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Vol3_Meio_Biótico - Philip M. Fearnside - Inpa

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SUMÁRIO5.2 – MEIO BIÓTICO ...................................................................................................... 15.2.1 – Metodologia aplicada 1Metodologia da Flora 1Metodologia da Fauna 10Invertebrados .................................................................................................................13Ictiofauna .......................................................................................................................17Herpetofauna .................................................................................................................24Anfíbios, lagartos e serpentes ................................................................................25Quelônios ...............................................................................................................27Aves ...............................................................................................................................30Mamíferos ......................................................................................................................32Mamíferos de médio e grande porte .......................................................................32Mamíferos de pequeno porte “não-voadores”.........................................................40Mamíferos de pequeno porte “voadores” (Ordem Chiroptera) ................................42Metodologia de Unidades de Conservação 465.2.2 – Flora 485.2.3 – Fauna 146Invertebrados ............................................................................................................... 148Ictiofauna ..................................................................................................................... 164Herpetofauna ............................................................................................................... 253Anfíbios e répteis ................................................................................................. 253Aves ............................................................................................................................. 294Mamíferos .................................................................................................................... 300Mamíferos de pequeno porte “não-voadores”....................................................... 306Mamíferos de médio e grande porte ..................................................................... 322Mamíferos de pequeno porte “voadores”.............................................................. 3435.2.4 - Unidades de Conservação 3535.2.5 – Bioindicadores 3875.2.6 - Síntese 391Anexos ......................................................................................................................... 395Anexo I. Lista de espécies de anfíbios e répteis ........................................................... 395Anexo II. Questionários ................................................................................................ 396Anexo III. Espécies da Flora que ocorrem ao longo da rodovia BR-319 ....................... 398Anexo IV. Pranchas de Flora ....................................................................................... 399I


Anexo V. Lista de espécies mais freqüentes de cada unidade mostral ........................ 400Anexo VI. Pranchas de Fauna – Período Seco, Chuvoso, Logística e atividades decampo .......................................................................................................................... 401Anexo VII. As 743 espécies de aves de ocorrência regular na área de estudo ............ 402Anexo VIII. Lista de espécies de aves e habitats ......................................................... 403Anexo IX. Espécies de Morcegos registradas na Área de Influência Direta da rodoviaBR-319 ........................................................................................................................ 404Anexo X. Pranchas Quiropteros ................................................................................... 405II


LISTA DE FIGURASFigura 1 - Mapa das tipologias do bioma amazônico de 2007. Fonte: WWF, 2008. ............... 1Figura 2 - Mapa de localização do Empreendimento. ............................................................ 2Figura 3 – Coleta de dados. Em A, Formações Pioneiras mesclando-se a Floresta de TerraFirme. Em B, bordas declivosas sem vegetação. Em C e F, interior de floresta ciliar. Em D.floresta de galeria e, em E, interior da floresta de terra firme................................................. 5Figura 4 - Módulo RAPELD instalado no km 285 da rodovia BR-319. As linhas vermelhasrepresentam as trilhas e os pontos amarelos representam as parcelas permanentesinstaladas seguindo a curva de nível do terreno. ..................................................................12Figura 5 – Módulos de amostragem nos Pontos 1 e 2 (Km 300 e 350, respectivamente),utilizados para a coleta de invertebrados..............................................................................13Figura 6 - Detalhe dos módulos RAPELD 1 e 2 instalados no km 300 e 350,respectivamente, para amostragem de invertebrados. Os pontos amarelos representam asparcelas amostradas. ...........................................................................................................14Figura 7 – Imagens obtidas no levantamento de campo da área de ictiofauna, explicitando aobtenção de variáveis ambientais e os diferentes métodos de coleta empregados. .............20Figura 8 - Aspecto da disposição das armadilhas de interceptação e queda (pitfall traps) efunnel traps utilizados para a amostragem de vertebrados e invertebrados. ........................26Figura 9 - Abertura e demarcação da trilha ou transecto P1T2, durante o período de seca, noponto de amostragem no km 250 da rodovia BR-319. Julho de 2008. Fotos: WanderRodrigues. ............................................................................................................................35Figura 10 - Registro de pegadas de mamíferos na trilha P1T2 durante o período de seca, noponto de amostragem no km 250 da rodovia BR-319. Julho de 2008. Fotos: WanderRodrigues. ............................................................................................................................35Figura 11 - Preparo das estações atrativas pela equipe de fauna em transectos no Ponto deamostragem dois, km 350, rodovia BR-319 – Julho de 2008. Fonte:Wander Rodrigues. .....38Figura 12 - Esquema da distribuição alternada das armadilhas Sherman e Tomahawk. ......41Figura 13 - Tomahawk disposta no chão (A), Tomahawk disposta no sub-bosque (cipó) (B),Sherman disposta no chão, próximo a um tronco (C), Sherman disposta no sub-bosque(cipó) (D). .............................................................................................................................41Figura 14 - Subprovíncias fitogeográficas e regiões geomorfológicas da região amazônica.(I) Costa Atlântica; (II) Jarí/Trombetas; (III) Xingu/Madeira; (IV) Roraima/Manaus: (a)Roraima; (b) Manaus; (V) Noroeste/Alto Rio Negro; (VI) Solimões/Amazônia Ocidental; (VII)Sudeste, (Pires, 1974; Prance1973, 1977a, 1977b, 1978, 1987; Pires & Prance, 1985;Braga, 1979, 1987). ..............................................................................................................50Figura 15 - Vista da Campina Aberta e Sombreada do trecho do EIA/RIMA ........................67Figura 16 - Vista da Campina Aberta em A e B. Em C, ocorrência da Velloziaceae. Em D,ocorrência de Xyridaceae entremeada com Velloziaceae. Em E e F, detalhe deTermstroemia sp. (Theaceae). .............................................................................................68Figura 17 - Vista da Campina Sombreada ao fundo (A). Em (B), Mauritia carana ocorrendocomo espécie emergente. ....................................................................................................69Figura 18 – Acesso ao Módulo 05 área inundável. Ao fundo e a direita grande incidência deMauritia flexuosa (Buriti). ......................................................................................................70Figura 19 - Demarcação e parcela no campo para levantamento florístico no interior doMódulo 6. Destaque para a presença de Euterpe pecatoria Mart. (Açaí). .............................71Figura 20 - Demarcação de unidade de amostra no campo para levantamento florístico nointerior do Módulo 5. Destaque para a presença de palmáceas e vegetação herbácea. ......71Figura 21 – Catasetum longifolium Lindl. que cresce curiosamente de cabeça para baixo,Ocorrendo frequentemente em buriti. ...................................................................................73Figura 22 - Distribuição do número de indivíduos por classes de diâmetros, correspondenteao traçado da rodovia BR-319, Estado do Amazonas. ....................................................... 101Figura 23 - Curva Espécie-área para a população. ............................................................ 102III


Figura 24 - Curva do Coletor para Floresta Ombrófila Densa. ............................................ 103Figura 25 - Curva do Coletor para Floresta Ombrófila Aberta. ............................................ 103Figura 26 - Curva do Coletor para Floresta Ombrófila Densa de Terra Baixas. .................. 103Figura 27 - Curva do Coletor para Savana. ........................................................................ 104Figura 28 - Curva do Coletor para Floresta Ombrófila Aberta Aluvial. ................................ 104Figura 29 - Curva do Coletor para Floresta Ombrófila Aberta de Terras Baixas. ................ 104Figura 30 - Vista da Floresta Ombrófila (A) e da pastagem (B). ......................................... 127Figura 31 - Vista dos cursos de água. Em A e B, cursos de água margeados por vegetaçãomista, mata de galeria e ciliar. Isso é devido à topografia da área. Em C e D, cursos de águamargeados por mata de galeria. Note a vegetação fechada da mata de galeria. Em E e F,Rio Novo e Rio Jutaí margeados por mata ciliar. ................................................................ 128Figura 32 - Vista da Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas. Em A e B, note o aspectodenso e alto dessa floresta. Em C e D, tipos de lianas dessa floresta. ............................... 129Figura 33 - Em A e C, floresta aberta com palmeiras. Em B, floresta aberta com sororoca.Em D, lianas ocorrentes na floresta aberta. ........................................................................ 130Figura 34 - Mata ciliar dos rios Igapó Açu (A), Piquiá (B), Puruzinho (C) e Jacaretinga (D)............................................................................................................................................ 131Figura 35 - Diversidade de espécies registradas. Em A e B, semente e regeneração naturalde Himenaea courbaril. Em C, Philodendron sp. Duroia sacifera em D. Tococa bullifera emE. Selaginella sp. em F. Bellucia grossularioides em G. Miconia bigladulosa em H. Vismiaangusta em I. Clusia grandiflora em J. As seis primeiras foram registradas no interior dafloresta densa e aberta. As quatro últimas foram registradas em áreas abertas nas margensdessas florestas. ................................................................................................................ 133Figura 36 - Reserva do Capanã Grande (A). Área particular (B). ...................................... 144Figura 37 - Número de espécies de formigas por local de coleta depositado na Coleção deInvertebrados do INPA. O mapa não mostra espécimes morfotipados. .............................. 152Figura 38 - Curva de acumulação de espécies de borboletas pelo número de indivíduos. Acurva do coletor, construída pelo método de rarefação, reflete a média dos sorteios eestatisticamente representa a taxa de acumulação das espécies. As linhas pretasrepresentam as espécies coletadas no Ponto 1 (km 300) e as linhas cinzas no Ponto 2 (km350). As linhas pontilhadas representam o intervalo de confiança de 95%......................... 157Figura 39 - Curva de acumulação de gêneros pela freqüência de indivíduos. A curva docoletor, construída pelo método de rarefação, reflete a média dos sorteios e estatisticamenterepresenta a taxa de acumulação das espécies. As linhas pretas representam os gêneroscoletados no Ponto 1 (km 300) e as linhas cinza no Ponto 2 (km 350). As linhas pontilhadasrepresentam o intervalo de confiança de 95%. ................................................................... 158Figura 40 - Escalonamento Multidimensional Não-Métrico (MDS) para as 16 parcelas (8 emcada ponto de coleta) estudadas. As distâncias ao lado de cada símbolo são referentes àrodovia BR-319. ................................................................................................................. 161Figura 41 – Representação de ambientes com águas de cor branca ................................. 166Figura 42 – Representação de ambientes com águas de cor preta .................................... 166Figura 43 – Representação de ambientes com águas de cor clara .................................... 167Figura 44 - Exemplo de canal de um rio de largura estreita. ............................................... 168Figura 45 - Exemplo de uma de floresta alagada denominada “igapó”. .............................. 168Figura 46 - Exemplo de um igarapé de terra firme no período de águas altas. ................... 169Figura 47 - Proporção das principais ordens de peixes encontrados em corpos d’água daAmazônia e em igarapés da Amazônia central (Fonte: Kirovsky, 2001). ............................ 189Figura 48 – Proporção em abundância das ordens encontradas no estudo ....................... 196Figura 49 - Momento da despesca das malhadeiras. ......................................................... 204Figura 50 - Número esperado de espécies de peixes por indivíduos na área de estudo. ... 205Figura 51 - Número esperado de espécies de peixes por indivíduos em ambiente de igarapé............................................................................................................................................ 205Figura 52 - Número esperado de espécies de peixes por indivíduos nos ambientes de riosde águas brancas. .............................................................................................................. 206IV


Figura 53 - Número esperado de espécies de peixes por indivíduos nos ambientes de riosde águas pretas.................................................................................................................. 206Figura 54 - Curva do coletor no esforço amostral realizado nas coletas da ictiofauna nos 14pontos de coleta. ................................................................................................................ 207Figura 55 – Abundância e riqueza das famílias da ordem Characiformes encontradas noestudo ................................................................................................................................ 208Figura 56 – Abundância e riqueza das famílias da ordem Siluriformes encontradas noestudo. ............................................................................................................................... 209Figura 57 – Abundância e riqueza das famílias de algumas ordens encontradas no estudo........................................................................................................................................... 210Figura 58 - Riqueza e abundância da ictiofauna encontra em ambientes de igarapés e riosna área de estudo .............................................................................................................. 211Figura 59 - Riqueza de espécies de cada ponto de coleta amostrado no levantamento daictiofauna. ........................................................................................................................... 213Figura 60 - Espécies e grupo de espécies predominantes em 04 igarapés da área dainfluência da rodovia BR-319.............................................................................................. 214Figura 61 - Ictiofauna encontrada no Igarapé Manuelzinho inventariado no estudo. .......... 214Figura 62 - Espécies de peixes encontradas no rio Igapó Açu. .......................................... 215Figura 63 - Espécies de peixes encontradas no rio Acará .................................................. 220Figura 64 - Espécies de peixes encontradas no rio Puruzinho ........................................... 221Figura 65 - Espécies de peixes encontradas no rio Realidade ........................................... 222Figura 66 - Espécies de peixes encontradas no rio Veloso ................................................ 222Figura 67 - Espécies de peixes encontradas no rio Fortaleza ............................................ 223Figura 68 - Espécies de peixes encontradas no rio Novo ................................................... 223Figura 69 - Espécies de peixes encontradas no rio Jutaí .................................................... 224Figura 70 - Espécies de peixes encontradas no rio Santo Antônio ..................................... 225Figura 71 - Exemplar da espécie Acestrorhynchus falcirostris ............................................ 225Figura 72 - Número absoluto de espécies por grupo taxonômico registradas durante asestação seca. ..................................................................................................................... 257Figura 73 - Número absoluto de espécies por grupo taxonômico registradas durante asatividades do EIA da rodovia BR-319 durante a estação chuvosa. ..................................... 257Figura 74 - Curva de acumulação de espécies de lagartos nos dois módulos amostradosdurante a estação seca na rodovia BR-319. ....................................................................... 258Figura 75 - Curva de acumulação de espécies de anfíbios nos dois módulos amostradosdurante a estação seca na rodovia BR-319. ....................................................................... 259Figura 76 - Curva de acumulação de espécies de lagartos nos seis módulos amostradosdurante a estação chuvosa na rodovia BR-319. ................................................................. 259Figura 77 - Curva de acumulação de espécies de anfíbios nos seis módulos amostradosdurante a estação chuvosa na rodovia BR-319. ................................................................. 259Figura 78 - Contribuição relativa das famílias registradas na composição da fauna deanfíbios durante o período de seca. ................................................................................... 269Figura 79 - Contribuição relativa das famílias registradas na composição da fauna deanfíbios durante a estação chuvosa. .................................................................................. 270Figura 80 - Abundância absoluta das espécies de anfíbios anuros com mais de dez registrosdurante o período seco. ...................................................................................................... 270Figura 81 - Anfíbio anuro Leptodactylus andreae (Leptodactylidae) espécie mais abundantedurante o período seco (Foto: V. T. Carvalho). ................................................................... 271Figura 82 - Abundância absoluta das espécies de anfíbios anuros com mais de 10 registrosdurante o EIA da rodovia BR-319 na estação chuvosa....................................................... 272Figura 83 – Sapo-folha Rhinella cf. proboscidea (Bufonidae) espécie com maior número deregistros encontrada durante o EIA da rodovia BR-319 realizado em Janeiro de 2009. (Foto:V. T. Carvalho). .................................................................................................................. 272Figura 84 - Contribuição relativa das famílias registradas na composição da fauna delagartos durante a estação seca. ........................................................................................ 273V


