprinoides, Curimatella dorsalis, Geophagus aff. altifrons, Geophagus proximus,Hassar orestis, Hemiodus argenteus, Hemiodus unimaculatus, Hemiodus vorderwinkleri,Hemisorubim platyrhynchos, Hoplias aimara, Hypostomus aff. emarginatus, Laemolyta petiti,Leporinus friderici, Leporinus maculatus, Leporinus sp. "verde", Loricaria sp., Moenkhausiaintermedia, Myletes pacu, Myleus torquatus, Pachyurus schomburgkii, Pinirampuspirinampu, Plagioscion squamosissimus, Poptella compressa, Prochilodus nigricans,Pseudoloricaria punctata, Pygocentrus nattereri, Retroculus xinguensis, Rhaphiodonvulpinus, Roeboides dayi Petilipinnis grunniens, Serrasalmus rhombeus, Tometes sp."xingu", Triportheus rotundatus.Do total de espécies, 58 foram exclusivas a algum dos setores, o que indica uma taxa deexclusividade de cerca de 23% entre os setores. O setor II apresentou o maior número de6365-EIA-G90-001b 56 Leme Engenharia Ltda


espécies exclusivas (19 espécies): Acestrocephalus sardina, Anostomus intermedius,Crenicichla strigata, Eigenmannia sp., Hemiodus microlepis, Hoplerythrinus unitaeniatus,Hypopomidae sp., Hypoptopoma af. gulare, Laemolyta sp., Metynnis hypsauchen,Micromischodus sugillatus, Moenkhausia sp., Pachyurus junki, Potamotrygon orbignyi,Roeboexodon guyanensis, Roeboides cf. descalvandensis, Serrasalmus cf. rhombeus,Teleocichla sp., Trachelyopterus galeatus, seguido dos setores III (14 espécies): Acnodon sp.,Anchovia clupeoides, Ancistrus ranunculus, Archolaemus blax, Centromochlus sp., Cetopsissp., Hemicetopsis candiru, Hypancistrus sp. "pão", Hypostomus sp. (2), Megalonema sp.,Oligancistrus punctatissimus, Pimelodinae sp., Potamorhina latior, Potamotrygon cf.humerosa e I (13 espécies): Ancistrus sp., Bivibranchia velox, Calophysus macropterus,Charax sp., Lithodoras dorsalis, Platystomatichthys sturio, Potamotrygon leopoldi,Potamotrygon motoro, Roeboides sp., Schizodon sp., Scobiancistrus sp., Scobinancistruspariolispos, Sternarchorhynchus curvirostris. O setor IV apresentou o menor número deespécies exclusivas (11 espécies): Acarichthys heckelii, Acestrorhynchus sp., Cetengraulissp., Colomesus asellus, Cyphocharax abramoides, Geophagus altifrons, Hemiodontichthysacipenserinus, Hypancistrus zebra, Serrasalmus cf.. spilopleura, Serrasalmus sp.,Tetragonopterus argenteus.Na composição temporal, 95 espécies foram assinaladas como exclusivas de alguns dosperíodos, sendo que, dentre estes, o período de seca apresentou o maior número de espéciesexclusivas (43 espécies): Acestrorhynchus falcirostris sp., Acnodon normani, Ageneiosus sp.,Agoniates anchovia, Anchovia clupeoides, Anostomus intermedius, Baryancistrus sp. "preto",Bivibranchia fowleri, Boulengerella maculata, Bryconops sp., Calophysus macropterus,Caquetaia spectabilis, Charax sp., Crenicichla strigata, Curimata spilura, Curimatella sp.,Cyphocharax abramoides, Eigenmannia virescens, Geophagus altifrons, Geophagusproximus., Hassar sp., Hemiodontichthys acipenserinus, Hypoptopomatinae sp. 1, Leporinussp. "psi", Oligancistrus sp. 3, Pachyurus schomburgkii, Pellona castelnaeana, Pimelodinaesp., Platystomatichthys sturio, Poptella orbicularis, Pseudoloricaria sp.1, Rhaphiodon sp.,Roeboides dayi, Satanoperca sp., Schizodon sp., Scobiancistrus sp., Scobinancistruspariolispos, Serrasalmus rhombeus, Serrasalmus spilopleura, Serrasalmus manueli,Teleocichla sp., Tetragonopterus argenteus, Triportheus sp. O período de enchente seguiu naordem de riqueza (39 espécies): Acanthodoras sp., Ancistrus ranunculus, Archolaemus blax,Astyanax sp., Bryconamericus diaphanus, Bryconops alburnoides, Bryconops melanurus,Hemicetopsis candiru, Hemiodus microlepis, Hoplerythrinus unitaeniatus, Hypancistrus sp."pão", Hypophthalmus edentatus, Hypophthalmus fimbriatus, Hypopomidae sp., Hypostomussp. 2, Leporinus sp. "pa", Lithodoras dorsalis, Megalonema sp., Micromischodus sugillatus,Moenkhausia aff.. comma, Moenkhausia sp., Oligancistrus punctatissimus, Platystacuscotylephorus, Potamorhina latior, Potamotrygon cf.. humerosa, Potamotrygon leopoldi,Potamotrygon orbignyi, Pseudepapterus hasemani, Pseudotylosurus microps, Pterengraulisatherinoides, Reganella depressa, Rhinodoras dorbignyi, Roeboexodon guyanensis,Steindachnerina sp., Sternarchorhynchus curvirostris, Tatia intermedia, Tetragonopteruschalceus, Trachelyopterus galeatus. Entretanto, o período de vazante apresentou o menornúmero de espécies exclusivas (13 espécies): Acarichthys heckelii, Anchoviella vaillanti,Ancistrus sp., Centromochlus sp., Cetengraulis sp., Cetopsis sp., Colomesus asellus,Hydrolycus tatauaia, Iguanodectes sp., Laemolyta sp., Poptella orbicularis, Potamotrygonsp., Tatia sp..Três espécies se destacam por serem comuns e por estarem presentes em todas ascombinações de setores e períodos amostrados, sendo estas: Ageneiosus inermis,6365-EIA-G90-001b 57 Leme Engenharia Ltda


Boulengerella cuvieri e Serrasalmus rhombeus.Por meio de uma classificação, através da análise de agrupamento e, utlizando-se ocoeficiente de Jaccard foi possível evidenciar um forte componente temporal na associaçãoentre as espécies, sendo definidos os seguintes agrupamentos: (i) período de enchente emtodos os setores; (ii) período de seca, em todos os setores, a exceção de setor IV; (iii) períodode vazante em todos os setores, a exceção do setor IV; (iv) setor IV, no período de seca; (v)setor IV, no período de vazante. Estes resultados indicam que as diferenças produzidas peloefeito do ciclo hidrológico são mais importantes que as diferenças na estrutura da comunidadeíctica tal como registrado por Camargo (2004). Também demonstra como os períodos deenchente e de vazante são importantes, pois promovem o intercâmbio entre os diversosambientes disponíveis, homogeneizando a estrutura específica. Isto é verdadeiro,principalmente, para os setores acima das cachoeiras de Belo Monte. Já o baixo Xingudestaca-se como uma porção do rio distinta, a despeito das diferenças entre estações do ano.Somente durante o período de enchente a ria tem uma maior similaridade com os outrossetores do rio, no mesmo período (27% de similaridade) (GRÁFICO 7.8.4.1- 7).A partir da análise de agrupamento, as espécies foram classificadas em função de suaparticipação nos agrupamentos e da sua abundância relativa entre os setores. Assim, oconjunto de espécies foi dividido em duas categorias: raras (r) e não raras (nr). O QUADRO7.8.4.1- 3 sintetiza as relações entre as espécies capturadas, sendo que todas as linhas, excetoas duas últimas, referem-se a espécies encontradas nos três setores I, II e III.GRÁFICO 7.8.4.1- 7 - Dendrograma de similaridade entre os setores do rio (I, II, III, IV) eperíodos (E: Enchente; S: Seca; V: Vazante), em função dacomposição taxonômica.6365-EIA-G90-001b 58 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1- 3Classificação das espécies de peixes capturadas com redes de malha, em função docomponente temporal e intensidade da presença entre os setores.ContinuaClassificação S EspéciesTodos os períodos, nr 24Ageneiosus inermis, Agoniates anchovia, Argonectes robertsi, Boulengerellacuvieri, Caenotropus labyrinthicus, Curimatella dorsalis, Geophagus.altifrons, Geophagus argyrostictus, Hemiodus argenteus, Hemiodusunimaculatus, Squaliforma emarginata, Leporinus sp. "verde", Myletes pacu,Myleus rubripinnis, Myleus schomburgkii, Myleus torquatus, Pachyurusschomburgkii, Pinirampus pirinampu, Poptella compressa, Prochilodusnigricans, Rhaphiodon vulpinus, Serrasalmus rhombeus, Tocantinsia piresi,Triportheus rotundatus.Todos os períodos, r 20Brycon cf. pesu, Brycon sp., Charax gibbosus, Crenicichla johanna,Crenicichla sp. "preta", Curimata sp., Glyptoperichthys aff. joselimaianus,Hemisorubim platyrhynchos, Hoplias aimara, Laemolyta proxima, Leporinusdesmotes, Leporinus julii, Leporinus sp., Metynnis hypsauchen,Phractocephalus hemioliopterus, Pimelodella sp., Platynematichthys notatus,Pseudacanthicus leopardus, Pseudancistrus barbatus, Pseudoplatystomafasciatum.Vazante, nr 2 Hydrolycus tatauaia, Iguanodectes sp.Vazante, r 8Anchoviella vaillanti, Ancistrus sp., Centromochlus heckelii, Cetopsis sp.,Laemolyta sp., Poptella orbicularis, Potamotrygon sp., Tatia sp.Enchente, nr 4Astyanax sp., Steindachnerina sp., Tatia intermedia, TetragonopteruschalceusAcestrorhynchus falcatus, Ageneiosus vittatus, Auchenipterichthysthoracatus, Auchenipterus nuchalis, Baryancistrus sp "preto", CetopsisEnchente, nr + vazante, r +16 coecutiens, Hoplias malabaricus, Hypostomus sp. 1, Ilisha amazonica,seca rLaemolyta petiti, Leporinus maculatus, Pimelodus ornatus, Pimelodus sp."olhudo", Potamotrygon aff. hystrix, Roeboides dayi, Sorubim limaAcanthodoras sp., Ancistrus ranunculus, Archolaemus blax, Bryconamericusdiaphanus, Bryconops alburnoides, Bryconops melanurus, Hemicetopsiscandiru, Hemiodus microlepis, Hoplerythrinus unitaeniatus, Hypancistrus sp."pão", Hypophthalmus edentatus, Hypophthalmus fimbriatus, Hypopomidaesp., Hypostomus sp. 2, Leporinus sp. "pa", Lithodoras dorsalis, MegalonemaEnchente, r 34 sp., Micromischodus sugillatus, Moenkhausia aff. comma, Moenkhausia sp.,Oligancistrus punctatissimus, Platystacus cotylephorus, Potamorhina latior,Potamotrygon cf. humerosa, Potamotrygon leopoldi, Potamotrygon orbignyi,Pseudepapterus hasemani, Pseudotylosurus microps, Pterengraulisatherinoides, Reganella depressa, Rhinodoras dorbignyi, Roeboexodonguyanensis, Sternarchorhynchus curvirostris, Trachelyopterus galeatusEnchente, nr + Seca, nr 7Acestrorhynchus microlepis, Hemiodus immaculatus, Loricariidae sp.,Peckoltia sp. 1, Plagioscion sp., Pygocentrus nattereri, Serrasalmus cf.eigenmanniEnchente, nr + Seca, nr +Vazante, rEnchente, nr + seca, r 7Enchente, nr + vazante, r 75Bivibranchia fowleri, Cichla sp., Curimata cyprinoides, Hassar orestis,Hemiodus vorderwinkleriCynodon gibbus, Doras cf. eigenmanni, Eigenmannia aff. macrops,Hypophthalmus marginatus, Pimelodella altipinnis, Rhamphichthysrostratus, Sternarchella terminalisAnchovia surinamensis, Bivibranchia velox, Curimata ocellata, Megalodorasuranoscopus, Opsodoras ternetzi, Schizodon vittatus, Tatia simplexNOTA: nr=não raras; r=raras; As espécies de todas as linhas menos as duas últimas referemsea espécies encontradas nos setores I, II e III simultaneamente.6365-EIA-G90-001b 59 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1-3Classificação das espécies de peixes capturadas com redes de malha, em função docomponente temporal e intensidade da presença entre os setores.ConclusãoClassificação S EspéciesTransições, r 9Acestrocephalus sardina, Anostomus sp. 2, Centromochlus heckelii,Cyphocharax leucostictus, Eigenmannia aff. virescens, Electrophoruselectricus, Hypoptopoma aff. gulare, Pimelodina flavipinnis, Roeboides cf.descalvandensisTransições, nr + Seca, r 2 Ageneiosus aff. ucayalensis, Loricaria sp.Acestrorhynchus falcirostris, Brycon pesu, Leporinus friderici, PlagioscionVazante, nr + Seca, nr +7 squamosissimus, Pseudoloricaria punctata, Serrasalmus aff. manueli,Enchente rarasSternopygus xinguVazante, nr + Seca, r 1 Auchenipterichthys sp.Vazante, r + seca, r 9Seca, nr 6Seca, r 33Seca, nr + vazante, r 2 Crenicichla sp., Myleus sp.Seca + transições, r 7Seca, r + enchente, r 20Baryancistrus sp "preto", Curimata inornata, Cyphocharax stilbolepis,Hydrolycus scomberoides, Laemolyta cf. taeniata, Laemolyta taeniata,Moenkhausia grandisquamis gr. , Pimelodus sp., Potamotrygon motoroAgoniates sp., Boulengerella maculata, Bryconops sp., Leporinus sp. "psi",Pseudoloricaria sp. 1, Triportheus sp.Acnodon normani., Ageneiosus sp., Anchovia clupeoides, Anostomusintermedius, Baryancistrus sp. 1 , Bivibranchia fowleri., Calophysusmacropterus, Caquetaia spectabilis, Charax sp., Crenicichla strigata,Curimata spilura, Curimatella sp., Eigenmannia sp., Geophagusproximusproxi., Hassar sp., Hypoptopomatidae sp., Metynnis sp.,Oligancistrus sp. 3, Pachyurus schomburgkii, Pellona castelnaeana,Pimelodinae sp., Platystomatichthys sturio, Poptella sp., Rhaphiodon sp.,Roeboides sp., Satanoperca sp., Schizodon sp., Scobiancistrus sp.,Scobinancistrus pariolispos, Serrasalmus rhombeus, Serrasalmus manueli,Serrasalmus sp., Teleocichla sp.Acnodon normani, Anostomoides laticeps, Baryancistrus niveatus,Cyphocharax spiluropsis, Geophagus proximus, Glyptoperichthys xinguensis,54321Satanoperca jurupariAequidens michaeli, Ancistrus sp. 2, Apteronotus aff. bonaparti,Brachyplatystoma filamentosum, Crenicichla aff. strigata, Crenicichla inpa,Eigenmannia aff. limbata, Hypoclinemus sp., Leporinus brunneus,Loricariichthys SP., Lycengraulis batesii, Oligancistrus sp. 2, Ossubtusxinguensis, Osteoglossum bicirrhosum, Panaque nigrolineatus, Paratrygonaiereba, Peckoltia vittata, Pellona flavipinnis, Platydoras costatus,Pterodoras granulosusSeca, r + enchente, r 3 Leporinus tigrinus, Pristobrycon striolatus, Rhamdia sp.Seca, nr + Enchente, nr +vazante, r8Chalceus macrolepidotus, Hydrolycus armatus, Moenkhausia intermedia,Retroculus xinguensis,Petilipinnis grunniensScobinancistrus aureatus, Semaprochilodus brama, Tometes sp. "xingu".Setor IV – Vazante, nr 3 Acarichthys heckelii, Cetengraulis sp., Colomesus asellusSetor IV – Seca, nr 6Hemiodontichthys acipenserinus, Geophagus altifrons, Serrasalmusspilopleura, Acestrorhynchus sp., Cyphocharax abramoides, Tetragonopterusargenteus.NOTA: nr=não raras; r=raras; As espécies de todas as linhas menos as duas últimas referemsea espécies encontradas nos setores do rio I, II e III simultaneamente.Os resultados desta seção mostram que as análises de ordenação feitas com base naabundância definem ambientes mais homogêneos. Já quando são feitas análises com base naocorrência de espécies, tem-se uma melhor representação das especificidades (raridades) e,desta forma, torna-se melhor a diferenciação entre ambientes, sendo mais notória a separação6365-EIA-G90-001b 60 Leme Engenharia Ltda


em grupos de ambientes acima e abaixo das cachoeiras de Belo Monte. Assim, verifica-se queos diferentes trechos do rio demonstram uma grande diversidade, com grande número deespécies, a maior parte delas, com pouca abundância, mas que caracterizam cada setor deforma particular (CAMARGO, 2004).d2) Abundância, Biomassa e RiquezaAvaliando-se o efeito espaço temporal sobre as médias do número total de espéciescapturadas nas amostragens, após a transformação dos dados via logaritmo natural, foiconstatada a influência dos setores (F (3;44) =3,01; p


GRÁFICO 7.8.4.1- 8 - Valores médios e erro padrão da média do número de espécies eabundância, nos setores do rio (I, II, III e IV) e períodos, para aictiofauna capturada com redes de malha.GRÁFICO 7.8.4.1- 9 - Valores médios e erro padrão da biomassa relativa média nos setoresdo rio, amostrados com rede de malha.6365-EIA-G90-001b 62 Leme Engenharia Ltda


GRÁFICO 7.8.4.1- 10 - Valores médios e erro padrão da biomassa média nos períodos decoleta, amostrados com rede de malha.d3) DiversidadeDe um modo geral, a riqueza de espécies foi elevada entre todos os setores com variação entre27 e 188 espécies. Assim, a representatividade total oscilou de 11 a 77% do total de espéciescapturadas com redes de malha, em habitats tão diversificados estruturalmente. A dominânciaoscilou de 8 a 54%, o que reflete uma diferença considerável entre as estimativas dediversidade para os setores, períodos e suas respectivas interações (TABELA 7.8.4.1- 7).6365-EIA-G90-001b 63 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 7Variação espaço temporal da riqueza (S), abundância (N), número de indivíduos da espéciecom maior abundância (N(max)), índice de dominância de Berger-Parker (I(B-P)) ediversidade de Shannon-Weaver (H’) ± variância, para a ictiofauna capturada com redes.Setor Período S N N (max) I (B-P) H’±Var(H’)Vazante 69 1146 438 0,382 2,83±0,00253ISeca 102 1839 148 0,080 3,86±0,00063Enchente 83 1574 242 0,154 3,24±0,00119Todos 145 4559 603 0,132 3,87±0,00036Vazante 105 2722 413 0,152 3,39±0,00069IISeca 123 1924 459 0,239 3,64±0,00123Enchente 123 7634 2400 0,314 3,07±0,00036Todos 188 12280 3078 0,251 3,52±0,00023Vazante 70 875 211 0,241 3,15±0,00245IIISeca 100 1338 235 0,176 3,65±0,00122Enchente 132 2408 263 0,109 3,97±0,00059Todos 174 4621 463 0,100 4,14±0,00035Vazante 27 125 67 0,536 2,09±0,02123IVSeca 68 460 57 0,124 3,48±0,00274Enchente 79 2109 475 0,225 2,90±0,00098Todos 131 2694 475 0,176 3,44±0,00085Seca 134 4868 483 0,099 3,74±0,00034Todos os setores Seca 183 5561 753 0,135 4,13±0,00031Enchente 181 13725 2746 0,200 3,76±0,00016Todos os setores Todos os períodos 251 24154 3896 0,161 4,10±0,00009A comparação da diversidade de Shannon para os quatro setores estudados mostrou que ossetores com menor diversidade foram o IV e II, e de forma inversa, o setor III apresentou amaior diversidade (GRÁFICO 7.8.4.1- 11).GRÁFICO 7.8.4.1- 11 - Valores globais do índice de diversidade de Shannon, H´ e variânciadeste estimador, entre os setores do rio, para as coletas com redesde malha.6365-EIA-G90-001b 64 Leme Engenharia Ltda


Na comparação da diversidade na escala temporal, o período de seca apresentou o maior valore os outros períodos apresentaram valores inferiores e equivalentes (GRÁFICO 7.8.4.1- 12).GRÁFICO 7.8.4.1- 12 - Valores globais do índice de diversidade de Shannon e variânciadeste estimador, entre os períodos de coleta em todos os setores.Uma ordenação das interações entre setores e períodos indicou como mais diversificados: III(E); período de seca nos setores I, II, III e IV; II (V), I (E), III (V); período de enchente nossetores II e IV; período de vazante nos setores I e IV (GRÁFICO 7.8.4.1- 13).GRÁFICO 7.8.4.1- 13 - Índice de diversidade de Shannon Weaver e variância desteestimador, entre os setores do rio e períodos de coleta.As curvas de coletor entre setores e entre períodos foram estimadas. No caso da estimativanão paramétrica do número de espécies, a representatividade global obtida oscilou entre 82 e92% (TABELA 7.8.4.1- 8TABELA 7.8.4.1- 8 e GRÁFICO 7.8.4.1- 14 c). O setor IV foi oque apresentou menor representatividade (extremos: 43-90%), enquanto que o setor I(extremos: 64-86%) apresentou uma representatividade intermediária. Os setores II (71-89%)e III (72-93%) apresentaram a maior representatividade do número de espécies estimada(TABELA 7.8.4.1- 8 e GRÁFICO 7.8.4.1- 14 c).Através dos estimadores aplicados (GRÁFICO 7.8.4.1- 14 c), concluiu-se que o estimador6365-EIA-G90-001b 65 Leme Engenharia Ltda


Bootstrap foi o que acompanhou a curva de riqueza observada. Por sua vez observou-se que ariqueza acumulada estimada variou entre 220 e 290 espécies, com valores próximos à curvaasintótica de riqueza total esperada.6365-EIA-G90-001b 66 Leme Engenharia Ltda


GRÁFICO 7.8.4.1- 14 - Curva do coletor para: (a) setores do rio e períodos de coleta; (b) setores e os respectivos valores de desvio padrão; (c) total e os respectivos valores de desvio padrão e estimativas de riquezatotal por meio de métodos não-paramétricos.6365-EIA-G90-001b 67 Leme Engenharia Ltda


d4) Conectividade Espaço-temporal da Ictiofauna de Remanso• Classificação e ordenaçãoPara análise da similaridade entre a ictiofauna realizada, foi feita uma classificação baseadana abundância relativa das espécies. Esta análise indicou 07 agrupamentos, representados por:(G 1 ) período de enchente, setores I e III e o setor II, seca; (G 2 ) setor III, vazante e seca; (G 3 )setor I, vazante e seca; (G 4 ) setor II, enchente e vazante; (G 5.a ) setor IV, seca; (G 5.b ) setor IV,enchente; (G 5.c ) setor IV, vazante (GRÁFICO 7.8.4.1- 15).TABELA 7.8.4.1- 8Valores de riqueza estimados segundo as técnicas não-paramétricas para os períodos e setores.EstimativasRepresentatividadeSetores Períodos S CH 1 CH 2 J 1 J 2 B CH 1 CH 2 J 1 J 2 BI Todos os períodos 145 180 216 196 226 168 81% 67% 74% 64% 86%II Todos os períodos 188 212 237 240 263 213 89% 79% 78% 71% 88%III Todos os períodos 174 187 240 222 236 198 93% 72% 78% 74% 88%IV Todos os períodos 131 146 306 195 231 159 90% 43% 67% 57% 82%Enchente 83 112 106 106 115 94 74% 78% 78% 72% 88%I Seca 102 112 179 149 171 123 91% 57% 69% 60% 83%Vazante 69 81 116 90 96 80 85% 59% 76% 72% 87%Enchente 123 143 221 165 188 142 86% 56% 75% 65% 87%II Seca 123 155 227 172 191 146 79% 54% 72% 64% 84%Vazante 105 120 144 141 155 122 87% 73% 74% 68% 86%Enchente 132 155 177 175 194 152 85% 75% 75% 68% 87%III Seca 100 131 250 137 152 118 76% 40% 73% 66% 85%Vazante 70 91 119 97 108 83 77% 59% 72% 65% 85%Enchente 79 96 125 110 121 93 83% 63% 72% 65% 85%IV Seca 145 180 216 196 226 168 81% 67% 74% 64% 86%Vazante 27 44 27 41 41 34 62% 100% 67% 67% 80%Todos Todos os períodos 251 277 279 294 304 273 91% 90% 85% 82% 92%NOTA: S- número de espécies observadas; CH1 e CH2 – Métodos de Chao; J1 e J2 –Médodos de Jacknife; B- Método Bootstrap.Deste modo, tem-se uma topologia entre os setores e períodos, constituída de pontos extremosno setor IV, e conexões mais intensas entre os (a) períodos de transição no setor II; entre osperíodos de vazante e seca, nos setores (b.1) I e (b.2) II, bem como entre o período deenchente nos setores I e III e o período de seca, no setor II (GRÁFICO 7.8.4.1- 16).6365-EIA –G90-001b 68 Leme Engenharia Ltda


GRÁFICO 7.8.4.1- 15 - Dendrograma de dissimilaridade entre os setores do rio (I, II, III eIV) e períodos do ano (E: Enchente; S: Seca; V: Vazante), emfunção da abundância relativa das espécies capturadas com rede demalha.GRÁFICO 7.8.4.1- 16 - Topologia da rede de similaridade entre os setores do rio (números)e períodos (E: Enchente; S: Seca; V: Vazante) constituintes dosagrupamentos, arranjados segundo a técnica MDS, em função daabundância relativa entre as espécies capturadas na arte de pescamalhadeira.Dentre as espécies exclusivas entre os agrupamentos, tem-se:6365-EIA –G90-001b 69 Leme Engenharia Ltda


G1: Ancistrus ranunculus, Anostomus intermedius, Archolaemus blax, Crenicichla strigata,Eigenmannia sp., Hemicetopsis candiru, Hypancistrus sp. "pão", Hypostomus sp. (2),Leporinus sp. "pa", Lithodoras dorsalis, Megalonema sp., Oligancistrus punctatissimus,Pachyurus junki, Panaque nigrolineatus, Peckoltia vittata, Potamorhina latior, Potamotrygoncf. humerosa, Potamotrygon leopoldi, Serrasalmus rhombeus, Sternarchorhynchuscurvirostris, Teleocichla sp.G2: Acnodon normani, Anchovia clupeoides, Centromochlus sp., Cetopsis sp., Pimelodinaesp.G3: Ancistrus sp., Bivibranchia sp., Calophysus macropterus, Charax sp., Platystomatichthyssturio, Potamotrygon motoro, Roeboides sp., Schizodon sp., Scobiancistrus sp.,Scobinancistrus pariolispos.G4: Acestrocephalus sardina, Anchoviella vaillanti, Hemiodus microlepis, Hoplerythrinusunitaeniatus, Hypopomidae sp., Hypoptopoma aff. gulare, Laemolyta sp., Micromischodussugillatus, Moenkhausia sp., Potamotrygon orbignyi, Roeboexodon guyanensis, Roeboides cf.descalvandensis, Trachelyopterus galeatus.G5.a: Acestrorhynchus sp., Cyphocharax abramoides, Geophagus altifrons,Hemiodontichthys acipenserinus, Serrasalmus cf. spilopleura, Tetragonopterus argenteus.G5.b: NenhumaG 5.c: Acarichthys heckelii, Cetengraulis sp., Colomesus asellus.Já as espécies típicas de cada um dos agrupamentos são listadas, com os respectivos valoresde freqüência relativa, na TABELA 7.8.4.1- 9.• Síntese da Conectividade Espaço-temporalAo testar as diferenças entre os agrupamentos, foi detectada significância para o número deespécies (F (7;56) =64,82; p


TABELA 7.8.4.1- 9Freqüência relativa das espécies típicas nos agrupamentos.Espécie G1 G2 G3 G4 G5a G5b G5cAcestrorhynchus falcatus 5,3Acestrorhynchus falcirostris 2,7 8,7Ageneiosus aff. ucayalensis 5,3Ageneiosus inermis 3,6Agoniates anchovia 8,3Argonectes robertsi 3,1Auchenipterus nuchalis 53,6Bivibranchia fowleri 2,7Boulengerella cuvieri 3,3 4,8 4,0Caenotropus labyrinthicus 6,0Centromochlus heckelii 9,5Curimata cyprinoides 19,6 4,0 7,0Curimatella dorsalis 7,1 4,6Cyphocharax stilbolepis 5,5Geophagus proximus 2,5Hassar orestis 3,0 5,0Hemiodus argenteus 3,0Hemiodus immaculatus 4,4 3,2 5,3 12,4Hemiodus unimaculatus 13,4 16,8 3,0 25,3Leporinus sp. "psi" 3,1Leporinus sp. "verde" 5,2Loricaria sp. 22,5Lycengraulis batesii 10,6Moenkhausia intermedia 6,6Myleus torquatus 2,9 3,5 2,5Pachyurus schomburgkii 2,8 10,0Plagioscion sp. 4,8Plagioscion squamosissimus 2,6 4,0Pristobrycon striolatus 5,0Pseudoloricaria punctata 4,6Pygocentrus nattereri 4,0Roeboides dayi 3,2Petilipinnis grunniens 4,2 15,1 6,4Tocantinsia piresi 2,5Triportheus rotundatus 3,36365-EIA –G90-001b 71 Leme Engenharia Ltda


GRÁFICO 7.8.4.1- 17 - Número de espécies médio e abundância média e seus respectivoserros padrão, nos agrupamentos encontrados para a ictiofaunacapturada com redes de malha.Entre agrupamentos, a maior biomassa foi assinalada nos agrupamentos G 1 e G 3 , osagrupamentos G 2 , G 4 e G 5.b situaram-se em posição intermediária, enquanto que osagrupamentos G 5.a e G 5.c apresentaram os menores valores de biomassa (GRÁFICO 7.8.4.1-18).GRÁFICO 7.8.4.1- 18 - Médias e desvio padrão da biomassa dos agrupamentos de espéciesencontrados para a arte malhadeira.6365-EIA –G90-001b 72 Leme Engenharia Ltda


De acordo com os resultados apresentados é possível compreender que existe uma forteassociação entre a distribuição da abundância das espécies e as características físicas doambiente. Assim, muitas espécies possuem grande capacidade para habitar diversosambientes, tais como o canal do rio, remansos e lagos, simultaneamente. Contudo, existemespécies com certas preferências. Camargo (2004) detectou três grandes grupos de espéciesnos mesmos ambientes: i) espécies com preferências por substratos com predominância lamaou fundos moles; ii) espécies com preferência pelos ambientes com velocidade moderada; eiii) espécies que habitam ambientes com velocidade de correnteza baixa ou nula. Aquelasespécies que possuem melhor grau de adaptação para explorar um maior espectro de recursosapresentam maior área de dispersão e serão, portanto, localmente abundantes e amplamentedistribuídas espacialmente (CAMARGO, 2004).e) A Ictiofauna do Canal do Rio (Espinhel)e1) Composição TaxonômicaNo canal do rio, foram capturados 224 indivíduos, pertencentes a 16 espécies, distribuídas em06 famílias e 04 ordens (Anexo 7.8.4.1-4). A ordem Siluriformes apresentou a maior riqueza(07 espécies), seguida de Characiformes (05 espécies). As ordens Rajiformes (03 espécies) ePerciformes (01 espécie) apresentaram o menor número de espécies. Estas espécies são dehábitos demersais, na maior parte, predadores e em geral de maior tamanho corporal. Osbagres da família Pimelodidae da ordem Siluriformes apresentaram o maior número deespécies(4), em seguida, com três espécies, as famílias Characidae, Potamotrygonidae eAuchenipteridae e a família Erythrinidae com duas espécies. A família Sciaenidae,Perciformes foi representada por somente uma espécie (TABELA 7.8.4.1- 10).Com relação à densidade, a ordem Siluriformes foi responsável por cerca de 92% do total deindivíduos capturados e cerca de 88% do total da biomassa. Dentre os Siluriformes,Pimelodidae (abundância: 42,73%, biomassa: 74,98%) e Auchenipteridae (abundância:48,48%, biomassa: 13,27%) foram as famílias mais importantes em todas as capturas.A maior abundância de Pimelodidade foi particularmente notável no setor I e III, nos períodosde vazante e de seca e no setor II, no período vazante. Enquanto que Auchenipeteridae foipredominante no período de enchente, em todos os setores, e no setor II, no período de seca.Já com relação à biomassa, Pimelodidae foi predominante em todos os setores e períodos, aexceção do período de enchente, no setor II, onde Auchenipteridae superou a famíliaPimelodidae.Phractocephalus hemioliopterus ocorreu em todos os setores e períodos; Pinirampuspirinampu ocorreu em todos os setores e períodos, a exceção da seca, no setor I. Tocantinsiapiresi esteve ausente nos setores I e III na vazante. Pseudoplatystoma fasciatum foi registradano setor I em todos os períodos e ocorreu nos setores II e III, somente na seca. O setor III, naseca apresentou 03 espécies exclusivas (Brachyplatystoma filamentosum, Hoplias aimara ePygocentrus nattereri), enquanto que o setor I no período de seca e II no período de vazanteapresentaram somente uma espécie (Pachyurus schomburgkii e Hoplias malabaricus,respectivamente) (TABELA 7.8.4.1- 10).6365-EIA –G90-001b 73 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 10Abundância absoluta por espécie nas capturas com espinhel, no canal do rio, de acordo comos setores e períodosI II IIIOrdem Família Espécie V S E T V S E T V S E T TCharaciformes Characidae Hydrolycus armatus 1 1 1 1 2Pygocentrus nattereri 1 1 1Serrasalmus rhombeus 1 1 1 1 2Total 1 1 1 1 3 3 5Erythrinidae Hoplias aimara 1 1 1Hoplias malabaricus 1 1 1Total 1 1 1 1 2Total 1 1 2 1 1 4 4 7Perciformes Sciaenidae Pachyurus schomburgkii 1 1 1Rajiformes Potamotrygonidae Paratrygon aiereba 1 1 2 2Potamotrygon leopoldi 4 2 6 1 1 7Total 4 2 6 2 1 3 9Siluriformes Auchenipteridae Ageneiosus aff. ucayalensis 2 2 4 4 2 2 8Ageneiosus inermis 1 1 2 2 3Tocantinsia piresi 2 12 14 4 11 55 70 1 15 16 100Total 3 14 17 8 11 57 76 1 17 18 111PimelodidaeBrachyplatystoma1 1 1filamentosumPhractocephalus3 10 5 18 9 2 3 14 10 19 9 38 70hemioliopterusPinirampus pirinampu 1 2 3 2 2 3 7 2 2 3 7 17Pseudoplatystoma fasciatum 1 1 2 4 3 3 1 1 8Total 5 11 9 25 11 7 6 24 12 23 12 47 96Total 5 14 23 42 19 18 63 100 12 24 29 65 207Total 5 15 24 44 21 22 65 108 12 30 30 72 224NOTA: E: Enchente; S: Seca; V: Vazante T: Total.Em relação à abundância se destacaram Phractocephalus hemioliopterus nos setores I e III, navazante e seca; e setor II na vazante. Tocantinsia piresi ganhou destaque pela sua abundânciano período da enchente, em todos os setores e no setor II, durante a seca. Um padrão similarfoi observado para a biomassa: Phractocephalus hemioliopterus foi predominante em todos osperíodos no setor III; no setor I, nos períodos de seca e enchente, e no setor II, somente noperíodo de vazante. Tocantinsia piresi foi destaque no período de enchente, nos setores II eIII. Potamotrygon leopoldi, considerada espécie endêmica em extinção, foi destaque nabiomassa, no período de seca, no setor II.As capturas destes predadores de canal do rio, particularmente os de maiores tamanhos comopirarara (Phractocephalus hemioliopterus), arraias (Potamotrygon sp) e pocomon(Tocantinsia piresi) foram bastante importantes, o que significa que estas espécies sãoabundantes nos períodos noturnos e crepusculares neste ambiente. As maiores capturas deTocantinsia piresi foram durante o período de águas altas, quando os mesmos estão maisativos e dispertos, na procura de presas. Durante a seca, os indivíduos desta espécie possuemhábito gregário e se deslocam para as partes mais fundas do canal, dificultando a sua6365-EIA –G90-001b 74 Leme Engenharia Ltda


capturabilidade (BURGES, 1989).e2) Abundância, Biomassa e RiquezaAvaliando-se o efeito espacial e temporal sobre a riqueza em cada uma das amostragens, aabundância total de espécies e a biomassa, resultou que somente a densidade apresentoudiferença entre os períodos de coleta (F (2;36) =3,84; p


GRÁFICO 7.8.4.1- 20 - Valores médios e erro padrão da média da biomassa/indivíduos, nosperíodos de coleta, capturados com o aparelho espinhele3) DiversidadeO número total de espécies capturadas foi relativamente baixo, quando comparado com ascapturas de redes de malha, oscilando entre 2 a 11 espécies. Isto é natural nesta arte de pescaque captura peixes predadores de maior tamanho, localizados preferencialmente no meio docanal do rio e que não são fáceis de serem capturados com redes de malha.Também foi observada alta dominância, indicada pelo índice de Berger-Parker, com ummínimo de 0,43 e um máximo de 0,85 (TABELA 7.8.4.1- 11). Uma regressão entre estesestimadores de dominância e de diversidade confirma uma correlação negativa (r=-0,87) entreos mesmos, o que explica a diminuição do valor da diversidade por influência da baixaequidade entre as espécies nos ambientes coletados.TABELA 7.8.4.1- 11Valores de riqueza, abundância, abundância máxima (N(max)), índice de dominância deBerger-Parker (I(B-P))e índice de diversidade de Shannon-Weaner (H’) e a respectivaestimativa de variância, entre setores e períodos de coleta, para a ictiofauna capturada comespinhelSetor Período N N (Max) I (B-P) S H'± Var(H’)I Enchente 24 12 0,50 6 1,43±0,16II Enchente 65 55 0,85 5 0,64±0,14III Enchente 30 15 0,50 5 1,23±0,13I Seca 15 10 0,67 5 1,08±0,24II Seca 22 11 0,50 5 1,36±0,14III Seca 30 19 0,63 11 1,49±0,24I Vazante 5 3 0,60 3 0,95±0,19II Vazante 21 9 0,43 6 1,51±0,14III Vazante 12 10 0,83 2 0,45±0,17Um arranjo entre os setores indica que, o setor II, no período de enchente, e o setor III, no6365-EIA –G90-001b 76 Leme Engenharia Ltda


período de vazante, possuem menor diversidade no canal do rio. Em um patamarintermediário está o setor I, no período de vazante e seca. As maiores diversidades foramencontradas no canal, geralmente na estação seca (setor II e III), ou na vazante do setor II e naenchente do setor I (GRÁFICO 7.8.4.1- 21).GRÁFICO 7.8.4.1- 21 - Valores do índice de diversidade de Shannon Weaver e variânciadeste estimador, entre os setores e períodos de coleta, capturadoscom o aparelho espinhelAs estimativas de valores de globais de riqueza oscilaram entre 19 e 24 espécies, o queconfere às coletas realizadas uma representatividade entre 67-86% (TABELA 7.8.4.1- 12).Deste modo tem-se que o esforço amostral empregado representou, de maneira satisfatória, ariqueza de espécies neste ambiente.TABELA 7.8.4.1- 12Valores de riqueza estimada e representatividade da riqueza observadaEstimadores S (e) RepresentatividadeChao 1 22 73%Chao 2 21 78%Jackniffe 1 22 73%Jackniffe 2 24 67%Bootstrap 19 86%Observado 166365-EIA –G90-001b 77 Leme Engenharia Ltda


e4) Conectividade Espaço-temporal• Classificação e OrdenaçãoPor meio da aplicação da técnica de análise de cluster para os dados de abundância, foramclassificados os seguintes agrupamentos: G1 – período de enchente, setores I e II; G2 – setorII, período de seca e setor III, período de enchente; G3 – período de vazante, setores II e III eperíodo de seca, setores I e III; G4 – setor I, período de vazante (GRÁFICO 7.8.4.1- 22).GRÁFICO 7.8.4.1- 22 - Dendrograma de dissimilaridade entre os setores do rio (I, II, III eIV) e períodos (E: Enchente; S: Seca; V: Vazante), em função daabundância relativa das espécies capturadas com espinhel.Dentre os agrupamentos, somente as espécies Ageneiosus aff. ucayalensis e Potamotrygonleopoldi foram exclusivas dos agrupamentos, G3 e G2, respectivamente. Tomando-se comobase a abundância relativa total das espécies nos agrupamentos, tem-se que G1 apresentoupredomínio de Tocantinsia piresi, enquanto G2 apresentou predomínio além de Tocantinsiapiresi, Phractocephalus hemioliopterus e Pinirampus pirinampu. Já o G3 apresentoupredomínio de Phractocephalus hemioliopterus e Tocantinsia piresi. O menor número deespécies típicas foi assinalado no G4, onde Phractocephalus hemioliopterus apresentoupredomínio juntamente a Pinirampus pirinampu e Pseudoplatystoma fasciatum (TABELA7.8.4.1- 13).A topologia entre os setores e períodos é representada pela GRÁFICO 7.8.4.1- 23, a qualindica uma grande separação do setor I, no período vazante, e maior agregação nos períodosde vazante nos setores II e III e no período de seca nos setores I e III. Infere-se sobre aelevada contribuição do componente temporal, especialmente ao que se refere a discriminaçãodo período de enchente, em regiões mais a montante.6365-EIA –G90-001b 78 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 13Freqüência relativa das espécies típicas capturadas com espinhel nos agrupamentos obtidos naanálise de cluster.Espécies G1 G2 G3 G4Ageneiosus aff. ucayalensis 5,1Phractocephalus hemioliopterus 9,0 21,2 61,5 60,0Pinirampus pirinampu 5,6 9,6 7,7 20,0Potamotrygon leopoldi 7,7Pseudoplatystoma fasciatum 5,8 20,0Tocantinsia piresi 75,3 50,0 9,0Estes resultados conferem com a interpretação dos deslocamentos destes predadores ao longodo rio. Supõe-se que, durante a seca e vazante, a maior parte das espécies destes predadoresencontra-se nos canais do rio, principalmente nos setores II e III. Durante a enchente, ou estãomigrando rio acima, ou já entraram nas áreas de inundação, não acessíveis a este tipo de artede pesca.GRÁFICO 7.8.4.1- 23 - Topologia da rede de similaridade entre os setores e períodosconstituintes dos agrupamentos, arranjados segundo a técnicaMDS, no ambiente de canal do rio, baseado nas espéciescapturadas com espinhel• Síntese da Conectividade Espaço-temporalAvaliando-se o efeito da estrutura de agrupamento sobre a riqueza entre as coletas,abundância relativa e biomassa, tem-se que somente a abundância relativa foi influenciada(F (3;32) =3,47; p


ind.dia -1 .anzol -1 ) (GRÁFICO 7.8.4.1- 24), o que pode novamente indicar movimentosconcentrados da ictiofauna no canal do rio, nas partes mais a montante da área de estudo,durante o período de subida das águas.GRÁFICO 7.8.4.1- 24 - Valores médios e erro padrão da média de abundância absoluta, emfunção dos agrupamentosA predominância de Siluriformes nas áreas demersais é um padrão já registrado em outrosambientes amazônicos estudados. Algumas destas espécies, como Tocantinsia piresi,apresentam uma dinâmica temporal complexa, de forma tal que podem aparentementedesaparecer do setor durante o período da seca. Tudo indica que muitos destes peixes seconcentram em áreas mais fundas do canal principal e sobem à superfície no início daenchente, quando começa a desova, ocupando áreas de remanso e, principalmente, dasmargens inundadas da floresta marginal.f) Os Peixes Bentônicos das Corredeiras e Pedrais (Parcelas)f1) Composição TaxonômicaNestes ambientes foram encontrados 2.656 indivíduos durante o período de estudo. Um totalde 32 espécies, todas da família Loricariidae, foram encontradas, pertencentes a 15 gêneros:Ancistrus (5 spp.), Baryancistrus (6 spp.), Farlowella (1 sp.), Hopliancistrus (1 sp.),Hypostomus (1 sp.), Leporacanthicus (1 sp.), Loricaria (1 sp.), Oligancistrus (4 spp.),Panaque (1 sp.), Parancistrus (4 spp.), Peckoltia (2 spp.), Pseudacanthicus (1 sp.),Pseudancistrus (1 sp.), Scobinancistrus (2 spp.), Squaliforma (1 sp.) (Anexo 7.8.4.1-5). Ascoletas de estação cheia foram utilizadas apenas para a classificação taxonômica, pois ométodo para a quantificação da densidade não pode ser mantido com os níveis de vazãoencontrado nas corredeiras nesse período, que impediam a delimitação das parcelas, paraestimar a densidade.Os cascudos pertencem a um grupo taxonômico pouco conhecido. Isto reflete no grande6365-EIA –G90-001b 80 Leme Engenharia Ltda


numero de espécies sobre as quais não foi encontrada uma classificação específica adequadana literatura. A falta de estudos mais profundos nestes ambientes e o grande número deespécies classificadas com o epíteto “sp” permitem supor que um grande número de espéciesnovas podem ainda ser descritas para a fauna de pedrais.A abundância relativa se distribuiu entre as espécies: Oligancistrus sp. 2 (17,8%),Oligancistrus sp. 1 (16,6%), Parancistrus nudiventris (11,4%), Peckoltia sp. 1 (10,3%),Baryancistrus sp. 2 (10,1%), que apresentaram a maior abundância, correspondendo a 66,3%do total. Já as espécies: Peckoltia vittata (5,8%), Ancistrus sp. 3 (3,6%), Parancistrus sp. 3(3,3%), Ancistrus ranunculus (2,8%), Baryancistrus sp. 3 (2,6%), Scobinancistrus aureatus(2,4%), Ancistrus sp. 2 (1,6%), Scobinancistrus pariolispos (1,5%), Parancistrus cf.nudiventris (1,5%) situaram-se num patamar intermediário, correspondendo a 25% daabundância total. Enquanto que as espécies: Squaliforma emarginata (1,3%), Baryancistrussp. 1 (1,1%), Ancistrus sp. 1 (1,1%), Oligancistrus punctatissimus (0,8%), Ancistrus sp. 4(0,8%), Oligancistrus sp. 3 (0,6%), Leporacanthicus joselimai (0,6%), Hopliancistrustricornis (0,5%), Pseudancistrus barbatus (0,5%), Baryancistrus niveatus (0,4%),Baryancistrus sp. 4 (0,2%), Baryancistrus sp. 5 (0,2%), Farlowella sp. (0,2%), Loricaria sp.(0,2%), Panaque nigrolineatus (0,2%), Parancistrus sp. 1 (0,2%), Hypostomus sp. (0,1%),Pseudacanthicus sp. (0,1%) situaram-se em um patamar inferior, correspondendo a 8,7% dototal da abundância.No caso da biomassa, as espécies: Parancistrus nudiventris (27,6%), Oligancistrus sp. 2(11,8%), Ancistrus ranunculus (10,3%), Oligancistrus sp. 1 (10,2%), Peckoltia vittata (7,5%),Parancistrus sp. 3 (5,6%), Baryancistrus sp. 2 (4,9%), Peckoltia sp. 1 (4,8%) foram as queapresentaram maiores valores, correspondendo a 82,7% da biomassa total. As espécies:Ancistrus sp. 3 (2,0%), Baryancistrus sp. 3 (2,0%), Panaque nigrolineatus (1,9%),Baryancistrus sp.4 (1,4%), Parancistrus cf. nudiventris (1,2%), Scobinancistrus pariolispos(1,1%), Oligancistrus punctatissimus (1,1%) representam 10,8% da biomassa total. Enquantoque as espécies Ancistrus sp. 2 (0,9%), Hypostomus sp. (0,9%), Squaliforma emarginata(0,9%), Baryancistrus sp1 (0,7%), Scobinancistrus aureatus (0,7%), Leporacanthicusjoselimai (0,6%), Pseudancistrus barbatus (0,5%), Ancistrus sp. 4 (0,4%), Parancistrus sp. 1(0,3%), Hopliancistrus tricornis (0,3%), Ancistrus sp. 1 (0,2%), Oligancistrus sp. 3 (0,1%),Baryancistrus niveatus (0,1%), Loricaria sp. (0,04%), Pseudacanthicus sp. (0,02%),Farlowella sp. (0,01%), Baryancistrus sp. 5 (0,003%) situaram-se em um patamar inferior,representando 6,5% da biomassa total.Avaliando-se a riqueza dos setores, tem-se que a menor quantidade de espécies foi encontradano setor II (20 espécies), enquanto que os setores I e III apresentaram a mesma riqueza (23espécies) (QUADRO 7.8.4.1- 4).).Todos os setores apresentaram espécies exclusivas, sendo que no setor I ocorreram 03espécies exclusivas (Hypostomus sp., Loricaria sp., Parancistrus cf. nudiventris), enquantoque o setor III apresentou 02 espécies exclusivas (Baryancistrus sp. 3, Oligancistrus sp. 3) e osetor II, apenas 01 espécie exclusiva (Panaque nigrolineatus) (QUADRO 7.8.4.1- 4).6365-EIA –G90-001b 81 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1- 4Riqueza de espécies exclusivas e comuns da família Loricariidae, entre setores, no ambientede pedrais/corredeirasSetor I Setor II Setor III S(+) 3(+) 1(+) 2(+) (+) 2(+) (+) 4(+) (+) 3(+) (+) (+) 1423 20 23 29NOTA: (+) – presença de espécie ou espécies no setorUm total de 14 espécies esteve presente em todos os setores (Ancistrus sp. 3, Ancistrus sp. 4,Baryancistrus sp. 1, Baryancistrus sp. 2, Hopliancistrus tricornis, Leporacanthicus joselimai,Oligancistrus punctatissimus, Oligancistrus sp. 1, Oligancistrus sp. 2, Parancistrusnudiventris, Parancistrus sp. 3, Peckoltia sp. 1, Pseudancistrus barbatus, Scobinancistrusaureatus (QUADRO 7.8.4.1- 4).Avaliando-se a ocorrência de espécies em função dos períodos de coleta, conclui-se que amaioria das espécies (13 espécies: Ancistrus ranunculus, Ancistrus sp. 3, Ancistrus sp. 4,Baryancistrus sp. 1, Baryancistrus sp. 2, Hopliancistrus tricornis, Oligancistrus sp. 1,Oligancistrus sp. 2, Parancistrus nudiventris, Parancistrus sp. 3, Peckoltia sp. 1,Pseudancistrus barbatus, Scobinancistrus aureatus) esteve presente tanto na seca, quanto nacheia. No período seco foram assinaladas 04 espécies exclusivas (Baryancistrus niveatus,Baryancistrus sp. 3, Farlowella sp., Oligancistrus sp. 3), enquanto que na enchente foramencontradas somente 02 espécies exclusivas, ambas do mesmo gênero (Parancistrus cf.nudiventris, Parancistrus sp. 1). Já no período de cheia foram registradas 03 espéciesexclusivas (Baryancistrus sp. 4, Baryancistrus sp. 5, Squaliforma emarginata) (QUADRO7.8.4.1- 5).QUADRO 7.8.4.1- 5Riqueza de espécies exclusivas e comuns da família Loricariidae, entre períodos de coleta, noambiente de pedrais/corredeiras.Seca Enchente Cheia Total(+) 2(+) 4(+) 3(+) (+) 5(+) (+) 2(+) (+) 3(+) (+) (+) 1325 25 21 32NOTA: (+) – presença de espécie ou espécies no setorf2) Abundância, Biomassa e Riqueza6365-EIA –G90-001b 82 Leme Engenharia Ltda


Avaliando-se os efeitos dos setores e épocas de captura sobre a riqueza e abundância relativade Loricariidae, após a transformação dos dados via logaritmo natural, foi assinaladainfluência exclusiva dos setores (F (2;97) =41,97; p


GRÁFICO 7.8.4.1- 25 - Valores médios e erro padrão da média do número de espécies e daabundância relativa de indivíduos Loricariidae, nos períodos (E:Enchente; S: Seca) e setores estudados.TABELA 7.8.4.1- 14Valores de riqueza estimada e representatividade das amostras da fauna de Loricariidae dospedrais, por setor e período.Estimadores Representatividade (%)Setor Período S CH (1) CH (2) J (1) J (2) B CH (1) CH (2) J (1) J (2) BI Seca 15 16 21 19 20 17 91 73 81 75 89I Enchente 19 31 51 26 32 22 61 37 73 60 87I Todos 23 26 28 28 29 25 87 83 83 80 91II Seca 19 36 40 28 34 23 53 47 69 56 84II Enchente 11 13 19 15 17 13 82 58 74 63 87II Todos 20 29 34 28 32 23 70 60 72 63 85III Seca 20 22 29 26 29 22 90 69 78 68 89III Enchente 19 21 22 22 23 21 90 86 86 84 92III Todos 23 25 26 26 27 25 92 89 88 86 93Todos Todos 29 32 32 32 33 31 91 91 91 89 95NOTA: S – riqueza observada; CH (1) , CH (2) – Chao I e II; J (1) , J (2) – Jackniffe I e II; B -bootstrapDentre os setores, a menor representatividade foi constatada no setor II, com um valor médiode representatividade de cerca de 70% entre todos os estimadores. O setor III apresentou omaior valor médio de representatividade, com cerca de 90% entre todos os estimadores. Já osetor I, situou-se imediatamente abaixo, com um valor médio de representatividade de cercade 85% entre todos os estimadores (GRÁFICO 7.8.4.1- 26 b e TABELA 7.8.4.1- 14).6365-EIA –G90-001b 84 Leme Engenharia Ltda


GRÁFICO 7.8.4.1- 26 - Curva de coletor para: (a) setores e períodos de coleta; (b) setores e os respectivos valores de desvio padrão; (c) total eos respectivos valores de desvio padrão e estimativas de riqueza por meio de métodos não-paramétricos, para asespécies de Loricariidae, capturadas nos pedrais6365-EIA-G90-001b 85 Leme Engenharia Ltda


f4) Conectividade Espaço-temporal• Classificação e OrdenaçãoA partir da análise de agrupamento da análise de cluster, realizada a partir dos dados deabundância relativa dos períodos de seca e de enchente nos setores I, II e III, foi empregado ocoeficiente de Spearman, a fim de definir agrupamentos probabilísticos. Foram evidenciados05 agrupamentos (GRÁFICO 7.8.4.1- 27).GRÁFICO 7.8.4.1- 27 - Dendrograma de dissimilaridade entre os setores e períodos decoleta (E: Enchente; S: Seca; V: Vazante).NOTA: algarismos romanos maiúsculos referem-se aos setoresO G 1 foi representado pelos peixes que ocorreram no setor III no período de seca; já o G 2 foirepresentado pelos do setor II em ambos os períodos e o setor III, na enchente e o G 3 foirepresentado pelo setor I em ambos os períodos (GRÁFICO 7.8.4.1- 27 e GRÁFICO7.8.4.1- 28).Somente o G 3 apresentou espécies exclusivas, sendo estas: Hypostomus sp., Loricaria sp. eParancistrus cf. nudiventris. As espécies: Oligancistrus sp. 2, Oligancistrus sp. 1,Parancistrus nudiventris, Peckoltia sp. 1, Baryancistrus sp. 2, Parancistrus sp. 3 foramcomuns a todos os agrupamentos. Já as espécies Ancistrus ranunculus, Ancistrus sp. 1,Oligancistrus sp. 3, Peckoltia vittata, Baryancistrus sp. 3 foram típicas dos agrupamentos G 1e G 2 , enquanto que Ancistrus sp. 2 e Oligancistrus punctatissimus foram típicas nosagrupamentos G 1 e G 3 . Já Ancistrus sp. 3 e Baryancistrus sp.1 foram típicas nosagrupamentos G 2 e G 3. Leporacanthicus joselimai foi típica no agrupamento G 1 , enquanto queHopliancistrus tricornis e Ancistrus sp. 4 foram típicas de G 2 e Scobinancistrus aureatus eParancistrus cf. nudiventris de G 3 (TABELA 7.8.4.1- 15). A topologia entre os setores eperíodos apresentou-se centrada sob uma estrutura asteral, na qual o conjunto representadopelos setores e períodos do agrupamento G 2 serviu como núcleo, apresentando como espécies6365-EIA-G90-001b 86 Leme Engenharia Ltda


centrais Oligancistrus sp. 2, Oligancistrus sp. 1, Parancistrus nudiventris, Baryancistrus sp.2, Parancistrus sp. 3 e Ancistrus ranunculus (GRÁFICO 7.8.4.1- 28).TABELA 7.8.4.1- 15Valores de freqüência relativa das espécies de Loricariidae típicas nos agrupamentosEspécies G 1 G 2 G 3Oligancistrus sp. 2 13,54 32,59 13,82Oligancistrus sp. 1 6,63 23,08 20,41Parancistrus nudiventris 29,11 10,82 3,56Peckoltia sp. 1 6,92 2,61 24,19Baryancistrus sp. 2 5,19 8,34 19,65Parancistrus sp. 3 2,31 4,69 2,81Ancistrus ranunculus 1,44 4,69Ancistrus sp. 1 2,31 2,22Oligancistrus sp. 3 1,44 1,56Peckoltia vittata 1,73 1,04Baryancistrus sp. 3 17,29 1,04Ancistrus sp. 2 4,90 2,70Oligancistrus punctatissimus 1,44 1,40Ancistrus sp. 3 1,43 1,08Baryancistrus sp. 1 1,30 1,84Leporacanthicus joselimai 2,88Hopliancistrus tricornis 1,04Ancistrus sp. 4 1,17Scobinancistrus aureatus 1,19Parancistrus cf. nudiventris 4,21GRÁFICO 7.8.4.1- 28 - Topologia da rede de similaridade entre os setores e períodos (E:Enchente; S: Seca) constituintes dos agrupamentos, arranjadossegundo a técnica MDS, para as coletas de parcelas realizadas nospedrais.6365-EIA-G90-001b 87 Leme Engenharia Ltda


• Síntese da Conectividade Espaço-temporalTanto a abundância relativa (F (2;100) =42,85; p


