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Solo e desenvolvimento na Amazônia: Lições do projeto dinâmica ...

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The text that follows is a TRANSLATIONO texto que segue é uma TRADUÇÃO<strong>Solo</strong> e <strong>desenvolvimento</strong> <strong>na</strong> <strong>Amazônia</strong>:<strong>Lições</strong> <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> <strong>dinâmica</strong> biológica defragmentos florestaisPlease cite the origi<strong>na</strong>l article:Favor citar o trabalho origi<strong>na</strong>l:Fearnside, P.M. & N. Leal Filho. 2001.Soil and development in Amazonia:Lessons from the BiologicalDy<strong>na</strong>mics of Forest FragmentsProject. pp. 291-312 In: R.O.Bierregaard, C. Gascon, T.E.Lovejoy & R. Mesquita (eds.)Lessons from Amazonia: The Ecologyand Conservation of a FragmentedForest. Yale University Press, NewHaven, Connecticut, U.S.A. 478 pp.Disponível em: http://philip.inpa.gov.br


SOLO E DESENVOLVIMENTO NAAMAZÔNIA: LIÇÕES DO PROJETODINÂMICA BIOLÓGICA DEFRAGMENTOS FLORESTAISPhilip M. Fearnside & Niwton Leal FilhoInstituto Nacio<strong>na</strong>l de Pesquisas da <strong>Amazônia</strong>(INPA)C.P. 47869011-970 Ma<strong>na</strong>us-Amazo<strong>na</strong>sFax: (92) 642-8909Tel: (92) 643-1822E-mail: pmfearn@inpa.gov.br07 de julho de 2002


ÍNDICERESUMO ...................................................2I) INTRODUÇÃOI.A) RELEVÂNCIA DOS SOLOS PARA O PLANEJAMENTO ..........I.B) CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS ............................I.C) VARIABILIDADE DOS SOLOS ...........................I.D) ZONEAMENTO ECONÔMICO-ECOLÓGICO .....................I.E) IMPORTÂNCIA DAS PROPRIEDADES DO SOLOI.E.1) Textura <strong>do</strong> solo ..........................I.E.2) Capacidade de água disponível .............I.E.3) Fósforo ...................................I.E.4) pH, alumínio e cátions ....................I.E.5) Nitrogênio ................................I.E.6) Zinco ........................................I.E.7) Manganês .....................................I.E.8) Outros elementos .............................II) A PESQUISA DE SOLOS DO PDBFFII.A) RESENHA DO CONJUNTO DE DADOS ......................II.B) MÉTODOS DE CAMPO ...................................II.C) MÉTODOS DE LABORATÓRIOII.C.1) Preparação de amostras, cor <strong>do</strong> solo,textura e consistência ..................II.C.2) Textura <strong>do</strong> solo ..........................II.C.3) Densidade <strong>do</strong> solo ........................II.C.4) Carbono orgânico e matéria orgânico ......II.C.5) Capacidade de água disponível ............II.C.6) pH em água e KCl ..........................II.C.7) Macro e micronutrientes .................II.C.8) Nitrogênio total ..........................II.C.9) Carbono total (%C) ........................III) RESUMO DOS RESULTADOS ...................................IV) LIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTOIV.A) POTENCIAL AGRÍCOLA ............................IV.B) PERSPECTIVAS DE RESILIÊNCIA .....................IV.C) DISTRIBUIÇÃO DA VEGETAÇÃO NATURAL ................IV.D) POTENCIAL DE LIBERAÇÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA ..IV.E) RESPOSTA PROVÁVEL DA FLORESTA À FRAGMENTAÇÃO .....IV.F) RESPOSTA PROVÁVEL DE FLORESTA À MUDANÇA CLIMÁTICA .V) CONCLUSÕES ...........................................VI) NOTAS .................................................VII) AGRADECIMENTOS ......................................VIII) LITERATURA CITADA .....................................LEGENDAS DAS FIGURAS ......................................


1RESUMOA análise <strong>do</strong>s solos de uma área de 1.000 km 2 , onde estãolocalizadas as reservas <strong>do</strong> Projeto Dinâmica Biológica deFragmentos Florestais (PDBFF) (aproximadamente 80Km ao norte deMa<strong>na</strong>us, Amazo<strong>na</strong>s), fornece informações detalhadas, essenciais aosplanos de <strong>desenvolvimento</strong> sugeri<strong>do</strong>s por agências gover<strong>na</strong>mentais,como por exemplo, o zoneamento econômico-ecológico da região,atualmente sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> pelo governo brasileiro. O solo <strong>na</strong>sreservas é típico de vastas áreas da <strong>Amazônia</strong> brasileira,sujeitas a uma ameaça crescente de desmatamento objetivan<strong>do</strong> aimplantação de atividades agrícolas e pecuárias. Estes solos,áci<strong>do</strong>s e de baixa fertilidade, possuem níveis tóxicos dealumínio e limitações impostas pela topografia, sen<strong>do</strong> aindaextremamente argilosos e com elevada capacidade de retençãohídrica. Assim, o potencial agrícola pode ser considera<strong>do</strong> baixoe, diante das alterações nos padrões <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> solo <strong>na</strong> região,são extremamente negativas as perspectivas de manutenção dacapacidade de resiliência <strong>do</strong> ecossistema <strong>na</strong>tural.O solo sob a floresta indica o tipo de impacto ambientalespera<strong>do</strong> ao converterem-se estas áreas para pastagens e outrosusos, inclua-se aqui o potencial para liberação de gases deefeito estufa (que depende da biomassa da floresta, umacaracterística relacio<strong>na</strong>da com a distribuição de vegetação<strong>na</strong>tural e com a potencialidade <strong>do</strong>s solos para o <strong>desenvolvimento</strong>vegetal) e os efeitos negativos da criação de fragmentosflorestais e da mudança climática sobre a floresta. Os resulta<strong>do</strong>ssugerem que áreas como esta produziriam pouco se convertidas paraagricultura ou pecuária, e tor<strong>na</strong>m claro que os usos que mantenhama cobertura florestal intacta seriam preferíveis. O valor <strong>do</strong>sserviços ambientais forneci<strong>do</strong>s pela floresta origi<strong>na</strong>l ultrapassaem muito os lucros que podem ser espera<strong>do</strong>s da agricultura ou dapecuária.I) INTRODUÇÃOI.A) RELEVÂNCIA DOS SOLOS PARA O PLANEJAMENTOA qualidade <strong>do</strong> solo é obviamente um parâmetro fundamental <strong>na</strong>definição <strong>do</strong> potencial de produção e sustentabilidade de qualquerárea agrícola. Quan<strong>do</strong> se decide incentivar atividades agrícolasem áreas com solos i<strong>na</strong>dequa<strong>do</strong>s a este propósito, pode se esperaro fracasso das colheitas. Na <strong>Amazônia</strong>, freqüentemente, decisõessobre a ocupação de vastas áreas de terra são tomadas sem quehaja o mínimo de informação necessária sobre a qualidade dasterras disponíveis. Por exemplo, quan<strong>do</strong> o Projeto POLONOROESTEabriu Rondônia ao assentamento por meio de um programa de<strong>desenvolvimento</strong> regio<strong>na</strong>l fi<strong>na</strong>ncia<strong>do</strong> pelo Banco Mundial, centra<strong>do</strong>ao re<strong>do</strong>r da pavimentação da ro<strong>do</strong>via BR-364 (Cuiabá-Porto Velho),a informação sobre solos disponível para Rondônia (Brasil,


2Projeto RADAMBRASIL, 1978: Vol. 16) baseava-se em ape<strong>na</strong>s 85amostras de solo.Evento similar ocorre hoje <strong>na</strong>s proximidades das reservas <strong>do</strong>Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF): em24 de junho de 1997, o presidente Fer<strong>na</strong>n<strong>do</strong> Henrique Car<strong>do</strong>soanunciou em seu programa de rádio sema<strong>na</strong>l “Palavra <strong>do</strong> Presidente”que seis milhões de hectares (ha) ao longo da ro<strong>do</strong>via BR-174(Ma<strong>na</strong>us-Caracaraí) seriam abertos ao assentamento, e sugeriu quea área cultivada seria “tão colossal que duplicaria a produçãoagrícola <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l” (de Cássia, 1997). Apesar <strong>do</strong> provável exageroem relação à produção esperada e à área a ser ocupada, a intençãode iniciar um grande programa de assentamento <strong>na</strong> ro<strong>do</strong>via BR-174parece ser real. O anúncio <strong>do</strong> programa de assentamento <strong>na</strong> BR-174veio de surpresa, já que a pavimentação da ro<strong>do</strong>via (em 1996 e1997) havia si<strong>do</strong> apresentada como um corte cirúrgico pelafloresta, permitin<strong>do</strong> à cidade de Ma<strong>na</strong>us incrementar o comérciocom a Venezuela e ter acesso aos portos daquele país.Antes <strong>do</strong> anúncio <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> agrícola da BR-174, não haviasi<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> nenhum estu<strong>do</strong> sobre o potencial agronômico <strong>do</strong>ssolos, muito menos uma avaliação <strong>do</strong> provável impacto ambiental.Assim, como para a maior parte da <strong>Amazônia</strong> brasileira, asinformações sobre as características <strong>do</strong>s solos usadas nos planosde <strong>desenvolvimento</strong> são essencialmente limitadas aos resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Projeto RADAMBRASIL que, no início <strong>do</strong>s anos setenta, mapeou osolo, a vegetação e outras características com base em imagens <strong>do</strong>radar aerotransporta<strong>do</strong> de perscruta lateral (SLAR) (Brasil,Projeto RADAMBRASIL, 1976: Vol. 10, 1978: Vol. 18). As imagensorigi<strong>na</strong>is foram obtidas em uma escala de 1:250.000 e as imagenspublicadas em uma escala de 1:1.000.000. Áreas com aspectosemelhante foram agrupadas <strong>na</strong> mesma unidade de classificação,ocorren<strong>do</strong> uma posterior visita de verificação no campo paracaracterizar a vegetação e os solos em muitas destas unidades. Aárea da BR-174 foi identificada pelo governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>Amazo<strong>na</strong>s como uma prioridade para zoneamento econômico-ecológico(Pinheiro, 1997).A porção <strong>do</strong> BR-174 a ser aberta para agricultura estálocalizada sobre o Escu<strong>do</strong> das Guia<strong>na</strong>s, e portanto pode se esperarque seja mais fértil <strong>do</strong> que os solos de origem sedimentar queocorrem <strong>na</strong>s áreas das reservas <strong>do</strong> PDBFF. No entanto, o Movimento<strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Rurais Sem Terra (MST) invadiu recentementealgumas fazendas no Distrito Agropecuário da SUFRAMA(Superintendência da Zo<strong>na</strong> Franca de Ma<strong>na</strong>us), onde também selocalizam as fazendas que abrigam as reservas sen<strong>do</strong> estudadaspelo PDBFF, elevan<strong>do</strong> assim a possibilidade de que algumas destaspossam ser utilizadas no futuro para o assentamento de pequenosagricultores (Pacífico, 1997).I.B) CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS


<strong>do</strong>s solos amazônicos e o potencial significa<strong>do</strong> destavariabilidade para os planos de <strong>desenvolvimento</strong>. Pode-se esperarque a variabilidade em escala fi<strong>na</strong> afete o sucesso deempreendimentos agrícolas e as características da vegetação<strong>na</strong>tural, tanto influencian<strong>do</strong> a ocorrências das espécies arbóreas(e, portanto outras formas de vida), assim como o nível deestresse ao qual se submetem as árvores quan<strong>do</strong> isoladas emfragmentos florestais.A variabilidade <strong>na</strong>s características origi<strong>na</strong>is <strong>do</strong> solo, entreoutros fatores, é um elemento chave <strong>na</strong> determi<strong>na</strong>ção da capacidadede suporte humano de determi<strong>na</strong>da região (Fearnside, 1986b). Naárea de colonização da ro<strong>do</strong>via Transamazônica, por exemplo, ossolos variam de níveis de fertilidade semelhantes a aquelesencontra<strong>do</strong>s <strong>na</strong> área <strong>do</strong> PDBFF até níveis consideravelmente maiseleva<strong>do</strong>s em áreas de terra roxa (Alfisol), assim como em muitasdas manchas menores de terra preta <strong>do</strong> índio (Fearnside, 1984). Aocorrência de manchas férteis de solos, até mesmo em peque<strong>na</strong>sáreas, é importante no sucesso da agricultura <strong>do</strong>s colonos, assimcomo é a habilidade <strong>do</strong>s agricultores em localizar estas manchasatravés da identificação das espécies florestais indica<strong>do</strong>ras quesobre elas crescem (Moran, 1981).I.D) ZONEAMENTO ECONÔMICO-ECOLÓGICOA constituição brasileira de 1988 exige o estabelecimento ea observância <strong>do</strong> zoneamento econômico-ecológico <strong>do</strong> país <strong>na</strong>sdecisões sobre uso da terra. Esta exigência foi apoiada pelabancada ambientalista composta por delega<strong>do</strong>s constituintes, sen<strong>do</strong>entendida como um grande passo <strong>na</strong> redução das probabilidades deocorrência de impactos ambientais excessivos, como aqueles queresultam <strong>do</strong>s planos de <strong>desenvolvimento</strong> que implicam emdesmatamentos <strong>na</strong>s áreas de Florestas Tropicais. No entanto, aquestão <strong>do</strong> zoneamento logo se tornou controversa, com os Governosestaduais implementan<strong>do</strong> o zoneamento principalmente como um meiopara “abrir” novas áreas para o <strong>desenvolvimento</strong>, ao invés dea<strong>do</strong>ta-lo como ferramenta para conter os excessos cometi<strong>do</strong>s emnome desse pretenso <strong>desenvolvimento</strong> (veja Fearnside & Barbosa,1996, para exemplos de Roraima).Após a constituição de outubro de 1988, estabeleceu-se umacontenda interinstitucio<strong>na</strong>l pelo controle <strong>do</strong> processo dezoneamento a nível federal; os principais interessa<strong>do</strong>s eram oInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a EmpresaBrasileiro de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), e o Ministério daCiência e Tecnologia (MCT) (Régis, 1989). O assunto foi resolvi<strong>do</strong>por um decreto presidencial em 1991, que apontou como responsávela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), antigo ServiçoNacio<strong>na</strong>l de Informações (SNI): uma agência de informação inter<strong>na</strong>envolvida em muitas ações polêmicas. Esta decisão institucio<strong>na</strong>lpode afetar, potencialmente, tanto a prioridade dada às5