Figura 85 - Contribuição relativa das famílias registradas na composição da fauna delagartos na estação chuvosa. ............................................................................................. 273Figura 86 - Lagarto Alopoglossus angulatus (Gymnophthalmidae) espécie mais abundantedurante a estação seca (Foto: V. T. Carvalho). .................................................................. 274Figura 87 - Indivíduo adulto da osga Coleodactylus amazonicus (Sphaerodaylidae) espéciecom maior número de registros encontrada durante o EIA da rodovia BR-319 na estaçãochuvosa. ............................................................................................................................. 274Figura 88 - Abundância absoluta das espécies de lagartos com mais de dez registrosdurante as atividades de campo por qualquer método de amostragens. ............................ 275Figura 89 - Abundância absoluta das espécies de lagartos registrada durante o EIA darodovia BR-319 na estação chuvosa. ................................................................................. 275Figura 90 - Contribuição relativa das famílias registradas na composição da fauna deserpentes durante a estação seca. ..................................................................................... 276Figura 91 - Contribuição relativa das famílias registradas na composição da fauna deserpentes na estação chuvosa. .......................................................................................... 276Figura 92 - Abundância absoluta das espécies de serpentes registrada durante estaçãoseca. .................................................................................................................................. 277Figura 93 - Abundância absoluta das espécies de serpentes registrada durante o EIA darodovia BR-319 na estação chuvosa. ................................................................................. 278Figura 94 - Indivíduo adulto de dormideira Leptodeira annulata (Colubridae) encontradadurante a estação seca. ..................................................................................................... 278Figura 95 - Indivíduo adulto da falsa-coral Oxyrhophus melanogenys (Colubridae) espéciecom maior número de registros encontrada durante o EIA da rodovia BR-319 durante aestação chuvosa. ............................................................................................................... 279Figura 96 - Quelônio Mesoclemmys gibba (Chelidae) espécie registrada em poça caixa deempréstimo na margem da rodovia durante o EIA da BR-319 (Foto: V. T. Carvalho). ........ 279Figura 97 - Jacaré-coroa Paleosuchus trigonatus (Alligatoridae) espécie registrada em poça(caixa de empréstimo), na margem da rodovia e nos igarapés durante o EIA da rodovia BR-319. .................................................................................................................................... 280Figura 98 - Percentual de espécies de anfíbios, lagartos e serpentes capturados por cadamétodo utilizado durante a estação seca nos seis módulos amostrados. (PA = procura ativa;PT = pitfall; EO = encontro ocasional; FT = funnel trap; CT = colaboração de terceiros). ... 281Figura 99 - Percentual de indivíduos de anfíbios, lagartos e serpentes capturados por cadamétodo utilizado durante a estação seca nos seis módulos amostrados. (PA = procura ativa;PT = pitfall; EO = encontro ocasional; FT = funnel trap; CT = colaboração de terceiros). ... 282Figura 100 - Percentual de indivíduos de anfíbios, lagartos e serpentes capturados por cadamétodo utilizado durante a estação chuvosa nos seis módulos amostrados. (PA = procuraativa; PT = pitfall; EO = encontro ocasional; FT = funnel trap; CT = colaboração de terceiros)............................................................................................................................................ 282Figura 101 - Percentual de espécies de anfíbios, répteis e serpentes obtidos por cadamétodo de amostragem utilizado durante a estação chuvosa nos seis módulos amostrados.(PA = procura ativa; PT = pitfall; EO = encontro ocasional; FT = funnel trap; CT =colaboração de terceiros). .................................................................................................. 283Figura 102. Salamandra Bolitoglossa cf. paraensis (Pelthodontidae), espécie consideradarara encontrada no ponto 1 (km 285). ................................................................................ 285Figura 103: Anfíbio anuro Allobates caeruleodactylus (Aromobatidae) encontrado durante oEIA da rodovia BR-319, no canto superior detalhes da coloração azul presente nos dedos............................................................................................................................................ 286Figura 104 - Espécie nova de ave, a gralha Cyanocorax sp., recém descoberta e endêmicado interflúvio Madeira-Purus. Ocorre em bandos nas bordas dos campos naturais da área deestudo, onde já se qualifica como ameaçada de extinção, segundo critérios internacionais.Na parte sul de sua distribuição, seu habitat é queimado anualmente por agricultores. Suaárea total de ocupação é tão pequena que requer preservação de todos os campos naturaisdo interflúvio. (Foto: Mario Cohn-Haft). ............................................................................... 299VI


Figura 105 - Curva geral de acumulação de espécies para os pontos 1 e 2, amostrados naseca. .................................................................................................................................. 310Figura 106 - Curva de acumulação de espécies para a amostragem do Ponto 1, período deseca. .................................................................................................................................. 310Figura 107 - Curva de acumulação de espécies para a amostragem do Ponto 2, período deseca. .................................................................................................................................. 311Figura 108 - Curva geral de acumulação de espécies para os 6 pontos amostrados na cheia(pontos de amostragem 2, 5 e 6 foram amostrados simultaneamente, e posteriormente,pontos 1, 3, e 4 também foram amostrados simultaneamente. ........................................... 311Figura 109 - Curva de acumulação de espécies para a amostragem do Ponto 1, período decheia. ................................................................................................................................. 311Figura 110 - Curva de acumulação de espécies para a amostragem do Ponto 2, período decheia. ................................................................................................................................. 312Figura 111 - Curva de acumulação de espécies para a amostragem do Ponto 3, no períodode cheia. ............................................................................................................................ 312Figura 112 - Curva de acumulação de espécies para a amostragem do Ponto 4, no períodode cheia. ............................................................................................................................ 312Figura 113 - Curva de acumulação de espécies para a amostragem do Ponto 5, no períodode cheia. ............................................................................................................................ 312Figura 114 - Curva de acumulação de espécies para a amostragem do Ponto 6, no períodode cheia. ............................................................................................................................ 313Figura 115 - Sucesso de captura em diferentes distâcias em relação à rodovia BR-319. ... 314Figura 116 - Curva de acumulação das espécies de mamíferos de pequeno porte“voadores”. ......................................................................................................................... 343Figura 117 – Unidades de Conservação da área de estudo. .............................................. 355Figura 118 - Unidades de Conservação propostas segundo ALAP. ................................... 368VII


LISTA DE TABELASTabela 1 - Pontos de amostragem e coordenadas geográficas na área de estudo ...............17Tabela 2 - Esforço de captura (horas x número de armadilhas) utilizado por método deamostragem, local e tipo de ambiente ..................................................................................29Tabela 3 - Tipologia e paisagens ocorrentes na Área de Influência Indireta – AII da rodoviaBR-319, trecho EIA/RIMA. ....................................................................................................52Tabela 4 - Tipologia e paisagens em km2 ocorrentes na AID da rodovia BR-319, trechoEIA/RIMA. ............................................................................................................................53Tabela 5 - Tipologia e paisagens em km2 ocorrentes na AID da rodovia BR 319, trechoEIA/RIMA, antes da implantação do empreendimento. ........................................................53Tabela 6 - Percentual de supressão de vegetação das tipologias e paisagens em km2ocorrentes na AID da rodovia BR-319, trecho EIA/RIMA. .....................................................54Tabela 7 – Unidades amostrais na área estudada. ...............................................................55Tabela 8 - caracterização da vegetação observada de cada unidade amostral. ...................56Tabela 9 - Espécies por famílias botânicas amostradas no km 250 ao km 655,7 da rodoviaBR-319, no Estado do Amazonas. .......................................................................................58Tabela 10 – Coordenadas da coleta de dados florísticos. ....................................................72Tabela 11 – Lista das orquídeas e epífitas observadas nos pontos amostrais. ....................75Tabela 12 – Lista das espécies dos estratos herbáceos e arbustivos observadas nos pontosamostrais..............................................................................................................................76Tabela 13 – Análise Estatística. ......................................................................................... 105Tabela 14 - Distribuição dos indivíduos amostrados pelas classes diamétricas/altura. ....... 106Tabela 15 - Descritores fitossociológicos das espécies inventariadas, em ordem decrescentede Índice de Valor de Importância relativa (IVI) da área do traçado da rodovia BR 319. N:número de indivíduos; P: número de unidades amostrais; d: diâmetro médio; AB: área basal;DR: densidade relativa; FR: freqüência relativa; DoR: dominância relativa; IVC: índice devalor de cobertura; IVI: Índice de Valor de Importância. ..................................................... 108Tabela 16 - Espécies Ameaçadas e/ou Proibidas de Corte. ............................................... 114Tabela 17 - Relação de espécies com características medicinais e econômicas amostradasna Área de Influência Direta do EIA/RIMA da rodovia BR-319. .......................................... 118Tabela 18 - Espécies da Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas. ............................. 126Tabela 19 - Espécies da Floresta Ombrófila Densa Aluvial. ............................................... 135Tabela 20 - Espécies de lianas da Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas. .............. 137Tabela 21 - Espécies da Floresta Ombrófila Aberta Aluvial. .............................................. 138Tabela 22 - Espécies da formação Pioneira com influencia fluvial/lacustre. ...................... 139Tabela 23 - Espécies da Savana. ...................................................................................... 141Tabela 24 - Abundância dos invertebrados nos dois pontos de coleta ao longo da rodoviaBR-319, nome comum e forma de amostragem utilizados. Os invertebrados não constamnas listas de status de conservação do IBAMA, Cites e IUCN ............................................ 154Tabela 25 - Abundância de Lepidoptera nos dois pontos de coleta ao longo da rodovia BR-319 e formas de amostragem utilizadas. O nome comum utilizado para todo o grupo abaixoé borboletas e estas não constam nas listas de status de conservação do IBAMA, Cites eIUCN. ................................................................................................................................. 159Tabela 26 - Freqüência dos gêneros de Formicidae coletadas nos dois pontos ao longo darodovia BR-319. Para este grupo foi utilizado especificamente o método de amostragem“Winkler” , ao total foram investigados 80 m2 de folhiço (40 por ponto). O nome comumutilizado para todo o grupo é formigas e estas não constam nas listas de status deconservação do IBAMA, Cites e IUCN. .............................................................................. 160Tabela 27 - Ictiofauna coletada em ambientes de águas pretas, obtidas através dasreferências: 1) Goulding et al., 1988; 2) Santos, 1983; 3) Barletta, 1995; 4) Garcia, 1995; 6)Saint Paul, et al., 2000; Chão, 2001; 7) Soares & Yamamoto, 2005. .................................. 173VIII


Tabela 28 - Lista da ictiofauna coletada em igarapés de terra firme na Amazônia Central,obtidas através das referências: 1) Buhrnheim, (1998); 2) Silva, (1992); 3) Goulding (1979);4) Queiroz & Crampton, (1999); 5) Walker, (2001); 6) Projeto Igarapés-INPA (2003); 7)Assunção, (1998); 8) Mendonça, (2001); 9) Anjos, (2005); 10) Soares & Yamamoto, (2005);11) Anjos (2007). ................................................................................................................ 190Tabela 29 - Distribuição da Ictiofauna observada na área de estudo.................................. 195Tabela 30 – Espécies de peixes registradas na Área de Influência Direta da rodovia BR-319........................................................................................................................................... 197Tabela 31 - Riqueza de cada ponto de coleta amostrado no levantamento da ictiofauna noestudo de viabilização da BR 319. ..................................................................................... 212Tabela 32 - Resultado da diversidade de peixes encontrada no estudo, Pto. 01 – Igapó açu;Pto. 02 – Ig. Manuelzinho; Pto. 06 – rio Novo; Pto. 07 – rio Jutaí; Pto. 09 – rio Veloso; Pto.10 – rio Puruzinho; Pto. 11 – rio Acará; Pto. 12 – rio Sto. Antônio; Pto. 13 – rio Realidade;Pto. 14 - rio Fortaleza. ....................................................................................................... 228Tabela 33 – Informações tróficas relacionadas à Ictiofauna coletada. Fonte Soares et al.(2007). ................................................................................................................................ 231Tabela 34 – Espécies sedentárias e migradoras encontradas no estudo. .......................... 234Tabela 35 – Alguns Atributos reprodutivos que diferenciam as duas categorias................. 234Tabela 36 – Lista das espécies de anfíbios e répteis registrados nos seis pontos deamostragem do EIA da rodovia BR-319 durante a estação seca. ....................................... 260Tabela 37 – Lista das espécies de anfíbios e répteis registrados nos seis pontos deamostragem do EIA da rodovia BR-319 durante a estação chuvosa. ................................. 264Tabela 38 - Espécies e abundância de pequenos mamíferos registrados nos pontos decoleta, na área de influência direta do empreendimento. .................................................... 307Tabela 39 - Esforço de amostragem e sucesso de captura de pequenos mamíferos. ........ 309Tabela 39 - Lista compliada de espécies de roedores e marsupiais registradas para ointerflúvio Madeira-Purus e localidade em que foram registradas. (dados do trabalho de daSilva et al., 2007; Franco e da Silva, 2005) ........................................................................ 316Tabela 40 - Período amostral e tamanho dos transectos lineares percorridos ao longo darodovia BR-319. ................................................................................................................. 323Tabela 41 - Lista de espécies de mamíferos de médio e grande porte identificados nospontos de amostragem (300, 350,400,450,535 e 615 km) da rodovia BR-319 , Manaus-PortoVelho. ................................................................................................................................. 324Tabela 42 - Índice de Linsdale, Freqüência de Ocorrência Modificada, Índice de abundânciade Kendeigh, Número de Registros, Percentagem de Ocorrência e Index count demamíferos de grande e médio porte registrados nos pontos de amostragem no km 300 e350 da rodovia BR-319 durante a seca (julho de 2008). ..................................................... 327Tabela 43 - Índice de Linsdale, Freqüência de Ocorrência Modificada, Índice de abundânciade Kendeigh, Número de Registros, Percentagem de Ocorrência e Index count demamíferos de grande e médio porte registrados nos pontos de amostragem nos km 300,350,400, 450, 535 e 615 da rodovia BR-319 durante a cheia (janeiro de 2009). ................ 328Tabela 44 - Índices de diversidades de Simpson e Shannon-Wienner para mamíferos dospontos de amostragem na rodovia Br-319 em diferentes épocas do ano. .......................... 330Tabela 45 - Índices de similaridade entre os transectos dos diferentes pontos deamostragem da rodovia BR-319. ........................................................................................ 331Tabela 46 - Estimativa da densidade de mamíferos silvestres avistados nos km 300 e 350 darodovia BR-319 na seca de 2008. ...................................................................................... 332Tabela 47 - Estimativa da densidade de mamíferos silvestres avistados nos km 300 e 350 darodovia BR-319 na cheia de 2009. ..................................................................................... 332Tabela 48 - Índice de visitas às estações olfativas e densidade relativa da mastofauna doskm 300 e 350 da BR-319 no período da seca - 2008. ........................................................ 333Tabela 49 - Quantidade, tamanho médio das pegadas e do passo de animais atraídos paraestações atrativas em áreas de amostragem na rodovia BR-319. ...................................... 334IX


Tabela 50 - Comprimento do passo (cm), peso (kg), home range (ha) e número estimado demamíferos nos pontos amostrais da rodovia BR-319. ........................................................ 335Tabela 51 - Preferência de caça nas comunidades ao longo da rodovia BR-319. .............. 336Tabela 52 - Espécies mais capturadas ............................................................................... 349Tabela 53 - Estimativa do total de fauna comercializada na área de estudo. ...................... 349Tabela 54 - Espécies consumidas comumente pelos habitantes da cidade de Humaitá. .... 350Tabela 55 - Unidades de Conservação existentes na área de influência da rodovia BR-319,localizadas no Estado do Amazonas. ................................................................................. 354Tabela 56 - Comparando UC’s estaduais “propostas” pelo MMA (ALAP) e aquelas definidasapós consultas públicas (sob influência da rodovia BR-319). ............................................. 372Tabela 57 - Comparando UC’s federais “propostas” pelo MMA (ALAP) e aquelas definidasapós consultas públicas (sob influência da rodovia BR-319). ............................................. 373Tabela 58 - Unidades de Conservação existentes na área de influência da rodovia BR-319............................................................................................................................................ 384X


Figura 2 - Mapa de localização do Empreendimento.Mapeamento e caracterização das tipologias vegetacionais das áreas de influênciaindireta e diretaPara o mapeamento e caracterização da cobertura vegetal utilizou-se o softwareArcGis 9.2. Sendo possível a delimitação da Área de Influência Indireta – AII, quecompreende a área entre o interflúvio dos rios Madeira e Purus e o mapa digital de vegetaçãodo RADAM, redigitalizado em 2002 e disponibilizado no site do IBGE – Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística.Contudo, para atualizar as informações de desmatamento (área antropizada) na áreado referido estudo, utilizou-se também, as taxas anuais de desflorestamento (período 2006-2007) do PRODES – Programa de Desflorestamento do INPE – Instituto Nacional dePesquisas Espaciais, que monitora o desmatamento (área antropizada) na FlorestaAmazônica Brasileira por satélites.2