GRÁFICO 7.8.4.1- 30 - Diversidade e desvio padrão estimado pelo o índice de diversidadeH´, em função da riqueza para os peixes Loricariidae dos pedrais.Dos resultados desta análise infere-se que as atividades de exploração de algumas espécies deLoricariidae, que possuem importância ornamental, possam estar impactando a comunidadesdos pedrais, influenciando a sua distribuição, riqueza e abundância. Isto explicaria a maiorriqueza, diversidade e abundância do setor I em relação aos outros trechos do rio. Valedestacar também que os pedrais oferecem um conjunto de fragmentos de habitat, muitoheterogêneo, que se distribuem de forma irregular ao longo do rio, o que dificulta asimilaridade dos setores e a compensação de um pelo outro, em relação à composição eabundância da ictiofauna.g) Peixes Demersais e Pelágicos das Corredeiras e Pedrais (Censos)Os levantamentos realizados com base nos mergulhos e avistamento de peixes nadando,apresentaram alguns problemas metodológicos que limitaram, em parte, a análise dos dados.Devido ao grande desconhecimento taxonômico desta fauna, muitos dos indivíduosvisualizados não puderam ser avaliados em detalhes (através da observação de barbas, dentes,espinhos, etc.), e desta forma foram classificados de acordo com o grupo taxonômico maisconhecido, ao menor nível hierárquico possível. Por este motivo, muitos peixes ficaramapenas com nomes genéricos e com o epíteto de “sp” ou como morfoespécies. Por isso, osresultados foram limitados àqueles nos quais pode ser considerada a comunidade como umtodo. Contudo, estes achados são considerados válidos, uma vez que esta metodologia foiincluída com o intuito de garantir maior representatividade à lista de espécies e às estimativasde diversidade íctica nos ambientes de corredeiras e pedrais deste trecho de rio estudado.g1) Composição TaxonômicaDurante os levantamentos do censo foram observados 2.839 indivíduos, pertencentes a 62espécies, distribuídas em 10 famílias e 05 ordens (Anexo 7.8.4.1-6). Dentre as ordensCharaciformes (com 32 espécies) apresentou a maior riqueza, seguida por Perciformes (16espécies) e posteriormente Siluriformes (10 espécies). As outras ordens (Rajiformes - 02espécies; Synbranchiformes – 01 espécie) apresentaram os menores número de espécies.Dentre as famílias, Characidae dos Characiformes foi a que apresentou o maior número deespécies (20 espécies), seguida de Cichlidae nos Perciformes (16 espécies). Em um patamar6365-EIA-G90-001b 89 Leme Engenharia Ltda


imediatamente inferior situaram-se as famílias Anostomidae, Characiformes (09 espécies) eLoricariidae, Siluriformes (08 espécies). O restante das famílias com maior diversificaçãoespecífica (Potamotrygonidae, Rajiformes - 03 espécies; Hemiodontidae, Characiformes - 02espécies). Enquanto que Crenuchidae, Characiformes; Doradidae, Pseudopimelodidae,Siluriformes e Synbranchidae, Synbranchiformes apresentaram somente uma espécie.Com relação à abundância, Characifomes (67.45%) e Perciformes (31,14%) representarammais de 98% dos indivíduos observados. Tiveram destaque as famílias Characidae (46,21%) eAnostomidae (19,94%) (TABELA 7.8.4.1- 16).Dentre os setores, o III, na Volta Grande, foi o que apresentou o maior número de espécies(49 espécies), enquanto que os setores II (32 espécies) e I (27 espécies) apresentaram umnúmero mais reduzido. Com relação à riqueza entre os períodos de coleta, na seca se foramregistradas 51 espécies e na enchente 36 espécies (QUADRO 7.8.4.1- 1). Nos outros períodosnão foi possível aplicar este método por falta de visibilidade durante o mergulho e em algunscasos, porque a inundação era muito recente, sem ter sido ainda colonizada pela ictiofauna.Dentre as espécies, 14 (22% do total) foram comuns a todos os setores, sendo estas: Bryconpesu, Bryconops caudomaculatus, Bryconops melanurus, Characidium sp., Crenicichla sp."faixa preta", Geophagus argyrostictus, Hemiodus vorderwinkleri, Leporinus fasciatus,Leporinus julii, Leporinus sp. "verde", Leporinus sp2, Moenkhausia xinguensis, Teleocichlasp., Teleocichla sp. "malhada" (QUADRO 7.8.4.1- 6).TABELA 7.8.4.1- 16Abundância relativa do numero de espécies por famílias e ordens observadas no censo visual,nos pedrais da área de estudo.Ordem Família %Characiformes Anostomidae 19,94Characidae 46,21Crenuchidae 0,21Hemiodontidae 1,09Perciformes Cichlidae 31,14Rajiformes Potamotrygonidae 0,21Siluriformes Doradidae 0,53Loricariidae 0,60Pseudopimelodidae 0,04Synbranchiformes Synbranchidae 0,04Total 100,006365-EIA-G90-001b 90 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1- 6Riqueza de espécies exclusivas nos setores e períodos, observadas no censo visual, nospedrais.I II IIIS E S E S E S+ + + + + 1+ + + + + 2+ + + + 1+ + + 1+ + + + + 4+ + + + 2+ + + 1+ + + + 2+ + + 1+ + 1+ 3+ + + 1+ + 1+ + + 1+ + 1+ 4+ + + + 3+ + + 2+ + + 3+ + 4+ 5+ + 1+ 7+ 1013 19 26 13 40 31 62NOTA: Algarismos romanos maiúsculos representam os setores; (+) – presença de espécieou ausência de espécies no setor. S-seca; E-enchente.Um total de 30 espécies (48% do total) foi exclusivo a algum dos setores, sendo que o setorIII foi o que apresentou o maior número (18 espécies), sendo: Brycon sp., Creagrutus sp.,Crenicichla sp. "ocelo", Crenicichla sp. "preta", Geophagus sp., Hemiodus goeldii,Hopliancistrus tricornis, Iguanodectes sp., Leporinus friderici, Leporinus maculatus,Loricaria sp., Moenkhausia sp. "ponto caudal", Myletes pacu, Potamotrygon cf. humerosa,Potamotrygon leopoldi, Pseudopimelodus sp., Rineloricaria sp., Synbranchidae sp. No setorII, 05 espécies foram exclusivas: Laemolyta taeniata, Moenkhausia sp. "linha lateraldourada", Myleus sp., Oligancistrus sp1, Scobinancistrus aureatus. E no setor I, 07 espéciesforam exclusivas: Aequidens sp., Characidae sp. "nova", Crenicichla sp. "faixa vertical",6365-EIA-G90-001b 91 Leme Engenharia Ltda


Lithodoras dorsalis, Moenkhausia sp., Parotocinclus sp., Teleocichla sp. "rosinha"(QUADRO 7.8.4.1- 6).Dentre todas as espécies visualizadas, 26 foram assinaladas exclusivamente no período deseca, enquanto que somente 11 no período de enchente. O restante das espécies (40%) oscilouentre esses dois períodos (QUADRO 7.8.4.1- 6).No setor I, no período de seca foram registradas 04 espécies exclusivas: Crenicichla sp. "faixavertical", Lithodoras dorsalis, Parotocinclus sp., Teleocichla sp. "rosinha". Neste mesmosetor no período de enchente, foram assinaladas 03 espécies exclusivas, sendo estas:Aequidens sp., Characidae sp. "nova", Moenkhausia sp. Enquanto que no setor II, foramassinaladas espécies exclusivas somente no período de seca, sendo a riqueza representada por05 espécies (Laemolyta taeniata, Moenkhausia sp. "linha lateral dourada", Myleus sp.,Oligancistrus sp1, Scobinancistrus aureatus). Já no setor III, a riqueza de espécies exclusivasfoi maior, sendo, no período de seca, 10 espécies (Brycon sp., Creagrutus sp., Crenicichla sp."ocelo", Hemiodus goeldii, Hopliancistrus tricornis, Iguanodectes sp., Leporinus friderici,Loricaria sp., Moenkhausia sp. "ponto caudal", Rineloricaria sp.) e no período de enchente,07 espécies (Geophagus sp., Leporinus maculatus, Myletes pacu, Potamotrygon cf. humerosa,Potamotrygon leopoldi, Pseudopimelodus sp., Synbranchidae sp.).g2) Abundância, Biomassa e RiquezaA densidade de indivíduos observados foi influenciada pelos setores (F (2;74) =4,62; p


GRÁFICO 7.8.4.1- 31 - Valores médios e erro padrão da média de abundância relativa eriqueza de espécies nas amostras de censo visualg3) DiversidadePor comparação entre os indicadores de diversidade, foram observados baixos valores deriqueza, mas consideráveis de diversidade (TABELA 7.8.4.1- 17). Isto pode ser explicadoatravés de uma maior equitabilidade dentro das abundâncias das espécies que, de forma geral,apresentaram baixos valores de abundância. A representatividade das espécies observadasentre setores e períodos foi bastante variável, oscilando de 21 a 65%.O componente espacial apresentou representatividade entre 44 e 79% do total de espéciescapturadas, enquanto que o componente temporal apresentou uma faixa superior, situada entre58 e 82% (TABELA 7.8.4.1- 17). O efeito espacial teve maior impacto sobre a diversidade doque o efeito temporal, entretanto, a interação entre os mesmos foi considerável. O período deseca apresentou sempre maior diversidade do que o de enchente, a exceção do setor I, ondeeste resultado inverteu-se (GRÁFICO 7.8.4.1- 32). A variabilidade nos resultados estárelacionada com a visibilidade na água e a disposição dos ambientes nos locais de coleta, oque determina a facilidade ou não na visualização dos peixes na coluna d´água. Assim, nosetor I, mesmo na enchente, ocorreram extensões de habitats que se mantiveram com águasclaras, o que explica os achados acima.6365-EIA-G90-001b 93 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 17Valores de riqueza, abundância, abundância máxima (N(max)), índice de dominância deBerger-Parker (I(B-P)) e índice de diversidade de Shannon-Weaver (H’) e a respectivaestimativa de variância, entre setores e períodos de coleta, nas amostras obtidas através docenso visual nos pedrais.Setor Período N S N (Max) I (B-P) H'± Var(H’)I Enchente 390 19 81 0,208 2,44±0,043I Seca 368 13 224 0,609 1,43±0,067II Enchente 238 13 66 0,277 1,97±0,058II Seca 215 26 51 0,237 2,48±0,074III Enchente 613 31 121 0,197 2,54±0,043III Seca 1.015 40 198 0,195 2,81±0,034I Todos 758 27 229 0,302 2,56±0,040II Todos 453 32 75 0,166 2,61±0,050III Todos 1.628 49 228 0,140 2,99±0,025Todos Todos 2.839 62 317 0,112 3,2±0,019GRÁFICO 7.8.4.1- 32 - Valores do índice de diversidade de Shannon-Weaver (H’) evariância deste estimador, entre os setores e períodos de coleta,observados nas coletas do censo visual nos pedrais.A representatividade de espécies observadas em relação às estimadas pelas técnicas nãoparamétricas, tanto no período de seca quanto de enchente, foram equivalentes com um valormédio entre todos os estimadores de cerca de 72%. Já a representatividade total de espéciesem relação ao número estimado pelas técnicas não paramétricas foi de cerca de 77%, emmédia. Os setores apresentaram valores elevados de representatividade, oscilando entre 73 e76% (GRÁFICO 7.8.4.1- 33 e TABELA 7.8.4.1- 18).6365-EIA-G90-001b 94 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 18Valores de riqueza estimada e representatividade em relação à da riqueza observada, nossetores e períodos, nas observações do censo visual.Riqueza estimada Representatividade (%)Setor Período S CH (1) CH (2) J (1) J (2) B CH (1) CH (2) J (1) J (2) BI Enchente 19 21 35 27 31 23 90 55 70 62 84I Seca 13 15 32 19 23 16 87 41 67 57 82I Todos 27 29 40 38 44 32 92 67 71 62 84II Enchente 13 14 18 17 19 15 96 71 77 70 88II Seca 26 34 43 36 40 31 76 60 72 65 84II Todos 32 40 49 44 52 38 80 65 72 62 85III Enchente 31 81 49 43 50 36 38 63 73 62 86III Seca 40 51 55 52 56 46 78 73 77 71 87III Todos 49 73 64 64 70 56 67 77 77 70 88Todos Todos 62 80 85 81 92 70 78 73 77 68 88NOTA: S – riqueza observada; CH (1) , CH (2) – Chao I e II; J (1) , J (2) – Jackniffe I e II; B –bootstrapg4) Conectividade Espaço-temporal• Classificação e OrdenaçãoUm arranjo entre os setores e períodos indica um forte componente temporal, definindo-se osseguintes agrupamentos (GRÁFICO 7.8.4.1- 34): G 1.a – período de enchente, setores II e III;G 1.b – período de enchente, setor I; G 2.a – período de seca, setor II; G 2.b – período de seca,setor III; G 2.c – período de seca, setor I (GRÁFICO 7.8.4.1- 34).6365-EIA-G90-001b 95 Leme Engenharia Ltda


(a) ( b) (c)GRÁFICO 7.8.4.1- 33 - Curva do coletor para: (a) setores e períodos de coleta; (b) setores e os respectivos valores de desvio padrão; (c) total eos respectivos valores de desvio padrão e estimativas de riqueza por meio de métodos não-paramétricos, para asespécies de peixes coletadas no censo visual.6365-EIA-G90-001b 96 Leme Engenharia Ltda


GRÁFICO 7.8.4.1- 34 - Dendrograma de dissimilaridade entre os setores e períodos decoleta (E: Enchente; S: Seca; V: Vazante).NOTA: algarismos romanos maiúsculos referem-se aos setoresDuas espécies: Crenicichla sp. "faixa preta" e Teleocichla sp. estiveram presentes em todos osagrupamentos. Enquanto que 08 espécies (Bryconops melanurus, Moenkhausia xinguensis,Brycon pesu, Hemiodus vorderwinkleri, Leporinus fasciatus, Leporinus julii, Leporinus sp2,Teleocichla sp. "malhada") estiveram presentes em praticamente todos os agrupamentos.O agrupamento G 1.a apresentou 07 espécies exclusivas (Geophagus sp., Leporinus maculatus,Myletes pacu, Potamotrygon cf. humerosa, Potamotrygon leopoldi, Pseudopimelodus sp.,Synbranchidae sp.); o G 1.b apresentou 03 espécies exclusivas (Aequidens sp., Characidae sp."nova", Moenkhausia sp.); G 2.a apresentou 05 espécies exclusivas (Laemolyta taeniata,Moenkhausia sp. "linha lateral dourada", Myleus sp., Oligancistrus sp 1, Scobinancistrusaureatus); G 2.b apresentou 10 espécies exclusivas (Brycon sp., Creagrutus sp., Crenicichla sp."ocelo", Hemiodus goeldii, Hopliancistrus tricornis, Iguanodectes sp., Leporinus friderici,Loricaria sp., Moenkhausia sp. "ponto caudal", Rineloricaria sp.); G 2.c apresentou 04 espéciesexclusivas (Crenicichla sp. "faixa vertical", Lithodoras dorsalis, Parotocinclus sp.,Teleocichla sp. "rosinha").A lista de espécies típicas (≥2%) apresentou variação quanto ao número de espécies e mesmoa sua constituição. Dentre a lista, Teleocichla sp. "malhada", Leporinus julii e Crenicichla sp."faixa preta" foram as espécies mais freqüentes entre os agrupamentos, enquanto que Myleustorquatus, Bryconops sp., Characidae sp. "nova", Moenkhausia sp., Bryconopscaudomaculatus, Aequidens sp., Laemolyta taeniata, Moenkhausia sp. "ponto caudal",Moenkhausia sp2, Iguanodectes sp., Brycon sp., Leporinus tigrinus, Moenkhausia lepidura,Lithodoras dorsalis foram espécies exclusivas de alguns dos agrupamentos.6365-EIA-G90-001b 97 Leme Engenharia Ltda


• Síntese da Conectividade Espaço-temporalFoi detectada diferença entre os agrupamentos, tanto para a abundância relativa (F (5;75) =21,98;p


GRÁFICO 7.8.4.1- 35 - Valores médios e erro padrão da média de abundância relativa eriqueza de espécies em função dos agrupamentosCom base nestes resultados, pode-se inferir que existe uma assembléia de peixes específica nacoluna d´água, associada aos ambientes de pedrais, além da abundante ictiofauna bentônica, jádescrita anteriormente. Aqui estes peixes podem encontrar áreas de refúgio, além decontribuírem como fontes de alimento outros (CAMARGO, 2004). A riqueza e diversidadepodem ser afetadas de forma intensa pelo tipo de formação rochosa que constitui o fundo doambiente. Assim, superfícies rochosas com poucos refúgios oferecem menos oportunidadesde habitats para determinadas espécies, o que pode se refletir na abundância íctica, um padrãocomparável ao que pode ocorre em ambientes de recifes de coral (LUCKHURST;LUCKHURST, 1978).Para explicar a sucessão temporal de espécies deve ser considerado que o ciclo hidrológicoaltera a disponibilidade de ambientes ao longo do ano. Assim, a enchente representa novasoportunidades para a ocupação de habitats, não acessíveis durante o período seco. Destaforma, ambientes que foram recentemente inundados, mesmo que apresentem ascaracterísticas de substrato ideais, podem apresentar abundância e riqueza relativamenteinferiores.h) A Ictiofauna dos Igarapés (Tapagem)h1) Composição TaxonômicaNos igarapés estudados no rio Xingu foram capturados 6.750 indivíduos, pertencentes a 158espécies, distribuídas em 26 famílias e 06 ordens. Dentre as ordens Characiformes (95espécies) foi a que apresentou o maior número de espécies, seguida de Siluriformes (30espécies) e posteriormente Perciformes (17 espécies) e Gymnotiformes (09 espécies),6365-EIA-G90-001b 99 Leme Engenharia Ltda


enquanto que Cyprinodontiformes (04 espécies) e Synbranchiformes (02 espécies)apresentaram os menores números de espécies (Anexo 7.8.4.1-7). Uma lacuna sobre oconhecimento taxonômico desta fauna foi constatado, já que se trata de espécies de pequenoporte, que são exclusivas de ambientes de igarapés, ainda pouco estudados em sua ictiofauna.Assim, um grande número destas espécies ainda necessita de uma classificação taxonômicamais precisa que deve surgir de um estudo mais aprofundado e específico para a taxonomia ebiologia da ictiofauna de igarapés.A família Characidae dos Characiformes foi a que apresentou o maior número de espécies (68espécies), seguida de Loricariidae dos Siluriformes (17 espécies) e Cichlidae dos Perciformes(16 espécies) e, em um patamar imediatamente inferior, Curimatidae, Characiformes (10espécies). O restante das famílias com maior diversificação específica (Callichthyidae,Siluriformes; Crenuchidae e Erythrinidae, Characiformes) apresentaram 04 espécies. Aimportância dos Characiformes, Perciformes e Siluriformes foi marcante ao representar 95%da abundância e 98% da biomassa total (TABELA 7.8.4.1- 19).TABELA 7.8.4.1- 19Abundância e biomassa relativas entre as ordens, para a fauna de igarapés.Ordens Abundância (%) Biomassa (%)Characiformes 68,50 68,79Perciformes 16,62 17,94Siluriformes 9,90 11,89Cyprinodontiformes 3,94 0,18Gymnotiformes 0,70 1,03Synbranchiformes 0,34 0,18NOTA: algarismos romanos maiúsculos – setores; S – período de seca; E – enchenteCom relação a abundância, as famílias Characidae (60,70%), Cichlidae (16,62%, Loricariidae(5,76%), Crenuchidae (4,13%) foram as mais expressivas. Já na biomassa total, foram asfamílias Erythrinidae (46,47%), Cichlidae (17,94%), Characidae (16,60%) e Loricariidae(9,69%).A família Characidae foi a mais abundante em todos os setores e períodos. Já a famíliaCichlidae seguiu na ordem de importância (1,71-6,97%) em todos os setores, a exceção dosetor V, no período de seca no qual sua abundância foi de 29,93%. A família Crenuchidae,também apresentou abundância em patamar inferior em todos os setores e períodos (1,50-4,46%), a exceção do setor V, no período de enchente (15,37%). Os Loricariidaeapresentaram abundância mais elevada no setor I, no período de seca (11,33%) e setor V, noperíodo de enchente (8,05%) e abundância praticamente nula no restante das combinaçõesentre períodos e setores. Poeciliidae apresentou abundância muito baixa ou praticamente nulaem todos os setores e períodos, a exceção do setor I, no período de enchente (9,60%)(TABELA 7.8.4.1- 20).Com relação à biomassa total, a família Characidade apresentou valores mais elevados, entreos setores no período de enchente (74,14-76,85%) e valores em um patamar muito inferiorentre os setores no período de seca (10,38-15,37%). Já Erythrinidae, apresentou um padrãooposto, com valores mais elevados nos setores no período de seca (41,58-58,90%), quandocomparados a patamares quase nulos no período de enchente (0,65-1,75%). A família6365-EIA-G90-001b 100 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 22Valores de riqueza, abundância, número de indivíduos da espécie com maior abundância(N(max)), índice de dominância de Berger-Parker (I(B-P)) e índice de diversidade deShannon-Weaver (H’) e a respectiva estimativa de variância, entre os setores e períodos decoleta, capturados nos ambientes de igarapésSetor Período N N(Max) I(B-P) S H'± Var(H’)I Seca 2.066 1.165 0,564 49 1,89±0,038I Enchente 667 175 0,262 49 2,91±0,05V Seca 3.004 1.261 0,42 48 1,91±0,028V Enchente 410 124 0,302 42 2,62±0,068I Todos 2.733 1.165 0,426 85 2,64±0,034V Todos 3.414 1.261 0,369 80 2,33±0,029Todos Seca 5.070 2.426 0,479 73 2,06±0,024Todos Enchente 1.077 185 0,172 75 3,28±0,039Total Total 6.147 2.426 0,395 126 2,66±0,024O efeito temporal foi mais influente do que o espacial; o teste assinalou maior diversidade noperíodo de enchente, sendo que o setor I apresentou neste período a maior diversidade(TABELA 7.8.4.1- 22 e GRÁFICO 7.8.4.1- 38). Com o aumento do espelho de água, novosambientes disponíveis na enchente permitem a ocupação destes habitats, o que explica estesresultados.GRÁFICO 7.8.4.1- 38 - Índice de diversidade de Shannon Weaver e variância desteestimador, entre os setores e períodos de coleta, para a ictiofaunacapturada em igarapés.A representatividade total de espécies em relação às estimadas pelas técnicas nãoparamétricas foi de cerca de 68%, em média. No período de seca a representatividade tevemelhor desempenho, com cerca de 75%. Os menores valores de representatividade forampara a enchente, com cerca de 52 e 61% em média entre todos os estimadores (GRÁFICO7.8.4.1- 39 e TABELA 7.8.4.1- 23).Os resultados indicam que o esforço aplicado (expresso através do número de amostras) ainda6365-EIA-G90-001b 106 Leme Engenharia Ltda


não foi totalmente suficiente para registrar toda riqueza de espécies dos igarapés estudados. Adiversidade de habitats que são gerados no início da enchente nestes ambientes permiteprocessos sucessionais e de colonização. Aqui ocorre também a “arribação” de peixes paradesova daquelas espécies com desovas ajustadas ao regime sazonal de enchentes. Destaforma, a variabilidade na composição da fauna de igarapés pode ser compreendida, peladinâmica da paisagem e a variabilidade de habitats em pequenos trechos destes riachos.TABELA 7.8.4.1- 23Valores de riqueza estimada e representatividade em relação a da riqueza observada, nossetores e períodos e interações entre estes, no ambiente igarapéRiquezaRepresentatividadeSetor Período S CH (1) CH (2) J (1) J (2) B CH (1) CH (2) J (1) J (2) BI Seca 49 57 70 67 75 58 87% 70% 73% 65% 85%I Seca-Cheia 49 113 161 81 101 63 43% 30% 60% 48% 78%I Todos 85 123 156 130 157 104 69% 55% 66% 54% 81%V Seca 48 50 82 66 73 57 96% 59% 72% 66% 84%V Seca-Cheia 42 72 90 64 79 51 59% 47% 66% 53% 82%V Todos 80 92 115 114 125 96 87% 70% 70% 64% 83%Todos Todos 126 164 222 186 226 152 77% 57% 68% 56% 83%NOTA: S – riqueza observada; CH (1) , CH (2) – Chao I e II; J (1) , J (2) – Jackniffe I e II; B –bootstraph4) Conectividade Espaço-temporal• Classificação e OrdenaçãoAtravés da análise de cluster, foram classificados os seguintes agrupamentos, para aabundância nos ambientes de igarapés (GRÁFICO 7.8.4.1- 40): G1 – período de seca, emambos setores; G2.a – período de enchente, no setor I; G2.b – período de enchente, no setor V(GRÁFICO 7.8.4.1- 39).6365-EIA-G90-001b 107 Leme Engenharia Ltda


(a) (b) (c)GRÁFICO 7.8.4.1- 39 - Curvas de coletor para (a) setores e períodos de coleta; (b) setores e os respectivos valores de desvio padrão; (c) total eos respectivos valores de desvio padrão e estimativas de riqueza por meio de métodos não-paramétricos6365-EIA-G90-001b 108 Leme Engenharia Ltda


Como espécies exclusivas foram agrupadas: G 1 – 53 espécies exclusivas, representadas por:Aequidens sp., Ancistrus sp. “bola”, Apistogramma eunotus, Aspidoras cf. maculosus,Astyanax fasciatus, Brachychalcinus orbicularis, Brycon af. pesu, Brycon pesu,Bryconamericus aff. stramineus, Bryconops sp., Characidae sp. 10, Characidae sp. 12,Characidae sp. 13, Characidae sp. 14, Characidae sp. 15, Characidae sp. 16, Characidae sp.17, Characidae sp. 3, Characidae sp. 4, Characidae sp. 5, Characidae sp. 6, Characidae sp.9, Characidium fasciatum, Cichla sp., Creagrutus cracentis, Crenicichla lepidota,Cyphocharax gouldingi, Gasteropelecus sternicla, Gymnorhamphichthys cf. hypostomus,Hemigrammus marginatus, Hemiodus goeldii, Hemiodus sp., Heptapterus sp.,Hyphessobrycon cf. copelandi, Iguanodectes spilurus, Ituglanis sp., Jupiaba cf. ocellata,Jupiaba minor, Jupiaba ocellata, Knodus sp., Knodus cf. savannensis, Leporinus maculatus,Loricariidae sp. 1, Loricariidae sp. 2, Moenkhausia lepidura, Myleus torquatus, Pimelodellacristata, Poecilia sp., Retroculus xinguensis, Rineloricaria cf. platyura, Rivulidae sp.,Thayeria boehlkei, Thayeria sp. No G 2.a , foram registradas 18 espécies exclusivas, sendoestas: Caenotropus labyrinthicus, Characidae spp., Characidium sp. 4, Cichla melaniae,Cichlidae, Creagrutus sp., Curimatella meyeri, Curimatella sp., Cynopotamus essequibensis,Cyphocharax sp., Cyphocharax spilurus, Leporinus sp. 2, Loricaria sp., Myleusschomburgkii, Roeboexodon guyanensis, Satanoperca jurupari, Tetragonopterus chalceus,Triportheus curtus. E no agrupamento G2.b foram assinaladas 19 espécies exclusivas, sendoestas: Ancistrus sp., Brachyhypopomus beebei, Bryconamericus sp., Cichlidae sp., Copeinasp., Gasteropelecidae sp., Gymnorhamphichthys sp., Gymnotus sp., Hemigrammus tridens,Hipopomatinae sp., Hoplias aimara, Hoplias sp., Hypoptopomatinae sp. 1, Loricariinae sp.,Phenacogaster pectinatus, Pimelodidae sp., Prochilodus nigricans, Rivulus sp., Squaliformaemarginata.GRÁFICO 7.8.4.1- 40 - Dendrograma de dissimilaridade entre os setores e períodos decoleta, em função da abundância relativa, nos ambientes deigarapésApistogramma sp. ocorreu em todos os agrupamentos, entretanto com baixa abundânciarelativa em G 1 e abundância relativa muito elevada em G 2.b . Já as espécies Characidae sp. 1 eOtocinclus sp. foram típicas entre G 1 e G 2.a , com inversão de abundância relativa em amboscasos. Enquanto que Poeciliidae sp. e Moenkhausia oligolepis foram típicas entre G1 e G2.b.Enquanto que as espécies Phenacogaster sp., Characidium sp., Corydoras sp. e Characidaesp. foram típicas dos agrupamento 2.a e 2.b, ressaltando-se que a espécie Characidae sp.apresentou abundância relativa muitíssimo elevada (42-56%) (TABELA 7.8.4.1- 24).As espécies Characidae sp. 5, Characidae sp. 13, Characidium fasciatum, Characidae sp. 6,6365-EIA-G90-001b 109 Leme Engenharia Ltda


Characidae sp. 3, Bryconamericus aff. stramineus, Poecilia sp., Creagrutus cracentis,Hyphessobrycon cf. copelandi, Knodus cf. savannensis, Thayeria boehlkei, Characidae sp. 9,Characidae sp. 8, Knodus sp., Jupiaba ocellata, Hyphessobrycon sp., Characidae sp. 10,foram típicas do agrupamento G1. Já as espécies Loricariidae sp., Characidae sp. 2, Rhamdiasp. e Cyphocharax sp. foram típicas de G2.a. Enquanto que as espécies Bunocephalus sp.,Curimatidae sp., Phenacogaster pectinatus e Poptella compressa foram típicas doagrupamento G2.TABELA 7.8.4.1- 24Abundância relativa das espécies típicas nos agrupamentos da ictiofauna, nos ambientesigarapésEspécie G 1 G 2.a G 2.bApistogramma sp. 1,21 6,63 29,13Characidae sp. 1 12,44 2,52Poeciliidae sp. 2,32 2,16Otocinclus sp. 1,86 10,12Moenkhausia oligolepis 1,02 1,13Phenacogaster sp. 2,47 4,49Characidium sp. 2,57 4,46Corydoras sp. 4,11 2,20Characidae sp. 56,39 41,98Characidae sp. 5 17,18Characidae sp. 13 6,78Characidium fasciatum 6,78Characidae sp. 6 4,46Characidae sp. 3 4,09Bryconamericus aff. stramineus 3,99Poecilia sp. 3,71Creagrutus cracentis 2,88Hyphessobrycon cf. copelandi 2,69Knodus cf. savannensis 2,60Thayeria boehlkei 2,60Characidae sp. 9 1,76Characidae sp. 8 1,67Knodus sp. 1,67Jupiaba ocellata 1,30Hyphessobrycon sp. 1,21Characidae sp. 10 1,11Jupiaba minor 1,11Loricariidae sp. 1,02Characidae sp. 2 1,11Rhamdia sp. 1,36Cyphocharax sp. 3,29Bunocephalus sp. 1,30Curimatidae sp. 1,33Phenacogaster pectinatus 1,70Poptella compressa 3,46A topologia da rede de similaridade indicou uma enorme distância entre os grupos, semencontrar similaridades suficientes para mostrar agrupamentos. Estes resultados indicam umagrande especificidade tanto em escala espacial, quanto temporal nestes ambientes sendo quecada setor e período podem ser considerados uma única unidade (GRÁFICO 7.8.4.1- 41).6365-EIA-G90-001b 110 Leme Engenharia Ltda


GRÁFICO 7.8.4.1- 42 - Abundância e erro padrão em função da biomassa de ictiofauna nosambientes igarapésGRÁFICO 7.8.4.1- 43 - Riqueza média e erro padrão em função dos índices de diversidade(H’) e desvio padrão estimado, para os agrupamentos da ictiofauna,nos ambientes de igarapés.A diversidade foi maior para o agrupamento G 1 (H’±var(H’)=3,28±0,039), em relação aosagrupamentos restantes (G 2.a ~ H’±var(H’)=1,89±0,038; G 2.b ~ H’±var(H’)=1,91±0,028), ouseja, o período seco foi mais diverso que a enchente (GRÁFICO 7.8.4.1- 43).Deste modo, tem-se que o agrupamento G 2.a apresentou os maiores valores, tanto de6365-EIA-G90-001b 112 Leme Engenharia Ltda


abundância quanto de biomassa, seguido de G 2.b , já G 1 apresentou os menores valores deambos indicadores (GRÁFICO 7.8.4.1- 42). Com relação à riqueza, G 2.b apresentou o maiornúmero de espécies, enquanto que com relação a diversidade, G 1 foi o que apresentou osmaiores valores (GRÁFICO 7.8.4.1- 43)O maior valor do índice de diversidade e o baixo valor de riqueza obtido para o agrupamentoG1, que representa o período seco de todos os igarapés, indica que a densidade da ictiofaunase distribui de forma relativamente homogênea entre as espécies neste período do ano.Os resultados encontrados para a ictiofauna dos igarapés estudados mostram que a fauna decada um destas unidades tem características bastante particulares. Assim, mesmo que estescórregos pertencendo todos à bacia do rio Xingu, existem fatores ainda não identificados quedefinem diferenças na estrutura e na abundância das assembléias de peixes dos mesmos.Desta forma, conclui-se que as perdas das condições ecológicas dos igarapés do setor doreservatório dos canais, ou de qualquer outro igarapé que venha ser afetado peloempreendimento, não podem ser mitigadas (apenas compensadas) pela conservação deigarapés em outros setores do rio, como é o caso dos igarapés do setor I.7.8.4.1.6 Ecologia da Ictiofaunaa) IntroduçãoNo rio Xingu, o ciclo hidrológico é relativamente previsível e implica na ocorrência degrandes flutuações de nível da água, de amplitude média anual de cerca de 8 m. A alternânciaentre uma fase terrestre e uma fase aquática, ao longo do ano, leva à inundação periódica dasáreas marginais florestadas, pelo transbordamento lateral de águas dos rios e ambientesassociados (JUNK, et al., 1989). Essas mudanças recorrentes do ambiente físico promovemmodificações ambientais, químicas e físico-químicas às quais a biota responde por meio deadaptações morfológicas, anatômicas, fisiológicas ou comportamentais, ou por mudança naestrutura da comunidade e na sua composição (JUNK, 1997).O rio Xingu, é um dos mais interessantes afluentes do Amazonas. A paisagem variada do rio,com seus diversos ambientes, que incluem cachoeiras de grande porte, pedrais, ilhas, praias euma enorme malha hídrica de pequenos córregos, constituem um complexo sistema debiótopos que explicam sua enorme diversidade e riqueza de espécies, inclusive da ictiofauna.Lamentavelmente, os estudos sobre as formas de adaptação desta fauna às característicasfísicas, químicas e geográficas peculiares do rio ainda são muito incipientes, sendo necessárioo incremento destes conhecimentos para poder monitorar os impactos futuros sobre esta biota.Este tópico resume os resultados dos estudos sobre a ecologia, formas de adaptação,estratégias reprodutivas, migrações e deslocamentos da fauna íctica no trecho de médioinferior e baixo rio Xingu.b) Material e MétodoAs informações sobre adaptações da ictiofauna aos diversos momentos do ciclo hidrológicoresultam de uma síntese entre levantamentos bibliográficos, observações diretas de campo eentrevistas com pescadores durante o acompanhamento de pescarias. Da mesma forma osdados sobre fenologia das plantas que são utilizadas pela ictiofauna resultam da coleta deinformações junto aos moradores locais.6365-EIA-G90-001b 113 Leme Engenharia Ltda


Os ciclos de maturidade sexual e as épocas de desova foram obtidos a partir da observaçãomacroscópica das gônadas de 9800 indivíduos, capturados com redes de malha, durante ascampanhas de 2000 e 2001. Os estádios de maturidade foram classificados de acordo com aescala de Vazzoler (1981) e as freqüências foram contabilizadas.Para a descrição do modelo de deslocamentos dos peixes, bem como a determinação doslocais de desova, foram realizadas entrevistas com moradores/pescadores. Neste caso, asmargens do rio foram percorridas, ao longo de praticamente toda a área de estudo, comauxílio de uma embarcação de motor de popa junto aos informantes. O trecho entrePaquiçamba e as grandes cachoeiras, pouco antes de Belo Monte não foi visitado devido àsdificuldades de navegação neste trecho. Cada entrevistado levava o entrevistador a um ouvários locais identificados com áreas de desova dos peixes. Nestes locais, anotavam-se ascoordenadas geográficas e as características do local, as formações vegetais predominantes eo estado de conservação do ambiente.Para a construção do modelo trófico do ecossistema aquático do rio Xingu, foram utilizadosos dados coletados em Camargo (2004). A modelagem foi feita com base no programaECOPATH de balanço de biomassas, de acordo com Christensen & Pauly (1992). Estesoftware permite calcular os fluxos de energia entre os grupos tróficos, bem como estimar onúmero total de ligações “pathways” entre grupos e o tamanho médio da teia alimentar.Apesar das restrições do modelo, que tem por requisito que o sistema se encontre emequilíbro, o ECOPATH é muito útil, pois permite: 1) identificar os principais grupos oucompartimentos que formam o ecossistema; 2) realizar uma síntese das informaçõesbiológicas disponíveis, facilitando a compreensão das mesmas; e 3) fornecendo um melhorentendimento dos aspectos quantitativos do ecossistema e da integração entres oscomponentes da biota (CAMARGO, 2004).Para estudar o efeito das cachoeiras na conectividade da fauna íctica foram utilizados dadossobre a variabilidade genética em Prochilodus nigricans, fruto de uma dissertação demestrado em andamento do Programa de Ecologia Aquática e Pesca da UFPA. Neste caso,amostras de músculo da região pré-dorsal de 75 exemplares foram coletadas, durante osmeses de setembro a dezembro de 2008, em cinco regiões do rio Xingu (FIGURA 7.8.4.1-23), com redes de malha. O material assim obtido foi fixado em etanol 100%.6365-EIA-G90-001b 114 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 23 - Locais de coleta de Prochilodus nigricans para estudos devariabilidade genética e morfometria.Para as análises genéticas foram analisadas e comparadas seqüências de DNA de umfragmento de 400 pares de bases da região Alça-D (D-loope) do genoma mitocondrial. Paratal, foram seguidas as seguintes etapas:• Extração de DNA utilizando Fenol/Clorofórmio de acordo com a adaptação do métodoclássico de Sambrook et al. (1989);• Visualização de DNA através de eletroforese em mini-gel;• Preparo das amostras a serem aplicadas no gel e interpretação;• Aplicação de técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) (MULLIS et al.,1986);• Amplificação do PCR e extensão dos fragmentos;Paralelamente aos estudos de genética molecular, foram realizadas 27 mediçõesmorfométricas e duas merísticas para cada exemplar (QUADRO 7.8.4.1- 8). Para eliminar oefeito do tamanho de cada exemplar, obtiveram-se as respectivas proporções de cada uma dasmedidas morfométricas em relação ao comprimento total. A partir destas proporções foramcalculadas análises de componentes principais, combinando os dados das diferenteslocalidades e uma análise final, incluído todas as localidades amostradas.6365-EIA-G90-001b 115 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1- 8Medidas morfométricas e merísticas realizadas para os exemplares de Prochilodus nigricansde cinco localidades do rio Xingu.1 Distância do focinho ao processo occipital posterior2 Distância do focinho à margem posterior do opérculo3 Comprimento do primeiro rádio da nadadeira dorsal4 Comprimento primeiro rádio da nadadeira peitoral5 Distância do olho ao primeiro rádio da peitoral6 Distância do olho ao primeiro rádio da dorsal7 Distancia da peitoral a dorsal.8 Distancia da peitoral ao primeiro rádio da nadadeira pélvica9 Distância da peitoral ao ultimo rádio da dorsal10 Distância do primeiro rádio dorsal ao primeiro rádio pélvico11 Comprimento da base da nadadeira dorsal12 Distância do primeiro rádio da pélvis ao ultimo rádio da dorsal13 Distância do primeiro rádio da pélvis a origem da anal14 União do primeiro rádio pélvico – origem da nadadeira adiposa15 Ultimo rádio da dorsal – origem da nadadeira anal16 Ultimo rádio da dorsal a origem da nadadeira adiposa17 Origem da anal – origem da nadadeira adiposa18 Comprimento da nadadeira anal.19 Origem da nadadeira anal- termino da nadadeira adiposa20 Origem da nadadeira adiposa término da nadadeira anal.21 Comprimento da adiposa.22 Término da nadadeira anal-término da nadadeira adiposa.23 Término da nadadeira adiposa – origem da nadadeira caudal na porção ventral.24 Término da anal – origem da caudal na posição dorsal.25 Término da nadadeira adiposa – origem da caudal na posição ventral.26 Término da adiposa origem da caudal na posição dorsal.27 Profundidade do pedúnculo caudal.28 Número de escamas na linha lateral29 Número de rádios na nadadeira dorsalc) Resultadosc1) Adaptações da Ictiofauna ao Ciclo HidrológicoO rio Xingu apresenta o ciclo hidrológico característicos dos rios da região amazônica, comum mínimo de vazão nos meses de setembro e outubro, e um período de cheia entre março eabril. Nos meses de verão, com a diminuição do volume de água, as praias de areia e ospedrais aparecem expostos. À medida que as chuvas começam, ocorre a elevação da cota dorio. Entre dezembro e março ocorrem rápidas mudanças do nível do rio, que começa ainundar, primeiro nas partes mais baixas das margens e ilhas e depois entrandodefinitivamente nas regiões mais altas das florestas, formando igapós, ou lagoas marginais.Durante o período seco, as ilhas encontram-se totalmente emersas. As margens do rioapresentam barrancos altos, desnudos, enseadas e os pequenos cursos de água, como igarapésque drenam para o rio, apresentam-se quase ou totalmente secos. Alguns pequenos espelhosde água ficam isolados, com água pouco oxigenada e sem ictiofauna atrás das restingas depraias (FIGURA 7.8.4.1- 24). Ao início das enchentes, observam-se os locais de inundação,às margens dos rios. As depressões mais baixas formam os chamados “sangradouros” oucanais nas ilhas e margens (FIGURA 7.8.4.1- 25), muitas vezes com pequena profundidade.Estes canais são um importante ambiente no início da enchente, pois intercomunicam as áreas6365-EIA-G90-001b 116 Leme Engenharia Ltda


de floresta aluvial com as águas do canal do rio.FIGURA 7.8.4.1- 24 - Rio Xingu em outubro de 2007. Direita: Fotografia do barranco damargem esquerda do Rio Xingu, na região da Volta Grande.Esquerda - Poça de água remanescente, atrás de restinga de areia, emuma região próxima à desembocadura do rio Bacajá (Fotografias:Victoria Isaac).FIGURA 7.8.4.1- 25 - Fotografia de uma área de um sangradouro, local de entrada de águado rio, no início da enchente. (Fotografia: Mauricio Camargo).O ciclo hidrológico do rio com os seus pulsos, determinados pela sucessão de períodos secose chuvosos, possui uma extraordinária influência na estruturação da fauna íctica e nodesenvolvimento das suas estratégias de vida. O ingresso da água nas áreas laterais dos corposaquáticos implica no enriquecimento dos solos e no aumento considerável da área, nichos ealimentos disponíveis para os peixes. Com o retorno das águas, ocorre a lavagem da matériaorgânica em decomposição, o que contribui positivamente para aumentar a concentração denutrientes nas águas do rio.O hidrograma do rio define diferentes períodos, que vão se alternando desde um extremo, naestação seca, quando a quantidade de água é pequena e o rio drena apenas pelos canaispreferenciais, até o outro extremo, na cheia, quando a quantidade de água é tão grande quetransborda o rio, inundando as áreas marginais, lagoas e depressões do terreno ripário. Desta6365-EIA-G90-001b 117 Leme Engenharia Ltda


forma, a hidrologia do rio influencia todos os processos ecológicos da fauna (POFF;ALLAN, 1995). Sabemos hoje, que a dinâmica sazonal das inundações é um dos principaisfatores para a regulação da intensidade e época da reprodução, recrutamento e produtividadedos peixes (JUNK et al.,1989). O pulso hidrológico interfere na disponibilidade de alimentopara os peixes (LOWE-MCCONNELL, 1979; GOULDING et al., 1988), nas relações inter eintra-específicas (WINEMILLER, 1989), nas estratégias reprodutivas (BOUJARD, 1992) e nadisponibilidade de habitat para a ictiofauna (GOULDING, 1980; LOWE-MCCONNELL,1987) (GRÁFICO 7.8.4.1- 44). Fabré & Saint-Paul (1997) destacam a sincronia entre o níveldas águas e o estado nutricional de Semaprochilodus taeniurus. Adicionalmente, a entrada daságuas na planície alagável promove o enriquecimento dos solos, além de aumentar o númerode nichos disponíveis para os peixes (CAMARGO; GHILARDI, in prep.). Na vazante, aságuas voltam ao canal principal, propiciando a lavagem da matéria orgânica emdecomposição, o que também contribui na produtividade das águas do rio. Um esquema destadinâmica foi sugerido por Lowe-McConnell (1999), o qual se adaptou para o rio Xingu, naFIGURA 7.8.4.1- 26.GRÁFICO 7.8.4.1- 44 - Relação do nível do rio (pontilhado) com as médias e do índicealimentar e fator de condição, indicadores do estado nutricional,em Schizodon fasciatus do rio Negro (adaptado de FABRÉ eSAINT-PAUL, 1997).6365-EIA-G90-001b 118 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 26 - Esquema do ciclo sazonal de eventos no rio Xingu (adaptado deLOWE-McCONNELL, 1999)Os conhecimentos atuais sobre a ictiofauna do rio Xingu indicam que a maior parte dasespécies é dependente deste pulso hidrológico para fechar o seu ciclo de vida, como já foideterminado para outros rios da região amazônica (GOULDING, 1980). Durante o períodoseco, os peixes devem permanecer confinados no curso de água residual. Entre setembro eoutubro foram observados indivíduos pequenos de diversas espécies como aracu e pacu, sealimentando do limo das pedras e de outros materiais depositados nas superfícies das mesmas(FIGURA 7.8.4.1- 27). As chuvas eventuais alimentam esses pequenos ambientes, agregandoágua e material arrastado pela força da água. Nos tributários, o nível do rio é também muitobaixo no final do período seco. Não foram observados peixes subindo os rios, durante operíodo de estiagem e nem indivíduos com gônadas maduras, o que indica que a época secanão representa um período preferencial de reprodução para a ictiofauna.Ao começar o período chuvoso, observou-se que o rio começa a se elevar e, dependendo dolocal, declividade e posição, já em dezembro as áreas mais baixas começam lentamente a serinundadas, sem ainda ter ocorrido o transbordamento total do rio (FIGURA 7.8.4.1- 24).Nesta época, praticamente todas as espécies realizam deslocamentos laterais, passando docanal principal do rio para os igapós, através dos sangradouros. Nas áreas recentementealagadas, os peixes herbívoros e detritívoros encontram abundante alimento, derivados dafloresta, e refúgio dos predadores, que os perseguiam no período seco. Estes, por sua vez,também se deslocam para as novas áreas colonizadas pelas águas, na busca de novas presas.Modelos de dinâmica populacional, que contemplam um período de crescimento rápido e debaixa mortalidade durante a enchente e, em contraposição, uma época de lento crescimentoindividual e alta mortalidade são propostos para este tipo de ambiente, na literatura(KAPETSKI, 1974) e encontram uma clara validação no rio Xingu.6365-EIA-G90-001b 119 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 27 - Pacus (esquerda) e aracus (centro) se alimentando nos depósitos dematéria orgânica e perilíton encontrados sobre as pedras no períodoseco e poças de água formadas no meio do Rio Xingu, durante esseperíodo (direita) (Fotografias: Tommaso Giarrizo).Desta forma, percebe-se que as áreas de inundação suportam a produção biológica doecossistema e, são responsáveis, diretamente, pela produtividade pesqueira, garantindo osrendimentos da pesca, pela manutenção da fauna. Vários trabalhos científicos mostram acorrelação entre a produção pesqueira e a integridade e quantidade de áreas alagadas(WELCOMME, 1985), demonstrando que uma alteração na disponibilidade destas áreasdeverá influenciar diretamente na produção do sistema como um todo.Ao começar a vazante, as áreas de inundação voltam a secar paulatinamente, motivo pelo qualos peixes devem necessariamente voltar aos cursos do rio, com maior volume de água, parapermanecer até a próxima enchente, quando o ciclo volta a se repetir.Particularmente relevante para a compreensão da dependência da ictiofauna com o pulso deinundação e a complexa dinâmica do ecossistema e sua biota é a ocorrência das espéciesherbívoras, que se alimentam de frutos das florestas de igapó. Somente no período das cheias,as árvores ficam com água até boa parte de seus troncos e os frutos, então, podem cair noecossistema aquático e ser consumidos pelos peixes.A maioria dos peixes frugívoros das águas do rio Xingu pertencem à ordem dosCharaciformes e a algumas famílias da ordem Siluriformes. Foram escolhidas 8 espécies queutilizam recursos da floresta inundada: Colossoma macropomum, Bryconops sp, Tocantinsiadepressa, Leporinus sp, Tometes sp, Myleus schomburgki, Myleus sp e Triportheusrotundatus. Realizou-se uma análise de ordenação das preferências alimentares destasespécies de peixes em função do tipo de fruto consumido por eles. Assim, foi possívelreconhecer 3 agrupamentos: i) espécies que apresentam uma alimentação mais seletiva, queutilizam entre 3 e 4 espécies de frutos diferentes como é o caso do tambaqui; ii) espécies depacus que possuem uma dieta muito diversificada, com utilização de aproximadamente 20tipos diferentes de frutos e iii) espécies intermediárias, como alguns aracus, que utilizamaproximadamente 10 tipos diferentes de frutos (GRÁFICO 7.8.4.1- 45).6365-EIA-G90-001b 120 Leme Engenharia Ltda


Colosoma macropomumTriportheus rotundatusMyleus spMyleus schomburgkiTometes spLeporinus spTocantinsia depressaBryconops spiiiiii0,0 0,5 1,0 1,5 2,0DistânciaGRÁFICO 7.8.4.1- 45 - Dendrograma de similaridade binária entre as espécies de peixes emfunção do tipo de fruta ingerida, arranjado através de distância de(1 – Pearson) e método de Ward´sNo GRÁFICO 7.8.4.1- 46 podem ser observadas as preferências alimentares das espécies depeixes frugívoros e o período de oferta desta fonte de alimento. Na maior parte das árvores, operíodo de frutificação ocorre simultaneamente durante as enchentes do rio, coincidindo coma entrada dos indivíduos na planície de inundação, onde terão acesso facilitado aos frutosproduzidos. Esta sincronia de frutificação no período da chuva, pode também evidenciar umaestratégia de dispersão das sementes através da atividade alimentar dos peixes frugívoros.Além dos frutos e sementes, algumas espécies alimentam-se de folhas e de flores tambémpresentes nas áreas de floresta alagada. Já das plantas de capoeira, somente Cecropia sp(Embaúba) apresenta uma certa importância para alimentação de algumas espécies de peixes.A enchente anual do rio ocasiona mudanças ecológicas marcantes para a ictiofauna. Apobreza em produção primária total das águas do rio é substituída, no período de chuva, poruma grande produção de frutos e sementes e pelo aporte de material alóctone que fertilizamtodo o sistema.6365-EIA-G90-001b 121 Leme Engenharia Ltda


Meses de frutificaçãoDNOSAJJMAMFJAbiuCapueranaAranaGoiabaEmbaubaGenipapoTraqueraCumaruTiriricaMurtaArapariCroaçúLandi de badeMarajáEspéciesGRÁFICO 7.8.4.1- 46 - Representação gráfica do período de frutificação das espéciesarbóreas e número de espécies frugívoras que as utilizam.c.2) Adaptações da Ictiofauna aos AmbientesUma das principais características do rio Xingu é a sua grande variabilidade de habitats eambientes, os quais oferecem para a fauna enormes oportunidades evolutivas para aexploração de diversos nichos ecológicos. Assim, as adaptações da fauna às condições domeio ambiente são particularmente diversificadas no rio Xingu, acompanhando a riqueza deambientes ofertados. Isto pode ser observado tanto na estrutura da comunidade como nasadaptações específicas de cada espécie, seja no seu comportamento como na sua anatomia.Elementos da paisagem tais como: áreas de igapós e de inundação, freqüentes nos trechos dorio áreas com predominâncias de ilhas e vegetação aluvial, são locais fundamentais paragarantir a alimentação e reprodução dos peixes. Apesar da existência de muitas áreasdegradadas nas margens e ao longo do rio, aquelas áreas ainda preservadas, especialmente nasregiões mais distantes dos centros urbanos, como no rio Iriri e na Volta Grande, demonstramgrande riqueza, diversidade e abundância de ictiofauna. Nestes ambientes, os peixes procuramalimento de origem alóctone, nas florestas aluviais, principalmente das ilhas, as quaiscontribuem positivamente na produtividade do sistema, se tornando um dos principaiselementos que sustentam toda a cadeia trófica aquática.Também particularmente relevante para a diversificação e evolução da fauna, é a existênciados pedrais ou blocos rochosos no leito do rio, aliados às diferenças altitudinais do Xingu.Estas condições são responsáveis pela formação de enormes áreas encachoeiradas do rio,particularmente na Volta Grande, a jusante da foz do rio Bacajá. Ali, formam-se ambientesmuito diversificados e locais de difícil acesso, onde os peixes podem se esconder, na busca derefúgio dos predadores. Nessas áreas foi encontrado grande número de espécies das famíliasLoricariidae e Anostomidae, que utilizam as fendas e rugosidades das pedras e lajes comohabitat, se alimentando dos vegetais e pequenos animais que ali se acumulam. Também nessasáreas pode-se encontrar bagres piscívoros, da familia Pimelodidae, que habitam os fundos dos6365-EIA-G90-001b 122 Leme Engenharia LtdaBananinhaGiaríJauríCamurinPimentinha do lagoPimentinha amarellaPimentinha vermellaMumbucaCafferanaAraçáPiranheiraSeringuera109876543210N° de espécies frugívoras


canais, na busca de presas.Para o caso específico das espécies de corredeiras do Xingu, foram observadas importantesadaptações eco-morfológicas nos peixes (ZUANON, 1999), o que por sua vez facilitam apartição dos recursos, evitando a competição entre espécies muito próximas, como o caso dealguns piaus da família Anostomidae, que se alimentam de limo e microalgas que crescemsobre os pedrais. Estas espécies apresentam anatomia bucal diversa, de acordo com a posiçãopreferencial para a alimentação (FIGURA 7.8.4.1- 28). Espécies especializadas em raspar aspedras do fundo desde a coluna d´água têm boca ventral; os que realizam a busca de alimentodesde as fendas do fundo para as pedras por cima possuem boca dorsal e os que ficam nacoluna d´água, raspando a superfície lateral das pedras possuem boca terminal.Mudanças nos hábitos alimentares são observadas também ao longo do ano, de acordo com adisponibilidade sazonal de certos recursos. É o caso do pacu seringa, que durante a enchentecome frutos encontrados nas árvores ou arbustos da floresta inundada, mas durante a secapreda pequenos invertebrados encontrados no canal do rio.FIGURA 7.8.4.1- 28 - Representação da partição do habitat trófico de quatro espécies de piaunos blocos de rochas do rio Xingu. A- Leporinus julii; B-Leporellusvittatus; C-Leporinus tigrinus; D-Leporinus sp. Extraído de Zuanon(1999).Já nas áreas de maior sedimentação, as planícies inundáveis da região mais baixa do riofavorecem a colonização de carnívoros e piscívoros que, em geral, preferem os canais do rio,mas que neste caso também utilizam as lagoas marginais, um pouco mais abundantes nestaregião. Ali as várzeas laterais são mais desenvolvidas e podem desempenhar um papel umpouco mais relevante do que na parte superior do rio, acima das cachoeiras.À luz dos conhecimentos atuais, percebe-se a existência de um gradiente longitudinal deambientes ao longo do rio que, superposto ao grau de conservação e ao ciclo sazonal demudanças no nível do rio, delimitam as fontes de alimentos disponíveis para a fauna depeixes, bem como explicam as diversas adaptações no comportamento das espécies. Estasadaptações otimizam os mecanismos competitivos e a divisão dos recursos disponíveis. Porisso, cada ambiente e trecho do rio demonstra certa especificidade, resumida no esquema daFIGURA 7.8.4.1- 29. Enquanto os ambientes mais diversificados em termos fisiográficos,como corredeiras e áreas alagáveis de igapós, sustentam uma grande diversidade de relaçõestróficas, os canais do rio mantêm, principalmente, uma comunidade de peixes piscívoros, que6365-EIA-G90-001b 123 Leme Engenharia Ltda


capturam as suas presas na sua migração para outros habitats, especialmente durante o verão.c.3)Relações TróficasPara a compreensão integrada da estrutura trófica do ecossistema aquático, os dadosdisponíveis foram utilizados para realizar um exercício de modelagem trófica. A aplicação domodelo de balanço de fluxo de biomassa denominado ECOPATH, realizada por Camargo(2004) com base nos dados coletados entre 2000 e 2002, permitiu a identificação de 18compartimentos para o trecho médio-inferior do rio Xingu. Na TABELA 7.8.4.1- 25 sãodemonstrados os dados de biomassa, produção por unidade de biomassa e consumo porunidade de biomassa para todos os compartimentos. Estes foram os parâmetros utilizados parainiciar a modelagem trófica com o programa ECOPATH.O modelo obtido resultou em quatro níveis tróficos distintos: um de produtores e três deconsumidores, sendo um de herbívoros e dois de predadores. A análise dos fluxos entre essescompartimentos demonstrou que a maior fonte de energia para a teia alimentar tem origem navegetação aluvial que representa também 83% da biomassa total. Isto significa que osprodutores primários do ecossistema aquático não se encontram na água, mas sim navegetação que está no ambiente terrestre. A produção deste componente fica disponível para afauna aquática durante o período de inundação. Outros produtores primários de relevânciapara o sistema são as podostemáceas (15%) e o perilíton (0,03%) (FIGURA 7.8.4.1- 30), quesão vegetais característicos dos pedrais. O fitoplâncton (algas microscópicas) não pode serconsiderado de relevância, pela pouca representatividade de sua produção, com números bemmais baixos que os outros produtores (TABELA 7.8.4.1- 25).FIGURA 7.8.4.1- 29 - Sucessão das fontes de alimentos mais importantes e ocorrências dasguildas nos diversos ambientes, ao longo do rio Xingu (adaptado deLOWE-McCONNELL, 1999).Dentre os consumidores, os organismos bentônicos de hábitos filtradores e raspadoresdominam o sistema, chamando atenção também para esta importante fonte de alimentos. Afauna de peixes é menos representativa, em termos de biomassa, mas possui uma importância6365-EIA-G90-001b 124 Leme Engenharia Ltda


elativa seja como principais predadores e como fornecedores de proteínas para o homem,através da exploração pesqueira.FIGURA 7.8.4.1- 30 - Podostemáceas (direita) e perilíton (esquerda) encontrados nos pedraisdo rio Xingu (Fotografias: Tommaso Giarrizzo).TABELA 7.8.4.1- 25Parâmetros de entrada e parâmetros estimados (negritos) na modelagem trófica, do médio rioXingu. P/B: produção/biomassa; P: produção; Q/B: consumo/biomassa; EE: eficiênciaecotrófica de transferência; GE: eficiência bruta.GrupoCapturas Biomassa P/B Q/B EE GEg.m -2 .ano -1 g.m -2 ano -1 ano -1 % %1. Vegetação aluvial 8148 0,2 - 21,2 -2. Podostemáceas 1500 7,84 - 2,5 -3. Fitoplâncton 0,079 11 - 45,5 -4. Perilíton 3,18 203 - 79,8 -5. Zooplâncton 0,003 300 950 75,5 31,66. Bentos coletores 7,08 24 96 41 257. Bentos raspadores 50,52 0,7 5 97 148. Bentos filtradores 51,87 2 8 61 259. Peixes Iliófagos menores 0,039 0,648 3,05 30,31 76,3 10,110. Peixes Iliófagos maiores 0,031 0,228 1,51 17,52 86 8,611. Peixes Detritívoros 0,122 0,558 1,71 26 73,9 6,612. Peixes Frugívoros 0,087 0,432 1,71 35,52 98,1 4,813. Peixes Onívoros 0,429 1,99 18,87 82,6 10,514. Peixes Insetívoros 0,054 2,31 21,5 96,4 10,715. Peixes piscívoros menores 0,095 2,88 12,9 56,1 22,316. Peixes piscívoros médios 0,171 0,307 1,51 9,15 79,9 16,517. Peixes predadores grandes 0,109 0,112 0,98 6,85 99,3 14,318. Detritos - - - 0,8 -O GRÁFICO 7.8.4.1- 47 mostra a pirâmide de Lindeman (1942) que representa os fluxos queatravessam cada nível trófico. Desta figura desprende-se que 92% dos fluxos totais estão nonível trófico II, ou seja, a biota de hábitos alimentares herbívoros, e somente cerca de 8%dessa energia é transferida para o nível III, que por sua vez transfere somente 0,24% para o6365-EIA-G90-001b 125 Leme Engenharia Ltda