6preocupações ambientais como o grau de participação popular noprocesso de zoneamento.A meto<strong>do</strong>logia a ser utilizada no zoneamento foi motivo de muitascontrovérsias. Uma série de mapas com informações gerais foipreparada em uma escala de 1:2,5 milhões, usan<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>levantamento RADAMBRASIL; a coleta de da<strong>do</strong>s novos não foiempreendida para estes “mapas diagnósticos”, mas alguma outracoleta de da<strong>do</strong>s adicio<strong>na</strong>is está prevista em <strong>projeto</strong>s dezoneamento desenvolvi<strong>do</strong>s por alguns Governos estaduais. Os<strong>projeto</strong>s de zoneamento e o fortalecimento das agências estaduaisque começaram a realizá-los está sen<strong>do</strong> feito com a ajuda <strong>do</strong>Programa Piloto para a Conservação das Florestas Tropicais <strong>do</strong>Brasil (PPG-7), com verbas administradas pelo Banco Mundial.Aumentar o nível de detalhe <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s sobre característicascomo vegetação e solos é, obviamente, importante para aumentar ograu de confiança <strong>na</strong>s conclusões <strong>do</strong> zoneamento. Além disso, éimportante alcançar um melhor entendimento de como evoluir daescala <strong>do</strong>s mapas gerais de zoneamento para uma variação em escalafi<strong>na</strong> existente ao nível <strong>do</strong> solo, onde as ações acontecem de fato.Uma abordagem proposta para interpretar as informações sobresolos em conjunto com aquelas sobre vegetação, topografia eoutras características refere-se as “unidades de terra”(Sombroek, 1966; veja Sombroek et al., 2000). Unidades de terrausam conjuntos destes caracteres que co-ocorrem <strong>na</strong>turalmente comoa base para definir as categorias <strong>na</strong>s quais a paisagem é divididapara propósitos de planejamento.I.E) IMPORTÂNCIA DAS PROPRIEDADES DO SOLOI.E.1) Textura <strong>do</strong> soloUma das características mais importantes <strong>do</strong> solo é a suatextura, definida principalmente pela proporção das frações deareia e argila. <strong>Solo</strong>s muito arenosos podem ser prejudiciais aocrescimento das plantas, devi<strong>do</strong> a sua baixa capacidade deretenção de cátions (moléculas de carga positiva como Ca 2+ , Mg 2+ ,K + e Na + , necessárias ao <strong>desenvolvimento</strong> vegetal). Assim, nestessolos, os cátions são facilmente perdi<strong>do</strong>s por lixiviação,resultan<strong>do</strong> em um solo estéril. Além disso, os solos arenosospossuem uma baixa capacidade de retenção de água, expon<strong>do</strong> osvegetais ao estresse hídrico durante os perío<strong>do</strong>s mais secos. Ossolos argilosos apresentam maior capacidade de retençãocatiônica, principalmente porque o conteú<strong>do</strong> de argila épositivamente correlacio<strong>na</strong><strong>do</strong> com a matéria orgânica. A fraçãoargila em si também retém os cátions, independente de seuconteú<strong>do</strong> de matéria orgânica. A matéria orgânica é especialmenteimportante para definir a capacidade de troca catiônica (CTC) emsolos com minerais de argila de baixa atividade, tais como os


Latossolos e Podzólicos da <strong>Amazônia</strong> (Lenthe, 1991: 121). Acapacidade de troca catiônica é uma estimativa <strong>do</strong> número <strong>do</strong>ssítios de carga negativa presentes <strong>na</strong> superfície das moléculas deargila e de húmus; estes sítios podem ser ocupa<strong>do</strong>s por elementosnecessários à nutrição das plantas (Ca 2+ , Mg 2+ , K + e Na + ) ou poríons que competem com estes em solos áci<strong>do</strong>s (H + , Al 3+ e Fe 2+ ,apesar de que, somente os <strong>do</strong>is primeiros são incluí<strong>do</strong>s <strong>na</strong> CTC).A fração argila também retém melhor a água nos porosexistentes <strong>na</strong> matriz <strong>do</strong> solo. No entanto, solos argilosos queapresentam uma proporção elevada de microporos podem apresentarobstáculos ao <strong>desenvolvimento</strong> vegetal, já que nestes a remoção daágua requer um esforço muito grande por parte da planta (i.e., aágua exige uma tensão superior a 15 atmosferas (atm) para serremovida). A proporção de água retida sob tenção acima de 15 atmem solos muito argilosos pode representar até 30% de seu peso,porém, desempenha um papel importante: aumenta a estabilidade damatéria orgânica, contribuin<strong>do</strong> com a relação positiva entre oconteú<strong>do</strong> de argila e a matéria orgânica (Bennema, 1977: 35). Arelação entre os teores de argila e o crescimento das plantaspode ser afetada pela concentração de íons de alumínio, que sãotóxicos para a maioria das plantas quan<strong>do</strong> em altas concentrações.Os solos álicos argilosos (com alto teor de alumínio), comuns <strong>na</strong><strong>Amazônia</strong>, apresentam uma forte correlação positiva entre oconteú<strong>do</strong> de argila e de alumínio. Assim, como a presença daargila beneficia o <strong>desenvolvimento</strong> das plantas, pode-se esperaruma associação positiva entre os níveis de alumínio e o<strong>desenvolvimento</strong> vegetal, embora o efeito <strong>do</strong> alumínio por si sóseja negativo.<strong>Solo</strong>s extremamente argilosos podem impor um impedimentofísico ao crescimento das raízes <strong>do</strong>s vegetais. Por exemplo, parao plantio de citros são preferíveis solos que apresentem umacerta porcentagem de areia em detrimento daqueles extremamenteargilosos. Para o cacau, os melhores solos têm 30-40% de argila,50% de areia, e 10-20% de silte (Smyth, 1966 cita<strong>do</strong>s por Alvim,1977: 289). Os vários efeitos de conteú<strong>do</strong> de argila sobre ocrescimento das plantas podem ser resumi<strong>do</strong>s em diagramas de alçascausais (Fig. 1), onde o si<strong>na</strong>l <strong>na</strong> ponta da seta indica a direçãoda mudança <strong>na</strong> quantidade <strong>do</strong> fator localiza<strong>do</strong> à frente da seta,da<strong>do</strong> um aumento <strong>na</strong> quantidade <strong>do</strong> fator localiza<strong>do</strong> <strong>na</strong> extremidadeoposta.[Figura 1 aqui]O conteú<strong>do</strong> de argila <strong>do</strong> solo superficial relacio<strong>na</strong>-sediretamente à suscetibilidade <strong>do</strong> solo à erosão, especialmente aerosão lami<strong>na</strong>r (veja Fearnside, 1980). A argila, sen<strong>do</strong> compostapor partículas de dimensões menores, é transportada maisfacilmente pelo escoamento superficial da água <strong>do</strong> que aspartículas mais grosseiras como a areia. Um conteú<strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> deargila pode tor<strong>na</strong>r o solo menos permeável, propician<strong>do</strong> assim7


maiores volumes de água transportadas por escoamento superficialpara uma mesma quantidade de chuva. Porém, em solos argilosos comeleva<strong>do</strong> nível de agregação, tais como os existentes <strong>na</strong> área <strong>do</strong>PDBFF, a dre<strong>na</strong>gem pode ser boa, apesar <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> deargila. Em Latossolos Amarelos típicos (Oxisols), os agrega<strong>do</strong>s desolo não estão cobertos ou forra<strong>do</strong>s por membra<strong>na</strong>s de silicato deargila, o que os tor<strong>na</strong> pouco sujeitos à formação de voçorocas(Sombroek, 1966: 77). Latossolos com baixo conteú<strong>do</strong> de ferro (umacaracterística indicada pela cor amarelada <strong>do</strong>s solos das reservas<strong>do</strong> PDBFF) são os mais suscetíveis à deterioração da camada desolo superficial quan<strong>do</strong>, sob a agricultura, são expostos ao sol ea chuva. Neste cenário, eles se tor<strong>na</strong>m mais suscetíveis à erosão,já que, a sua superfície fica impermeável e o escoamentosuperficial, por conseguinte, aumenta (Bennema, 1977: 35).I.E.2) Capacidade de água disponívelA capacidade de água “disponível”, também conhecida como“água disponível”, mede a quantidade de água que o solo podeconter <strong>na</strong> forma aproveitável pelas raízes das plantas. Ela écalculada como a diferença entre a capacidade de campo (conteú<strong>do</strong>de umidade total <strong>do</strong> solo depois de permiti<strong>do</strong> escoar, pela forçade gravidade, o excesso de água de um solo) e o ponto de murcha(o conteú<strong>do</strong> de umidade sob o qual as plantas murcham e não serecuperam quan<strong>do</strong> novamente umedecidas) (Young, 1976: 40). A águanão pode ser absorvida <strong>do</strong>s microporos <strong>do</strong> solo se a pressãoexigida para isso supera aquela que pode ser exercida pelosistema radicular das plantas. A capacidade de campo édetermi<strong>na</strong>da a 0,33 atm de tensão, e o ponto de murcha em 15 atm.A capacidade de água disponível calculada por esteprocedimento padrão possui um significa<strong>do</strong> restrito por váriasrazões. Em primeiro lugar, a habilidade das plantas em extrairágua <strong>do</strong> solo varia entre espécies, diferin<strong>do</strong> <strong>do</strong> girassol, aplanta considerada como padrão pelos pedólogos. Uma segunda razãoé que o valor de 0,33 atm de pressão, usa<strong>do</strong> como padrão <strong>na</strong>determi<strong>na</strong>ção da capacidade de campo, subestima a capacidade deretenção de água: acredita-se que 0,1 atm seja mais apropria<strong>do</strong>, oque significa que o méto<strong>do</strong> padrão conduz a uma subestimativa dacapacidade de água disponível em aproximadamente 35% (Sánchez,1976: 111). Uma terceira razão é que a amostra ideal para estimara água disponível deve ser constituída de perfis intactos desolo, retira<strong>do</strong>s da lateral da trincheira. De outra forma, oresulta<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong> material seco e fragmenta<strong>do</strong> deamostras de solo tradicio<strong>na</strong>is (como no presente estu<strong>do</strong>) dá ape<strong>na</strong>suma indicação destes parâmetros no campo.Existem Algumas indicações de que a capacidade de águadisponível pode representar um obstáculo ao uso de água pelafloresta em solos semelhantes aos das reservas <strong>do</strong> PDBFF. Umestu<strong>do</strong> de perfis não deforma<strong>do</strong>s <strong>na</strong> “Bacia Modelo” <strong>do</strong> INPA (30 km8


ao su<strong>do</strong>este das reservas <strong>do</strong> PDBFF) indicou que, enquanto 60% <strong>do</strong>volume <strong>do</strong> solo coleta<strong>do</strong> a 10 cm de profundidade é composto porporos, somente 17% da água contida nestes poros está disponívelàs plantas, enquanto que 50% é constituí<strong>do</strong> por água indisponívele 33% é perdi<strong>do</strong> por escoamento a uma pressão menor que 0,33 atm(Ferreira, 1997: 168).I.E.3) FósforoO fósforo é um elemento limitante para a produção agrícola ede pastagens <strong>na</strong> <strong>Amazônia</strong> brasileira. Por exemplo, adubação com Pé o elemento chave para o aumento <strong>do</strong> <strong>desenvolvimento</strong> dasgramíneas forrageiras no receituário técnico formula<strong>do</strong> pelaEMBRAPA (por exemplo, Koster et al., 1977; Serrão et al., 1979).O nível de fósforo é baixo em praticamente to<strong>do</strong>s os solos <strong>na</strong><strong>Amazônia</strong> brasileira, incluin<strong>do</strong> solos relativamente férteis, taiscomo a terra roxa (Alfissolo), que ocorrem em áreas deassentamento ao longo de partes da ro<strong>do</strong>via Transamazônica no Paráe da ro<strong>do</strong>via BR-364 em Rondônia (veja Fearnside, 1984, 1986b).Além disso, não são boas as perspectivas de se manter grandesextensões de áreas agrícolas <strong>na</strong> dependência de fertilizantesfosfata<strong>do</strong>s <strong>na</strong> <strong>Amazônia</strong>, devi<strong>do</strong> às exíguas jazidas de rochas defosfato existentes no Brasil e no mun<strong>do</strong>; praticamente todas asmodestas jazidas deste mineral localizadas no Brasil ficamsituadas fora da <strong>Amazônia</strong> (veja Beisiegel & de Souza, 1986; deLima, 1976; Fearnside, 1997a,b, 1998a; Fenster & León, 1979).Na realidade é o fósforo disponível (PO 4 , <strong>na</strong> verdade o anionH 2 PO 4 - ), em lugar de P total, que se relacio<strong>na</strong> diretamente com ocrescimento das plantas. A disponibilidade de fósforo emLatossolos geralmente é muito baixa, em razão de que a maiorparte deste elemento se encontra em compostos altamenteinsolúveis de Fe e de Al (Kamprath, 1973a: 139). Normalmente, adisponibilidade de fósforo <strong>na</strong> agricultura é representada pelosteores de anidri<strong>do</strong> fosfórico (P 2 O 5 ); consideran<strong>do</strong> análises feitascom o extrator Caroli<strong>na</strong> <strong>do</strong> Norte (HCl de 0,05 N e H 2 SO 4 de 0,025N) que é o padrão utiliza<strong>do</strong> no Brasil. Assim, considera-se que ummiliequivalente (m.e.) de PO 4 3- /100 g de solo seco corresponde a10 3 partes por milhão (ppm) de P ou 23,7 mg de P 2 O 5 /100 g de soloseco (por exemplo, Vieira, 1975: 451-453). Embora o P totalobviamente limite à quantidade de fósforo disponível que podeestar presente no solo, outras características e processos aonível <strong>do</strong> solo determi<strong>na</strong>m <strong>na</strong> realidade o fósforo disponível emrelação ao fósforo total. Valores de pH abaixo de 5,5 sãogeralmente associa<strong>do</strong>s com uma redução marcante <strong>na</strong> disponibilidadede fósforo (Young, 1976: 299). Carbono orgânico e Fe 2 O 3 são ambosrelacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s positivamente com o fósforo disponível (P 2 O 5 ) emlatossolos brasileiros (Bennema, 1977: 43). Consideran<strong>do</strong> quecarbono e ferro estão associa<strong>do</strong>s com alto conteú<strong>do</strong> de argila, aestrutura granulométrica <strong>do</strong> solo está relacio<strong>na</strong>da com ocrescimento de plantas através <strong>do</strong> fósforo, assim como através de9