Para o mapeamento e caracterização da cobertura vegetal da Área de InfluênciaDireta - AID, em princípio, foram adotados os mesmos procedimentos que se utilizou na Áreade Influência Indireta, entretanto, a delimitação da referida área, compreende apenas, adistância de 5 km para cada lado das margens da rodovia, totalizando uma área de415.003,08 hectares.Foram realizadas, ainda, visitas (2 terrestres e 3 sobrevôos) nas 17 unidadesamostrais, em diferentes fitofisionomias e paisagens existentes na área de influência direta,com o intuito de se fazer a verdade de campo para a caracterização das tipologiasvegetacionais, bem como, identificar as espécies existentesEstimativa das áreas em que haverá supressão de vegetaçãoDiante da necessidade de se caracterizar a vegetação a ser suprimida na rodovia BR-319, trecho entre o km 250 e o km 655,7, inicialmente mapeou-se toda área de faixa dedomínio, conforme o Memorial Descritivo do Empreendimento.Após a quantificação da faixa de domínio do empreendimento, caracterizou-se odesmatamento, de acordo com as tipologias vegetacionais mapeadas na Área de InfluênciaDireta do trecho de EIA/RIMA da rodovia BR-319 (vide Volume 8, Mapas e Cartas imagem,Mapa 15 deste estudo).Um fator importante que se considerou nessa análise são as áreas antrópicas jáexistentes. Pois, essas informações foram obtidas dos dados contidos nas bases do PRODES(período 2006-2007) e no Mapa Fitoecológico do IBGE (2002), e as mesmas ressalvas alicontidas se aplicam aos dados aqui apresentados. Assim, ao longo do traçado, as áreas quejá estão antropizadas foram subtraídas, para a quantificação do desmatamento.Estratégias de açãoFoi realizada uma ampla revisão da literatura disponível sobre a flora da Amazônia,particularmente da Amazônia Central, do interflúvio Purus-Madeira e da região de camposnaturais no sul do Amazonas, a fim de subsidiar a construção de mapas fitofisionômicos daárea de influência da rodovia BR-319.Os trabalhos de campo foram realizados em duas estações climáticas distintas: Opriemiro no período de outubro a dezembro de 2007 (transição da época seca para achuvosa) visando otimizar o esforço de coleta, uma vez que a floração da maior parte dasespécies ocorre nesse período; esse fenômeno denominado de "hidroperiodismo" foiprimeiramente demonstrado por Alvim (1960 e 1964), onde diversas plantas tropicaisnecessitam de um "choque" de desidratação-hidratação (seqüência de período seco paraperíodo úmido) para abrirem suas flores ou renovarem sua folhagem. Já a segunda coleta3


ocorreu entre os dias 16 e 26 de janeiro perfazendo 10 dias de coletas e observações decampo em plena estação chuvosa.As atividades executadas objetivaram o conhecimento da diversidade botância e aavaliação quantitativa e qualitativa da vegetação existente na área de influência direta, demodo a subsidiar a análise dos impactos ambientais causados nas áreas atingidas quando daconstrução da rodovia.Amostragem - Estrato arbóreoA primeira campanha consistiu na instalação de 17 unidades amostrais distribuídasaleatoriamente ao longo de todo o trecho, que representavam cada uma das tipologiasvegetacionais presentes na área de influência direta. Nessa etapa, coletaram-se os dados decada fitofisionomia e os aspectos gerais da estrutura da vegetação. Foram tambémlevantados dados dendrológicos e botânicos do estrato arbóreo.Em cada unidade amostral foram enumerados e identificados todos os indivíduosarbóreos, além de coletado dados dendrológicos como Circunferência a Altura do Peito (CAP)a 1,30 m do solo e altura comercial da árvore.Três prospecções aéreas e duas terrestres foram realizadas para o reconhecimento daregião, identificação e pré-seleção das formações florestais e das formações savânicas aserem estudadas. A partir da identificação e reconhecimento prévio, os prováveis sítios deinventário foram georreferenciados e selecionados em quantidade suficiente para atender ospropósitos da amostragem.Nas 17 unidades amostrais foram instaladas parcelas com 2,5 km de comprimento(sentido Leste-Oeste) por 10 m de largura (sentido Norte-Sul), nos lados direito e esquerdo dareferida rodovia, perfazendo-se uma área total de amostragem de 85 hectares.No mapa das unidades amostrais e parcelas (vide Volume 8, Mapas e Cartas imagem,Mapa 15.1 deste estudo), pode se verificar a distribuição dos pontos amostrais e suasparcelas ao longo da rodovia.Nos intervalos entre as unidades amostrais, foram inventariadas aleatoriamente, 231áreas de preservação permanente (rios, igarapés, etc.)Em cada unidade amostral predeterminada e em cada área de preservaçãopermanente inventariada foram mensurados todos os indivíduos que apresentaram diâmetroigual ou maior que 10 cm a 1,30 m do solo (Figura 3), sendo coletados os que seencontravam no estado “fértil” por ocasião do levantamento. A amostragem das espécies“estéreis” ocorreu mediante observações in loco. Também foram amostradas as espéciesarbustivas, herbáceas e epífitas. A coleta das espécies arbóreas foi realizada com auxílio de4


apel. Também foi feito o levantamento das 15 ervas, subarbustos e árvores mais freqüentesnos pontos previamente mensurados.Figura 3 – Coleta de dados. Em A, Formações Pioneiras mesclando-se a Floresta de Terra Firme. Em B, bordasdeclivosas sem vegetação. Em C e F, interior de floresta ciliar. Em D. floresta de galeria e, em E, interior dafloresta de terra firme.Amostragem - Estratos não-arbóreoRealizada na segunda campanha, para amostragem dos estratos não-arbóreos forampercorridas as 17 parcelas instaladas na primeira campanha, e ainda instaladassistematicamente 6 parcelas de 1000m² (10m x 100m) em cada um dos 6 módulos de estudoda Fauna (36).Em cada unidade amostral foram coletados os dados pendentes na primeiracampanha, como: identificação taxonômica de espécies arbóreas de floração no períodochuvoso, caracterização da flora nos módulos da fauna e levantamento dos estratos herbáceoe arbustivo, além de lianas e epífitas.Os referidos módulos já estavam distribuídos e instalados na área de estudo emformato de “U”, com dimensões de 5,00 Km para as laterais e 1,00 km para a parte do fundo,distanciados a 500,00 m do acostamento da rodovia BR-319. Os módulos foram demarcadosnos km’s 300, 350, 400, 450, 539 e no km 615, num total de 06 (seis) módulos, na rodoviaBR-319 no Estado do Amazonas. Para efeitos dos estudos da vegetação o módulo 01, km5


300, foi deslocado para o km 285, as picadas do módulo 01 encontrava-se na data da coletados dados com bastante água, causado por fortes chuvas na região.O levantamento realizado nos módulos teve como objetivo ampliar a área totalestudada e gerar dados cruzados, que permitam associações entre a fauna e a flora local. Asespécies arbustivas, herbáceas, epífitas e lianas foram identificadas e quantificadas.Aamostragem sistemática foi utilizada para as picadas dos módulos e aleatórios para as áreasdos módulos, para obter a estimativa exata da variância da população distribuída nadeterminada área.Processamento dos Dados Coletados e Análise dos ResultadosOs dados coletados dos indivíduos encontrados e seus respectivos parâmetros nasduas campanhas de campo foram digitados em planilhas eletrônicas dos softwares MS Excelle Statistica, para as seguintes análises:Levantamento florísticoO levantamento florístico arbóreo ocorreu nas 17 unidades amostrais ao longo darodovia, que vai do km 250,0 até o km 655,7, e o dos estratos não-arbóreos nos módulos daFauna, conforme descrito anteiormente.Os espécimes foram coletados e levados para herbáreo nas duas estações climáticasdistintas para devida identifiação botânica.As informações provenientes desses levantamentos permitiram o detalhamento dasfitofisionomias existentes, grau de conservação, estágio de regeneração, e de plantas detodos os hábitos e em todos os estratos. Depois, após análise laboratorial e completaidentificação das espécies, estas foram classificadas em endêmicas, raras, ameaçadas deextinção, bioindicadoras, de interesse medicinal e econômico, e aquelas protegidas porlegislação federal, estadual e municipal de acordo com bibliografia e conhecimento dosparticipantes. Dessa forma os dados apresentados na descrição das tipologias vegetacionaisdevem ser interpretados de acordo com a área amostral pesquisada nesse diagnóstico.Estudos fitossociológicosPara cada táxon encontrado, foi citado o uso daquelas com maior destaqueeconômico, como também foram anotados os nomes populares obtidos com base eminformações de moradores do local e levantamento bibliográfico. Cabe destacar que algunsdestes vernáculos podem variar conforme a localidade.Para avaliar a sensibilidade ambiental das áreas do estudo, salientando a importânciadesses ecossistemas, a listagem final das espécies será comparada a critérios oficiais6


determinados pelo IBAMA (http:// www.ibama.gov.br), que incluem o status de diferentesespécies considerando distintas categorias de ameaça.Para a caracterização da flora foram listadas as espécies encontradas nos pontosvisitados sob diversos estádios sucessionais ao longo da transeção, sendo discretizados emlevantamentos quantitativos (fitossociológico) e em levantamentos qualitativos (florístico).A análise estrutural da comunidades mensuradas incluiu as estimativas de:parâmetros florísticos (composição florística, diversidade de espécies e agregação dasespécies); parâmetros fitossociológicos (estrutura horizontal, estrutura vertical, valor decobertura e valor de importância), estrutura de tamanho (diâmetros, alturas e área basal); e,da amostragem realizada (curva área x espécie).Os parâmetros florísticos visaram, sobretudo, o conhecimento da importânciaecológica de cada espécie e o grau de diversidade florística dos fragmentos estudados.Assim, na análise da composição florística serão apresentadas informações sobre asespécies encontradas podendo estar separadas por táxon, família botânica ou estrato(fitofisionomia, p.e.). A análise da diversidade de espécies visará estabelecer referências quepermitam avaliar o quanto uma área amostral é diversa em termos de espécies.Os parâmetros fitossociológicos foram calculados com o objetivo de se conhecer aimportância de cada espécie na referida comunidade. Assim, as estimativas dos parâmetrosda estrutura horizontal incluirão a freqüência, a densidade, a dominância de cada espécieamostrada. A estrutura vertical foi realizada objetivando melhor caracterização da importânciaecológica das espécies arbóreas nos fragmentos e calculada através da posição sociológica.Para informar a importância ecológica da espécie em termos de distribuição horizontal serãocalculados os índices de cobertura e de importância, bem como de sua ampliação, quetambém engloba a importância da espécie em termos de distribuição vertical. Todos essesíndices serão calculados a partir dos valores relativos dos parâmetros mencionadosanteriormente.A avaliação da estrutura dos fragmentos estudados será realizada tomando-se porbase a distribuição em classes de diâmetro.Para a avaliação da amostragem realizada será produzida a curva área-espécie. Estegráfico é uma importante referência para se determinar à intensidade amostral do ponto devista qualitativo. Considerando que a composição florística de um fragmento nativo podeapresentar uma maior ou menor diversidade em termos de número de espécies, a curva áreaespéciepermitirá avaliar se o número de espécies amostradas representa o número deespécies existente na área.7


Análise e EstatísticaComo parâmetros fitossociológicos foram avaliados para cada espécie a densidade,a abundância e a dominância, de modo a possibilitar o calculo dos índices de valor eimportância (IVI%) e de Cobertura (IVC%), que refletem o grau de importância ecológica daespécie em cada formação; o grau de ocorrência e ocupação da superfície do solo pelaespécie em cada formação, respectivamente (Felfilli e Silva Júnior, 2001).Assim, os parâmetros utilizados foram calculados segundo as fórmulasapresentadas abaixo:Densidade: considera a quantidade de indivíduos de cada espécie.Densidade absoluta= número de árvores da espécie/hectareDR = DAx100 , ondeDDR = densidade relativa;DA = densidade absoluta da espécie; eDT = densidade de todas as espécies.Dominância: considera a área basal de cada espécieDominância absoluta = Área basal de cada espécie/hectareDoR = gex100 , ondeGDoR = dominância relativa;ge = área basal de cada espécie; eG = área basal total.Freqüência: considera a ocorrência das espécies nas parcelas amostradas.Freqüência absoluta = número de parcelas em que ocorre uma espécie.FR = Fax100 , onde∑FAFR = freqüência relativa; eFA = freqüência absoluta por espécie.Índice de Valor e Importância (IVI): reflete o grau de importância ecológica da espécie emdeterminado local.IVI = DR + DoR + FR, onde: IVI = índice de valor e importânciaDR = densidade relativaDoR = dominância relativa; eFR = freqüência relativa.8


Índice de Valor de Cobertura (IVC): é obtido pela soma de cada espécie dos valores dedensidade relativa e dominância relativa e dominância relativa.IVC = DR + DoR, onde:IVC = índice de valor de cobertura;DR = densidade relativa; eDoR = dominância relativa.Os parâmetros fitossociológicos de densidade, freqüência e dominância relativas, quecompõe o índice de Valor de Importância (VI), foram estimados para as espécies (Hosokawa,Moura e Cunha, 1988; Barros, 1986; Rossi, 1994; Mostacedo & Fredericksen, 2000; Tello,1995; Salomão, 1998; Borém & Ramos, 2001; Oliveira & Amaral, 2004).A curva espécie-área (Mostacedo & fredericksen, 2000; Schneider, 1998) foi geradapara verificar a suficiência da amostragem na avaliação da variabilidade florística dasformações florestais. A diversidade florística para a amostragem fitossociológica foi analisadapelo Índice de Shannon-Weaner e a equabilidade pelo índice de Pielou (Magurran, 1988;Pielou, 1975).Indicação de valor biológico das espécies e avaliação do estado de conservação eimpactoApós a caracterização das principais fitofisionomias e reconhecimento de suadistribuição nas áreas de influência direta da rodovia BR-319, somados aos dados primários esecundários levantados, foi possível classifcar as espécies encontradas como comuns, raras,ameaçadas de extinção, endêmicas, invasoras, medicinais, etc., segundo o ambiente em queocorreram, baseando-se em literatura específica e o conhecimento próprio de membros daequipe. Avaliando-se o estado de conservação da vegetação na área de influência direta eatravés de espécies ocorrente, puderam-se indicar áreas prioritárias para a criação deunidades de conservação.9