nível IV.Em relação aos nove grupos de peixes, destaca-se o importante consumo dos peixesfrugívoros, que devem ingerir 35 vezes a sua biomassa anualmente para sua manutenção(TABELA 7.8.4.1- 25). Estes resultados destacam novamente a importância das fontesalóctones de alimentos, que vem da floresta inundada, para a fauna íctica.As dietas de cada um dos componentes do ecossistema considerados no modelo foramcalculadas, destacando as complexas relações tróficas entre eles (TABELA 7.8.4.1- 26).Observa-se que todos os consumidores se alimentam de vários grupos tróficos, às vezes até dediferentes níveis tróficos. No modelo foi também considerada a predação do homem sob osrecursos pesqueiros, principalmente a captura dos peixes predadores de médio e grande porte,a qual se estimou em 0,56g.m -2 .ano -1 .O modelo de relações tróficas foi representado na FIGURA 7.8.4.1- 31 e os parâmetros sobreeficiência ecotrófica bruta e de transferência, obtidos para cada compartimento, podem servistos na TABELA 7.8.4.1- 25. Cada nível trófico (altura do esquema) apresenta várioscomponentes (boxes coloridos) do ecossistema, enquanto as setas indicam os fluxos deenergia entre componentes. A quantidade de fluxos entre os compartimentos destacanovamente a complexidade das relações e as interdependências da biota.A modelagem dos fluxos de energia permite o cálculo de índices que podem ser interpretadoscomo indicadores da “maturidade” do ecossistema. Este conceito de maturidade estárelacionado com a complexidade das relações, a eficiência na ciclagem de nutrientes e aquantidade de biomassa bruta e líquida produzida. Sistemas considerados “maturos” possuemuma grande produção líquida e poucos gastos com respiração (manutenção), trocas lentas dematéria entre o meio físico e biótico, pouca entropia e muita quantidade de informação(ODUM, 1969; ANGELINI, 2002).GRÁFICO 7.8.4.1- 47 - Pirâmide dos fluxos para o ecossistema aquático do rio Xingu. Ovolume de cada nível trófico é proporcional à transferência total deenergia (fluxo total) em cada nível. A base representa ocompartimento dos herbívoros (Extraído de CAMARGO, 2004).6365-EIA-G90-001b 126 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 26Matriz predador-presa, utilizada n o modelo ECOPATH. As colunas representam as fraçõesde cada tipo de alimento ingerido por cada grupo (Extraído de CAMARGO, 2004).PresaPredador5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 171-Floresta aluvial 0,450 0,010 0,050 0,300 0,480 0,470 0,0302-Podostomaceas 0,150 0,150 0,100 0,350 0,530 0,370 0,370 0,120 0,1303-Fitoplâncton 0,050 0,0014-Perilíton 0,800 0,250 0,340 0,600 0,300 0,100 0,005 0,1005-Zooplâncton 0,0016-Bentos coletores 0,249 0,100 0,380 0,050 0,200 0,360 0,030 0,1507-Bentos raspadores 0,050 0,050 0,010 0,0318-Bentos filtradores 0,050 0,100 0,070 0,100 0,190 0,510 0,0609-Iliófagos menores 0,010 0,420 0,240 0,26010-Iliófagos maiores 0,060 0,060 0,03011-Detritívoros 0,100 0,126 0,14012-Frugívoros 0,170 0,150 0,01013-Onívoros 0,100 0,180 0,10014-Insetívoros 0,089 0,00415-Piscívoros menores 0,20016-Piscívoros médios 0,26017-Grandes predadores18-Detritos 0,049 0,200 0,695Os índices obtidos para o ecossistema aquático do rio Xingu podem parecer contraditórios. Arespeito do aproveitamento da biomassa produzida, eles indicam um ecossistema maturo compoucos gastos e grande aproveitamento da biomassa para o sistema. Isto pode também serdeduzido dos valores da eficiência ecotrófica nos grupos de nível trófico mais alto. Porém, seconsiderada a ciclagem mineral, o modelo resultou em índices que representam um sistemaaberto, ainda em desenvolvimento e sem ter alcançado a maturidade.Contudo, tratando-se do rio Xingu, estes índices não surpreendem. A intrincada malha tróficae as diversas formas de adaptação da fauna aos ambientes disponíveis indicam um sistemacomplexo, que é sinal de maturidade. Mas, a compartimentação dos ambientes distintos(canal, áreas alagadas, igarapés, etc.), que durante épocas do ano permanecem isolados, masem outras ganham comunicação e homogeneidade, estabelecem um sistema muito dinâmico,com saída e entrada de matéria, no qual, mesmo que previsível, os câmbios constantesimplicam em certo grau de estresse ambiental, o que caracteriza um sistema ainda “aberto” eem constante desenvolvimento.A complexa estruturação das relações tróficas da ictiofauna, nos diversos ambientes do rio,nos alerta para as perdas que podem ocorrer, caso seja alterada a integridade ecológica decada um deles.6365-EIA-G90-001b 127 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 31 - Modelo trófico para o ecossistema aquático do Rio Xingu. O tamanho dos compartimentos é proporcional à biomassa. Em cada compartimento se destacam os valores de biomassa (B), produção(P/B) e consumo (Q). Todos os fluxos estão em g.m-2.ano-1 de peso úmido. Extraído de Camargo (2004)6365-EIA-G90-001b 128 Leme Engenharia Ltda


c.4)Estratégias Reprodutivas da IctiofaunaOs peixes da Amazônia apresentam uma grande diversidade de comportamentos reprodutivos.O sucesso de uma estratégia reprodutiva garante a sobrevivência do maior número possível dedescendentes e representam o produto de longos processos de seleção natural e adaptação àsoscilações sazonais das variáveis ambientais (WOOTON, 1984).Um total de 9.800 indivíduos de 227 espécies foi seccionado e as suas gônadas examinadas eclassificadas, correspondendo a 4801 fêmeas, 4957 machos e o restante não identificado.Desse total, 35% estavam imaturos (virgens) e 11% com as gônadas em repouso, fora doprocesso de maturação gonadal. Um total de 1701, 1524 e 2095 indivíduos estavam emmaturação, maduros e desovados, respectivamente.• Época de DesovaAs freqüências de indivíduos (de todas as espécies juntas) nos diversos e estágios dematuridade por estação do ano e por setor validam plenamente esta afirmação. Observa-se queenquanto os indivíduos em estágios imaturos (1) e em repouso (5) ocorrem durante todo oano, indivíduos em estádio em maturação ocorrem em pouca quantidade durante a vazante eseca, mas em grande número apenas na enchente. Indivíduos em estádios maturos (3), queindica pré-desova, ocorrem praticamente somente durante a enchente. Indivíduos jádesovados são também freqüentes na enchente (GRÁFICO 7.8.4.1- 48). Considerando queestas freqüências referem-se a toda a fauna íctica, parece evidente que a enchente é uma épocacrucial para o fechamento do ciclo reprodutivo da maioria das espécies.GRÁFICO 7.8.4.1- 48 - Freqüência relativa de estágios de maturidade por estação do anopara fêmeas (acima) e machos (embaixo) da fauna íctica do Xingu.Winemiller (1989) distingue três estratégias reprodutivas nos peixes da Venezuela: sazonal,6365-EIA-G90-001b 129 Leme Engenharia Ltda


em equilíbrio e oportunista. De maneira geral, esta classificação pode ser também aplicadapara as espécies da Amazônia brasileira. As principais características das espécies queapresentam cada uma destas estratégias são:Equilíbrio: Peixes sedentários, de distribuição local, geralmente piscívoros ou onívoros. Adisponibilidade de alimento para estes peixes sofre poucas mudanças sazonais. Apresentamépoca de desova prolongada, fecundidade menor, ovos maiores, e um grande investimentoenergético na sobrevivência da prole através de comportamentos especializados(acasalamento, construção de ninhos, cuidado parental, etc.). O resultado desta estratégia é adiminuição da mortalidade nas fases iniciais do ciclo de vida, garantindo um bomrecrutamento dos jovens à população adulta. Isto se traduz numa densidade relativamenteestável de adultos durante todo o ano. Exemplos: tucunaré, acará, pirarucu.Oportunista: Espécies com ciclos de vida curtos e que atingem a primeira maturação sexualrapidamente. Possuem desovas parceladas e numerosas, sem apresentar cuidado da prole. Osjovens conseguem a rápida colonização de habitats, mesmo em condições desfavoráveis e sobalta pressão de predação. Não necessariamente dependem do ciclo hidrológico para a desova.Exemplos: apapá, piranha, pescada, corvina.Sazonal: É o grupo mais numeroso de espécies. Apresenta uma adaptação quase perfeita comas mudanças do nível do rio e o regime anual de chuvas. Utilizam, principalmente, fontes deenergia de origem alóctone (frutos, folhas, insetos, etc.). Sua densidade populacional variadependendo da época do ano. Possuem grande fecundidade, ovos pequenos, não apresentamcuidado da prole, concentrando todas as energias em desovar no momento e no localadequado, para garantir a sobrevivência dos descendentes. Realizam migrações, à procuradesses locais apropriados e desovam durante um período mais ou menos restrito, quasesempre, no início do período de chuvas. Com isso, estas espécies aproveitam a entrada daságuas na floresta, um habitat rico em alimentos e apropriado para as primeiras fases de vidados jovens recrutas. Exemplos: curimatã, pacu, branquinha, tambaqui, aracu, candunga, ueba.No rio Xingu, foram encontrados representantes de todos estes grupos ecológicos,classificados pelo Winemiller (1989). Contudo, os dados indicam que um grande número deespécies realiza deslocamentos entre dezembro e fevereiro, subindo o rio na busca de canaisou entradas de água, para desovar nas áreas de inundação. Os jovens nascidos nesta época sãoobservados pelos pescadores durante o inverno dentro dos lagos, nas matas alagadas ou nasbeiras dos remansos.A título de exemplo escolheu-se a branquinha Curimatella dorsalis. No GRÁFICO 7.8.4.1-49 o padrão de distribuição dos estágios de maturidade dessa espécie por mês de coleta éapresentado. Parece evidente a existência de uma estratégia sazonal de reprodução. Osindivíduos em maturação, maturos e desovados ocorreram somente nos meses de dezembro ejaneiro de 2000-2001, quando as águas começaram a subir.Já para Triportheus rotundatus, o padrão encontrado combina com as características de umaespécie com estratégia oportunista. Pela freqüência dos estádios de maturidade desprende-seque a espécie possui várias desovas ao longo do ano. Esta conclusão tem como base apresença de indivíduos em maturação e desovados em janeiro, julho e dezembro, o queindicaria que esta espécie não precisa da sincronia do ciclo das águas para a funçãoreprodutora (GRÁFICO 7.8.4.1- 50).6365-EIA-G90-001b 130 Leme Engenharia Ltda


100Curimatella dorsalis90807060Frequências50403020100-101 7 9 11 12MêsVirgemEm maturaçãoMaturoDesovadoRepousoGRÁFICO 7.8.4.1- 49 - Distribuição de estágios de maturidade de acordo com os meses decoleta para Curimatella dorsalis (Curimatidae).50Triportheus rotundatus4030Frequências20100-101 2 7 9 10 12MêsVirgemEm maturaçãoMaturoDesovadoRepousoGRÁFICO 7.8.4.1- 50 - Distribuição dos estágios de maturidade de Triportheus rotundatus,sardinha, de acordo com o mês de coleta.Correlações entre a proporção de exemplares “maduros” e o nível do rio Xingu foramtestadas, sendo determinada uma associação positiva e significante entre o aumento do níveldo rio Xingu (enchente ~ cheia) com a proporção de exemplares “maduros” em espécies, taiscomo: Agoniates anchovia, Argonectes robertsi, Bivibranchia fowleri, Leporinus sp "verde",Myleus torquatus, Roeboides dayi, Serrasalmus rhombeus e Tocantinsia depressa(r smin =0,87), confirmando a sua estratégia sazonal. Já para as espécies Geophagus aff altifronse Hemiodus vorderwinkleri a correlação foi negativa, indicando uma preferência para a6365-EIA-G90-001b 131 Leme Engenharia Ltda


desova na época menos chuvosa.Considerando as mudanças no regime hidrológico e a perda de áreas de inundação a partir dainstalação do empreendimento hidrelétrico, parece evidente que o grupo de peixes comestratégia sazonal deverá sofrer o maior impacto. A falta do pulso de inundação deverádeterminar o desaparecimento dos cardumes de peixes que utilizam essas áreas parareprodução, alimentação e berçário.A TABELA 7.8.4.1- 27 resume as informações disponíveis até o momento sobre a biologiareprodutiva e aspectos da ecologia de algumas espécies da bacia amazônica, tambémencontradas no Xingu.6365-EIA-G90-001b 132 Leme Engenharia Ltda


NomecientíficoTABELA 7.8.4.1- 27Resumo de informações sobre ciclo de vida e atividades reprodutivas de algumas espécies de peixes.NomecomumDesova Lt 1ºmaturação(cm)meses época habitat tipo compor Migraçtamento ão FecundidadeIdade 1ºmaturaçãoMin50% EstratégiaReprodutivaAlimentaçãoContinuaArapaima Pirarucu Nov- Final da LênticofundoParcial N, PC Não 47.000 6 anos ? 212 equilíbrio peixesgigasDez secaAuchenipterus Mandubé Nov Final da Lótico Parcial IF ? 15.000 ? ? 16 equilíbrio insetos,nuchalis pretosecacladocerosBoulengerella Bicuda Jan Início da Inundaçã Total Não Sim ? ? ? ? ? peixescuvierienchente oBrycon Diana Jan-Fev Final da Inundaçã Total Não Sim ? ? ? 22 sazonal frutasbrevicaudaseca oCichla Tucunaré Dez- Enchente- Lótico Total N, PC Não ? 1 ano 25 26 equilíbrio peixesmelaniaeMai CheiaCichla sp Tucunaré AnotodoAno todo Lótico Total N, PC Não 1.500-8.0001 ano 29 35 equilíbrio peixesColossomamacropomumElectrophoruselectricusTambaquiPoraquêDez-MarSet-DezInício daenchenteFinal dasecaLótico Total Não Sim 1.000.000 4 anos 50 56 sazonal frutos,zooplânctoncorpos de Parcial N, PC Não 17.000 ? 90 ? equilíbrio invertebradáguaosresidualNOTAS: (N=constróem ninhos; PC=cuidado parental; T=comportamento territorial; IF=fertilização interna).FONTE: RUFFINO & ISAAC (1995), CAMARGO & LIMA JUNIOR (2007) e presente estudo.6365-EIA-G90-001b 133 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1-27Resumo de informações sobre ciclo de vida e atividades reprodutivas de algumas espécies de peixes.ContinuaçãoNomecientíficoNomecomumDesova Lt 1ºmaturação(cm)meses época habitat tipo compor Migraçtamento ão FecundidadeIdade 1ºmaturaçãoMin50% EstratégiaReprodutivaAlimentaçãoGeophagus spp Cará Dez-Jul Cheia pedraslênticoHemiodiopsis Flexeira Dez- Início da InundaçãsppJan enchente oHoplias Traíra Nov Final da LagoságuasmalabaricussecareasasHypophthalmus Mapará MarmarginatusMai (?)Loricaria sp Acari Set- Final darabo seco Dez secaMetynnis sp Pacu Dez- Início da InundaçãMyleus sppMar enchente oMyleus pacu Pacu Set-Jan Seca- Inundaçãcaranha Enchente oMyleustorquatusPacubrancoDez-JanParcial T, N, Não ? 1 ano ? ? equilíbrio invertebradPCosTotal Não Sim ? ? ? ? variadaParcial N,PC Não 2.500-3.0001 ano ? 20 ? peixesCheia ? ? Não Sim ? ? 27 45 ? plânctonInício daenchente? Parcial PC Não 100 ? ? ? equilibrioInundaçãoTotal Não Sim ? ? ? ? sazonal vegetaisTotal Não Sim ? ? 15 17Total Não Sim ? ? 12 16 Sazonal vegetaisNOTAS: (N=constróem ninhos; PC=cuidado parental; T=comportamento territorial; IF=fertilização interna).FONTE: RUFFINO & ISAAC (1995), CAMARGO & LIMA JUNIOR (2007) e presente estudo.6365-EIA-G90-001b 134 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1-27Resumo de informações sobre ciclo de vida e atividades reprodutivas de algumas espécies de peixes.Desova Lt 1ºmaturação(cm)Nome Nome meses época habitat tipo compor MigraçIdade 1º Min 50% Estratégia Alimentaçãcientífico comumtamento ão Fecundida maturaçãReprodutiv ode oaOsteoglossum Aruanã Dez- Início da Lêntico Total PC Não 182-210 2 ? ? equilíbrio variadabicirrhosumJan enchentePachyurus sp Curuça Ano Ano todo Lêntico Parcial Não Não ? ? ? ? peixestodoPinirampus Barba Dez Início da Rio e Total ? ? ? ? ? ? peixespinirampus chataenchente LagoPlagioscionmagdalenaePescada Nov-FevInício daenchenteLago/Rio parcial Não Não 800 ? 1 ano 19 22 oportunista peixes,insetos,PlagioscionsquamossisimusPotamorhinalatiorProchilodusnigricansPseudoplatystoma fasciatumPescadaBranquinhaCurimatãSurubimlenhaJul-NovDez-MarNov-FevFevcrustáceosSeca Lago/Rio Parcial Não Não 800 ? 1 ano 21 25 oportunista peixes,insetos,crustáceosInício daenchenteInício daenchenteInício daenchenteInundaçãoTotal Não Sim ? ? ? ? sazonal detritos,perifitonInundaçã Total Não Sim 300.000 1,5 anos 25 35 sazonal detritosoRio Total Não Sim ? ? ? ? sazonal peixesNOTAS: (N=constróem ninhos; PC=cuidado parental; T=comportamento territorial; IF=fertilização interna).FONTE: RUFFINO & ISAAC (1995), CAMARGO & LIMA JUNIOR (2007) e presente estudo.Continuação6365-EIA-G90-001b 135 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1-27Resumo de informações sobre ciclo de vida e atividades reprodutivas de algumas espécies de peixes.Desova Lt 1ºmaturação(cm)Nome Nome meses época habitat tipo compor MigraçIdade 1º Min 50% Estratégia Alimentaçãcientífico comumtamento ão Fecundida maturaçãReprodutiv ode oaSchizodon Aracu Nov- Início da Inundaçã Total Não Sim Alta ? ? ? sazonal vegetaisvitatumJan enchente oSemaprochilod Ariduia Dez- Início da Inundaçã Total Não Sim ? ? ? 24-26 sazonal detritosus sppMar enchente oSerrasalmus Piranha ? Cheia Rio/Lago ? N; PC Não ? ? ? ? equilíbrio variadaspp.Tocantinsia Pocomon Jan-Fev Início da ? Total ? ? ? ? ? ? variadadepressaenchenteTriportheuselongatusSardinha Dez-MarInício daenchenteInundaçãoTotal Não Sim ? ? ? ? sazonal variadaNOTAS: (N=constróem ninhos; PC=cuidado parental; T=comportamento territorial; IF=fertilização interna).FONTE: RUFFINO & ISAAC (1995), CAMARGO & LIMA JUNIOR (2007) e presente estudo.Conclusão6365-EIA-G90-001b 136 Leme Engenharia Ltda


• Locais de Desova, e Observação de “Arribação” ou PiracemasA maior parte dos peixes oportunistas, como os cianídeos, não tem preferências muitoespecíficas para os seus locais de desova, apenas liberando os ovos em locais onde háoxigênio suficiente e correnteza para garantir a dispersão. Já as espécies que demonstramcuidados parentais, como alguns ciclídeos, costumam fazer ninhos, às vezes elaborados, epara isto procuram poços ou locais protegidos dos predadores e com condições aeróbicasaceitáveis.Sem dúvida os deslocamentos reprodutivos dos peixes representam um dos comportamentosbiologicamente mais complexos da fauna íctica. Praticamente todos os peixes realizammovimentos dentro do sistema de canais e zona de inundação. Contudo, a “piracema” ou“arribação” é um movimento regular de migração longitudinal e lateral, diretamenterelacionado à desova ou dispersão de algumas espécies de peixes, na área inundável, comépoca mais ou menos precisa, no início da cheia anual. No rio Xingu, o que parece maisevidente é a migração lateral dos indivíduos que entram nos canais de transbordamento do rio,durante a enchente. Este comportamento é encontrado no rio Xingu para muitas espécies,como, por exemplo, aquelas pertencentes aos gêneros Curimata, Prochilodus, Leporinus,Myleus, dentre outras (TABELA 7.8.4.1- 27).Quando analisada a distribuição espacial desses estádios de maturidade, observa-se queexistem indivíduos em desova, ao longo de todo o rio, ou seja, a reprodução das espéciesocorre em todos os locais estudados. Das 227 espécies que foram analisadas para este quesito,117 possuíam algum indivíduo em estágio 3, maturo, o que representa 44% do total. Do totalde espécimes classificados como maturos, 31 e 32% foram encontrados no setor II e III do rio,respectivamente, 21% no setor I (Iriri), 9 % no Baixo Xingu e 5% no Bacajá. Para eliminar oefeito de diferenças no esforço amostral, considerou-se cada setor independentemente(TABELA 7.8.4.1- 28). No setor do Iriri, ocorrem todos os estágios de desenvolvimento, comdestaque um pouco maior para os indivíduos jovens. Neste setor, de cada cinco indivíduoscoletados um estava em reprodução. Os indivíduos maturos, a maioria absoluta ocorrem naenchente. No setor do reservatório, tem-se uma situação similar ao setor do Iriri, com maiordestaque para os indivíduos jovens e desovados. Indivíduos maturos e desovados apresentammaiores freqüências na enchente. Na Volta Grande, 43% dos indivíduos foram classificadoscomo virgens, que ocorrem praticamente o ano todo. Isto denota a importância desta regiãocomo habitat de espécimes jovens. Em segundo lugar neste setor destacam-se os indivíduosdesovados. No baixo Xingu também ocorrem todos os estágios de desenvolvimento;destacam-se, além dos indivíduos jovens, os indivíduos em maturação e desovados. NoBacajá, que foi amostrado somente durante a enchente, o destaque é para os indivíduos emreprodução, desovados e em repouso, indicando que esta é também uma importante área dedesova.6365-EIA-G90-001b 137 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 28Freqüência relativa de indivíduos em estágios reprodutivos de acordo com o setor do rio e aestação do ano. Considerou-se 100% o total de espécimes coletados em cada setor.Setor Estação do Virgem Em maturação Maturo Desovado Repouso TOTALanoIriri Enchente 9.0 12.8 19.0 14.6 9.2 65Cheia 3.2 0.7 0.1 0.8 0.2 5Vazante 8.8 4.4 0.0 1.0 2.8 17Seco 4.6 3.0 1.0 4.2 0.5 13Total 26 21 20 21 13 100Reservatório Enchente 6.0 10.3 14.0 14.6 7.9 53Cheia 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0Vazante 19.5 2.8 0.6 4.1 3.6 31Seco 11.1 1.9 0.6 2.7 0.3 17Total 37 15 15 21 12 100VoltaGrandeEnchente 14.3 11.0 12.4 14.1 3.5 55Cheia - - - - - -Vazante 14.1 2.1 1.0 2.6 1.9 22Seco 14.3 3.4 0.6 3.7 0.9 23Total 43 16 14 20 6 100BaixoXinguEnchente 17.0 20.2 11.3 22.2 13.4 84Cheia - - - - - -Vazante 8.0 0.6 0.2 0.6 0.1 9Seco 3.5 0.6 0.0 2.0 0.4 6Total 28 21 12 25 14 100Bacajá Enchente 10.0 15.1 25.4 23.4 26.1 100Cheia - - - - - -Vazante - - - - - -Seco - - - - - -Total 10 15 25 23 26 100Dentre os locais de coleta ao longo do rio, destaca-se o trecho final da AID, na localidade deBoa Esperança e no rio Iriri onde a proporção de indivíduos maturos é alta. No outro extremo,no final da Volta Grande, na cachoeira de Itamaracá também encontrou-se uma grandefreqüência de indivíduos em reprodução (GRÁFICO 7.8.4.1- 51). Mesmo em locais comcerto grau de degradação ambiental, como é o lago de Arapujá, na frente da cidade deAltamira, a quantidade de indivíduos que utilizam esse local para desova é chamativa. Nesteambiente desovam espécies sedentárias como as pescadas, piranhas e tucunarés. Isto éimportante já que esta localidade deverá inundar após o enchimento do reservatório principal.6365-EIA-G90-001b 138 Leme Engenharia Ltda


Jusante VitóriaCachoeira ItamaracáPaquiçamba/CaitucáCachoeira TapiúnaBacajáArroz CruArapujáBoa EsperançaRio Iriri0.00 5.00 10.00 15.00 20.00 25.00Frequência relativaGRÁFICO 7.8.4.1- 51 - Freqüência de indivíduos maturos por local de captura para toda afauna de peixes do rio Xingu. As cores representam os setores dorio, roxo-setor I; azul- setor II; verde- setor III e laranja – setor IV.Também se observa a importância da Volta Grande no recrutamento dos jovens, sendo este osetor com maior abundância de peixes em estádio “virgem” (GRÁFICO 7.8.4.1- 52).O GRÁFICO 7.8.4.1- 52 apresenta a distribuição dos estádios de maturidade de Curimatelladorsalis por área de coleta. Apreende-se com este gráfico a importância das corredeiras noprocesso de maturação. Observa-se que os indivíduos maturos desta espécie foramencontrados, com maior abundância na Cachoeira de Itamarcá. Já indivíduos desovados e,principalmente, indivíduos jovens (imaturos) e em repouso, encontram-se em áreas deremansos, de inundação ou em lagoas, como é o caso do lago de Arapujá, na frente deAltamira.6365-EIA-G90-001b 139 Leme Engenharia Ltda


Curimatella dorsalisVirgemEm maturaçãoMaturoDesovadoRepousoBoa EsperançaArapujáGRÁFICO 7.8.4.1- 52 - Distribuição dos estágios de maturidade de Curimatella dorsalis, porlocal de captura.A distribuição dos locais referidos pelos pescadores como locais de piracema, também seespalham ao longo de toda a área estudada do rio Xingu. Nos levantamentos foramreconhecidos mais de 300 locais onde são observados movimentos de piracema pelospescadores. A localização destes locais pode ser vista na FIGURA 7.8.4.1- 32.Aproximadamente 51% dos pontos identificados estavam localizados nas ilhas fluviais e osrestantes nas margens do rio ou em áreas que inundam durante a enchente. Na área I, II, III eIV foram encontradas, respectivamente, 29, 30, 27 e 14% dos locais de piracema. As trêsáreas acima das grandes cachoeiras parecem ter uma importância similar, no que diz respeitoà distribuição de locais propícios para a desova. Lembrando que, na Volta Grande, o trecho ajusante do rio Bacajá não foi pesquisado, o que explica a freqüência um pouco menor destaárea em relação à área I e II.Utilizando a classificação da vegetação dominante em cada local como fator discriminador,pode ser notado facilmente que os peixes possuem preferência por ambientes com vegetaçãoarbórea para a desova. Postula-se que este fato possa estar relacionado com a temperatura daágua, a presença de fontes alimentares e a presença de locais utilizados como refúgio para seproteger de possíveis predadores (QUADRO 7.8.4.1- 9).Cachoeira ItamarcáJusante Vitória806040200100Frequência relativa6365-EIA-G90-001b 140 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 32 - Mapeamento dos locais indicados pelos pescadores como sendo locaisde piracemas, ou entradas de cardumes de peixes adultos para areprodução.QUADRO 7.8.4.1- 9Freqüência de locais de piracema encontrados de acordo com o tipo de ambiente e vegetaçãodominantes no rio Xingu, entre Senador José Porfírio e o rio Iriri.Fitocenose Dominante Ilhas MargensVegetação arbórea 123 72Aninga 0 6Capoeira 11 17Capoeira jovem 4 8Campo 4 5Campo em regeneração 4 6Área desmatada 1 4Pasto 0 26Área de queimadas 5 3TOTAL 152 147Uma análise de ordenamento, a partir dos dados de ocorrência das diferentes fitocenoses noslocais de piracema, indicou novamente uma clara distinção destes em função do tipo devegetação dominante, o que por sua vez está diretamente relacionado, na maior parte dasvezes, com os níveis de atuação antrópica em cada local. Assim, pode-se classificar osambientes preferidos de piracema de acordo com sua localização em: (i) áreas sob baixapressão antrópica, representadas por locais com dominância de vegetação arbórea, de6365-EIA-G90-001b 141 Leme Engenharia Ltda


preferência alta; (ii) áreas sob média pressão antrópica, representadas por locais com presençade capoeiras e campos, tanto naturais quanto sob regeneração e (iii) áreas sob alta pressãoantrópica, representadas pelas localidades onde dominavam as pastagens. A representação doscomponentes principais demonstra a polaridade dos dois extremos desta classificação(GRÁFICO 7.8.4.1- 53).0,140,10Pasto0,06Vegetação arbóreaPCA II0,02-0,02-0,06Campo naturalCampo regeneraçãoCapoeira jovemCapoeira-0,10-0,14-0,16 -0,10 -0,04 0,02 0,08 0,14PCA IGRÁFICO 7.8.4.1- 53 - Ordenação das fitocenoses inventariadas nos locais de piracema edesova de peixes.Em termos numéricos, observou-se uma maior freqüência (65%) de locais de piracema edesova em ambientes relativamente preservados, com pouca pressão antrópica e comvegetação predominantemente arbórea. Este fato poderia explicar a preferência dos peixespelas ilhas, em relação às margens do rio. As ilhas fluviais são ambientes mais preservados,devido ao seu isolamento das vias de transporte terrestre e por não apresentarem, em geral,uso agropecuário intenso do solo. Nas margens do rio, a quantidade de locais preservados ecom vegetação arbórea é menor e os peixes que aí chegam, acabam utilizando outrosambientes, como os pastos ou capoeiras para compensar a falta da vegetação natural.Segundo Goulding (1980), os fatores ecológicos que controlam a intensidade da piracema sãocomplexos e as variáveis que parecem ser mais importantes são: o nível de água e a suatransparência. Assim, parece evidente que nas áreas desmatadas as condições para a desovasão mais desfavoráveis, devido à suspensão dos sedimentos provindos do solo nu, facilmenteerodível.A perda de habitats será, sem dúvida, um dos principais impactos da construção do AHE BeloMonte. Williams et al., (1989) mencionam que 93% do declínio de taxa de peixes em águascontinentais da América do Norte deve-se à perda de habitats naturais.6365-EIA-G90-001b 142 Leme Engenharia Ltda


- Estrutura em Cmprimento e Crescimento RelativoO tamanho dos indivíduos de uma espécie ou comunidades é um poderoso indicador doestado de preservação da mesma e de sua maturidade. Taxas de mortalidade e de explotação emédias de comprimento de uma população são utilizados classicamente como indicadores doimpacto da pesca ou de outras alterações na estrutura da população de uma espécie (Beverton& Holt, 1956), pois são parâmetros de fácil compreensão e podem ser utilizados paracomparar alterações ao longo do tempo.Neste estudo utilizou-se este conceito, mas aplicado a toda a comunidade íctica. Com issopode-se supor que esta comunidade encontra-se em estado de equilibro mais ou menosrelativo e que a estrutura em comprimento da mesma (todas as espécies em conjunto)representa a proporção de espécimes e espécies pequenas em relação aqueles ou àquelas demaior tamanho. Supostamente uma comunidade mais desenvolvida, conservada e/ou matura,possui um maior numero de espécies grandes, do que uma mais degradada. Essa abordagem,comparando a distribuição de toda a comunidade pelo número de indivíduos por classe detamanho e pela diversidade (H´) por classe de tamanho, é utilizada por outros autores para amesma finalidade e representa uma forma bastante rápida e eficiente de avaliação daictiofauna (BOUDREAU et al.., 1991; GISLASON & RICE, 1998; ROCHET &TRENKEL, 2003).No caso específico para os estudos do AHE Belo Monte, uma vez que a metodologia foipadronizada e as redes possuíam tamanhos variados de malha, desde 2cm até 18cm, arepresentação gráfica pode ser considerada representativa da comunidade amostrada. Nascurvas obtidas podemos ver que a comunidade de peixes do rio Xingu, possui indivíduos eespécies em uma ampla faixa de comprimentos, desde uns poucos centímetros até mais de1,5m, o que fala de uma comunidade bastante complexa. A inclinação da linha de tendência ésuave, o que indica uma mortalidade moderada (GRÁFICO 7.8.4.1- 54). Todos estes sãoindicadores de bom estado de conservação.6365-EIA-G90-001b 143 Leme Engenharia Ltda


11Total97ln(N)53R²=0,891-10 40 80 120 160Comprimento (cm)GRÁFICO 7.8.4.1- 54 - Logaritmo do número de indivíduos em função do comprimentototal (cm) para toda a comunidade íctica coletada com redes demalha no rio Xingu.Total4,53,52,5H'1,5R²=0,870,5-0,5-20 20 60 100 140 180Comprimento (cm)GRÁFICO 7.8.4.1- 55 - Índice de diversidade H´ em função do comprimento total dos peixespara toda a comunidade íctica coletada com redes no rio Xingu.Os índices de diversidade por tamanho demonstraram uma curva mais inclinada, que diminuidrasticamente com os tamanhos (GRÁFICO 7.8.4.1- 55). Isto significa que apesar dos altosíndices de diversidade desta comunidade são poucas as espécies que atingem tamanhosmaiores.Os comprimentos médios da comunidade também foram testados. Na distribuição espacialdos dados de remansos e canal do rio (sem lagoas) observa-se claramente que durante a cheiaencontramos os menores peixes, enquanto que a média aumenta, à medida que o rio vaisecando. Nos lagos, ao contrário, os maiores indivíduos encontram-se nos períodos detransição e durante o período mais seco, época em que os lagos não secam e ficam povoadosapenas por espécimes ou espécies de pequeno porte. Estes resultados confirmam afragmentação dos habitats e das comunidades durante a seca, indicando que, neste período, osadultos e peixes maiores permanecem no rio, enquanto que os menores ficam nas lagoas ou6365-EIA-G90-001b 144 Leme Engenharia Ltda


outros corpos de água remanescente. Já na cheia a comunidade de peixes ganhaconectividade, os ambientes são mais homogêneos e adultos e jovens dividem todos osambientes (GRÁFICO 7.8.4.1- 56).Comprimento médio21201918171615Enchente Seca Vazante CheiaComprimento médio14141313121211Enchente Seca VazanteGRÁFICO 7.8.4.1- 56 - Comprimento total médio (cm) e intervalo de confiança (95%) deindivíduos da ictiofauna do rio Xingu, capturados com redes demalha em ambientes fluviais (acima) e lacustres (embaixo), deacordo com a estação do ano.O mesmo tipo de abordagem, mas considerando a variação espacial, foi também consideradapara os peixes capturados nas malhadeiras. Neste caso, foram contemplados somente osexemplares coletados durante a enchente, nos ambientes fluviais, para poder comparar todosos locais, já que as amostras do médio rio Bacajá foram realizadas somente nessa estação doano. No GRÁFICO 7.8.4.1- 57, as médias são maiores nos locais mais distantes dascachoeiras, i.e. no rio Bacajá e no Iriri, indicando certo gradiente de tamanho para boa partedos exemplares, a medida que nos afastamos da foz. Esses resultados podem ser interpretadoscomo resultados de dois fatores: i) ambientes mais distantes são mais conservados,predominando indivíduos maiores ii) no comportamento de migração cada ano, os exemplaressobem um pouco mais o rio, por tanto locais mais distantes da foz teriam indivíduos maisvelhos e de maior porte. Estes achados são importantes para estabelecer critérios e prioridadesna escolha de áreas de conservação, além de reforçar a teoria sobre os deslocamentos dealgumas espécies rio acima.A confirmação das hipóteses levantadas nesta seção requer um estudo mais detalhado, no qualsejam considerados índices de integridade, marcadores genéticos ou físicos e ainda adistribuição etária das principais espécies ao longo do rio, o que será proposto em umprograma de investigação de longo prazo.6365-EIA-G90-001b 145 Leme Engenharia Ltda


32Enchente3028Comprimento total (cm)262422201816141210Rio Xingu/Iriri Arroz cruBoa EsperançaBacajáPaquiçamba C. ItamaracáC. ItapiúnaSouzelNovo LocalGRÁFICO 7.8.4.1- 57 - Distribuição das médias de comprimento total (cm) e intervalo deconfiança (95%), por local de captura, para exemplares daictiofauna do rio Xingu capturados com redes de malha.A distribuição do comprimento médio em relação aos diferentes setores do rio pode indicarpreferências de habitats, de determinadas espécies. O padrão no qual indivíduos de maiortamanho se concentram na parte mais alta do rio é bastante comum, mas não geral. Dentre asespécies mais abundantes, que permitiram esta análise, Myleus torquatus, Curimatacyprinoides, Caenotropus labyrithicus, todos Characiformes, apresentaram tamanhos médiosmaiores nas partes mais altas do rio, bem como o predador Boulangerela cuvieri. Já outrasespécies de Characiformes, como Hemiodus voerdewinkleri e Bivibranchia fowleri,demonstraram padrões inversos, com os maiores indivíduos no baixo Xingu (GRÁFICO7.8.4.1- 58).6365-EIA-G90-001b 146 Leme Engenharia Ltda


Comprimento total (cm)30282624222018161412108Myleus torquatusI II III IVComprimento total (cm)14,013,513,012,512,011,511,010,510,09,5Curimata cyprinoidesI II III IVComprimento total (cm)14,013,813,613,413,213,012,812,612,412,212,011,8Caenotropus labyrinthicusI II III IVSetorSetorSetorComprimento total (cm)17161514131211Hemiodus vorderwinkleriI II III IVComprimento total (cm)14,514,013,513,012,512,011,511,010,5Bivibranchia fowleriI II III IVComprimento total (cm)4240383634323028262422201816Boulangerela cuvieriI II III IVSetorSetorSetorGRÁFICO 7.8.4.1- 58 - Comprimentos médios (cm) e intervalo de confiança (95%), porsetor do rio para seis espécies da ictiofauna.A estrutura em comprimento total de 16 espécies da ictiofauna coletados no rio Xingu comredes de malha foi estudada por inspeção dos gráficos das freqüências relativas médias, dasclasses de comprimento para todas as amostras coletadas com redes, com a finalidade deinferir o número de classes etárias em cada população (GRÁFICO 7.8.4.1- 59). A espécieque apresentou o menor número de classes de idade foi Hemiodus inmaculatus, a flexeira, quese destacou como uma das espécies mais abundantes no sistema. Trata-se de uma espécie depequeno porte, que alcança, no máximo, 20cm de comprimento total; é de hábito onívoro emuito comum nas amostras de rede. Pela sua estrutura etária podemos imaginar que estaespécie possui crescimento muito rápido e mortalidade muito alta, especialmente após oprimeiro ano de vida. Sua estratégia de vida faz desta espécie um bom indicador de mudançasambientais, pois a abundância da população deve ser um reflexo direto das condiçõesambientais onde ela habita, e a falta de classes etárias mais velhas, elimina o efeitoamortecedor que estas poderiam produzir, após qualquer falha no recrutamento anual.6365-EIA-G90-001b 147 Leme Engenharia Ltda


35302520151050-50510 20 30 4015 25 35 450510 20 30 4015 25 35 450510 20 30 4015 25 35 450510 20 30 4015 25 35 45Tocantinsia depressaGeophagusaff. altifornsLeporinus sp "verde"Loricaria sp302520151050-50515 25 3510 20 30 40-50515 25 3510 20 30 40-50515 25 3510 20 30 40-50515 25 3510 20 30 40Myleus torquatusBoulengerella cuviersPlagioscion surinamensisHemiodus unimaculatus35302520151050-50510 20 30 4015 25 35010 20 30 405 15 25 35010 20 30 405 15 25 35010 20 30 405 15 25 35Hydrolycus armatusSerrasalmus rhombeusHemiodus inmaculatusPachyurussp4035302520151050-5010 20 30 40 505 15 25 35 45010 20 30 40 505 15 25 35 45010 20 30 40 505 15 25 35 45010 20 30 40 505 15 25 35 45Pinirampus pirinampuPlagioscion sp6365-EIA-G90-001b 148 Leme Engenharia LtdaCichlaspProchilodus spNOTA: Classes de comprimento (cm)GRÁFICO 7.8.4.1- 59 - Distribuição de freqüências relativas médias (%) do comprimentototal (cm) de algumas das espécies mais abundantes nas coletas comredes de malha da ictiofauna do rio Xingu.No extremo oposto, temos as duas espécies de pescadas, que apresentaram seis a sete classes


de idade nas composições de tamanho. As espécies da família Sciaenidae têm comocaracterística biológica a sua capacidade de reprodução em qualquer época do ano,apresentando altas taxas de fecundidade. Por não apresentarem comportamento migratório enem cuidados parentais, são considerados peixes oportunistas na sua estratégia reprodutiva.Para sua alimentação predam peixes menores e, às vezes, crustáceos. Possuem crescimentorelativamente rápido, mas apresentam longevidade de mais de 10 anos de vida. Estascaracterísticas indicam que esta espécie será bastante resistente ao tipo de mudançasesperadas pela instalação da hidrelétrica de Belo Monte. Assim, espera-se que a suaabundância relativa aumente pelo menos nas áreas dos reservatórios.As outras espécies estudadas encontram-se em situações intermediárias. A estrutura edensidade destas espécies devem ser monitoradas severamente após as obras do AHE, com afinalidade de acompanhar as mudanças na composição da comunidade íctica da região.Na TABELA 7.8.4.1- 30 foram listados os dados das relações entre o peso e o comprimentodas principais espécies encontradas no rio Xingu. Estas informações são necessárias paraoutros estudos relacionados com o crescimento das espécies e para a avaliação do tamanhodas populações e têm especial relevância para as espécies que são exploradas pela pescacomercial. Ao mesmo tempo, estes valores podem ser utilizados como referência paraacompanhar futuras mudanças na estrutura populacional, após os impactos ambientais doempreendimento do AHE.6365-EIA-G90-001b 149 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 29Estatística descritiva do comprimento total e do peso total, número de classes etárias e estratégias de crescimento de 16 espécies de peixesdo rio Xingu.Comprimento Peso (g) Nª decoortesFamília Espécies [E] [O] n m min max 95- 95+ n m min max 95- 95+Tipo decrescimentoAnostomidae Leporinus sp "verde" + 415 13,96 8 36 13,4 14,5 413 50,6 5 600 42,7 58,5 8 MédioAuchenipteridae Tocantinsia depressa 332 37,50 10 58 36,8 38,2 330 873,7 1 5401 826,6 920,7 3 RápidoCharacidae Hydrolycus armatus + 191 39,30 13 86 37,5 41,1 190 921,4 15 15550 711,8 1130,9 4 RápidoCichlidae Cichla sp + 71 25,45 9 40 23,4 27,5 68 291,5 6 950 234,8 348,1 3 RápidoGeophagus aff. altifrons 374 12,48 2 26 11,9 13,0 368 60,5 2 310 53,2 67,9 6 RápidoCtenoluciidae Boulengerella cuvieri + 604 36,03 14 74 35,3 36,8 601 296,2 16 2500 269,4 323,0 5 MédioHemiodidae Hemiodus inmaculatus + 976 15,04 10 32 14,9 15,2 964 43,7 5 471 41,7 45,7 1-2 RápidoHemiodontidae Hemiodus unimaculatus + 4127 13,77 1 65 13,7 13,8 4000 29,0 3 740 28,3 29,7 5 RápidoLoricariidae Loricaria sp + 673 17,49 10 39 17,2 17,8 671 28,7 1 110 27,5 30,0 2-3 RápidoPimelodidae Pinirampus pinirampus 63 56,54 26 89 52,8 60,3 61 1963,9 8 7000 1547,6 2380,2 3 RápidoProchilodontidae Prochilodus nigricans 119 27,49 12 60 26,0 29,0 118 478,3 39 1700 415,9 540,7 5 MédioSciaenidae Pachyurus sp + + 506 19,19 7 52 18,5 19,9 502 130,3 1 632 117,5 143,0 4 RápidoPlagioscion surinamensis 212 31,21 8 61 29,8 32,6 212 519,2 12 3390 448,1 590,4 7 MédioCharacidae Myleus torquatus 422 24,13 2 55 23,3 25,0 420 567,2 1 2400 515,6 618,9 5 MédioSerrasalmus rhombeus 291 19,89 5 44 18,8 21,0 291 365,7 2 2720 306,7 424,7 3 RápidoNOTAS: m =média; min =mínimo; max =máximo, 95-e 95+ =intervalo de confiança de 95%.[E] ~ espécie endêmica; [O] ~ espécie contribuindo com o 50% de ocorrência (Q 50% )6365-EIA-G90-001b 150 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 30Relação comprimento-peso (g/cm) de algumas espécies de peixes que ocorrem no rio Xingude acordo com o presente estudo e extraído de Ruffino & Isaac (1995).ContinuaFamília/Espécies Nome comum a b N r L max(cm)ArapaimidaeArapaima gigas Pirarucu 0,0278 2,790 76 0,965 224 109OsteoglossidaeOsteoglossum bicirhosum Aruanã 0,0021 3,271 591 0,956 74 37ClupeidaePellona castelnaeanaPellona flavipinnisAnostomidaeSchizodon vittatusLeporinus fridericiCharacidaeBrycon falcatusApapá amareloApapá brancoAracuAracu cabeça gordaMatrinchãCachorra0,00420,00810,02510,02770,00750,05403,2153,1122,7932,8243,1962,5451.1164761.9104335671280,9790,9760,9440,9600,9900,84Hydrolicus armatusCtenolucidaeBoulengerella cuvieri Bicuda 0,0076 2,886 358 0,94 74 15CurimatidaeCurimata cyprinoides Candunga 0,0137 3,027 523 0,91 23 6ErythrinidaeHoplias malabaricus Traira 0,0067 3,126 0,87 57 1HemiodontidaeHemiodus argenteusHemiodus unimaculatusProchilodontidaeProchilodus nigricansSemaprochilodus taeniurusSemaprochilodus bramaCharacidaeColossoma macropomumPiaractus brachypomusPygocentrus nattereriMyleus torquatusSerrasalmus cf serrulatusSerrasalmus rhombeusFlexeira 0,03210,0068CurimatãJaraqui finaJaraqui grossaTambaquiPirapitingaPiranhaPacu olhudoPiranha camariPiranha preta0,01840,00180,01020,02790,02470,01940,02100,01600,01002,6123,1262,9823,6083,1012,9242,9773,1343,0853,0963,2732982674644587641.1911.0733763081912090,930,860,9600,9430,959DoradidaeHassar orestis Botinho 0,0228 2,807 310 0,95 50 9LoricariidaeLoricaria sp Acari rabo seco 0,0240 2,450 619 0,77 39 10AgeneiosidaeAgeneiosus aff. ucayalensisAgeneiosus inermisHypophthalmidaeHypophythalmus edentatusHypophythalmus marginatusMandubéMandubéMaparáMapará0.00520,00460,00930,00203,1203,2022,8973,2663972284021.8900,990,990,960,970,980,980,960,970,930,927558403956813226603032104802543374489715556L min(cm)25141621251410512211791511210881025266365-EIA-G90-001b 151 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1-30Relação comprimento-peso (g/cm) de algumas espécies de peixes que ocorrem no rio Xingude acordo com o presente estudo e extraído de Ruffino & Isaac (1995).ConclusãoFamília/Espécies Nome comum a b N r L max(cm)PimelodidaeBrachyplatystoma filamentosum Filhote/Piraíba 0,0078 3,035 1.076 0,98 193Pseudoplatystoma fasciatum Surubim lenha 0,0065 3,033 698 0,97 120Pimelodina flavipinnisFura-calça 0,0031 3,275 858 0,93 44Goslinia platynemaBarbado0,0074 2,954 357 0,98 110Pinirampus pinirampus Barba chata 0,0100 2,970 41 0,97 88AuchenipteridaeTocantinsia depressa Pocomom 0,0130 3,053 385 0,87 58 10SciaenidaePlagioscion quamosissimusPlagioscion surinamensisPachyurus spCichlidaeCichla spPescadaPescadaCurvinaTucunaréAcaratinga0,01700,01100,00800,01530,02252,9473,0333,1122,9792,9486365-EIA-G90-001b 152 Leme Engenharia Ltda29191476412310,970,980,970,980,86Geophagus proximusClupeidaePellona flavipinnis Apapá 0,0160 2,863 74 0,97c5) Migrações da IctiofaunaOs padrões de migração de peixes da Amazônia vêm sendo investigados há vários anos paraalguns rios da região, como o rio Negro e o sistema Solimões-Amazonas (RIBEIRO, 1983;RIBEIRO & PETRERE, 1990; ARAÚJO-LIMA & GOULDING 1997, BARTHEM &GOULDING,1997; FERNANDEZ, 1997, 2004). Os resultados desses trabalhos demonstramque existe uma intrincada e complexa interação entre o padrão de migração, o nível do rio e aestrutura dos habitats de inundação disponíveis. Para o Rio Xingu, não há estudos anterioressobre as migrações que ocorrem entre as espécies de peixes.Bayley & Petrere (1989) dividem a ictiofauna da Amazônia em duas categorias. A primeirainclui as espécies que realizam migrações durante a seca entre o canal do rio, as áreasalagadas e os tributários. Tais espécies possuem desova total e reproduzem-se no canal ou nasáreas inundadas lateralmente durante o início da enchente. Incluem-se nesse grupo, duascategorias de peixes: i) os bagres migradores, (algumas espécies da ordem Siluriformes), querealizam migrações de longas distâncias, como a piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii), ea dourada (B. flavicans). Estas espécies percorrem longas distâncias pelos canais principaisdos rios da Amazônia (BARTHEM et al. 1997) e ii) peixes de escama (algumas espécies daordem Characiformes), tais como Prochilodus nigricans (curimatã), Semaprochilodus spp.(ariduia) e Myleus spp. (pacu) que realizam migrações laterais e longitudinais, maspercorrendo distâncias bem menores.O segundo grupo de espécies refere-se às espécies sedentárias, que realizam desova parcial,apresentam adaptações para permanecer em águas com menos quantidade de oxigênio.Algumas apresentam comportamentos de acasalamento e cuidado parental da prole. Nestegrupo estão incluídas espécies das famílias Cichlidae (Cichla spp., tucunaré), Osteoglossidae(Osteoglossum bicirrhosum, aruanã) e Arapaimidae (Arapaima gigas, pirarucu), assim comopequenos Ostariophysi (Sciaenidae, Plagioscion spp. pescada; Cichlidae, Geophagus spp.,4961374027L min(cm)32431750261087912


acará; Doradidae, Hassar orestis botinho; Loricariidae, Loricaria sp, Hypancistrus spp. acari;Serrasalmidae, Serrasalmus spp., piranha).• Bagres MigradoresOs estudos realizados sobre os grandes bagres migradores, como a dourada e a piramutaba,indicam que estes peixes estão intimamente associados ao canal do rio e que suas migraçõespercorrem milhares de quilômetros, desde o estuário amazônico, onde crescem os jovens, atéo Alto Solimões, Madeira ou Japurá, onde aparentemente desovam, entre maio e julho(GOULDING, 1980; BARTHEM; GOLDING, 1997; BARTHEM et al. 1997; COY 1994).No rio Xingu, a dourada e também a piramutaba (mas em menor proporção) são visualizadase capturadas no trecho baixo do rio, desde a foz, até, no máximo, o povoado de Belo Monte.A pesca de dourada é bastante desenvolvida nesta região junto com o filhote.Os pescadores relatam que observam cardumes de dourada subindo o rio Amazonas, todo ano,a partir de junho, no período de vazante e durante seca. Ao passarem pela desembocadura dorio Xingu, alguns os cardumes entram ou sobem o canal deste rio. Aparentemente, estespeixes predadores se deslocam rio acima, atrás de cardumes de camarão Macrobrachiumamazonicum ou de pequenos peixes que também estão no rio nesta época, como pacus, acaras,aracus, ou outros. Os pescadores se deslocam com seus espinhéis acompanhando os cardumesrio acima. Os deslocamentos possuem uma velocidade média de 500 a 1000 m por dia. Ospeixes vão até Belo Monte, aonde chegam mais ou menos no final do ano. À medida que aságuas sobem com a chegada das chuvas eles desaparecem da região. Contudo, indivíduosjovens de dourada, de menos do que 20 cm de comprimento total, são vistos nas poçasformadas durante o inverno nas proximidades de Porto de Moz e nas ilhas na frente destacidade, indicando que a ria do Xingu atua em parte, como uma extensão do imenso estuárioamazônico, oferecendo ambientes de berçário e recrutamento para os jovens dessas espécies.Estas informações confirmam a conectividade dos dois grandes cursos de água (Xingu-Amazonas), em relação a estes grupos da ictiofauna que realizam grandes migrações.Contudo, eles relatam que os peixes que sobem o Xingu são menores dos que continuam rioacima, no rio Amazonas, indicando certa preferência e seleção das coortes no comportamentomigratório, provavelmente determinado pelo menor volume d´água. No Xingu, tanto adourada como a piramutaba não são encontradas rio acima, após as grandes cachoeiras,ocorrendo apenas na parte baixa do rio. Por isso, postula-se que esses estoques de dourada epiramutaba são os mesmos estoques que percorrem o rio Amazonas, que utilizam este cursode água como ambiente propício na busca de alimento, durante a sua migração longitudinal,ao longo da calha principal do Amazonas.Já outras espécies de bagres, como o surubim Pseudoplatystoma fasciatum, a pirararaPhractocephalus hemioliopterus e o filhote Brachyplatystoma filamentosum parecem nãoprecisar percorrer distâncias tão longas ao longo do rio, no seu ciclo de vida. Estas espécieshabitam as águas do rio Xingu, tanto acima como abaixo das cachoeiras, e seusdeslocamentos atrás das presas, durante as enchentes, dentro do sistema de canais do rioseguem os mesmo padrões dos caraciformes menores e foram relatadas por vários pescadores.Por último, há também a migração rio acima do mapará Hypophthalmus edentatus e H.fimbriatus. Estas espécies habitam tanto o rio Amazonas como a parte baixa do rio Xingu. No6365-EIA-G90-001b 153 Leme Engenharia Ltda


io Xingu esta espécie pode ser encontrada nos ambientes fluviais e lacustres da ria.Indivíduos maduros de H. edentatus sobem o rio no fim da seca e chegam até Belo Monte, emdezembro-janeiro. Depois, permanecem no rio, sendo observado entre março e maio. Adesova ocorre nos poços mais profundos. Peixes pequenos podem ser observados na ria,durante o mês de janeiro. Devido ao seu comportamento alimentar, que depende do plâncton,desenvolvem migração na coluna d´água, se deslocando para comer durante a noite para ascamadas mais superficiais e para o fundo durante o dia. A outra espécie, não apresenta umcomportamento migrador evidente, ao longo do rio, e pode ser capturada o ano todo.• Migrações de Curtas DistânciasA migração de espécies, como Semaprochilodus spp e Colossoma macropomum nos rios daAmazônia está também diretamente associada à oscilação do nível do rio e à inundação deáreas da planície aluvial. A estratégia geral consiste em utilizar diferentes fontes tróficas aolongo das sucessivas estações do ano e do desenvolvimento do indivíduo: os adultos sealimentam nas florestas alagadas durante a cheia, os recém-nascidos e jovens procuramalimento e proteção nas mesmas áreas durante o alagamento e, ambos, utilizam o canal do riocomo caminho para o deslocamento entre áreas (GOULDING 1979, 1980; GOULDING &CARVALHO 1982; RIBEIRO 1983; RIBEIRO & PETRERE 1990).No rio Xingu, foram encontradas muitas espécies pertencentes ao grupo de migradores decurtas distâncias, tanto na parte inferior como na parte média do rio. As observações decampo, os resultados dos dados sobre distribuição dos comprimentos médios de algumasespécies, bem como os locais de desova, e as entrevistas com os pescadores levaram aformulação de um modelo de deslocamentos, um pouco diferente dos encontrados em outrosrios da Amazônia, mesmo que ainda preliminar e precise ser confirmado com mais estudos.Aparentemente, o efeito das corredeiras e das diferenças altitudinais no rio tem um efeitodecisivo no comportamento da ictiofauna. Diferentemente do que pode ser visto nos rios deágua branca, as migrações longitudinais de espécies migradoras, como o curimatã, os pacus eoutros caracoídeos, não são muito extensas no rio Xingu. Os peixes são vistos subindo ascorredeiras e nos canais, porém não se observa a formação de cardumes conspícuos, como étípico em outros rios da região amazônica. Estes movimentos ocorrem principalmente noinício da enchente, pois as corredeiras são muito fortes durante o período seco. Não háindícios, como no rio Negro e outros tributários, da chamada migração do peixe gordo, queocorre no final da cheia entre os tributários e o rio principal. O que é bastante claro no rioXingu é o padrão de deslocamentos laterais, no qual os peixes que ficaram recolhidos durantea seca, nos canais e poças remanescentes do rio, começam a se movimentar rio acima atéencontrar uma entrada de água (sangradouro), na qual eles terão acesso às áreas inundadas.Também são observados ovos e formas larvais precoces, nas áreas de inundação e nos canaisdos rios.As conclusões inferidas sobre o padrão da migração dos peixes tiveram como base asseguintes evidências, sendo que a maior parte já foi apresentada anteriormente:Declarações dos pescadores, que observam peixes em piracema;Abundância da ictiofauna nos diferentes ambientes;Distribuição dos estágios de maturidade de espécies abundantes;6365-EIA-G90-001b 154 Leme Engenharia Ltda


Distribuição de freqüências de comprimentos da comunidade de peixes;Abundância e distribuição espaço-temporal do ictioplâncton;Estrutura genética de Prochilodus nigricans em diferentes locais de coleta ao longo dorio.Estas informações permitiram elaborar um esquema padrão dominante de migrações daictiofauna do Xingu, que atende às evidências encontradas. De acordo com estas observações,postula-se que pelo menos parte dos peixes migradores de pequenas distâncias no Xingumigram um pouco rio acima, no inicio da enchente, mas de uma forma muito menos evidentedo que no sistema do Amazonas/Solimões. Após isso, os indivíduos entram nos canais lateraise nas florestas inundadas das ilhas ou margens do rio e tributários para desovar e depoiscontinuar na busca de um ambiente propício para a alimentação durante o inverno, seja nostributários ou no canal do rio Xingu mesmo. As formas larvais permanecem durante aenchente por pelo menos dois meses, para completar seu desenvolvimento. Depois, quando aságuas se retraem novamente no início da vazante, os jovens peixes nadam com a força daságuas para colonizar outros ambientes. Ao iniciar a enchente estes modelo se repete, levandotodo ano, os adultos um pouco mais acima, ao longo dos rios. Esta hipótese (veja esquemaconceitual na FIGURA 7.8.4.1- 33), explicaria em parte, a abundância de espécimes de maiorporte nas partes mais altas do rio, observada para algumas espécies de Characiformes.c6) As Cachoeiras do Rio Xingu: Barreira Geográfica?A hipótese de que grandes rios possam funcionar como barreiras geográficas para a fauna,isolando populações e resultando em processos de especiação, tem sido aventada há mais deum século e meio por Wallace (1853). Segundo essa hipótese, populações animais e vegetaisna Amazônia separaram-se pelo desenvolvimento do sistema fluvial, que atuam comobarreiras à dispersão. No caso de animais terrestres, os rios e seus tributários são barreirasrelevantes, pela existência de vegetação inundável, e a tolerância às variações sazonais donível d’água. Para a ictiofauna, o papel de grandes rios como barreira geográfica inicialmentepode parecer um contra-senso. Sendo os rios partes de um sistema hidrográficointerconectado, não haveria descontinuidades óbvias que limitassem a dispersão de peixesdentro do sistema. Junk et al. (1989) quando discute o modelo de pulso de inundação para aBacia Amazônica, sustenta que os grandes rios servem como vias de acesso para a ictiofauna.De fato, peixes migradores utilizam as condições homogêneas dos rios para realizaremmigrações ao longo dos mesmos, como mencionado em item anterior. Por outro lado, espéciesde peixes que ocorrem nos Escudos das Guianas e do Brasil Central normalmente nãoatravessam o rio Amazonas, o que mantém populações isoladas, entre as margens do granderio. Assim, dependendo das condições os rios podem se tornar uma verdadeira barreirageográfica na dispersão dos peixes.No caso do Xingu, é provável que o rio em si, não represente uma barreira para espécies entresuas margens. O grau de semelhança de condições entre os diferentes trechos do Xingu,principalmente a montante de Belo Monte, e destes com os rios Iriri, justificam também ograu de similaridade na composição da ictiofauna ao longo do mesmo. Por outro lado aexistência de importantes acidentes geográficos, como cachoeiras ou corredeiras questiona aeficiência das condições de continuidade.6365-EIA-G90-001b 155 Leme Engenharia Ltda