outros nutrientes e da disponibilidade de água. Micorrizasdesempenham um papel importante <strong>na</strong> mobilização de P em formasdisponíveis (St. John, 1985). Consideran<strong>do</strong> a elevada diversidadede espécies arbóreas amazônicas, associações com micorrizas foramencontradas em muitas das poucas espécies até agora estudadas(St. John, 1980).I.E.4) pH, alumínio e cátionsPoucas informações existem sobre a resposta de espéciesarbóreas amazônicas em relação às diferentes características <strong>do</strong>solo. Uma exceção importante é o caso <strong>do</strong> cacau, uma espécieamazônica <strong>na</strong>tiva de grande importância econômica e muitopesquisada, em comparação com outras espécies. É notável que,embora a maioria das espécies amazônicas aparentemente sejaaltamente tolerante aos solos muito áci<strong>do</strong>s, o pH <strong>do</strong> solo (reação<strong>do</strong> solo) é o melhor previsor de rendimentos <strong>do</strong> cacau (Hardy,1961; veja Fearnside, 1986b). Sob condições ácidas, queprevalecem <strong>na</strong> maioria <strong>do</strong>s solos amazônicos, o pH <strong>do</strong> solo é,aparentemente, o único fator importante afetan<strong>do</strong> o rendimento demuitas culturas, tais como o milho (veja Fearnside, 1986b). Na<strong>Amazônia</strong>, o pH <strong>do</strong> solo no momento <strong>do</strong> plantio depende menos <strong>do</strong> pHorigi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> solo <strong>do</strong> que da qualidade da queimada utilizada peloagricultor para preparar a terra para o plantio (Fearnside,1986b). Na Figura 1 estão incluídas as relações <strong>do</strong> pH <strong>do</strong> solo como crescimento das plantas.A capacidade de troca catiônica <strong>do</strong>s solos ricos em ferro eóxi<strong>do</strong>s de alumínio (como os das reservas <strong>do</strong> PDBFF) depende <strong>do</strong> pH(Young, 1976: 95). Além disso, o pH baixo eleva as concentraçõesde íons que são tóxicos ou inúteis para as plantas (Fe 2+ , Al 3+ eH + ) e que ocupam um número significativo <strong>do</strong>s poucos sítios deligação que existem nos componentes <strong>do</strong> solo. O termo “saturaçãode bases” se refere à porcentagem de sítios ocupa<strong>do</strong>s por cátionsessenciais, ou bases trocáveis (Ca 2+ , Mg 2+ , K + e Na + , a soma <strong>do</strong>squais informa a quantidade de “bases trocáveis totais”). Acapacidade de troca catiônica normalmente é calculada como basestrocáveis totais + Al 3+ + H + , em unidades de m.e./100 g de soloseco (Guimarães et al., 1970: 85). A capacidade de trocacatiônica, bases trocáveis totais e saturação de bases são, <strong>na</strong>prática, freqüentemente calculadas sem considerar os teores deNa + (por exemplo, Young, 1976: 426-429), porém, os resulta<strong>do</strong>s sãopouco altera<strong>do</strong>s, já que os íons de sódio normalmente estãopresentes em quantidades constantemente baixas (aproximadamente0,01 m.e./100 g de solo seco).A importância <strong>do</strong> pH baixo <strong>na</strong> a agricultura deve-se a suarelação íntima com íons de alumínio tóxicos (Al 3+ ). Aconcentração de íons de alumínio normalmente tem uma relaçãologarítmica negativa com o pH (veja Fearnside, 1984; Sánchez,1976: 225). Em geral, acredita-se que a saturação de alumínio, e10


não a concentração absoluta de íons de alumínio, seja maisestreitamente relacio<strong>na</strong>da ao crescimento das plantas (Primavesi,1981: 100). A saturação de alumínio pode ser calculada de <strong>do</strong>ismo<strong>do</strong>s, incluin<strong>do</strong> ou não a acidez trocável (H + ). Incluin<strong>do</strong> o H + , asoma de Al 3+ + H + é dividida pelo total de bases trocáveis maisAl 3+ e H + , e o resulta<strong>do</strong> expressa<strong>do</strong> em forma de porcentagem(Sánchez, 1976: 224). O mesmo resulta<strong>do</strong> pode ser encontra<strong>do</strong>subtrain<strong>do</strong>-se de 100% os teores encontra<strong>do</strong>s para a saturação debases. Fazen<strong>do</strong> com que seja possível a utilização de um ou outrodestes índices <strong>na</strong> análise das relações com o crescimento dasplantas, quan<strong>do</strong> assim defini<strong>do</strong>. No Brasil, no entanto, asaturação de alumínio normalmente é calculada sem H + . Assim, afórmula usualmente empregada considera o Al 3+ dividi<strong>do</strong> pela somadas bases trocáveis + Al 3+ , expresso em forma de porcentagem(Brasil, SNLCS-EMBRAPA, 1979). A saturação de alumínio, calculadadesta forma, alcançan<strong>do</strong> um valor maior que 25%, indica que ossolos são impróprios para o plantio de cacau (Alvim, 1977: 291).As culturas agrícolas variam muito <strong>na</strong> sua sensibilidade àtoxidez <strong>do</strong> alumínio: em termos de saturação de alumínio com H + , omilho pode tolerar até 60% de saturação, enquanto o sorgo sofrerestrições em níveis muito mais baixos (Sánchez, 1976: 231). Apresença de íons de Alumínio afeta negativamente a produtividade<strong>do</strong> solo, pois promovem a fixação <strong>do</strong> fósforo sob formasindisponíveis (Kamprath, 1973b: 127). A toxidez de alumínio, emparte, se reflete negativamente <strong>na</strong> absorção de fósforo, já que oalumínio tende a acumular-se <strong>na</strong>s raízes impedin<strong>do</strong> a absorção etranslocação <strong>do</strong> P e Ca para a parte aérea da planta (Sánchez,1976: 231). A presença de alumínio <strong>na</strong> solução <strong>do</strong> solo não sódepende <strong>do</strong> pH, mas também <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> de matéria orgânica nosolo: A presença de íons de alumínio diminui <strong>na</strong> medida em que amatéria orgânica aumenta e forma complexos fortemente estáveiscom o alumínio (Sánchez, 1976: 226).A diferença entre o pH medi<strong>do</strong> em cloreto de potássio (KCl) eaquele medi<strong>do</strong> em água, ou “delta pH”, indica o esta<strong>do</strong> da cargaelétrica de um sistema óxi<strong>do</strong> (um solo no qual partículas deargila inteiras consistem em óxi<strong>do</strong>s de ferro e alumínio, oualofanes, ou um solo no qual películas estáveis destes óxi<strong>do</strong>srecobrem as partículas de silicato) (Sánchez, 1976: 140-141). Seo pH em KCl é menor que o pH em água (delta pH é negativo: o casohabitual), então há uma carga negativa líquida (capacidade detroca catiônica). Por outro la<strong>do</strong>, se o inverso é verdadeiro, háuma carga positiva líquida (capacidade de troca aniônica). Amagnitude da carga afeta o pH <strong>do</strong> solo no ponto isoelétrico, ouseja, no “ponto zero de carga”, isso por seu turno determi<strong>na</strong> acapacidade de troca catiônica (CTC) a um da<strong>do</strong> nível de pH <strong>do</strong>solo. (2) O conteú<strong>do</strong> de matéria orgânica <strong>do</strong> solo influenciafortemente estas relações e a CTC resultante (Bennema, 1977: 39;Sánchez, 1976: 146). O delta pH é freqüentemente usa<strong>do</strong> como umindica<strong>do</strong>r <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> de matéria orgânica. Se pH em KCl é mais11


alto que pH em H 2 O (delta pH é positivo), então a matériaorgânica é baixa. O delta pH normalmente é associa<strong>do</strong>positivamente com a relação C/N em solos amazônicos,especialmente quan<strong>do</strong> são compara<strong>do</strong>s solos com grandes diferençasem delta pH (Ta<strong>na</strong>ka et al., 1984: 55).I.E.5) NitrogênioTradicio<strong>na</strong>lmente, considera-se que a deficiência denitrogênio no solo é o principal fator limitante para aagricultura tropical (Natio<strong>na</strong>l Academy of Sciences, 1972: 8;Webster & Wilson, 1980: 220). As leguminosas arbóreas podem fixarnitrogênio com a ajuda de bactérias simbiônticas, fato que,provavelmente, representa para os membros desta superfamília umavantagem competitiva em relação às espécies de famílias que nãopossuem esta capacidade. Isto explica, em parte, o fato de que asleguminosas formam um grupo abundante <strong>na</strong>s reservas <strong>do</strong> PDBFF,embora não cheguem a representar uma das famílias <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nte:Burseraceae, Sapotaceae e Lecythidaceae são mais comuns (Rankinde-Mero<strong>na</strong>et al., 1990: 574). Em um modelo desenvolvi<strong>do</strong> pelo<strong>projeto</strong> BIONTE (Biomassa e Nutrientes) para a “Bacia Modelo” <strong>do</strong>INPA (situada sobre o mesmo tipo de solo e a aproximadamente 30km ao sul das reservas <strong>do</strong> PDBFF), assumiu-se que o N era um fatorlimitante para o <strong>desenvolvimento</strong> da floresta como um to<strong>do</strong> (Biotet al., 1997: 284). Nas reservas <strong>do</strong> PDBFF, o N total foipositivamente correlacio<strong>na</strong><strong>do</strong> com a biomassa da floresta (Lauranceet al., 1999).Sollins (1998: 23), revisou a literatura referente à relaçãoentre as características <strong>do</strong>s solos e a composição das FlorestasTropicais de terras baixas, sugerin<strong>do</strong> que os caracterespe<strong>do</strong>lógicos a afetam. Em ordem decrescente de importância estascaracterísticas seriam: disponibilidade de P, toxicidade de Al,profundidade <strong>do</strong> lençol freático, quantidade e arranjo de poros detamanhos diferentes, disponibilidade de cátions de metaisbásicos, micronutrientes (por exemplo, B, Zn) e N. O nitrogênio élista<strong>do</strong> por último <strong>na</strong> ordem de importância porque a maioria <strong>do</strong>ssolos tropicais em terras baixas é relativamente rica em N. Poroutro la<strong>do</strong>, estu<strong>do</strong>s feitos em Florestas Monta<strong>na</strong>s Tropicais <strong>na</strong>Venezuela, Jamaica e Havaí encontraram relações entre onitrogênio, a ocorrência e o crescimento das árvores (Tanner etal., 1998). As pesquisas sobre Florestas Monta<strong>na</strong>s tropicaispodem ser consideradas mais avançadas <strong>do</strong> que aquelas realizadasem florestas de terras baixas, já que alguns estu<strong>do</strong>s em FlorestasMonta<strong>na</strong>s incluem experimentos com manipulação de variáveis emlugar de confiar exclusivamente em correlações. Tanner et al.(1998), especulam que muitas florestas de terras baixas estãolimitadas pelo P enquanto que muitas florestas Monta<strong>na</strong>s por N.I.E.6) Zinco12


A deficiência de zinco pode representar um problema paracrescimento das plantas. Ela pode ser causada pela fixação <strong>do</strong>zinco em sesquióxi<strong>do</strong>s cristalinos (Bennema, 1977: 36), já que apresença <strong>do</strong>s sesquióxi<strong>do</strong>s (Fe 2 O 3 e Al 2 O 3 ) caracteriza osLatossolos (Oxisols). A solubilidade de zinco apresenta umarelação exponencial negativa com relação ao pH (valores de pHrepresentam o expoente), aumentan<strong>do</strong> rapidamente com valores de pH<strong>do</strong> solo abaixo de 5 (Coelho & Verlengia, 1972: 58). Valorescríticos de zinco <strong>na</strong> agricultura se encontram entre 1 e 2 ppmquan<strong>do</strong> extraí<strong>do</strong> com HCl em 1 N (Cox, 1973a: 183).I.E.7) ManganêsO manganês é um micronutriente requeri<strong>do</strong> em peque<strong>na</strong>squantidades pelas plantas (Young, 1976: 291). Porém, a níveisaltos é tóxico e, assim como a toxicidade de alumínio, podeinibir o crescimento das plantas. A disponibilidade de Mg paraplantas é estreitamente ligada ao pH, com solubilidade mais altaem níveis baixos de pH. A toxicidade de manganês é um problemacomum para a produção de legumes nos solos áci<strong>do</strong>s brasileiros(Cox, 1973a: 87).I.E.8) Outros elementosA discussão acima foi restrita aos elementos que, acreditase,podem limitar o crescimento da floresta e o sucesso dasatividades agropecuárias implantadas em solos como aquelesexistentes <strong>na</strong> área das reservas <strong>do</strong> PDBFF. O conjunto de da<strong>do</strong>ssobre os solos das reservas <strong>do</strong> PDBFF inclui ainda informaçõessobre enxofre e cobre. Não foram a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong>s boro, molibdênio ecloro. O potássio total não foi a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong>: esta medidanormalmente não é correlacio<strong>na</strong>da com o <strong>desenvolvimento</strong> dasplantas e, assim sen<strong>do</strong>, foi considerada uma informação ape<strong>na</strong>s deinteresse acadêmico (Cox, 1973b: 162).II) A PESQUISA DE SOLOS DO PDBFFII.A) RESENHA DO CONJUNTO DE DADOSO conjunto de da<strong>do</strong>s contem informações obtidas de 1.693amostras superficiais de solos retiradas em locais sob floresta<strong>na</strong>s reservas <strong>do</strong> PDBFF (entre as quais, 272 são amostrasadicio<strong>na</strong>is obtidas em datas posteriores), 41 perfis de solo e1.693 amostras de densidade <strong>do</strong> solo. Estes da<strong>do</strong>s permiteminvestigar os efeitos da variação em escala fi<strong>na</strong> de uma maneiraque não seria possível <strong>na</strong> escala <strong>do</strong>s mapas de solo disponíveisnos levantamentos <strong>do</strong> Projeto RADAMBRASIL, usa<strong>do</strong>s freqüentementeno zoneamento e em outras decisões de planejamento sobre o uso <strong>do</strong>solo. Os da<strong>do</strong>s de solos <strong>do</strong> PDBFF indicam variabilidadesignificativa dentro de uma área considerada homogênea em relaçãoàs características <strong>do</strong> solo nos mapas <strong>do</strong> RADAMBRASIL. As13