Metodologia da FaunaDelineamento AmostralO estudo da fauna foi realizado tanto a partir de dados coletados diretamente ematividades de campo quanto a partir de levantamentos secundários. Além de buscar umamaior representatividade da fauna em escalas locais e regionais, a metodologia propostavisa uma abordagem comparativa com estudos em áreas não impactadas porempreendimentos lineares, caso das rodovias, permitindo assim examinar possíveisdiferenças entre as comunidades faunísticas encontradas nas áreas de influência doempreendimento e em áreas mais preservadas.O desenho amostral empregado, a partir da estruturação dos módulos definidosabaixo, pode ser utilizado ainda como ponto de partida para ações de monitoramentoprevistas para as unidades de conservação encontradas ao longo da rodovia, que serãoexaminadas posteriormente neste documento no subitem “Unidades de Conservação”(Federais: RESEX do Lago do Capanã Grande e Estaduais: RDS Rio Amapá, RDS IgapóAçu, RDS Matupiri Sul). A integração entre as ações de monitoramento em andamentopelas Unidades de Conservação (UC) e os inventários previstos neste projeto irão gerarimportantes ferramentas para a definição de programas de conservação destas undidades acurto prazo, bem como informações mais consistentes a médio e a longo prazo para ostomadores de decisão. Além disto, irá proporcionar infra-estrutura de campo necessária parafuturas pesquisas da comunidade científica.Para isto foi montada uma infra-estrutura adequada ao emprego da amostragem dotipo “RAPELD ” (www.ppbio.inpa.gov.br), cujo desenho amostral corresponde a umamodificação do método de parcelas de 0.1 ha desenvolvido por Gentry (1992), realizadapelo PPBio (Programa de Pesquisas em Biodiversidade) para sítios de pesquisa ecológicade longa-duração na Amazônia brasileira. O sistema de amostragem foi batizado deRAPELD por combinar dois sistemas de amostragem distintos, considerando que ametodologia utilizada permite a realização de inventários rápidos ou pontuais para avaliaçãoda complementaridade biótica e planejamento do uso da terra na Amazônia (componenteRAP – Módulos usados no presente estudo), bem como sua aplicação em estudos emProgramas de Pesquisas Ecológicas de Longa-duração (componente PELD – Grades),portanto adequado para o monitoramento em diferentes escalas de tempo e em programasde conservação.A metodologia visou assim examinar adequadamente a fauna, utilizando para isso aescala de comunidade, de forma a minimizar os efeitos da variação dos fatores abióticosque afetam estas comunidades. Considerando que as duas abordagens usualmente utilizam10


espectivamente áreas amostrais distintas, a metodologia proposta foi utilizada por permitirexaminar conjuntamente estes dois tipos de amostragem (i.e.; comunidades / amplasescalas de espaço vs efeitos da variação abiótica / pequenas escalas de espaço). Para isto,as parcelas amostrais construídas foram longas e estreitas, com seus maiores eixosorientados ao longo das curvas de nível do terreno. Este desenho minimiza variaçõesinternas de topografia e de solo em cada parcela e permite o uso destas variáveis abióticascomo preditoras das distribuições de espécies.As coletas se concentraram dentro da Área de Influência Direta do empreendimento,considerando sua potencial suscetibilidade aos efeitos decorrentes da implementação darodovia. Certas áreas do entorno da rodovia BR-319 encontram-se mais preservadas e semocupação humana devido principalmente às dificuldades logísticas e falta de infra-estruturalocal. Porém em poucos locais ainda persistem moradores que, principalmente durante operíodo de chuvas, vivem da produção de pequenas lavouras, roçados e da caça de animaissilvestres. É importante estimar a perda de biodiversidade decorrente do loteamento deterras que será coordenado pelo INCRA, para que se possa, em ações de monitoramento,mensurar o efeito dessas mudanças nas comunidades de animais residentes.Cada ponto de coleta (módulo) consiste de duas trilhas de 5,5km perpendiculares arodovia BR-319 e um trilha de ligação de 1 km entre elas (Figura 4). 12 parcelas (6 em cadatrilha) estão regularmente espaçadas (1 km de distância) a partir de 500m de distância daestrada, para minimizar efeitos do uso da terra. Os taxa que podem ser amostrados emescalas menores, tais como: invertebrados terrestres, borboletas, répteis (busca ativa) sãoamostrados nas 12 parcelas de 250m de cada módulo. Os taxa com menor densidade e/oude grande mobilidade, tais como: primatas, grandes mamíferos e aves normalmente sãoamostrados ao longo das trilhas.O tamanho das trilhas permite que mais de uma equipe trabalhe ao mesmo tempoem cada sítio de coleta, e a forma em “U” dos módulos garante maior independência dosdados amostrados (primatas, aves e mamíferos), pois o pesquisador não precisa percorrerduas vezes a mesma trilha no mesmo evento de amostragem. As trilhas também podem serusadas para amostragem complementar de táxons coletados fora dos módulos, comoquelônios. O tamanho dos módulos (12 km) é suficiente para captar a variação fina dentrode cada fitofisionomia, como os mega-platôs, mega-vertentes, áreas de contato compequenas manchas de campina e áreas antropizadas, que são comuns ao longo da rodoviaBR-319. Esse desenho amostral pode ser usado em ações de monitoramento e manejoporque é: padronizado, permite estudos integrados, é compatível com outros projetos emandamento e é modular, o que permite análises comparativas entre locais com intensidadede coletas diferentes (entre módulos e grades, por exemplo).11


Figura 4 - Módulo RAPELD instalado no km 285 da rodovia BR-319. As linhas vermelhas representam as trilhase os pontos amarelos representam as parcelas permanentes instaladas seguindo a curva de nível do terreno.Os módulos foram regularmente espaçados ao longo da área de influência direta,para minimizar tendências na amostragem (Figura 4). A distribuição sistemática daamostragem na paisagem permite estimativas não tendenciosas da distribuição, abundânciae biomassa das espécies em cada sítio, e comparações biogeográficas entre sítios(Magnusson et al., 2005).Seis módulos foram amostrados ao longo do trecho estudado, sendo eles: Módulo 1(Km 285), Módulo 2 (Km 350), Módulo 3 (Km 400), Módulo 4 (Km 450), Módulo 5 (Km 535) eMódulo 6 (Km 615) (Figura 4). Esses módulos estão situados em Florestas Ombrófila Densade Terras Baixas, onde são encontradas árvores de médio a grande porte e sub-bosquelimpo. Os cipós normalmente não são encontrados no solo e nos troncos das árvores, sãomais comuns subindo diretamente para as copas, uma caracterização completa deste tipode vegetação é apresentado no tópico de flora deste estudo. Os módulos 5 e 6, km 535 ekm 615, situam-se em Florestas Ombrófila Aberta de Terras Baixas com Palmeiras.A distribuição dos módulos abrange proporcionalmente as maiores fitofisionomias daregião de entorno da rodovia BR-319 (trecho sob estudo). Ao longo dessa áreaaproximadamente 70% é Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas e 30% FlorestaOmbrófila Aberta de Terras Baixas com Palmeiras (Figura 4).Ao total, 72 parcelas de 250 m que seguem a curva de nível do terreno e se situam acada 1000m de distância foram amostradas (somatório dos 6 módulos). O esforço de coleta12


concentrado permite maior segurança na discussão dos resultados. A campanha de campolevou em torno de 30 dias para ser executada, sendo três equipes em camposimultaneamente.Os detalhes para cada grupo estão descritos nos tópicos seguintes.InvertebradosA amostragem de invertebrados foi realizada durate o mês de agosto de 2008. Aototal foram amostradas 16 parcelas de 250 m que seguem a curva de nível do terreno eestão situadas a cada 500 m de distância (oito parcelas no módulo 1 e oito no módulo 2).Este esforço de coleta concentrado, com mais amostras espaçadas regularmente permitemaior segurança na discussão dos resultados. A campanha de campo teve duração de setedias em cada ponto de amostragem. O primeiro módulo de amostragem (Ponto 1) utilizadopara a coleta de invertebrados foi instalado no km 300 da rodovia. Este módulo não é omesmo módulo utilizado na amostragem dos grupos de vertebrados (Km 285). No módulodo km 300, durante o período chuvoso, a região torna-se alagada, inviabilizando aamostragem de vertebrados, com isso foi instalado um módulo em uma área próxima,porém não alagada. O Ponto 2 (km 350) foi o mesmo utilizado para a amostragem devertebrados, porém foram utilizadas 4 parcelas distantes 500m entre si em cada uma dasduas trilhas (Figuras 5 e 6).Os detalhes para cada grupo estão descritos nos tópicos seguintes.Figura 5 – Módulos de amostragem nos Pontos 1 e 2 (Km 300 e 350, respectivamente), utilizados para a coletade invertebrados.13


Figura 6 - Detalhe dos módulos RAPELD 1 e 2 instalados no km 300 e 350, respectivamente, para amostragemde invertebrados. Os pontos amarelos representam as parcelas amostradas.14


BorboletasPara coletar as borboletas (Insecta – Lepidoptera) foram utilizadas armadilhas VanSomeren-Rydon (De Vries 1987; Shuey 1997) com isca de frutas fermentadas. Em cadaparcela dos módulos 1 e 2 (km 300 e 350) foram instaladas 2 armadilhas, totalizando 16 emcada ponto de amostragem. As armadilhas foram confeccionadas em tecido tipo nylon, noformato cilíndrico com 1 m de comprimento por 40 cm de largura com uma base de madeirade 35 x 35 cm.Essa metodologia é largamente utilizada principalmente por padronizar o esforço decoleta em todos os pontos de amostragem, e se empregada durante alguns meses detrabalho pode fornecer dados referentes à abundância relativa, composição e riqueza deespécies de borboletas frugívoras da família Nymphalidae.As armadilhas ficaram em operação durante sete dias consecutivos em cada parcelaa 1,5 m do solo. As borboletas foram retiradas das armadilhas e colocadas cuidadosamenteem envelopes de papel tipo vegetal e transferidos posteriormente em frascos mortíferosonde permaneceram preservadas.Para uma melhor avaliação da fauna de borboletas da área em estudo foi realizadacoleta eventual por meio de rede entomológica (puçá), para captura de outras famílias deborboletas como Papilionidae, Pieridae e Hesperidae. Essa captura através do puçá não éconsiderada uma metodologia padronizada, portanto não será considerada nas análisesestatísticas, fornecendo somente espécies complementares aqueles coletadas com aarmadilha Van Someren-Rydon.Ao final das coletas, as borboletas foram triadas e identificadas no laboratório. Todosos exemplares foram depositados na coleção entomológica do Instituto Nacional dePesquisas da Amazônia - INPA como material testemunho.FormigasPara a coleta de formigas (Hymenoptera – Formicidae) utilizamos o extrator deWinkler, nos módulos 1 e 2, onde toda a serrapilheira demarcada por um quadrado de 1m 2foi recolhida em seu centro e colocada dentro da peneira para que as formigas caíssemdentro do recipiente coletor. O extrator de Winkler fornece dados de riqueza, composição,abundância relativa, e freqüência nas amostras de serrapilheira. Este método é apropriadopara ser usado em ambientes de floresta, onde muitas espécies de formigas nidificam ehabitam a serrapilheira.A peneira permaneceu próxima ao local onde foi feita a coleta de serrapilheira paraminimizar a perda de formigas da amostra. Serrapilheira encharcada não foi coletada. Apeneira era sistematicamente agitada vertical e horizontalmente tentando se evitar ao15


máximo fragmentar a serrapilheira, já que o objetico era coletar formigas e não fragmentosde folhas e galhos. Sendo assim, quanto mais seco estava a folhiço, mais sutil era omovimento com a peneira. Tomou-se o cuidado de manter os mini-Winkler (aparato onde aamostra peneirada no campo é colocada) em locais seguros e longes de pertubações quepudessem aumentar os volumes das amostras de fragmentos dentro dos recipientes decoleta.Foram coletadas 40 amostras por ponto de coleta, totalizando 80 amostras. Após aextração, o material foi levado ao laborório onde as formigas passaram por um processo detriagem e foram identificadas ao nível de espécies. As formigas foram fixadas em álcool70%.Todos os exemplares serão depositados na coleção entomológica do INPA comomaterial testemunho.EscorpiõesPara a amostragem dos escorpiões (Chelicerata: Scorpiones) foram utilizadasarmadilhas de interceptação e queda conhecidas como “pitfall traps”, juntamente comarmadilhas do tipo “funnel traps”.Em cada parcela de cada módulo foi instalado um conjunto de armadilhas de queda(totalizando 8 conjuntos por ponto de amostragem. Essas armadilhas foram dispostas em“Y” contento quatro baldes com capacidade para 50 litros, sendo um balde central e osoutros três em cada uma das extremidades do “Y”, totalizando 32 baldes por ponto deamostragem. Os baldes foram enterrados no solo com espaçamento de 15 metros entre si euma cerca-guia de lona plástica com um metro de altura onde foi percorrida toda a extensãodas armadilhas. Essas armadilhas foram instaladas ao nível da superfície do solo erecobertas com folhiço visando minimizar os distúrbios na superfície do solo no seu entorno,porque alterações no substrato poderiam afetar o sucesso de captura dos animais.Em cada conjunto das armadilhas de queda foram instalados três pares dearmadilhas do tipo “funnel traps”. Cada par de armadilhas foi colocado entre dois baldes aolongo da cerca-guia, totalizando 48 funis em cada ponto de amostragem. As armadilhas dequeda e os “funnel traps” permaneceram abertos por sete dias em cada ponto deamostragem e foram vistoriados diariamente. Os escorpiões coletados foram fixados emálcool 70%.Todos os exemplares foram depositados na coleção entomológica do INPA comomaterial testemunho.16


IctiofaunaOs corpos d’água avaliados no estudo da rodovia BR-319 estão localizados ao longoda própria rodovia, em um trecho compreendido entre os km 250 e 655,7. As amostragensocorreram entre os dias 15 e 20 de fevereiro, período de chuvas, e 26 a 31 de junho de2008, época de estiagem. Um total de 14 corpos d’água, entre igarapés e rios de pequenoporte, foram selecionados para as amostragens (Tabela 1).Tabela 1 - Pontos de amostragem e coordenadas geográficas na área de estudoPonto Tipo e Nome do Ambiente Coordenada Geográfica01 Rio Igapo-açu S 04. 71284 / W 61.2932502 Igarapé Manuelzinho S 04. 85008 / W 61.4148803 Igarapé Tinga S 04. 90442 / W 61.4672404 Igarapé Dunga S 04. 99285 / W 61.5862805 Igarapé Tinguinha S 05. 16615 / W 61.7831406 Rio Novo S 05. 31741 / W 62.0001507 Rio Jutaí S 05. 27286 / W 62.0605908 Rio Goiabal S 05. 31186 / W 65.0810709 Rio Veloso S 05. 49024 / W 62.1955010 Rio Puruzinho S 06. 25495 / W 62.5150011 Rio Acará S 06. 41224 / W 62.5815412 Rio Sto. Antônio S 06. 51346 / W 63.0330713 Rio Realidade S 65. 59082 / W 63.0555514 Rio Fortaleza S 07. 05059 / W 63.06370O critério levado em consideração na seleção destes corpos d’água, deu-seprincipalmente pela localização de travessia dos mesmos em relação ao empreendimento,bem como pela relevância que os mesmos apresentava na área de estudo. As amostragensocorreram em dois momentos (fevereiro e junho). A excursão de fevereiro foi interrompidadevido ao rompimento de uma ponte de acesso à rodovia, próximo ao km 354, que impediua continuidade da realização do estudo, o qual só foi concluído em junho, após sreconstrução da mesma. Algumas imagens tiradas dos corpos d’água encontram-se naFigura 7.17


Descrição dos corpos d’água amostrados no levantamento da ictiofauna:Pto. 01 – rio Igapó-açu (S 04. 71284 / W 61.29325) – Considerado um rio depequeno a médio porte, apresentou aproximadamente 200 metros de largura e 09 metros deprofundidade em seu canal principal. As coletas foram realizadas na área alagada dafloresta, conhecida como “igapó”, onde os apetrechos que puderam ser utilizados foram:malhadeiras de tamanho de 30 e 40mm de malha entre nós adjacentes, as quais ficaramdispostas em área de floresta alagada e a juzante do rio em um braço conhecido comoIgarapé da Ponta.Pto. 02 – Igarapé Manuelzinho (S 04. 85008/ W 61.41488) – O corpo d’água desteponto é um igarapé que no momento da coleta apresentava uma profundidade de 2,2metros e 25 metros de largura. A transparência ocorreu em torno de 1,30 metros. Nesteponto foram utilizados malhadeira de tamanho de 30 e 40 mm, puçá, cacuri, além doemprego da tarrafa.Pto. 03 – Igarapé Tinga – (S 04. 90442/ W 61.46724) – Este igarapé apresentou, naárea de coleta, profundidade de 2,5 metros e transparência em torno de 1,2 metros. Osapetrechos utilizados foram malhadeiras de 30 e 40mm de malha, rapiché, puçá e cacuri.Pto. 04 – Ponte Dunga – (S 04. 99285/ W 61.58628) – A largura deste igarapé noperíodo da coleta foi de 7,0 metros, profundidade de 1,5 metros e transparência de 1,2metros. Este igarapé apresenta uma correnteza com fluxo muito forte sendo difícil oemprego de alguns apetrechos, todavia, ainda conseguimos utilizar malhadeiras de tamanhode 30 e 40 mm de malha, cacuri e puçá.Pto. 05 – Igarapé Tinguinha – (S 05. 16615/ W 61.78314) – Este igarapé de menorporte apresentou largura de 5,0 metros e profundidade em torno de 1 metro. Neste ponto foipossível perceber uma grande quantidade de vegetação semi-aquática e algumas árvoresmortas.Pto. 06 – rio Novo – (S 05. 31741/ W 62.00015) – Este rio apresentou profundidadede 4,9 metros de largura no meio do canal e transparência de 1,2 metros. Neste ponto foramutilizadas malhadeiras de diversos tamanhos (30 a 100 mm entre nós opostos) ao longo damargem do rio.Pto. 07 – rio Jutaí – (S 05. 27286/ W 62.06059) – Este rio apresentou profundidadede 2 metros e transparência de 0,75 metros. Neste ponto as amostragens foram realizadasutilizando malhadeiras de diversos tamanhos (30 a 100mm entre nós opostos) ao longo damargem do rio. Havia presença de vegetação circundante como arbustos e algumasgalhadas e troncos no canal do rio.Pto. 08 – rio Goiabal – (S 05. 31186/ W 65.08107) – Este rio apresentouprofundidade de 2,0 metros, largura de 10 metros, na região mais funda e transparência de18