A construção de barragens que impedem o fluxo natural dos rios pode trazer conseqüênciasimportantes na conectividade dos ambientes aquáticos. Um dos principais impactos deste tipode empreendimento é a interrupção de rotas de migração ou deslocamentos de peixes, aolongo do rio.Nesse contexto, questiona-se se as cachoeiras do rio Xingu, principalmente aquelas de grandeporte, como a Itamaracá, Itapaiuna e Paquiçamba, permitem ou não o deslocamento dospeixes entre os dois compartimentos do rio, a montante e a jusante desses acidentesgeográficos. Em outras palavras: estas cachoeiras representam verdadeiras barreirasgeográficas para a fauna íctica? Em caso negativo, qual será a conseqüência da interrupção dofluxo do rio, pela construção da represa?O estudo das rotas migratórias de espécies da ictiofauna não é uma tarefa fácil e certamentenão corresponde ao esforço amostral investido em um Estudo de Impacto Ambiental. O fatopode ser explicado porque, primeiramente, cada espécie pode ter suas particularidades e,portanto, a pesquisa deve direcionada a uma ou várias espécies independentemente. Alémdisso, as metodologias conhecidas para estudar as rotas migratórias em organismos aquáticossão de três tipos: i) marcadores físicos (marcação-captura-recaptura) ii) radio-telemetria e iii)acompanhamento de cardumes através dos dados de pesca, iv) marcadores genéticos e v)monitoramento de locais de desova. Os três primeiros métodos não puderam ser aplicados noescopo do presente EIA, tanto pelo seu custo, quanto em função de uma maior demanda detempo, porém sua implementação é certamente adequada para uma etapa posterior, comoprograma de pesquisa e monitoramento.Assim, neste estudo, para responder ao questionamento acima referido, foram utilizadosmétodos etno-biológicos, que, com base nos conhecimentos empíricos tradicionais dopescador, foram inferidos padrões de deslocamentos da fauna, bem como estudos dos padrõesde reprodução. Foi realizada, também, uma discussão sobre a similaridade das faunas nosdiferentes compartimentos do rio, com base nos dados obtidos nas coletas de peixes, a qual foiapresentada no item sobre diversidade além de ter se observado locais preferenciais de desova(através do estudo de adultos e de ictioplâncton) e a distribuição dos comprimentos médiosdos peixes, ao longo do rio. Mais ainda, para Prochilodus nigricans, foram utilizadosmarcadores genéticos e conduzidas análise morfométricas, com a finalidade de medir asimilaridade entre grupos a jusante e a montante das cachoeiras do rio Xingu.Os pescadores moradores da região do vilarejo de Belo Monte são experientes na observaçãode peixes que transitam pelo rio Xingu. Nas proximidades da vila encontra-se a primeiracachoeira do rio, limite natural do deslocamento fluvial das embarcações rio acima. Aatividade econômica nas proximidades destes acidentes geográficos e nos canaisanastomosados da Volta Grande da a estes pescadores conhecimentos específicos e valiosossobre os deslocamentos dos peixes. Segundo eles, muitas espécies, mesmo aquelas que nãosão migradoras, podem transpor as cachoeiras, particularmente durante a época de enchente,quando as quedas não são tão acentuadas como no verão (QUADRO 7.8.4.1- 10). Relatam,porém que algumas espécies são exclusivas da região baixa do rio e não podem subir ascachoeiras. É o caso do mapará, do tambaqui, do pirarucu e outras inúmeras espécies daictiofauna.Além dessas observações no local, foi confeccionada uma lista de ocorrência de espécies de6365-EIA-G90-001b 156 Leme Engenharia Ltda


acordo com a manifestação deles (QUADRO 7.8.4.1- 11). Nela se observam espéciesfreqüentemente utilizadas na pesca comercial. Segundo os pescadores, muitas espécies queocorrem continuadamente no rio, tanto a montante como a jusante das cachoeiras, possuemcaracterísticas diferenciadas nos dois compartimentos do rio. Isso se denota pela forma docorpo, como é o caso dos filhotes, ou pela consistência e coloração da sua carne, como nocaso do curimatã, ou mesmo pelo tamanho médio dos indivíduos, como nas pescadas e naspiranhas, que em todos os casos são sempre maior na parte mais alta do rio.Marcadores genéticos são ferramentas para medir a variabilidade entre populaçõessupostamente isoladas e medem o grau de associação entre determinados de indivíduos(HATANAKA et al. 2002). Adicionalmente, a variedade de genótipos mede a diversidadegenética entre populações o que deve ser utilizado para determinar medidas de conservaçãodas espécies (ARTONI; MATIELLO, 2003). Barreiras geográficas contribuem para oacúmulo de polimorfismos e divergências genéticas, que são proporcionais à intensidade e aotempo de isolamento (PRIOLI et al, 2002). A delimitação entre populações distintas dependedo nível de fluxo gênico entre elas (FUTUYMA, 1997).QUADRO 7.8.4.1- 10Lista de espécies (nome comum) ordenadas de acordo com a sua capacidade de subir ou nãoas cachoeiras grandes do rio Xingu, que segundo depoimentos dos pescadores da região deBelo Monte.Espécies Sobe Não sobeApapaXAracu/PiauXCachorraXCurimatãXEranaXFidalgoXFilhote cachimboX(comprido fino, cabeça e caudagrande)Filhote comumXFilhote tucumãX(cabeça pequena, corpo curto egrosso)JaraquiXMaparáXPacuXPirarucuXTambaquiXTucunaréXAs seqüências de DNA do genoma mitocondrial de Prochilodus nigricans, demonstraram altadiversidade de haplótipos (>95%). A diversidade genética se encontrou distribuída de formahomogênea em todos os pontos amostrais, ao longo do rio. Estes resultados indicam que nãohá qualquer indício de isolamento geográfico ou barreira impedindo o fluxo gênico entre aspopulações de curimatã ao longo do Rio Xingu e seus afluentes na área de cobertura dapresente amostragem.Contudo, as análises comparando as 27 medidas morfométricas retiradas dos peixes nãoforam tão conclusivas. A análise de componentes principais feita para as medidas tomadas6365-EIA-G90-001b 157 Leme Engenharia Ltda


nos exemplares coletados no rio Bacajá e em Vitória do Xingu, não mostraram evidências deseparação em unidades de estoques diferentes (GRÁFICO 7.8.4.1- 60). No gráfico dos dadosdo rio Bacajá e do rio Iriri, há uma grande superposição dos dados, mas também observa-seuma tendência de alguns pontos do rio Iriri, que aparecem deslocados para o lado direito dográfico (GRÁFICO 7.8.4.1- 61).QUADRO 7.8.4.1- 11Ocorrência de espécies da ictiofauna (nome comum) a montante e a jusante das grandescachoeiras do rio Xingu, segundo os depoimentos dos pescadores da região de Belo Monte.Espécies A Montante A JusanteAcara discoXAcari AmarelinhoXAcari comum (consumo) X XAcari Pão X X (diferente)Acari Tubarão X XAcari Zebra Volta Grande Ate VitóriaApapaXCurimatã X (carne amarela) X (carne branca)EranaXFilhote cachimboXFilhote comum X XFilhote tucumã X XJacundaXMatrinxãXMocinhaXPacu seringaXPescada X (grandes) X (miúda)PiramboiaXPiranha camari X (grande) X (pequena)Piranha preta X (grande) X (pequena)PirapitingaXPocomonXSurubim X XTambaquiXTucunaré X XZebra marronX6365-EIA-G90-001b 158 Leme Engenharia Ltda


0.150.10.05-1e-17-0.05-0.1-0.15-0.2 -0.15 -0.1 -0.05 -1e-17 .05 .1 .15Prin2GRÁFICO 7.8.4.1- 60 - Análise de componentes principais para os exemplares deProchilodus nigricans do rio Bacajá (pontos brancos) e deVitória do Xingu (pontos pretos).0.10.05Prin30-0.05-0.1-0.15 -0.1 -0.05 -1e-17 .05 .1 .15Prin2GRÁFICO 7.8.4.1- 61 - Análise de componentes principais para os exemplares deProchilodus nigricans do rio Bacajá (pontos pretos) e rio Iriri(pontos brancos).Ao colocar juntos os exemplares das cinco localidades amostradas ao longo do rio, na análisede componentes principais, observa-se também que os pontos apresentam uma grande área desobreposição. Porém, alguns exemplares do Furo do Xingu e do rio Bacajá aparecem noextremo direito e esquerdo do gráfico, respectivamente, isolados do resto dos indivíduos dasoutras localidades, o que poderia ser um indício de um início de separação (GRÁFICO7.8.4.1- 62).Estes resultados, mesmo que preliminares, poderiam ser interpretados da seguinte forma: aspopulações do rio Bacajá e do Furo do Xingu possuem certo grau de isolamento, ainda muitoincipiente. Uma vez que a separação entre esses dois grupos não pode ser corroborado através6365-EIA-G90-001b 159 Leme Engenharia Ltda


das análises do DNA mitocondrial, conclui-se que esta diferença ainda não é marcada a nívelgenético. Postula-se assim a hipótese que nestas duas localidades possam existir duasmetapopulações de curimatã. Uma metapopulação é definida como um conjunto depopulações conectadas por indivíduos que se movem entre as elas (HANSKI; GILPIN, 1991).A formação de metapopulações é favorecida pela fragmentação de habitats ou barreirasgeográficas, que podem ser físicas ou comportamentais. Cada população pode ocorrer em umfragmento, ou mesmo em habitats contínuos.GRÁFICO 7.8.4.1- 62 - Análise de componentes principais para os exemplares deProchilodus nigricans das cinco localidades estudadas nomédio rio Xingu.Desta forma, a respostada pergunta inicial, à luz destes resultados é que:1) As cachoeiras não são até o momento uma barreira geográfica eficiente para aictiofauna como um todo;2) Contudo, deslocamentos entre a parte baixa e parte alta do rio são evidentes, para boaparte da fauna.3) Algumas espécies, contudo, parecem não conseguir se estabelecer ao longo de todo orio, sendo restritas às partes ou altas, dependendo da espécie.4) No caso do curimatã, diferenças entre metapopulações poderiam ser interpretadas commuito recentes e somente entre alguns setores do sistema.Estas conclusões, mesmo que preliminares, coincidem com o modelo de deslocamentospostulado anteriormente e também com as observações dos pescadores e de campo realizadaspela pesquisa. No modelo proposto (FIGURA 7.8.4.1- 33), exemplares adultos das espéciesmigradoras, como o curimatã, pacu e outros, se deslocariam, por curtas distâncias, rio acima,na busca de locais de inundação adequados para a desova e alimentação durante a cheia. Estedeslocamento aconteceria a cada ano, levando indivíduos maiores, de algumas espécies, apredominar nas áreas mais altas dos rios e tributários. As fortes velocidades do rio garantiriam6365-EIA-G90-001b 160 Leme Engenharia Ltda


a deriva de larvas e jovens, rio abaixo, permitindo assim o fluxo gênico e o intercâmbio entremetapopulações.FIGURA 7.8.4.1- 33 - Esquema demonstrando o modelo de migração proposto para espéciesde peixes que realizam curtas migrações, de acordo com as evidênciasdiscutidas neste estudo. (Desenho: Allan Jamesson).c7) Navegabilidade e Rotas de MigraçãoNo mês de setembro, o rio Xingu encontra-se com o nível muito baixo. Neste mês, ao navegarpelos canais do rio, foi levantada uma questão sobre a navegabilidade do rio neste período.Esta pergunta esta relacionada também com a rota de deslocamento dos peixes. Isto é, duranteo inverno, os ambientes do rio, mesmo aqueles mais violentos como as cachoeiras,apresentam-se amenizados pelo grande volume de água correndo. Assim todos os locais secomunicam e os peixes podem, pelo menos teoricamente, ter acesso a diversos ambientes,mesmo aqueles rio acima. Já no verão, o fluxo de água diminui-se sensivelmente.Para testar se nesta época se estabelecem verdadeiras barreiras físicas que impeçam odeslocamento dos peixes, foi realizado um experimento que, ao mesmo tempo em que permiteestabelecer as rotas de navegabilidade no período de menor vazão, também permite autilização dos resultados para outras discussões acerca de como é a questão da navegabilidadeda região da Volta Grande e os impactos da redução de vazão nesta região, após a instalaçãodo Aproveitamento. No mês de setembro de 2008, a vazão média do rio Xingu foi de 970m 3 .sec -1 . Neste período observou-se que sempre houve fluxo de água que permitisse odeslocamento de voadeiras, ou de canoas de rabeta, na Volta Grande. No experimento,partindo do sítio Pimental, navegou-se, descendo o rio, sempre pelo principal fluxo de água,6365-EIA-G90-001b 161 Leme Engenharia Ltda


até a cachoeira de Jericoá. Na maior parte das vezes, o curso foi pela margem direita do rio(FIGURA 7.8.4.1- 34), indicando que nessa margem se localizam os canais mais profundos.Dessa forma, a conclusão do experimento foi que, durante a estação seca, até mesmo notrecho encachoeirado da Volta Grande, existe um fluxo ininterrupto e suficiente de água peloscanais anastomosados do rio, que, apesar da pouca profundidade (às vezes menos de 1 m)podem ser utilizados, teoricamente, tanto pela fauna aquática para deslocamentos como pelohomem, para a navegação. A rota de navegação correspondente ao nível de vazão do rio domês de outubro foi demonstrada na FIGURA 7.8.4.1- 34.Altamir10kmFIGURA 7.8.4.1- 34 - Rotas de navegação na região de vazão reduzida da Volta Grande doRio Xingu em outubro de 2007.Ao chegar à cachoeira de Jericoá (a mesma não podia ser atravessada pela via fluvial), oexperimento foi interrompido, por questões logísticas e de segurança. Contudo, constatou-se aexistência de canais laterais, de pequeno porte, nos extremos das margens do rio, por onde,segundo depoimentos dos moradores ou navegantes da região, poderia-se ter continuadoviagem rio abaixo.A existência de canais alternativos às grandes cachoeiras, onde a navegação é um pouco maisfácil e os saltos menos abruptos, foi constatada em diversos locais nesse trecho encachoeiradodo rio Xingu. Na altura da cachoeira de Itamaracá, foi realizada uma vistoria pela equipe depesquisadores, em um furo deste tipo (FIGURA 7.8.4.1- 35), onde a correnteza era muitoforte, porém sem cachoeiras de grande altura e que, portanto, pode ser utilizado como umarota alternativa no eventual deslocamento da ictiofauna. Efetivamente nesta localidade foramfeitas diversas coletas de espécies, como já foi relatado nos itens pertinentes. Dependendo daépoca do ano estes furos e canais alternativos, possuem condições de navegabilidaderelativamente perigosas. Entretanto, poucos acidentes foram relatados. Durante as coletas deictiofauna, foi constatado que esta via alternativa tem continuidade com o sistema fluvial eque a fauna íctica a utiliza de forma freqüente.6365-EIA-G90-001b 162 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 35 - Mapa da localização do furo do Xingu e outros canais alternativos,próximo da vila de Belo Monte (Fotografia: Tommaso Giarrizzo).c8) Biologia e Ecologia de Espécies EndêmicasA ictiofauna do rio Xingu é rica em espécies e apresenta vários casos de endemismos (ex.,ISBRÜCKER; NIJSSEN 1989, 1991; KULLANDER 1991a, b; JÉGU 1992). Zuanon (1999)revelou a ocorrência de cerca de 100 espécies de peixes nas corredeiras localizadas na área deAltamira. Entre os anos de 2000 e 2001, nos estudos realizados na área prevista para a UHEBelo Monte, registraram quase 400 espécies. Essa riqueza de espécies era comparável apenascom a registrada no rio Negro, no qual foram encontradas 450 espécies (GOULDING et al,1988), o que corresponde aproximadamente ao dobro das espécies que ocorrem em toda aEuropa (LOWE-MCCONNELL, 1987). A partir dos levantamentos deste relatório e com ainclusão das informações coletadas em todos os biótopos (incluindo igarapés) e ainda osregistros de museus e coleções, a riqueza de peixes da bacia do rio Xingu chegou a um valorde 800 espécies. Estes números colocam este rio dentre os mais ricos cursos fluviais domundo. Esta estimativa pode naturalmente estar relacionada com a densidade de esforço decoleta no rio, mas os estudos sobre outras bacias provêm de pesquisas minuciosas, o que daainda maior confiabilidade a este resultado.Apesar disso, o conhecimento atual sobre a diversidade, filogenia e distribuição da biota naAmazônia ainda é muito preliminar. Existem muitas áreas pouco pesquisadas e muitosespécimes de numerosos grupos taxonômicos se acumulam nos museus do Brasil sem teremainda sido pesquisados detalhadamente. É o caso da fauna de igarapés do Xingu, para a qual6365-EIA-G90-001b 163 Leme Engenharia Ltda


não se tem praticamente nenhum trabalho científico.O rio Xingu possui uma grande variedade de habitats que favorece a riqueza e diversificaçãode espécies. A existência de características geográficas e hidrológicas particulares, que levamao isolamento das populações através de barreiras geográficas e climáticas, induz a altosníveis de endemismo na região. Isto é particularmente verdadeiro para a fauna aquática. Combase nas informações disponíveis hoje em dia, sabe-se que a maioria das espécies de peixesencontradas não possui uma distribuição ampla e irrestrita (Anexo 7.8.4.1-2). Ao contrário,existem inúmeras espécies que ocorrem em regiões claramente delimitadas denominadas“áreas de endemismo”. Áreas de endemismo são importantes para estudos de biogeografia eevolução além de abrigam espécies únicas e insubstituíveis (SILVA, et al., 2005).Das quase 800 espécies registradas para a bacia do rio Xingu, 27 (3%) foram identificadasclaramente como espécies endêmicas. Estas são espécies válidas, com nome completo degênero e espécie e devidamente classificadas por taxonomistas. Além disso, na tabela deespécies deste diagnóstico há uma grande quantidade de espécies com nome de gênero oufamília e com o epíteto “sp”, cuja ocorrência aparece restrita à região de estudo destediagnóstico. A distribuição geográfica destas espécies só pode ser definida após o seu estudotaxonômico e sua classificação definitiva. É bastante provável que dentre esse grande númerode espécies ainda não classificadas definitivamente taxonomicamente, exista uma grandeproporção de espécies endêmicas.Os conhecimentos existentes da fauna íctica do rio Xingu são ainda muito incipientes quandocomparados com a grande biodiversidade deste grupo de animais. Estudos taxonômicosrequerem um grande esforço de amostras com uma larga escala de abrangência e estudosminuciosos sobre as relações morfométricas e merísticas das espécies em relação às classestaxonômicas conhecidas.Espécies endêmicas também são freqüentemente raras, o que dificulta mais a investigação deseu ciclo de vida e outras características biológicas e ecológicas. O detalhamento da biologiade uma espécie visando à compreensão de ciclo de vida, reprodução, auto-ecologia e dinâmicapopulacional (crescimento, recrutamento, mortalidade, etc.) requer um esforço amostraldirecionado e uma quantidade de amostras e análises que escapam ao escopo de umaavaliação de impacto ambiental, como a do presente estudo. Isto não exime a gravidade dosimpactos sobre estas espécies. Pelo contrário, indica que alterações na densidade de espéciespouco conhecidas poderão ocorrer e que este impacto deve ser conseqüentemente avaliado,considerando a falta de informações como um agravante da sua magnitude. Estudosminuciosos sobre a biologia e ecologia de peixes endêmicos serão recomendados pelodiagnóstico e deverão ser incorporados aos condicionamentos do licenciamento ambiental.Para atendimento das necessidades deste diagnóstico e para a melhor compreensão dosimpactos apresenta-se, a seguir, um resumo dos conhecimentos, disponíveis hoje em dia,sobre as espécies mais importantes dessa fauna de peixes endêmicos. Essas informaçõesresultam da síntese de levantamentos bibliográficos e dos resultados deste diagnóstico.Investigações específicas e direcionadas deverão ser focalizadas como programas de pesquisa,no futuro.6365-EIA-G90-001b 164 Leme Engenharia Ltda


• Hypancistrus zebra, Isbrücker & Nijissen,1991O “acari zebra” (FIGURA 7.8.4.1- 36) é uma espécie de acari, da família Loricariidae, queocorre na bacia do rio Xingu, desde pouco antes de Belo Monte, ao longo de toda a VoltaGrande e até pouco acima de Altamira. É uma espécie pequena que alcança, no máximo, 8cme apresenta taxas de crescimento rápido. Vive entre os pedrais e fendas do rio Xingu, em umtipo de pedra com rugosidade, em águas bem oxigenadas, entre 22ºC e 35ºC e pH entre 6,5 e7,0. Possuem pequenos sinais de dimorfismo sexual: os espinhos inter-operculares dosmachos são maiores e, na época da reprodução, os raios das nadadeiras peitorais dos machossão mais duros e espinhosos que os das fêmeas. São animais ativos durante o dia e sealimentam de pequenos animais que sugam com suas pequenas bocas ventrais.FIGURA 7.8.4.1- 36 - Fotografia de Hypancistrus zebra (extraída do www.fishbase.org)Os adultos se reproduzem nas fendas das rochas em locais com temperaturas deaproximadamente 30 graus, bem arejados e de águas limpas. São animais sensíveis amudanças na temperatura da água e na qualidade do ambiente, para sua reprodução.Apresentam um comportamento reprodutor característico, com corte e cuidado da prole, pelomacho. Os ovos são grandes e cada fêmea coloca uma pequena quantidade de ovos (entre 4 e10). Os filhotes crescem rapidamente. Em cativeiro, em cerca de sete dias, ocorre a eclosãodos ovos e em 13 dias observa-se total reabsorção do saco vitelino. Os machos cuidam daprole até estes estarem suficientemente grandes para evitar os predadores. Em dois meses, osjovens alcançam 2cm de comprimento total.No Brasil, esta espécie está incluída na lista de espécies ameaçadas de extinção e a suacaptura foi proibida há um par de anos. A sua reprodução em cativeiro foi realizada poraquaristas alemães, de onde provem as informações sobre o comportamento reprodutivo e odesenvolvimento larval (SCHLIEWEN; STAWIKOWSKI, 1989; STAWIKOWSKI, 1992;PAHNKE, 1993). Contudo, esta tecnologia, apesar de simples, ainda não foi incorporada naregião de Altamira.• Cichla melaniae, e C. mirianae, Kullander & Ferreira, 2006Tucunarés são peixes da família Cichlidae. No Xingu ocorrem Cichla pinima, C. mirianae, C.melaniae e Cichla sp. As duas últimas espécies são endêmicas da bacia do Xingu, sendo deimportância econômica na região, tanto para a pesca comercial como esportiva. C. mirianaeocorre também em na bacia do Tapajós, bem como C. pinima que também ocorre noTocantins. No momento, há 15 espécies válidas de tucunarés do gênero Cichla reconhecidaspelo padrão de coloração do corpo e merística nos rios sul-americanos (KULLANDER &6365-EIA-G90-001b 165 Leme Engenharia Ltda


FERREIRA, 2006). Contudo, sabe-se que indivíduos deste gênero possuem facilidade para aprodução de híbridos (BRINN, et al., 2004; TEIXEIRA & OLIVEIRA, 2005), motivo peloqual a sua classificação não sempre é fácil e nem segura. Mesmo sendo endêmica, Cichlamelaniae ocorre ao longo de toda a bacia do rio Xingu, desde a ria até o alto Xingu,provavelmente porque tem capacidade de subir as corredeiras, devido a sua forte estruturacorporal, o que promoveria a mistura de grupos.Todas as espécies do gênero Cichla são piscívoras vorazes, e capturam suas presas durante odia para poderem selecionar através da visão, sendo, portanto consideradas predadoras detopo da cadeia trófica. Possuem crescimento rápido e podem alcançar tamanhos de quase 1mde comprimento total, dependendo da espécie, mas geralmente em torno de 60 cm.Preferencialmente, habitam as margens do rio, durante a estação seca e os igapós na estaçãochuvosa. No início e final do dia, podem entrar nas lagoas marginais, mas se deslocam para aparte mais profunda dos rios ou lagoas, nos horários mais quentes. Utilizam como abrigos asrochas dos pedrais ou galhos de árvores caídas.Indivíduos alcançam a maturidade sexual entre 20 e 25cm. Possuem comportamentoreprodutor característico, realizando ninhos de pedras em locais protegidos e uma dança prénupcial.Após a desova, a fêmea fica tomando conta do local, enquanto que o macho evita aentrada de intrusos. Os filhotes são protegidos pelos pais até atingirem aproximadamente doismeses de idade, com cerca de 6cm de comprimento, quando se separam dos pais e seguempara locais quentes e protegidos dos predadores pela vegetação.As espécies de tucunarés são consideradas bastante resistentes à modificações ambientais e,em geral, resistem bem a altas taxas de exploração por pesca, devido ao fato de serem peixesde crescimento rápido. Por não depender da área alagada para desovar e por não precisaremmigrar rio acima para a reprodução, estima-se que os impactos sobre estas espécies, após ainstalação do empreendimento, não sejam negativos. Ao contrário, supõe-se que as espéciesde Cichla sejam prósperas no ambiente do reservatório do Xingu, onde a água não ficaráparada e onde haverá muitos nichos livres deixados pelos peixes migradores que aos poucosirão abandonar esse trecho do rio.• Ossubtus xinguensis, Jegú, 1992O pacu capivara (FIGURA 7.8.4.1- 37) é uma espécie rara e endêmica do rio Xingu. Pertenceà família Characidae, possui pequeno porte (máximo 18cm) e ocorre ao longo de toda a áreade estudo, mas com preferência pela região encachoeirada do rio, nos arredores de Altamira ena Volta Grande. Pela sua baixa abundância, é uma espécie considerada ameaçada emextinção pela legislação brasileira, mas possui interesse para a aquarofilia.Ossubtus xinguensis é uma espécie estritamente reófila. Espécimes jovens deaproximadamente 4cm podem ser vistos em cardumes de 20 a 30 indivíduos, escondidos entreas pedras do rio. Espécimes maiores podem ser capturados com tarrafas nas corredeiras. Emaquários, esta espécie demonstra um comportamento territorial e agressividade entre osindivíduos da mesma espécie. Os seus hábitos alimentares e reprodutivos não são conhecidos(JEGÚ; ZUANON, 2005). Isópodes parasitas da família Cymothoidae foram encontrados nasbrânquias de espécimes coletados próximos de Altamira (THATCHER, 1995).Pelas suas características de dependência de corredeiras e sua pouca abundância, esta espéciedeve ser intensamente ameaçada pelas modificações do empreendimento. Considerando a6365-EIA-G90-001b 166 Leme Engenharia Ltda


falta de informações sobre a espécie, parece evidente que pesquisas devem ser realizadas,preferencialmente, antes da instalação final do empreendimento.FIGURA 7.8.4.1- 37 - Fotografia de Ossubtus xinguensis (Fotografia: Tommaso Giarrizzo)• Potamotrigon leopoldi, Castex & Castello, 1970A arraia de fogo (FIGURA 7.8.4.1- 38) é uma espécie da família Potamotrygonidae, degrande beleza e interesse para a aquarofilia e pode ser vendida a mais de 100 dólares aunidade. Há registros desta espécie ao longo do Médio Xingu até o Baixo Xingu, com maiorabundância nos arredores de Altamira. Esta espécie consta como espécie ameaçada na listainternacional de espécies ameaçadas de extinção da IUCN e, pela sua beleza, possui tambéminteresse para a pesca ornamental. Exemplares de até 40cm de diâmetro do corpo podem serencontrados.Existem poucas informações sobre esta espécie na literatura. São animais bentônicos, dehábitos carnívoros e podem se alimentar de peixes ou invertebrados. Como todos os outrosPotamotrigonidae, são peixes de crescimento lento, maturidade sexual tardia e baixafecundidade. São vivíparos metatróficos, pois possuem adaptações em forma de prolongaçõesna parede uterina (trofonemata), onde ficam presos os embriões durante a gestação, paraserem nutridos pela mãe, a semelhança de um “útero”. Apesar de vivíparos, o cicloreprodutivo apresenta sincronia com o ciclo das chuvas e nível do rio. Para o gêneroPotamotrygon, a fecundidade uterina é de 1 a 8 embriões por fêmea e o tempo de gestaçãoentre 3 e 12 meses dependendo da espécie. A estação de desova pode durar alguns meses(ARAÚJO, et al., 2004; CHAVET-ALMEIDA et al., 2005) Estudos em aquário indicam quea maturidade sexual acontece em fêmeas de 3 a 4 anos de idade. Estas características(cresciemnto lento, maturidade tardia, viviparidade) fazem que a espécie seja muitovulnerável para os impactos ambientais e de exploração. Alterações na sua abundância nãoserão facilmente reversíveis.6365-EIA-G90-001b 167 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 38 - Fotografia de Potamotrigon leopoldi (Fotografia: John Nakachima).7.8.4.1.7 Pesca Comercial de Peixes para Consumoa) IntroduçãoUma das principais fontes de informações para estudos de ecologia de peixes são os registrosde desembarque da pesca comercial. Estas estatísticas fornecem informações sobre acomposição, o tamanho e a quantidade do pescado capturado e sua flutuação em relação aoseventos temporais e anuais e são ótimos indicadores de locais de maior abundância eprodutividade dos sistemas naturais.A atividade pesqueira com finalidade de consumo é uma das mais antigas e tradicionais daAmazônia, desempenhando importante papel no fornecimento de proteínas de fácil acessopara a população ribeirinha e como principal fonte de renda. No Rio Xingu, a pesca paraconsumo era e é realizada até hoje em dia pelas comunidades indígenas e tradicionais. Agrande riqueza da ictiofauna nos ambientes fluviais favorece esta atividade, que nas últimasdécadas se tornou também uma importante fonte de renda.O pescado comercializado na cidade de Altamira e em outros centros urbanos da região domédio Xingu atende à necessidade das comunidades ribeirinhas e dos colonos dascomunidades rurais, que possuem tradição de ser alimentarem com peixes de boa qualidade ede grande porte, como tucunarés, pescadas e curimatãs, capturados nos rios e planícies deinundação do sistema.Contudo, o conhecimento que se tem hoje sobre esta atividade econômica e de subsistência ébastante fragmentado e insuficiente para compreender a complexidade de sua dinâmica. Asestatísticas oficiais conduzidas pelo IBAMA, são deficientes e os registros que fornecemsobre os volumes capturados e a importância social deste setor produtivo não são confiáveis.Por isso, as políticas públicas para a pesca comercial se limitam ao tradicional sistema deproibição durante a época da reprodução, medida conhecida como “defeso”, que éimplementada pelo IBAMA, no final do ano, para boa parte da região amazônica.Teoricamente, esta medida visa à proteção dos estoques de peixes que estão em reprodução naépoca da desova, durante a enchente das águas dos rios e lagos. Contudo, na realidade, amedida tem uma finalidade muito “paternalista” e de fato assiste os pescadores com umsalário mínimo durante dois ou três meses no ano. Isto, considerando os baixos níveis derenda da maioria dos pescadores, não deixa de ser uma medida de cunho inteiramente social.Contudo, não existe qualquer monitoramento do efeito desta medida para o desenvolvimentosócio-econômico dos pescadores, ou mesmo para a conservação dos estoques pesqueiros“pretendidamente” protegidos, durante o fechamento das pescarias. Além disso, mecanismosde financiamento a juros baixos propiciam o aumento do esforço pesqueiro, através doincremento do número de barcos e de artes de pesca. Também neste caso, não existe6365-EIA-G90-001b 168 Leme Engenharia Ltda


monitoramento do efeito desta política para a sustentabilidade do setor.O setor pesqueiro que atua no rio Xingu não é uma exceção neste quadro diagnóstico da pescano país, acima exposto. Contudo, com a eminente instalação de uma usina hidrelétrica naregião do médio rio Xingu, se faz necessária um detalhado diagnóstico da situação do setorpesqueiro e de suas atividades produtivas. Considerando a importância dos recursosexplorados, a pesca deve ser particularmente investigada, para compreender quais seriam osseus desdobramentos com e sem empreendimento, bem como evitar impactos irreversíveisnesta atividade, que poderão resultar em modificações sócias, culturais e econômicas.O objetivo é realizar um diagnóstico da pesca comercial de peixes para o consumo humano,na região do futuro complexo hidrelétrico Belo Monte, a fim de gerar dados que permitamdetectar os impactos desse empreendimento sobre a atividade.b) Material e MétodosO monitoramento de desembarques da frota pesqueira na região de estudo foi realizado nosperíodos: i) entre novembro de 2000 e setembro de 2001 nas cidades de Altamira, Souzel,Belo Monte e Vitória do Xingu, ii) de fevereiro de 2006 a agosto de 2007 na cidade deAltamira e iii) de outubro de 2007 a março de 2008 também na cidade de Altamira. Estesregistros foram realizados com a finalidade de contabilizar a produção por espécie e o esforçopesqueiro. Formulários de entrevistas foram aplicados a todos os pescadores ou encarregadosde barcos que foram visualizados nos portos de desembarque, por coletores especialmentetreinados para essa finalidade. Nelas, foi registrada a captura por espécie e as característicasda viagem de pesca (esforço, duração, arte, etc.) (Anexo 7.8.4.1-8). Todos os nomes comuns ecientíficos das espécies capturadas e citadas neste item estão listados no Anexo 7.8.4.1-2.Nos anos de 2000 e 2001, o número de entrevistas foi relativamente pequeno e os formuláriosforam aplicados de forma aleatória durante as pesquisas de campo de outros componentesdeste projeto. Entre 2006 e 2008, coletas foram realizadas praticamente todos os dias dasemana, de segunda a sábado, mas apenas durante os períodos diurnos, não cobrindo,portanto, às 24h do dia. Mesmo não sendo um censo total, estas informações permitiram umadescrição da dinâmica da atividade pesqueira para consumo na região de estudo. O número depescadores em cada município foi levantado a partir de entrevistas com os presidentes ourepresentantes das colônias de pescadores e por informações da SEAP/PR obtidos nocadastramento de pescadores realizado até abril de 2008.Os dados foram digitalizados em banco de dados relacional e analisados por métodos deestatística descritiva. Para estimativa de produtividade e sazonalidade, foram estimadas asmédias de captura por viagem e captura por pescador e por dia de pesca (CPUE). Os índicesde produtividade foram comparados de acordo com o tipo de barco, arte de pesca, ambientede pesca, local de pesca e período de pesca através de ANOVA e teste de comparaçãomúltipla (LSD), após testada a normalidade e homocedasticidade. Sempre que preciso, atransformação logarítmica foi utilizada, para obter normalidade.Os dados mensais foram agrupados em quatro períodos: enchente (dez, jan, fev), cheia (mar,abr, mai), vazante (jun, jul, ago) e seca (set, out, nov). As embarcações foram classificadas, deacordo com seu aspecto físico em quatro categorias: canoa a remo, rabeta, voadeira e barco amotor (geleira e barco de pesca). As artes de pesca da pesca foram agrupadas também em6365-EIA-G90-001b 169 Leme Engenharia Ltda


quatro categorias: linhas, malhadeira, outras (arpão, flecha, puçá, tarrafa, etc.) e “mais deuma”, quando combinação de várias artes foi utilizada.Os ambientes de pesca foram classificados segundo as suas características em seis categorias:canal do rio, corredeiras, remansos, lagos, igapós e igarapé. As localidades de pesca foramdividas, segundo os trechos do rio, a saber: Rio Iriri, Rio Xingu acima do Iriri, Xingu/Iriri atéPorcão, Porcão até Boa Esperança, Boa Esperança até Gorgulho da Rita, Gorgulho da Rita atéCotovelo, Cotovelo até Ilha da Fazenda, Ilha da Fazenda até desembocadura do Rio Bacajá,abaixo do Rio Bacajá até Belo Monte e a jusante de Vitória (FIGURA 7.8.4.1- 39). Depoisdesta divisão, os trechos ainda foram agrupados, de acordo com a classificação em setores,utilizada para todo este estudo, sendo: setor I – rio Xingu e Iriri acima da desembocadura e ateo início da Ilha Grande (Boa Esperança); Setor II – Reservatório do Xingu, desde a Ilha até osítio Pimental; setor III, setor da Volta Grande até as ultimas cachoeiras a montante de BeloMonte; Setor IV, baixo Xingu (FIGURA 7.8.4.1- 39).Além deste monitoramento, foram realizadas entrevistas informais a pescadores, donos debarcos e atravessadores, ao longo de todo o curso do rio, na área de estudo (AII) buscandoentender detalhes da atividade pesqueira no que se refere às formas de exploração de recursos,artes de pesca, tipos de embarcação e pesqueiros.Esse item utilizou como área de atuação a região de atuação da frota pesqueira que tem acessoaos recursos pesqueiros de interesse para o diagnóstico de impacto. Nesse sentido, oslevantamentos de dados de campo não foram restritos aos limites geográficos da AID e seestenderam para a área da AII. Assim, foram levantadas informações que contemplam toda acalha do rio Xingu, desde sua foz, até acima do rio Iriri e, inclusive, a parte baixa destetributário, onde foi pesquisada a localidade de Maribel, que foi considerada de importânciapara a região.6365-EIA-G90-001b 170 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 39 - Mapa da classificação dos trechos do rio, para os pesqueiros.c) Resultadosc.1)Locais de DesembarqueO registro da atividade pesqueira é feita nos locais de desembarque das embarcações de pesca.Nestes locais, denominados “portos de desembarque”, ocorre a chegada do pescado e o seuencaminhamento para a comercialização, seja esta local ou externa.Na região de estudo, foram identificados 09 portos de desembarque, sendo 4 na área deinfluência indireta e 5 na área de influência direta do empreendimento (QUADRO 7.8.4.1-12). Na realidade, estes locais são apenas lugares onde há facilidade de amarrar a embarcaçãoe transportar o pescado para a terra. Em nenhum deles existe uma infra-estruturaespecialmente construída para atender as necessidades da frota como cais, água corrente,banheiros, ou qualquer outra benfeitoria. Muitas vezes esses portos estão localizadospróximos do local onde pode se comprar gelo ou combustível. Existem também, em algumaslocalidades, pequenos estaleiros utilizados para pequenas reformas ou ainda para a construçãode embarcações pequenas ou médias.6365-EIA-G90-001b 171 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1- 12Locais de desembarque pesqueiro na área de estudo, desde a foz do rio Xingu, até poucoacima da desembocadura do rio Iriri.Nome do Local Município Gelo Cais EstaleirosPorto de Moz/sede Porto de Moz Sim TrapicheSenadorPorfírio/sedeJoséVitória do Xingu/sedeBelo MonteVila NovaPortoPepino/AltamiraPorto Seis/AltamiraPortoGeleira/AltamiradodaSenadorPorfírioJoséVitória do XinguVitória do XinguSenador JoséPorfírioAltamiraAltamiraAltamiraPequenosfornecedoresfabricaPequenosfornecedoresfabricaPequenosfornecedores1 fabrica pequenaPequenosfornecedoresFornecedoressem fábricaFornecedoressem fábricaFornecedoressem fábricaSimartesanal debarcospequenos emédiosSimÁrea deinfluência SetorAII -6365-EIA-G90-001b 172 Leme Engenharia LtdasemsemEscada,rampaTrapichesArtesanal depequenoporteSimArtesanal depequenoporteAIIAIIIVIVNÃORampaNãodeAID IVacesso à balsaArtesanal deNÃO pequeno AID IVporteArtesanal deNÃO pequeno AID IIporteArtesanalNÃObarcosAIDpequenos eIImédiosArtesanalNÃO barcos AID IIpequenosMaribel Altamira NÃO NÃO NÃO AII -• AltamiraEm Altamira, há três portos que concentram as atividades de comercialização de pescado. OPorto da Geleira é localizado ao Leste da cidade em uma área baixa, de remanso, na curva doRio Xingu, onde ocorre a chegada dos barcos. É cercado por uma invasão caracterizada porresidências e comércios em palafitas de madeira. Neste local, encontram-se também estaleirosartesanais, para a manutenção e construção de pequenas embarcações. Fornecedorescomercializam gelo no local, em pequena escala, para a conservação dos peixes, quando osbarcos vão à pescaria. A maioria dos moradores do bairro são pescadores, que utilizam portopara o desembarque. Além de barcos com peixe, aportam ali embarcações de transporte decarga e de pessoas.O Porto Seis é localizado no centro da orla de Altamira e é o mais utilizado da cidade; possuiuma escadaria e uma rampa de acesso para o transporte de mercadorias, pessoas e pescados


para a cidade além de um local separado para o desembarque de pedras finas utilizadas para aconstrução civil. No Porto Seis existem pequenos comércios ou empresas de aluguel delanchas ou barcos. Nos arredores do porto existem os maiores estaleiros artesanais deAltamira, onde são feitos reparos e são construídas embarcações a remo, rabetas, ou a motor.No Porto do Pepino não é encontrada nenhuma estrutura que caracterize um porto dedesembarque, sendo apenas uma orla no extremo Oeste da cidade de Altamira. Neste portoexistem uma série de palafitas, onde são encontrados restaurantes e um local de aluguel delanchas e jet-ski. A única infra-estrutura do porto são 2 rampas, feitas de piçarra, que dãoacesso á margem do rio. Neste local, ocorre o desembarque de pessoas e de cargas, sendo odesembarque de pescado, com menor freqüência.Na cidade de Altamira, foi construído um cais de madeira com vários andares, no extremoOeste da orla, porém apesar de ser novo, ele não é utilizado pelas embarcações, pois oscomércios e venda de gelo estão distantes do local desta estrutura.• Vitória do XinguEm Vitória do Xingu, existem vários trapiches onde aportam diversos tipos de embarcações.No porto principal, na frente da praça da cidade, atracam, principalmente, grandes barcos quefazem o transporte de passageiros e carga entre Vitória e Macapá. Também atracam lanchas,voadeiras de uso particular ou as comerciais fretadas para transportes regionais, de curtadistância. Existem também trapiches pequenos para reparos e construção de pequenasembarcações. Pequenos comerciantes fornecem gelo para as embarcações.• Belo MonteEm Belo Monte, os locais de desembarque são as rampas de acesso às balsas, localizadas nasduas margens do rio, não existindo nenhuma estrutura direcionada para dar suporte àatividade pesqueira. Não existe nenhum estaleiro. Há uma pequena fábrica de gelo no lado domunicípio de Anapu.• Vila NovaVila Nova é uma localidade pertencente ao município de Senador José Porfírio. Asembarcações que ali chegam atracam nos barrancos, sendo que a única estrutura existente éum pequeno estaleiro artesanal de reparos e construção de pequenas embarcações.• MaribelO porto de Maribel está localizado nas margens do rio Iriri, nas coordenadas 04º 25’ 05”S;53º 39’ 33”W, e pertence ao município de Altamira, distando a uns 200 km da cidade e acerca de 90 km de Uruará. A vila pode ser alcançada por terra, trafegando pela BR 230(Transamazônica) e depois até a margem pelo travessão Trans-Iriri. Destaca-se como umimportante ponto de desembarque pesqueiro do setor a montante de Altamira. Neste portoocorre o desembarque de pescado o ano todo. No período das chuvas, os desembarquesocorrem mais freqüentemente e a produção é maior.6365-EIA-G90-001b 173 Leme Engenharia Ltda


Atravessadores dos municípios de Altamira e Uruará deslocam-se até o porto para comprarpeixes que os pescadores capturam nos arredores. O destino deste pescado é, principalmente,o abastecimento dos mercados e comércios das sedes municipais. Os pescadores que alidesembarcam residem nas proximidades do porto, às margens do Rio Iriri, seja na área dareserva extrativista do Iriri, nas terras indígenas de cachoeira seca ou às margens do RioNovo. As casas são simples, construídas de madeira, palha ou taipa revestida (FIGURA7.8.4.1- 40). Na vila de Maribel não há poços de água e o rio é utilizado para todas asatividades, como a preparação de alimentos e a higiene pessoal.FIGURA 7.8.4.1- 40 - Porto de Maribel (direita) e moradias de pescadores nas margens norio Novo (esquerda) (Fotografia: Morgana Almeida).• Porto de MozEm Porto de Moz existe uma importante tradição pesqueira. Na sede do município, existe umtrapiche onde desembarcam os pescadores que vendem seu peixe no mercado municipal,porém existem vários outros locais onde ocorrem desembarques, na margem do rio. Aassociação dos pescadores possui uma fábrica de gelo, que fabrica 9 toneladas de gelo por dia,sendo que a saca com 50kg custa R$7,00. Existem cerca de 10 estaleiros artesanaisespalhados pela sede e proximidades. Cerca de 50 a 60% da produção sai para os municípiosde Belém, Santarém e para Macapá.c.2)Tipos de Embarcações• Canoas a remoEmbarcações feitas em madeira única, geralmente em Itaúba, Pequi ou Amarelão, semcasaria, sem urna, com tamanhos que variam dos 3 a 8 metros e capacidade de transporte deaté 8 pessoas ou aproximadamente 700kg e movidas a remo. Estas embarcações sãofabricadas nas próprias localidades, não sendo exigida a estrutura de um estaleiropropriamente dito. São feitas através da escavação de um tronco de madeira e a modelagempara o formato desejado é feita com o aquecimento da madeira em valas com brasas e com oauxílio de alavancas e atracadores de madeira para arquear a madeira até o formato desejado.Para uma canoa de 8m, a construção custa R$800,00 e o material (madeira, prego, etc.) cercade R$600,00. As canoas menores, feitas para 2 ou 4 pessoas, custam ente R$150,00 eR$200,00 de mão de obra e R$400,00 de material; porém, comumente podem ser compradaspor aproximadamente R$200,00, quando usadas (FIGURA 7.8.4.1- 41).6365-EIA-G90-001b 174 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 41 - Detalhe do motor rabeta de canoas de pesca do rio Xingu (Fotografia:Roberto E. Santo).• Canoas-Rabetas, e Catraias-RabetasQuando as canoas são motorizadas com um motor de popa, são denominadas “rabetas”. Estasembarcações podem ser construídas a partir de um único troco (canoas-rabetas) ou de váriastábuas (catraias-rabetas). Contudo, o importante é que utilizam motores de popa,monocilíndricos, com uma barra de extensão de mais ou menos 2,5m, com potência de 3,5 a13Hp, chamados motor rabeta (FIGURA 7.8.4.1- 41). Estas embarcações podem medir de 4 a13m, não possuem urna e podem ter com capacidades de carga de até 5t. Em alguns casos,podem possuir pequenas casarias, ou apenas coberturas parciais ou totais de toda a áreadestinada ao armazenamento de cargas ou transporte de pessoas, bem como podem ter apenasuma cobertura para o motor (FIGURA 7.8.4.1- 42).A construção destas embarcações é feita em estaleiros artesanais, de Altamira ou Souzel ouem alguns casos em pequenas localidades, como na Vila Nova. O custo de produção dependedo tamanho e das estruturas, como coberturas ou casarias e podem oscilar R$1.200,00 e maisde R$15.000,00.Estas embarcações são usadas principalmente para as atividades de pesca quer seja naspescarias propriamente dita ou no transporte dos pescados, atuando como barcos geleiros.FIGURA 7.8.4.1- 42 - Rabetas-catraias na beira do rio Xingu (Fotografia: Roberto E. Santo).6365-EIA-G90-001b 175 Leme Engenharia Ltda


• VoadeirasSão botes de alumínio de 3 a 12m de comprimento, munidos de um motor de popa que podevariar entre 15 e 40Hp de potência. Estas embarcações podem ser utilizadas para o transportede peixes, mas mais comumente são utilizadas para o transporte de peixes ornamentais e depassageiros.• Barcos com Motor de CentroSão embarcações de madeira, normalmente sem urna, com ou sem casaria, feitas em estaleirosencontrados em Altamira e Souzel, bem como compradas em Santarém-PA ou Santana-AP.Geralmente são embarcações com capacidades de carga acima de 2,5 toneladas. Amotorização é a diesel com diversos modelos, marcas e com potência mínima de 45Hp, omais comumente usado é o 113Hp, considerado ideal para as atividades exercidas por estetipo de embarcação (FIGURA 7.8.4.1- 43).Os custos de produção deste tipo de embarcação são de mais de R$30.000,00, incluindomaterial e mão de obra, e podem ser maiores dependendo do tamanho e do formato e estruturada casaria. São embarcações com modelos e tamanhos diversos, utilizadas para o transportede pessoas, cargas e pescado, que é recolhido nas localidades onde moram os pescadores, oque justifica o nome de “geleiras”. Em menor escala, em alguns casos, podem ser utilizados,efetivamente, nas atividades de pesca.FIGURA 7.8.4.1- 43 - Barco de motor de centro utilizado para o transporte de pescado(Fotografia: Roberto E. Santo).c3) Artes de PescaAs artes de pesca utilizadas são direcionadas aos recursos alvos das pescarias. Artes comanzóis, redes, arpões, arco e flecha, tarrafas são observadas entre os pescadores.• Linhas e AnzóisAs pescarias com linha e anzol podem ser realizadas somente com a linha (tela), caniços eespinhéis (linhas com vários anzóis). As telas são linhas de nylon com um anzol e umpequeno peso de chumbo. A isca deve ser pequena e de cor prateada ou brilhante (piaba,charuto, beradeira, casca grossa, candunga, olho de boi, sardinha), para chamar a atenção dospeixes. Frutas também são usadas para as pescarias dos pacus (QUADRO 7.8.4.1- 13).6365-EIA-G90-001b 176 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1- 13Iscas e características das linhas e anzóis, de acordo com a espécie alvo, nas pescarias delinhas.Estação do anoPresa Iscas Modelo do anzol Linha Verão InvernoTucunaré charuto, piau beradeira 5/0, 6/0, 7/0, nº 3 0,6 xPescada sardinha, piau 5/0, 6/0, 7/0, 8/0, nº 3 0,6 xSurubimpiaba, charuto, beradeira, casca grossa,candunga, olho de boi, sardinha 5/0, 6/0, 7/0, nº 3 0,7 xFidalgopiaba, charuto, beradeira, casca grossa,candunga, olho de boi, sardinha 5/0, 6/0, 7/0, nº 3 0,7 xpiaba, charuto, beradeira, casca grossa,0,7, 0,8, 0,9,Pirarara candunga, olho de boi, sardinha 5/0, 6/0, 7/0, nº 3 100 x xJaúpiaba, charuto, beradeira, casca grossa,candunga, olho de boi, sardinha 5/0, 6/0, 7/0 nº 3 0,8, 0,9 , 100 xpiaba, charuto, beradeira, casca grossa,0,7, 0,8, 0,9,filhote candunga, olho de boi, sardinha 5/0, 6/0, 7/0 nº 3 100 x xpintadinhopiaba, charuto, beradeira, casca grossa,candunga, olho de boi, sardinha 5/0, 6/0, 7/0 nº 3 0,6 x xpiaba, charuto, beradeira, casca grossa,0,7, 0,8, 0,9,barba chata candunga, olho de boi, sardinha 5/0, 6/0, 7/0 nº 3 100 x xPacuseringafrutas (seringa, figo, araçá, caferana,goiaba), piaba 4/0 ao 12 35, 40, 50 e 60 x xPacubrancofrutas (seringa, figo, araçá, caferana,goiaba), piaba 4/0 ao 13 35, 40, 50 e 61 x xPacucurupitefrutas (seringa, figo, araçá, caferana,goiaba), piaba 4/0 ao 14 35, 40, 50 e 62 x xPacucadetefrutas (seringa, figo, araçá, Caferana,goiaba), piaba 4/0 ao 15 35, 40, 50 e 63 x xMatrinchã frutas (Landi, seringa) 4/0 ao 16 35, 40, 50 e 64 xPiaufrutas (seringa, figo, araçá, Caferana,goiaba), piaba 4/0 ao 17 35, 40, 50 e 65 x xO caniço é uma arte de pesca na qual pende-se uma linha com anzol no extremo de uma varade bambu. Esta forma de pesca é direcionada preferencialmente para a captura de pacus, comdestaque regional para o pacu de seringa.Os espinhéis são realizados colocando-se uma série de anzóis, distribuídos em pequenaslinhas (de 0,50m cada) que são colocadas eqüidistantes, a partir de uma linha principal de uns100m de comprimento. São utilizados para a pesca, nos canais dos rios, de predadores dehábitos demersais, como os bagres, pirarara, fidalgo, pocomom, filhote, dourada. Às vezes, éutilizado um “estrovo” (pedaço de cabo de aço ou arame) para reforçar o espinhel e evitarperdas pela força das mandíbulas das presas.Os anzóis utilizados nos espinhéis são de diversos tamanhos, dependendo da espécie alvo,sendo os mais freqüentes de números 30 a 60, usados na captura de piranha, caibro (bicuda) eanzóis de números 1, 2 e 3, para recursos de maior porte como surubim e fidalgo.Outro tipo de pesca de linha é denominada de pesca com “tiradeiras” São linhas de nylonmultifilamento, estendidos na linha d’água, com 2 ou mais anzóis, presos por linhasperpendiculares à linha principal (FIGURA 7.8.4.1- 44). Esta arte é usada para a captura dematrinchã, pacu branco, pacu cadete e piau.6365-EIA-G90-001b 177 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 44 - Esquema da forma em que “tiradeiras” são utilizadas no Rio Xingu.(Desenho: Roberto E. Santo)Para a pesca do filhote, a jusante de Belo Monte, é usada uma arte chamada de “cambão” ou“culhão”, que consiste em uma linha e um anzol presos a uma bóia e deixados à mercê dacorrenteza. Colocam-se iscas de peixes, principalmente de cará. Foi observada a utilização de6 a 15 espinhéis deste tipo, por pescador.• RedesDe um modo geral, as redes de pesca são usadas para uma grande diversidade de espécies ecom métodos bem diversos. Cada rede, que normalmente é equivalente a uma panagementralhada, possui aproximadamente 60m de comprimento e altura variável dependendo damalha, de 2 a 3m. As redes podem ser feitas de nylon monofilamento ou multifilamento,dependendo da região e do recurso a ser explorado. A maioria dos pescadores usa de 2 a 3redes por pescaria, já que os ambientes de pesca não permitem longas artes de pesca devido àpresença de pedras no fundo, grandes correntezas e outras características regionais.Na região a montante das cachoeiras, as redes possuem malhas que variam de 4 a 18 cm, entrenós opostos, com fios de 30 a 40. As combinações entre malhas e fios dependem dadisponibilidade dos recursos, da época do ano e do local de pesca. Para a pesca de pacus, sãousadas redes de malha entre 11 e 18 de fio 35, dependendo do tamanho da presa, colocadasnas margens de rios e em igapós. Curimatã é capturado com redes de malhas 10 a 14 com fios30 e 35, nas margens de rios (beiradão, sequeiros, bocas de grotas), em áreas de remanso e emigapós. O tucunaré é pescado com de malha 8 a 14, fio 35 a 40, nos períodos de enchente evazante das águas, geralmente nas bocas de lagos e igapós. Para pescadas são utilizadas redesde malha 8 a 16, com fios 30 e 35, no inverno nas margens do rio e no verão no canal do rio.Redes de malhas de 9 a 10, e fio 30 e 35, são utilizadas para: cará, piau, ariduia, pescada,curimatá, e pequenos tucunarés (QUADRO 7.8.4.1- 14).Os pescadores entrevistados afirmaram que, de um modo geral, não existe variação sazonaldos tipos de pescados e no uso de redes (tamanho do malheiro ou tipo de malhas). Contudo,destacam que, nas épocas do aumento e da descida das águas do rio, encontram maisquantidade de tucunarés e pescadas. O uso de redes mono ou multifilamento dependem não sódo peixe a ser explorado, mas também da condição do pescador em obter uma rede ou outra.6365-EIA-G90-001b 178 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1- 14Malhas, fios e espécies alvo para os diversos tipos de redes utilizadas acima da Volta Grandedo rio Xingu.Malha Fio Espécie4 30 flecheira, voador, branquinha, sabão, sardinha;7 30-35 piau, cara, branquinha, corvina, voador, pescadinha;8 30-35piau, pescada, voador, corvina, cará, pacuzinho, cuiu-cuiu, bacu,pocomom, tucunaré pequeno;9 30-35 voador, flecheira grande, piau, corvina, acari, tucunaré pequeno;10 30-35 pescada, pacuzinho, branquinha, tucunaré pequeno, curimatã;11 30-35pescada, pacuzinho, piau, curimatã, corvina, tucunaré pequeno,voador;12 30-35pescada, curimatã, pacuzinho pequeno, cadete, caranha, cuiudo,tucunaré14 35-40curimatã, ariduia , pescada, fidalgo, surubim, tucunaré, pintadinho,barba chata15 35-40 pacu branco, pacu de seringa, pescada, pirarara, surubim16 35-40 pacu branco, pacu de seringa, pescada, pirarara, surubim17 35-40 pacu branco, pacu de seringa, pirarara, surubim18 35-40 pacu grande e ariduiaNa região do Baixo Xingu, a jusante da Volta Grande, os pescadores usam redes com malhasque vão de 7 a 12cm de entre nós opostos, com combinações de fios 30 a 50, dependendo daespécie alvo. A maioria das pescarias ocorre nas margens e nos igapós nas regiões de próximoàs cachoeiras. Nas regiões mais a jusante, o rio tende a se alargar e diminuir a quantidade depedras no fundo o que permite o uso de redes maiores. Os pescadores afirmaram que existemdiferenças sazonais nas espécies de pescado encontradas, destacando a presença de bagrescomo o filhote e o mapará que são mais abundantes no inverno. Nesta região passa a ser maiscomum o uso de redes multifilamento, principalmente para as pescarias de filhote, porém paratodos os recursos, redes de mono ou multifilamento são usadas, dependendo da capacidadeeconômica de cada pescador em adquirir um ou outro tipo de rede. A presença da maré, desizígia ou de quadratura também passa a ser destacada como importante para a captura daspescadas e tucunarés, sendo a de quadratura melhor para as pescarias (QUADRO 7.8.4.1-15).QUADRO 7.8.4.1- 15Malhas, fios e espécies alvo, para os diversos tipos de redes utilizadas no Baixo Xingu.Malha Fio Inverno Verão7 30 Cará8 30 pescadinha cará, pescadinha9 30 e 35 pescada, curimatá, mapará cará, piau, ariduia, pescada, curimatá10 50 sarda10 35 e 40 pescada, filhote ariduia, pescada, curimatá, tucunaré11 35 filhote pacu, ariduia12 35 filhote pacu, ariduia• TarrafaRede cônica, trançada em fio de nylon, com malhas de cerca de 3cm entre nós opostos e alturade aproximadamente 2,5m. A tarrafa é lançada, desde um local pouco mais alto, formando um6365-EIA-G90-001b 179 Leme Engenharia Ltda


círculo que desce na coluna da água. É uma técnica de pesca apropriada para locais comprofundidade inferior a 3m, por isso, seu uso é mais intenso na época seca. É comum a suautilização no período noturno, entre as 20:00 e as 02:00 (FIGURA 7.8.4.1- 45). As tarrafastêm cerca de 1,5m de altura, são feitas com fio 50 e malha de 25mm, entre nós opostos. Estaarte é utilizada o ano todo, e custa cerca de R$ 150,00 cada.FIGURA 7.8.4.1- 45 - Tarrafa utilizada por pescadores do rio Xingu (Fotografia: Roberto E.Santo).• Arpões e Arco e FlechasEstas artes de lance (FIGURA 7.8.4.1- 46), tradicionais das comunidades indígenas, sãousadas até hoje, por pescadores experientes, principalmente nas capturas de tucunarés nasmargens dos rios ou em igapós. Porém, outras espécies como pacus, ariduias e curimatãstambém podem ser capturadas. No verão, a captura ocorre no rio. No inverno, tucunarés,curimatãs, trairão, ariduias e jacarés são capturados com arpões nos igarapés lagos e enseadasde remansos.6365-EIA-G90-001b 180 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 46 - Arco e flecha (acima) e arpão utilizados nas pescarias de tucunaré norio Xingu. (Fotografias: Roberto E. Santo).c4) Produção Total e EsforçoO cálculo da produção pesqueira total é uma questão bastante complicada para o trechoconsiderado do rio Xingu, pois apesar de ser constitucionalmente uma obrigação do estado, nomomento, não existe praticamente nenhum registro confiável da produção total nos órgãoscompetentes por um período suficientemente longo de coleta, para permitir análises detendências. Os dados primários, obtidos diretamente neste estudo, restringem-se coletasdurante alguns períodos de tempo, entre os anos de 2000 e 2008, mas não atendem ànecessidade de cobrir todo o universo de viagens de pesca na região para estimar a produçãototal. Por isso, os cálculos realizados no presente relatório, tiveram como finalidade combinartodas as informações indiretas e diretas disponíveis, para realizar o cruzamento dasinformações e obter as melhores estimativas possíveis da produção pesqueira na região. Estesdiversos procedimentos são explicados a seguir.A partir da somatória dos 2.154 desembarques da pesca de consumo registrados durante ascoletas, a produção total registrada nos portos de Altamira nos diversos momentos de coletafoi de cerca de 428 toneladas, com média de menos de 100 por ano. Contudo, sabe-se que aamostragem, em todos os casos, foi parcial, devido à falta de cobertura temporal das coletas.Por isso sabe-se que este valor esteja francamente subestimando o volume total capturado6365-EIA-G90-001b 181 Leme Engenharia Ltda


comercialmente.Para obter outras estimativa, extrapolou-se a produção total a partir da produção média porviagem de pesca, ou por pescador e por dia. No caso dos dados primários coletados emAltamira, a CPUE média foi de 13 kg.pescador -1 .dia -1 (±0,58) e a mediana foi de 8,9kg.pescador -1 .dia -1 . Neste caso enfrentou-se novamente o problema de não se saber comprecisão o número de pescadores de cada região.No ano de 1987, na região dos furos do rio Amazonas (Breves e outras ilhas) e no rio Xingu,registrou-se aproximadamente 4.000 pescadores e uma produção total de quase 4.700t depescado (SUDEPE, 1988); porém estes dados não permitem a separação das informações,para calcular as capturas correspondentes somente ao rio Xingu.Os dados do QUADRO 7.8.4.1- 16, apresentam o número de sócios das colônias depescadores em 2001 e 2008, mostrando claramente o crescimento de mais de 80% do esforçopesqueiro, ao longo dos últimos 7 anos. Contudo, o número de pescadores atual obtido juntoàs colônias de pescadores (2.290) pode estar sobreestimando os verdadeiros valores, poismuitos sócios buscam apenas os benefícios desta associação (seguro desemprego,aposentadoria), sem praticar a profissão. Os números coletados pela SEAP/PR em 2008 talvezpodem ser mais realistas, já que, em alguns municípios, são bem menores que os apresentadospelas colônias. Neste caso chegamos a um valor de 1.555 pescadores na regiçao consideradaneste estudo.QUADRO 7.8.4.1- 16Número de pescadores de acordo com as colônias de pesca, de cada município, em 2001 e2008, e da SEAP em 2008 e estimativa de produção (t) pesqueira anual.Colônia 2001Colônia 2008(1)SEAP6365-EIA-G90-001b 182 Leme Engenharia Ltda(2)ProduçãoAltamira 496 960 444 1777 822Porto de Moz 143 700 359 1296 665Senador José Porfírio 105 435 290 805 537Vitória do Xingú 474 682 438 1263 811Anapu 22 0 41Uruará 2 0 4TOTAL 2290 1555 5140 2879(1)ProduçãoSupondo que i) cada pescador tem um índice de ocupação na atividade de 4 dias na semana,ii) utilizando as duas estimativas de número de pescadores de 2008 (colunas 1 e 2 da tabelaacima) e iii) utilizando a mediana da CPUE, como um estimador mais acurado, já que estavariável não possui distribuição normal, chegou-se a duas estimativas diferentes, de acordocom o número de pescadores considerado. Uma estimativa de mais de 5.000 t. ano -1 ,aparentemente muito alta, resulta da aplicação dos números registrados nas colônias depescadores em 2008. Já a partir de dados de uma pesquisa da SEAP, deduziu-se umaprodução pesqueira de 2.879 t.ano -1 . Desse total, entre 800 e 1.700 t.ano -1 corresponderiam aodesembarque de Altamira e entre 800 e 1.200 t.ano -1 , à produção total de Vitória do Xingu(QUADRO 7.8.4.1- 16).Em uma abordagem diferente, se fez uma inferência a partir do modelo de previsão decapturas apresentado por Petrere (1983), que usou dados de 8 rios do Estado do Amazonas,(2)


entre os anos de 1976 e 1978, e correlaciona a produção com o número de pescadores(GRÁFICO 7.8.4.1- 63). Neste caso, estimou-se que as capturas na região estudada do Xingudevem ser de 3.000 t por ano, para um contingente de 1.500-2.000 pescadores,aproximadamente. Este tipo de extrapolação pode ser criticado, pois o modelo foi gerado comdados de rios de outras regiões; contudo, a concordância da estimativa com as outrasrealizadas neste estudo validam o valor obtido. Na realidade, o modelo indica que a pescaexplora o rio em função de sua capacidade de suporte. Como pode ser observado, os riosrepresentados por triângulos (GRÁFICO 7.8.4.1- 63), como o rio Amazonas, são maisprodutivos e ocupam uma posição mais alta no gráfico, por isso sustentam uma maiorquantidade de pescadores. Neste caso, o rio Xingu, pela sua produtividade, estariaclassificado junto com tributários de águas menos produtivas (águas claras), no que dizrespeito a sua capacidade de gerar produtos pesqueiros.GRÁFICO 7.8.4.1- 63 - Gráfico do logaritmo das capturas em função do número depescadores para 8 rios do Estado do Amazonas entre 1976 e 1978(PETRERE, 1983), indicando a posição teórica que ocuparia otrecho estudado do rio Xingu neste trabalho, caso pudesse serconsiderado similar a este grupo de rios. Triânguloscorrespondem aos rios Solimões, Japurá e Amazonas; quadradoscorrespondem aos rios Negro, Branco, Purús, Juruá, Jutaí eMadeira.Welcomme (1992) determina uma média de 11 a 19 kg/ha/ano para a produção pesqueirapotencial de áreas alagáveis de rios de águas pretas e claras do mundo. Segundo Petrere(1983), o tamanho da área inundada lateralmente pode ser calculada pelo seguinte modelo:A = 2.1427 . L 1.2176onde,A = área inundada em km 2 ,L = comprimento do rio em km.6365-EIA-G90-001b 183 Leme Engenharia Ltda