diferenças observadas entre locais amostra<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s reservas <strong>do</strong>PDBFF são suficientes para se prever certo impacto negativo sobrea agricultura, caso estas áreas (ou áreas semelhantes) sejamdesmatadas e plantadas. É provável que estas diferenças tambémafetem a distribuição das espécies arbóreas <strong>na</strong> floresta, assimcomo, a suscetibilidade da floresta ao estresse hídrico, casofosse exposta a uma variabilidade climática significativa (porexemplo, a variabilidade provocada pelo fenômeno El Niño), aosefeitos <strong>do</strong> microclima característico das bordas de fragmentos,aos efeitos das mudanças climáticas esperadas em função <strong>do</strong> efeitoestufa e da redução da precipitação provocada pela diminuição <strong>na</strong>evapotranspiração da floresta.II.B) MÉTODOS DE CAMPOAmostras superficiais (0-20cm) foram obtidas com autilização de um tra<strong>do</strong> de solo <strong>do</strong> tipo parafuso, cada amostraindividual foi composta por 15 sub-amostras retiradasaleatoriamente no interior de uma parcela quadrangular de 20 m X20 m. As parcelas foram delimitadas com o uso de estacaspermanentes (cano de PVC com etiqueta de alumínio numera<strong>do</strong>),localizadas em seus vértices, permitin<strong>do</strong> assim que os mesmoslocais sejam localiza<strong>do</strong>s em estu<strong>do</strong>s posteriores.Uma amostra de densidade <strong>do</strong> solo foi coletada no centro decada parcela. Para isso, foram utiliza<strong>do</strong>s cilindros volumétricoscom 20 cm de comprimento e 6,9 cm de diâmetro. O cilindro ajustaseà extremidade de um tra<strong>do</strong> e é introduzi<strong>do</strong> no solo baten<strong>do</strong>-secom um peso móvel que desliza pela sua haste metálica. Uma vezintroduzi<strong>do</strong> no solo, o cilindro era retira<strong>do</strong> cavan<strong>do</strong>-se ao seure<strong>do</strong>r com uma cavadeira, toman<strong>do</strong>-se os devi<strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s para queo cilindro de solo fosse retira<strong>do</strong> intacto (evitan<strong>do</strong>-se que ocilindro fosse puxa<strong>do</strong> para cima). O solo foi retira<strong>do</strong> baten<strong>do</strong>-seo <strong>do</strong>rso de um facão contra o la<strong>do</strong> exterior <strong>do</strong> cilindro metálico.As amostras foram armaze<strong>na</strong>das em sacos plásticos duplos paraserem transportadas e pesadas no laboratório.Uma amostra <strong>do</strong> perfil <strong>do</strong> solo (1,5 m de profundidade) foicoletada no centro de um subconjunto de parcelas, com o uso de um“tra<strong>do</strong> holandês”. Cada perfil foi composto por oito amostrasrepresentan<strong>do</strong> diferentes profundidades, as primeiras seteamostras representaram camadas de 20 cm de espessura,corresponden<strong>do</strong> a uma profundidade total de 1,4 m, enquanto aúltima amostra representou uma camada de 10 cm de profundidades(totalizan<strong>do</strong> 1,5 m de profundidade). As amostras foramdepositadas sobre uma lo<strong>na</strong> plástica estendida ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> pontoamostra<strong>do</strong>, permitin<strong>do</strong> a caracterização <strong>do</strong>s horizontes (em relaçãoà cor, textura e plasticidade) segun<strong>do</strong> a meto<strong>do</strong>logia sugerida porVieira & Vieira (1983: 60-81). As amostras foram armaze<strong>na</strong>dasseparadamente em sacos plásticos para serem transportadas para olaboratório. A localização <strong>do</strong>s perfis no campo foi identificada14


com piquetes de tubos de PVC com etiquetas de alumínio numeradas.II.C) MÉTODOS DE LABORATÓRIOII.C.1) Preparação de amostras, cor <strong>do</strong> solo, textura econsistênciaNo laboratório, as amostras superficiais e de perfis foramclassificadas no esta<strong>do</strong> úmi<strong>do</strong> em relação à cor (usan<strong>do</strong> umacartela de cores <strong>na</strong> escala Munsell), a consistência (viscosidadee plasticidade) e a textura. Estas descrições seguiram os méto<strong>do</strong>sde Vieira & Vieira (1983: 60-81).As amostras submetidas às análises químicas sofreram umasecagem prévia em um seca<strong>do</strong>r solar, segui<strong>do</strong> de 24 horas deexposição em uma estufa elétrica a 105 0 C. Depois desta secagem,fragmentos de carvão foram coleta<strong>do</strong>s manualmente, pesa<strong>do</strong>s earmaze<strong>na</strong><strong>do</strong>s. As amostras secas foram então moídas manualmente(usan<strong>do</strong> uma tábua e um rolo de massa), passadas por peneiras demalha de 20 mm e posteriormente de 2 mm. As pedras e concreçõeslateríticas encontradas foram separadas, pesadas e registradas.Uma subamostra de 300 g de solo seco foi armaze<strong>na</strong>da em recipientede vidro em uma coleção de referência (soloteca). Subamostrasadicio<strong>na</strong>is de 300 g foram preparadas para os laboratórios desolos <strong>do</strong> INPA (Instituto Nacio<strong>na</strong>l de Pesquisas da <strong>Amazônia</strong>,Ma<strong>na</strong>us, Amazo<strong>na</strong>s) e CENA (Centro de Energia Nuclear <strong>na</strong>Agricultura, Piracicaba, São Paulo). Análises granulométricas,densidade, carbono orgânico, capacidade de água disponível e pHem H 2 O e KCl foram realizadas no INPA; N total, C total, Al 3+ , H + ,Ca 2+ , Mg 2+ , K + , PO 3- 4 , Cu, Fe, Zn + , Mn 2+ foram feitas no CENA. Osresulta<strong>do</strong>s de textura obti<strong>do</strong>s no INPA foram conferi<strong>do</strong>scomparan<strong>do</strong>-se os resulta<strong>do</strong>s aí obti<strong>do</strong>s para 10 amostrasaleatoriamente escolhidas com os resulta<strong>do</strong>s de análises <strong>do</strong>laboratório de solos da EMBRAPA em Ma<strong>na</strong>us; nenhuma diferençasignificativa foi encontrada (O laboratório <strong>do</strong> CENA enviou 10amostras a cada <strong>do</strong>is meses para um, entre um grupo delaboratórios brasileiros associa<strong>do</strong>s, para obter uma checagemindependente em suas análises químicas).II.C.2) Textura <strong>do</strong> soloA análise granulométrica utilizou o méto<strong>do</strong> da pipeta(Brasil, SNLCS-EMBRAPA, 1979) e considerou quatro frações: areiagrossa (diâmetro de 0,2-2,0 mm), areia fi<strong>na</strong> (diâmetro de 0,05-0,2mm), silte (diâmetro de 0,002-0,05 mm) e argila (diâmetro < 0,002mm) (Vieira & Vieira, 1983: 68). As dimensões definidas para cadaclasse de partículas correspondem aos padrões <strong>do</strong> Departamento deAgricultura <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, em lugar daqueles a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s pelaSociedade Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de Ciência <strong>do</strong> <strong>Solo</strong>.A fração argila foi determi<strong>na</strong>da diluin<strong>do</strong> o solo em solução15


de NaOH e utilizan<strong>do</strong> um agita<strong>do</strong>r elétrico. A mistura foi entãocolocada em um cilindro de sedimentação (cilindro gradua<strong>do</strong>) de 1litro e agitada, através de inversões sucessivas, antes depermitir a sedimentação em repouso. Após um perío<strong>do</strong> de tempodetermi<strong>na</strong><strong>do</strong> a partir de uma tabela, que depende da temperatura(por exemplo, 3 horas e 33 minutos para 25 o C), utilizan<strong>do</strong>-se umapipeta, uma amostra de 25 ml foi retirada a uma profundidade de 5cm. Antes da pesagem, o material coleta<strong>do</strong> foi deposita<strong>do</strong> em umrecipiente previamente tara<strong>do</strong> e coloca<strong>do</strong> para secar em uma estufaelétrica a 105 o C.A areia total (fração grossa + fi<strong>na</strong>) foi determi<strong>na</strong>dapassan<strong>do</strong> o solo por uma peneira com uma malha de 0,053 mm,segui<strong>do</strong> por lavagem, secagem em estufa e pesagem. Este materialfoi então separa<strong>do</strong> em uma peneira com malha de 0,2 mm. A areiafi<strong>na</strong> foi pesada e a areia grossa determi<strong>na</strong>da por diferença <strong>do</strong>peso da areia total. O silte foi determi<strong>na</strong><strong>do</strong> por diferença <strong>do</strong>peso da amostra total da soma das outras três frações (areiafi<strong>na</strong>, areia grossa e argila).II.C.3) Densidade <strong>do</strong> soloAs amostras volumétricas foram colocadas para secar até pesoconstante em uma estufa elétrica a 105 o C. Raízes fi<strong>na</strong>s e carvãoforam imediatamente removi<strong>do</strong>s destas amostras após a determi<strong>na</strong>ção<strong>do</strong> peso seco. As raízes foram então lavadas, secas <strong>na</strong> estufa epesadas. O carvão foi armaze<strong>na</strong><strong>do</strong> após a obtenção de seu peso.II.C.4) Carbono orgânico e matéria orgânicaO méto<strong>do</strong> Walkley-Black modifica<strong>do</strong> foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>na</strong>s análisesdesenvolvidas no INPA, nele, as medidas volumétricas são feitascom utilização de bicromato de potássio e titulação com sulfatoferroso. O méto<strong>do</strong> (Walkley & Black, 1934) incluiu as modificaçõesempregadas pela EMBRAPA. A matéria orgânica é estimadamultiplican<strong>do</strong>-se o resulta<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> pela constante 1,72 (Brasil,SNLCS-EMBRAPA, 1979), uma prática comum (Young, 1976: 102). Arelação C/N é encontrada dividin<strong>do</strong>-se o carbono orgânico(Walkley-Black) pelo nitrogênio total.II.C.5) Capacidade de água disponívelA capacidade de campo e o ponto de murcha foramindiretamente determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s com a utilização de um aparato commembra<strong>na</strong> de pressão (Soil Moisture Equipment Co., Santa Barbara,California, E.U.A.). A capacidade de campo corresponde aoconteú<strong>do</strong> de umidade manti<strong>do</strong> sob uma sucção de 0,33 atm e o pontode murcha correspondente ao valor de 15 atm. A diferença <strong>na</strong>quantidade de água retida pelo solo entre estes <strong>do</strong>is pontosdefine a capacidade de água disponível. O conteú<strong>do</strong> de umidade e acapacidade de água disponível são expressos como porcentagens16


obtidas através <strong>do</strong> peso da água sobre o peso da amostra em baseseca (Klar, 1984: 71). Note que, seguin<strong>do</strong> o procedimento padrão,o solo foi seco e peneira<strong>do</strong> antes de ser coloca<strong>do</strong> nos anéisdistribuí<strong>do</strong>s sobre a chapa de pressão, assim alteran<strong>do</strong> a suaestrutura.II.C.6.) pH em água e KClA reação <strong>do</strong> solo (pH) em H 2 O destilada e em solução de KClde 1 N foi estimada com a utilização de um equipamento apropria<strong>do</strong>(pH-metro). A proporção entre a quantidade de solo seco <strong>na</strong> estufae a quantidade de água ou solução de KCl utilizada é de 1:1 emuma base volumétrica (20 ml de solo para 20 ml de água ousolução). Outros trabalhos sobre solos tropicais determi<strong>na</strong>ram quea reação <strong>do</strong> solo aumenta em aproximadamente 0,3 unidades de pH emamostras secas, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> às condições de campo; o pH nãoé afeta<strong>do</strong> desde que o solo seja armaze<strong>na</strong><strong>do</strong> seco (Gillman &Murtha, 1983).II.C.7) Macro e micronutrientesA meto<strong>do</strong>logia empregada no CENA para determi<strong>na</strong>ção <strong>do</strong>smicronutrientes foi descrita por Zagatto et al. (1981) eJorgensen (1977). As amostras foram digeridas seguin<strong>do</strong> ameto<strong>do</strong>logia da EMBRAPA: 0,0025 N de HCl e 0,005 N de H 2 SO 4(Brasil, SNLCS-EMBRAPA, 1979). K + foi medi<strong>do</strong> através deespectrofotometria de emissão atômica em uma chama de ar eacetileno, usan<strong>do</strong> um equipamento Perkin-Elmer AAS 306; Al 3+ , Ca 2+ ,Cu, Fe, Mg 2+ , Mn 2+ , Na + e Zn + por espectrometria de absorçãoatômica com plasma induzi<strong>do</strong> em argônio, usan<strong>do</strong> um espectrômetrocomputa<strong>do</strong>riza<strong>do</strong> (espectrômetro de leitura direta Jarell-AshPlasma Atomcomp), e S (como sulfato de bário) através deturbidimetria, usan<strong>do</strong> um sistema de injeção de fluxo. PO 3-4 foidetermi<strong>na</strong><strong>do</strong> em um autoa<strong>na</strong>liza<strong>do</strong>r utilizan<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> de azulmolibdênio (Jorgensen, 1977: 10).II.C.8) Nitrogênio totalO nitrogênio total foi determi<strong>na</strong><strong>do</strong> pelo méto<strong>do</strong> de digestãode Kjeldahl, usan<strong>do</strong> uma mistura de H 2 O 2 , Li 2 SO 4 e H 2 SO 4 concentra<strong>do</strong>para digerir a matéria orgânica e transformar o nitrogênioconti<strong>do</strong> <strong>na</strong> amostra em NH 4+ (Parkinson & Allen, 1975). O destila<strong>do</strong>foi titula<strong>do</strong> com H 2 SO 4 .II.C.9) Carbono total (%C)O carbono total (%C) foi determi<strong>na</strong><strong>do</strong> no CENA pelo “méto<strong>do</strong> a seco”que converte as formas de carbono <strong>do</strong> solo em CO 2 através dacombustão às 1.100 o C. O gás é então envia<strong>do</strong> a uma célula decloreto de sódio padrão onde é detectada a diferença decondutividade elétrica entre esta solução e uma solução17