0,80 metros. Neste ponto havia presença de vegetação alagada, devido ao períodohidrológico de cheia, e o apetrecho utilizado foram malhadeiras (30 a 100mm entre nósopostos).Pto. 09 – rio Veloso – (S 05. 49024/ W 62.19550) – Este rio estava bastante rasocom profundidade máxima de 1 metro e transparência de 0,80 metros. Neste ponto avegetação alagada não é tão freqüente, ocorrendo algumas áreas descampadas em algunstrechos. Os apetrechos utilizados foram as malhadeiras de diversos tamanhos (30 a 100 mmentre nós opostos).Pto. 10 – rio Puruzinho – (S 06. 25495/ W 62.51500) – Este rio apresentouprofundidade de 2,50 metros e transparência de 0,6 metros Neste ponto foram utilizadasmalhadeiras de diversos tamanhos (30 a 100 mm entre nós opostos) ao longo da margemdo rio.Pto. 11 – rio Acará – (S 06. 41224/ W 62.58154) – Este rio apresentou profundidadede 2,30 metros e largura aproximada de 10 metros e transparência de 0,65 metros. Nesteponto a água estava um pouco turva, devido a ocorrência de chuvas neste período. Osapetrechos utilizados foram as malhadeiras de diversos tamanhos (30 a 100 mm entre nósopostos) em algumas áreas do rio.Pto. 12 – rio Sto. Antônio – (S 06. 51346/ W 63.03307) – Este rio apresentouprofundidade de 1,0 metro e largura aproximada de 8,0 metros Neste local o rio é ladeadode florestas altas, onde as malhaderias foram dispostas.Pto. 13 – rio Realidade – (S 65. 59082/ W 63.05555) – Este rio apresentouprofundidade de 2,5 metros, largura aproximada de 50 metros e transparência de 0,8metros. Neste ponto foi possível perceber áreas de vegetação, principalmente troncos deárvores caídas no leito do rio. As malhadeiras foram utilizadas com tamanhos (30 a 100 mmentre nós opostos).Pto. 14 – rio Fortaleza – (S 07. 05059/ W 63.06370) – Este rio apresentouprofundidade de 1,5 metros, largura aproximada de 7 metros e transparência de 0,7 metros.Apesar do valor da transparência, algumas áreas do rio apresentavam aspecto de turbidez,entretanto os apetrechos utilizados foram as malhadeiras com os tamanhos já discriminadosanteriormente.19


Figura 7 – Imagens obtidas no levantamento de campo da área de ictiofauna, explicitando a obtenção devariáveis ambientais e os diferentes métodos de coleta empregados.Obtenção de dados primáriosPesca ExperimentalAs atividades de campo para o levantamento da Ictiofauna foram realizadas emexcursões com duração total de 12 dias, nos 14 corpos d’água mencionados anteriormente,no horário da manhã, tarde e noite, conforme a logística da excursão e característica doambiente. Os apetrechos utilizados nas amostragens foram: puçá, rapiché, cacuri e rede deespera , conforme descrito por Barbosa & Freitas, 2006.20


1) Puçá – É um tipo de rede afunilada como uma peneira grande, assentada emarmação de madeira ou alumínio e com malhas bastante finas (Figura 8). É usado para darlances em locais onde exista abundância de pequenos peixes, sendo empregado na áreamarginal da vegetação inundada, galhada e troncos de árvores de igarapés e riachos oubanco de plantas herbáceas no canal de rios. Quando utilizado no leito de um igarapé devesefazer barulho a montante do mesmo para espantar os peixes, que adentram o puçádurante a fuga que é então erguido com um movimento rápido.2) Rapiché – Tipo de puçá artesal, com dimensões variáveis, com malhaspequenas. É utilizado diretamente sobre o cardume quando os peixes passam próximos acanoa ou na forquilha do igarapé.3) Cacuri – Armadilha cilíndrica com uma abertura lateral afunilada que permiteapenas a entrada de peixes de porte pequeno (Figura 8). Os peixes entram, atraídos porisca ou simplesmente para refúgio, mas não conseguem sair. Geralmente é construída emtela de náilon, mas no caso da usada no estudo foi confeccionada com tiras de bambu, comuma abertura em uma das áreas do apetrecho para a retirada dos exemplares que ficarampresos. Este apetrecho geralmente é utilizado em ambientes com água corrente e poucaprofundidade como igarapés, riachos e áreas marginais de rios, sendo presos por um fio agalhos, troncos de árvores ou outro tipo de substrato fixo que o sustente.4) Redes de Espera (Malhadeira) – Em geral este tipo de apetrecho éconfeccionado com nylon multifilamento com malhas variadas. Dependendo da espéciealvo,possuem bóias na tralha superior e chumbos na tralha inferior. As malhadeirasutilizadas em nossas campanhas tiveram tamanho de 10 m comprimento por 2 m de larguracom tamanho das malhas de 30 a 100 mm entre nós opostos, sendo utilizadas conforme anecessidade do corpo d’água a ser amostrado. De manuseio cômodo, por ser leve, podemser armadas em grandes quantidades, umas as outras formando um grande cinturão aolongo do rio, capturando os peixes que tentam passar por suas malhas. Apresentam acaracterística de ser um apetrecho seletivo tendendo a capturar o peixe conforme otamanho de sua malha, por isso a tendência de se utilizar vários tamanhos de malhas deforma a capturar peixes de diversos tamanhos e formas, tentando maximizar a ictiofaunalocal existente.O esforço de pesca foi levado em consideração conforme a particularidade doapetrecho e do hábitat amostrado. O puçá e o rapiché foram padronizados conforme otempo: 30 minutos/homem pescando na utilização dos aparelhos nas amostragens. Já parao cacuri e as redes de emalhar o esforço efetivo foi contabilizado pelo número dehoras/homem de pescaria, em que os apetrechos estiveram em uso, o que equivaleu aaproximadamente 4 horas de pescaria.21


Em cada um dos quatorze pontos de amostragem, tivemos a preocupação de anotarem caderneta algumas características relevantes nas amostras de campo como: tipografiado ambiente, cor aparente da água, presença de vegetação em seu entorno, ocorrência dealgum fator atípico como a ocorrência de chuva na hora da coleta, dentre outrasinformações que nos fossem úteis na hora de analisar e discorrer sobre os resultadosobtidos no estudo.Identificação dos espécimes coletadosTodos os espécimes coletados nas amostragens foram separados e etiquetadosconforme o tipo e nome do ambiente, data de coleta e tipo de apetrecho utilizado, sendoposteriormente eutanasiados e fixados em solução contendo a proporção de 10% de formolpara 90% de água. Todos os exemplares separados foram acondicionados em sacosplásticos e armazenados em baldes para posterior identificação no Laboratório de Ecologiade Peixes da Universidade Federal do Amazonas.Em laboratório, os peixes foram transferidos da solução de formol para o etanol,após serem lavados em água corrente, tendo-se sempre o cuidado de preservar a etiquetaoriginal de identificação de campo. Todos os exemplares foram identificados por meio dechaves ictiológicas de referência e com o auxílio de especialistas taxonômicos dasInstituições da UFAM e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.Alguns exemplares, após identificação, foram selecionados para posterior deposição(em potes de vidro devidamente etiquetados) como material biológico testemunho no acervoda Coleção de Peixes do INPA, sob tutela da Dra. Lúcia Py-Daniel.Análise dos dadosSegundo Krebs (1989), as medidas de diversidade tentam buscar uma estimativa daimportância da espécie na comunidade e podem ser expressas em função da abundância eda biomassa. O conhecimento acerca da composição, estrutura (riqueza, abundância,diversidade, dominância e uniformidade entre as espécies), relações tróficas, períodoreprodutivo e distribuição espaço-temporal, são itens importantes para uma boacaracterização das assembléias de peixes nos corpos d’água ao longo da rodovia BR-319.Estes estudos podem apontar de que forma e quando as diversas espécies utilizam ecompartilham os recursos e, orientar futuros trabalhos de diagnósticos dos impactosgerados a partir da exploração dos ambientes (Vazzoler, et al., 1973; Vitousek et al. 1997).Para se verificar a composição e estrutura das espécies de peixes capturadas nosquatorze pontos de amostras ao longo da rodovia BR-319, utilizamos alguns índicesecológicos utilizados como ferramentas em estudos desta natureza como:22


- Estimativa de RiquezaS = número de espécies de peixe obtidas em cada ponto amostral do estudo- Estimativa de EquitatividadeEquivale à proporção entre a diversidade observada e a máxima diversidadeE = H'lnS(Magurran, 2004),Onde:H’ = Índice de diversidade de Shannon;S = Número de espécie presentes na amostra.- Índice de Diversidade de Shannon-WienerEste índice é baseado na teoria da informação, proposta por Margalef (1957 e 1958),em que a informação seria uma função do número de escolhas possíveis entre estadosigualmente prováveis de um certo nível de organização necessário para entendê-locompletamente: quanto maior o número de escolhas necessárias para entender aorganização num certo nível, maior o conteúdo de informação. A expressão é:H'= − ∑ P i(lnP)(Shannon & Wiener, 1949)iOnde:npii= eNni = Número de indivíduos da espécie i,N = Número de indivíduos presentes na amostra- Índice de Dominância de Berger-ParkerEste índice representa a dominância de uma espécie na estrutura da comunidade.Sua expressão é:nd =max(Berger & Parker, 1970),NOnde:n max = Número de indivíduos da espécie mais abundante; eN = Número de indivíduos presentes na amostra.Como estimativa de diversidade, é comum o uso do complemento ou do recíproco doíndice de Berger-Parker, 1-d ou 1/d, a fim de que o valor apresentado tenha correlaçãodireta e positiva com a diversidade.23


Além destas análises, outros fatores foram levados em consideração no estudo decaracterização da ictiofauna, tais como: hábitats preferenciais de alguns grupos de peixes;sua distribuição geográfica; aspectos relevantes da biologia reprodutiva; a ocorrência deespécies migradoras na área; evidência de espécies ameaçadas de extinção, raras,endêmicas e bioindicadoras; utilizadas de forma predatória pela população local; queapresentem interesse econômico; que sejam objeto de interesse científico ou médicoveterinário,protegidas por legislação federal, estadual e/ou municipal, dentre outros. Estesaspectos foram obtidos através de levantamento secundário por meio de referênciasbibliográficas de estudos realizados.Conforme solicitação do termo de referência do estudo será confeccionada umacurva de esforço amostral estabilizada para o grupo ictiofauna.Dados secundáriosConcomitantemente às amostragens realizadas em campo, foi elaborado umlevantamento bibliográfico dos estudos realizados na área do empreendimento ou em seuentorno sobre a ictiofauna, bem como as amostragens realizadas em hábitats semelhantesaos avaliados no estudo, de forma a corroborar o resultado obtido em nossas amostragens.HerpetofaunaAs atividades de campo foram realizadas em duas etapas:(1) época da seca, entre os dias 17 a 31 de julho de 2008, nos módulos 1 (Km300) e 2 (Km 350) e(2) época chuvosa, entre os dias 13 de janeiro de 2009 e 02 de fevereiro de2009 nos módulos 1 (Km 285, 2 (Km 350), 3 (Km 400), 4 (Km 450), 5 (Km535) e 6 (Km 615), para todos os grupos com exceção da amostragem dequelônios, que foi realizada no mês de Julho de 2008).A amostragem dos anfíbios e répteis foi realizada em 12 parcelas em cada ponto decoleta, onde foram amostradas simultaneamente durante cinco dias.Para a obtenção das informações sobre a fauna de anfíbios, lagartos e serpentes,foram utilizados sete métodos distintos: 1) armadilhas de interceptação e queda conhecidascomo “pitfall traps with drift fence” (Cechin e Martins, 2000); 2) armadilhas do tipo “funneltrap” (Vogt e Hine, 1982; Enge, 2001); 3) Procura ativa (visual encounter) (Crump e Scott,1994); 4) vocalizações (identificação auditiva); 5) armadilhas do tipo “hoop traps” (adaptadode Vogt, 1980 e de Legler, 1960); 6) armadilhas do tipo “trammel nets” (Vogt, 1980; Webb,24


1961), 7) rede de arrasto. Encontros ocasionais a colaboração de terceiros tambémacrescentaram a lista de espécies.Adicionalmente, apresentamos uma lista de dados secundários de anfíbios e répteisregistrados em estudos realizados nas áreas do interfluvio dos rios Madeira-Purus e noestado de Rondônia (Anexo I).• Anfíbios, lagartos e serpentesPara coleta de informações destes grupos foram utilizados quatro métodos: (1)armadilhas do tipo “pitfall traps”, (2) armadilhas do tipo “funnel traps”, (3) procura ativa(amostragem visual) e (4) identificação auditiva (vocalização, exclusiva para anfíbios).Encontros ocasionais e colaboração de terceiros (membros de outras equipes) tambémacrescentaram espécies à lista. Abaixo, detalhamento de cada um dos métodos utilizadosdurante as atividades do EIA.A) Armadilha de interceptação e queda pitfallEste método é muito usado e eficiente para a captura de animais de hábitosterrícolas (vertebrados e invertebrados). Consiste na instalação de baldes enterrados aonível do solo interligados ou não por uma lona plástica (cerca-guia) que tem como funçãointerceptar os animais e conduzí-los até os baldes. Em cada uma das 12 parcelas domódulo um conjunto de armadilhas de queda do tipo pitfall trap foi instalado. Essasarmadilhas foram dispostas em “Y” (Figura 8) contento quatro baldes com capacidade para60 litros, sendo um balde central e os outros três em cada uma das extremidades do “Y”,totalizando 48 baldes por ponto de amostragem (período chuvoso) e 32 baldes no períodoseco. Os baldes foram enterrados no solo com espaçamento de 10 metros entre si e umacerca-guia de lona plástica com um metro de altura percorreu toda a extensão dasarmadilhas. As armadilhas de queda permaneceram abertas por cinco noites consecutivas.Um esforço de captura de 240 armadilhas/noite (período chuvoso) e 224 armadilhas/noite(período seco) foi empregado por módulo de amostragem durante as atividades de campo.25