O trecho do rio Xingu estudado (desde Vitória do Xingu até o Iriri) é de aproximadamente250 km de extensão, o que corresponderia a uma área de inundação de aproximadamente1.780 km 2 , o que coincide com as estimativas de Camargo & Guilhardi (em preparação), quedeterminaram uma área inundada de pouco menos de 1.500 km 2 para o trecho entre BeloMonte e o Iriri. Extrapolando pelo modelo empírico de Welcomme (1992), estima-se que aprodução pesqueira da região deveria estar entre 2.000 e 3.000t por ano.Outra forma de estimar a produção, bastante utilizada na literatura (BATISTA, 1998) écalcular o consumo de pescado médio per capita e extrapolar esse valor para o total demoradores da região. Este exercício permite calcular a produção pesqueira de “subsistência”,ou seja, apenas o pescado que está sendo consumido na região de estudo, e descarta osprodutos que foram pescados no rio Xingu, mas que se destinam a outras localidades comoSantarém, Belém e, principalmente, Macapá.Em seção mais a frente deste documento, são apresentados os resultados das estimativas deconsumo de pescado com detalhes. Contudo, para o cálculo da produção total de subsistência,foi utilizada apenas a média geral para as comunidades rurais, que foi de 139 g per capita.dia -1 . Aproveitando o número de moradores para as comunidades rurais da AID, levantados pelosestudos de sócio-economia deste diagnóstico (QUADRO 7.8.4.1- 17), tem-se um total de3.291 moradores, o que resulta em um consumo diário de 457kg de pescado, ou 167t ao ano.Desse total, 76 t correspondem ao trecho do rio que será transformado no reservatório doXingu e 91 t correspondem às comunidades da Volta Grande.Do total de habitantes das comunidades rurais da AID também pode-se calcular o número depescadores, considerando uma média de um pescador cada 5 moradores, o que resulta em 658pescadores.A produção de pescado necessária para sustentar as comunidades rurais, dependendo daestimativa de produção total aceita como verdadeira, pode corresponder a cerca de 10% dototal capturado comercialmente, sendo que este pescado não passa pelos portos dedesembarque e é consumido, nas próprias comunidades, logo após a captura sem envolver,praticamente, nenhum tipo de comércio, mas representando uma renda indireta para ascomunidades que ali habitam, que, se não fosse estas fontes de alimento, deveriam compraruma maior quantidade de produtos nos centros urbanos.6365-EIA-G90-001b 184 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1- 17Número de moradores ribeirinho por setor de acordo com os levantamentos censitários eentrevistas, do componente sócio-econômico deste diagnóstico.Setor Localidade Nr. Consumo total de pescadoII Margem esquerda (rural) moradores 569 (g.dia 79.091-1 )Margem direita (rural) 487 67.693Ilhas 449 62.411III Margem esquerda (rural) 390 54.210Margem direita (rural) 200 27.800Ilhas 16 2.224Paquiçamba 70 9.730Arara (Maia) 260 36.140Ressaca 290 40.310Ilha da Fazenda 350 48.650Garimpo do Galo 210 29.190Total 3.291 457.449Já na cidade de Altamira, foi estimado um consumo médio de pescado de 85 g.capita -1 .dia -1 .Multiplicando este valor por uma população de aproximadamente 85.000 habitantes (IBGE,2005), tem-se um consumo diário de quase 7 toneladas de pescado e um consumo anual demais de 2.600t. Este valor representaria a produção de pescado utilizada na cidade só paraconsumo interno e mesmo parecendo sobreestimada, fornece uma boa ordem de grandeza daimportância da pesca para a região.As estimativas da produção total foram obtidas com diversas metodologias, inclusive comdados de fontes independentes, contudo, há uma grande convergência de valores. O valormais extremo é de 5.000t por ano e o menor é o de 1.500t por ano para os portos da AII.Assim, conclui-se que a produção total da AII deve estar entre esses dois valores,provavelmente um valor médio de cerca de 3.000 t.ano -1 seria o mais adequado, a julgar pelasestimativas obtidas acima. A produção pesqueira da AID, concentrada na cidade de Altamira,deve ser de aproximadamente 50% do total, ou seja, 1.500 t.ano -1 (TABELA 7.8.4.1- 31).• Produção por Tipo de BarcoA produção de uma viagem de pesca depende do tipo de barco. Enquanto canoas produzemapenas 25kg por viagem, em média, os barcos descarregam 400kg em cada desembarque (F2;1913=402;p=0.000) (TABELA 7.8.4.1- 32). Geleiras, como as que podem partem de Vitóriapara Macapá, podem transportar mais de 3t de pescado.6365-EIA-G90-001b 185 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 31Estimativas da produção pesqueira realizadas neste estudo a partir diversas fontes deinformações considerando um número aproximado de pescadores de 1.500 na AII e de 1000pescadores na AID.Forma de cálculoValor estimado(t.ano -1 )AbrangênciaMediana de CPUE * N o de pescadores 2.800-5.000 Todos os portos da AIIPetrere (1983) 3.000 Todos os portos da AIIEquação de Welcomme (1992) 1.500 – 2.600 Todos os portos da AIIMediana de CPUE + N o de pescadores 800-1.700 Portos de Altamira (AID)Consumo médio de pescado * Nr. de 2.600 Portos de Altamira (AID)habitantesConsumo médio de pescado * Nr. dehabitantes167 Comunidades rurais AIDTABELA 7.8.4.1- 32Produção média (kg) por viagem de acordo com o tipo de embarcação.Tipo de Barco Produção por IC Nviagem (kg)Canoa 25.84 4.68 132.00Rabeta 113.17 6.53 1438.00Barco Motor 401.54 50.47 346.00• Captura por Arte de PescaTodos 159.23 11.55 1916.00Provavelmente devido às características típicas dos ambientes do rio Xingu, com muitacorrenteza, fundos pedregosos e cursos acidentados com grande número de canais, as artes depesca mais comumente usadas são as linhas, em todas suas formas (linha de mão, caniço,tiradeira, espinhel). Redes de malha são também comuns. Tarrafas, zagaia, flechas e arpão,ocorrem ocasionalmente. Também freqüentemente, os pescadores otimizam suas capturasutilizando várias artes em uma mesma viagem. As combinações mais freqüentes são redes elinhas, ou redes, linhas e tarrafa. A produção por viagem é significativamente maior quandose pesca com linhas, que rendem 205 kg por viagem de pesca, seguidas pelas viagens comvárias artes e, posteriormente, pelas pescarias com redes de malha (F 3;1938 =13,9; p


O rio Xingu é bem diferente dos rios de águas brancas, onde as atividades pesqueiras vêmsendo mais estudadas. Por ser um curso de água com predominância de ambientes lóticos, ospescadores são adaptados a este tipo de ecossistema, sendo exatamente nesses locais queocorre a maior parte das capturas e onde as pescarias são mais produtivas. A produção porviagem foi muito alta em ambientes de inundação (256 kg ± 191) como florestas inundadas,porém o número de registros deste ambiente é baixo. Já as corredeiras e os ambientes no canaldo rio renderam 165 e 179kg por viagem, respectivamente, e são responsáveis juntos por 76%dos registros. As capturas nos remansos e nas lagoas marginais renderam 147 e 144kg porviagem respectivamente e representam apenas 10% das capturas (TABELA 7.8.4.1- 34).TABELA 7.8.4.1- 34Produção média (kg) por viagem de pesca de acordo com o ambiente e intervalo de confiança(95%).Ambiente Captura IC NCorredeiras 165.56 16.06 875Canal 170.61 22.93 594Remanso 147.56 34.42 187Igapó 256.19 191.25 27Igarapé 111.52 22.24 210Lago 144.36 78.38 36Todos 160.36 11.33 1929• Sazonalidade da PescaA produção média por viagem de pesca foi de quase 200 kg. Contudo, na realidade, esta variade acordo com os períodos do ano, sendo maior nos períodos de transição, na enchente evazante (F 3;2146 = 9,3; p=0,000004) (TABELA 7.8.4.1- 35). Isto está relacionado com oaumento da capturabilidade no período em que os peixes estão entrando ou saindo das áreasde inundação.TABELA 7.8.4.1- 35Captura média por viagem (kg) para os quatro períodos do ano, nas pescarias do rio Xingu.Estação do Ano Captura por viagem IC (95%) NSeca 177.63 25.07 582Enchente 198.70 27.68 469Cheia 169.24 19.46 664Vazante 272.83 46.44 435Total 198.90 14.44 2150Existe também uma diferença sazonal na estratégia de captura. Durante a enchente e a cheia,os pescadores utilizam com freqüência as áreas alagadas e, nestes ambientes, capturam commaior facilidade espécies frugívoras ou detritívoras, como branquinha, carás, curimatã,flexeira, pacus e aracus. Por isso, as pescarias de maiores rendimentos são aquelas nas quaisforam utilizadas linhas de mão ou caniços. Nessa época, as redes são utilizadas, para capturaralgumas espécies predadoras como surubim, pescada, traíra e trairão, que entram nas áreasalagadas para se alimentarem. Já durante o período seco e, principalmente, nos períodos detransição, as pescarias ocorrem principalmente nas margens e no canal do rio, pois as áreas deinundação permanecem secas. Nesta época, as redes de malha apresentam rendimentos um6365-EIA-G90-001b 187 Leme Engenharia Ltda


pouco mais altos (GRÁFICO 7.8.4.1- 64).350Captura por viagem (kg)300250200150100500J F M A M J J A S O N DLINHASMALHADEIRASGRÁFICO 7.8.4.1- 64 - Produtividade das viagens (kg), de acordo com a arte utilizada naspescarias.6365-EIA-G90-001b 188 Leme Engenharia Ltda


• Produção por Área de PescaOs diferentes setores do rio apresentaram produções por viagem distintas. As áreas maisprodutivas foram aquelas que se encontram mais distantes da cidade de Altamira, indicandoum maior grau de conservação destes locais (FIGURA 7.8.4.1- 47). As viagens queocorreram a montante de Altamira apresentaram melhores rendimentos, com médias entre 500e 600kg por viagem. Após estes locais, destaca-se o trecho da Volta Grande, desde a Ilha daFazenda até o CNEC, com rendimentos de cerca de 200kg por viagem. As regiões próximasde Altamira, Vitória do Xingu e Belo Monte, apresentaram menor produção, indicando certoesgotamento local dos estoques, nesses trechos do rio, onde a intensidade de pesca é maior.• Produção por EspécieCerca de 50 espécies são capturadas na região e desembarcadas nos portos de Altamira,porém poucas espécies constituem a maior parte dos volumes comercializados. A composiçãodas capturas destaca a produção de tucunaré (29%), aracu (20%) e pescada (20%), seguidospor várias espécies de pacu (13%) e curimatã (8,5 %) (GRÁFICO 7.8.4.1- 65)FIGURA 7.8.4.1- 47 - Produção média (kg) por viagem de pesca, nas pescarias ao longo dorio Xingu.6365-EIA-G90-001b 189 Leme Engenharia Ltda


AriduiaSurubimFilhoteTrairãoOutrosFidalgoCurimataTucunaréPacusPescadasAracuGRÁFICO 7.8.4.1- 65 - Distribuição da composição específica dos desembarques nos portosde Altamira.TABELA 7.8.4.1- 36Produção média (kg) por viagem de pesca de acordo com a localização dos pesqueiros, aolongo do rio e resultados do teste LSD de comparação das médias (p≥0.05).Trecho do rio Captura IC 95% N SD Teste LSDIriri 628.53 69.93 306 621.65 AXingu acima do Iriri 509.51 84.66 77 372.98 BXingu / Iriri até Porcão 150.02 25.52 85 118.33 CDPorcão até Boa Esperança 93.65 14.84 123 83.14 DEBoa Esperança até Gorgulho da Rita 82.07 5.90 417 61.27 EFGorgulho da Rita até Cotovelo 91.92 15.60 340 146.20 DEFCotovelo até Ilha da Fazenda 87.27 10.09 204 73.09 DEFIlha da Fazenda até Bacajá 179.03 27.40 164 177.72 CBacajá até Cnec 207.73 77.99 78 345.91 CCnec até Belo Monte 88.00 88.00 1 0.00 -Belo Monte até Vitória 16.40 4.70 5 3.78 CDEFJusante de Vitória 90.67 17.12 287 147.38 DEFTotal 196.87 14.63 2087 340.70O tucunaré, a pescada e o aracu estão também dentre as espécies de maior produtividade dasviagens, com 76, 99kg e 51kg por viagem, respectivamente. Contudo, neste caso, algumasoutras espécies como fleixeira, filhote, ariduia, curimatá, pirarucu, trairão, pacus e fidalgomostram boas produtividades, todas superiores a 40kg por viagem (TABELA 7.8.4.1- 37).TABELA 7.8.4.1- 37Produção (kg) por viagem de pesca para as principais espécies desembarcadas em Altamira.6365-EIA-G90-001b 190 Leme Engenharia Ltda


N Captura por ICviagemPescada 834 98.95 11.32Flexeira 23 92.17 62.74Filhote 28 90.19 57.15Tucunaré 1617 76.03 8.32Pacus 1617 34.15 4.34Curimata 526 68.04 6.21Pirarucu 10 64.90 20.91Ariduia 104 60.95 17.64Aracu 1617 51.04 6.31Fidalgo 189 45.67 7.18Trairão 59 42.74 13.38Surubim 170 41.30 12.86Na escala temporal, as capturas por viagem e por espécies mostram uma diversidade depadrões. Dentre as principais espécies, o tucunaré é capturado com maiores rendimentos naenchente e na vazante. A pescada e o aracu sempre apresentam rendimentos bons, comexceção do período de cheia. O trairão apresenta melhores rendimentos na vazante, assimcomo o surubim. O curimatã tem seus melhores rendimentos durante a cheia (GRÁFICO7.8.4.1- 66).6365-EIA-G90-001b 191 Leme Engenharia Ltda


Tuc un aréPes c ada160160Captura por viagem (k g)140120100806040Captura por viagem (k g)140120100806020Sec a Enc hente C heia Vaz ante40Sec a Enc hente C heia Vaz anteTr airãoC urimataCaptura por viagem (kg)100806040200-20Sec a Enc hente C heia Vaz anteCaptura por viagem (kg)100908070605040302010Sec a Enc hente C heia Vaz anteSurubimArac u14090Captura por viagem (kg)120100806040200Sec a Enc hente C heia Vaz anteProdução média por viagem(kg)8070605040302010Sec a Enc hete C heia Vaz anteGRÁFICO 7.8.4.1- 66 - Produção média por viagem de pesca para as principais espécies e deacordo com o período do ano.• Esforço MédioO número de pescadores médio por viagem de pesca foi de 3 (± 0,15) trabalhadores e aduração das viagens foi de 5,5 dias (± 0,13). Estas variáveis não mudaram muito ao longo doano, mas são diferentes dependendo do tipo de embarcação. Os barcos a motor realizamviagens de seis dias, enquanto rabetas utilizam 5 dias e canoas apenas 2 dias (F 2,1906 =120,37;p=0,000). Como tripulação, os barcos a motor levam de 5 a 6 pescadores, enquanto rabetaslevam apenas 2 e canoas entre 1 e 2 (F 2,1904 =189,79; p=0,000) (TABELA 7.8.4.1- 38).TABELA 7.8.4.1- 38Número médio de dias e tripulação média nas viagens de pesca, de acordo com o tipo deembarcação.Dias IC N Mediana Pescadores IC N MedianaRabeta 5.26 0.14 1430 5.00 2.23 0.10 1432 2.00Canoa 2.04 0.33 134 1.00 1.60 0.17 134 1.00Motor 6.55 0.41 345 7.00 5.65 0.63 341 3.00Todos 5.26 0.14 1909 5.00 2.80 0.15 1907 2.006365-EIA-G90-001b 192 Leme Engenharia Ltda


• CPUE por Mês e Período do AnoA produtividade média da pesca de consumo foi de 13kg (± 0,58) por pescador e por dia depesca, com mediana 8,9kg. Variações sazonais parecem ocorrer, sendo o período seco maisprodutivo com 16kg.pescador -1 .dia -1 (LogCPUE; F 3;2075 =27,0; p


7.8.4.1- 40) (LogCPUE; F 5,1868 =4,60; p=0,0003).TABELA 7.8.4.1- 40Rendimento médio (kg.pescador-1.dia-1) de acordo com o ambiente de pesca, para a frota quedesembarca em Altamira e resultados da comparação múltipla pelo teste LSD para oLogCPUE.Ambiente CPUE IC N TesteCorredeiras 11.33 0.70 874 CCanal 13.43 1.12 590 ARemanso 13.31 1.98 188 BIgapó 16.45 6.02 27 ABIgarapé 17.32 3.06 161 ALago 13.97 5.32 36 ABC• CPUE por Tipo de BarcoTodos 12.83 0.60 1876Dos três tipos diferentes de embarcações que foram mais comumente registrados nosdesembarques (barcos a motor, canoas à remo e canoas de rabeta), as rabetas representaram75% dos desembarques. Foram observadas diferenças significativas da produtividade destestrês tipos de embarcações (F 2,1889 =15,93; p=0,0000). Os barcos a motor apresentaram omelhor rendimento, enquanto as canoas, o menor (TABELA 7.8.4.1- 41). Como os barcos sãoapenas um meio de transporte para os locais de pesca, estes resultados indicam que osmesmos possuem um desempenho mais profissional, talvez pelo tipo de pescador envolvidonestas pescarias, que apresenta melhores rendimentos que os pescadores que usam canoas ourabetas.TABELA 7.8.4.1- 41Rendimento médio (kg.pescador-1.dia-1) de acordo com o tipo de embarcação, para a frotaque desembarca em Altamira e resultados da comparação múltipla pelo teste LSD para oLogCPUE.Tipo Barco CPUE IC 95% N % TesteCanoa 9.99 2.03 133 7.02 CRabeta 12.61 0.64 1422 75.04 BMotor 14.65 1.77 340 17.94 ATodos 12.79 0.60 1895• CPUE por Arte de PescaA linha foi a arte de pesca mais freqüentemente utilizada para as capturas da frota comercialque desembarcou em Altamira, representando 47% dos desembarques. As redes de malhaforam utilizadas em 22% das viagens. Em 30% das viagens, foram utilizadas mais de uma artede pesca, como por ex. linhas e tarrafas, ou linhas e redes. A produção por unidade de esforçodemonstrou diferenças dependendo da arte de pesca (LogCPUE; F 3,1915 =19,15; p


desembarca em Altamira e resultados da comparação múltipla pelo teste LSD para oLogCPUE.Arte de pesca CPUE IC N % Mediana TesteLinhas 9.88 0.62 910 47 7.50 CMalhadeira 16.75 1.56 415 22 12.50 AVárias 14.46 1.20 575 30 10.00 BOutras 10.80 6.37 19 1 6.50 BCTodas 12.75 0.59 1919 8.89• CPUE por Local de PescaA produtividade dos pescadores depende da área da captura, a qual demonstrou diferenças aolongo do rio (F 10;2011 =4,44; p


Captura por viagem (kg)3002502001501005002000 2001 2006 2007 200823.021.019.017.015.013.011.09.07.05.0CPUE (kg.pescador.dia -1 )Captura CPUE Linear (CPUE)GRÁFICO 7.8.4.1- 68 - Tendência temporal da produção média (kg) por viagem e da CPUE(kg capturados por pescador e por dia), a partir dos dados de 2000-2001 e 2007-2008, indicando declínio na produtividade.Estes resultados não surpreendem e acredita-se que respondem a uma característica típica daspescarias em todo o mundo e também na região amazônica. O aumento do esforço é umdenominador comum, nas pescarias da região, mesmo naquelas consideradas de caráterartesanal e de pequena escala. Os motivos que levam ao declínio dos rendimentos sãodiversos, mas, dentre eles, pode-se destacar incremento do esforço de pesca, impulsionadopela maior demanda do mercado, que leva ao aumento da intensidade de pesca e do esforçototal (número de embarcações, viagens, pescadores, etc.). O mercado impulsiona estadinâmica de forma clara, sendo a pesca artesanal uma das possibilidades de emprego e rendamais facilmente disponível para a população masculina das comunidades ribeirinhas, quepossuem poucas outras oportunidades de inserção na economia regional.c5) Estratégias de Pesca por Região (Área de Influência Indireta)O rio Xingu possui uma diversidade de combinações entre artes de pesca, embarcações etáticas pesqueiras, que demonstram uma fina adaptação do pescador à sazonalidade do ciclodas chuvas, à espécie alvo e ao local de pesca. As modalidades de pesca dividem-seclaramente entre os pescadores que trabalham a montante e a jusante das corredeiras da VoltaGrande. Estas atuam como um divisor de águas do rio, também para a pesca. Diferençasfísicas, como a presença ou não de variações do nível das águas devido ao efeito da maré,explicam pelo menos em parte, as diferença geográficas observadas nas estratégias utilizadaspara a atividade pesqueira. A seguir, relatam-se as características particulares das estratégiasde pesca observadas em campo para cada setor ou região do rio, fruto de pesquisas eentrevistas junto aos pescadores e acompanhando as suas atividades de captura, bem comoobservando os desembarques.A captura de pescado na região do baixo Rio Xingu é realizada por canoas que utilizam osambientes fluviais e lacustres nas margens do rio. O pescado das canoas pode serdesembarcado em pelo menos cinco locais: Vila Nova, Belo Monte, Vitória do Xingu,Senador José Porfírio e Porto de Moz, como descrito a seguir. Também pode ser embarcado6365-EIA-G90-001b 196 Leme Engenharia Ltda


em uma geleira (barco com urna de gelo) e seguir viagem até Belém, Macapá ou Santarém.Possivelmente, devido aos problemas de assoreamento do porto de Vitória, que dificultam anavegação de barcos de maior calado, a maior parte das geleiras de maior tamanho concentraseus desembarques em Senador Jose Porfírio ou Porto de Moz.• Vila NovaAs pescarias são exercidas por 1 a 2 pescadores, que passam de 1 a 3 dias pescando, emcanoas com capacidade de 70 a 500kg, que podem ser a remo ou rabetas com potência de 5,5ou 6,5Hp; atuam nos igarapés próximos a região, estendendo-se até Belo Monte. Utilizamprincipalmente redes e linhas de mão, ocasionalmente utilizam os caniços para a captura depacu e piau. O custo dessas pescarias depende da distância do pesqueiro, sendo gastos deR$5,00 a 30,00 de rancho; R$12,00 a R$30,00 de gelo (4 a 10 barras) e, quando utilizamembarcações motorizadas R$7,00 de combustível para chegar no local de pesca (2 litros). Opescado é comercializado em Vila Nova ou para atravessadores de Vitória do Xingu.Algumas pescarias são feitas em barcos com motor de 11Hp, com duração de 3 a 4 dias,capacidade de até 4 toneladas e uma tripulação de 5 pescadores. As pescarias são realizadasem pesqueiros que distam mais de 2 horas de distância. Utilizam redes, principalmente nosmeses de março a julho, e telas o ano todo. No inverno também levam caniços. Os custos dasviagens dependem do local de pesca, mas em média são gastos R$35,00 (10 litros) decombustível; R$30,00 (10 barras) de gelo para a conservação do pescado e R$30,00 para orancho. O pescado é vendido para atravessadores vindos de Macapá, que fornecem “vales”,que são adiantamentos em dinheiro para as despesas. Esses vales variam de R$750,00 aR$1.000,00. A produção varia de 80 a 400kg de pescado por viagem. As principais espéciescapturadas são: a pescada, o filhote, tucunaré, curimatá, aridua, piau, cará e o pacu.• Belo MonteExistem basicamente 2 grandes pescarias em Belo Monte. Uma com embarcações tipo“rabetas” com comprimentos entre 6 e 7m, capacidades de carga de 500kg e motores de 6Hp.Realizam viagens de 2 dias, levando 2 pescadores em pesqueiros de cerca de 1,5 horas dedistância. Utilizam cerca de 4 litros de combustível (R$13,00), 6 pedras de gelo (R$15,00) erancho (R$10,00). As pescarias com redes produzem, para este esforço, um mínimo de 23kg eum máximo de 143kg. As pescarias de anzol, para o mesmo esforço e mesmas embarcaçõesproduzem um mínimo de 8 e até 30kg por pescaria.Outro tipo de pesca são as realizadas com pequenas embarcações a remo, que normalmenteatuam com 1 pescador que pesca diariamente, indo e voltando de suas atividades, emembarcações de 3 a 4m de comprimento e com capacidade de transporte inferior a 100kg.Levam, para cada pescaria, meia barra de gelo ao custo de R$1,25, já que suas viagens sãocurtas e não demandam de muito tempo de conservação. Quando levam algum rancho, estecusta cerca de R$4,00 e produzem no mínimo 8kg e no máximo cerca de 20kg de pescado.Essas pescarias se dão com linha e anzol ou caniços e, na maioria das vezes, direcionam seuesforço para recursos como os tucunarés e pescadas.Em Belo Monte, foram detectados dois vendedores de gelo, que também distribuem o pescadopara Anapú, Macapá e para a própria cidade, além de seis restaurantes, que oferecempescados no seu cardápio.6365-EIA-G90-001b 197 Leme Engenharia Ltda


• Vitória do XinguAs pescarias são realizadas em canoa a remo, rabeta, e barco de motor de centro. As canoastêm capacidade média de 250kg, as rabetas de 350kg e os barcos de 3.500kg. As viagensduram cerca de 2 dias para as embarcações motorizadas, utiliza-se de 3 a 6 barras de gelo, novalor de R$3,00 cada barra; de 2 a 6 litros de combustível a R$2,00 o diesel e R$3,00 agasolina. As canoas a remo realizam pescarias de apenas 1 dia e geralmente não utilizam gelo,por pescarem em pesqueiros próximos. Foi identificado o uso de 12 artes de pesca: rede deemalhe de espera, rede de emalhe à deriva (para a pesca do filhote), rede de emalhe de esperapara pirarucu, caniço e linha de mão (tartaruga), arco e flecha ou arpão (pirarucu e peixe-boi),a tiradeira (espinhel), timbó (muito raro, mas ainda é usado), zagaia (filhote).As principais localidades para onde é escoada a produção dos pescados de Vitória do Xingusão: o Estado do Amapá e municípios de Porto de Moz, Almeirim e Santarém, sendo que paraMacapá e enviado 93% da produção. Além destas, dependendo das espécies, ainda há saídapara os municípios de Belém, Senador José Porfírio, Breves e Jararaca.Na cidade de Vitória, existem 6 compradores de peixes que compram o pescado e despachampara a cidade de Macapá e outros 6 pescadores/vendedores que pescam, compram e vendemtodo o pescado na própria cidade (FIGURA 7.8.4.1- 48).FIGURA 7.8.4.1- 48 - Atravessadores de peixes nas margens do rio Xingu, próximo à Vitória(Fotografia: Roberto E. Santo).• Senador José PorfírioNesta localidade desembarcam, embarcações tipo “rabetas” com comprimentos entre 7 e 12m,capacidades de carga de 500kg, motores de 6 a 13hp e que durante as pescarias, levam 2 a 3pescadores. Fazem viagens de 2 dias utilizando de 4 a 10 litros de combustível ao custo médiode R$2,50, levando cerca de 3 a 6 pedras de gelo ao custo de R$3 por pedra e atuam empesqueiros localizados a 1,5 horas de distância. As capturas são feitas com redes e produzementre 20kg e 80kg. O rancho para estas pescarias custa R$15,00.Outros tipos de pescarias são as realizadas com grandes embarcações geleiras que levampequenas canoas para pescar. Podem usar linhas e anzóis, para a captura de pescadas etucunarés, ou ainda grandes redes buscando os cardumes mapará ou filhote (FIGURA6365-EIA-G90-001b 198 Leme Engenharia Ltda


7.8.4.1- 49). Para estas atividades, são usadas embarcações com motor de centro, comtamanhos que vão de 12m a mais de 14m de comprimento, capacidades de carga de até 8t emotores entre 18 e 49Hp.As pescarias de mapará e de filhote são atividades semanais, com pescarias diárias,acumulando os pescados de todas as pescas da semana no barco geleiro. São levadas cerca de6 canoas com 2 pescadores em cada uma. Os pescadores realizam um cerco com redes paracapturar os cardumes pelágicos de mapará. Para isto, lançam a rede no local que foi detectadoo cardume, em forma de círculo, expulsando os botos, e recolhendo as redes depois. Aspescarias de filhotes são feitas com redes de espera que deixam-se arrastar pela corrente, àderiva. Nos meses da enchente, quando está proibido o uso de redes, são usados espinhéis(400 a 500 anzóis nº 5 e 6).Para cada atividade semanal, são usados cerca de 6 t de gelo (R$18.000,00), usam 800 litrosde diesel (R$1.600,00) e cerca de R$400,00 em rancho. O uso de “vales” para os 12pescadores é comum, e podem significar mais R$1.000,00 de investimentos. A produçãodestas pescarias varia entre 200kg e 1000 kg.dia -1 de pesca. O produto acumulado é vendidoposteriormente em Belém e Macapá.FIGURA 7.8.4.1- 49 - Filhote (Brachyplatistoma filamentosum) comercializado pelosatravessadores de Senador José Porfírio (Fotografia: LeocyvanNunes).As pescarias de pescada e tucunaré com geleiras são diárias e usam cerca de 10L de óleodiesel (R$20,00), 6 pedras de gelo (R$18,00), em pesqueiros que ficam a 1 ou 2 horas dedistância. Neste caso, as geleiras levam também 6 canoas pequenas que são tripuladas por 2 a3 pessoas com um anzol ou caniço cada. Cada pescador captura entre 8 e 13kg.dia -1 . Oproduto é transferido na cidade para barcos que transportam o peixe para outras cidades.• Porto de MozAs pescarias são realizadas em rabetas, com capacidade 200 a 300kg e motores de 5,5 Hp ouem barcos com motor de centro com capacidade para 3 a 7 toneladas e motores de 11 a 18Hp.As pescarias realizadas de rabeta levam no máximo 2 pescadores em viagens que duram 12horas e produzem entre 10 a 30kg de pescado. Os custos são de R$ 9,00 a 12,00 decombustível (3 a 4 litros); R$14,00 de gelo (2 sacas) e R$10,00 de rancho. Os barcos a motorrealizam viagens de 4 a 6 dias de duração e 4 pescadores. Os custos incluem R$60,00 decombustível (30L); R$30,00 (gelo) e R$20,00 para o rancho. A média de produção por6365-EIA-G90-001b 199 Leme Engenharia Ltda


viagem é de 50 a 200 kg de pescado por pescador.As artes de pesca utilizadas nestas pescarias são a rede de malha, espinhel, caniço e o arco eflecha. As principais espécies capturadas são: tucunaré, filhote, mapará, curimatá, tambaqui,pirapitinga e acari. A comercialização do pescado no município é feita no mercado municipale por pequenos comerciantes na rua. Porém, cerca de 50 a 60% da produção sai para osmunicípios de Belém, Santarém e Macapá.• Pescarias nos Arredores de AltamiraSão pescarias de curta duração, exercidas por 2 a 3 pescadores, que passam de 1 a 3 diaspescando, em canoas com capacidades de cerca de 300kg, motorizadas ou não, levando umacaixa térmica com 2 a 4 pedras de gelo. Pescam na região próxima de Altamira até oCotovelo, a jusante (FIGURA 7.8.4.1- 50). Utilizam, preferencialmente, pequenas redes oulinhas de pesca, porém, conforme a situação, podem usar também arpões, arco e flecha,espinhéis e tarrafas. Este tipo de pescaria tem sua duração vinculada à distância do pesqueiro,sendo que, em pesqueiros mais próximos, os pescadores podem ir para o local 2 vezes por dia,voltando para suas moradias na cidade para o almoço. Durante a enchente, com o fenômenoda arribação dos peixes, os recursos são mais facilmente capturados e as pescarias maiscurtas.Os custos destas pescarias podem ser apenas os investimentos no apetrecho (de R$5,00 aR$10,00), e a caixa isopor (de R$10,00 a R$20,00), comprados esporadicamente, em casodas pescarias de canoa a remo (R$200,00), que voltam após duas horas de pesca. Se forpreciso levar gelo e rancho, com motor de rabeta, são gastos de 2 a 6 litros de combustível(R$6,00), aproximadamente R$15,00 de rancho (farinha, café, arroz e fumo) e 2 a 4 pedras degelo (R$10,00), o que resulta em cerca de R$30,00, por viagem. A produção média deste tipode pescaria é de 10 a 20kg de pescado.pescador -1 .dia -1 , dependendo do pescador e do períodosdo ano, rendendo cerda de R$300,00 de receita bruta.FIGURA 7.8.4.1- 50 - Pescadores a jusante de Altamira (Fotografia: Roberto E. Santo).• Pescarias na Região de Boa EsperançaAs pescarias na região entre Altamira e Boa Esperança, a montante, podem demorar entre 3 e8 dias. Os pescadores utilizam rabetas com capacidades de carga entre 300 e 800kg,motorizadas com motor à gasolina ou barcos com motor de centro (FIGURA 7.8.4.1- 51).Levam de 3 a 4 pescadores, várias caixas térmicas, com cerca de 20 barras de gelo, e sedeslocam a pesqueiros que podem ficar a aproximadamene 5h da cidade. Nos pesqueiros, ospescadores utilizam canoas menores, deixadas, anteriormente, nos locais de pesca.6365-EIA-G90-001b 200 Leme Engenharia Ltda


Os custos destas pescarias são de R$40,00 a R$100,00 comcombustível (gasolina, diesel ougás), de R$15,00 a R$40,00 com rancho (farinha, café, carne ou frango, arroz, fumo, etc.) ecerca de R$ 40,00 de gelo. A produção é de, aproximadamente, 15kg por pescador e por dia,podendo chegar de 20 a 30kg, dependendo do período do ano. A produção por viagem é de 80a 300kg.FIGURA 7.8.4.1- 51 - Pescadores voltando de viagem realizada a montante de Altamira(Fotografia: Roberto E. Santo).• Pescarias Próximas à Desembocadura do IririAs pescarias para as regiões acima da Ilha Grande são de média duração e podem serrealizadas com rabetas ou catracas com capacidades entre 800 e 3000kg de carga, utilizandovárias caixas térmicas, com cerca de 40 a 50 barras de gelo e levando de 6 a 8 pescadoresEstes pesqueiros estão bastante distantes de Altamira e as viagens duram cerca de 7 dias.Os custos destas pescarias são de R$100,00 e R$150,00 de combustível, mais de R$100,00com gás, rancho (R$60,00 por pescador) e R$150,00 com gelo, o que pode totalizar mais deR$ 700,00 por viagem. A produção destes pescadores gira em torno de 17kg depescado.pescador -1 .dia -1 , podendo chegar até 30kg, dependendo do período do ano. Aprodução por viagem varia de 400 a 800kg, o que pode render uma receita bruta de R$1.500,00 a R$3.500,00.• Pescarias em Área Indígena - MaribelA região de Maribel, localizada nas coordenadas 04º 25’ 05”S; 53º 39’ 33”W, pertence aomunicípio de Altamira, distando aproximadamente 300 km da cidade e, apesar de suaprecariedade, se destaca como um importante ponto de desembarque pesqueiro (FIGURA7.8.4.1- 52).6365-EIA-G90-001b 201 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 52 - Porto de desembarque pesqueiro de Maribel – Altamira – Pará.(Fotografia: Morgana Almeida).Nesta região do rio, rodeada por terras indígenas e unidades de conservação, grandes barcosgeleiros de Altamira (FIGURA 7.8.4.1- 53) se deslocam para levar peixes desta região,principalmente durante o período chuvoso, quando o volume de água nos rios aumenta epermite o acesso mais rápido das embarcações. A distância de Altamira desestimula achegada de embarcações menores, pois levam menos gelo, menos pescadores e navegam emvelocidades baixas, o que diminui o lucro das pescarias.FIGURA 7.8.4.1- 53 - Barco geleiro de Altamira que atua em Maribel (Fotografia: RobertoE. Santo).As pescarias são de longa duração e a capacidade dos barcos geleiros é superior as 3t. Osbarcos possuem motores de centro, levam de 6 a 8 pescadores e realizam viagens de 7 a 9 diasde pesca, utilizando várias caixas térmicas com cerca de 40 a 50 barras de gelo.Os pesqueiros podem ser próximos ou bastante longe (até 5h) do porto de Maribel. Muitosdesses pesqueiros estão ao longo do rio Iriri, no rio Novo e nos inúmeros igarapés que cortamos rios da região. Os pesqueiros citados pelos pescadores, bem como suas respectivascoordenadas e as principais espécies de cada um, foram listados no QUADRO 7.8.4.1- 18.6365-EIA-G90-001b 202 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1- 18Localização dos pesqueiros e suas principais espécies, na região de Maribel.PESQUEIROS COORDENADAS PRINCIPAIS ESPECIESMaribel 04 25 05 S 53 39 33 W Pescada, TucunaréUrucum 04 23 43 S 53 39 47 W Pescada, Surubim, Tucunaré, Pirarara, FidalgoVila são sebastiao 04 23 57 S 53 39 46 W Pescada, TucunaréCasa sr raimundo 04 24 34 S 53 40 10 W Pescada, TucunaréRio novo 04 27 38 S 53 40 56 W Pescada, TucunaréVila do rio novo 04 28 07 S 53 40 24 W Pescada, TucunaréFuro do antonio pau 04 26 29 S 53 40 18 W Pescada, TucunaréSamauma 04 25 46 S 53 39 49 W Pescada, Surubim, TucunaréJatobá 04 25 15 S 53 39 35 W TucunaréFuro do teimoso04 26 31 S 53 40 48 WPescada, Surubim, Tucunaré,Pacu, Ariduia,CurimatáSanto estevao 03 06 17 S 51 43 12 W Pescada, TucunaréJacuba04 26 13 S 53 40 03 WPescada, Surubim, Tucunaré, Pirarara,Pintadinho, Barba chata, Braço de moça,Ariduia, CurimatáA viagem de barco desde Altamira até Maribel dura cerca de 2 dias, mais 1 dia para distribuirinsumos para os pescadores locais, sendo cerca de 3 dias os destinados a atividade de pesca,exercida pela tripulação que partiu embarcada de Altamira. Em um outro dia, recolhem-se ospeixes dos pescadores locais e ainda 1 dia e meio é gasto voltando para Altamira.Os barcos que saem de Altamira levam combustível para as rabetas, gelo, outros insumosusados nas pescarias e produtos de consumo (arroz, café, açúcar, etc.), que são negociadoscom os pescadores. O barco geleiro (FIGURA 7.8.4.1- 53) passa pelas localidades e deixagelo, combustível e os demais insumos. Quando necessário, leva os pescadores até ospesqueiros, seguindo este trajeto e exercendo esta atividade até o limite de sua área de atuaçãoque é limitada, principalmente pela duração do gelo.Além das atividades de pesca exercidas com o suporte de barcos que vêm de Altamira, existetambém em Maribel, tanto no período do inverno quanto no verão, uma forma de negociaçãodireta entre pescadores e atravessadores que estão esperando o pescado no local.Atravessadores dos municípios de Altamira e Uruará deslocam-se de caminhão até o porto,para buscar peixes que abastecem os mercados e comércios das sedes municipais. No períododas chuvas, os desembarques ocorrem de 8 em 8 dias e no verão, cerca de 2 vezes na semana.Os pescadores que trazem o pescado até o porto residem na área das reserva extrativistas ounas reservas indígenas da região.Esses pescadores residem em casas de madeira, palha ou taipa revestida. Na vila depescadores não há poços de água. As famílias têm em média 5 integrantes, que vivem dapesca de peixes; plantação de cacau, café e árvores frutíferas; coleta de castanha, criação depequenos animais; além da caça de recursos, como queixada, anta, caititu e mutum, utilizadosna alimentação (FIGURA 7.8.4.1- 54).6365-EIA-G90-001b 203 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 54 - Residências dos pescadores nas margens do rio Novo, afluente do Iriri.(Fotografia: Roberto E. Santo).Esses pescadores deslocam-se para os pesqueiros em grupos com parceiros, familiares oumesmo sozinhos, em canoas de rabeta com até 8m de comprimento e motores de 5 a 6Hp, agasolina ou a gás de cozinha. Chegando ao local de pesca, os pescadores pegam embarcaçõesmenores, cascos, que levaram rebocados nas rabetas, e iniciam suas pescaria dentro dosigarapés ou de locais onde as rabetas não entram (FIGURA 7.8.4.1- 55). As canoas demadeira são construídas pelos próprios moradores da região.FIGURA 7.8.4.1- 55 - Rabetas e canoas utilizadas nas pescarias.Chegado o dia da entrega do peixe, os pescadores dirigem-se ao porto de Maribel para arealização da venda do pescado (FIGURA 7.8.4.1- 56). Os caminhões dos atravessadoreschegam ao porto e ficam à espera dos pescadores. O aluguel desses caminhões custaR$500,00 para Uruará e R$1.500,00 para Altamira. Para cada desembarque, são levados emmédia 115 barras de gelo, totalizando quase R$300,00. Esses caminhões levamaproximadamente 6 freezers e caixas de isopor para acondicionar o pescado, além de gelopara entregar aos pescadores para a próxima pescaria. Uma balança também é levada para apesagem dos peixes.6365-EIA-G90-001b 204 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 56 - Caminhões esperando a produção pesqueira no porto de Maribel.(Fotografia: Roberto E. Santo).A venda do pescado é feita a granel, sem separação de espécies. É o que os pescadoreschamam do sistema “um pelo outro”. Assim, todas as espécies são pesadas juntas, e o valor deR$1,50 por quilo (janeiro de 2008) é o mesmo para todas (FIGURA 7.8.4.1- 57). Acomposição dos desembarques no inverno é principalmente tucunaré, pescada branca esurubim. No verão, são capturados a pescada, pacu, curimatá, surubim, tucunaré, ariduia epiau.FIGURA 7.8.4.1- 57 - Produção de pescada sendo pesada para venda em Maribel.(Fotografia: Roberto E. Santo).Assim como os barcos geleiros que vêm de Altamira, os atravessadores que vem no caminhãofornecem aos pescadores itens alimentares, de vestuário e calçados, gás de cozinha e gasolina(rancho), sendo que o valor dessas despesas é descontado do pagamento da produção semanal.Muitas vezes, o pescador não recebe nenhum dinheiro, sendo que a produção apenas ésuficiente para pagar as dívidas com o atravessador.Estima-se que, em cada viagem de caminhão, seja transportada cerca de 1 tonelada depescado. Os peixes de maior porte são ainda vendidos para Macapá-AP. Os peixes de menortamanho ficam no município e são comercializados no mercado por atravessadores ecomerciantes.Estes caminhões têm maior freqüência durante o verão. Durante o inverno, existe umaredução da quantidade de caminhões que vem de Altamira e aumenta o número de barcos.6365-EIA-G90-001b 205 Leme Engenharia Ltda


Entretanto, os desembarques para caminhões que levam pescado para o mercado do municípiode Uruará continuam.Em Uruará, o pescado comprado em Maribel é direcionado para o mercado municipal por umgrande comerciante, para outros vendedores espalhados na feira e ao redor do mercado, assimcomo para vendedores no Travessão da estrada. No mercado de Uruará, também sãocomercializados tambaqui e tilápia criados em fazendas da região, vendidos a R$6,00 oquilograma.No mercado de Uruará, os preços dos peixes comercializados são: tucunaré, pescada esurubim, vendidos a R$5,00 ou R$6,00 (kg), tucunaré e pescada salgados a R$6,00 (kg) epirarucu salgado a R$18,00 (kg), sendo que este pescado é oriundo do Lago Grande nomunicípio de Santarém. No mercado de Altamira existe uma classificação entre peixes depequeno (salada), médio e grande porte, sendo que os preços de venda são: R$1,50; de R$3,00a R$4,00 e entre R$5,00 e R$7,00 por kg, respectivamente.c6) Organização Social dos PescadoresUma parte dos pescadores da região é associada às colônias de pescadores, que têm comofunção representar esta categoria no acesso alguns direitos sociais, como aposentadoria eseguro desemprego. As colônias também atuam como instituições para solicitar créditos efinanciamentos de petrechos e embarcações para os pescadores.Na cidade de Altamira, existem 960 pescadores cadastrados na colônia. Destes, 430pescadores receberam seguro desemprego referente ao período de defeso instituído por lei.Esta colônia promoveu a obtenção de 56 financiamentos, sendo 54 pelo PRONAF B e 2 peloPRONAF C do Governo Federal. Foram financiados materiais de pesca, motores, petrechos,assim como reformas de embarcações.Em Vitória de Xingu, existem 682 pescadores cadastrados na colônia de pescadores, sendo 20pescadores de Belo Monte. Dos associados, 86 pescadores têm embarcação própriamotorizada. Os demais possuem no mínimo uma canoa a remo. O trabalho da entidade seconcentra na obtenção de financiamentos, aposentadorias e seguros desemprego para ospescadores. No momento, estão empenhados na construção de uma sede. O presidente dacolônia de Vitória relatou os conflitos de território existentes nos pesqueiros localizados àsmargens de fazendas ou áreas de pesca em igarapés onde há residências de moradores. Osmoradores não aprovam quando outros pescadores “invadem” as águas consideradasparticulares e de uso exclusivo dos moradores.Em Belo Monte, existe certa confusão em relação à forma correta de se associar dospescadores, devido à localidade ser dividida pelo rio em dois municípios. Além disso, comomuitos pescadores vendem seus produtos em Altamira e são cobrados pela colônia de lá, nomomento do desembarque, eles cadastram-se também na colônia dessa cidade. Assim,teoricamente, é possível que um pescador seja sócio de várias colônias, como a de Vitória,Anapú e Altamira, ao mesmo tempo. Foi registrada uma iniciativa de um conjunto depescadores de Belo Monte para formar uma associação e implantar um projeto de aqüiculturana região, utilizando como justificativa os prováveis impactos da hidrelétrica na produçãopesqueira da região, mas esta iniciativa ainda não esta muito bem definida.6365-EIA-G90-001b 206 Leme Engenharia Ltda


A colônia de pescadores de Senador José Porfírio tem 435 pescadores cadastrados, sendo que212 destes recebem seguro desemprego referente ao período de defeso. Desse total depescadores cadastrados, aproximadamente 100 pescadores são oriundos de outras localidadescomo Vila Nova, Arapari, Porto de Moz, Tamanduá e Croari, Tapequari e Guará. Forampromovidos, por esta colônia, 47 financiamentos para custeio de material de pesca e para aaquisição de motores de rabeta. Na cidade Senador José Porfírio, detectou-se grandequantidade de conflitos entre os moradores e pescadores que invadem os tabuleiros de criaçãode tartarugas do IBAMA. Além disso, esta região apresenta pequenos rios, afluentes doXingu, com uma grande abundância de recursos pesqueiros, como o Peri e o Guará, próximosda cidade, onde são comuns espécies de alto valor econômico, como pirarucu, tambaqui,aruanã, cará, tucunaré e pirapitinga. Nestes igarapés os moradores também controlam aentrada de pescadores, buscando um manejo comunitário e reservado da pesca.Na colônia de Porto de Moz existem cadastrados, aproximadamente, 700 pescadoresassociados, embora seja estimada a existência de mais 500 que não se cadastram por falta dedocumentos ou desinteresse. A maioria é de origem local e alguns são oriundos dosmunicípios de Gurupá, Cametá e Abaetetuba. No ano de 2007/2008, mais de 300 pescadoresreceberam o seguro desemprego. Além da colônia, existe no município uma associação depescadores artesanais – ASPAR, composta por 50 pescadores. Esta instituição foi formadacom a finalidade de conseguir financiamentos individuais relativos a créditos bancários.7.8.4.1.8 A Pesca Comercial de Peixes Ornamentaisa) IntroduçãoEm quase todos os locais do mundo, o extrativismo de peixes ornamentais é uma atividadeeconômica que supre uma indústria de milhões de dólares, além de ser considerada por muitoscomo uma alternativa econômica mais sustentável ambientalmente (WHITTINGTON et al.,2000; NORRIS; CHAO, 2002). Isto porque, além de permitir o livre acesso às populaçõessem oportunidade de trabalho, esta modalidade de pesca é bastante rentável, com o qual ospescadores acabam diminuindo a pressão sobre outros recursos naturais de origem florestal ousobre a fauna silvestre (CHAO; PRANG, 1997).Na Amazônia, a pesca de peixes utilizados para aquariofilia teve início como uma alternativaeconômica para as populações ribeirinhas, que subsistiam somente do extrativismo deprodutos silvestres, da caça e também da pesca para consumo. Contudo, nas últimas décadasesta atividade tem se intensificado muito, passando a ser, em algumas áreas da região, aprincipal fonte de renda e emprego para milhares de pessoas, que direta ou indiretamente,subsistem da extração dos peixes vivos, principalmente para venda aos mercados nacional einternacional (PRANG, 2004).No entanto, existem flagrantes problemas nos métodos e estratégias de exploração desterecurso natural, que é embasada pura e simplesmente no extrativismo (LEITE; ZUANON,1991). Com os recentes avanços tecnológicos, a rápida expansão dos mercados, viaglobalização, e a melhoria dos sistemas de comunicação em nível global, o comércio depeixes ornamentais cresceu vertiginosamente, sendo que muitos autores já chamam a atençãopara as ameaças que esta aceleração possa trazer para a sobrevivência da atividade extrativistae para os estoques de algumas espécies-alvo (TORRES, 2006). Mesmo os peixes ornamentaissendo criados em cativeiro na maior parte do mundo, no Brasil, e particularmente na6365-EIA-G90-001b 207 Leme Engenharia Ltda