carbo<strong>na</strong>tada com CO 2 , sen<strong>do</strong> o resulta<strong>do</strong> expresso em miligramas decarbono (Cerri et al., 1990).III) RESUMO DOS RESULTADOSOs resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s aqui são restritos aos 54 ha nãocontíguosnos quais inventários das espécies arbóreas foramdesenvolvi<strong>do</strong>s no âmbito no <strong>projeto</strong> PDBFF. Na área das reservasnão foi constatada a presença <strong>do</strong>s melhores tipos de solosamazônicos: solos antropogênicos (terra preta <strong>do</strong> índio) eAlfisols (terra roxa estruturada), nem <strong>do</strong>s piores tipos, taiscomo os solos forma<strong>do</strong>s por depósitos de areia branca (Podzols ouSpo<strong>do</strong>sols), que ocorrem sob a vegetação de campi<strong>na</strong>. Não obstante,os da<strong>do</strong>s indicam uma variação significativa em qualidade <strong>do</strong> soloapesar da uniformidade relatada nos mapas gerais de solo. Atabela 1 apresenta as estatísticas descritivas sobre as médiaspor hectare.[Tabela 1 aqui]O conteú<strong>do</strong> de argila (valor médio: 54,7%) apresenta umaampla variação, de 18,0-68,8%; como o conteú<strong>do</strong> de argila éestreitamente liga<strong>do</strong> a vários indica<strong>do</strong>res de fertilidade <strong>do</strong> solo,o nível de fertilidade em geral também varia substancialmente. Osolo médio poderia ser classifica<strong>do</strong> como aquele ocupan<strong>do</strong> o pontocentral da “categoria de solos argilosos” (Vieira & Vieira, 1983:68). O solo apresenta uma porcentagem significativa de partículas<strong>do</strong> tamanho de silte (valor médio = 21,2%), fazen<strong>do</strong> com que difirade algumas solos amazônicos, onde as partículas são concentradas<strong>na</strong>s frações de areia e argila, com peque<strong>na</strong> proporção daspartículas de tamanho intermediário. Porém, é possível que adispersão incompleta de agrega<strong>do</strong>s de argila possa resultar em umaabundância aparente de partículas de silte quan<strong>do</strong>, <strong>na</strong> realidade,esta classe de tamanho está presente em quantias muito menores(Thierry Desjardins, comunicação pessoal, 1998). Assim, paraefeito de análise estatística, estas duas classes de partículasforam agrupadas em uma só.O relevo da área pode ser considera<strong>do</strong> ondulan<strong>do</strong>, com umdeclive médio de 10,8%. Uma parte da área, com declives íngremes,além de não indicada para a agricultura mecanizada, apresenta-sepropensa a sofrer fenômenos erosivos. As classificações propostassobre a capacidade de uso da terra consideram sem limitaçõesdeclives de 0-2%, ligeiramente limita<strong>do</strong>s aqueles entre 2-8%,moderadamente limita<strong>do</strong>s aqueles entre 8-30% e muito limita<strong>do</strong>saqueles >30% (Benites, 1994: 215). Dos 373 pontos com medidas dedeclive no conjunto de da<strong>do</strong>s usa<strong>do</strong> no atual estu<strong>do</strong>, 57,1% nãoapresentaram nenhuma limitação por estes critérios, 23,6%apresentaram limitação reduzida, 23,1% apresentaram limitaçãomoderada e 2,7% apresentaram limitação severa. Além disso, arazão argila/areia de 2,6 (ou 3,1 consideran<strong>do</strong> argila+silte) <strong>na</strong>s18


eservas <strong>do</strong> PDBFF pode ser considerada um impedimento àmecanização, pois, o valor máximo desta relação considera<strong>do</strong>apropria<strong>do</strong> é 2,0 (Vieira & Vieira, 1983: 123). No entanto, estaclassificação de limitações à mecanização baseada no conteú<strong>do</strong> deargila representa uma média para to<strong>do</strong> Brasil; W. Sombroek(comunicação pessoal, 1998), acredita que os Latossolos amarelos<strong>na</strong> <strong>Amazônia</strong> tais como os que ocorrem <strong>na</strong>s reservas <strong>do</strong> PDBFF,poderiam se sujeitar à mecanização, mesmo apresentan<strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>sde argila mais eleva<strong>do</strong>s que os recomenda<strong>do</strong>s por estaclassificação.O solo é bastante áci<strong>do</strong>, com um pH médio em água de 4,0(variação: 3,4-4,4). Porém, não se deve esquecer que, para aagricultura, não é o nível de nutrientes no solo sob floresta queimporta, mas sim o nível que estará presente após a floresta serderrubada e queimada. Especialmente no caso de pH, os valores seelevam dependen<strong>do</strong> da qualidade da queimada (Fearnside, 1986b).O delta pH (valor médio: -0,3) apresenta uma carga negativalíquida, indican<strong>do</strong> a existência de capacidade de troca catiônica.Isto também confirma a existência de um nível razoável de matériaorgânica no solo, consideran<strong>do</strong> os padrões de solos agrícolastropicais.A saturação de alumínio (excluin<strong>do</strong> H + ), com um valor médiode 92,4%, é sem dúvida elevada, enquanto a saturação de bases(sem Na + ) é baixa, com um valor médio de ape<strong>na</strong>s 7,6%. Valores desaturação de Al (sem H + ) < 50% são classifica<strong>do</strong>s como baixos e >50% são classifica<strong>do</strong>s como altos (Vieira & Vieira, 1983: 144).O carbono total apresentou um valor médio de 1,96%. Ocarbono orgânico, determi<strong>na</strong><strong>do</strong> pelo méto<strong>do</strong> Walkley-Blackmodifica<strong>do</strong>, teve um valor médio de 1,58%. A matéria orgânicaapresentou um valor médio de 2,72%. Apesar destes valoresapresentarem-se baixos para solos agrícolas, eles podem serconsidera<strong>do</strong>s comuns nos solos típicos da <strong>Amazônia</strong>.Os níveis de N total podem ser considera<strong>do</strong>s modera<strong>do</strong>s, comum valor médio de 0,16%; valores inferiores a 0,1% sãoconsidera<strong>do</strong>s “baixos”, poden<strong>do</strong>-se prever uma provável reposta àfertilização em culturas agrícolas, enquanto valores de 0,1-0,2%ocupam uma faixa “moderada” onde estas respostas ainda são deocorrência possível (Young, 1976: 291). A relação C/N (valormédio: 9,9) indica uma quantidade razoável, mas não ideal, denitrogênio disponível às plantas (valores acima de 15 indicamquantidades baixas de N <strong>na</strong>s formas disponíveis).Os níveis de fosfato são muito reduzi<strong>do</strong>s (valor médio de3PO 4 : 0,030 m.e./100 g de solo seco). A quantidade de PO 3-4 podeser considerada “insuficiente” para espécies agrícolas em níveis< 0,097 m.e./100 g de solo seco (equivalente a < 2.30 m.e. de19


P 2 O 5 /100 g de solo seco); níveis “regulares” de PO 3-4 variam entre0,097-0,253 m.e./100 g de solo seco (equivalente a 2,30-6,00 m.e.de P 2 O 5 /100 g de solo seco), enquanto que um “solo bom” apresenta> 0,253 m.e. de PO 3- 4 /100 g de solo seco (>6,00 m.e. de P 2 O 5 /100 gde solo seco) (Vieira & Vieira, 1983: 144)O nível de potássio trocável (K + ) é reduzi<strong>do</strong>, com um valormédio de 0,06 m.e./100 g de solo seco; valores abaixo de 0,2m.e./100 g de solo seco são considera<strong>do</strong>s baixos, poden<strong>do</strong>-seesperar uma resposta das culturas agrícolas à sua aplicação(Young, 1976: 291). Um sistema de avaliação de capacidade de usoda terra a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> no Brasil (Vieira & Vieira, 1983: 144)classifica níveis de K + < 0,11 m.e./100 g de solo seco como“insuficientes”, 0,11-0,37 como “regulares” e > 0,37 como “bons”.Considera-se que o nível mínimo absoluto exigi<strong>do</strong> por culturasagrícolas é 0,10 m.e./100 g de solo seco (Boyer, 1972: 102).Entre os nutrientes essenciais, potássio é o que apresenta maiordemanda pelos vegetais cultiva<strong>do</strong>s (Webster & Wilson, 1980: 74).Assim, provavelmente a deficiência de potássio trocável afetará ocrescimento das plantas nestes solos.As concentrações de íons de cálcio são muito reduzidas(valor médio: 0,058 m.e./100 g de solo seco). Para culturasagrícolas, < 1,50 m.e./100 g de solo seco é considerada“insuficiente”, 1,50-3,50 m.e./100 g de solo seco é considerada“regular” e > 3,50 m.e./100 g de solo seco “bom” (Vieira &Vieira, 1983: 144).As concentrações de íons de magnésio são baixas (valormédio: 0,076 m.e./100 g de solo seco). Na agricultura, < 0,50m.e./100 g de solo seco é considera<strong>do</strong> “insuficiente”, 0,50-1,00m.e./100 g de solo seco “regular” e > 1.00 m.e./100 g de soloseco “bom” (Vieira & Vieira, 1983: 144).A capacidade de troca catiônica (expressa como o CTC deargila) é muito baixa, com um valor médio de 14,4m.e./100 g deargila depois de corrigida para carbono. Com a correção paracarbono (considera-se que cada 1% de carbono corresponde a 4,5m.e. de CTC), uma CTC de 24 m.e./100 g de argila representa alinha divisória entre as atividades “baixa” e “alta” de argila(Vieira & Vieira, 1983: 38). O valor de 24 m.e./100 g de argila éconsidera<strong>do</strong> baixo para solos agrícolas (Benites, 1994: 231).Considera-se a saturação básica > 50% como indicativo dealta fertilidade, desde que a CTC <strong>do</strong> solo seja > 24 m.e./100 g desolo; saturação básica < 50% indica fertilidade moderada, como nocaso destes solos (Benites, 1994: 215; também veja Vieira &Vieira, 1983: 46). O valor médio de 7,6% (sem Na + ) <strong>na</strong> área deestu<strong>do</strong> é obviamente baixo, como também é o valor máximo de 12,2%.Os níveis de Na + encontra<strong>do</strong>s parecem ser estranhamente eleva<strong>do</strong>s(média: 0,052 m.e./100 g de solo seco); combi<strong>na</strong><strong>do</strong> com valores20


muito baixos de Ca 2+ (média: 0,058 m.e./100 g de solo seco),neste caso, o Na + faz uma contribuição relativamente maior <strong>do</strong> quenormalmente espera<strong>do</strong> para a troca de bases. Porém, devi<strong>do</strong> a umconjunto muito menos completo de da<strong>do</strong>s relativos ao Na + , <strong>na</strong>sanálises estatísticas as medidas catiônicas utilizadas excluíramo sódio.As relações entre as características <strong>do</strong>s solos no conjuntode da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s para a área <strong>do</strong> PDBFF foram calculadas para basestrocáveis totais, matéria orgânica, íons de alumínio e capacidadede água disponível (Tabela 2). Algumas das outras relaçõesapresentadas <strong>na</strong> Figura 1, apesar de representarem generalidadesconhecidas, não emergem como regressões significativas noconjunto de da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PDBFF. O conteú<strong>do</strong> de bases trocáveis totaisnão foi predito significativamente melhor com a inclusão <strong>do</strong> pH(ou log 10 pH) <strong>na</strong> regressão, embora se reconheça que valores de pHmais eleva<strong>do</strong>s sejam associa<strong>do</strong>s com maiores quantidades de cátionscomo Ca 2+ e Mg 2+ (veja Fearnside, 1986b). A quantidade de fosfatonão se relacionou significativamente a pH, Al 3+ e Fe no conjuntode da<strong>do</strong>s.[Tabela 2 aqui]IV) LIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTOIV.A) POTENCIAL AGRÍCOLAO conhecimento adquiri<strong>do</strong> no estu<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong> <strong>na</strong> área <strong>do</strong>PDBFF ultrapassa em muito o nível de conhecimento que estarianormalmente disponível para as decisões referentes ao zoneamento<strong>do</strong> restante da <strong>Amazônia</strong>. Se não pudermos propor recomendações bemfundamentadas para esta área específica, tor<strong>na</strong>-se óbvio que deforma alguma poderemos esperar sugestões bem fundamentadas para avasta maioria das outras áreas amazônicas.Existem opiniões divergentes sobre o nível de fertilidadeadequa<strong>do</strong> que deveria ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>na</strong> definição <strong>do</strong> uso agrícola ouflorestal de determi<strong>na</strong>da área. Os da<strong>do</strong>s deixam claro que afertilidade <strong>do</strong> solo é baixa, e que existem significativosobstáculos à implantação da agricultura nesta área, como porexemplo, os níveis tóxicos de alumínio. O conjunto de obstáculosexistentes levou alguns autores a concluir que solos como estesnão deveriam ser usa<strong>do</strong>s para agricultura. Irion (1978: 519), porexemplo, conclui que, nos solos da formação Barreiras (ou Alter<strong>do</strong> Chão), como aqueles que ocorrem <strong>na</strong>s reservas <strong>do</strong> PDBFF, ocultivo “extensivo .... é impossível, já que a qualidade <strong>do</strong> soloé i<strong>na</strong>dequada. Qualquer cultivo, com a fi<strong>na</strong>lidade de exportação deprodutos agrícolas resultaria em um esgotamento <strong>do</strong> solo dentro depoucos anos, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-o assim agriculturalmente i<strong>na</strong>proveitáveldurante muitas décadas”. Van Wambeke (1978: 233), adverte contrao potencial de “destruição irreversível de solos e a criação de21