Figura 8 - Aspecto da disposição das armadilhas de interceptação e queda (pitfall traps) e funnel traps utilizadospara a amostragem de vertebrados e invertebrados.B) Funnel trapsEste método consiste em armadilhas em forma de cilindros confeccionadas com umatela plástica resistente, contendo um metro de comprimento. Possui duas entradas, sendoque uma das extremidades é móvel para possibilitar a retirada dos animais. Em cadaconjunto de armadilhas de queda foram instaladas quatro armadilhas do tipo funnel traps(Figura 8). Cada armadilha foi instalada entre dois baldes ao longo da cerca-guia,totalizando 48 funis por módulo. As armadilhas de queda e os funnel traps permaneceramabertos por cinco dias em cada ponto de amostragem (período seco) e sete dias no períodochuvoso. O esforço de captura por funnel trap totalizou 240 armadilhas/noite por módulo deamostragem (período chuvoso) e 336 armadilhas/noite (período seco) durante as atividadesde campo.C) Procura ativaEste método consiste em examinar minuciosamente todos os hábitats emicrohábitats utilizados pelas espécies de anfíbios e répteis durante as suas atividades deforrageio, repouso (abrigo) e reprodução. A procura ativa foi realizada nas trilhas dosmódulos. Esta amostragem foi realizada nos períodos diurnos e noturnos e o esforço de26


captura acumulado em todos os módulos foi de 326,66 horas/homem (período chuvoso) e147,5 horas/homem/dia (período seco).D) Identificação auditiva (Vocalizações)Este método é exclusivo para a identificação dos anfíbios anuros, que sãodetectados pela vocalização que os indivíduos machos emitem para atrair as fêmeas. Essasvocalizações são exclusivas para cada espécie o que permite muitas vezes utilizá-las para aidentificação segura da espécie. A eficiência para a identificação das espécies existentes naárea foi de 45% do total de espécies registradas nos seis módulos durante o períodochuvoso e de 20,5% nos módulos 1 e 2 no período seco.Com relação aos encontros ocasionais surgiram espécimes que não estavam sendoprocurados pelo método de procura ativa. Quanto à colaboração de terceiros foramaproveitados os dados provenientes dos encontros de espécimes por outras equipes oumoradores residentes no entorno das áreas de estudo.• QuelôniosA coleta de quelônios ocorreu apenas no período de seca pois a eficiência decaptura deste grupo diminui muito no período chuvoso, quando os quelônios estão dispersosnas áreas alagadas próximas aos corpos d’água. No entanto alguns espécimes de quelôniosforam encontrados pelas equipes de mastofauna e da herpetofauna durante o períodochuvoso e incluídas na lista de espécies existentes na área de influência da rodovia BR-319.Para coleta de informações deste grupo foram utilizados os três métodos abaixo descritos.A) “Trammel nets”As “trammel nets” utilizadas consistem em uma malhadeira de náilon interna comtamanho de malha de 18 cm de distância entre nós e duas malhas externas brancas, cadaqual com um metro de distância entre nós. Cada malhadeira mede dois metros de altura porcem metros de comprimento e foram instaladas em locais com água parada ou com poucacorrenteza no igarapé Tinga e no rio.As malhadeiras do tipo “trammel net” necessitam de corpos d’água maiores paraserem instaladas e, portanto, foram colocadas no igarapé do Jacaré-Tinga e no rio Novo. Oesforço total de captura utilizando-se este método foi de 195 horas/”trammel net” (Tabela 2).B) “Hoop traps”As “hoop traps” são armadilhas compostas por aros de alumínio com 60 ou 80 cm dealtura que sustentam um cilindro de pano de malhadeira com malha de três milímetros dedistância entre nós com um metro de comprimento. Em uma das extremidades deste cilindroencontra-se um funil invertido por onde o quelônio pode entrar. Uma hoop trap, modificada27


de Legler (1960), com aros metálicos medindo 40 cm de altura, e duas entradas em formade funil invertido, também foi utilizada. As armadilhas do tipo hoop traps foram instaladas emigarapés presentes nos módulos 1 e 2, e uma, adaptada de Legler (1960), foi instalada emuma caixa de empréstimo ao lado da rodovia. Foram utilizadas iscas de sardinha em latapara a atração dos quelônios.O esforço total de captura utilizando-se “hoop traps” foi de 2773 horas/armadilha. Ashoop traps foram colocadas em igarapés dentro dos módulos 1 e 2 e no igarapé do Jacaré-Tinga onde permaneceram entre três a seis dias na água (Tabela 2). Uma armadilha “hooptrap” descrita por Legler (1960) também foi instalada em uma caixa de empréstimo ao ladoda rodovia, permanecendo lá por seis dias e totalizando um esforço de captura de 147horas/armadilha (Tabela 2).C) Rede de arrastoA rede de arrasto é feita com fio de náilon com tamanho de malha de 10 cm dedistância entre nós, com dois metros de altura e 20 metros de comprimento. A porçãosuperior é composta por corda de náilon e bóias de isopor e a porção inferior é compostapor corda e chumbo. A rede de arrasto foi utilizada em quatro áreas alagadas formadaspelas caixas de empréstimo ao lado da estrada. Duas pessoas percorreram as poçassegurando as duas extremidades da rede de arrasto até que toda a extensão da poçativesse sido varrida pelo arrastão.28


Tabela 2 - Esforço de captura (horas x número de armadilhas) utilizado por método de amostragem, local e tipode ambienteDiainícioDiafimTotal dehorasMétodo decapturaNúmero dearmadilhasEsforço decapturaPonto deamostragemAmbiente15-jul 19-jul 97:25:00 Hoop trap 1 97:25:00 Módulo 1 Igarapé sem nome16-jul 20-jul 97:25:00 Hoop trap 1 97:25:00 Módulo 1 Igarapé sem nome16-jul 20-jul 96:38:00 Hoop trap 1 96:38:00 Módulo 1 Igarapé sem nome16-jul 20-jul 96:04:00 Hoop trap 1 96:04:00 Módulo 1 Igarapé sem nome16-jul 20-jul 95:50:00 Hoop trap 1 95:50:00 Módulo 1 Igarapé sem nome16-jul 20-jul 95:02:00 Hoop trap 1 95:02:00 Módulo 1 Igarapé sem nome16-jul 20-jul 94:40:00 Hoop trap 1 94:40:00 Módulo 1 Igarapé sem nome16-jul 20-jul 94:16:00 Hoop trap 1 94:16:00 Módulo 1 Igarapé sem nome16-jul 20-jul 93:37:00 Hoop trap 1 93:37:00 Módulo 1 Igarapé sem nome16-jul 20-jul 91:00:00 Hoop trap 1 91:00:00 Módulo 1 Igarapé sem nome17-jul 20-jul 75:15:00 Hoop trap 1 75:15:00 Módulo 1 Igarapé sem nome17-jul 20-jul 74:48:00 Hoop trap 1 74:48:00 Módulo 1 Igarapé sem nome17-jul 20-jul 74:30:00 Hoop trap 1 74:30:00 Módulo 1 Igarapé sem nome17-jul 20-jul 74:04:00 Hoop trap 1 74:04:00 Módulo 1 Igarapé sem nome17-jul 20-jul 73:39:00 Hoop trap 1 73:39:00 Módulo 1 Igarapé sem nome17-jul 20-jul 73:23:00 Hoop trap 1 73:23:00 Módulo 1 Igarapé sem nome17-jul 20-jul 73:05:00 Hoop trap 1 73:05:00 Módulo 1 Igarapé sem nome17-jul 20-jul 73:05:00 Hoop trap 1 73:05:00 Módulo 1 Igarapé sem nome19-jul 20-jul 27:51:00 Hoop trap 1 27:51:00 Módulo 1 Igarapé Jacaré-Tinga19-jul 20-jul 27:36:00 Hoop trap 1 27:36:00 Módulo 1 Igarapé Jacaré-Tinga19-jul 20-jul 26:42:00 Hoop trap 1 26:42:00 Módulo 1 Igarapé Jacaré-Tinga24-jul 30-jul 143:30:00 Hoop trap 3 430:30:00 Módulo 2 Igarapé sem nome24-jul 30-jul 143:30:00 Hoop trap 5 717:30:00 Módulo 2 Igarapé sem nome18-jul 24-jan 147:00:00 Legler 1 147:00:00 Módulo 1 Caixa de empréstimo19-jul 20-jul 27:09:00 Trammel net 1 27:09:00 Módulo 1 Igarapé Jacaré-Tinga19-jul 20-jul 26:30:00 Trammel net 1 26:30:00 Módulo 1 Igarapé Jacaré-Tinga19-jul 20-jul 25:20:00 Trammel net 1 25:20:00 Módulo 1 Igarapé Jacaré-Tinga19-jul 20-jul 24:31:00 Trammel net 1 24:31:00 Módulo 1 Igarapé Jacaré-Tinga25-jul 26-jul 23:00:00 Trammel net 1 23:00:00 Módulo 2 Rio Novo25-jul 26-jul 23:00:00 Trammel net 1 23:00:00 Módulo 2 Rio Novo26-jul 27-jul 23:00:00 Trammel net 1 23:00:00 Módulo 2 Rio Novo26-jul 27-jul 23:00:00 Trammel net 1 23:00:00 Módulo 2 Rio Novo18-jul 18-jul Rede de arrasto 1 Módulo 1 Caixa de empréstimo18-jul 18-jul Rede de arrasto 1 Módulo 1 Caixa de empréstimo18-jul 18-jul Rede de arrasto 1 Módulo 1 Caixa de empréstimo26-jul 26-jul Rede de arrasto 1 Módulo 2 Caixa de empréstimoIdentificação e destinação do material biológicoPara a identificação e atualização taxonômica das espécies de anfíbios e répteisforam utilizadas as seguintes literaturas:Lagartos: as chaves de Peters e Donoso-Barros (1970), Ávila-Pires (1995), Uetz eEtzold (1996) e Vitt et al. (2008);Serpentes: utilizamos as chaves de Peters e Orejas-Miranda (1970), Cunha eNascimento (1978, 1993) e Martins e Oliveira (1998);Anfíbios anuros: as espécies foram checadas através dos guias Rodriguez eDuellman (1994), Lima et al. (2006) e dos trabalhos de Faivovich et al. (2005), Nascimentoet al. (2005), Caramaschi e Canedo (2006), Frost et al. (2006), Grant et al. (2006), Frost29


(2008) e também por meio de vocalizações e comparação de espécimes depositados nacoleção do (INPA);Quelônios: os quelônios foram identificados através das chaves de Rueda-Almonacidet al. (2007). A nomenclatura utilizada para os Chelidae foi a de Bour e Zaher (2005). Estesexemplares foram depositados na Coleção de Anfíbios e Répteis do Instituto Nacional dePesquisas da Amazônia - INPA.Durante as atividades de coleta e observações no campo nem todos os anfíbios,lagartos e serpentes avistados foram coletados, mas todos foram anotados e, quandopossível, identificados até o nível de espécie. Todos os animais foram medidos quanto aocomprimento rostro-cloacal, comprimento da cauda e peso. A eutanásia dos anfíbios,lagartos e serpentes foi realizada utilizando anestésico Xilestesin a base de Xilocaína.Posteriormente os animais foram fixados por injeção de solução de formol a 10% e após 24horas, colocados em álcool 70%. Para a fauna de quelônios todos os espécimes capturadosforam medidos e pesados, e a eutanásia foi realizada utilizando o anestésico (tiopental)segundo a recomendação da Sociedade Americana de Ictiólogos e Herpetólogos (AmericanSociety of Ichthyologists and Herpetologists - ASIH), Liga de Herpetólogos (TheHerpetologists' League - HL) e da pela Sociedade para o estudo de Anfíbios e Répteis(Society for the Study of Amphibians and Reptiles - SSAR) (ASIH et al., 1987).O material-testemunho foi coletado de acordo com a licença concedida pelo IBAMAN° 049-08/CGFAP, Processo IBAMA N° 02001.001718/200 8-02 e depositado na Coleção deAnfíbios e Répteis do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA.AvesA elaboração da lista de espécies se baseou em duas fontes principais deinformação: 1) dados publicados e não publicados disponíveis, 2) campanhas de campodirecionadas à apuração e aprimoramento da lista já desenvolvida anteriormente. Levandoem consideração as áreas de endemismo, preferências de hábitat, estimativas dasdistribuições reais para todas as espécies de possível ocorrência, e a validação em campo,foi gerada a lista final de ocorrência de espécies.Inventários de Campo: com o objetivo de amostrar a maior diversidade de espéciespossível, foram usados dois métodos para inventário de avifauna in situ: (1) levantamentoauditivo-visual e (2) captura com redes ornitológicas.1) Levantamento auditivo-visual envolveu a observação direta de aves livres nocampo e sua identificação visual ou através de suas vocalizações. Um observadorexperiente anda ou passa de carro por extensões de ambiente registrando todas asespécies de aves encontradas. Os levantamentos iniciaram-se sempre antes das 05:30 (no30


mínimo meia hora antes do nascer do sol) e continuaram entre 11:00 as 15:00 horas. Ocrepúsculo matinal é o horário mais importante para levantamentos ornitológicos, pois équando a maioria das espécies vocalizam - algumas somente neste horário. Assim, cerca de50% das espécies registradas num determinado dia são identificadas na primeira hora dodia. Saídas noturnas foram realizadas ocasionalmente para complementar as observaçõesmatinais, principalmente durante a fase da lua cheia, quando a maioria das espéciesnoturnas vocalizam. Quase todas as espécies de aves produzem vocalizações distintas,identificáveis por um observador experiente. As outras espécies sem vocalizaçõesespecíficas, como urubus, cegonhas, entre outras geralmente são conspícuas visualmente esão avistadas nos ambientes apropriados.As caminhadas foram realizadas nas trilhas de cada módulo de amostragem,cobrindo entre 1.000 – 4.000 metros num dia. O comprimento do transecto coberto e avelocidade não são padronizados, pois não é intenção calcular densidades nem compararresultados entre pontos, mas sim detectar o maior número possível das espécies presentes.Para isso, é importante usar a experiência do próprio observador para escolher lugares emicroambientes para maior investimento de tempo. Também, foi usada a técnica de“playback” (tocar gravações pré-gravadas) para atrair indivíduos de espécies de provávelocorrência que não estejam vocalizando no momento. Isto permite detecção de espéciesque passariam despercebidas se fôssemos esperar passivamente por um encontro auditivoou visual.Registros visuais raramente são documentados com evidências físicas (comofotografia); registros auditivos foram frequentemente documentados com gravação, amaioria das espécies presentes foram gravadas pelo menos uma vez ao longo daamostragem. Para as gravações foram utilizados gravadores profissionais Sony TCM 5000com microfone direcional Sennheiser ME-66 e fita cassete Maxell MS-60. Gravações e pelestaxidermizadas foram depositadas na Coleção de Aves do INPA.As vantagens de levantamentos auditivo-visuais incluem o grande número deespécies encontradas em pouco tempo. A cada dia foram registradas entre 80 a 140espécies (o uso de redes de captura obteve menos de 15 espécies em um dia). Tambémrequer pouco equipamento e pessoal, o que pode permtir uma eventual mudança de localde estudo. O método permite flexibilidade para ir atrás dos ambientes mais produtivos ou deespécies esperadas, mas ainda não encontradas. Uma desvantagem desse método é queexige profissionais com muita experiência. Na Amazônia brasileira existem poucosornitólogos capacitados a identificar visual e auditivamente a vasta diversidade de espéciesda área. Outra desvantagem é a falta de evidência física para indivíduos encontrados. Porisso, o método de gravação é empregado constantemente como fonte de material31


testemunho (voucher), permitindo que as identificações sejam avaliadas e comparadas emlaboratório.2) Captura com redes ornitológicas (“redes de neblina”): usamos de 5 a 15 redes de12 metros de comprimento cada e 2 metros de altura. Alinhadas em sequência ininterruptaao longo das picadas, as redes foram abertas antes do amanhecer e fechadas antes demeio dia, quando a atividade das aves diminui tanto que a taxa de captura se reduz a quasezero. A captura normalmente não machuca o indivíduo e permite que seja examinado eidentificado na mão. Coletamos e preparamos como pele taxidermizada alguns dosindivíduos capturados, fotografando os demais. Isto permite confirmação de todas asidentificações e a coleta de dados biológicos como conteúdo estomacal e amostras detecidos para futuras análises genéticas, que por sua vez permitirão a detecção dediversidade sutil previamente não reconhecida.Pontos de amostragem e esforço amostral: usando os métodos acima, foi feito olevantamento no campo em cada um dos dois módulos, durante sete dias em cada um.Foi realizado um sobrevôo de todo o trecho para identificar todas as feições efisionomias relevantes para aves. Isto foi importante pois detectamos ambientes diferentes erelevantes, não visíveis da beira da estrada e para mostrar as ligações entre a área deimpacto direto e a de impacto indireto ao seu redor.O percurso terrestre de todo o trecho de carro, com paradas periódicas paraidentificação de fisionomias vegetais e sua relação com a avifauna, permitiu a descoberta defenômenos locais como ninhais, cuja presença não pode ser prevista e nem verificada semcontato visual direto com toda a área de estudo.A comparação das observações das duas etapas acima com imagens de satélite,permitiu a caracterização da avifauna em toda a área de estudo sem realizar levantamentosprolongados em toda a área, que seria impraticável em menos que um ano completo.Mamíferos• Mamíferos de médio e grande porteA metodologia aprovada no Processo No. 02001.001718/2008-02, para osmamíferos de grande e médio porte prevê a amostragem através de metodologias semcaptura, de forma direta (transectos lineares) ou indiretas (contagem de pegadas, rastros,fezes ou tocas, estações atrativas e aplicação de questionários). Cada trilha, em cada pontode amostragem, teve, no mínimo, cinco dias de levantamento.32