Amazônia, ainda predomina o sistema tradicional extrativista de coleta, que pode colocar emrisco as populações naturais.Este é um tema importante, visto que os peixes ornamentais são bastante suscetíveis às açõesantrópicas causadoras de impactos aos ecossistemas florestais nas zonas ripárias, pois aretirada da vegetação ciliar os predispõem a severas ameaças de extinção local,principalmente pela modificação das condições ambientais nos ecótonos marginais dos rios eigarapés, às quais os peixes encontram-se totalmente adaptados (TORRES, 2006). Segundoeste autor, os peixes ornamentais são, em sua maioria, espécies de pequeno porte que têmhábitos sedentários ou que realizam curtas migrações ao longo dos igarapés, mantendo umaforte dependência com as matas ciliares, baseada no uso de variadas fontes tróficasdisponibilizadas ao longo do ano, além do uso de abrigos para nidificação ou proteção contrapredadores, entre outras.Por isso, mesmo que esta atividade seja considerada promissora, a situação exige cautela,existindo estudos que apontam para o declínio de alguns estoques, dentre as principaisespécies alvo, ou até mesmo sintomas de sobrepesca, conforme fora constatado para ocardinal (Paracheirodon axelrodi) e o disco (Symphysodon discus) no Estado do Amazonas(BAYLEY e PETRERE, 1989; CRAMPTON, 1999). Suspeita-se que o mesmo estejaacontecendo com o acari zebra (Hypancistrus zebra) no sistema Xingu-Iriri, Estado do Pará,cuja captura já está proibida pelo IBAMA.Além disso, a captura de peixes ornamentais pode ser considerada uma das atividadespotencialmente prejudiciais à preservação da biodiversidade amazônica, isto porque a grandemaioria de espécies explorada é exportada para outros países, fora do Brasil. Como, na maiorparte das vezes, os organismos exportados são desconhecidos, tanto do ponto de vistataxonômico quanto biológico e ecológico, não é exagero afirmar que o país exporta a suabiodiversidade sem sequer saber sua qualificação. Como o controle sobre esta atividade éfrancamente deficiente a pesca ornamental, que poderia ser potencialmente uma atividadegeradora de renda sustentável e ambientalmente correta, tem se tornado mais um problema doque uma solução (BATISTA et al., 2004).O presente componente deste relatório vem complementar o conhecimento existente sobre apesca extrativista de peixes com finalidades ornamentais, na bacia do Médio Xingu, visandosubsidiar os estudos de impacto ambiental do complexo hidrelétrico Belo Monte.b) Material e MétodosA coleta de dados primários para a pesca ornamental foi dividida em duas grandes atividades:i) acompanhamentos de pecarias e entrevistas aos pescadores durantes as suas atividades e ii)registros de dados sobre as pescarias, durante os desembarques na cidade de Altamira.Para os acompanhamentos das pescarias e entrevistas foram realizadas três campanhas, noperíodo entre setembro de 2007 e março de 2008. A primeira campanha de entrevistas eacompanhamento sobre a pesca de peixes ornamentais foi realizada entre 27/09/07 e 12/10/07,no período seco. A segunda coleta de informações aconteceu no período de 2/01/08 a17/01/08, período de enchente. Posteriormente, uma terceira coleta foi realizada no períodochuvoso de 28/02/2008 a 14/03/2008.Durante estas coletas de campo foram realizadas visitas a instituições como: IBAMA, Colônia6365-EIA-G90-001b 208 Leme Engenharia Ltda


de Pescadores, ONGs, entre outras, com o intuito de buscar informações sobre a situação atualda pesca ornamental na região, entrevistando lideranças ou responsáveis pelas instituições.Também foram realizadas entrevistas com os pescadores de peixes ornamentais,atravessadores e empresários desta atividade, através de formulários específicos para cadaator, os quais continham informações sobre a situação sócio-econômica e sobre ascaracterísticas técnicas da produção, conservação e armazenamento destes peixes. Asentrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas. Tabelas de distribuição de espécies naárea de estudo foram elaboradas de acordo com os conhecimentos manifestados pelospescadores. Uma matriz de presença e ausência das espécies por pesqueiro foi construída paraos três períodos de estudo.Adicionalmente, com o propósito de observar a rotina de trabalho dos pescadores na suaatividade, foram realizados acompanhamentos de pescarias, no intuito de se registrar oesforço pesqueiro e a produção das viagens e observar os locais de captura de peixesornamentais.Durante as três campanhas realizadas, 13 pescarias de peixes ornamentais foramacompanhadas (FIGURA 7.8.4.1- 58), sendo 6 em setembro (seca), 5 em janeiro (enchente) e2 em março. As pescarias acompanhadas foram distribuídas de forma de percorrer os trêssetores do rio previamente definidos (QUADRO 7.8.4.1- 19).QUADRO 7.8.4.1- 19Denominação, localização geográfica e setor dos pesqueiros acompanhados em setembro de2007, janeiro de 2008 e março de 2008, no Rio Xingu.Localidade Latitude Longitude SetorPorcãoPorcasCachoeira do CupiLargo da Ilha de Serra*Caitucazinho*Cachoeira do Caitucá *ItaubinhaCanari* grande área do ‘Arroz cru’.9581841 3366509590171 3366369539973 2334369619967 3945839607257 3966699606946 4039149681180 3947379657030 419912Nas viagens de acompanhamento, foi contabilizada toda a produção de um dia de pescaria decada grupo de pescadores monitorados. Foram também identificadas as espécies capturadas,registrado o método de captura e o tempo utilizado para a mesma. Todos os exemplarescapturados foram identificados, medidos e pesados, com o auxílio de uma régua(comprimento total em cm) e de uma balança de precisão (peso total em g). Além disso,também foram registradas informações sobre as artes de pesca utilizadas, o tipo de barco, olocal, o ambiente de pesca e a forma de armazenagem dos peixes. A produtividade dasviagens de pesca foi estimada através dos cálculos da CPUE, sendo a mesma expressa emnúmero de indivíduos capturados por hora de imersão.221333446365-EIA-G90-001b 209 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 58 - Mapa das localidades onde foram acompanhadas as pescarias depeixes ornamentais no médio Rio Xingu em setembro de 2007,janeiro de 2008 e março de 2008.A coleta de dados nos três portos de desembarque da cidade de Altamira foi realizada deforma contínua, desde janeiro de 2006 até março de 2008, com interrupções somente nosmeses de agosto e setembro de 2007, registrando um total de 982 desembarques.Para esses registros, foi aplicado um formulário específico (Anexo 7.8.4.1-8), cada vez queum mestre ou encarregado de uma embarcação de pesca aportava nos locais de coleta. Aprodução total por espécie, o tempo de pesca, o local da pescaria e a arte de pesca foramanotados, além do preço dos indivíduos comercializados. Nestes levantamentos, não foramcobertos 100% dos desembarques, mas uma boa parte do total desembarcado nesses períodos.Os formulários correspondentes à pesca ornamental foram selecionados e analisadosseparadamente.Todas as informações adquiridas em campo foram organizadas e catalogadas em um banco dedados relacional, especialmente construído para esta finalidade. Uma análise descritiva detoda a atividade de pesca artesanal ao longo da calha dos rios Xingu e Iriri foi realizada,utilizando para tal, ferramentas de estatística descritiva.A produção total, por espécie e por mês, foi calculada. Os valores de CPUE (número deindivíduos por pescador por dia de pesca) e a produtividade médias das viagens de pescaforam testados quanto à normalidade e à homogeneidade das variâncias. Em seguida, foramrealizadas análises de variância (ANOVA) para testar diferenças entre áreas, épocas eambientes de captura. Teste de comparação múltipla foi aplicado para identificar as condiçõesmais produtivas.Adicionalmente, dados secundários sobre a produção de peixes ornamentais foram obtidosjunto ao escritório regional do IBAMA em Altamira. Neste caso, todas as guias de exportação6365-EIA-G90-001b 210 Leme Engenharia Ltda


ali registradas para os anos de 2000 e 2006, além de o período entre janeiro e setembro de2007, foram fotocopiadas e posteriormente digitadas em banco de dados. Na SEAP, emBrasília, foram também obtidos dados sobre a produção de peixes ornamentais do municípiode Altamira. Estes dados foram todos confrontados com os dados primários obtidos emcampo.c) Resultadosc.1)Tecnologia da PescaA pesca ornamental é na realidade uma coleta e é realizada, na maior parte das vezes, atravésdo mergulho do pescador, livre ou com compressor, até o local onde possivelmente está apresa. Para tal, estes podem utilizar máscaras de mergulho, tarrafinhas para cercar os peixes e“vaquetas”, que são barras de madeira de diferentes tamanhos para auxiliar na separação dasfendas das pedras, onde estão as presas. As “vaquetas” ou “espadas” são petrechos que podemter diferentes dimensões sendo as mais comuns as de 60cm de comprimento por 2cm delargura, entretanto, uma variedade destes petrechos pôde ser observada ao longo dospesqueiros visitados (FIGURA 7.8.4.1- 59).Potes de plástico com tampa também são utilizados pendurados à cintura do pescador duranteo mergulho para o armazenamento dos peixes capturados. Para obter visibilidade em águasmais turvas ou mais profundas, utilizam também lanternas (adaptadas de motocicletas).Geralmente utilizam também facões e espingardas, para a defesa pessoal ou, no caso depescadores mais experientes, para obter alguma caça eventual. Alguns pescadores aindautilizam um cinto adaptado com peso para facilitar o deslocamento na água quando submersos(FIGURA 7.8.4.1- 60).O compressor, que é utilizado nas pescarias, é uma adaptação de um aparelho de encherpneus, ao qual se coloca um motor à gasolina de 3,5Hp. Nele é acoplado um fio elétricoentrelaçado a uma mangueira transparente de 25mm de diâmetro e 30 a 50m de comprimento,na qual se coloca um bocal para sucção na extremidade. Este “arranjo” é consideradoimpróprio para a saúde, uma vez que não existe nenhum tipo de filtro entre o motor e o bocale, portanto, os pescadores acabam respirando o “ar do motor”, contaminado com gasolina. Ospescadores não utilizam qualquer artefato de proteção das mãos e dos pés durante o mergulho.A utilização do compressor parece mais freqüente durante o período chuvoso (março), umavez que, devido à enchente, os pesqueiros tornam-se cada vez mais profundos e a captura dasespécies se torna mais difícil. Assim os mesmos pescadores que no verão atuam commergulho livre, necessitam usar o compressor, no inverno.6365-EIA-G90-001b 211 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 59 - Dimensões de “vaquetas” ou “espadas” – petrechos comumenteutilizados na captura de peixes ornamentais ao longo da calha dosrios Xingu e Iriri. (Desenho: Bianca Bentes da Silva)FIGURA 7.8.4.1- 60 - Petrechos comumente utilizados na captura de peixes ornamentais:faca, tesoura e “vaqueta” (A), potes plásticos (B), mangueira e“chupeta” (C), lanterna (D), “mascareta” (E), compressor (F), cinto(G), rede “tarrafinha” (H) (Fotografias: Bianca Bentes da Silva).Para o deslocamento até os pesqueiros, utilizam botes de madeira ou alumínio, seja movidos aremo ou motorizados, com um pequeno motor de popa, chamado “rabeta”. Estas “rabetas”,como são conhecidas as canoas com esse tipo de motor, são responsáveis por 97% dasviagens e em poucas situações, botes de alumínio (voadeiras) com motor de popa sãoutilizados (FIGURA 7.8.4.1- 61). Os motores das rabetas possuem potência entre 5,5 e 10Hpe utilizam gasolina, diesel ou gás butano (botijão de cozinha), como combustível. Apesar dasdificuldades de navegação nas perigosas corredeiras do Rio Xingu, os pescadoresdemonstraram grande habilidade na utilização deste tipo de embarcações, subindo e descendoas cachoeiras e corredeiras com muita destreza.As embarcações têm capacidade média de carga de 400kg e, para o transporte da produção,carregam basquetas de plástico de 45L cada (FIGURA 7.8.4.1- 61). A maioria dos pescadoresnão possui embarcação própria e arrendam as rabetas para ir à pesca, principalmente aquelespescadores que trabalham a montante de Altamira.6365-EIA-G90-001b 212 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 61 - Embarcações utilizadas na captura de peixes ornamentais ao longo dacalha dos rios Xingu e Iriri: (A) canoa movida a remo, (B) “rabeta”com casco de madeira, (C) “rabeta” com casco em alumínio(Fotografias: Priscila Carmona).Um número variável de 1 a 8 pescadores participa de cada pescaria. Os participantes daatividade dividem as despesas da embarcação, como comida (“rancho”) e combustível, alémde despesas com o conserto do mesmo quando preciso. Mesmo saindo em grupos, cadapescador possui seu material de pesca, que inclui mascaretas, vaquetas etc.. Em algumassituações, o material utilizado (incluindo o próprio compressor) encontra-se em péssimascondições de uso, aumentando o risco de acidentes (FIGURA 7.8.4.1- 62).As pescarias podem durar um dia inteiro ou até vários dias, sendo que, nestes casos, ospescadores costumam armar pequenos acampamentos, montados nas áreas de terra mais altase protegidas pela vegetação, em locais do rio conhecidos como “sarobas”. (FIGURA 7.8.4.1-63)FIGURA 7.8.4.1- 62 - Estado de uso de alguns materiais utilizados nas pescarias de peixesornamentais na região do Arroz Cru – Altamira – PA – A e B: frente everso de mascareta; C e D: compressor enferrujado em comvazamento nas saídas de ar (Fotografias: Jaime Carvalho Júnior).6365-EIA-G90-001b 213 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 63 - Acampamento dos pescadores de peixes ornamentais em área de“saroba” do Rio Xingu (incluindo a barraca que aparece do ladoesquerdo da imagem). (Fotografia: Jaime Carvalho Júnior).c.2)Etno-conhecimentos da Fauna de Peixes OrnamentaisDevido à falta de conhecimentos sobre as categorias taxonômicas dos peixes tropicais de águadoce, em especial aqueles para fins ornamentais, existe um grande número de espécies nãodescritas ou descritas de forma incorreta dentre os peixes que fazem parte da pescaornamental.Esta desinformação, em relação à descrição e concreta delimitação de espécies, fez com quemuitos dos trabalhos científicos publicados até o momento adotassem os termos “cf.” (confer)ou “aff.” (affinis) nos nomes científicos das espécies como forma de amenizar erros quandotrata-se de espécies muito parecidas ou até mesmo crípticas. Nos trabalhos de campo, optousepela designação de etno-espécies para os táxons capturados e vendidos como ornamentaisao longo da área de estudo. Esta opção valeu-se da variedade de denominações encontradasnos diferentes setores do rio indicando tratar-se de espécies semelhantes. Entretanto, adenominação popular de cada grupo é muito peculiar, necessitando de um aprofundamento naetimologia dos nomes entre os diferentes grupos de pescadores.As principais espécies comercializadas na grande área dos rios Xingu e Iriri podem servisualizadas no QUADRO 7.8.4.1- 20. Trata-se de 32 espécies da família Loricariidae. Nestetotal, estão incluídas três subfamílias: Ancistrinae, Hypostominae e Hypoptopomatinae e 16gêneros diferentes.6365-EIA-G90-001b 214 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1-20Listagem das espécies de Loricarídeos mais capturadas e comercializadas ao longo da calha dos rios Xingu e Iriri (PA).ConclusãoOrdem Família Subfamília Gênero Nome Científico Autor Etno espécie Nome InternacionalSiluriformes Loricariidae Ancistrinae Spectracanthicus Spectracanthicus sp 1 Sterindachner, 1881 Bola Azul Xingu-peppermint-pleco L31Siluriformes Loricariidae Ancistrinae SpectracanthicusSpectracanthicuspunctatissimus(Steindachner, 1881) Bola Azul Xingu-peppermint-pleco L31Siluriformes Loricariidae Ancistrinae ParancistrusParancistusaurantiacus(Castelnau, 1855) Borracha/ Boi de bota Pyjama-catSiluriformes Loricariidae Ancistrinae Peckoltia Peckoltia vittata Steindachner, 1908 Tigre de listraSiluriformes Loricariidae Ancistrinae HypancistrusIsbrucker & Nijssen,Hypancistrus sp. "pão"1991Pão King-tiger-pleco L66Siluriformes Loricariidae Ancistrinae Peckoltia Peckoltia sp 1 Steindachner, 1881 Tigre de bolaSiluriformes Loricariidae Ancistrinae Peckoltia Peckoltia sp 2 Steindachner, 1881 Tigre ComumSiluriformes Loricariidae Ancistrinae Pseudacanthicus Pseudacanthicus sp. Valenciennes, 1840 Assacu PirararaSiluriformes Loricariidae Ancistrinae PseudancistrusPseudancistrusbarbatusBleeker, 1862 Cara ChataSiluriformes Loricariidae Ancistrinae ScobinancistrusScobinancistrusaureatusBleeker, 1862 Picota OuroSiluriformes Loricariidae Ancistrinae ScobinancistrusScobinancistrus Isbrücker & Nijssen,pariolispos1989Cutia PretaSiluriformes Loricariidae Hypoptopomatinae HypoptopomaHypoptopoma cfinexspectatum(Holmberg, 1893) Acari tubarãoSiluriformes Loricariidae Hypoptopomatinae Hypoptopoma Hypoptoma gulare Cope, 1878 Acari tubarãoSiluriformes Loricariidae Hypoptopomatinae Hypoptopoma Hypoptoma sp Günther, 1868 Acari tubarão6365-EIA-G90-001b 216 Leme Engenharia Ltda


A família Loricariidae, espécies de peixes localmente conhecidas como “acaris” e que têmexcelentes valores no mercado internacional, é encontrada exclusivamente no continenteamericano, concentrando-se na América do Sul - desde a orla delineada pelo OceanoAtlântico, até o lado leste da Cordilheira dos Andes - sendo que algumas poucas sãoencontradas na América Central (por exemplo, os Sturisoma) não sendo encontrados naAmérica do Norte. A maior quantidade e variedade de espécies são encontradas na Amazônia.Os loricarídeos são também conhecidos como "cascudos", devido à couraça que recobre seuscorpos, formada por pequenas placas ósseas adaptadas à maneira de escamas, que percorrem ocorpo em várias fileiras (de três a quatro fileiras), e lhes conferem aparência visual e sensaçãotátil de lixa. Essa "armadura" geralmente recobre apenas a parte "superior" dos peixes,deixando o ventre ou "barriga" com pele lisa.Dentre as espécies consideradas de importância econômica, existem 10 espécies consideradasendêmicas pelos pescadores e duas que encontram-se na lista de espécies ameaçadas deextinção, segundo a lista publicada pela Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) do Estado doPará em 2008: o acari zebra e o zebra marron. O mercado aquarista prefere exemplarespequenos, já que são mais fáceis de manter em recipientes menores, o que explica ostamanhos médios de menos de 8 cm da maior parte das espécies comercializadas. Emdeterminadas épocas do ano, quando os indivíduos atingem tamanhos que não são absorvidospelo mercado aquariofilista, algumas famílias ribeirinhas também utilizam essas espécies depeixes ornamentais para sua alimentação. Além disso, algumas espécies podem também seralvo da pesca comercial, quando os indivíduos são maiores ,e para aquário, quando sãojuvenis (QUADRO 7.8.4.1- 21).QUADRO 7.8.4.1- 21Espécies de Loricarídeos, tamanhos comerciais e formas de uso na área de estudo.ContinuaNome CientíficoTamanho comercial (cm)Médio(M)Pequeno(P)Grande(G)Categorias de usoO C J E FAncistrus sp 1 4 8 15 x xAncistrus sp 2 4 8 15 x xBaryancistrus niveatus 4 8 20 x xBaryancistrus sp "preto" 4 8 20 x x xBaryancistrus sp 1 4 8 20 x x xBaryancistrus sp 2 4 8 20 x x xBaryancistrus sp 3 4 8 20 x x xBaryancistrus sp 4 4 8 20 x x xBaryancistrus sp 5 4 8 20 x x xHopliancistus tricornis 4 8 15 xHypancistrus sp 4 8 12 x xHypancistrus sp 1 3 4 6 x xNOTA O- espécies de interesse exclusivamente ornamental, C- utilizada também paraconsumo humano, J- espécie comestível capturada como ornamental na fasejuvenil, E- endêmica ou registro somente para a região, F- ameaçada de extinção(SEMA,2008)6365-EIA-G90-001b 217 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.4.1-21Espécies de Loricarídeos, tamanhos comerciais e formas de uso na área de estudo.ConclusãoNome CientíficoTamanho comercial (cm)Médio(M)Pequeno(P)Grande(G)Categorias de usoO C J E FHypancistrus zebra 3 4 8 x xHypoptopoma cf. inexspectatum 4 8 20 x xHypoptopoma gulare 4 8 20 x xHypoptopoma sp 4 8 20 x xHypostomus aff. emarginatus 4 8 25 x xLeporacanthicus heterodon 4 8 15Oligancistrus punctatissimus 4 6 10Oligancistrus sp 1 4 6 10Panaque aff. nigrolineatus 4 8 30 x xParancistrus sp 1 4 8 12 xParancistus aurantiacus 4 8 12 x xPeckoltia vittata 4 8 12 xPeckoltia sp 1 4 8 12 x xPeckoltia sp 2 4 8 12 x xPseudacanthicus sp 4 8 30 x x xPseudancistrus barbatus 4 8 20 x xScobinancistrus auratus 4 8 25 x x xScobinancistrus cf. pariolispos 4 8 20 x xSpectracanthicus punctatissimus 4 8 12 xNOTA O- espécies de interesse exclusivamente ornamental, C- utilizada também paraconsumo humano, J- espécie comestível capturada como ornamental na fasejuvenil, E- endêmica ou registro somente para a região, F- ameaçada de extinção(SEMA,2008)De acordo com os conhecimentos dos pescadores, a distribuição dos grupos de espécies deLoricarídeos ao longo dos pesqueiros dos rios Xingu e Iriri é muito específica. Algumasespécies como o assacu ‘maracajá’ – Pseudacanthicus sp e o acari ‘guariba’ ou ‘avião’ –Acanthicus sp, segundo os pescadores, é endêmico do baixo Xingu e ocorre nas proximidadesde Belo Monte e Vitória do Xingu. As demais espécies ocorrem em quase toda a calha doXingu e no Iriri, dentro da área considerada neste diagnóstico (FIGURA 7.8.4.1- 64).Percebe-se, porém, pela preferência de locais de captura, que a maior concentração deespécies de interesse para a pesca ornamental encontra-se na região da Volta Grande, no setorIII, entre o Gorgulho da Rita e a cachoeira de Jericoá (QUADRO 7.8.4.1- 22).6365-EIA-G90-001b 218 Leme Engenharia Ltda


SETOR 1AltamiraRio XinguSETOR 4Vitória doBelo MonteCachoeira daXinguBaleiaSETOR 3SETOR 2Volta GrandeBola azul ‘mutante’Aba laranjaBola brancaBola azulAmarelinhoBoi de botaAssacu*PãoPreto velhoCabeça chataPicota ouroTubarãoOnçaZebra marromZebraAssacu ‘maracajá’Guariba ou aviãoRio Iriri*inclui os morfotipos‘preto’ e ‘vermelho’FIGURA 7.8.4.1- 64 - Distribuição geográfica das principais espécies de acaris (Loricariidae)ao longo da calha dos rios Xingu e Iriri – PA de acordo compescadores entrevistados.Aparentemente, as grandes cachoeiras, localizadas perto de Belo Monte, se constituem embarreira geográfica para algumas espécies de peixes ornamentais da família Loricariidae. Istonão seria de estranhar, uma vez que a maior parte delas são de hábitos relativamentesedentários, bentônicos, muito ligados ao substrato dos pedrais, e seus movimentos sãolimitados tanto pelo ponto de vista taxonômico como pela própria disposição dos blocosrochosos, que possuem descontinuidade ao longo do rio. De acordo com a totalidade depescadores entrevistados, as espécies que ocorrem abaixo e acima desta barreira sãodiferentes, mesmo quando se trata da mesma etno-espécies. Estas diferenças estariamrelacionadas à morfologia das espécies, particularmente nos seus padrões de coloração eornamentos corporais, como espinhos e apêndices bucais. Contudo, a biogeografia etaxonomia deste grupo de peixes ainda são bastante desconhecidas, necessitando de estudoscomplementares que confirmem ou refutem os conhecimentos dos pescadores. Além disso,abaixo das cachoeiras, os peixes ornamentais capturados não possuem tanto valor econômico,quanto aqueles capturados acima desta barreira. De certa forma, o trecho abaixo dascachoeiras é menos visitado pelos “acarizeiros”, sendo aqueles que residem nas áreas de BeloMonte e Vitória do Xingu os mais freqüentes usuários desta área, o que pode tambémimplicar em um menor conhecimento desta fauna. (FIGURA 7.8.4.1- 64)O uso dos diversos ambientes pelos peixes loricarídeos está relacionado à biologia de cadaespécie, incluindo hábitos alimentares e reprodutivos. A maioria habita regiões do ritron, ondeabundam as corredeiras com velocidades de correnteza consideráveis. A abundância dealgumas espécies também pode estar relacionada à extensão e velocidade das corredeiras, bem6365-EIA-G90-001b 219 Leme Engenharia Ltda


como às condições da vegetação ripária ou perilíton. Estudos realizados em outras regiõesdiscutem que a abertura bucal mais ampla e corpo mais achatado sugerem um “display”corporal adaptado a ambientes lóticos, indicando uma evolução destes grupos relacionadacom características eco-morfológicas. Populações expressivas de Hypostomus sp. seencontram predominantemente associadas a riachos com boa disponibilidade de corredeiras eboa qualidade da vegetação marginal, sugerindo que atributos populacionais dessas espéciespossam ser posteriormente incorporados à avaliação da integridade biótica desses habitats(CASSATTI et al. 2005).Em relação ao comportamento reprodutivo destas espécies, fica bastante evidente que estespeixes possuem estreita ligação com a existência dos pedrais, dos quais dependem nãosomente para se alimentarem, mas também para a sua reprodução. Das 31 espécies destacadasneste estudo, 81% desova sobre, embaixo ou dentro de fendas dos blocos rochosos dospedrais. Mais de 20% utilizam as regiões mais calmas dos pedrais, denominadas de “lajes”,6% coloca os ovos em buracos no fundo do rio, 6% em troncos ocos dentro do rio, 3% sobrepedras pequenas, produto da erosão dos blocos rochosos (mocororô) e outros 3% em buracosnos barrancos das encostas do rio. Os períodos de desova foram relatados pelos pescadores,sendo que 12 espécies desovam praticamente o ano todo (Oligancistrus punctatissimus;Oligancistrus sp 1; Baryancistrus niveatus; Parancistrus sp 1; Spectracanthicuspunctatissimus; Parancistus aurantiacus; Peckoltia vittata; Peckoltia sp 1; Peckoltia sp 2;Ancistrus sp 1; Ancistrus sp 2; Pseudancistrus barbatus) (QUADRO 7.8.4.1- 21).6365-EIA-G90-001b 220 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1- 22Áreas de captura das espécies de Loricariidae, alvo da pesca ornamental, de acordo com as declarações dos pescadoresNome Científico Setor I Setor II Setor III Setor IVIriri Porcão Escalaço G. da Cotovelo Arroz Caitucá Landi Jericoá Belo Vitória Sem. J. P. MozRitaCruMonteProfírioAncistrus ranunculus X X X X X X X X X X X X XAncistrus sp 1 X XBaryancistrus niveatus X X X X X XBaryancistrus sp XBaryancistrus sp X X X X X X X X X"aba"Baryancistrus sp "pg" XBaryancistrus sp "pp" X XBaryancistrus sp 1 X X X X X XHopliancistusX X X X X XtricornisHypancistrus sp "pão XHypancistrus sp 1 X X X X X X XHypancistrus zebra X X X X X X XHypostomus aff. X X X X X X X X X X X X XemarginatusLeporacanthicusX X X X XheterodonLoricariidae:X X X X XAncistrinae "sp"Loricariidae:X XAncistrinae "sp"Loricariidae:XAncistrinae "sp"OligancistruspunctatissimusX X X X X XContinua6365-EIA-G90-001b 221 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1-22Áreas de captura das espécies de Loricariidae, alvo da pesca ornamental, de acordo com as declarações dos pescadoresNome Científico Setor I Setor II Setor III Setor IVIriri Porcão Escalaço G. da Cotovelo Arroz Caitucá Landi Jericoá Belo Vitória Sem. J. P. MozRitaCruMonteProfírioOligancistrus sp 1 X X X X X XPanaque aff.X X X X X XnigrolineatusParancistrus sp. "bolaX X X X X Xazul"ParancistusX X X X X XaurantiacusPeckoltia vittata X X X X X XPeckoltia sp 1 X X X X X XPeckoltia sp 2 X X X X X X X X X X X X XPseudacanthicus spX X X X X X"assa"PseudancistrusX X X X X X X X X XbarbatusScobinancistrusX X X X X X XauratusScobinancistrus cfX X X X X XpariolisposConclusão6365-EIA-G90-001b 222 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1- 23Sinopses das preferências reprodutivas das espécies de Loricariidae de importância para apesca ornamental, de acordo com a declaração dos pescadores.Ambiente de desovaPeriodo de desovaEtno-espécie F L B M T BR P J F M A M J J A S O N DAncistrus sp 1 x x x x x x x x x x x x x xAncistrus sp 2 x x x x x x x x x x x x x xBaryancistrus niveatus x x x x x x x x x x x x x xBaryancistrus sp 1 x x x x xBaryancistrus sp 2 x x x x xBaryancistrus sp 3 x x x x xBaryancistrus sp 4 x x x x xBaryancistrus sp 5 x x x x xBaryancistrus sp. ‘preto’ x x x x xHopliancistus tricornis x x x x xHypancistrus sp x x x x xHypancistrus sp 1 x x x xHypancistrus zebra x x x xHypoptopoma cf.inexspectatumx x x x x xHypoptopoma gulare x x x x x xHypoptopoma sp x x x x x xHypostomus aff.emarginatusx x xLeporacanthicus heterodon x x x x x xOligancistruspunctatissimusx x x x x x x x x x x x x xOligancistrus sp 1 x x x x x x x x x x x x x xPanaque aff. nigrolineatus x x x x x x x xParancistrus sp 1 x x x x x x x x x x x x x xParancistus aurantiacus x x x x x x x x x x x x x xPeckoltia vittata x x x x x x x x x x x x x xPeckoltia sp 1 x x x x x x x x x x x x x xPeckoltia sp 2 x x x x x x x x x x x x x xPseudacanthicus sp x x x x x xPseudancistrus barbatus x x x x x x x x x x x x x xScobinancistrus auratus x x x x x x x xScobinancistrus cf.x x xpariolisposSpectracanthicuspunctatissimusx x x x x x x x x x x x x xNOTA: F fendas nas pedras, L áreas de remanso em pedrais “Lajes”, B buracos no fundo dorio, M partes erodidas das pedras que ficam submersas durante todo o período chuvoso e parteda estiagem “Mocororô”, T troncos nas áreas marginais ou no leito do rio, BR barrancos nasencostas, P sobre ou embaixo de pedras.6365-EIA-G90-001b 223 Leme Engenharia Ltda


• Sumário de ConhecimentosA seguir, apresenta-se uma súmula dos conhecimentos sobre a biologia das espéciesobservadas durante os acompanhamentos das pescarias:Acari aba laranjaOrdem: SiluriformesFamília: LoricariidaeSubfamília: AncistrinaeGênero: BaryancistrusProvável espécie: Baryancistrus sp 4Tamanho comercial: de 4cm a 20cmCategorias de uso: ornamental, também utilizada para consumo humano; espécie comestívelcapturada como ornamental na fase juvenil e endêmica ou com registro somente para a região.Período e ambientes de reprodução: esta espécie se reproduz de julho a setembro emambientes como fendas de pedras, embaixo ou sobre as pedras.Locais de Captura: Iriri, Porção, Gorgulho da Rita, Cotovelo, Arroz Cru, Caitucá, Landi eJericoá.Acari amarelinhoOrdem: SiluriformesFamília: LoricariidaeSubfamília: AncistrinaeGênero: BaryancistrusProváveis espécies: Baryancistrus sp ‘preto’, Baryancistrus sp 3,Baryancistrus sp 1, Baryancistrus sp 2, Baryancistrus sp 5Tamanho comercial: de 4cm a 20cmCategorias de uso: espécie comestível, utilizada para consumo humano; capturada comoornamental na fase juvenil; endêmica ou registrada somente para a região.Período e ambientes de reprodução: esta espécie se reproduz de julho a setembro emambientes como fendas de pedras, embaixo ou sobre as pedras.Locais de Captura: Iriri, Porcão, Gorgulho da Rita, Cotovelo, Arroz Cru, Caitucá, Landi eJericoá.Acari boi de botaOrdem: SiluriformesFamília: LoricariidaeSubfamília: AncistrinaeGênero: PanaqueAutor: Peters, 1877Prováveis espécies: Panaque aff. nigrolineatus, Parancistrus aurantiacusTamanho comercial: de 4cm a 30cmCategorias de uso: ornamental, também utilizada para consumo humano; espécie comestívelcapturada como ornamental na fase juvenil.Período e ambientes de reprodução: esta espécie se reproduz de janeiro a maio emambientes como pedrais (“Lajes”) em áreas de remanso, embaixo ou sobre as pedras.Locais de Captura: Gorgulho da Rita, Cotovelo, Arroz Cru, Caitucá, Landi e Jericoá.6365-EIA-G90-001b 224 Leme Engenharia Ltda


Acari bola brancaOrdem: SiluriformesFamília: LoricariidaeSubfamília: AncistrinaeGênero: OligancistrusProváveis espécies: Oligancistrus sp 1Baryancistrus niveatusTamanho comercial: de 4cm a 10cmCategorias de uso: ornamentalPeríodo e ambientes de reprodução: esta espécie se reproduz em qualquer época do ano emambientes como fendas de pedras, embaixo ou sobre as pedras.Locais de Captura: Gorgulho da Rita, Cotovelo, Arroz Cru, Caitucá, Landi e Jericoá.Acari cara chataOrdem: SiluriformesFamília: LoricariidaeSubfamília: AncistrinaeGênero: PseudancistrusAutor: Bleeker, 1862Provável espécie: Pseudancistrus barbatusTamanho comercial: de 4cm a 20cmCategorias de uso: ornamental, também utilizada para consumo humano; espécie comestívelcapturada como ornamental na fase juvenil.Período e ambientes de reprodução: esta espécie se reproduz em qualquer época do ano emambientes como fendas de pedras, embaixo ou sobre as pedras.Locais de Captura: Gorgulho da Rita, Cotovelo, Arroz Cru, Caitucá, Landi e Jericoá.Acari cutia pretaOrdem: SiluriformesFamília: LoricariidaeSubfamília: AncistrinaeGênero: ScobinancistrusAutor: Isbrücker & Nijssen, 1989Provável espécie: Scobinancistrus cf. pariolisposTamanho comercial: de 4cm a 20cmCategorias de uso: ornamental, também utilizada para consumo humano; espécie comestívelcapturada como ornamental na fase juvenil.Período e ambientes de reprodução: esta espécie se reproduz em qualquer época do ano emambientes como pedrais (“Lajes”) em áreas de remanso, embaixo ou sobre as pedras.Locais de Captura: Gorgulho da Rita, Cotovelo, Arroz Cru, Caitucá, Landi e Jericoá.6365-EIA-G90-001b 225 Leme Engenharia Ltda


Acari picota ouroOrdem: SiluriformesFamília: LoricariidaeSubfamília: AncistrinaeGênero: ScobinancistrusAutor: Burgess, 1994Provável espécie: Scobinancistrus auratusTamanho comercial: de 4cm a 25cmCategorias de uso: ornamental, também utilizada para consumo humano; espécie comestívelcapturada como ornamental na fase juvenil e endêmica ou com registro somente para a região.Período e ambientes de reprodução: esta espécie se reproduz de janeiro a maio: emambientes como troncos nas áreas marginais ou no leito do rio e barrancos nas encostas.Locais de captura: Gorgulho da Rita, Cotovelo, Arroz Cru, Caitucá, Landi, Jericoá e BeloMonte.Acari onçaOrdem: SiluriformesFamília: LoricariidaeSubfamília: AncistrinaeGênero: LeporacanthicusProvável espécie: Leporacanthicus heterodonTamanho comercial: de 4cm a 15cmCategorias de uso: ornamentalPeríodo e ambientes de reprodução: esta espécie se reproduz de janeiro a maio: emambientes como fendas nas pedras, embaixo ou sobre as pedras.Locais de Captura: Gorgulho da Rita, Cotovelo, Arroz Cru, Caitucá, Landi, Jericoá.Assacu pirararaOrdem: SiluriformesFamília: LoricariidaeSubfamília: AncistrinaeGênero: PseudacanthicusAutor: Müller, et al. 1994Provável espécie: Pseudacanthicus sp. "assa"Tamanho comercial: de 4cm a 30cmCategorias de uso: ornamental, também utilizada para consumo humano; espécie comestívelcapturada como ornamental na fase juvenil e endêmica ou com registro somente para a região.Período e ambientes de reprodução: esta espécie se reproduz de janeiro a abril: emambientes como troncos nas áreas marginais ou no leito do rio, embaixo ou sobre as pedras.Locais de Captura: Gorgulho da Rita, Cotovelo, Arroz Cru, Caitucá, Landi, Jericoá e BeloMonte.c3) Produção e Esforço da Pesca OrnamentalO número de pescadores atuando na pesca ornamental é francamente desconhecido. Em 2000(ELETRONORTE, 2001) foram estimados 1.500 pescadores desta categoria, com base em6365-EIA-G90-001b 226 Leme Engenharia Ltda


entrevistas e estimativas realizadas nas 10 empresas exportadoras que existiam na época nacidade de Altamira. Posteriormente, Prang (2007) com base no número de sócios daAssociação de Criadores e Exportadores de Peixes Ornamentais de Altamira (ACEPOAT),estabeleceu um número de 500 famílias dependendo desta atividade. Considerando que onúmero de empresas diminuiu a quatro recentemente, parece que este valor mais conservadorpossa ser mais adequado. Segundo a obra de Camargo (em elaboração), resultante de projetoapoiado pela Eletronorte em 2006-2007 o número de pescadores dessa modalidade em 2008deveria ser de 400 indivíduos.O cálculo da produção total da pesca ornamental é ainda mais difícil do que a pesca deconsumo, uma vez que a maior parte desta atividade ocorre dentro da ilegalidade e, portantoqualquer monitoramento da mesma é sempre evitado. Muitos pescadores evitam aportar noslocais onde pode haver fiscalização, se dirigindo diretamente à empresa que comercializa ospeixes, sem passar pelo porto. Assim, como no caso da pesca de consumo a produção totalfoi assim estimada a partir de diversas metodologias e fontes de informações, buscandoconvergir nos melhores números possíveis.No período entre janeiro de 2006 e março de 2008, foram registrados por esta pesquisa 982desembarques de peixes ornamentais nos portos de Altamira, que resultaram em umaprodução total de 227.775 exemplares, sendo 65.555 em 2006, 140.037 em 2007 (sem agostoe setembro) e 32.850 nos três primeiros meses de 2008. De acordo com estes dados, aprodução média mensal foi de cerca de 9.000 indivíduos. Porém, sabe-se que não foi possívelcoletar informações em todos os desembarques, conclui-se que esta é uma sub-estimativa daprodução total realmente desembarcada em Altamira.Através das Guias de trânsito e desembaraço de peixes ornamentais recolhidas pelo IBAMAem Altamira, nas quais os comerciantes devem declarar ao exportar peixes fora da cidade, épossível estimar essa parte da produção. Com base nessa fonte de informação, a produção domunicípio foi de 197.729 indivíduos em 2000 (Eletronorte, 2001), 446.496 em 2006 e449.262 em 2007 (QUADRO 7.8.4.1- 25). É bastante provável, que o aumento da produçãoem 2006 e 2007 represente um ajuste na metodologia de coleta de dados, com maior coberturana malha amostral, devido ao incremento de funcionários recentemente contratados na sedelocal do IBAMA.Já segundo as estatísticas oficiais obtidas na SEAP em Brasília, a produção de Altamira foi de715.931 em 2006 em um valor correspondente a R$430.754,00 (Anexo 7.8.4.1-9). Asdiferenças entre estes dados oficiais não foi esclarecida pelas autoridades.Uma prova de que todos os registros oficiais possam estar subestimados foi obtidacomparando as produções do acari zebra de 1997 em Altamira e em Manaus. A captura deacari zebra (Hypancistrus zebra) não estava proibida na época. Sabe-se que esta é umaespécie endêmica do Rio Xingu, portanto toda a exportação registrada pelo Brasil destaespécie tem que provir do Rio Xingu. Controlando os dados da sede do IBAMA em Manaus,em 1997, obteve-se o dado de 223.098 exemplares de acari zebra foram exportados do Brasil,a partir dessa cidade. Isto significa que estes animais foram capturados no Xingu,transportados por avião até Manaus e depois exportados. Já pelos dados registrados noIBAMA de Altamira, através das fichas de controle, a cidade produziu 198.000 exemplares detodas as espécies juntas, incluindo o acari zebra. Se 223.000 indivíduos de uma única espécieforam para Manaus nesse ano, fica evidente que o total de peixes que saíram da cidade de6365-EIA-G90-001b 227 Leme Engenharia Ltda


Altamira tem que ser bem superior ao que foi oficialmente informado.Considerando uma produção total por pescador de 15 indivíduos (de todas as espécies) por diade pesca, e supondo uma atividade de 5 dias na semana e aproximadamente 500 pescadoresatuando na mesma, chegou-se a uma produção total para a região de Altamira deaproximadamente 2.000.000 de exemplares por ano, valor bem superior ao oferecido pelosnúmeros oficiais.Com base nos cruzamentos de informações e nos resultados de entrevistas, observações eexperiências pessoais, chegamos a valores entre 140.000 e 2.000.000 de exemplares por ano,o que permite afirmar que a margem de erro entre estas estimativas é bastante grande(QUADRO 7.8.4.1- 24).QUADRO 7.8.4.1- 24Resultados das estimativas de produção de exemplares de peixes ornamentais em Altamira, deacordo com as diversas fontes de informaçãoMétodo da estimativaProdução anual aproximadaFonte(unidades)CPUE (15 unidades.percador.dia-1 2.000.000 Este estudoRegistros de desembarques (2007) 140.000 Este estudoGuias do IBAMA (2007) 450.000 IBAMARegistros da SEAP (2006) 716.000 SEAPc4) Ambiente e Sazonalidade da Pesca OrnamentalA pesca de peixes ornamentais ocorre em pesqueiros específicos do rio, principalmente emambientes onde existem corredeiras de pequeno e médio porte, com pedrais ou lajessubmersas. Contudo, às vezes, algumas espécies podem ser capturadas em igarapés tributáriose em lagos marginais do Rio Xingu e de seus afluentes, bem como em áreas marginais às ilhasfluviais.Um grande número de pesqueiros pode ser observado ao longo da calha dos rios Xingu e Iriri(FIGURA 7.8.4.1- 65) demonstrando o potencial desta região para a captura destes animais.Destacam-se duas regiões pela sua importância, a região próxima da Ilha da Fazenda e aregião entre a Ilha Grande e a foz do Iriri. Nestas duas localidades há uma maior concentraçãode locais de pesca, visitados pelos pescadores.6365-EIA-G90-001b 228 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 65 - Pesqueiros para a captura de peixes ornamentais ao longo da calha doRio Xingu visitados pela equipe de pesquisadores.De acordo com os registros de desembarque, a produção de peixes ornamentais não éhomogênea durante todo o ano. Nos meses de seca e enchente, a pesca é mais intensa e maisprodutiva. A CPUE varia de mais ou menos 5 até 25 unidades.pescador -1 .dia -1 , mas avariância é grande (GRÁFICO 7.8.4.1- 69). A produção por viagem alcança uma média de80 unidades por viagem de pesca na estiagem, enquanto na cheia diminui para 41 unidades( F3;3664 =7.99; p


30.0030,000CPUE (unid/pescador.dia)25.0020.0015.0010.005.0025,00020,00015,00010,0005,000Vazão (m 3 /sec)0.00J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F MMESES0CPUEVazãoGRÁFICO 7.8.4.1- 69 - Produtividade mensal média (unidades.pescador-1.dia-1) para peixesornamentais do Rio Xingu, de acordo com o desembarque emAltamira, no período de janeiro de 2006 a março de 2008 e ciclohidrológico (linha com pontos).c5) Produção por EspéciesUm total de 45 categorias de espécies foi registrado nos desembarques; contudo, apenas 10espécies somaram 90% do total de indivíduos desembarcados, sendo as mais importantes:acari amarelinho (48%), acari bola azul (11%), acari preto velho (7%), acari tigre de listra,acari picota ouro, acari assacu pirarara, e acari bola branca (todos com cerca de 4%).O melhor rendimento foi obtido para o acari alicate, que resultou em 550 unidades por viagemde pesca, seguido do jacundá (Crenicichla sp), com 500 e do acari amarelinho, com 435indivíduos por viagem. Contudo, o número de viagens registrado no banco de dados, para asduas primeiras espécies foi muito reduzido, diminuindo a confiabilidade desta estimativa. Jáno caso do acari amarelinho, o número de viagens foi elevado (TABELA 7.8.4.1- 44),indicando que esta espécie é efetivamente bastante abundante na região.6365-EIA-G90-001b 230 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 44Produtividade média (unidades/viagem), intervalo de confiança, mediana e número deviagens, para as principais espécies da pesca ornamental, de acordo com os registros dosportos de Altamira, entre janeiro de 2006 e março de 2008.Nome_Vulgar Produtividade IC 95% Mediana ViagensAcari alicate 550.00 2044.70 100.00 3Teleocicla sp 500.00 500.00 500.00 2Acari amarelinho 435.11 68.39 200.00 233Jacundá 418.57 247.73 500.00 7Acari naná 186.67 254.95 160.00 3Acari zebra marrom 130.00 121.18 120.00 4Acari gigante 124.20 211.51 20.00 5Acari preto velho 82.65 17.51 50.00 188Acari aba laranja 65.81 27.91 19.00 118Acari pão 54.35 29.83 12.00 161Acari bola azul 49.13 4.90 30.00 488Acari ancistrus 44.50 22.45 35.00 14Acari pretinho 41.12 15.76 20.00 41Acari tigre de listra 38.90 4.29 30.00 249Acari bola branca 32.43 3.71 25.00 248Acari cara chata 28.71 11.39 15.00 63Acari tigre 25.40 10.90 20.00 15Acari picota ouro 25.16 5.43 8.00 353Acari tigre de poço 24.17 2.73 20.00 243Acari assacu pirarara 16.15 4.53 7.00 521Acari assacu comum 13.78 12.62 8.00 9Acari onça 10.61 3.36 6.00 46Acari boi de botas 9.79 2.41 5.00 262Acari cutia preto 8.96 4.59 4.00 114Acari maracajá 6.56 12.53 1.00 9Acari arabia 5.93 2.27 2.00 149Acari guariba 3.35 1.24 2.00 37Considerando os dados obtidos através das guias do IBAMA (QUADRO 7.8.4.1- 25),verificou-se que boa parte da produção corresponde também ao acari amarelinho, que semanteve sempre em primeiro lugar nos três anos de dados disponíveis.Foi observada também uma alternância nas capturas por espécies de acordo com a época doano. A maior parte das pescarias produtivas ocorre nos meses de menor vazão, quando aprodução por viagem é mais alta, como é o caso das capturas do acari bola azul, cujaprodução aumenta nos meses de julho a setembro. Contudo, durante o período chuvoso ou navazante, os pescadores conseguem ainda bons rendimentos com o acari amarelinho, cujaabundância e localização nas partes menos profundas dos blocos rochosos facilita a suacaptura nessa época do ano (GRÁFICO 7.8.4.1- 70).6365-EIA-G90-001b 231 Leme Engenharia Ltda


Acari bola azul1201008060402001 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12Acari AmarelinhoProdução por viagem (unidades)1200100080060040020001 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12GRÁFICO 7.8.4.1- 70 - Produção média por viagem do Acari bola azul (gráfico superior) edo Acari amarelinho (gráfico inferior), ao longo dos meses do ano.6365-EIA-G90-001b 232 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1- 25Unidades de peixes ornamentais por espécie exportadas do município de Altamira, segundo osregistros das guias de exportação do IBAMA.ContinuaANONome vulgar 2000 2006 2007 Total geralAcari Amarelinho 128334 209464 201228 539026Acari Tigre de Listra 4295 61343 76415 142053Acari Cutia Preto 2509 39870 36181 78560Acari Bola Azul 5459 22776 21818 50053Acari Ancistro 9090 18653 19628 47371Jacundá - 30205 13626 43831Tigre de Bola 20 17784 15258 33062Acari Assacú Pirarara 2374 12522 16810 31706Acari zebra 20687 - - 20687Acari 20 8549 6434 15003Acari Borracha - 7944 6086 14030Pacú Vermelho - 3970 9205 13175Cascudo - 2139 9127 11266Corridora 500 4950 4892 10342Apistograma - 6525 3499 10024Tetra Preto - 4060 1000 5060Acari Pão 4680 - - 4680Acará - 2395 2263 4658Acari Onça 950 1222 2140 4312Piaba - 3700 320 4020Acari Picota Ouro 3751 - - 3751Acari Cara Chata 2920 600 - 3520Aba Laranja 3339 - - 3339Tatia - 1838 870 2708Acari Preto Velho 2523 - - 2523Acari Alicate - 1636 509 2145Piranha vermelha - 820 1047 1867Acari Bola Branca 1795 - - 1795Acari Boi de Bota 1569 - - 1569Pula Pula - 908 276 1184Acari Pretinho 1081 - - 1081Barrigudinho - 800 150 950Acari Tubarão 826 - - 826Papa terra - 580 - 580Acari Chicote - 465 30 495Torpedinho - 400 - 400Acará Disco - 146 120 2666365-EIA-G90-001b 233 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1-25Unidades de peixes ornamentais por espécie exportadas do município de Altamira, segundo osregistros das guias de exportação do IBAMA.ConclusãoANONome vulgar 2000 2006 2007 Total geralAcari Albino 240 - - 240Cinolébia - - 180 180Coppella - 130 - 130Aracu - - 118 118Beiradeira - 60 - 60Acari Assacú Preto 40 - - 40Acari Pinta Branca 33 - - 33Piranha Quexuda - - 32 32Acará Bandeira - 30 - 30Acari zebra marron 30 - - 30Acari Guariba 24 - - 24Acari Branco 20 - - 20Acará Amarelo - 10 - 10Acará bararuá - 1 - 1Rebeca - 1 - 1Total geral 197.109 466.496 449.262 1.112.867FONTE: Registros IBAMA Altamira (2008)Na análise mensal observa-se um pequeno aumento do número de unidades exportadas entreos meses de maio e setembro (TABELA 7.8.4.1- 45). Contudo, a demanda do comércioexportador está nitidamente relacionada ao pedido do comprador e, portanto, é independenteda safra de determinada espécie. Nos períodos de ‘falha’ de algumas espécies, a diferença éevidenciada no preço de compra e venda destes recursos.TABELA 7.8.4.1- 45Distribuição mensal de peixes ornamentais (unidades) declarados nas guias de trânsito(IBAMA) nos anos 2000, 2006 e 2007 em Altamira.ANO2000 2006 2007 Total geralMês unidades % unidades % unidades % unidades %jan 18296 9,28% 13278 2,85% 40665 9,05% 72239 6,49%fev 16665 8,45% 19379 4,15% 52545 11,70% 88589 7,96%mar 9119 4,63% 26192 5,61% 49822 11,09% 85133 7,65%abr 13493 6,85% 21700 4,65% 39997 8,90% 75190 6,76%mai 15930 8,08% 23170 4,97% 68994 15,36% 108094 9,71%jun 14600 7,41% 28100 6,02% 74251 16,53% 116951 10,51%jul 18982 9,63% 21462 4,60% 64326 14,32% 104770 9,41%ago 21930 11,13% 64978 13,93% 58662 13,06% 145570 13,08%set 22411 11,37% 70067 15,02% 0 0,00% 92478 8,31%out 18379 9,32% 67012 14,36% 0 0,00% 85391 7,67%nov 18041 9,15% 64121 13,75% 0 0,00% 82162 7,38%dez 9263 4,70% 47037 10,08% 0 0,00% 56300 5,06%Total geral 197.109 100% 466.496 100% 449.262 100,00% 1.112.867 100%c6) Produtividade das Viagens de Pesca6365-EIA-G90-001b 234 Leme Engenharia Ltda


A produtividade média para todo o período foi de cerca 15 (±1,23) unidades por pescador epor dia de pesca ou 60 (±5,95) indivíduos por viagem. Porém, existem dois tipos dedesembarques: i) aqueles que correspondem a viagens de um dia de pesca (pequena escala), ecuja comercialização foi feita, provavelmente, diretamente pelo produtor e ii) desembarquesque correspondem a muitos dias de pesca (7 a 9), e que respondem à soma das produções devários pescadores, recolhidas por um atravessador, o qual transporta os produtos até o portoonde foi interceptado pelos coletores de dados. Nas viagens de pequena escala, a produçãomédia é de 30 a 40 indivíduos para dois pescadores. Nos desembarques de atravessadores, aprodução média é seis vezes maior, sendo que até 5 pescadores podem ter contribuído com aessa produção.Os períodos de seca, enchente e vazante apresentaram a maior produtividade. Porém, no testeANOVA realizado para o logaritmo da CPUE, não conseguiu-se provar diferençassignificativas entre estações do ano. As corredeiras com pedrais aparecem também como osambientes mais utilizados (71% de todas as viagens) e mais produtivos para a pescaornamental. A produtividade média foi de quase 15 unidades por pescador e por dia de pesca,e de 69 unidades por viagem.A produtividade depende também da forma de captura. Aproximadamente 94% das capturasforam feitas com mergulho, utilizando o compressor para auxiliar na respiração do pescador.Cerca de 6% das capturas foram feitas com mergulho livre. O uso de tarrafinhas ou puçás écombinado com estas formas de pesca. Apesar de menos utilizado, pela sua periculosidade, omergulho livre parece ser a forma mais produtiva de captura, rendendo 292 unidades porviagem e 26 unidades por pescador e por dia de pesca, contra apenas 39 unidades por viageme 13 unidades por pescador e por dia do mergulho com compressor (F 1,2360 =356,7; p


GRÁFICO 7.8.4.1- 71 - Produção (unidades) por pescador e por dia de pesca, de acordo coma área de pesca, para a frota de peixes ornamentais que desembarcaem Altamira. As cores representam os setores do rio I, II, III e IV,respectivamente.c7) Acompanhamento das Pescarias• Composição de Espécies nas Pescarias AcompanhadasNas 13 pescarias acompanhadas pela equipe de pesquisadores, registrou-se a captura de 17etno-espécies diferentes de peixes ornamentais, sendo que o destaque é para a famíliaLoricariidae, com 100% das espécies capturadas.Apesar da grande biodiversidade destas capturas, os acompanhamentos das pescariasrevelaram que, as etno-espécies e o número de espécimes capturados estão estritamenterelacionados à quantidade solicitada pelos compradores, ou seja, à demanda do mercado. Poroutro lado, os pescadores realizam também uma seleção do tamanho de cada indivíduocoletado, rejeitando tamanhos menores do que 6 cm e maiores do que 20 cm, e capturandoaqueles considerados mais rentáveis. Eles também evitam capturar espécimes machucados,pois o valor dos mesmos pode ser muito baixo ou mesmo nulo. As categorias de tamanho jáforam demonstradas na QUADRO 7.8.4.1- 21.Durante o mês de setembro, nas cinco pescarias acompanhadas, observou-se a captura de 12espécies diferentes, em um total de 657 indivíduos. A espécie mais capturada foi oamarelinho, com 53% do total, seguido pelo acari pão com 38%. As demais espéciesrepresentaram percentuais bem menores, porém, mesmo com a pequena quantidade deindivíduos capturados, algumas apresentaram rendimento superior àquelas que detiverammaior participação nas capturas, como é o caso do zebra marrom.Em janeiro, mais cinco etno-espécies foram capturadas, totalizando 17 etno-espécies em 4286365-EIA-G90-001b 236 Leme Engenharia Ltda


indivíduos. Tratam-se de espécies ainda não descritas, mas que visivelmente têmcaracterísticas morfológicas diferenciadas. A abundância das espécies também foi diferente daobservada no período de estiagem. Nesta mesma campanha, o acari “pão” foi o maisfreqüente nas capturas (60%) seguido pelo amarelinho (20%) (TABELA 7.8.4.1- 46). Apenasum pesqueiro (Itaubinha) capturou todo o montante de acaris “pão” em janeiro, o mesmoaconteceu para o amarelinho, onde 100% dos espécimes foram capturados no pesqueiro doArroz Cru (TABELA 7.8.4.1- 47).Na terceira e última campanha, realizada em março de 2008, registrou-se a captura de 365espécimes distribuídos 7 espécies sendo que, novamente, o amarelinho respondeu pela maiorparcela das capturas (47% = 171 indivíduos). Neste terceiro momento o pesqueiroCaitucazinho foi o de maior representatividade nas pescarias (56% do total de indivíduoscapturados).TABELA 7.8.4.1- 46Distribuição relativa da captura de peixes ornamentais por locais de pesca, nas pescariasacompanhadas entre setembro de 2007 e março de 2008.Pesqueiro Setembro/2007 Janeiro/2008 Março/2008 Total geralArroz Cru 0,00% 34,68% 65,32% 100,00%Caitucá 100,00% 0,00% 0,00% 100,00%Caitucazinho 0,00% 0,00% 100,00% 100,00%Canari 100,00% 0,00% 0,00% 100,00%Itaubinha 34,11% 65,89% 0,00% 100,00%Porcas 100,00% 0,00% 0,00% 100,00%Ilha de Serra 48,28% 51,72% 0,00% 100,00%Total geral 45,34% 29,47% 25,19% 100,00%Os tamanhos e pesos médios dos espécimes capturados também mostraram diferenças entre ascampanhas. Na maior parte das espécies, os menores indivíduos ocorrem na época cheia,porém algumas não acompanham essa tendência (TABELA 7.8.4.1- 48). Em março, foramcapturadas menos espécies do que nas outras campanhas, devido à dificuldades do mergulhopelo aumento da velocidade da água. Estas variações, segundo os pescadores, são sazonaisfortalecendo ainda mais a necessidade de estudos de crescimento destas espécies.6365-EIA-G90-001b 237 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 47Composição específica das capturas de peixes ornamentais por local de captura, nas pescariasacompanhadas entre setembro de 2007 e março de 2008.Etno-espécie Setembro/2007 Janeiro/2008 Março/2008 Total geralAba laranja 27,27% 6,06% 66,67% 100,00%Amarelinho 58,27% 13,75% 27,99% 100,00%Assacu preto 26,00% 74,00% 0,00% 100,00%Boi de bota 88,89% 11,11% 0,00% 100,00%Bola azul (diferente) 0,00% 100,00% 0,00% 100,00%Bola azul 4,76% 29,93% 65,31% 100,00%Bola azul bicudo 0,00% 100,00% 0,00% 100,00%Bola azul cara de tubarão 0,00% 100,00% 0,00% 100,00%Bola branca 0,00% 0,00% 100,00% 100,00%Cara chata 29,17% 4,17% 66,67% 100,00%Cutia preta 19,51% 31,71% 48,78% 100,00%Onça 100,00% 0,00% 0,00% 100,00%Pão 45,74% 54,26% 0,00% 100,00%Picota ouro 50,00% 25,00% 25,00% 100,00%Tigre 100,00% 0,00% 0,00% 100,00%Tigre do poço 0,00% 100,00% 0,00% 100,00%Total geral 45,34% 29,47% 25,19% 100,00%TABELA 7.8.4.1- 48Comprimento total médio (cm), peso médio (g) e desvios das espécies de peixes ornamentaiscapturadas durante as pescarias acompanhadas nos meses de setembro/2007, janeiro/2008 emarço/2008 nas pescarias acompanhadas do Rio Xingu.Setembro Janeiro MarçoCT DP Peso DP CT DP Peso DP CT DP Peso DPAba laranja 10.07 2.36 13.89 9.45 10.00 2.62 13.38 6.04 7.13 2.98 8.80 24.06Amarelinho 7.09 1.44 5.80 3.50 5.55 0.71 2.40 1.36 6.34 1.36 3.82 3.19Assacu preto 19.63 6.47 77.60 50.66 19.53 5.03 124.31 57.39Boi de bota 9.43 1.61 12.99 7.28 19.50 0.00 8.50 0.00Bola azul (diferente) 14.50 0.00 49.00 0.00Bola azul 7.52 3.01 10.58 9.14 5.93 1.74 4.05 3.85 6.93 1.30 5.57 3.03Bola azul bicudo 7.50 0.00 6.50 0.00Bola azul cara detubarão6.00 1.08 4.10 1.70Bola branca 11.00 0.00 20.00 0.00Cara chata 7.40 1.21 5.22 4.39 6.00 0.00 1.75 0.25 7.64 1.31 4.47 2.55Cutia preta 8.37 1.78 7.06 4.40 9.15 1.84 8.62 3.65 6.93 2.58 5.25 6.11Onça 8.94 2.81 11.53 9.88Pão 8.72 2.35 9.21 6.48 10.05 2.29 14.34 7.24Picota ouro 14.30 3.70 40.35 26.55 29.50 0.00 314.00 0.00 4.50 0.00 1.00 0.00Tigre 13.30 0.00 29.20 0.00Tigre do poço 14.00 0.00Total geral 7.89 2.33 8.29 11.09 9.08 4.34 15.20 36.09 6.74 1.21 5.05 24.29Duas espécies foram capturadas em maior quantidade durante as três campanhas: o acari“pão” e o acari “amarelinho”. O primeiro é muito abundante a jusante de Altamira e o acariamarelinho a montante de Altamira. O acari pão demonstrou aumento do tamanho, mas6365-EIA-G90-001b 238 Leme Engenharia Ltda


diminuição do peso médio no período de enchente (F (1, 468) =92.9; p


c8) Diversidade de Peixes Explorados pela Pesca OrnamentalRevisando referências bibliográficas, dados secundários e conhecimentos empíricos, sabe-seque o número de espécies exploradas pela pesca ornamental é bem maior do que foiobservado durante os acompanhamentos. Em uma lista feita de acordo com todos os registrose observações realizadas, chegou-se à conclusão de que pelo menos 255 espécies diferentesocorrem nas pescarias ornamentais da região.Da análise dessa lista de peixes ornamentais capturados na área, conclui-se que na pesca depeixes ornamentais ocorrem pelo menos 94 espécies novas (denominadas com “sp”), aindanão descritas pela literatura especializada e 31 espécies classificadas preliminarmente com“cf” ou “aff”, indicando também que precisam de uma revisão taxonômica mais profunda.c9) Manuseio, Conservação e TransporteTodo o montante de peixes ornamentais capturado é armazenado em basquetas e deixadosubmerso nas proximidades das áreas de captura (FIGURA 7.8.4.1- 66), uma vez que, porocasião das pescarias, os pescadores migram para áreas de “saroba” onde permanecemacampados até o final da pescaria. Esta característica foi principalmente observada entre ospescadores que atuam nos pesqueiros a montante de Altamira. Durante a permanência destespeixes nas basquetas, a mortalidade é considerada baixa.Nos pesqueiros a jusante de Altamira, os peixes são acondicionados fora do seu ambiente,mesmo que dentro das basquetas com água, na qual são adicionados antibióticos e azul demetileno, para evitar a proliferação de fungos e bactérias. Em alguns casos também foiobservada a utilização de sal dissolvido na água no intuito de diminuir também a proliferaçãode microorganismos, a um custo menor. A mortalidade das basquetas fora da água éevidentemente maior daquela quando a forma de conservação é feita nas basquetas submersas,em ambiente natural6365-EIA-G90-001b 240 Leme Engenharia Ltda