desertos inférteis”. Por outro la<strong>do</strong>, Serrão & Homma (1993: 287),avalian<strong>do</strong> o mesmo cenário, concluem que 70% das terras <strong>na</strong><strong>Amazônia</strong> brasileira são “apropriadas para produção de cultivos”,e afirmam que “regiões com baixa fertilidade e solos áci<strong>do</strong>s nãoforam transformadas em desertos, como alguns previram.... Aocontrário, tais regiões têm se mostra<strong>do</strong> muito <strong>dinâmica</strong>s em termosde <strong>desenvolvimento</strong> agrícola” (Serrão & Homma, 1993: 288). Équestionável se estas regiões podem ser descritas como “muito<strong>dinâmica</strong>s” e, certamente, a situação observada <strong>na</strong>s fazendas,sobre as quais situam-se as reservas <strong>do</strong> PDBFF, não pode serclassificada de <strong>dinâmica</strong>.Por muito tempo, a <strong>Amazônia</strong> em geral e, particularmente, oEsta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, estiveram protegi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> desmatamento porobstáculos que incluíam solos pobres, <strong>do</strong>enças huma<strong>na</strong>s(particularmente a malária) e dificuldade de acesso a partir daspartes densamente povoadas <strong>do</strong> Brasil. Entretanto, a <strong>do</strong>ença nãorepresenta mais o obstáculo que foi no passa<strong>do</strong>; por exemplo, sehoje a abertura de novas áreas exigissem o mesmo nível desacrifício de vidas, como ocorreu durante abertura da estrada deferro Madeira-Mamoré em Rondônia no começo <strong>do</strong> século XX, então aameaça de desmatamento seria reduzida. As dificuldades de acessotambém estão sen<strong>do</strong> rapidamente superadas: muitos colonos migraramdiretamente de Rondônia para Roraima, evitan<strong>do</strong> assim o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>Amazo<strong>na</strong>s, através <strong>do</strong> qual passaram, um fenômeno que se explicatanto pelos solos de melhor qualidade que ocorrem no Escu<strong>do</strong> dasGuia<strong>na</strong>s em Roraima, como pela indução criada pelo governo deRoraima. A pavimentação da ro<strong>do</strong>via BR-319, que une Rondônia aMa<strong>na</strong>us, abrirá as comportas para o fluxo migratório de colonospara a <strong>Amazônia</strong> central, inclusive para a área que abrange asreservas <strong>do</strong> PDBFF.O que acontece quan<strong>do</strong> se desmata uma área com ascaracterísticas daquela onde estão estabelecidas as reservas <strong>do</strong>PDBFF depende de qual é o uso da terra implanta<strong>do</strong>. Algumas opçõessão melhores que outras sob o ponto de vista de maximizar asustentabilidade e minimizar o impacto ambiental. Por exemplo,sistemas agroflorestais ou cultivos consorcia<strong>do</strong>s que incluamespécies arbóreas são, em muitos aspectos, melhores que culturasanuais ou pastagens. No entanto, existem limitações severas parauso generaliza<strong>do</strong> de sistemas agroflorestais <strong>na</strong>s vastas áreas deterras degradadas já criadas <strong>na</strong> região amazônica, sem considerara criação de novas áreas degradadas, ainda mais amplas, se oprocesso de desmatamento fosse apoia<strong>do</strong> <strong>na</strong> convicção de que aa<strong>do</strong>ção de sistemas agroflorestais poderia resolver os problemasde produção para sustentar a população huma<strong>na</strong> (Fearnside, 1998b).O discurso político que envolve o anúncio de novosassentamentos <strong>na</strong> <strong>Amazônia</strong> invariavelmente é repleto de imagens daprosperidade permanente que ema<strong>na</strong>m <strong>do</strong>s sistemas agrícolas a seremimplanta<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s áreas desmatadas. No entanto, as decisões22


gover<strong>na</strong>mentais de cortar a floresta e implantar assentamentosagrícolas em áreas com solos como os das reservas <strong>do</strong> PDBFF, quesão típicos de vastas áreas da <strong>Amazônia</strong>, implicam em duas coisas:ou o governo está disposto a prover ou subsidiar com pesadascontribuições regulares o uso eterno de fertilizantes (um cenárioaltamente improvável), ou aceita a responsabilidade de convertera floresta em uma paisagem de pastagens degradadas e capoeiras.Infelizmente, esta responsabilidade freqüentemente não é assumidaquan<strong>do</strong> se recorre à utilização de alarmes metafóricos, onde serepete monoto<strong>na</strong>mente que a agricultura ou pecuária serãosustentáveis através da a<strong>do</strong>ção de um “manejo adequa<strong>do</strong>”,implican<strong>do</strong> que a responsabilidade sobre um eventual fracassofuturo <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> deverá ser imputada aos fazendeiros, por nãoterem a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> um “manejo adequa<strong>do</strong>”.É improvável que duas das principais culturas atualmente emmoda <strong>na</strong> <strong>Amazônia</strong> tenham êxito em áreas como aquelas onde selocalizam as reservas de PDBFF. Uma delas é o dendê (por exemplo,Smith et al., 1995). Que apresenta uma rápida e significativaredução <strong>na</strong> produção potencial de óleo em áreas como a de Ma<strong>na</strong>us,que sofrem uma estação seca bastante severa. Na <strong>Amazônia</strong>brasileira, duas áreas que apresentam condições climáticas ótimaspara dendê localizam-se <strong>na</strong>s proximidades a Belém (Pará) e Tefé(Amazo<strong>na</strong>s), apesar das plantações <strong>na</strong> área de Belém sofrerem osefeitos de uma <strong>do</strong>ença que provoca o amarelamento <strong>do</strong>s brotos(Fearnside, 1990). Além disso, como a maioria <strong>do</strong>s custos/área deestabelecimento e manutenção das culturas agrícolas, independe <strong>do</strong>seu rendimento, as plantações localizadas em áreas subótimastor<strong>na</strong>m-se não competitivas.Outra cultura agrícola que assume figura de realce nodiscurso atual envolven<strong>do</strong> o <strong>desenvolvimento</strong> amazônico é a soja.Infelizmente, os benefícios sociais desta cultura são reduzi<strong>do</strong>squan<strong>do</strong> se considera a população local, além de requerermecanização e demandar pesa<strong>do</strong>s investimentos de capital eutilização de defensivos químicos. Embora a mecanização em áreascomo a que é objeto <strong>do</strong> atual estu<strong>do</strong> não seja impossível, suautilização seria ainda contra producente devi<strong>do</strong> à topografiaondulada <strong>do</strong> terreno e ao eleva<strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> de argila presente nosolo.A baixa fertilidade <strong>do</strong> solo pode ser compensada pelaaplicação de fertilizantes. Porém, Existem sérias dúvidas sobreracio<strong>na</strong>lidade de se difundir um modelo de agricultura basea<strong>do</strong> emum consumo intenso de fertilizantes em grandes áreas <strong>na</strong> <strong>Amazônia</strong>.O melhor exemplo <strong>do</strong>s riscos envolvi<strong>do</strong>s é a história da“tecnologia de Yurimaguas” desenvolvida para cultivo contínuo <strong>na</strong><strong>Amazônia</strong> perua<strong>na</strong> (Sánchez et al., 1982; veja Fearnside, 1987,1988; Walker et al., 1987). Apesar de uma longa lista desubsídios, que variavam desde o fornecimento de substânciasquímicas até as análises de solo e apoio técnico grátis aos23


agricultores, este pacote de manejo envolven<strong>do</strong> uma grandequantidade insumos e custos eleva<strong>do</strong>s não obteve aceitação popular<strong>na</strong> região. Os limites impostos pelos recursos físicos, comojazidas de fosfatos indisponíveis, além de restrições fi<strong>na</strong>nceirase institucio<strong>na</strong>is, fazem com que o uso difundi<strong>do</strong> de tais sistemasseja improvável (veja Fearnside, 1997a).O uso intensivo de fertilizantes representa ape<strong>na</strong>s uma dassoluções para superar as limitações impostas pela baixafertilidade <strong>do</strong> solo. É necessário considerar as perspectivas demudanças no potencial agrícolas destas áreas caso ocorram outrostipos de avanços técnicos. Por exemplo, um progresso recente foio <strong>desenvolvimento</strong> de plantas transgênicas capazes de superar aslimitações impostas pela saturação de alumínio (Bari<strong>na</strong>ga, 1997;de la Fuente et al., 1997). Não seria inconcebível que aslimitações impostas pela carência de fósforo pudessem sersuperadas através <strong>do</strong> <strong>desenvolvimento</strong> de culturas agrícolascapazes de associar-se com micorrizas apropriadas. As limitações,devidas a carência de nitrogênio no solo para várias culturasnão-leguminosas, podem ser superadas pela existência de relaçõespseu<strong>do</strong>ssimbionticas <strong>do</strong>s vegetais com vários tipos de bactériasfixa<strong>do</strong>ras de nitrogênio, uma área de pesquisa que vem alcança<strong>do</strong>avanços significativos no Brasil através <strong>do</strong> trabalho de Johan<strong>na</strong>Döbereiner (por exemplo, Döbereiner, 1992).No entanto, ainda hoje, a manutenção da agricultura epecuária em vastas áreas da <strong>Amazônia</strong> é impossibilitada porlimitações de merca<strong>do</strong>, carência de jazidas de fosfatos enecessidade investimento fi<strong>na</strong>nceiro eleva<strong>do</strong>. Assim sen<strong>do</strong>, nãodevemos contar com uma “solução tecnológica” para solucio<strong>na</strong>r osproblemas de sustentabilidade, pelo menos até o dia quan<strong>do</strong> osavanços tecnológicos em questão sejam alcança<strong>do</strong>s de fato. “Não sedeve contar com os pintos antes que eles sejam choca<strong>do</strong>s” é umprincípio de precaução, uma regra básica universal que deve serconsiderada antes de assumir os riscos de qualquer tipo deaventura. Além disso, convêm considerar os custos ambientaisenvolvi<strong>do</strong>s <strong>na</strong> perda da floresta, custos que não se alteramsignificativamente, seja a agricultura implantada produtiva ounão (veja Fearnside, 1997a).Os solos <strong>na</strong> área de estu<strong>do</strong> são indiscutivelmente inférteis:os indica<strong>do</strong>res da fertilidade <strong>do</strong> solo como pH, capacidade detroca catiônica, bases trocáveis totais e PO 3-4 são baixos,enquanto a saturação de alumínio é alta. Sob estascircunstâncias, a decisão lógica seria a de manter estas áreassob floresta e não utilizá-las em usos <strong>do</strong> solo de baixaprodutividade e de curto prazo. Mas até que ponto a situaçãoseria diferente caso os solos fossem mais produtivos? Em queponto a qualidade <strong>do</strong> solo faria com que valesse a pe<strong>na</strong> sacrificara floresta? Não há nenhuma resposta simples a estas perguntas.Uma tomada de decisões racio<strong>na</strong>l requer a avaliação de ambos: <strong>do</strong>24


valor da produção agrícola da área que pode ser esperadarealisticamente e <strong>do</strong> custo ambiental envolvi<strong>do</strong> pela destruição dafloresta.Assim, que lição podemos retirar ao constatar ainfertilidade <strong>do</strong>s solos e o fracasso da implantação da pecuáriaextensivas nestas áreas? Nós acreditamos que a lição principalvem da constatação de que os lucros obti<strong>do</strong>s da conversão, paraagricultura ou pecuária, de áreas como aquelas onde estãosituadas as reservas <strong>do</strong> PDBFF, são mínimos quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s como verdadeiro valor <strong>do</strong>s serviços ambientais presta<strong>do</strong>s pelafloresta intacta. Mesmo consideran<strong>do</strong> que o retorno fi<strong>na</strong>nceiro aser obti<strong>do</strong> futuramente através <strong>do</strong> fornecimento desses serviços,por parte de países como o Brasil, seja subestima<strong>do</strong>, o retornofi<strong>na</strong>nceiro da agricultura ou da pecuária também seráinsignificante quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com os valores que, de fato,poderiam ser obti<strong>do</strong>s (Fearnside, 1997c).IV.B) PERSPECTIVAS DE RESILIÊNCIAAs correlações observadas entre várias características <strong>do</strong>solo seguem padrões gerais consistente com outros estu<strong>do</strong>s sobresolos tropicais. Estas correlações (Figura 1 e Tabela 2) indicamalgumas das prováveis mudanças que resultariam das intervençõeshuma<strong>na</strong>s <strong>na</strong> floresta: exploração seletiva de madeira, criação debordas através da fragmentação da floresta e remoção da florestapara implantação da agricultura ou pecuária.No caso da exploração madeireira, as mudanças normalmenteobservadas incluem a compactação <strong>do</strong> solo ao longo as trilhas <strong>do</strong>stratores utiliza<strong>do</strong>s no transporte da madeira (Veríssimo et al.,1992), exportação de nutrientes através da biomassa removida(Ferraz et al., 1997) e remoção de cátions presentes no soloatravés da lixiviação e <strong>do</strong> escoamento superficial (Jonkers &Schmidt, 1984).A remoção por completo da cobertura florestal provocaimpacto significativo sobre os estoques de nutrientes e <strong>na</strong>estrutura <strong>do</strong> solo (veja revisão em Fearnside, 1986b).Características <strong>do</strong> solo importantes para o <strong>desenvolvimento</strong> dasplantas modificam-se simultaneamente: a medida em que se ajustama um novo equilíbrio, os fatores tenderão a manter, entre um eoutro, as mesmas relações observadas anteriormente no solo sob afloresta. As queimadas elevam o pH e contribuem com nutrientespara o solo, entretanto, o cultivo agrícola normalmente implicaem perdas de matéria orgânica e de argila que, gradualmente,reduzem a capacidade <strong>do</strong> solo de reter os cátions. Mudançasprovocadas pela perda de matéria orgânica e pelo aumento dacompactação <strong>do</strong> solo podem ser revertidas a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-se perío<strong>do</strong>s depousío. Entretanto, até que ponto a sua capacidade em recuperar osolo e regenerar a floresta compensaria os impactos <strong>do</strong>25