Descrição geral da área de estudo:Área amostral: para o levantamento de mamíferos de grande e médio porte foramcoletadas informações nos pontos de amostragem (módulos) localizados nos quilômetros 1(km 300) , 2 (km 350), 3 (km 400), 4 (km 450), 5 (km 535) e 6 (km 615) da rodovia BR-319.Esses pontos foram pré-determinados pela coordenação e usados de comum acordo portodas as equipes, por serem locais que já possuíam um desenho amostral e uma série detrilhas de 11 km em forma de ¨U¨ utilizadas por equipes de pesquisa do INPA (vide Volume8, Mapas e Cartas imagem, Mapa 16 deste estudo). As trilhas previamente existentes foramamostradas como transectos com largura fixa de 20 m para cada lado. Assim, cadatransecto ou trilha, correspondeu a 44 hectares de área amostrada. Estes foram marcados acada 50m com fita plástica, permitindo ao observador a identificação imediata da posição aolongo da trilha (Figura 9). A cada 100 m foi montada uma estação atrativa para facilitar aidentificação e quantificação de pegadas. Em cada transecto e áreas adjacentes aosmesmos nos módulos descritos acima os animais e seus vestígios (rastros, tocas,arranhados em árvores) visualizados foram registrados.Metodologia de levantamento da fauna silvestre (grandes e médios mamíferosterrestres e arbóreos) – composição, distribuição, abundância e densidadedas espécies:A amostragem de grandes e médios mamíferos foi realizada mediante a utilização detécnicas diversas, visando a obtenção de dados qualitativos e quantitativos, com estimativasde abundância para as espécies de maior importância deste grupo de animais.O período da primeira campanha de levantamento foi de 13 dias de observação, de17 a 30 de julho de 2008. Este período coincidiu com o início da estação seca na região. Noperíodo das chuvas, foi realizada a segunda campanha de 13 de janeiro a 02 de fevereiro de2009. As equipes trabalharam simultaneamente os pontos de amostragem de 1 a 6, sendoque o período amostral por transecto variou de 5 a 8 dias.Para identificar-se a presença ou ausência de determinada espécie nas áreas deestudo, possibilitando o cálculo de índices de diversidade e de abundância relativa, bemcomo a comparação entre fragmentos, ecossistemas e épocas do ano, foram utilizados osseguintes métodos conforme Cullen Jr et al., 2003; IPÊ, 1996; Rau, 1993:Sem captura: observação direta dos animais em transectos lineares e, observaçãoindireta, através de rastros, sinais característicos (fezes, tocas, arranhados, etc.) – indexcounts; utilização de estações atrativas para contagem de pegadas; aplicação de33


questionários estruturados com moradores de áreas próximas ou caçadores; quantificação ebiometria de produtos de caça com os moradores de comunidades próximas.Transectos Lineares:O método de transectos lineares, da família DISTANCE de estimadores dedensidade está entre as metodologias mais utilizadas na estimativa da densidade depopulações (Cullen Jr. & Rudran, 2003). Nesta metodologia, realiza-se estimativas dedensidade de todas as espécies existentes na área, obtendo-se um largo espectro dosnichos ocupados (Thomas et al., 2002). Quando não se pode cumprir os pressupostos dosmétodos que requerem captura, a alternativa que oferece boas possibilidades de estimardensidades para populações de fauna silvestre são os transectos lineares, que são trilhasde 1000 a 4000 m de comprimento, com largura fixa ou variável, que permitem coletar umrápido volume de informações com um esforço realtivamente pequeno (IPÊ, 1996; Rau,1993; Krebs, 1989).Como apontado acima, o levantamento da mastofauna foi feito sistematicamente nosseis (6) sistemas de trilhas ou transectos. Estas trilhas foram contruídas de formaperpendicular a rodovia BR-319, sendo considerado como ponto inicial ou ponto zero adistância de 500m da margem da rodovia. A distância entre cada transecto em cada pontode amostragem foi de 50km, utilizando-se, quando possível, margens diferentes de ummesmo curso d’água entre cada qual.Os dados amostrados foram registrados todos os dias, no período da manhã, logo nasprimeiras horas do dia, entre 5:30 h e 10:00 h, durante 13 dias na primeira campanha (Ponto1: 6 dias; Ponto 2: 7 dias) e durante 18 dias na segunda campanha com diferentes equipestrabalhando simultaneamente em diferentes pontos (Ponto 1: 5 dias; Ponto 2: 6 dias; Ponto3: 6 dias; Ponto 4: 7 dias: Ponto 5: 8 dias; Ponto 6: 8 dias). Também foram realizadasamostragens aleatórias nos horários da tarde e da noite, tanto nas trilhas quanto ao longoda estrada, verificando-se ainda os cursos d’água próximos aos acampamentos.Nas amostragens por avistamento foram anotados dados sobre o número total deindivíduos, o número de machos, fêmeas, adultos, sub-adultos, juvenis e filhotes. Foramainda descritos os estratos de vegetação ocupados, a intensidade luminosa, a distânciaperpendicular à trilha, a direção tomada, o consumo de alimento, além de outrasinformações consideradas de importância para a caracterização do habitat e do hábito dosanimais amostrados.Durante as caminhadas diárias nos transectos foram anotados e quantificados ossinais da presença dos animais nas áreas amostradas, sendo registrados o número etamanho das pegadas por espécie, número de tocas, locais de banho, barreiros ou34


“chupadores” (local onde os animais costumam lamber a terra para suplementação de saisminerais à sua dieta), fezes e arranhados em árvores. Posteriormente, as pegadas foramdesenhadas em folhas de plástico de 100cm X 80cm, sendo devidamente identificadas(data, espécie, transecto, ponto de amostragem). Os desenhos das pegadas foramnovamente analisados após os avistamentos, confirmando-se a identificação das espéciescom a utilização de manuais de pegadas (Becker & Dalponte, 1999; Murie, 1987), que sebaseiam na aferição das seguintes medidas: comprimento e largura da pegada, distânciaentre patas e comprimento do passo (Figura 10).Figura 9 - Abertura e demarcação da trilha ou transecto P1T2, durante o período de seca, no ponto deamostragem no km 250 da rodovia BR-319. Julho de 2008. Fotos: Wander Rodrigues.Figura 10 - Registro de pegadas de mamíferos na trilha P1T2 durante o período de seca, no ponto deamostragem no km 250 da rodovia BR-319. Julho de 2008. Fotos: Wander Rodrigues.Para a realização de comparações qualitativas da fauna entre as áreas, foramutilizados os registros de pegadas e de sinais dos animais, sendo elaboradas listas de35


espécies e estimados índices relativos adimensionais e dimensionais. Assim, foramcalculados os índices de Linsdale, de frequência de ocorrência modificada de Linsdale, deporcentagem de ocorrência, de abundância de Kendeigh, index count (IPÊ, 1996; Almeida,1995), sendo os mesmos descritos abaixo:Índice de Linsdale = IL = Número de dias em que observou a espécie ou sinais X 100Número total de dias de observaçãoFrequência de Ocorrência Modificada de Linsdale= FOM= Média de Graus Obs.X IL- Graus de Observação: 1-2 animais=13-9 animais=2Mais de 9 animais=3Ìndice de Abundância Relativa de Kendeigh =IK= √ (IL X Média de registros da sp.obs)Porcentagem de Ocorrência=PO%= 100 X (Número de registros da sp.)Número Total de reg./TransectoIndex Count = Icount= (Número de registros/hectare)A medida em que os animais foram visualizados, o angulo de observação e a distânciaperpendicular para a trilha foi anotado, possibilitando estimar a densidade da espécies emcada área. A estimativa de densidade foi calculada, para transectos de largura variável,através do Método de King e Hayne (Cullen Jr et al. , 2003; Rau, J., 1993;Krebs, 1989),cujas as fórmulas são apresentadas a seguir:Método de King: D= 10 4 X n 2 Método de Hayne: D=10 4 X n X (Σ 1/df)2 X L XΣdp 2 X LOnde:D = densidade da população em número de indivíduos por hectaren = número de animais avistados por espécieL = comprimento total do TransectoDp = distância perpendicular a trilhaDf = distância de visada ou de fuga = (dp/ sen do ângulo de observação)10 4 = fator de conversão de m 2 para hectare ; 100 hectares = 1 km 2A replicação de transectos por diferentes pontos de amostragem permitiu aindaestimar a precisão do método empregado, através da fórmula proposta por Burnham apudRau (1993) para calcular a densidade populacional e o desvio padrão, aplicados aos valoresdo estimador de Hayne. Este estimador para transectos replicados é a Serie de Fourier,36


ecomendado por Burnham apud Krebs (1989) como o melhor modelo disponível, onde adensidade é estimada da seguinte forma:D = Σ Li X DiΣliOnde : D = Densidade estimadaLi = Comprimento do i-ésimo transectoDi= densidade de Hayne estimada para o i-ésimo transectoNo caso dos primatas cujas distribuições em suas trilhas naturais não correspondiamaos transectos amostrais, foram feitas amostragens utilizando o conhecimento dosfrequentadores das áreas para a definição das trilhas e dos horários de alimentação dessesanimais que, geralmente, mantém uma rotina que permitiu a visualização em pontosespecíficos.Pegadas e Estações atrativasA contabilização de pegadas (track counts) exige que alguns pressupostos sejamconsiderados, tais como: (1) a trilha não pode afetar o comportamento do animal; (2) osubstrato tem que ser adequado para impressão da pegada; (3) os transectos devem serlimpos entre uma vistoria e outra. Este método estabelece índices baseados numaconstante proporção espaço-temporal, sendo utilizado usualmente para determinação detendências no crescimento populacional, de relações predador-presa e de uso de habitat(Rau, 1993).Como o substrato das áreas de floresta encontrados nos módulos não são, em geral,adequados para o registro de pegadas, os track counts foram feitos apenas ao longo dostransectos (observação nas faixas laterais de 20m cada). A cada 100 metros foramcolocadas estações atrativas ou caixas de areia. Cada estação atrativa ficou distante 20 mde uma das margens laterais do transecto. Margeando cada transecto, foram construídasestações atrativas.As estações atrativas constituem caixas escavadas no terreno da área amostrada,sendo que cada qual apresentou 50cm de comprimento x 50cm de largura x 5cm deprofundidade. As caixas foram preenchidas com areia (fina e branca), sendo posteriormentecarregadas em sacos de polietileno através das trilhas. Para preencher cada estaçãoatrativa foram usados 5 a 8kg de areia (Figura 11). Paralelo a cada transecto foraminstaladas 20 estações olfativas, distantes entre si cerca de 50m. As iscas foram inseridasem copos plásticos para café, presos com fita adesiva em palitos e trocadas diariamente37


pela manhã. Foram utilizados como iscas, ou atrativos olfativos, ração úmida para gatodoméstico e amendoim torrado e moído com essência de baunilha.As vistorias das estações atrativas foram feitas diariamente, sendo as pegadasregistradas no momento do retorno dos observadores dos transectos. A cada vistoria foramregistradas o tipo e a quantidade de pegadas, bem como as iscas eram trocadas e osrastros apagados. As pegadas foram desenhadas em faixas plásticas de 100cm X 80cmpara posterior medição e identificação.Os índice de visita às estações olfativas e de densidade relativa, utilizados somentedurante a primeira campanha diante da impossibilidade de medição no período chuvoso,foram calculados pelas fórmulas previstas por Jau (1993), Martinez et al (1993) e Béltran etal. (1991):I = 100 X Número de visitasNúmero de estações operáveisD = 100 X [ - ln (1 – f )]eOnde : I = índice de visitas às estaçõesD= densidade relativa, f = frequência de visitasFigura 11 - Preparo das estações atrativas pela equipe de fauna em transectos no Ponto de amostragem dois,km 350, rodovia BR-319 – Julho de 2008. Fonte:Wander Rodrigues.Aplicação de questionários estruturados:Projetos de levantamento de fauna frequentemente demandam a aplicação detécnicas para elaboração de questionários, condução de entrevistas, análise e interpretaçãodos dados coletados a partir de relações interpessoais (Cullen Jr et al., 2003). Estimativasdo consumo de caça através de entrevistas e questionários têm sido realizadas por diversospesquisadores na Amazônia (De Deus et al., 2003; FVA, 1998; Valladares-Padua e Bodmer,1997; Simões dos Santos, 1996).Em função da presença de poucas famílias próximas aos pontos de amostragem,foram realizados apenas 15 questionários, acompanhados de cópias coloridas de pranchas38


de identificação de mamíferos amazônicos, sendo o questionário estruturado elaboradopreviamente e apresentado no Anexo II.Índices de DiversidadeA escolha dos índices de diversidade aqui utilizados considerou a eficácia em outroslevantamentos rápidos de fauna e em ações de monitoramento, sendo consideradosmétodos adimensionais e relativos. Permitem assim comparações entre diferentes áreas ouperíodos (Rodrigues,2002; Mostacedo & Fredericksen, 2001; Almeida,1995; Magurran,1988; Krebs, 1989). Neste trabalho foram estimados os seguintes índices:a) Índice de Linsdale (frequência de ocorrência);b) Índice de abundância de Kendeigh;c) Índice count (rastros/hectare);d) Índice de Diversidade de Simpson e Shannon-Wiener;Simpson : D = N(N-1)Σ (n – 1)- Shannon-Wiener:H' = −∑ pi x ln piOnde:H’= índice de Shannon-Wiener;onde N = N o total de indivíduosn = N o indivíduos de uma espéciesp i = (ni / N) é a probabilidade de que um indivíduo amostrado pertença a espécie i;n i = número total de indivíduos da espécie i;N = número total de indivíduos amostrados na área;Ln = logaritmo natural.e) Índices de Similaridade de Jacard e de Sorensen- Índice de Jacard:IJ = [C/(A+B+C)] X 100- Índice de Sorensen:IS = [2C/(A+B)] X 100Onde, A= N o total de espécies no local 1B= N o total de espécies no local 2C= N o de espécies comuns a 1 e 239


Categorias : 0 a 20 %= ambientes diferentes21 a 40%= ambientes pouco semelhantes41 à 60%= ambientes medianamente semelhantes60 à 80 %=ambientes muito semelhantes80 à 100% = ambientes muito semelhantes• Mamíferos de pequeno porte “não-voadores”Para a amostragem dos mamíferos de pequeno porte não-vodores (roedores emarsupiais) foram utilizadas armadilhas “live trap” do tipo Sherman e Tomahawk, armadilhasde queda (pitfall) e ainda procura ativa diurna e noturna.A amostragem de pequenos mamíferos não-voadores no período de seca teveduração de 7 noites, entre os dias de 16 a 23 de agosto de 2008 no Ponto 1, e 24 a 31 deagosto de 2008 no Ponto 2. O módulo utilizado no Ponto 1 no período de seca (Km 300) foi15 quilômetros distante do utilizado na coleta no período de cheia (Km 285) neste mesmoponto, pelo fato do Km 300 estar alagado no período de chuva, sendo necessário abrir novomodulo para amostragem no período de cheia no Km 285. Em cada um dos dois módulos(Ponto 1 e 2) foram utilizadas 8 parcelas, cada uma com 12 armadilhas (seis shermans eseis tomahawks), totalizando 96 armadilhas por ponto de amostragem (Figuras 5 e 6). Adisposição das armadilhas foi semelhante à feita no período de cheia, conforme detalhadoadiante.No período de cheia, a amostragem de pequenos mamíferos teve duração de 5noites em cada um dos seis pontos (módulos amostrados entre os dias 13 de janeiro de2009 e 03 de fevereiro de 2009), e foram utilizadas as 12 parcelas por módulo, conformeapresentado no delineamento amostral (Figura 4). Em cada ponto de amostragem foramdistribuídas 96 armadilhas Sherman e 96 armadilhas Tomahawk, divididas igualmente entreseis parcelas de cada uma das duas trilhas do ponto de coleta (Figura 6) (oito armadilhas decada tipo em cada parcela), totalizando 192 armadilhas live trap usadas em cada ponto deamostragem. Em cada parcela foram estabelecidas oito estações de coleta, sendo cadauma delas composta por uma armadilha Sherman e uma Tomahawk. A primeira estação foiinstalada na posição de 10m da parcela, sendo as demais estações instaladas a cada 20mao longo da mesma. A disposição das armadilhas, em cada estação, foi feita obedecendo aoseguinte critério: em estações ímpares as armadilhas do tipo “sherman” foram instaladas nosub-bosque, em árvores ou cipós que faziam alguma ligação com o dossel, enquanto as“tomahawks” foram instaladas no chão em frente a tocas ou troncos caídos. Em estaçõespares foi feita a disposição inversa (Figuras 12 e 13).40