6365-EIA-G90-001b 241 Leme Engenharia LtdaTABELA 7.8.4.1- 49CPUE média por pesqueiro e etno-espécie nas pescarias acompanhadas ao longo do RioXingu nos meses de setembro de 2007, janeiro e março de 2008.PESQUEIROArroz CruIlha de Serra ItaubinhaCaitucazinhoCanariPorcas(incluindoPorcão)CaitucáEtnoespécie/mêsSETJANMARSETJANMARSETJANMARSETJANMARSETJANMARSETJANMARSETJANMARTOTALGERALAba laranja0,000,760,000,768,320,008,320,000,000,000,000,003,400,000,000,000,000,000,000,000,00 1.03Amarelinho0,000,000,0015,880,000,0032,3324,570,000,000,0042,7267,300,000,0098,260,000,0056,520,000,00 16.08Assacu preto0,000,001,611,610,000,000,000,000,000,000,000,001,130,000,000,000,000,000,000,000,00 0.21Boi de bota0,000,190,000,190,000,000,001,320,000,000,000,191,510,000,000,430,000,003,040,000,00 0.33Bolaazul(diferente)0,000,190,000,190,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,00 0.02Bola azul0,002,086,248,3218,150,0018,150,000,000,000,000,571,320,000,001,300,000,000,000,000,00 2.67Bola azul bicudo0,000,000,190,190,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,00 0.02Bola azul cara detubarão0,000,000,570,570,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,00 0.05Bola branca0,000,000,000,000,190,000,190,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,00 0.02Cara chata0,000,000,000,380,000,006,051,890,000,000,000,002,650,000,000,000,000,004,350,000,00 0.73Cutia preta0,002,270,192,463,780,003,780,000,000,000,000,191,510,000,000,430,000,000,000,000,00 0.70Onça0,000,000,000,000,000,000,001,700,000,000,002,464,160,000,005,650,000,003,910,000,00 0.85Pão0,000,0048,2048,200,000,000,000,000,000,000,000,0040,640,000,000,000,000,000,000,000,00 6.53Picota ouro0,000,190,000,190,190,000,190,000,000,000,000,000,380,000,000,000,000,000,000,000,00 0.05Tigre0,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,190,000,000,000,000,000,000,000,00 0.01Tigre do poço0,000,000,190,190,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,00 0.02Total geral0,005,6758,7980,7230,620,0069,0029,490,000,000,0046,12124,200,000,00106,090,000,0067,830,000,0029.45


A mortalidade dos espécimes em todos os gargalos do processo de captura e comercializaçãoainda é motivo de controvérsias, uma vez que, de acordo com o levantamento junto aospescadores, atravessadores e empresários estes valores mudam freqüentemente.Evidentemente, os pescadores e comerciantes procuram se utilizar de artefatos/hábitos paradiminuir este índice uma vez que um aumento deste implica diretamente em prejuízoeconômico.Os processos de seleção de indivíduos são freqüentemente observados, primeiramente, entreos próprios pescadores que evitam capturar espécimes danificados ou visualmente mais‘fracos’ que os demais. Este mesmo critério é mais fortemente observado quando o montantechega até as mãos dos atravessadores e exportadores, em especial nas mãos destes últimos,que procuram priorizar a qualidade como garantia de manutenção do comprador.ABCFIGURA 7.8.4.1- 66 - Basquetas submersas contendo espécimes de peixes ornamentaisarmazenados na região do rio Iriri, montante da cidade de Altamira(A e B) e armazenamento de peixes ornamentais em basquetasemersas, na canoa (C). (Fotografias: Bianca Bentes da Silva).Após a captura dos espécimes, que segue a orientação das demandas dos compradores, ospescadores transportam a produção até o Porto 6 da cidade de Altamira, empilhando as6365-EIA-G90-001b 242 Leme Engenharia Ltda


asquetas umas sobre as outras, sem oxigenação. Às vezes, o desembarque ocorre em outroslocais da orla da cidade. No momento da entrega, os pescadores recebem o pagamento. Emalguns casos, os próprios compradores enviam embarcações até os locais onde os pescadoresestão acampados para transportar a produção e pagar diretamente os pescadores no local.Durante o transporte, a mortalidade é maior que durante sua conservação, haja vista aturbulência das embarcações e o tempo de viagem em meio sem oxigenação. Em terra, osespécimes são selecionados. Aqueles que apresentem partes quebradas, infecção por fungosou bactérias ou ainda pouca mobilidade são descartados na frente da cidade, em ambientediferente daquele onde foram capturados.Toda a produção de peixes ornamentais é transportada de Altamira para Belém, Manaus eMarabá, através das principais linhas aéreas que fazem conexão na região (RICO, META eTOTAL).As associações de transporte para animais vivos organizam e administram todo o transporteaéreo de espécies vivas. Normalmente, os peixes são embalados em sacos plásticos depolietileno contendo no seu interior água (1/3 do volume) e oxigênio (2/3 do volume). Essessacos plásticos são colocados em caixas de isopor separadas, para protegê-las de mudançasexternas de temperatura e de luz (FIGURA 7.8.4.1- 67). Entretanto, a utilização de caixas nãofoi observada entre todos os comerciantes entrevistados. As caixas devem permanecerfechadas hermeticamente e impermeáveis e não devem ser abertas durante o transporte. Estaetapa da produção é fundamental pela grande perda que ocorre durante o transporte dosindivíduos. Naturalmente, uma melhor qualidade do transporte reflete na melhor qualidadefinal do produto.FIGURA 7.8.4.1- 67 - Estruturas de armazenamento de peixes ornamentais (A e C) e formasde embalagem para transporte do produto (B e D) no município deAltamira – Pará. (Fotografias: Priscila Carmona).6365-EIA-G90-001b 243 Leme Engenharia Ltda


c10) Economia da Pesca OrnamentalA pesca de peixes ornamentais caracteriza-se por uma tipologia de pesca de cunhoestritamente comercial e que envolve um complexo sistema de comercialização. Entretanto,embora diversificada, a base desta cadeia ainda utiliza petrechos de captura muitorudimentares, caracterizando pescarias tipicamente artesanais.Embora apresente uma escala similar às outras pescarias de pequena escala da Amazônia,observou-se que a pesca ornamental depende muito de demandas externas, além dedemonstrar grande inserção social, econômica e política. Essas características conferem àatividade uma considerada complexidade, com estrutura e dinâmica diferenciadas em relaçãoà pesca artesanal comercial de outras regiões da Amazônia.Na pescaria, os membros do grupo são independentes: ou seja, cada pescador da equipe deuma embarcação é responsável pela captura de sua produção. Contudo, as despesas da viagem(embarcação, compressor, rancho, etc.) são divididas entre todos os envolvidos na pescaria.Quando os pescadores são contratados por um atravessador, os custos da viagem são, namairoia das vezes, cobertos pela pessoa que encomenda a captura.Percebem-se várias formas de comercialização. Em um caso, os próprios pescadores viajamaté o centro urbano (no caso, a cidade de Altamira) e entregam a captura a um comerciantelocal. Em outros casos, os pescadores vão acumulando a captura em viveiros de talas demadeira ou nas próprias basquetas, até que, com certa periodicidade, geralmente uma vez porsemana, um atravessador retira os produtos e paga os pescadores. Ainda em uma terceiraalternativa, o empresário mantém um funcionário de confiança (assalariado) nos entrepostosde receptação da produção, nestes casos, este funcionário atua como um atravessador, emuitas vezes além do salário, estes ainda pescam para garantir renda extra. De toda forma, namaioria dos casos, os pescadores trabalham na forma de pactos, prometendo a captura paracertos comerciantes; que na maior parte dos casos realizam o aviamento da viagem, o quecompromete a entrega da produção.Na cidade de Altamira, foram identificadas nove empresas de exportação de peixesornamentais. Posteriormente, este número foi confirmado através do sistema de cadastro,arrecadação e fiscalização SICAF-IBAMA. As empresas em geral têm mais de 15 anos deoperação e são dirigidas, em sua maioria, por empresários locais, com algumas poucasexceções de exportadores da região centro-oeste do país.O perfil dos exportadores que residem no município de Altamira difere principalmente quantoà estrutura física dos pontos de receptação, embalagem e venda do produto. Em alguns casosos comerciantes detêm estruturas que otimizam em muito as perdas com a comercialização,como sistema de aeração e filtragem da água, por exemplo. Outros, com menor poderaquisitivo, possuem estruturas bem mais simples e conseqüentemente atingem mercadosmenos cobiçados que os primeiros.A rede de distribuição do produto é complexa, com vários atores e estrangulamentos, o quedificulta sua delimitação. Entretanto, um esboço conceitual do processo pode ser visto noorganograma da FIGURA 7.8.4.1- 68. Parte do processo de comercialização acontece nomercado interno e outra no mercado internacional.As informações sobre o destino dos peixes são consideradas muitas vezes sigilosas entre os6365-EIA-G90-001b 244 Leme Engenharia Ltda


envolvidos. A comercialização de ornamentais que acontece no mercado interno envolve aparticipação dos empresários locais (do município de Altamira) ou ainda de empresas deoutros municípios como Manaus e Marabá. De acordo com alguns informantes, a rota deexportação de peixes ornamentais nem sempre é linear, muitas vezes os produtos atravessamrotas por municípios fora de lógica, entre origem e destino. Este itinerário teria o intuito deburlar a fiscalização, uma vez que algumas espécies ainda são comercializadas, mesmo com aproibição publicada em dispositivos oficiais de ordenamento. Evidências deste processopodem ser também evidenciadas nas entrevistas com os pescadoresA produção que sai do município de Altamira é direcionada às grandes exportadoras deBelém (33,5%) e Manaus (23,92%), estas direcionam a produção quase sempre ao mercadoexterno. Entretanto, em algumas situações, a produção sai diretamente de Altamira para osmercados internacionais da Alemanha (cidade de Garbsen Honnover principalmente – 1%) eEstados Unidos (1%) sendo que neste último é desconhecida a cidade de destino.Maiores detalhamentos sobre a cadeia produtiva são difíceis de serem obtidos. Quase atotalidade de peixes ornamentais que saem do município de Altamira é controlada porempresários locais. Estes nem sempre estão disponíveis ao fornecimento de informaçõessobre esta atividade e, ainda em muitas situações, impedem que seus subordinados o façam.Observou-se também as relações de cumplicidade e fidelidade entre pescadores ecompradores. Alguns pescadores claramente omitem informações referentes à captura deexemplares de espécies proibidas como o acari zebra (Hypancistrus zebra) ou as arraias(Potamotrigon leopoldi). A captura destes dois grupos de animais, embora proibida, aindaacontece, sendo feita no mais absoluto sigilo. Este fato acaba prejudicando os própriosespécimes, devido ao transporte inadequado dos mesmos, visando burlar a fiscalização(CHARVET-ALMEIDA, 2006).MERCADO INTERNACIONALExportadorMERCADO NACIONALEmpresário 1 Atravessador 1Empresário 2 Atravessador 2Empresário NAtravessador NAquarista*PESCADOR*Da cidade de origem do produto ou de outras localidades no Brasil.FIGURA 7.8.4.1- 68 - Fluxograma da cadeia de comercialização de peixes ornamentaisoriundos da calha do Rio Xingu.Os preços de comercialização das espécies de peixes ornamentais foram informações dedifícil acesso e talvez até imprecisão, uma vez que a comercialização deste produto é alvo de6365-EIA-G90-001b 245 Leme Engenharia Ltda


competição entre os fornecedores e compromete as relações de amizade e fidelidade queexiste entre exportadores e compradores. Contudo, após uma busca de fornecedores nainternet, percebeu-se a diferença exponencial entre o preço de primeira comercialização e opreço de venda nos aquários e pet shops nacionais e internacionais (QUADRO 7.8.4.1- 26).A falta de coerência entre o que é declarado nas guias de exportação e o que realmente étransportado é outra característica típica deste setor. Durante todo o trajeto da carga de peixes,estas guias atuam como documentação de autorização do transporte dos peixes, porém, emmuitas situações, os exportadores são notificados a pagar multas pela omissão ouinobservância do transporte das espécies declaradas.QUADRO 7.8.4.1- 26Preço da primeira comercialização, preço de venda aos aquários e preço ao consumidor final(R$) de espécies de peixes ornamentais oriundos do Rio Xingu.Espécies (nome vulgar)Valor de compra (R$)Valor de venda(R$)Preço (R$)consumidor final*Amarelinho 0,60 – 1,00 1,20 – 2,00 Sem informaçãoPicota ouro 1,00 – 2,00 3,00 – 3,50 48,00Bola azul 0,50 1,00 – 1,20 Sem informaçãoBola branca 0,50 1,00 – 1,20 21,00Acari tigre 1,00 2,00 – 2,50 17,00Acari Pão 1,20 – 2,00 2,50 Sem informaçãoPreto velho 0,50 - 1,00 1,00 – 1,20 26,00Acari alicate 1,00 1,00 – 1,20 Sem informaçãoCutia preta 1,50 2,00 – 2,50 Sem informaçãoAssacu 5,00 – 7,00 10,00 – 12,00 Sem informação* fonte: www.ecoanimal.com.br acessado em março/2008.Informações sobre rendimentos e lucros mensais, foram obtidas junto aos pescadores. A rendamensal líquida provinda destas pescarias, para o pescador, oscila entre R$1.000,00 eR$1.500,00. As despesas com a embarcação, manutenção do compressor e alimentaçãosomam, em média, R$250,00/mês.Uma estimativa grosseira dos lucros por viagem foi realizada por ocasião doacompanhamento das pescarias. Em média, cada pescador recebe R$300,00 e realiza 4viagens por mês. Entretanto, como depende do produto de sua pescaria, este valor está sujeitoàs inúmeras oscilações concernentes às incertezas da pesca. A habilidade do pescador e aresistência das espécies capturadas durante as pescarias são diretamente proporcionais aosrendimentos. Os valores de renda média por pescador de R$1.000,00 por mês, estimados paraa Ilha da Fazenda em 2007, coincidem com as estimativas que foram obtidas através dasentrevistas aos trabalhadores da pesca ornamental.A renda dos atravessadores e empresários não pode ser estimada nos levantamentos destediagnóstico. Sabe-se também que no final da cadeia, o lucro aumenta exponencialmente e quemuitas das espécies em questão possuem altíssimos valores no mercado internacional. Nopreço final do produto, o frete representa mais da metade ou até dois terços do total. As linhasaéreas são assim parte chave da cadeia produtiva. Por isso, o transporte de longa-distância depeixe ornamental se tornou um negócio importante para as companhias aéreas, sendo um setoraltamente lucrativo. Sendo assim, este elo é vital na cadeia, mas não pode ser controlado pelasoutras partes envolvidas, o que as torna extremamente dependentes.6365-EIA-G90-001b 246 Leme Engenharia Ltda


Para o cálculo da receita total desta atividade, considerou-se o número de pescadoresornamentais estimados no ano 2001 (500 trabalhadores na região do Médio Xingu) e aestimativa de renda média mensal acima referida. Assim, chegou-se a uma receita bruta, naprimeira comercialização, entre R$500.000,00 e R$750.000,00 por mês na região provindosdesta atividade, para os meses nos quais a produção é boa, ou seja, os meses de período seco.Pelos registros do IBAMA, a receita anual oriunda da pesca ornamental variou entreR$400.000,00 e R$800.000,00 entre 2001 e 2006. Como já se discutiu anteriormente, osníveis de ilegalidade desta atividade, que usa meios de escoamento da produção que não sãovisíveis aos coletores de dados e à sonegação de informação, devido aos mesmos motivos, nosfazem concluir novamente que estes números estejam muito subestimados. Considerando umaprodução de 2 milhões de exemplares ao ano e um valor médio de 2 reais por indivíduo, areceita total estimada para esta atividade, na primeira comercialização seria de, no mínimo,R$4.000.000,00 por ano.c11) Sociologia da Pesca OrnamentalOs pescadores de peixes ornamentais ou são moradores das cidades da região ou fixamresidências nas áreas próximas aos pesqueiros como forma de otimizar o acesso aos locais detrabalho. Os que atuam na região a montante de Altamira moram geralmente em Altamira(66%). Os que atuam na região de Belo Monte moram nesta localidade (10%) ou em outrasvilas e comunidades dos municípios de Vitória do Xingu e Senador José Porfírio (24%). Estespescadores normalmente não são donos das terras onde fixam residência, mas já residem nasáreas invadidas há pelo menos 4 anos, em alguns casos, famílias inteiras já habitamdeterminadas áreas marginais do Rio Xingu há mais de 30 anos. A qualidade das moradiasreflete a condição de vida deste grupo. Em geral são casas sem energia elétrica - salvo os quemoram na cidade de Altamira – e sem acesso à água tratada, fato que pode justificar aobservação da grande incidência de doenças gastro-intestinais, principalmente entre ascrianças.A etnia dos grupos de pescadores é bem diversa, incluindo brancos, índios e mestiços que em94,8% são casados ou em relações estáveis, apenas 5% são solteiros. As famílias destacategoria de pescadores são bastante numerosas, como outros pescadores artesanais do estadodo Pará, com extremos de até 13 filhos em uma única família e média de 4.Os pescadores podem ser muito jovens (média de idade de 29 anos), ou atuam desde muitocedo nesta atividade, tendo encontrado alguns já com 13 anos de idade. A presença decrianças e adolescentes na atividade é, portanto, bastante comum. Os pescadores entrevistadosatuam na atividade, em média, há pelo menos 12 anos. A grande maioria é natural de Altamiraou dos municípios de Brasil Novo e Senador José Porfírio, totalizando 93% dos entrevistados.Apenas 7% dos pescadores são naturais de outros estados do Brasil, como Maranhão eParaná.Os pescadores trabalham na pesca em período integral ou, às vezes, parcial, alternando apesca ornamental com a pesca de consumo e com a agricultura. Também existem pescadoreseventuais, que participam da atividade ocasionalmente para capturar peixes de maior valor,quando precisam de um reforço na renda familiar. Os pescadores que moram em Altamirapossuem melhores condições de vida e nível de renda. Neste caso, a maioria deles (72%) é6365-EIA-G90-001b 247 Leme Engenharia Ltda


detentor de uma embarcação própria, geralmente uma “rabeta”, utilizada para pescar.Os pescadores mais experientes conduzem seus filhos ou filhos de amigos ou conhecidos naatividade; nestes momentos estes funcionam como multiplicadores da prática, embora muitospais tenham expectativas diferentes quanto ao futuro dos filhos. Muitos acreditam que ainsalubridade das pescarias de peixes ornamentais não garante condições dignas de vida.Apesar da sua importância como base da cadeia produtiva, os interesses dos pescadores nãosão muito bem representados na sociedade nem na política, o que faz com que poucasdemandas sejam encaminhadas para garantir reformas que garantam melhores condições decaptura e comercialização. Poucos pescadores (40%) são associados às colônias de pescadoresdos municípios de Altamira (Z-57) e Vitória do Xingu (Z-12). Neste caso, eles se declarampescadores de peixes para consumo, uma vez que a categoria de pescadores de peixesornamentais não existe no âmbito da colônia de pescadores. Entretanto, mesmo os que sãocadastrados na colônia normalmente estão inadimplentes com as mensalidades. Em umatentativa de superar este problema, foi criada uma associação de pescadores de peixesornamentais em Vitória do Xingu, porém a mesma parece estar, no momento, desativada,apesar de que os pescadores entrevistados não souberam informar o motivo.Conflitos de todos os tipos são comuns entre os pescadores de peixes ornamentais (FIGURA7.8.4.1- 69). Comentários sobre disputas entre atravessadores ou exportadores são as maisfreqüentes. Em alguns casos, denúncias informais de graves de agressões pessoais foramrecebidas pela equipe deste estudo. De maneira geral, foram identificados conflitos em váriasesferas, dentre as quais as relacionadas à cadeia de comercialização parecem ser as maisevidentes. A falta de conhecimento sobre o destino dos produtos da pesca, a dependência doatravessador e, conseqüentemente, a pouca valoração do produto, a falta de organizações declasse, o desconhecimento dos seus direitos e da legislação são temáticas muito discutidasentre os pescadores. Agregou-se a esta lista a carência de pesquisas que reflitam o status daexplotação dos estoques e esforço pesqueiro, que impedem validar a legislação vigente e suasproibições, bem como a falta do monitoramento da atividade, para acompanhar as tendênciasda produção ao longo do tempo.6365-EIA-G90-001b 248 Leme Engenharia Ltda


Cadeia decomercialização-Dependência do atravessador-Origem/destino do produto-Renda per capitaSubsídio científico-Status de exploração-EsforçoOrganização social-Representação de classeCONFLITOSRelação de trabalho-Direitos/Deveres-Trabalho infantilManejo-Legislação não contextualizada-Avaliação da gestão-CapacitaçãoFIGURA 7.8.4.1- 69 - Esquema dos principais conflitos e carências observadas na pesca depeixes ornamentais no médio Rio Xingu.Durante o trabalho de campo, pode-se sentir um clima de desconfiança ou mesmo revolta, emrelação à presença da equipe de Ictiofauna nos pesqueiros. Isto porque, segundo relatado,alguns pesquisadores anteriormente realizaram pesquisas na região e pouco tempo depoisdisso, surgiram portarias do IBAMA proibindo a captura de acari zebra (Hypancistrus zebra)e da arraia preta (Potamotrygon leopoldi), duas espécies consideradas “carro chefe” daprodução, pela sua rentabilidade. Assim, ficou a impressão que o aumento de conhecimentoscientíficos poderia significar maior restrição à atividade, o que não é naturalmente desejadopor eles. Da mesma forma, em alguns locais de desembarques os pescadores receberam ordemdos comerciantes para não responder às entrevistas de pesquisadores, sobre a produção.Acredita-se que essas atitudes remetem a relacionamentos errados entre a academia e o setorprodutivo. Isto dificultou muito o trabalho de monitoramento, que foi realizado com sigilo emuitas vezes às escondidas. Assim, estes conflitos latentes devem ser considerados nasfuturas ações de projetos na região e nas estratégias de inserção regional.c12) Ordenamento da Pesca OrnamentalA pesca de ornamentais é alvo de muitas discussões entre grupos de trabalho por se tratar deuma atividade que gera um lucro que é relativamente desconhecido. Muitas empresas queatuam no ramo acumulam grandes quantidades de notificações (multas), que normalmenteestão relacionadas ao transporte de animais sem nota fiscal licenciada pelo mesmo órgão. Asmultas têm valores de R$500,00 a R$50.000,00 dependendo da espécie e as quantidades damesma transportada de forma ilegal.Não existe, até o momento, uma licença exclusiva para ser outorgada aos pescadores depeixes ornamentais; apenas alguns trabalhadores são registrados como pescadoresprofissionais no IBAMA. Isto demonstra a inadequação da legislação e o descaso para estacategoria de pescadores, já que, na realidade, o tipo de pesca no qual são registradoscorresponde à captura de pescados que serão transportados e comercializados mortos(salgados ou congelados-resfriados), para o consumo e não vivos para aquários ou museus.Em relação às normas de ordenamento, em 1989, a exportação de peixes capturados no Brasilera regulada por uma lista, publicada pela SUDEPE (Superintendência do Desenvolvimento6365-EIA-G90-001b 249 Leme Engenharia Ltda


da Pesca). Este documento listava como proibidas para aquários somente aquelas espécies queeram utilizadas na alimentação humana. Quando foi criado o IBAMA (Instituto Brasileiro deMeio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), esta lista foi abandonada e uma nova lista(Portaria no.1 de 20.12.1989) contendo 45 espécies permitidas foi elaborada, sendo todaspertencentes a 5 gêneros (Ancistrus spp., Peckoltia spp., Corydoras spp., Otocinclus spp. eHyphessobrycon spp.). Pouco depois várias adições elevaram o total de espécies para 79, commais 7 gêneros (Portaria no. 477 de 14.03.1990). Após dois anos, uma nova lista surgiu(Portaria no. 62N de 10.06.1992) que continha 172 espécies e 3 gêneros permitidos para acaptura. Atualmente, esta vigente a IN-MMA 13 de 09 de junho de 2005, com 180 espéciesque têm sua comercialização e exportação permitidas no Brasil (Anexo 7.8.4.1-10).Adicionalmente, como já mencionado antes, existe também uma portaria (IN MMA nº 5 de 21de maio de 2004) que proíbe a captura do acari zebra e da arraia preta, por serem consideradasespécies ameaçadas de extinção. Com a entrada em vigência desta proibição, os pescadoresdeclaram que a atividade passou por momentos de intenso declínio, pois considerameconomicamente insustentável a continuação do extrativismo com base apenas nas demaisespécies.Durante os acompanhamentos das pescarias e nas visitas a atravessadores foram encontradasespécies sendo coletadas ou comercializadas, que não constam na atual instrução normativado IBAMA, como é o caso do acari boi de bota (Panaque nigrolineatus), acari marrom(Hypancistrus sp. “marrom”) e acari pão (Hypancistrus spp.), dentre outros. Esta última éuma das espécies mais freqüentemente capturadas. Além disso, no exame das fichas deregistros realizados no IBAMA, preenchidas para autorizar a exportação dos indivíduos,foram verificados inúmeros nomes científicos que não correspondem aos nomes conhecidospela literatura. Estes fatos alertam para o enorme caos de regulamentação e de controle, sob oqual está ocorrendo a exportação destes peixes vivos para o exterior. Em um país que sepreocupa tanto com a conservação da sua biodiversidade, bem como em evitar a “biopirataria”,este descontrole da exportação de peixes do Rio Xingu, parece absolutamenteinconsistente com a política de proteção ao patrimônio genético brasileiro.7.8.4.1.9 Outros Usos da Ictiofaunaa) IntroduçãoA utilização dos recursos pesqueiros nos centros urbanos da região, seja como fonte dealimento, renda ou lazer identifica a cidade de Altamira e arredores como uma de suasprincipais características regionais. A importância do pescado na vida dos moradores pode sermedida a partir de atividades tais como o consumo de alimentos ou a pesca amadora. NaAmazônia, o consumo de pescado per capita já foi aferido em diferentes trabalhos.Estimativas tomadas em comunidades ribeirinhas (CERDEIRA et al., 1997; BATISTA et al.1998; FABRÉ & ALONSO, 1998) e em cidades do interior da Amazônia Central (BATISTA,1998), indicam uma taxa de consumo médio de pescado inteiro que varia entre 400 e 800g percapita.dia -1 e um abastecimento urbano no interior bastante variável, entre cerca de 60g percapita.dia -1 em Parintins e cerca de 160g per capita.dia -1 em Itacoatiara.Este item investiga o uso dos recursos pesqueiros nas cidades, através de três diferentesabordagens: i) comercialização de pescado na cidade de Altamira ii) consumo de pescadopelos moradores de Altamira e iii) pesca amadora na região.6365-EIA-G90-001b 250 Leme Engenharia Ltda


) Material e MétodosNo mês de dezembro de 2007, foram entrevistados os responsáveis ou donos de 30restaurantes da cidade de Altamira. Este levantamento representou praticamente 100% dosrestaurantes de maior tamanho e de maior visibilidade, representados por todos os da orla,praticamente todos os encontrados no centro urbano e pelo menos 50% dos menoresempreendimentos encontrados na periferia. Existem algumas famílias que oferecem serviçosde alimentação em locais de pouca visibilidade e provavelmente pouca representatividade, noque se refere ao volume de comercialização. Alguns restaurantes afirmaram não comercializarpeixes no seu cardápio e por isso foram excluídos da análise.Nessas entrevistas, foram investigadas questões relacionadas com a culinária que utilizapescados, bem como os volumes comercializados de pescados por estes estabelecimentoscomerciais. Os valores somados do consumo por item, em todas as refeições de cada diaforam divididos pelo número médio de comensais em cada dia, para obter a taxa de consumodiária per capita, daquele item. Valores médios foram posteriormente calculados ecomparados com auxílio de análise de variância.Também foi realizado um estudo sobre a quantidade de alimento ingerido e as fontes deproteínas na alimentação dos habitantes da Ilha da Fazenda e da cidade de Altamira, visandotestar hipótese sobre a importância do pescado na dieta das famílias da região. Para tal, foramselecionadas residências de moradores da Ilha e da cidade de Altamira, buscando lares ondehouvesse pessoas com capacidade e disponibilidade de pesar e anotar todos os itens de origemanimal, consumidos durante 7 dias consecutivos. Cada dia da semana foi considerado umaréplica do consumo da família. A pesquisa na ilha da Fazenda foi realizada na estação seca ena estação chuvosa, entre 22 e 28 de setembro de 2007 e entre 26 de fevereiro a 6 de marco de2008, respectivamente. Para a cidade de Altamira, as coletas sobre o consumo de proteínasforam feitas de 7 a 16 de dezembro. Diariamente, os responsáveis por esta pesquisaregistravam em formulário específico (Anexo 7.8.4.1-11) o total de alimentos de origemanimal, ingeridos em todas as refeições. Para a pesagem dos alimentos, foram fornecidasbalanças de mesa, de simples manuseio. Em cada residência houve um pequeno treinamento eposterior acompanhamento das primeiras pesagens, certificando a capacitação para aatividade.No caso das 20 famílias de Altamira, estas foram distribuídas em quatro estratos: dois deacordo com o local da moradia (um grupo que mora perto da beira do rio e do mercado eoutro grupo que mora longe do centro da cidade), e dois estratos de acordo com a renda (alta ebaixa renda). Esta estratificação parte da hipótese de que a acessibilidade do produto (perto domercado e do porto) e o nível de renda afetam o consumo de proteínas e, especificamente, oconsumo de pescado.Os alimentos foram classificados em várias categorias, a saber: carnes (pescado, carne de boi,frangos, carne de porco, conservas, etc.), leite e ovos. A quantidade de leite foi medida emgramas, quando se tratava de leite em pó, ou transformada em peso, quando se tratava de leitelíquido, de acordo com as especificações de conversão dos produtos lácteos em pó maiscomuns no mercado (1 litro = 130g). Os ovos foram convertidos a peso (50g = 1 ovo detamanho médio), segundo Souza et al. (2007). Os ovos de tracajá foram convertidos a peso (1ovo = 23,97g) segundo Lima (2007). Em cada residência foi escolhido um membro da família6365-EIA-G90-001b 251 Leme Engenharia Ltda


para realizar este trabalho, que após um treinamento, ficou responsável pela aferição epreenchimento dos formulários durante os sete dias.Ao todo, foram preenchidos 244 formulários, sendo 120 em Altamira e 124 na Ilha daFazenda, com a participação de 38 famílias (de 4 a 5 membros em média), 10 na Ilha daFazenda e 18 na cidade de Altamira (QUADRO 7.8.4.1- 27).QUADRO 7.8.4.1- 27Número de amostras realizadas para investigar o consumo de fontes de proteínas nas famíliasde AltamiraEstação do anoComunidade Condição Seca Enchente Cheia TOTALPerto do rio/classe alta 25 25Altamira Perto do rio/classe baixa 27 27Longe do rio/Classe alta 35 35Longe do rio/Classe baixa 33 33Ilha da Fazenda Perto do rio/Classe baixa 67 57 124TOTAL 67 120 57 244Para o estudo da pesca amadora foram visitadas as cidades de Altamira, Vitória do Xingu,Vila Nova e Senador José Porfírio, além da comunidade de Nossa Senhora de Nazaré, noIgarapé Tamanduá, município de Vitória do Xingu. Em todos estes locais foram entrevistadosinformantes qualificados para falar sobre as festividades e torneios relacionados com a pescaesportiva. Na cidade de Altamira foram também entrevistados os donos de pousadasdedicadas a este esporte, lojas de insumos e foi acompanhado o torneio do pacu seringa(Mylus rhomboidalis), no mês de abril de 2008. Além disso, dados secundários e da literaturaforam também utilizados.Face à possibilidade de construção das barragens do Complexo Hidrelétrico Belo Monte naregião, os moradores da Ilha da Fazenda e da cidade de Altamira foram questionados sobre oempreendimento e quais os impactos que esta obra poderia acarretar à ilha, ao rio e aosmoradores da região. Além das conversas informais, um questionário foi aplicado para 15pescadores, sendo distribuídos equitativamente entre Altamira, Vitória do Xingu e Ilha daFazenda. O formulário (Anexo 7.8.4.1-12) solicita ao entrevistado que atribua uma nota (entre0 e 10) para situações reais (produção de pescado, renda, etc.), numa perspectiva histórica (5anos antes), presente (situação atual) e futura (5 anos adiante). A aplicação do formulário e aanálise de dados seguiram a metodologia registrada em Isaac e Cerdeira (2003).c) Resultadosc1) Consumo de Alimentos e Fontes de ProteínasA dieta dos moradores da região é composta por 13 itens de proteína animal, classificados em:i) aqueles provenientes de caça (capivara, jacaré, ovos de tracajá e queixada), ii) oscomprados no comércio ou produtos beneficiados (leite, charque, conserva e mortadela), iii)os capturados no rio (peixes, tracajá) e iv) as carnes provenientes de criações (leite, frango,ovos de galinha, lingüiça, mocotó, porco e carne de gado), que não obrigatoriamente sãocriados na ilha.Todo dia são ingeridos produtos de origem animal. O consumo total de proteínas foi de quase6365-EIA-G90-001b 252 Leme Engenharia Ltda


384 g per capita.dia -1 . Os maiores consumos médios foram para os pescados, resultando em112 g per capita.dia -1 , seguidos de carne de gado, e frango com 103 e 64 g per capita.dia -1 ,respectivamente. De acordo com estas informações cada morador da região consome um totalde 41 kg de pescado por ano.Na comparação entre as duas localidades, foram constatadas diferenças no consumo depeixes, caça, carne de gado, conservas e leite (GRÁFICO 7.8.4.1- 72). Os moradores da Ilhada Fazenda comem definitivamente mais peixe e mais caça do que os moradores da cidade. Oconsumo médio de peixes na comunidade foi de 139g per capita.dia -1 e o de caça(principalmente catitu e queixada), foi de mais de 20g per capita.dia -1 . Já em Altamira, oconsumo de carne de gado, leite e conservas foi significativamente mais alto do que nacomunidade. O consumo médio de peixes da cidade foi somente de 85g per capita.dia -1(TABELA 7.8.4.1- 50).De acordo com os mesmos dados, os moradores da ilha comem peixe 3 dias na semana e nacidade somente 2 dias na semana. Os peixes mais consumidos foram o tucunaré, pacu, acari ecurimatã. Frango e carne de gado são consumidos, em média, 2 vezes por semana. Ovos degalinha são consumidos com a mesma freqüência do que pescados, três dias por semana. Otracajá e a caça são consumidos em taxas relativamente altas, de 31 e 18 g per capita.dia -1 , euma vez cada 10 a 20 dias.TABELA 7.8.4.1- 50Consumo diário médio (g.per capita.dia -1 ) de alimentos de origem animal na comunidade deIlha da Fazenda (rural) e na cidade de Altamira (urbano) e valores de F e p resultantes daANOVA.Alimento Consumo total Consumo UrbanoFreqüênciaSemanalUrbanoConsumo RuralFreqüênciaSemanalRuralCaça 20.56 ± 10.55 9.57 ± 11.40 0,23 31,18 ± 17.55 0,85 4,120 0,043Ovos Tracajá 0.56 ± 0.78 0.00 ± 0.00 - 1,10 ± 1.53 0,11 1,944 0,164Conservas 22.19 ± 6.78 33.85 ± 11.94 2,16 10,91 ± 6.25 0,90 11,568 0,001Leite 27.32 ± 7.24 55.46 ± 12.98 4,96 0,08 ± 0.16 0,06 73,767 0,000Camarão 0.78 ± 1.09 1,59 ± 2.22 0,12 0,00 ± 0.00 - 2,080 0,151Peixe 112.25 ± 24.52 84.65 ± 29.92 2,10 138,97 ± 38.43 3,05 4,833 0,029Tracajá 8.93 ± 9.16 0.00 ± 0.00 - 17,57 ± 18.02 0,34 3,605 0,059Sururu 0.82 ± 1.14 1.67 ± 2.32 0,12 0,00 ± 0.00 - 2,084 0,150Gado 102.84 ± 17.12 126.26 ± 26.64 4,61 80,19 ± 21.30 2,71 7,202 0,008Carneiro 0.61 ± 0.86 1,25 ± 1.75 0,12 0,00 ± 0.00 - 2,059 0,153Ovos Galinha 22.20 ± 4.33 19.14 ± 5.27 2,57 25,15 ± 6.85 2,94 1,882 0,171Frango 64.36 ± 18.19 51.21 ± 23.08 1,52 77,09 ± 28.12 1,75 1,970 0,162Porco 0.79 ± 0.95 1.60 ± 1.93 0,18 0,00 ± 0.00 - 2,789 0,096Total 384.21 ± 31.53 386,25 ± 42.04 7 382,24 ± 47.41 7 0,016 0,901Agrupando os tipos de alimentos, os moradores da Ilha consomem quase 156g .per capita.dia -1que extraem do rio, 157g.per capita.dia -1 dos animais de criação, além dos ovos de galinha,32g.per capita.dia -1 que provêm das atividades de caça e somente 10g.per capita.dia -1 deprodutos beneficiados, adquiridos no comércio. Estes índices de consumo reportam àimportância do uso dos recursos naturais e do rio para esta comunidade, cuja subsistênciadepende diretamente da conservação dos mesmos.Fp6365-EIA-G90-001b 253 Leme Engenharia Ltda


60Caça160Carne de Gado200Peixe50140180Taxa Consumo (g/capita.dia)403020100-10Mean±SE±1,96*SEConsumo (g/capita.dia)120100806040Mean±SE±1,96*SEConsumo (g/capita.dia)160140120100806040Mean±SE±1,96*SEUrbanoRuralUrbanoRuralUrbanoRural50Conserva80Leite40Tracajá457035Consumo (g/capita.dia)4035302520151050UrbanoRuralMean±SE±1,96*SEConsumo (g/capita.dia)6050403020100-10UrbanoRuralMean±SE±1,96*SEConsumo (g/capita.dia)302520151050-5UrbanoRuralMean±SE±1,96*SEGRÁFICO 7.8.4.1- 72 - Comparações do consumo médio (g per capita.dia-1) de carne decaça, carne de gado, peixes, conservas, leite e tracajá, entre osmoradores da comunidade de Ilha da Fazenda e os da cidade deAltamiraOs moradores de Altamira se alimentam, principalmente, de carne de gado, cuja ingestão é de126g.per capita.dia -1 , ou 32% do total. Depois da carne os peixes, o leite e o frango são a baseprotéica da dieta. A caça ocupa quase 2% do total. Camarões, sururu, carne de porco e decarneiro são ocasionais, na dieta dos moradores da cidade O consumo médio de peixes, com84 g.per capita.dia -1 , é 24% inferior ao observado na comunidade da Ilha da Fazenda(GRÁFICO 7.8.4.1- 72). Esta estimativa corresponde a aproximadamente 31kg por ano.O consumo de leite e de carne de gado ocorre em 5 dias da semana. A carne de gado éconsumida uma vez cada dois dias. Peixe, frango, conservas e ovos de galinha sãoconsumidos duas vezes por semana.Comparando os estudos realizados na Ilha da Fazenda e na cidade de Altamira, conclui-se queo pescado é um importante alimento para o suprimento dietético dos moradores da região. Oconsumo anual estimado entre 41 e 31kg por pessoa, para a cidade e para as comunidadesribeirinhas, é muito alto, representando mais do dobro do que a média mundial, deaproximadamente de 15kg per capita.ano -1 (DELGADO et al., 2003).As comparações entre os diferentes estratos amostrados na cidade de Altamira demonstraramdiferenças significativas (F 1,118 =5,70; p=0,0185) no consumo de pescado. Mesmo sendo nacidade, a população de baixa renda consome duas vezes mais quantidade de pescado do que apopulação mais favorecida, o que novamente demonstra a importância social e econômica dopescado na região, no fornecimento de condições de alimentação saudável para as camadasmais desfavorecidas da sociedade (GRÁFICO 7.8.4.1- 73). Nenhuns dos outros itensalimentares encontrados na dieta apresentaram diferenças significativas em relação a estas6365-EIA-G90-001b 254 Leme Engenharia Ltda


categorias. A classificação das moradias pela distância do centro da cidade ou do rio, nãoresultou em diferenças em relação ao consumo de pescados.180Consumo Pescado (g.per capita.dia -1 )160140120100806040200BaixaRendaAltaMédiaMean±SEMean±1,96*SEGRÁFICO 7.8.4.1- 73 - Comparação das médias, erro padrão e IC das taxas de consumo depescado das famílias de Altamira de acordo com o nível de renda.Em relação às preferências de espécies, apenas para o curimatã o valor de p do teste foi muitopróximo de 0,05, indicando que esta espécie é consumida preferencialmente pelas populaçõescom menor nível de renda.As comparações entre diferentes estações do ano, feitas pra os dados da Ilha da Fazenda,indicaram consumos ligeiramente maiores de carne de caça, tracajás e peixes durante o verãoe carne de gado, durante o inverno, mas o resultado do teste não demonstrou diferençassignificativas.c2) Consumo de Pescado nos Restaurantes de AltamiraO município de Altamira apresenta uma culinária que destaca a presença do peixe nos pratosservidos nos comércios da sede, o que indica as preferências alimentares dos moradores evisitantes da cidade.O fornecimento dos pescados nos restaurantes é feito de forma oportunística, pelosvendedores de peixe, que por sua vez compram o pescado na hora do desembarque nos portosda cidade, ou então é adquirido na feira, no centro da cidade, de acordo com a demanda domomento e oferta de preço. Dos 30 restaurantes abordados, apenas 4 citaram que compramsempre de um único vendedor.Nos restaurantes visitados, o prato mais comumente consumido é o “filé de peixe”.Aparentemente, há uma preferência local pelo peixe filetado e rara vez os clientes consomempostas ou peixes inteiro. Apesar da maioria dos pratos serem feitos à base de filé, a maiorparte dos restaurantes compram o peixe inteiro e filetam o produto no próprioestabelecimento. Isto por uma questão econômica, uma vez que o pescado filetado custaaproximadamente 2 vezes mais que o peixe inteiro.A espécie preferida pelos consumidores é o tucunaré, Cichla spp, que representa 38% dovolume adquirido pelos restaurantes, seguido pela pescada com 19% do total. Às vezes,tucunarés e pescadas são vendidos juntos, não podendo ser contabilizadas as quantidades6365-EIA-G90-001b 255 Leme Engenharia Ltda


individuais, e esta categoria, onde essas duas espécies estão agregadas, contribuiu com 19%do volume comercializado (GRÁFICO 7.8.4.1- 74). Além do tucunaré e da pescada, foramregistradas outras espécies como: acari, dourada, filhote, pacu, pescada amarela (espéciemarinha, trazida de Belém), pirarara, pirarucu e surubim. Considerando esta lista e adistribuição de algumas dessas espécies como o pirarucu e a dourada, que só ocorremembaixo das cachoeiras e a pescada amarela que é uma espécie marinha, percebe-se que ospeixes adquiridos também procedem de outros mercados como Belém e Vitória do Xingu.GRÁFICO 7.8.4.1- 74 - Distribuição da compra de pescado nos restaurantes de Altamira porespécie.Os preços médios de compra de pescado inteiro variaram de R$3,00 até R$6,10 kg -1 ,dependendo da espécie. O maior valor (R$6,10) foi pago foi pelo tucunaré, seguido pelapescada (R$5,40) e o menor preço (R$3,00) ficou por conta do acari e da pirarara. O menorpreço por kg do filé foi para o filhote e a pescada, com cerca de R$12,00; o tucunaré custouR$13,00 kg -1 , sendo que o maior valor foi registrado para o filé do pirarucu que chegou aR$14,00 kg -1 (TABELA 7.8.4.1- 51).De acordo com estes resultados, o consumo de pescado através dos restaurantes de Altamiratotalizou mais de 5,5 toneladas, para o mês de dezembro, sendo quase 60% inteiro, 38% emfile e 2% em postas. Este volume corresponde a um valor equivalente a quase R$45.000,00.Considerando um fator de aproveitamento de 30% para o filé de pescado (OGAWA; MAIA,1999), deve-se agregar a esta produção ainda 4,8 toneladas de desperdício no processo defiletagem, o que resulta em um total de mais de 10 toneladas por mês e um valor totalcomercializado de cerca de R$70.000,00 para esse mês. Se esta produção fosse constante aolongo do ano, o volume de pescado comercializado através dos restaurantes seria de 120 t.ano -1 , correspondendo a R$ 840.000,00. Esta produção representa aproximadamente 10% do totaldesembarcado nos portos da cidade, segundo estimado anteriormente neste trabalho. Contudo,respeitada a sazonalidade dos recursos pesqueiros, espera-se que o uso destes recursos sejamais intenso durante os meses de maior pluviosidade, aumentando ainda mais os valoresestimados em dezembro.Cada prato utiliza em seu preparo cerca de 475g de pescado e custa, para o consumidor, emmédia, R$11,40. Considerando que são comercializadas, em média, 9 refeições por diacontendo peixes, para 30 restaurantes, tem-se um consumo de 128,35kg.dia -1 ; assumindo 26dias de trabalho por mês e esta média de vendas, tem-se que em 12 meses serãocomercializados cerca de 84.240 refeições, que consumirão mais de 40 toneladas de pescado erenderão aos restaurantes cerca de R$964.080.ano -1 de receita bruta.6365-EIA-G90-001b 256 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 51Quantidade de pescado adquirido pelos restaurantes do município de Altamira por espécie eforma de comercialização e seus respectivos valores para o mês de dezembro de 2007.ESPÉCIESTIPOQUANTIDADE(KG)PREÇO MÉDIO(R$.KG)VALOR(R$)Acari inteiro 180 3 540 3.3Dourada filé 48 13 624 0.9inteiro 81.2 5 406 1.5Filhote filé 112 12 1344 2.0inteiro 60 5 300 1.1Pacu inteiro 138 5 621 2.5Pescada filé 195.6 12 2335 3.6inteiro 790 5 4246.3 14.4posta 60 6 360 1.1Pescada amarela filé 32 16 512 0.6Pirara inteiro 40 3 120 0.7Pirarucu filé 140 14 1960 2.5Surubim inteiro 70 3 236.3 1.3Tucunaré filé 746 13 9511.5 13.6inteiro 1256 6 7650.2 22.9posta 82 6 492 1.5Tucunaré/Pescada filé 630 12 7434 11.5inteiro 400 5 2100 7.3Vários filé 160 12 1920 2.9inteiro 272 7 1904 5.0Total geral 5493 44616 100C3) Pesca Esportiva e LazerA pesca amadora ou esportiva é um componente do ecoturismo, entendido como uma formaalternativa de lazer, na qual os elementos naturais e culturais são foco principal de atração eatenção do viajante. Esta atividade é geradora de uma cultura conservacionista e éconsiderada como um dos mais importantes vetores para o desenvolvimento sustentável. Hojeem dia, o ecoturismo é um dos setores com maior índice de crescimento econômico nomundo, movimentando cerca de US$ 3,5 trilhões.ano -1 e 300 milhões de empregos. Nospróximos anos, estima-se um incremento de aproximadamente 10% para este setor (MMA,1995).Na região de estudo, o ecoturismo existente é focado, principalmente, para a pesca amadoraou esportiva. Ou seja, tratam-se de turistas ou moradores da região que utilizam os recursospesqueiros com a finalidade de lazer. Contudo, todas as fontes consultadas concordam queesta atividade ainda tem um grande potencial de desenvolvimento na região, sendo hoje emdia ainda muito tímida e desorganizada.• Torneios de pescaNas visitas ao campo foram detectados 4 torneios de pesca esportiva, sendo o maior o torneiodo pacu seringa, em Altamira no mês de abril, seguido pelo Festival do Caratinga, em janeiro,6365-EIA-G90-001b 257 Leme Engenharia Ltda%


em Senador José Porfírio (QUADRO 7.8.4.1- 28).QUADRO 7.8.4.1- 28Torneios de pesca esportiva detectados na região de estudo.Localidade Data Espécie alvo Nr. departicipantesAltamira Abril Pacu seringa 300 (2008)Senador José Porfírio Janeiro Caratinga 20-30 (2008)Vila Nova Junho Curimatã 1000Nossa Senhora de Nazaré Abril Pacu (todas asespécies)5-10O torneio de pacu seringa (Mylus rhomboidalis) na cidade de Altamira vem sendo realizadodesde o ano de 1999 na cidade, com algumas interrupções em 2002 e 2003. Desde 2004, oevento vem sendo executado pelo Xingu Praia Clube de Altamira. Neste ano, mais de 300participantes se inscreveram no torneio, sendo 10% de fora da região (principalmente, PA,MG, SP, ES, GO, TO, AM). Cada equipe, composta de 3 pessoas, pagou uma taxa deR$150,00 para concorrer. Estima-se que uns 800 exemplares dessa espécie foram capturadosno dia da pesca, entre as 5:00 e as 18:00 h, com caniços e linhas e utilizando a fruta da seringacomo isca. O torneio vem sendo discutido no Conselho Municipal de Turismo, que estábuscando incorporar às regras o sistema de “pesque e solte”, bem como limitar a área deatuação dos pescadores, que hoje é ilimitada ao longo do rio. Isto visa que o torneio signifiquetambém um marco de educação e preservação ambiental na comunidade, evitando ao máximoa mortalidade dos peixes. O evento movimenta cerca de 200.000 reais em dinheiro, além daaceleração econômica nos dias anteriores e posteriores do mesmo, através das lojas deinsumos, pousadas e hotéis, passagens aéreas, transporte terrestre e fluvial e outros serviços.Por ser um evento em um clube da cidade, a quantidade de participantes é ainda limitada.Estima-se que umas 1.500 a 2.000 pessoas participaram este ano das festividades do clube.O torneio do caratinga Geophagus proximus ou G. altifrons, da cidade de Senador JoséPorfírio, ocorre no mês de janeiro, na época em que a espécie é mais abundante. O torneio éorganizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Nele participam aproximadamente30 pescadores, que devem capturar o menor e o maior peixe entre 7:00h e 10:00h com linhade mão, um anzol e minhoca como isca. Somente dois peixes são retirados definitivamente dorio. Os peixes intermediários, que não atendem aos critérios, são descartados e devolvidos aorio. O evento movimenta pelo menos 150.000 reais, que é o investimento da Prefeitura, alémdo aquecimento da economia local, que favorece restaurantes, hotéis e pousadas, dentreoutros. Estima-se que a cidade receba aproximadamente 10.000 visitantes nessa época, o quesignifica o dobro dos moradores locais.A festa do curimatã, Prochilodus nigricans, na Vila Nova, no município de Senador JoséPorfírio, também é uma atividade relacionada com a pesca. Esta festividade não contemplaum torneio, mesmo porque esta espécie não pode ser capturada com linha e anzol. Contudo, acomunidade prepara para o evento todo tipo de refeições e receitas contendo o curimatã, queos visitantes podem degustar ao longo de um final de semana entre os meses de junho e julho.Cada refeição é vendida a R$1,50. Participam da festa cerca de 1.000 pessoas (500 visitantese 500 locais). No último ano, foram arrecadados quase 4.000 reais, resultando em um lucro deR$1.200, investidos em melhorias da igreja da comunidade.6365-EIA-G90-001b 258 Leme Engenharia Ltda


Uma festividade pequena é realizada na comunidade de Nossa Senhora de Nazaré, também deSenador José Porfírio, às margens do Igarapé Tamanduá, que focaliza a pesca de pacus dogênero Myleus. Desde 2007, no final do mês de abril, alguns pescadores capturam os pacusdurante duas horas, de 9:00h a 11:00h. Após o torneio, que premia os maiores peixes, há umjogo de futebol, uma festa dançante e outras atrações populares. O lucro obtido com afestividade, no último ano, foi de 1.200 reais, os quais foram investidos na escola dacomunidade.Concluindo, observa-se que as festividades e torneios de pesca, mesmo que ainda incipientes,tem um potencial relativamente amplo para crescimento. Isto é verdadeiro em função daenorme abundância de recursos ícticos do rio e das belezas naturais da região, que incentivamo turista.Além dos torneios relacionados com a pesca esportiva, outras festividades atraem os turistaspara a região, o que implica indiretamente certa pressão sobre os recursos naturais,particularmente os recursos pesqueiros e as praias. Destaca-se, as festividades de SãoSebastião, em janeiro, o Carnaval, vários enduros ciclísticos e motociclísticos, a FeiraAgropecuária, e o festival de grupos folclóricos, todos da cidade de Altamira.• Infra-estrutura e ComércioA pesca esportiva na região é praticada também durante boa parte do ano por turistas isoladosou em grupos que vêm de várias localidades, inclusive do exterior, para pescar no rio Xingu.Além disso, a pesca esportiva é uma tradição cultural e ocupa nos finais de semana e nasférias os próprios moradores das cidades da região, particularmente Altamira, mas tambémBrasil Novo, Medicilândia e outras. O período considerado mais movimentado é o verão,entre os meses de junho e dezembro, mas eventualmente visitantes podem vir também naestação mais chuvosa. Os turistas focalizam as suas capturas para espécies tais com o tucunaré(Cichla sp), a pirarara (Phractocephalus hemioliopterus), a cachorra (Hydrolicus armatus),surubim (Pseudoplatystoma fasciatum), e outros de menor importância. A região conta comduas pousadas na beira do rio, que se dedicam a receber este tipo de turismo.A Pousada Salvaterra (FIGURA 7.8.4.1- 70), a uns 60 km a montante de Altamira, temcapacidade para quase 40 pessoas, em 5 chalés, mas já fez acampamentos com quase 400pessoas. Os visitantes podem realizar passeios em trilhas, viagens de barco ou voadeira, compilotos e embarcações fretados de Altamira, além de visitar as belezas naturais da região,degustar as comida típica e receber atendimento personalizado. O local atende tanto turistasestrangeiros como brasileiros e, muitas vezes, turistas regionais de Brasil Novo, Uruará eoutros municípios próximos. Um tempo atrás, os freqüentadores eram preferencialmenteturistas japoneses, que contratavam pacotes de uma semana de pescaria, com tudo incluído, aum valor de aproximadamente R$3.600,00 por pessoa.6365-EIA-G90-001b 259 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 70 - Fotografias da posada Salvaterra e suas atividades culinárias e depesca esportiva relacionadas com o uso dos recursos ícticos.(Fotografias cedidas pelos responsáveis da Pousada).A pousada Rio Xingu (FIGURA 7.8.4.1- 71) está localizada no final da Volta Grande, emuma região bastante isolada e bonita do rio, pela abundância de corredeiras e cachoeiras. Oempreendimento possui uma lotação de 20 pessoas em apartamentos duplos, além dasdependências de cozinha, salas de estar e piscina. É visitada quase exclusivamente por turistasde outros estados (principalmente SP, e MG) e do exterior (principalmente, USA). Recebeaproximadamente 200 hóspedes por ano no período de safra, durante a estação mais seca. Acaptura ocorre no rio Xingu e é realizada com linhas e caniços e os princípios do “pesque esolte” são bem restritos. Isto porque não é permitida a retirada de nenhum exemplarcapturado, fora da área do sítio. Desta forma, somente são extraídos do rio os peixes queservirão para a alimentação dos hóspedes e funcionários da pousada. A pousada oferece osserviços de 10 guias e possui 8 voadeiras, que realizam excursões para pescar. Ostrabalhadores do empreendimento são, na sua maioria, moradores da região. A pousadaoferece pensão completa e todos os insumos para a pesca. O pacote de uma semana custaR$3.200,00 por pessoa e permite a pesca em toda a área exclusiva do sítio.FIGURA 7.8.4.1- 71 - Fotografias da Pousada Rio Xingu, empreendimento do sítio pesqueiroda Volta Grande. (Fotografias cedidas pelos responsáveis da Pousada)A pousada Rio Xingu tem como particularidade o fato de estar localizada em uma áreaprotegida, denominada “Sítio Pesqueiro Turístico Estadual Volta Grande do Xingu”. Um sítiopesqueiro é um espaço territorial de domínio público, especialmente protegido, para promovero manejo sustentável e o desenvolvimento de atividade de lazer, cultura e turismo ecológico,através de um empreendimento privado. Esta categoria de divisão territorial é amparada nosartigos 73, 75 e 76 da lei estadual 5.887, de 09.05.95 e conforme determina a lei estadual Nº6.167, de 07.12.98, o decreto estadual Nº 3.551/99 e o decreto estadual Nº 3.553/99. O sítiofoi decretado pelo governo do Estado, de acordo com a resolução do Coema Nº30, de 014 dejunho de 2005. Para tal usaram-se como documentos os estudos de prospecção realizados portécnicos da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará. O sítio possui, teoricamente,6365-EIA-G90-001b 260 Leme Engenharia Ltda


espaço para três empreendimentos, ao todo, mas apenas um atua no momento. Deve-seressaltar que o sítio ainda não possui um plano de manejo, apesar de ter sido decretado háquase três anos. Para sua implantação não foi realizado um estudo de impacto e nem foramregistradas as atividades ou pessoas que iram ser afetadas negativamente pela criação destareserva.Estes fatos ignoraram, portanto, a existência de pescadores comerciais (de consumo eprincipalmente ornamentais) que usava essa área para suas atividades geradoras de renda.Assim, não é de estranhar que diversos conflitos tenham sido registrados na região, devido aoquestionamento dos pescadores sobre a legalidade do sítio, por um lado, e ao zelo com quesão resguardados os direitos do empreendimento por parte das autoridades fiscalizadoras.Recentemente, este sítio pesqueiro foi questionado pelo Ministério Público Federal, por seentender que a proibição da entrada de pescadores nas águas do rio, violava os direitosbásicos da comunidade ribeirinha local e de indígenas, que tradicionalmente habitam a regiãoe utilizam o rio como meio de subsistência. Ao serem impedidos de trafegar na área e usufruirdos recursos naturais necessários à sua sobrevivência o juiz entendeu que este sítio atuava deforma inconstitucional. Contudo, este questionamento não teve sucesso e o sítio continua suasfunções, apesar dos conflitos por ele gerados.Até alguns anos atrás, existia também outra pousada de nome Tabaquara a montante deAltamira, que trabalhava exclusivamente com turistas europeus, e possuía um acordo com aFUNAI para favorecer as tribos indígenas na região através da extração de óleos e essências,que eram exportadas para a firma “Bodyshop” de Inglaterra. Por desentendimentos com asautoridades brasileiras indigenistas, esta pousada está sem funcionar e suas instalações foramabandonadas pelos seus donos.Fora as pousadas, a cidade de Altamira conta com uma dezena de hotéis de categoria regular(padrão uma estrela), que atendem ao turista regional. Há duas empresas (uma associação euma empresa) que possuem pilotos e embarcações, para a realização de viagens de pesca oude turismo. Ao todo, estas empresas possuem 11 barcos e 40 voadeiras com motor de popa,que durante os eventos de pesca esportiva e durante as férias de julho não param de funcionar.Durante os períodos de entressafra, estas embarcações ficam um pouco mais ociosas, sendoocupadas para a pesquisa ou para prospecções realizadas pelos órgãos do governo ouempresas particulares.A cidade também conta com duas lojas que vendem insumos para a pesca esportiva queregistram um faturamento mensal de aproximadamente R$50.000,00 e estimam umatendimento de pelo menos 20 a 30 pessoas vindas de fora da cidade por mês. Além disso,existem uns 30 restaurantes na cidade para atender as exigências gastronômicas dos visitantes.6365-EIA-G90-001b 261 Leme Engenharia Ltda