desmatamento constitui foco importante de debate. Infelizmente, apossibilidade teórica de recuperação de áreas aban<strong>do</strong><strong>na</strong>das pordécadas, ou até mesmo séculos, tem pouca relevância diante dasperdas reais produzidas pelo avanço contínuo <strong>do</strong> desmatamento <strong>na</strong>região.O termo “resiliência” encontra-se em evidência <strong>na</strong>sdiscussões sobre o <strong>desenvolvimento</strong> amazônico, referin<strong>do</strong>-se àhabilidade de um sistema em recuperar suas característicasorigi<strong>na</strong>is após a ocorrência de determi<strong>na</strong><strong>do</strong> distúrbio (porexemplo, Smith et al., 1995). Os solos das reservas <strong>do</strong> PDBFFseriam resilientes a ponto de recuperar suas característicasorigi<strong>na</strong>is após serem converti<strong>do</strong>s para pastagens degradadas?Existem razões bem consistentes para duvidar desta capacidade.Entre elas incluem-se os origi<strong>na</strong>lmente baixos níveis denutrientes essenciais, que seriam esgota<strong>do</strong>s em curto prazo. Entreas mudanças que ocorrem normalmente pode-se prever a perda deargila e de carbono, junto com os cátions a eles associa<strong>do</strong>s. Ocarbono pode ser reposto pela vegetação desenvolvida em pousíosprolonga<strong>do</strong>s, mas, <strong>na</strong> prática, pode-se duvidar que os solos seriamdeixa<strong>do</strong>s em pousío por perío<strong>do</strong>s de tempo suficientes para queisto aconteça (Fearnside, 1996a).Diferentes pessoas a<strong>na</strong>lisan<strong>do</strong> o mesmo conjunto de da<strong>do</strong>spodem chegar a conclusões radicalmente diferentes. Serrão et al.(1996: 8), por exemplo, consideram que a regeneração da florestasecundária (capoeira) em pastagens aban<strong>do</strong><strong>na</strong>das indica que “oecossistema florestal amazônico é bastante resiliente aos usosatuais”, embora outros discordem. Por exemplo, Fearnside &Guimarães (1996).IV.C) DISTRIBUIÇÃO DA VEGETAÇÃO NATURALEm grande escala, a relação entre o solo, espécies arbórease biomassa tor<strong>na</strong>-se evidente, cite-se aqui a diferença entre avegetação de baixa densidade das campi<strong>na</strong>s e campi<strong>na</strong>ra<strong>na</strong>s queocorrem sobre solos de areia branca <strong>na</strong> área de Ma<strong>na</strong>us, e avegetação com elevada biomassa que ocorre sobre solos argilososnos platôs eleva<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s reservas <strong>do</strong> PDBFF. Entresolos que apresentam maior semelhança, como aqueles encontra<strong>do</strong>sno conjunto de reservas <strong>do</strong> PDBFF, as diferenças são sutis, mas deexistência provável.Estu<strong>do</strong>s desenvolvi<strong>do</strong>s em várias partes <strong>do</strong>s trópicos indicama existência de relações entre ocorrência de espécies arbóreas ecaracterísticas <strong>do</strong>s solos. Uma revisão (Sollins, 1998) em 18estu<strong>do</strong>s desenvolvi<strong>do</strong>s em Florestas Tropicais de terras baixas,mostrou que a existência de relações entre a ocorrência dedetermi<strong>na</strong>das espécies e o regime de dre<strong>na</strong>gem <strong>do</strong> solo é comum. Umcaso importante é o estu<strong>do</strong> de Lescure & Boulet (1985) em 16,8 hade floresta <strong>na</strong> Guia<strong>na</strong> Francesa, indican<strong>do</strong> que a presença de 69%26


27das espécies arbóreas se relacio<strong>na</strong> às condições de dre<strong>na</strong>gem <strong>do</strong>solo.Em somente três, entre os 18 estu<strong>do</strong>s revisa<strong>do</strong>s por Sollins(1998), foram observadas relações de ocorrência de espéciesarbóreas e propriedades químicas <strong>do</strong> solo: Ashton & Hall (1992)encontraram relações com P e cátions em Sarawak e Brunei; Clarket al. (1995) encontraram relações com P, Al e pH <strong>na</strong> Costa Rica,e Van Schaik & Mirmanto (1985) apontaram uma relação com pH <strong>na</strong>ilha de Sumatra. Os três estu<strong>do</strong>s que detectaram relações compropriedades químicas foram aqueles com as maiores amplitudesreferentes a indica<strong>do</strong>res químicos de fertilidade (as variáveisindependentes). Sollins (1998), acredita que a amplitude limitadade fertilidade <strong>do</strong> solo dentro das áreas <strong>na</strong>s quais foramdesenvolvi<strong>do</strong>s os estu<strong>do</strong>s relacio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> a ocorrência de espécies àspropriedades químicas é uma razão fundamental para o fracasso <strong>na</strong>demonstração da existência de relações significativas. Outrosruí<strong>do</strong>s, que interferem <strong>na</strong> constatação de resulta<strong>do</strong>s positivossobre a existência de correlações, incluem a ocorrência devariação sazo<strong>na</strong>l em alguns indica<strong>do</strong>res chaves <strong>do</strong> nível defertilidade, especialmente o fósforo disponível, cátions e pH.Cite-se que ambas restrições aplicam-se ao conjunto de da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>PDBFF.Pode-se esperar que a fertilidade e as característicashídricas <strong>do</strong>s solos sejam relacio<strong>na</strong>das à sobrevivência deplântulas e às taxas de crescimento das árvores adultas. Aassociação de espécies com solos pode ser demonstrada através dabiomassa florestal, quan<strong>do</strong> espécies caracterizadas por apresentarindivíduos de grande porte são encontradas sobre determi<strong>na</strong><strong>do</strong> tipode solo. Qualquer efeito <strong>do</strong> solo sobre a ocorrência de espéciesemergentes de grande porte poderia influenciar significativamentea distribuição de biomassa <strong>na</strong> floresta, já que grande parte dabiomassa da floresta se concentra freqüentemente em ape<strong>na</strong>s algunsdestes grandes indivíduos (Brown et al., 1995; Clark & Clark,1995). Independente <strong>do</strong> efeito específico sobre a distribuição dasespécies, pode-se esperar que o efeito da fertilidade <strong>do</strong> solo no<strong>desenvolvimento</strong> vegetal se traduza por uma associação positivacom a biomassa florestal. Uma análise de orde<strong>na</strong>ção dadistribuição da biomassa com relação aos solos <strong>na</strong>s reservas dePDBFF indica que 53% da variância <strong>na</strong> biomassa são explica<strong>do</strong>s pelaexistência de um gradiente relacio<strong>na</strong><strong>do</strong> ao conteú<strong>do</strong> de argila(associa<strong>do</strong> positivamente aos níveis de N total, C orgânico, basestrocáveis, K + , Mg 2+ , Ca 2+ , Al 3+ , H + e capacidade de trocacatiônica) (Laurance et al., 1999).IV.D) POTENCIAL DE LIBERAÇÃO DOS GASES DE EFEITO ESTUFAA enorme quantidade de carbono nos solos e <strong>na</strong> biomassa dasflorestas <strong>na</strong> <strong>Amazônia</strong> deve-se ao eleva<strong>do</strong> estoque deste elementoarmaze<strong>na</strong><strong>do</strong> por hectare <strong>na</strong>s vastas áreas cobertas pela floresta


amazônica que ainda são mantidas intactas. A liberação, a partirdeste estoque, tem contribuí<strong>do</strong> significativamente para o efeitoestufa, em razão das taxas atuais de desmatamento (Fearnside,1996b, 1997d), enquanto que, o grande estoque remanescente sugereuma importância ainda maior das ações que evitem novas emissõesno futuro (Fearnside, 1997c). A conversão definitiva de cadahectare de floresta para outros tipos de uso <strong>do</strong> solo em umcenário definitivo pode liberar aproximadamente 8,5 t de carbono<strong>do</strong> solo para a atmosfera, consideran<strong>do</strong> a camada até 8 m deprofundidade ao longo de 15 anos, ou 7,4 t C/ha para umaprofundidade de 1 m (Fearnside & Barbosa, 1998).A variabilidade espacial em escala fi<strong>na</strong> <strong>na</strong> distribuição decarbono <strong>do</strong> solo, observada neste estu<strong>do</strong>, sugere a existência deuma quantidade significativa de incerteza inerente aos estu<strong>do</strong>ssobre alterações no estoque de carbono <strong>do</strong> solo basea<strong>do</strong> em“cronoseqüências”, pois os efeitos de uso <strong>do</strong> solo (como pastagem)são deduzi<strong>do</strong>s de comparações entre amostras coletadas quasesimultaneamente em vários locais com diferentes histórias de uso(veja Fearnside & Barbosa, 1998). Porém, diferençassignificativas entre estas áreas poderiam ocorrer devi<strong>do</strong> àvariação espacial <strong>na</strong>tural e não em função <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> solo.IV.E) RESPOSTA PROVÁVEL DA FLORESTA À FRAGMENTAÇÃOOs estu<strong>do</strong>s desenvolvi<strong>do</strong>s <strong>na</strong> área <strong>do</strong> PDBFF forneceramevidências inegáveis sobre o fato de que a criação de bordasresulta em um aumento da mortalidade de árvores localizadas <strong>na</strong>sproximidades destas áreas (Laurance et al., 1998; Lovejoy et al.,1984). Estas bordas apresentam um ar mais seco que aqueleencontra<strong>do</strong> no interior da floresta (Kapos, 1989; Kapos et al.,1993). O aumento <strong>na</strong> mortalidade de árvores <strong>na</strong>s proximidades dasbordas provoca um “colapso de biomassa”, liberan<strong>do</strong> o carbono paraa atmosfera (Laurance et al., 1997).É provável que algumas características <strong>do</strong>s solos desempenhemum papel importante <strong>na</strong> mortalidade de árvores sob estas condiçõesde estresse. Pode-se esperar que solos com maiores quantidades deareia retenham menos água, produzin<strong>do</strong> maior estresse hídrico <strong>na</strong>vegetação localizada sob o ambiente mais seco <strong>na</strong>s proximidadesdas bordas. No entanto, solos arenosos são associa<strong>do</strong>s aos fun<strong>do</strong>sde vale, nos quais se espera a ocorrência de um volume adicio<strong>na</strong>lde água no solo, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s aos locais mais altos.IV.F) RESPOSTA PROVÁVEL DA FLORESTA À MUDANÇA CLIMÁTICAAtualmente, podem ser previstas, ou mesmo constatadasvariações e mudanças climáticas de vários tipos. O fenômenoconheci<strong>do</strong> como “El Niño/Oscilação <strong>do</strong> sul”, ocorre periodicamentehá milênios e tem se tor<strong>na</strong><strong>do</strong> mais freqüente após 1976 (Nichollset al., 1996). Ele resulta em secas prolongadas (de Souza et al.,28


2000) que podem ter impacto significativo sobre a florestaamazônica (Tian et al., 1998). Espécies arbóreas especializadasem áreas mais úmidas são particularmente vulneráveis ao estresseprovoca<strong>do</strong> pela falta de água. Por exemplo, <strong>na</strong> Ilha de BarroColora<strong>do</strong>, Pa<strong>na</strong>má, tais espécies sofreram uma mortalidadeextremamente elevada durante o evento El Niño de 1982-1983(Hubbell & Foster, 1990: 531).Evidências arqueológicas sugerem que incêndios catastróficosocorreram <strong>na</strong> <strong>Amazônia</strong>, sempre em sincronia com eventos El Niño,quatro vezes durante os últimos 2.000 anos: 1.500, 1.000, 700 e400 anos antes <strong>do</strong> presente (Meggers, 1994). A ação huma<strong>na</strong> poderiafazer com que eventos El Niño menos intensos, tais como os queocorreram em 1982-1983 e em 1997-1998, assumam proporçõescatastróficas (Barbosa & Fearnside, 2000). Sabe-se que os eventosmenos intensos são muito mais freqüentes <strong>do</strong> que aqueles de grandeintensidade, entretanto, seus efeitos podem se tor<strong>na</strong>r mais agu<strong>do</strong>squan<strong>do</strong> soma<strong>do</strong>s aos efeitos previstos das mudanças climáticas,como a redução de chuva provocada pela redução daevapotranspiração causada pelo desmatamento continua<strong>do</strong> (Lean etal., 1996; Salati & Vose, 1984) e ao efeito das alterações <strong>na</strong>temperatura média e <strong>na</strong> distribuição de chuva causada pelo efeitoestufa (veja Fearnside, 1995). Embora não exista a expectativa deque estas alterações produzam, por si só, reduções radicais <strong>na</strong>precipitação pluviométrica, seus efeitos são amplia<strong>do</strong>s pelavariabilidade <strong>na</strong>tural, como aquela causada pelo fenômeno El Niño,por perturbações promovidas pela exploração madeireira e pelacriação de áreas de bordas em fragmentos. A exploração madeireiraestá aumentan<strong>do</strong> rapidamente <strong>na</strong>s florestas amazônicas, crian<strong>do</strong>áreas abertas e mais inflamáveis devi<strong>do</strong> ao acúmulo de combustívelrepresenta<strong>do</strong> pelos resíduos florestais e por árvores mortasacidentalmente durante a exploração (Uhl & Buschbacher, 1985; Uhl& Kauffman, 1990). O avanço contínuo das frentes de assentamentose desmatamento <strong>na</strong> região significa que, atualmente, existem maisoportunidades para que ocorram incêndios descontrola<strong>do</strong>s <strong>na</strong>sflorestas adjacentes às áreas de cultivo (Nepstad et al., 1999).Os efeitos das ações citadas anteriormente somam-se aosprovoca<strong>do</strong>s pela variabilidade e mudança climática, crian<strong>do</strong> umsinergismo que aumenta o risco de propagação de incêndios <strong>na</strong>floresta intacta.Os solos desempenham um papel importante no tipo de respostada floresta aos distúrbios provoca<strong>do</strong>s por estes eventos. Assim,pode-se prever que as árvores estabelecidas em solos com baixadisponibilidade de água, como é o caso daquelas sob estressehídrico relacio<strong>na</strong><strong>do</strong> às áreas de bordas, sejam aquelas queapresentem maior probabilidade de sucumbirem durante os eventosextremos.V) CONCLUSÃO29


Os solos das reservas <strong>do</strong> PDBFF podem ser considera<strong>do</strong>stípicos para vastas áreas da <strong>Amazônia</strong> brasileira que,provavelmente, sofrerão uma pressão crescente de desmatamento.Estes solos apresentam baixa fertilidade, são áci<strong>do</strong>s e têm níveiseleva<strong>do</strong>s de íons tóxicos de alumínio. Eles também apresentamlimitações para o estabelecimento da agricultura devi<strong>do</strong> suatopografia ondulada, eleva<strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> de argila e baixacapacidade de disponibilidade hídrica. Os resulta<strong>do</strong>s das análisesde solos indicam que eles produziriam pouco se converti<strong>do</strong>s para aagricultura ou pecuária, e apontam para a necessidade depriorizar a a<strong>do</strong>ção de usos que mantenham a cobertura florestalintacta. Embora os serviços ambientais presta<strong>do</strong>s pela florestaintacta não gerem atualmente nenhum rendimento fi<strong>na</strong>nceiro, ovalor potencial destes serviços excede em muito os lucros quepodem ser espera<strong>do</strong>s da agricultura ou pecuária implantada após ocorte da floresta.VI) NOTAS(1)O critério utiliza<strong>do</strong> para a definição de Latossolos estabeleceque o horizonte B deve ser “latossólico”, ao invés de “textural”(i.e., argiloso). O critério que identifica o “caráterlatossólico” no sistema de classificação de solo brasileiroassume que a relação <strong>do</strong>s óxi<strong>do</strong>s de silício e de alumínio(SiO 2 :Al 2 O 3 ) apresente um valor menor que <strong>do</strong>is (veja Sombroek,1966: 69). Valores abaixo de <strong>do</strong>is geralmente indicam que osminerais de silicato de argila apresentam uma estrutura comdistribuição regular de átomos em um razão de 1:1 (Sombroek,1966: 80). A relação refere-se ao número de lâmi<strong>na</strong>s de tetraedrode silício e lâmi<strong>na</strong>s de octaedro de alumínio que formam a fraçãoargila, e é um <strong>do</strong>s determi<strong>na</strong>ntes primários das propriedades <strong>do</strong>barro (Young, 1976: 73). A quantidade mais baixa de silicatosnestes solos, quan<strong>do</strong> comparada à estrutura formada por umarelação de 2:1, é uma conseqüência da remoção de silício <strong>do</strong>perfil <strong>do</strong> solo (junto com a maioria <strong>do</strong>s minerais intemperiza<strong>do</strong>s,incluin<strong>do</strong> nutrientes importantes para plantas) ao longo demilhões de anos de lixiviação. Na ausência de da<strong>do</strong>s a<strong>na</strong>líticossobre SiO 2 e Al 2 O 3 , a mineralogia da argila <strong>do</strong>s horizontessubsuperficiais (que são pobres em matéria orgânica) pode serdeduzida da capacidade de troca catiônica (CTC) apresentada pelafração argila que é calculada como o CTC <strong>do</strong> solo dividida pelaporcentagem de argila, multiplica<strong>do</strong> por 100; valores abaixo <strong>do</strong>limite de 16-20 m.e./100 g de argila indicam a ausência deminerais de argila apresentan<strong>do</strong> a relação 2:1 (Young, 1976: 95-96).(2)O pH <strong>do</strong>s extratos usa<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s análises de laboratório afeta osvalores obti<strong>do</strong>s para os cátions que compõe o CTC e, como asdetermi<strong>na</strong>ções normalmente não são feitas nos valores de pH <strong>do</strong>solo origi<strong>na</strong>l, os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s representam somente umíndice relacio<strong>na</strong><strong>do</strong> ao valor verdadeiro da CTC. No Brasil, os30


extratos usa<strong>do</strong>s para as determi<strong>na</strong>ções são tampo<strong>na</strong><strong>do</strong>s a um pH 7,0(Brasil, SNLCS-EMBRAPA, 1979). Valores para CTC determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s aonível <strong>do</strong> pH <strong>do</strong> solo (CTC efetivo) é muito mais baixo que osobti<strong>do</strong>s seja a um pH 7,0 ou a um pH 8,2, padrão utiliza<strong>do</strong> àsvezes nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Sánchez, 1976: 150-151).VII) AGRADECIMENTOSAs coletas de campo foram feitas por Irene Tosi Ahmad, CelsoPaulo de Azeve<strong>do</strong>, Ro<strong>na</strong>l<strong>do</strong> Gomes Chaves, Fer<strong>na</strong>n<strong>do</strong> MoreiraFer<strong>na</strong>ndes, Jorge Gouveia, Marcelo Vilela Galo, Michael Keller,Eval<strong>do</strong> Moreira Filho, Manuel Jesus Barros Nogueira, Fer<strong>na</strong>n<strong>do</strong> JoséAlves Rodrigues, Joel Costa Souza, Wilson Roberto Spironello. Apreparação das amostras foi executada por Félix Almeida, Raimun<strong>do</strong>Matos. As análises de solo executadas no INPA eram feitas porRosinéia Gomes da Silva, Newton Falcão e Eduar<strong>do</strong> White Martins.Takashi Muroaka coordenou análises no Centro de Energia Nuclear<strong>na</strong> Agricultura (CENA), em Piracicaba, São Paulo. O laboratório desolos da EMBRAPA em Ma<strong>na</strong>us a<strong>na</strong>lisou amostras para comparação comos resulta<strong>do</strong>s granulométricos <strong>do</strong> INPA. Susan G. Laurance eWilliam F. Laurance ajudaram com codifican<strong>do</strong> e conferência deda<strong>do</strong>s. Thierry Desjardins, Wim Sombroek, Ed Tanner, SummerWilson, e <strong>do</strong>is revisores anônimos fizeram comentários sobre omanuscrito. Apoio fi<strong>na</strong>nceiro foi provi<strong>do</strong> através de WWF-US e aSmithsonian Institution, pelo Instituto Nacio<strong>na</strong>l de Pesquisas da<strong>Amazônia</strong> (INPA PPIs 5-3150 e 1-3160) e o Conselho Nacio<strong>na</strong>l deDesenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq AIs 350230/97-98 e523980/96-5). Agradeço a Yale University Press pela permissão depublicar esta tradução de um trabalho em inglês em R.O.Bierregaard, C. Gascon, T.E. Lovejoy & A.A. <strong>do</strong>s Santos (eds.)Lessons from Amazonia: The Ecology and Conservation of aFragmented Forest (Fearnside & Leal Filho, 2001).31VIII) LITERATURA CITADAAlvim, P. de T. 1977. Cacao. p. 279-313 In: P. de T. Alvim & T.T.Kozlowski (eds.) Ecophysiology of Tropical Crops. Academic Press,New York, E.U.A. 502 p.Ashton, P.S. & P. Hall. 1992. Comparisons of structure amongmixed dipterocarp forests of north-western Borneo. Jour<strong>na</strong>l ofEcology 80: 459-481.Barbosa, R.I. & P.M. Fearnside. 2000. As lições <strong>do</strong> fogo. CiênciaHoje 27(157): 35-39.Bari<strong>na</strong>ga, M. 1997. Making plants aluminum tolerant. Science 276:1.497.Beinroth, F.H. 1975. Relationships between U.S. soil taxonomy,


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São Paulo (CENA/USP), Piracicaba, São Paulo, SP. 45 p.42


43LEGENDA DE FIGURAFigura 1 -- Relações entre o conteú<strong>do</strong> de argila no solo e pH como crescimento de plantas.LISTA DE TABELASTabela 1 -- Variação <strong>na</strong>s propriedades <strong>do</strong> solo <strong>na</strong>s reservas dePDBFF (0-20 cm).Tabela 2 -- Relações entre os parâmetros <strong>do</strong> solo.


TABELA 1: VARIAÇÃO EM PROPRIEDADES DE SOLO NAS RESERVAS DO PDBFF (0-20 cm)(estatísticas descritivas das médias <strong>do</strong>s locais)Categoria caráteristica<strong>do</strong>soloUnidades Média DesviopadrãoMínimo Máximo N--------- --------- --------- --------- --------- --------- --------- --------- ---------CARÁTERISTICAS GRANULOMÊTRICASÁGUA DISPONÍVELArgila % 54,7 13,5 18,0 68,8 54Silta % 21,2 4,3 8,3 32,5 54Areia fi<strong>na</strong> % 5,6 3,9 1,3 18,1 54Areiagrossa% 18,5 12,5 4,4 56,6 54Conteú<strong>do</strong>de umidadea 1/3barraConteú<strong>do</strong>de umidadea 15barrasCapacidadede águadisponível% H 2O porpeso% H 2O porpeso% H 2O porpeso31,8 6,8 13,0 41,2 4524,3 5,8 9,1 31,9 457,6 2,0 3,3 12,0 45TOPOGRAFIADeclive % 10,8 8,9 1,4 38,7 36CARBONOMatériaorgânicaC orgânico(Walkley-% 2,1 0,7 0,8 3,3 50% 1,6 0,3 0,8 2,2 40


Black)C total % 1,96 0,45 1,27 3,07 51Razão C/Nsem9,9 1,6 8,4 17,0 38dimensãoC até 20t/hacmREAÇÃO DO SOLOpH em H 2O unidadesde pHpH em KClunidadesde pHDelta pH unidadesde pH4,0 0,3 3,4 4,4 533,8 0,2 3,2 4,3 53-0,3 0,1 -0,5 0,0 53NUTRIENTES PRIMÁRIOSNUTRIENTES SECUNDÁRIOSN (total) % 0,16 0,03 0,10 0,21 383-PO 4m.e./100 g 0,030 0,005 0,022 0,041 38de terrasecaK +m.e./100 gde terraseca0,060 0,011 0,032 0,077 38Ca 2+MICRONUTRIENTSm.e./100 g 0,058 0,026 0,015 0,131 38de terrasecaMg 2+m.e./100 g 0,076 0,031 0,013 0,125 38de terrasecaNa +m.e./100 g 0,052 0,018 0,026 0,106 18de terrasecaS ppm 13,0 1,4 10,6 15,0 13Cu ppm 0,33 0,12 0,10 0,54 24


OUTROS ÍONESFe ppm 137 31 77 185 24Zn ppm 1,48 0,78 0,61 2,99 24Mn ppm 1,81 0,49 0,87 2,49 24Al 3+m.e./100 gde terraseca1,63 0,29 1,03 2,22 38Saturação% de CTC 89,4 1,0 86,3 90,5 18H+, com Na +de Al comSaturaçãode Al comH + , sem Na +Saturaçãode Al semH + , com Na +Saturaçãode Al semH + , sem Na +H +MEDIDAS DOS CATIONS% de CTC-92,4 1,7 87,8 96,2 38Na +% de sat.de bases +Al 3+ 85,2 1,2 82,4 86,5 18% de sat.89,5 2,2 84,3 94,4 38Al 3+de bases +m.e./100 g0,70 0,12 0,39 0,85 38de terrasecaCapacidadede trocacatiônica(com Na + )Capacidadede trocacatiônica(sem Na + )CTC deargila(sem Na + )CTC deargila(sem Na + )m.e./100 gde terrasecam.e./100de terrasecam.e./100 gde argilasecam.e./100 gde argilaseca2,7 0,2 2,5 3,0 182,5 0,4 1,7 3,3 385,1 1,6 3,7 10,5 3814,4 1,7 10,9 18,2 38


comcorreçãode CBasestrocáveistotais(com Na + )Basestrocáveistotais(sem Na + )Saturaçãodebases(comNa + )Saturaçãode bases(sem Na + )m.e./100 gde terrasecam.e./100 gde terraseca0,3 0,0 0,2 0,4 180,2 0,1 0,1 0,3 38% de CTC 10,6 1,0 9,5 13,7 18% de CTC 7,6 1,7 3,8 12,2 38


TABELA 2: RELAÇÕES ENTRE PARÂMETROS DE SOLO--------------------------------------------------------------BASES TROCÁVEIS TOTAIS (sem Na + ):MATÉRIA ORGÂNICAÍONES DE ALUMÍNIOBTT = 1,86 X 10 -3 AS + 3,88 X 10 -2 MO - 5,20 X 10 -2(p < 0,00001, r 2 =0,84, n=38)BTT = bases trocáveis totais (sem Na + )(m.e./100g de terra seca)AS = Argila + silte (%)MO = Matéria Orgânica (%)OM = 2,13 X 10 -2 AS + 1,12(p < 0,00001, r 2 =0,73, n=38) a ,onde: OM = Matéria orgânica (%)AS = Argila + silte (%)Al 3+ = 7,66 X 10 -3 AS - 7,70 X 10 -1 Log 10de pH + 5,64(p < 000001, r 2 =0,78, n=38)onde: Al 3+ = Al 3+ (m.e./100g de terra seca)AS = Argila + silte (%)pH = pH em água (unidades de pH)CAPACIDADE DE ÁGUA DISPONÍVELCAD = 5,24 X 10 -2 AS + 3,66(p < 0,01, r 2 = 0,43, n=45)onde: CAD = Capacidade de água disponível (%H 2O porpeso)AS = Argila + silte (%)--------------------------------------------------------------a.) Com elimi<strong>na</strong>ção de um da<strong>do</strong> isola<strong>do</strong> fora da faixa <strong>do</strong>s demais(um “outlier”).


Crescimento das plantas/Satura-:ao de aluminiotones de aluminioIpHBases+{+trocaveis totais

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