• Aspectos InstitucionaisO turismo ecológico é considerado uma das grandes potencialidades da região para sair dacrise econômica e da estagnação destes municípios. As belezas naturais e a diversidadeecológica potencializam estes atrativos. Em seminário realizado recentemente, pela Paratur,com 150 representantes de entidades vinculadas ao turismo, a região de Altamira foi escolhidaentre as 10 regiões com maiores atrativos para esta atividade. Este fato determinou que aregião recebesse maior atenção por parte do governo e que os seus pontos de interesseturísticos e eventos, como o torneio de pesca do pacu seringa, fossem divulgados nas páginasoficiais do governo. Institucionalmente, o fato de o governo municipal ter apoiado aimplementação de um Conselho Municipal de Turismo, que possui representantes do setorgovernamental (municipal, estadual e federal), setor produtivo e, inclusive dos pescadoresprofissionais, demonstra o interesse público no desenvolvimento desse setor econômico.Contudo, é opinião geral que os empreendimentos de turismo ecológico e as áreas de lazer dorio (praias, ilhas, pesqueiros) serão ameaçados pelos impactos ambientais do represamento dorio Xingu para a construção do complexo hidrelétrico Belo Monte. Também há consciência,que mesmo sem o empreendimento, os municípios possuem vários problemas estruturais quefreiam o crescimento desta atividade. Dentre estes, destacam-se: as carências nascomunicações com as pousadas do interior (telefonia celular deficiente e conexões deinternet); a falta de transportes regulares de grande porte, devido ao tamanho das pistas doaeroporto; a falta de uma operadora turística nas cidades da região; a falta de bons hotéis erestaurantes de qualidade internacional, a deficiência na segurança das embarcações,considerando as particulares condições de navegabilidade (perigosa) do rio Xingu, dentreoutros.No que diz respeito a pesca amadora, as deficiências institucionais são várias. Além dosconflitos evidentes da pesca profissional com a pesca amadora, que surgiram por conta dainstalação do sítio pesqueiro de uso exclusivo para particulares, destaca-se que não existenenhum controle por parte do governo (nem municipal, nem estadual e nem federal) donúmero de pescadores amadores que pescam na região e de sua regularidade, conforme a lei.A exigência da apresentação de licença de pescador amador é, às vezes, até esquecida, nostorneios de pesca. A fiscalização das regras de pesca amadora é inexistente. Estes indicadoresretratam a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa em relação ao exercício destaatividade.c4) Expectativas da População em Relação ao EmpreendimentoA construção de um empreendimento como o planejado para o rio Xingu tem, sem dúvida,aspectos controversos. As modificações que as obras irão produzir não se limitam àscaracterísticas do meio físico e biótico, mas alteram, principalmente, as condições de vida dascomunidades envolvidas. O uso dos recursos naturais, particularmente dos peixes, por partedas comunidades ribeirinhas, faz parte da cultura mais tradicional da região. Qualquermudança nas formas de vida das mesmas poderá se tornar um elemento considerado negativopara o desenvolvimento do empreendimento. Já os ganhos na qualidade e condições de vidada sociedade na região dependerá da atitude que a mesma demonstre em relação aos impactosdas obras. Uma sociedade ativa e participativa poderá obter maiores vantagens para induzir aodesenvolvimento regional, policiando para que as condicionantes da obra sejam cumpridas eque os programas e projetos garantam a sustentabilidade ambiental do projeto. Estasconsiderações nos levaram a buscar o conhecimento das expectativas das comunidades6365-EIA-G90-001b 262 Leme Engenharia Ltda


moradoras sobre o futuro dos recursos ambientais da região.Quando questionados sobre a vantagem ou desvantagem da construção de umempreendimento do porte da represa hidrelétrica Belo Monte na região, os moradoreslevantaram pontos positivos e negativos, para a economia, para o ambiente e para a qualidadede vida. A população demonstra consciência sobre o fato de que toda intervenção do homemcausa impactos no meio ambiente; mas acreditam que é preciso e possível mensurar os custose os benefícios que podem ser gerados.Uma parcela dos entrevistados (31%) posicionou-se contra o empreendimento, devidoprincipalmente aos danos ambientais que poderão ser causados ao rio, que representa aprincipal fonte de renda e de alimentos da população.Aproximadamente 56% dos entrevistados afirmaram ser a favor da construção das barragens,alegando que esperam ser indenizados pelas perdas que irão sofrer e, quem sabe, podem serremanejados para um lote na estrada Trans-assurini, considerados vantajosos em um cenáriono qual o rio teria um nível bem mais baixo. Percebe-se que moradores têm uma grandeexpectativa de que a qualidade de vida melhore na comunidade com o AHE.Alguns moradores não opinaram (13%), afirmando não saberem nada sobre oempreendimento. Nesse caso, reclamaram muito da falta comunicação dos profissionais quevisitam as comunidades, fazem levantamentos, tiram fotografias, medem, observam, mas nãose identificam ou apresentam à população o seu trabalho.De maneira geral, pode-se observar que existe uma grande falta de informações acerca doempreendimento e suas características, começando pela área que será afetada, até sobre aspossíveis conseqüências, nas áreas de diminuição da vazão e de inundação permanente. Osmoradores não compreendem o que vai acontecer com as pescarias, tanto de consumo como ade peixes ornamentais, atividades consideradas vitais para sua subsistência. Existe apreocupação com a formação de poços de água parada, no setor do rio que irá ficar mais seco,pois sabem que isso irá aumentar os focos de malária.No caso da formação do reservatório, existe a preocupação com o desaparecimento da caça euma enorme insegurança quanto à posição do governo e das empresas, no que se refere aosuporte àqueles que serão afetados pelo empreendimento. Caso haja deslocamentos dosmoradores para as agrovilas, existe o medo de aumentar a marginalidade no local. Manifestampreocupação sobre o futuro daqueles que nasceram nas comunidades e sabem pescar ouexercer algumas atividades voltadas à realidade daquele ecossistema, caso sejamremanejados. A maioria das pessoas imagina que o futuro que lhes aguarda será similar aoque foi relatado sobre a hidrelétrica de Tucuruí, afirmando que lá foram gerados muitosempregos, além de ter agilizado a economia regional. Porém, eles argumentam que têm medoda falta de continuidade destes empregos, já que um dia a construção vai acabar.Quantificando as opiniões dos entrevistados, surge que, no balanço entre os aspectos positivose negativos, estes últimos prevalecem. Como aspectos negativos, os entrevistados afirmaramque com a implantação do empreendimento esperam que ocorra o aumento no preço daenergia, a emissão de mais impostos, o aparecimento de mais doenças e mais problemassociais. Tudo isto deverá gerar mais conflitos na região. Também eles entendem que acomunicação fluvial será mais difícil (particularmente para os moradores da Ilha da Fazenda),6365-EIA-G90-001b 263 Leme Engenharia Ltda


a distribuição de energia será deficiente e, principalmente, acham que haverá menos peixespara serem consumidos pela população. Os impactos negativos são atribuídos comoconseqüência do crescimento populacional, que ocorrerá em função do empreendimento.Dentre os impactos positivos citam a construção de novas estradas e melhoria das jáexistentes, como a Transsurini; esperam que melhorem os serviços de segurança pública eeducação, que se instalem mais comércios nas cidades, que aumentem as oportunidade deemprego e renda e, em fim, que aumentem os indicadores de progresso na região (GRÁFICO7.8.4.1- 75).Comunicação fluvialPeixe para consumoDistribuição de energiaRendaEducaçãoConflitosSegurança públicaDoençasProblemas sociaisEmpregoPreço da energiaProgressoGenteComérciosImpostosEstradas-100% -80% -60% -40% -20% 0%0% 20% 40% 60% 80% 100%GRÁFICO 7.8.4.1- 75 - Opinião dos moradores da região sobre os impactos do AHE BeloMonte. As freqüências representam o total de respostas sobre cadaquesito.Na pesquisa quantitativa sobre as expectativas da população em relação à produção pesqueira,os entrevistados acham que a produção de pescado para consumo humano vem diminuindo norio Xingu, devido aos impactos do aumento do esforço de pesca sobre o ecossistema(GRÁFICO 7.8.4.1- 76). Independente do empreendimento, a expectativa é que essatendência continuará; mas, com chegada da represa, o processo deve se agravar, pois deveráaumentar a demanda por alimentos como o pescado na região.Respostas similares foram dadas, quando questionados sobre a produção de peixesornamentais. Eles indicaram a tendência decrescente no presente e também sua expectativapara o futuro. Alegam que os peixes ornamentais morrerão tanto pela inundação permanente,no reservatório, como pela diminuição da vazão, na Volta Grande. Mais ainda, eles prevêemuma intensa pressão de exploração, na Volta Grande, logo no início da operação, devido àsmudanças no nível do rio, o que deve impelir os pescadores a aproveitar os estoques antes quesuas áreas de pesca sejam reduzidas, pela falta de água.MaisMenos6365-EIA-G90-001b 264 Leme Engenharia Ltda


1098Produção de peixes para consumo76543210Antes Agora DepoisEscala temporalMean±SE±1,96*SEGRÁFICO 7.8.4.1- 76 - Percepção dos pescadores da região em relação à evolução daprodução pesqueira de peixes para consumo, aferida a partir denota concedida pelos entrevistados em Vitória do Xingu, Altamirae Ilha da Fazenda.108Produção ornamental6420Antes Agora DepoisEscala temporalMean±SE±1,96*SEGRÁFICO 7.8.4.1- 77 - Percepção dos pescadores da região em relação à evolução daprodução pesqueira de peixes ornamentais, aferida a partir de notaconcedida pelos entrevistados em Vitória do Xingu, Altamira eIlha da Fazenda.Todos os entrevistados afirmam que a renda média vem diminuindo nos últimos anos. Osentrevistados imaginam que, no futuro próximo, com a instalação da barragem, suas rendas6365-EIA-G90-001b 265 Leme Engenharia Ltda


diminuirão ainda mais. Os entrevistados afirmaram que a renda irá aumentar durante aconstrução do empreendimento com o incremento da demanda de serviços, porém, após aconclusão da represa, existe a crença de que haverá uma grande onda de desempregos e umaregressão econômica na região.8765Renda4321Antes Agora DepoisEscala temporalMeanMean±SEMean±1,96*SEGRÁFICO 7.8.4.1- 78 - Percepção dos moradores e pescadores da região em relação rendafamiliar antes, durante e após a construção do complexohidrelétrico Belo Monte, aferida a partir de nota concedida pelosentrevistados em Vitória do Xingu, Altamira e Ilha da Fazenda.Concluindo, observa-se que a opinião dos moradores e pescadores da região é bastante críticaem relação ao empreendimento. Estas condicionantes devem ser avaliadas para conduzir asações de inserção regional e para atender às expectativas levantadas nas comunidades sobre osimpactos desta obra.7.8.4.1.10 Aspectos Socioeconômicos das Comunidades Ribeirinhas – Estudo de Casoa) IntroduçãoAs comunidades ribeirinhas que habitam as margens do Rio Xingu, possuem uma forterelação com os ambientes fluviais, seja para o transporte e deslocamento de cargas epassageiros como para o uso de seus recursos naturais, particularmente o extrativismopesqueiro.Pelo isolamento das suas comunidades e pela falta de conhecimentos científicos sobre suasatividades, há uma grande deficiência da importância relativa do uso dos recursos pesqueirospelos moradores da região.A Volta Grande do Rio Xingu é uma das regiões do rio que deverá ser mais intensamenteimpactada com a eventual instalação do complexo hidrelétrico Belo Monte. Por isso, conheceras atividades econômicas e a relação dos moradores desta região com os recursos naturais ecom o rio é de vital importância para o diagnóstico ambiental desta região.6365-EIA-G90-001b 266 Leme Engenharia Ltda


O presente item apresenta os resultados de um estudo de caso, realizado na comunidaderibeirinha de Ilha da Fazenda, na Volta Grande do Rio Xingu em setembro de 2007. Otrabalho teve a finalidade de conhecer as atividades geradoras de renda dos moradores dessacomunidade, com ênfase na pesca, bem como descrever as opiniões dos moradores diante doempreendimento.b) Material e Métodosb1) LocalizaçãoA comunidade de Ilha da Fazenda fica localizada em uma ilha fluvial do Rio Xingu e fazparte do município de Senador José Porfírio. A ilha está situada em frente à localidade daRessaca, nas margens do rio, logo abaixo do Arroz Cru e antes do garimpo do Galo, nascoordenadas 03º 33’ 986’’ S e 51º 55’ 492’’ W (FIGURA 7.8.4.1- 72).b2) Coleta de DadosUm estudo de caso na comunidade da Ilha da Fazenda foi realizado de 19/09/07 a 04/10/07,no período seco. Durante esse período, dois pesquisadores conviveram com os moradores dacomunidade, acompanhando todas as atividades por eles realizadas, buscando conhecer osmecanismos de geração de renda, o histórico de fixação dos moradores na região e os padrõesespaciais e temporais de uso dos recursos locais. No período de permanência na ilha, foramvisitadas 39 famílias que são residentes permanentes da mesma.FIGURA 7.8.4.1- 72 - Localização da Ilha da Fazenda, no Rio Xingu, a jusante da cidade deAltamira. (Adaptado do Google Earth).Para o estudo das atividades econômicas, foram acompanhadas, durante dois dias, pescariasde peixes ornamentais. Durante três dias foram realizadas visitas aos lotes de terra, onde aspessoas realizam atividades agrícolas e extrativistas e em uma oportunidade foi acompanhadaa atividade de caça e a captura de tracajá. Também foram visitados três garimpos de ouro eobservadas atividades de sete balsas que estavam trabalhando na região próxima da ilha.6365-EIA-G90-001b 267 Leme Engenharia Ltda


Entrevistas na comunidade foram também realizadas na maioria das famílias que moram nailha, representantes da igreja, associações, escolas e lideranças comunitárias. Nosacompanhamentos e entrevistas foram realizados registros de áudio e fotográficos.c) Resultadosc1) HistóricoA região da Volta Grande foi habitada tradicionalmente por comunidades indígenas. Osprimeiros habitantes brancos da região se instalaram à margem do Rio Xingu, onde fica hoje acomunidade da Ressaca. Isto porque desde a margem havia mais facilidade para a conexãocom as demais localidades da região. Porém, os conflitos com os índios Kayapós, que alihabitavam, levaram os colonos a abandonar essa margem e atravessar para a ilha, fundando acomunidade da Ilha da Fazenda, no final da década de 20.Após isso, a segunda onda de colonização da região ocorre por volta das décadas de 30 e 40,quando vários projetos do governo foram implementados para a fixação de trabalhadores daterra, na região. Dentre eles, destaca-se o projeto denominado “soldados da borracha” queincentivava a fixação de agricultores que plantavam seringa na Ilha da Fazenda e os quaistambém iniciaram a produção de castanha do Pará. Posteriormente, foi a vez da caça do gatodo mato (Leopardus tigrinus), o qual foi intensamente capturado para a comercialização desua pele por vários anos.Por volta dos anos 40 iniciou-se também a atividade dos garimpos na região. A Ilha daFazenda concentrava estes trabalhadores que buscavam ouro no fundo do rio, na região daVolta Grande, e ficavam morando na comunidade, onde ocorria o comércio do ouro. Nestaépoca, a ilha recebeu um grande contingente de pessoas que, direta ou indiretamente,participara da movimentação do capital oriundo da extração do ouro.Com o declínio dos recursos minerais, iniciou-se o ciclo econômico da pesca de peixesornamentais, com ênfase nos pequenos acaris, da família Loricariidae, mas também algumasespécies de arraias (Potamotrygon spp). Esta atividade desenvolveu-se amplamente, até a suaregulamentação, pelas autoridades ambientais, que estabeleceram cotas de captura para certasespécies consideradas ameaçadas de sobrepesca entre 2003 e 2005.Após esse ano, ocorreu a proibição de captura de todo tipo de arraias e do acari zebra(Hypancistrus zebra), recursos estes considerados tradicionais e que vinham sendo exploradoshá muitos anos, além de possuírem um alto valor econômico no mercado.Desta forma, observam-se na região “ciclos de produção” que foram responsáveis pelosdeslocamentos populacionais para e da região e também pelos esgotamentos sucessivos dosseus recursos naturais.Hoje em dia, a proibição que limita a captura de peixes ornamentais é citada como uma dascausas do esvaziamento da comunidade, que se encontra francamente em decadência, pelaemigração de moradores em busca de novas fontes de renda nas cidades ou comunidadesvizinhas, ou mesmo em centros urbanos mais distantes.6365-EIA-G90-001b 268 Leme Engenharia Ltda


c2) AcessoO acesso à comunidade da Ilha da Fazenda se dá somente por via fluvial, sendo feito porcanoas a remo, rabetas, lanchas (ou voadeiras) e por três barcos de linha que realizam o trajetodiariamente, sendo que saem de Altamira e só retornam no outro dia. A estrada do Assurinipermite o acesso terrestre entre Altamira e a comunidade da Ressaca, porém, os moradores dailha se negam a utilizar esta via, por considerarem a viagem muito ruim, desconfortável e commuita poeira, devido às péssimas condições da estrada.As canoas e rabetas, de propriedade dos moradores, são utilizadas principalmente paradeslocamento de curta distância para os locais de trabalho e para a pesca. As rabetas sãocanoas de madeira feitas em madeira única ou com ripas, geralmente com motor de potenciade 5 a 7Hp e podendo transportar até 8 pessoas. As canoas a remo são menores e podem levaraté 4 pessoas. O custo de construção de uma embarcação varia de acordo com o tamanho damesma. Uma canoa de 4-5 pessoas custa, em média, R$200,00. Os motores de rabeta custamcerca de R$1.240,00.Os trajetos maiores são feitos por lanchas ou pelos barcos de linha. As lanchas levam mais oumenos 2h pra percorrer o trecho de Altamira a Ilha da Fazenda e a viagem custa entreR$20,00 e R$25,00. Os barcos de linha transportam passageiros e cargas e levam cerca de 5horas para chegar à cidade, custando R$15,00, porém com direito ao almoço. Os moradoresdividem as suas preferências indistintamente entre estas duas formas de transporte atéAltamira.Atrás dos lotes de terra firme, de posse de algumas pessoas da ilha, existem algumas estradasrurais de terra, entretanto o deslocamento por elas é limitado e casual, sendo realizado apenaspara transportar a produção.c3) DemografiaNa ilha, foram contabilizados 184 pessoas, 83 homens e 101 mulheres, pertencentes a 39famílias, sendo que pelo menos 10 famílias não foram entrevistadas por problemas de acessoàs casas e pela ausência destes no momento da coleta. Neste período foram contabilizadas 7crianças de colo, com menos de 1 ano, o que deve ser adicionado ás taxas de crescimentopopulacional por natalidade.Segundo o censo feito pela Secretaria de Saúde de Senador José Porfírio, em 2006, residiam155 pessoas na ilha, o que aparentemente demonstraria um crescimento populacional de 29pessoas por ano. Porém, segundo a agente de saúde que fora responsável pelo cadastro, muitaspessoas não estavam na ilha ou não quiseram participar dos registros do censo, o quedemonstra pouca confiabilidade nos dados.Na realidade, a demografia na comunidade é bastante complexa, e além de uma dinâmicaintensa de emigração e imigração, de pessoas em busca de empregos ou oportunidades emoutras localidades, o que nem sempre é bem sucedido, muitas vezes resultando no retorno àilha. Foi também identificado um grande fluxo de pessoas, que permanecem por pequenosperíodos na comunidade, vindos para a manutenção de suas posses ou de suas residências.A ilha está habitada por uma população com estrutura etária francamente jovem. Quase 49%6365-EIA-G90-001b 269 Leme Engenharia Ltda


da população têm menos de 15 anos, o que significa uma predominância de crianças eadolescentes. Uma anomalia na quantidade de mulheres idosas (60-64 anos) foi tambémobservada. Já na faixa de 15 a 20 anos, há uma diminuição de pessoas na pirâmide, indicandouma emigração preferencial nessa classe etária (GRÁFICO 7.8.4.1- 79).80_8460_64MulheresHomens50_54Classes de Idade40_4430_3420_2410_140-4-20 -10 0 10 20nº de pessoasGRÁFICO 7.8.4.1- 79 - Distribuição das idades por sexo das pessoas entrevistadas na ilha daFazenda.c4) MoradiasA comunidade da Ilha da Fazenda possui aproximadamente 49 residências habitadas e mais17 fechadas, sendo que 2 delas são utilizadas, ocasionalmente, uma por uma senhoraagricultora, dona de um lote de terra nas proximidades da ilha, e outra por um atravessador depeixes de consumo, que trabalha na rota de comércio entre a ilha e Altamira. Na ilha existemtambém 3 comércios, 1 padaria, 1 posto de saúde, 1 escola, 2 igrejas e 1 posto de notificaçãoda SUCAM.As moradias são construídas em alvenaria, madeira, ou de taipa revestida ou não, com tetos depalha, de telhas Brasilit ou de barro e com pisos de barro, madeira ou cimento, sendo que amaior parte das casas tem pisos de cimento. O número de cômodos variou desde um únicocômodo a 5 cômodos. A maioria das residências possui infra-estrutura para energia elétrica enão tem banheiro interno.Apesar da pouca disponibilidade de energia elétrica, em muitas casas existem aparelhos detelevisão, geralmente com antenas parabólicas, som, DVD e alguns eletrodomésticos comoliquidificadores e batedeiras. Porém, algumas casas não possuem nenhuma condição dehabitação, não havendo mais do que um cômodo, onde todas as atividades familiares sãorealizadas sem nenhuma infra-estrutura a não ser o fogão de barro e redes para dormir.c5) Energia ElétricaA energia elétrica na ilha é fornecida por um gerador que funciona diariamente das 19 às 236365-EIA-G90-001b 270 Leme Engenharia Ltda


horas; isso quando há óleo combustível, o qual deve ser fornecido pela prefeitura de SenadorJosé Porfírio. Os moradores tinham esperanças de receber energia elétrica após as últimaseleições municipais, mas as promessas de campanha não foram cumpridas. Como a ajuda daprefeitura costuma falhar, a comunidade realiza coletas ocasionais entre seus moradores, oque corresponde a uma quantia entre R$ 2,50 e R$ 5,00 por família e por dia para comprar oóleo, totalizando aproximadamente R$ 100,00 por dia, para o fornecimento de apenas 4 horasde luz. Obviamente que nem todos os dias os moradores conseguem alcançar este valor, o quesignifica que o fornecimento de energia elétrica é extremamente irregular.c6) Captação e Utilização da ÁguaOs moradores da ilha captam água de 6 poços artesanais (FIGURA 7.8.4.1- 73), sendo que amaioria deles seca durante o verão, ficando apenas 2 ou 3 dependendo da intensidade da seca.No verão, a qualidade da água é ruim, pois os sedimentos suspensos na água ficam maisconcentrados e em certos casos, se faz necessário cavar mais para obter o volume de águanecessário para a comunidade. O tratamento da água é feito através dos processos de filtraçãoe cloração. A água é utilizada principalmente para o consumo e preparação dos alimentos.Porém, quando os moradores estão nos lotes de terra, é comum a ingestão de água do rio.FIGURA 7.8.4.1- 73 - Poços de água utilizados pela população da ilha para consumo.(Fotografia: Morgana Almeida)c7) Destino do LixoAproximadamente 79% da população da ilha afirmam que queimam ou enterram o lixooriundo das atividades domésticas e 21% dos moradores dizem deixar o lixo em céu aberto,não tendo um lugar específico para a alocação destes resíduos. É comum encontrar materiais,principalmente descartáveis, jogados no rio ou mesmo na vegetação em torno da ilha.6365-EIA-G90-001b 271 Leme Engenharia Ltda


c8) SaúdeA assistência a saúde dos moradores da Ilha da Fazenda é de responsabilidade do posto desaúde e do posto de notificação da SUCAM. Durante a visita de outubro de 2007, o posto desaúde estava fechado, porém os moradores citam que, ocasionalmente, um médico eenfermeiros vêm ao posto prestar serviços, sendo que estes, geralmente, ficam na Ressaca, amaior parte do tempo, atravessando para a ilha por um ou dois dias, após o qual retornam paraa cidade.Existe uma agente comunitária de saúde que atua realizando visitas às residências dosmoradores, em busca de doentes como hipertensos, tuberculosos, diabéticos e tambémgestantes. Neste caso, a agente faz o acompanhamento da evolução do paciente e dotratamento. Ao mesmo tempo, esta agente cumpre um papel na educação ambiental,fornecendo informações aos moradores sobre o correto destino do lixo e sobre a qualidade daágua para o consumo humano, visando à prevenção de doenças.Durante o estudo, foi observado que existem muitos casos de diarréias, vômitos e dores decabeça, que não tinham causa aparente, mas supõe-se que estes sintomas sejamcorrelacionados à qualidade da água.A SUCAM tem tido presença contínua na região, desde os tempos do início da exploração doouro, atuando na prevenção das endemias. O posto tem uma larga área de atuação que inclui,além da Ilha da Fazenda, 15 localidades, ao longo do rio: Garimpo do Galo, Oca, Ressaca,Branca de Neve, Sítio Goiás, Porto Alegre, Terra Vista Alegre, Ilha de Serra, Ilha do Corro,Boa Esperança, Terra do Maia, Rio Bacajá, Terra do Cutia, Ilha do Deserto e Terra BomJardim.Atualmente, atuam na ilha 3 guardas de endemias, 2 agentes de saúde e 3 laboratoristas(chamados de microscopistas). Os guardas de endemias têm a função de buscar ativa epassivamente doentes, através da coleta de sangue, além do controle de larvas e vetores,controle de quirópteros e de doenças tropicais. A região é endêmica de malária, que é causadapor três espécies de protozoários: Plasmodium vivax, P. malariae e P. falciparum.c9) EducaçãoNa ilha da Fazenda existe apenas uma escola, construída em madeira (FIGURA 7.8.4.1- 74)que, durante o dia, funciona com alunos do ensino fundamental, da pré-escola até a 4ª série e,à noite, funciona para o EJA (Ensino de Jovens e Adultos). Esta escola é mantida pelaprefeitura, que é responsável pelo pagamento dos professores, fornecimento da merendaescolar e transporte dos alunos. A igreja evangélica colabora através do fornecimento de ummotor de luz.6365-EIA-G90-001b 272 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 74-Escola de ensino fundamental na Ilha da Fazenda. (Fotografia:Morgana Almeida)Na escola estão atualmente matriculados regularmente 77 alunos entre o período matutino evespertino. Porém, mais alunos freqüentam a escola, devido à intensa dinâmica de migraçãopara dentro e fora da ilha, o que faz que alunos ingressem mesmo fora dos períodos regularesde matricula. No programa EJA estão matriculados 19 alunos, sendo que somente 10 alunossão assíduos às aulas.Alunos que desejam continuar os estudos após a 4ª série devem ir até a Ressaca, onde podemcursar até o ensino médio. Porém o alojamento dos professores desta escola e a quadra deesportes da mesma estão localizados na Ilha da Fazenda.Funciona também na comunidade o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI,que abrange crianças na faixa etária de 5 a 16 anos, que freqüentam as aulas em períodosalternados com os da escola. Este programa tem por finalidade evitar que as crianças exerçamatividades não correlatas com a fase estudantil. A sede do programa localiza-se na ilha, noantigo prédio da delegacia, sendo que os materiais didáticos e a alimentação dos alunos sãomantidos pela prefeitura de Senador José Porfírio. As aulas são ministradas por um únicodocente, responsável pelas 2 turmas, assim como pela preparação da alimentação dos alunos.Este docente deve permanecer no seu cargo somente até o fim do ano, por não estar satisfeitocom o salário e condições de trabalho.Estão inscritos no Programa 47 crianças, sendo 12 pela manhã e 35 pela tarde, oriundas tantoda Ilha da Fazenda, como da Ressaca e do Garimpo do Galo. Durante as aulas, são reforçadasas disciplinas desenvolvidas na escola regular, além de realizadas atividades de artes eesportes. As famílias desses alunos recebem um auxílio de R$25,00, por criança inscrita noprograma. Estas devem manter uma freqüência mínima em sala de aula para que a famíliapossa continuar recebendo o auxílio.Apesar destas disponibilidades, o censo de 2006, feito pela agente de saúde local dacomunidade, relatava que cerca de 50% das pessoas da Ilha da Fazenda não tem nenhumaformação educacional e nem freqüentam atualmente a escola, sendo que este padrão épraticamente o mesmo para homens e mulheres (TABELA 7.8.4.1- 52).6365-EIA-G90-001b 273 Leme Engenharia Ltda


TABELA 7.8.4.1- 52Escolaridade da população da Ilha da Fazenda.Alfabetizado/Freqüenta escola Mulheres Homens TotalNão 45,71% 48,68% 47,26%Sim 54,29% 51,32% 52,74%c10) OcupaçãoSegundo o mesmo relatório da agente de saúde, 34% da população da comunidadeencontram-se ocupada com a sua educação, 37% dizem possuir alguma forma de trabalhogerador de renda e 23% (principalmente mulheres) trabalham dentro de casa (TABELA7.8.4.1- 53). Sabe-se também que muitos alunos, geralmente aqueles com mais de 13 anos,participam da composição da renda, através da pesca do acari nos momentos em que nãoestão na escola.A pesca do acari é, atualmente, uma das mais destacadas atividades geradoras de rendaalternativa para a maioria dos homens, porém, vale ressaltar que o número de pescadoresatuantes diminuiu muito com as restrições de captura do acari zebra e das arraias.Outra fonte de renda dos moradores da ilha é a agricultura e o extrativismo de madeira decorte nos lotes de terra que são atividades ocasionais dependendo das safras dos produtos ouda demanda de madeira.Apesar de não se declararem nas pesquisas como criadores, algumas pessoas criam aves esuínos tanto para consumo como para comercialização.TABELA 7.8.4.1- 53Distribuição das atividades de renda, na comunidade de Ilha da Fazenda.Ocupação Nº de entrevistas FreqEstudante 45 32%Domestica 27 19%Agricultor 23 16%Pescador 13 9%Aposentado 7 5%Servente/Cozinheira 4 3%Guarda de endemias (SUCAM) 3 2%Laboratorista 3 2%Comerciantes 3 2%Garimpeiro 2 1%Agente comunitário de saúde 2 1%Mecânico 2 1%Professora 2 1%Roçador 2 1%Agente distrital da prefeitura 1 1%Padeiro 1 1%Vigia 1 1%Secretário da escola 1 1%Total 142 100%c11) Comércio6365-EIA-G90-001b 274 Leme Engenharia Ltda


Existem 3 comércios que abastecem parte das necessidades dos moradores da Ilha daFazenda. As demais necessidades são atendidas pelos comércios existentes na comunidadeRessaca. De um modo geral estes comércios fornecem alimentos básicos como arroz,macarrão e feijão, além de alguns enlatados e materiais de limpeza. Outro insumo, muitocomumente comercializado, é a gasolina pura e misturada com óleo 2 tempos que é usadapara os motores da região e é vendida a R$3,00 o litro. As mercadorias para os comérciospodem ser compradas em Altamira. Neste caso, a carga pode vir junto com o barco depassageiros (R$5,00 uma saca), ou com um barco fretado, o que custa em torno de R$200,00a R$250,00.Não existe comercialização de carne de gado na ilha, somente na Ressaca. Foi observada apresença de marreteiros flutuantes que atuam tanto em canoas a remo, provenientes decomunidades próximas, como também em antigas balsas de extração de ouro, que atualmentesão usadas como moradia e comércio itinerante e que vendem frutas, verduras, carnes de gadoe de caça, além de peixes. Esses comerciantes também atuam na base do escambo, fazendotrocas de produtos sempre que é vantajoso (FIGURA 7.8.4.1- 75).FIGURA 7.8.4.1- 75 - Marreteiros flutuantes que atuam na Ilha da Fazenda. (Fotografia:Roberto E. Santo)c12) Importância da ÁguaOs moradores do Xingu têm uma relação muito forte e tradicional com o rio. Ele representa aúnica via de transporte, servindo para o deslocamento dos moradores tanto para Altamira,como para as áreas de plantio. Além disso, no rio ocorrem as atividades de garimpo, a pescacomercial de consumo e a pesca de peixes ornamentais.A água do rio é utilizada para quase todas as atividades domésticas, que vão desde lavar osutensílios domésticos, roupas ao asseio pessoal. Além disso, é do rio que a população retira osalimentos, fonte de renda e subsistência. As pessoas que vivem em locais mais distantes,como nos lotes de terra, pequenos sítios, ou quando ficam por alguns dias nos locais de pesca,utilizam a água do rio também para o consumo humano.Na ilha, os moradores, principalmente as mulheres e crianças, usam as margens do rio paralavar louças, roupas e na higiene pessoal, deixando sempre as crianças, brincando enquanto6365-EIA-G90-001b 275 Leme Engenharia Ltda


elas realizam estas atividades (FIGURA 7.8.4.1- 76). Este exercício ocorre pelo menos 2vezes ao dia, logo pela manhã e no final da tarde, ocupando cerca de uma hora e meia paraestas atividades em cada turno.FIGURA 7.8.4.1- 76 - Atividades domésticas realizadas diariamente no rio pelos moradoresda Ilha da Fazenda. (Fotografia: Roberto E. Santo)c13) Atividades Econômicas• Agricultura - Lotes de TerraMuitos moradores da ilha têm lotes de terra em áreas do município de Vitória do Xingu e deSenador José Porfírio, localizados entre os rios do Bacajá e Bacajaí, provenientes de projetosde assentamentos na região. O conjunto destes proprietários se agrupa na associaçãoAPRIBAI (Associação dos Produtores Rurais de Ituna, Bacajá e Bacajaí). Estes lotes têmdimensões diferentes sendo os do município de Vitória padronizados em 500m de frente por2000m de fundo e os de Senador José Profírio com cerca de 300m por 2000m de fundo(FIGURA 7.8.4.1- 77).FIGURA 7.8.4.1- 77 - Localização dos lotes de terra segundo os moradores da ilha dafazenda. Adapatada do Google Earth)A situação fundiária destes lotes é motivo de conflito. Os títulos recebidos nos lotes de Vitóriado Xingu são de posse da terra; porém, os de Senador José Porfírio são apenas títulos de usoda terra, permitindo apenas a plantação e não a venda dos mesmos (Anexo 7.8.4.1-13).6365-EIA-G90-001b 276 Leme Engenharia Ltda


Esses lotes de terra têm sido trabalhados, em sua maioria, de forma lenta, segundo adisponibilidade financeira dos seus donos. Destacam-se as plantações de laranja, mandioca,macaxeira, cacau, banana, mamão, coco, açaí, limão, cará, cupuaçu, manga, murici, goiaba,caju, abacaxi, ou ainda os subprodutos como o tucupi, goma e a farinha de mandioca. É depraxe todos os lotes possuírem plantações de mandioca para a produção da farinha, que é umproduto muito usado nas refeições dos moradores. Além disso, são comuns plantações defeijão, arroz, café e milho. Os maiores investimentos encontrados nestes lotes são asplantações de cacau (Theobroma cação), de madeiras de corte como o mogno (Swieteniamacrophylla) e a teca (Tectona grandis) (FIGURA 7.8.4.1- 78).A produtividade agrícola é pequena e muitas vezes ocasional, além de ser voltada ao mercadolocal (Ilha da Fazenda, Ressaca e Garimpo do Galo) já que não existiria como escoar umaprodução maior de forma economicamente viável pelo rio e não existem estradas viáveis parao transporte dos produtos.As madeiras de corte plantadas em larga escala, ainda não estão produtivas, já que demorammuito para alcançar o tamanho de corte (30 anos para mogno e 18 anos para teca). Porém,quando existe alguma demanda de madeira na ilha ou nas localidades próximas, se cortamarvores nativas de grande porte, como mogno, ipê e castanheira, que ainda são encontradas naregião.Em cada lote geralmente há mais de uma cultura, seja de madeira de corte ou de produtosagrícolas. Em média em cada lote podem ser plantados aproximadamente 2000 a 3000 pés decacau, sendo que a semente é comercializada a R$3,00 o quilograma. As plantações de tecavariaram de 600 a 2500 pés, o mogno de 600 a 1000 pés, o urucum e o café cerca de 5000 pésplantados. A maioria dos produtores tem seus viveiros com mudas de cacau e mogno(FIGURA 7.8.4.1- 79).FIGURA 7.8.4.1- 78 - Plantações de teca (Tectona grandis) nos lotes dos moradores da Ilhada Fazenda. (Fotografia: Morgana Almeida)6365-EIA-G90-001b 277 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 79 - Viveiros de mudas de cacau e mogno nos lotes dos moradores da Ilhada Fazenda. (Fotografia: Morgana Almeida)• Pesca OrnamentalA pesca ornamental é realizada por muitos moradores da Ilha da Fazenda e é uma dasprincipais fontes de renda da população. Os pescadores deslocam-se para os pesqueirosdiariamente, utilizando canoas de rabetas, as quais transportam em média 5 pessoas. Duranteos dias da semana, quando os pescadores são alunos, as pescarias começam a partir do meiodia, logo após a saída da escola, e duram aproximadamente 5 horas. Nos fins de semana, aatividade pode levar o dia inteiro com início desde bem cedo (FIGURA 7.8.4.1- 80).FIGURA 7.8.4.1- 80 - Pescadores de acaris no Rio Xingu. (Fotografia: Roberto E. Santo)Os ambientes onde ocorrem às capturas são ambientes fluviais lóticos onde predominamáguas correntes de corredeiras e blocos rochosos, onde habitam a maioria de espécies deLoricariidae. Foram citados vários locais de captura, com destaque para os seguintespesqueiros: Landi, Caitucá, Itatá, Ituna, Bacajá, Bacajaí, a jusante da Ilha da Fazenda; acimada comunidade, destacaram o Arroz Cru (FIGURA 7.8.4.1- 81).6365-EIA-G90-001b 278 Leme Engenharia Ltda


FIGURA 7.8.4.1- 81 - Localização dos principais pesqueiros freqüentados pelos pescadoresde peixes ornamentais da Ilha da Fazenda. Adapatada do GoogleEarth)A captura de peixes ornamentais é, fundamentalmente, manual. Contudo, eles utilizamvaquetas, que são pequenas varas de madeira para pegar os peixes que ficam em tocas ouembaixo das pedras, e também redes ou pequenas tarrafas, com a mesma finalidade. Tambémlevam máscaras de mergulho, para a proteção dos olhos e ganhar visibilidade debaixo d´água.Para guardar os peixes durante a captura, levam potes de plástico perfurados (FIGURA7.8.4.1- 82) e usam basquetas de plástico, para o posterior armazenamento dos peixes vivos.Depois de colocados nas basquetas, para uma melhor conservação, são adicionadas à águaquantidades variadas de cloreto de sódio e do antibiótico tetraciclina. Nas pescariasdirecionadas a acaris em poços de grande profundidade, são utilizados compressores,principalmente no inverno, quando o nível do rio aumenta muito.FIGURA 7.8.4.1- 82 - Pescador com os petrechos de captura atuando na pesca de peixesornamentais. (Fotografia: Roberto E. Santo)A produção diária durante a pesquisa do mês de outubro foi de 92 acaris para um grupo detrês pescadores, sendo que mais de 90% da captura foi composta por somente uma espécie: o6365-EIA-G90-001b 279 Leme Engenharia Ltda


amarelinho (Baryancistrus sp), sendo que ainda foram pescados o assacu (Pseudacanthicussp) e o aba laranja (Baryancistrus sp “aba laranja”), que juntos perfizeram cerca de 5% dototal capturado.As principais espécies citadas pelos pescadores como importantes nas pescarias foram oassacu, amarelinho, marrom (Hypancistrus sp “marrom”), picota (Scobiancistrus auratus),boi-de-bota (Panaque aff. nigrolineatus), onça (Leporacanthicus heterodon) e o aba-laranja.Atualmente, existem dois atravessadores, que contratam informalmente homens de váriasidades e adolescentes a partir dos 13 anos, para atuarem nessas pescarias. Essesatravessadores compram toda a produção dos seus contratados e por sua vez vendem aprodução para exportadores, sediados em Altamira.Após a chegada dos pesqueiros, os pescadores entregam as produções aos atravessadores,para a quantificação e qualificação dos indivíduos. Os espécimes devem estar com todas asnadadeiras perfeitas e com boa coloração para serem aceitos. Os atravessadores mantêm ospeixes vivos realizando trocas periódicas de água, até o dia de entregarem a produção para osexportadores. Ao mesmo tempo em que cumprem com a função de comercializar os peixesornamentais, os atravessadores são donos de comércios e, portanto, fornecem produtosalimentícios para os pescadores, que pagam com parte ou toda a produção de peixescapturados, criando laços de dependência entre eles. O pagamento do valor excedente (sehouver) é realizado pelo atravessador semanalmente ou quinzenalmente para cada um dosseus contratados.• Pesca de ConsumoA pesca de subsistência é uma atividade relativamente pouco desenvolvida na comunidade.Apenas para poucas pessoas esta é uma atividade regular como fonte de alimentação. Sãopescarias realizadas na beira do rio, feitas com anzol e linha, chamadas localmente de telinhasque capturam principalmente o piau, cadete, pacu e piranha, ou telas que são usadas para apesca do tucunaré. Além destas, são usadas as tarrafas e pequenas redes de emalhe.Durante uma semana de visita na comunidade, foram observados três pescadores quecomumente realizavam pequenas pescarias para seu consumo próprio. Além disso, nos finaisde semana, quando algumas famílias vão até os lotes ou as corredeiras, com a finalidade delazer, elas aproveitam para capturar acaris com tarrafas e pequenos arpões, que sãoconsumidos logo pelos participantes da excursão.A pesca comercial, com a finalidade de capturar peixes para o consumo humano, é realizadana ilha, pelo menos, por 3 pessoas, sendo que ativamente só atua um pescador, que é oprodutor de pescado mais conhecido da ilha. Ele sai de noite ou de madrugada, dependendoda distância do pesqueiro, e chega aproximadamente às 6 h da manhã. Para a captura utilizauma canoa a remo, que é transportada dentro da sua rabeta. As pescarias são realizadaspreferencialmente rio abaixo, em pesqueiros como Felipe Costa, próximo às cachoeiras doLandi e Caitucá, que é um pesqueiro comum aos pescadores da região.Ele utiliza geralmente redes de emalhe de 200m de comprimento e tem uma produção médiade 45 quilogramas de peixes por pescaria/dia. As espécies mais capturadas são o pacu branco,Myleus torquatus, a Curimatá, Prochilodus nigricans, o tucunaré, Cichla temensis e C.6365-EIA-G90-001b 280 Leme Engenharia Ltda


monoculus, pescados preferencialmente de março a novembro e surubins (Pseudplatystomaspp), sendo este último mais disponível no inverno (FIGURA 7.8.4.1- 83).Ao retornar da sua pescaria para a Ilha da Fazenda, inicia-se a comercialização dos produtosdentre os moradores da comunidade. A maior parte do consumo de peixes da ilha tem origemneste produtor. Havendo excedente de pescado ele segue para a Ressaca para vender oproduto restante.Outro pescador, que é menos conhecido na ilha, direciona seus pescados para um atravessadorde Altamira. Ele pesca tucunarés com o uso de telas. Sua produção diária mínima é de 2 a 5peixes e no máximo de 10 a 15 peixes, sendo que ele armazena suas capturas durante 8 dias,em caixas com gelo fornecidas pelo atravessador. O quilo do tucunaré é vendido de R$4,00 aR$5,00 e o curimatá e o pacu, que são de menor produção, são vendidos a R$2,00 reais.FIGURA 7.8.4.1- 83 - Pescador voltando da pescaria demonstrando um surubim pintado,capturado durante a noite. (Fotografia: Morgana Almeida))• Captura de TracajáOs tracajás (Podocnemis unifilis) são capturados casualmente, nas redes de emalhe ou linhaspara peixes, ou intencionalmente na espera, quando se colocam ramos de plantas nas margensdo rio e se espera elas chegarem para apreendê-los com uma espécie de arpão, feito com aponta de metal e rebarbas para perfurar e segurar os tracajás.Outra forma muito comum é provocar “boiadores”, que são locais onde os tracajás surgem dofundo curiosos, motivados pelo deslocamento circular da voadeira ou rabeta. Assim, quandoeles emergem, um pescador da embarcação, que está posicionado na proa da embarcação,pula para a captura dentro da água.As fêmeas são preferidas em relação aos machos, por serem maiores e por terem ovos no“fato” (vísceras), no período da desova. Porém, logo depois que estas desovam, os moradoresda ilha afirmam que elas ficam magras e perdem o sabor. Nestes períodos eles preferem os“capitari” (tracajás machos), que apesar de serem menores são mais gordos, nesta época.Os ovos de tracajá também são muito apreciados e intensamente procurados no período da6365-EIA-G90-001b 281 Leme Engenharia Ltda


desova, durante o verão, em agosto ou setembro, sendo estes encontrados pisando com ocalcanhar na areia de praias, onde normalmente ocorrem as atividades de enterramentodurante o processo reprodutivo da espécie.• CaçaA atividade de caça é realizada pelos moradores da ilha principalmente em uma escala desubsistência, como fonte de alimentação, raramente ocorrendo à comercialização. As áreasdestinadas à caça são, em sua maioria, localizadas nos lotes de terra, fora da comunidade,sendo apenas uma minoria dos moradores que caçam na ilha, quando casualmente visualizamalguma presa. Na realidade, devido à presença do homem e, certamente à pressão de caça,estes recursos são escassos nas mediações da comunidade.Por ser uma atividade de subsistência, ela é naturalmente oportunista, ou seja, não existe umaregularidade para ir caçar. Quando é realizada, a atividade começa no início da noite,preferencialmente em noites sem lua ou antes da lua sair. Segundo os caçadores, a luz espantaa caça.No dia em que os moradores decidem ir caçar, estes saem para os lotes já de manhã, com afinalidade de identificar os caminhos pelos quais os animais passam para se alimentarem.Nesses locais eles preparam as armadilhas. A armadilha mais utilizada é chamada de “mutá” econsiste em uma estrutura de varas de madeira que são amarradas entre duas árvoresformando degraus. Na parte superior é armada uma rede para que o caçador possa ficar àespera (FIGURA 7.8.4.1- 84). A espera dura desde o anoitecer até a saída da lua ou até que ocaçador realize a captura ou desista concluindo, pela sua experiência, que nesse dia nãohaverá caça. O retorno à ilha ocorre sempre ao amanhecer. As espécies mais freqüentementecapturadas são citadas no QUADRO 7.8.4.1- 29.FIGURA 7.8.4.1- 84 - Armadilha construída para caçar pelos moradores da Ilha da Fazenda.(Fotografia: Roberto E. Santo)6365-EIA-G90-001b 282 Leme Engenharia Ltda


QUADRO 7.8.4.1- 29Espécies capturadas na atividade de caça pelos moradores da Ilha da Fazenda.GRUPO NOME COMUM NOME CIENTÍFICOMutum pinima Crax fasciolataMutum favaCrax globulosaMaguariCiconia maguariJaburuMycteria americanaArara vermelha Ara chloropteraArara azulAnodorhynchus hyacinthinusArara amarela Ara araraunaJacu verdadeiro Baryphtengus spJacu cujubim Pipile pipileNambuCrypturellus spAVES UruOdontophorus capueiraMacucoTinamus solitariusCiganaOpisthocomus hoazinCararaPolyborus plancusMergulhãoMergus octosetaceusPica pauCeleus spJuritiLeptotila spGalegaPatagioenas cayennensisRolinha azul Claravis pretiosaRolinha sangue de boi Columbina talpacotiRÉPTEISCamaleãoJibóiaJacaréTracajáJabutiIguana iguanaBoa constrictorCaiman crocodilusPodocnemis unifilisChelonoidis carbonaria e C. denticulataMAMÍFEROSCaitituTayassu tajacuPacaAgouti pacaAntaTapirus terrestrisTatu canastra Priodontes maximusVeado mateiro Mazama americanaVeado fuboca Mazama gouazoubiraCutiaDasyprocta sp.Tamanduá-bandeira Myrmecophaga tridactylaTamanduá mambira Tamandua tetradactylaTamanduá tamanduaí Cyclopes didactylusPreguiça carneiro Bradypus spPreguiça estrela Bradypus spCapivaraHydrochoerus hydrochaerisOnça pintada Panthera oncaOnça vermelha Puma concolorGato do mato Felis tigrinaGato maracajá Leopardus wiediiJaguatiricaLeopardus pardalisMucura Didelphis marsupialis (?)QuatiNasua nasuaGuaxinimProcyon cancrivorusQueixadaTayassu pecari6365-EIA-G90-001b 283 Leme Engenharia Ltda


• GarimpoA atividade de garimpo já foi uma atividade muito comum antigamente, mas hoje em diaainda é exercida por alguns moradores da ilha, tendo uma importância relativa na constituiçãoda renda. Atualmente, a empresa VERENA é responsável pela exploração de minérios daregião da Volta Grande. As localidades da Ressaca e a do Galo são áreas de garimpo. Aquifuncionam três tipos de extração: i) a realizada por balsas “chupadeiras” que exploram o leitodo rio; ii) a de moinho e iii) a de bateias (FIGURA 7.8.4.1- 85).As chupadeiras são garimpos que atuam sobre os fundos dos rios, revirando os solos combombas que chupam o sedimento e os tratam com mercúrio para a separação do ouro. Nestaatividade, além daqueles que tomam conta da separação do ouro do solo, existemmergulhadores que são responsáveis por controlar as bombas de sucção no leito do rio. Estesmergulhadores passam de 8 a 12 horas submersos executando esta atividade.FIGURA 7.8.4.1- 85 - Separação do ouro no garimpo, feita com bateias. (Fotografia:Morgana Almeida)Os garimpos de moinho são aqueles de extração de ouro encontrado nos veios existentes emrochas. São feitas explosões para a quebra da rocha e retirada do minério. As pedras de rochasão trituradas e tratadas com mercúrio para a coleta do ouro.A garimpagem com bateias é a mais simples e por isso a mais tradicional, onde o garimpeirorevira o solo em busca de ouro na bateia (pratos de metal), misturando o material do solo commercúrio em busca de ouro.Segundo Carvalho (2005), os índices de mercúrio na população residente na Ilha da Fazendaforam considerados normais, assim como na região da Ressaca e do Galo, apesar de seremáreas de garimpo. Os homens possuem maiores concentrações do que as mulheres. A médiade concentração de mercúrio total nos moradores da Ilha da Fazenda foi de 3,42µg.g -1 ; naRessaca foi de 4,87µg.g -1 ; no Galo de 5,20µg.g -1 . Estes valores são inferiores aos 10µg.g -1estabelecidos como limite pelo International Programme of Chemical Safety (1990). Na áreametropolitana de Belém foram encontrados valores de 2 ± 1µg/g -1 e na região do Tapajósentre 2,9 e 71,5µg.g -1 (PINHEIRO et al., 2000).A atividade do garimpo geralmente exige exclusividade, porque as atividades são pagas pordiárias, ocupando o dia inteiro, entretanto, existem algumas pessoas que selecionam alguns6365-EIA-G90-001b 284 Leme Engenharia Ltda


dias para atuar na retirada de ouro como diaristas e tem o resto do seu tempo exercendo outrasatividades.O pagamento dos garimpeiros é feito de duas formas: por porcentagem da produção que variade 3 a 4% ou por diárias que equivalem a 1 grama de ouro, que, atualmente, oscila entreR$30,00 e R$40,00.• RendaOs pescadores de peixes ornamentais pescam quase diariamente, geralmente em grupos demais ou menos 5 pessoas, com um rendimento que varia de acordo com a época do ano. Nasviagens acompanhadas em outubro de 2007, o rendimento médio dos pescadores ornamentaisfoi de uns 25 acaris por dia e por pessoa, mas este valor pode ser considerado baixo, edepende muito da experiência dos pescadores participantes: quanto mais novos, menosprodução. Os insumos da pesca, que incluem principalmente o combustível, os conservantes eas basquetas, são de responsabilidade dos atravessadores.Entrevistando os atravessadores da ilha, chegou-se a uma composição específica típica deinverno e outra de verão, para uma pescaria de um dia, na qual participariam, teoricamente, 5pessoas. Segundo eles, algumas espécies são mais facilmente capturadas no inverno e outrasno verão. O preço de primeira comercialização também varia de acordo com a época do ano,sendo geralmente maior no inverno, devido as dificuldade das águas grandes. Por isso, a rendamédia por pescador poderia quase quintuplicar durante o período chuvoso, sendo de 53 e 292reais por pescador por dia, respectivamente (QUADRO 7.8.4.1- 30). Considerando estesvalores realísticos e supondo 20 dias de trabalho, chegaram-se a valores entre 1.000 e 5.800reais por mês, do qual se pode concluir que um pescador de peixes ornamentais do Rio Xingutem uma renda muito mais alta, do que a média da região, onde há predomínio de agricultorese pescadores comerciais de consumo, com renda mensal de cerca de 1000 reais.EspécieQUADRO 7.8.4.1- 30Espécies, produção e renda diária da pesca de acaris na ilha, para um grupo de cincopescadores, de acordo com as entrevistas realizadas com os atravessadores.Unidades.Pescador.diaverãoUnidades.Pescador.diainvernoPreço verão(R$)Preço inverno(R$)Rendaverão(R$)Rendainverno(R$)Amarelinho 400 200 0,4 1 160 200Marrom 10 10 3 3 30 30Aba 20 20 2 2,5 40 50Onça 15 15 0,5 1 7,5 15Boi de bota 10 600 1 1,5 10 900Picota 9 125 1,5 2 13,5 250Assacu 2 3 3 5 6 15Renda 267 1460grupo/diaRendapescador/dia53 292Os pescadores de consumo pescam por viagem entre 18 e 20 cambadas de peixe. Cadacambada tem aproximadamente 2,5kg e elas são vendidas a R$5,00. A freqüência das viagensé praticamente diária, inclusive fins de semana, não indo pescar apenas por indisposições ou6365-EIA-G90-001b 285 Leme Engenharia Ltda


problemas casuais. Isto resulta em rendas de R$ 1.300, se supomos apenas 5 dias de capturana semana.O principal custo para as pescarias de consumo é o combustível que custa, na Ressaca,R$3,00 o litro. Em uma viagem de rabeta são gastos de 2 a 3 litros de combustível. Como sãoviagens curtas, eles não usam gelo, sendo o peixe mantido fresco à temperatura ambiente.Assim o pescador profissional pode obter uma renda bruta de aproximadamente R$ 95,00.dia -1 , o que multiplicado por 20 dias de trabalho (média mensal), resulta em uma renda bruta de1.840 reais. O rendimento líquido seria de R$1.660,00, descontando os custos de combustívelque seriam de aproximadamente R$180,00 para este esforço.A movimentação dos comércios, no verão, chega a valores de R$2.000 por mês e, no inverno,de R$3.000 a R$4.000 mensais, sendo este aumento correlacionado com a valorização daspescarias do acari. Por serem mais valiosos os produtos, esta pescaria atrai um número maiorde produtores no inverno, o que acaba por movimentar a economia dos comércios.Os salários dos que trabalham no serviço público variam entre 1 e 1,5 salários para osfuncionários da prefeitura e entre 1,5 e 5 salários para os funcionários da SUCAM. Osaposentados recebem cerca de 1 salário mínimo. Há também os benefícios da bolsa escola,que geram valores entre R$80,00 e R$112,00 por família e o PETI que gera R$25,00 poraluno, para as famílias que tem filhos na escola.Nos lotes, o corte de madeira também é uma importante fonte de renda. A produçãomadeireira gera cerca de R$250,00/m 2 , sendo que esta atividade, no momento, consiste nocorte das árvores nativas como mogno, ipê e castanheiras e na entrega das tábuas para oscompradores. As plantações de árvores de corte como o mogno e a teca ainda não constituemrendimentos para seus donos. Existem lotes com plantações de 40 a 2500 pés de mogno e de60 a 1000 pés de teca.A renda proveniente da colheita agrícola dos lotes não é fixa, pois a produção é sazonal eocorre, geralmente, nos meses mais chuvosos do ano. Além disso, existem os entraves típicosda agricultura na região, dentre os quais se destaca a dificuldade de escoamento da produção ea destruição das plantações por bois, porcos do mato, ou mesmo pragas.Alguns itens citados como produtos dos lotes são: i) farinha, cuja produção média é de 20sacas, para duas linhas de terra, sendo comercializadas ao preço de R$80,00 a saca e rendendoR$1.600,00 por safra anual; ii) o cacau rende cerca de R$3,00/kg, porém ninguém soubeestimar o volume de produção; iii) o café foi estimada uma produção média por lote de cercade 2.000 pés, que geram 800 kg de café seco, o qual é vendido por R$1,50/kg, rendendoR$1.200 por safra anual.Além disso, os trabalhos na roça dos lotes de outras pessoas são atividades ocasionaisgeradores de renda para alguns moradores. Quando contratados por empresas, como a VerenaMineração, a diária de roça vale, em média, R$20,00. Para pagamento por empreitada, feitopor donos de lotes para parceiros ou vizinhos, cada dia de trabalho vale R$40,00. Nas visitasrealizadas durante o mês de outubro, acompanhou-se um caso de um contrato de trabalho. Foiuma empreitada para a limpeza de16 linhas de terra, que correspondem, mais ou menos, a220m 2 . A limpeza desta área foi realizada por 1 trabalhador e foram precisos 13 dias de6365-EIA-G90-001b 286 Leme Engenharia Ltda


trabalho a R$40,00 por dia, totalizando 520,00 reais.O garimpo ainda é uma opção de renda interessante, sendo que os trabalhadores destamodalidade ganham entre 150,00 e 400,00 reais por semana ou, no máximo, 1200 reais pormês.O único padeiro da ilha faz de 30 a 40 pães/dia no verão e de 50 a 60 pães/dia no ritos aseguir. Os 35 pontos da rede de amostragem onde foram realizadas as análises de sedimentoestão apresentados com um asterisco após a simbologia do ponto nos quadros de 1 a 4.7.8.4.1.11 Referências BibliográficasANGELINI, R. Desenvolvimento de ecossistemas: a planície de inundação do alto rio Paranáe o reservatório de Itaipu. Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Maringá. 2002. 134p.ARAÚJO M.L.G., CHARVET-ALMEIDA, P., ALMEIDA, M.P.; PEREIRA, H. Freshwaterstingrays (Potamotrygonidae): status, conservation and management challenges. Relatório.Convention of International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora. 20thMeeting of the Animals Committee. 2004. AC20 Inf. 8, 6p.ARAUJO-LIMA, C.; GOULDING, M. So fruitful a fish. Tambaqui, aquiculture andconservation in the Amazon. New York: Columbia University Press, 1997. 191 pp.ARCADIS. Avaliação Ambiental integrada AAI da Bacia do Rio Xingu Caracterização daBacia Hidrográfica do rio Xingu. Relatório. Eletronorte Eletrobrás, Arcadis Tetraplan SA.2006. Volume I, 289p.ARTONI, R.F.; MATIELLO, M.C.A. Genética de peixes neotropicais. I. Aspectos daconservação genética dos peixes no parque estadual de Vila Velha, Paraná, Brasil. Ci. Biol.Saúde, Ponta Grossa, 2003. 9 (2): 7-15.BACKIEL, T. AND R.L. WELCOMME (eds). Guidelines for sampling fish in inland waters.EIFAC , Tech.Pap., (1980) (33):176 p.BARTHEM, R.B.; GOULDING, M. Os bagres balizadores: Ecologia, Migração eConservação de peixes amazônicos. Sociedade Civil Mamirauá; CNPq, Brasília. 1997. 140pp.BARTHEM, R.B; PETRERE JR, M.; ISAAC, V.J.; RIBEIRO, M.C.L.B; McGRATH, D;VIEIRA, I.A; VALDERRAMA, M. A pesca na Amazônia: Problemas e perspectivas para oseu manejo. In: VALLADARES-PADUA, C.; BODMER, R. (Org.). Manejo e Conservaçãoda Vida Silvestre no Brasil. Brasília, 1997. p.173-185.BATISTA, V.S. Distribuição, dinâmica da pesca e dos recursos pesqueiros na Amazônia.Central. Tese de doutorado, INPA/FUA. 1998. 291 pp.BATISTA, V.S.; INHAMUNS, A.J.; FREITAS, C.E.C.; FREIRE-BRASIL, D.Characterization of the fishery in river communities in the low-Solimões/high-Amazonregion. Fisheries Management and Ecology, 1998. 5, 419-435.6365-EIA-G90-001b 287 Leme Engenharia Ltda


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