Figura 12 - Esquema da distribuição alternada das armadilhas Sherman e Tomahawk.Figura 13 - Tomahawk disposta no chão (A), Tomahawk disposta no sub-bosque (cipó) (B), Sherman dispostano chão, próximo a um tronco (C), Sherman disposta no sub-bosque (cipó) (D).Todos os dias pela manhã as parcelas foram percorridas e as armadilhas checadas ere-iscadas com isca olfativa, composta por pedaços de banana madura e pasta deamendoim.A metodologia de Pitfall está descrita detalhadamente pela equipe de Répteis eAnfíbios. Essa metodologia também foi utilizada por 7 noites no período de seca e 5 noitesno período de cheia, em cada ponto. Adicionalmente foram feitas procuras diurnas enoturnas. Em cada ponto foi realizada a procura ativa em 5 noites, com duração média de 3horas por noite, por dois observadores.41


Os indivíduos capturados foram pré-identificados em campo, colocados em sacos depano e levados ao acampamento. Cada espécime teve dados de idade, medidas, sexo,condições reprodutivas, ambiente, estação de coleta e condições climáticas anotados emum caderno de campo padronizado pela curadoria da coleção de mamíferos do INPA.Os espécimes foram sacrificados, através de inalação de éter etílico P.A. Foi retiradauma amostra de tecido do fígado ou do músculo femural, as quais foram armazenadas emtubos criogênicos com álcool absoluto. Essas amostras auxiliarão para identificaçãotaxonômica mais precisa dos espécimes e pesquisas sistemáticas futuras.Para fixação e tombamento na coleção de Mamíferos do INPA, estão sendo feitaspreparações de crânio e carcaça em meio líquido (crânio fixado e preservado em álcool70%; carcaça fixada em formol 10% e preservada em álcool 70%). As identificaçõesrealizadas em campo estão sendo confirmadas com espécimes já depositados em coleçõeszoológicas e com o auxílio de especialistas. A coleta de roedores e marsupiais foi autorizadapelo IBAMA, mediante o processo 02001.001718./2008-02 (autorização 049-08/CGFAP).Para a comparação da diversidade, entre os seis pontos de amostragem na cheia, foicalculado o índice de Shannon (H’), dado pela seguinte fórmula:H’= - ∑pi ln pi, ondepi= ni/N (ni= abundância da espécie/ abundância total)• Mamíferos de pequeno porte “voadores” (Ordem Chiroptera)As atividades de levantamento da fauna de Chirópteros foram realizadas entre osdias 25 e 30 de janeiro de 2009, ao longo das áreas de influência do empreendimento.Ao longo da área de influência da rodovia BR-319 seis módulos foram previamenteselecionados: Módulo 1 encontra-se no KM 270 (20M 0673169/UTM 9459967); Módulo 2,KM 350 (20M 0619334/UTM 9416710); Módulo 3, KM 400 (20M 05885887/UTM 9379408);Módulo 4, KM 450 (20M 0557250/UTM 9304722); Módulo 5, KM 535 (20M 0505861/UTM9273932) e Módulo 6, KM 615 (20M 0485048/UTM 9203680).Em cada módulo foram amostradas duas áreas, uma área mais próximo a estrada(até 500 metros do início das trilhas - área degradada) onde foram montadas duas redes deneblina de 7 metros de comprimento por 2,25 metros de altura, e duas redes de 12 metrosde comprimento por 2,25 metros de altura. Seguindo a trilha, entre 600 metros a 2 KM (Matade terra firme) foram montadas mais 3 redes de 7x2,25, e 3 redes de 12x2,25, totalizando 5redes de 7x2,25 e 5 redes de 12x2,25 por modulo amostrado. As redes permaneciamabertas do ocaso (18:00 horas) ate as 00:00 horas, totalizando 6 horas de amostragem pormodulo. As redes eram vistoriadas de hora em hora.42


Para obtenção dos dados de pesagem foi utilizada uma pesola com precisão de 0,5ge para a medição dos antebraços foi utilizado um paquímetro com precisão de 0,5mm.Para cada morcego capturado foram anotados os dados de local, data, hora, família,gênero e espécie, sexo, idade (jovem ou adulto), estado reprodutivo, peso e comprimento doantebraço. Os indivíduos que apresentavam dificuldades taxonômicas de identificação foramretirados da rede, com auxilio do anestésico T60 eram eutanasiados e em seguida fixadoem formalina a 10%. Os indivíduos capturados foram trazidos para a Coleção de Morcegosda Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ onde as identificações foramrevisadas por dois especialistas da coleção, e posteriormente tombados.Os espécimes foram coletados sob Autorização Para Captura/Coleta/Transporte/Exposição emitida pelo IBAMA (Numero da Autorização: 049-08/CGFAP; Processo02001.001718/2008-02).Uso da faunaFoi realizado extenso levantamento bibliográfico sobre caça, caça na Amazônia eseus impactos. O estudo de campo foi realizado entre os dias 4 e 9 de agosto de 2007, naárea rural e urbana do Município de Humaitá (8º10’21" S 71º30’30" W). O município estálocalizado ao sul do Estado do Amazonas, à margem esquerda do Rio Madeira, noentroncamento das rodovias Transamazônica (BR-230) e rodovia BR-319.Por meio de diálogos com membros da comunidade foram identificados osmoradores que, voluntariamente, declararam se dedicarem a realização de caça, consumoou comércio de fauna silvestre. Foram realizadas entrevistas individuais com 10 caçadores e15 comerciantes de peixes e produtos agropecuários, residentes na cidade de Humaitá e nacomunidade Realidade (Localizada entre o km 50 e 100 da rodovia BR-319),respectivamente.Foram realizados questionários estruturados (Anexo II), adaptados de Margoluis eSalafsky (1998). Os dados obtidos foram organizados e caracterizados sistematicamente,utilizando-se a estatística descritiva. A análise de dados quantitativos dos questionários eregistros de uso de recursos foi feito mediante a elaboração de tabelas.Para identificação das espécies de fauna silvestre foram utilizados guias de campo.Para mamíferos, utilizou-se Emmons e Feer (1997) e Eisenberg (1989). Para identificaçãode aves usou-se Hilty e Brown (1986). Para répteis se empregou a chave de Duellman(1978) e para os quelônios especificamente Rueda-Almonacid et al. (2007), além de recorrera fotografias e material de referência depositado nas Coleções do INPA, Manaus, Brasil.43


Curva do coletor estabilizadaUma das maneiras de investigar se o esforço de coleta amostrou de forma razoável ariqueza de uma comunidade é construir a curva do coletor, também conhecida como curvade acumulação de espécies (Colwell e Coddington 1994). A curva do coletor mede o grau deincremento de novas espécies a cada novo indivíduo (ou amostra) que é coletado. A curvado coletor normalmente não é apresentada de forma bruta. Geralmente é aplicado o métodode “rarefação” das espécies (sorteios sem reposição do seu universo coletado) paraconstruir uma curva arredondada. Essa curva reflete a média dos sorteios feitos nararefação e estatisticamente representa a taxa de acumulação das espécies (Gotelli eColwell, 2001).Teoricamente qualquer amostragem de campo pode atingir a assíntota da curva docoletor, demonstrando que todas as espécies foram amostradas. A assíntota, ouestabilização da curva normalmente é atingida em táxons com número reduzido de espéciesfacilmente detectáveis e com boa resolução taxonômica como, por exemplo, jacarés etartarugas (Rueda-Almonacid et al., 2007). Porém, em táxons mega-diversos (ex. insetos)conforme mais indivíduos são amostrados mais espécies são registradas (Bunge eFitzpatrick 1993). Isso acontece porque nesses grupos existem muitas espécies raras. Omesmo, evidentemente, é verdade para levantamentos utilizando níveis taxonômicos maiselevados, como gêneros ou famílias (Gotelli e Colwell, 2001). Neste caso, as curvas deacumulação sobem relativamente rápido inicialmente, porém com o acréscimo de amostrasmais táxons raros vão sendo acrescentados e a curva continua a subir lentamente, nãoatingindo uma assíntota (Gotelli e Colwell, 2001). A curva do coletor funciona bem em áreashomogêneas, tanto espacialmente quanto temporalmente (Ugland et al., 2003) e quando aamostragem cobre todo o universo de interesse (Magurran, 1988).Apesar da maioria dos pesquisadores “perseguirem” a assíntota da curva do coletor,ela não é essencial para produzir conclusões relevantes sobre uma comunidade. Aextrapolação da curva do coletor para estimativas de riqueza de espécies é sempre umprocedimento perigoso (Ugland et al., 2003), principalmente para grupos mega-diversos,como os insetos terrestres, onde dificilmente ocorre a estabilização da curva. Nesse sentido,no Estudo de Impacto Ambiental da rodovia BR 319, as curvas do coletor para cada grupode fauna serão apresentadas, mas não podemos garantir que estas estejam estabilizadas.SazonalidadeO termo sazonalidade é amplamente utilizado em trabalhos científicos (Brown et al.,2002; Brito, 2003; Plummer, 2004) e em livros de ecologia (Begon et al., 2006) como sendo44


o padrão de variação em aspectos biológicos e ecológicos das espécies ao longo dasvariações ambientais anuais. No entanto, existe atualmente um consenso entre ospesquisadores de que existe uma grande variação anual no clima entre anos distintos. Estasvariações anuais do clima podem afetar diretamente no comportamento e fisiologia dasespécies estudadas. No caso específico de levantamentos de biodiversidade, a abundânciae distribuição das espécies também podem ser afetadas, tornando a coleta de um ano umpobre indicador do padrão de ocorrência destas espécies. Padrões sazonais somentepodem ser obtidos depois de dezenas de anos de estudo para que as variações anuaissejam minimizadas. Portanto é impossível abordar aspectos de sazonalidade de formasegura num estudo de impacto ambiental. Cada grupo taxonômico possui peculiaridadesquanto à amostragem e a estação do ano adequada para as coletas, logo abaixo sãoapresentadas as respectivas justificativas.Coleta de ArtrópodesPara a coleta de artrópodes foram utilizados três tipos de armadilhas, extrator deWinkler para a coleta de formigas, armadilhas com iscas fermentadas para coleta delepidópteros e armadilhas de interceptação e queda (pitfall traps) para escorpiões. Aamostragem deve ser realizada, preferencialmente, na estação seca, pois na estaçãochuvosa esses invertebrados reduzem suas atividades ocasionando uma subamostragemda fauna. A coleta de escorpiões utiliza uma armadilha passiva, ou seja, a eficiência decoleta depende diretamente da atividade dos animais. Além disso, o extrator de Winkler e asarmadilhas de iscas perdem sua eficiência quando são molhadas. No caso do extrator, aserrapilheira adere ao tecido da armadilha não ocorrendo a extração dos organismoscoletados. E no caso das iscas, as chuvas diminuem a atividade de forrageio da maioria dasborboletas, além de diluir a isca, reduzindo a sua eficiência de atração.Coleta de HerpetofaunaFatores climáticos influenciam significativamente na amostragem de anfíbios erépteis. Períodos chuvosos são melhores para levantamentos de anfíbios, pois estes seencontram no pico do período reprodutivo.Coleta de QuelôniosNa Amazônia Brasileira existem pelo menos 15 espécies de quelônios (Rueda-Almonacid et al., 2007). Duas são terrestres (jabutis), seis são riverinas, ocorrendo em rios elagos, e o restante habita pequenos igarapés, pequenos lagos, áreas alagadas e poçasd’água dentro da floresta de terra-firme. Estudos realizados com as espécies riverinas45


demonstraram que o sucesso de captura varia durante o ano devido à variação do nível daágua do rio (Fachín-Terán et al., 2003; Fachín-Terán e Vogt, 2004; Portelinha et al., 2006).As quatro espécies do gênero Podocnemis migram para dentro dos igapós durante a épocada cheia para se alimentar. O método mais eficiente para a sua captura (malhadeira do tipotrammel net) pode ser utilizado apenas em locais com pouco ou nenhuma correnteza(ressacas e remansos de rios e em lagos), o que não costuma ocorrer dentro da florestainundada. Em um levantamento rápido de quelônios realizado em um igarapé de água pretae em um rio de água branca no Parque Nacional do Viruá (em Roraima) a nossa equiperegistrou a presença de apenas duas espécies riverinas durante a enchente de 2007.Quando retornamos a estes rios na seca de 2008 mais três espécies riverinas foramacrescentadas à lista de espécies de quelônios do parque. Portanto, para realizar um bomlevantamento de quelônios aquáticos presentes na área de influência da BR 319 propomosque as coletas sejam realizadas no período de seca (agosto-novembro).Coleta de MamíferosOs fatores ecológicos responsáveis pela imensa riqueza de espécies de mamíferosna Amazônia são a estabilidade climática ao longo do tempo geológico, a fertilidade do soloe a densidade do sub-bosque, sendo a quantidade e o padrão de chuvas menos importantes(Emmons, 1984). Essa afirmação foi corroborada posteriormente pelo trabalho de Wiens eDonoghue (2004). Para que seja feito um estudo de sazonalidade de mamíferos énecessário amostragens no com repetições durante vários anos. Na Amazônia o ciclohidrológico não segue um calendário anual. Um ciclo pode durar até 20 anos, e esse tempopode ser aumentado quando outros fenômenos climáticos interferem no regime de chuvas esecas, tais como El Niño e La Niña. Portanto, não é possível abordar o efeito dasazonalidade em um estudo rápido de impacto ambiental sobre a fauna de mamíferos.Dessa forma, a amostragem de mamíferos pode ser feita tanto na cheia quanto na seca.Metodologia de Unidades de ConservaçãoPara identificação das Unidades de Conservação foram realizados levantamentosbibliográficos, visitas in loco e consultas aos sites dos órgãos Municipais, Estaduais eFederais como: Secretaria de Estado do <strong>Meio</strong> Ambiente e Desenvolvimento Sustentável(SDS), Centro Estadual de Unidades de Conservação (CEUC), Instituto Chico Mendes(ICMBIO), Ministério do <strong>Meio</strong> Ambiente (MMA), Instituto de Proteção do Ambiental), eMunicipais (Secretaria Municipal de <strong>Meio</strong> Ambiente – SEMMA).Foi consultada a legislação relacionada com UCs: o SNUC (Sistema Nacional deUnidades de Conservação) e no SEUC (Sistema Estadual de Unidades de Conservação) e46


os relatórios de estudos técnicos, realizados nas UC’s existentes nas áreas sob influênciada rodovia BR-319, pelas equipes da SDS e do IBAMA. Os dados foram analisados paraavaliação das possíveis interações, modificações e interferências decorrentes das diferentesfases de implantação do empreendimento: Fase 1 - Aterro, Fase 2 –Compactação/Pavimentação, Fase 3 - Operação Normal/funcionamento da rodovia.Foram realizadas reuniões junto às equipes responsáveis pelo diagnóstico de Fauna,Flora, Socioeconômico e de Comunidades Tradicionais, Quilombolas e Indígenas dopresente estudo, para integração de dados, levantamento das possíveis interações eimpactos, com o intuito de gerar propostas de ações compensatórias ou mitigadoras,quando cabíveis.Para caracterizar as possíveis interações da instalação e operação doempreendimento em relação às Unidades de Conservação e identificar possíveis impactoscausados pela implantação da rodovia BR-319, também foi realizada análise e integração dedados socioeconômicos obtidos das informações levantadas pela equipe da SDS e IBAMA.Foram considerados estudos científicos sobre impactos socioambientais no ciclo dodesmatamento para demonstrar possíveis cenários mediante influência da pavimentação daestrada sem a implantação de áreas protegidas.A reconstituição dos limites das UC’s propostas e existentes na área sob influênciada BR-319 foi realizada a partir dos memoriais descritivos e shapes das UCs Estaduais eFederais com o auxilio de programa de SIG (ArcGis) no sistema de Coordenadasgeográficas (lat/long) e Datum WGS 84 para posteriores análises quanto à: localização edistância entre as UC's e em relação a rodovia BR-319 na área de influência direta (5km) eindireta.A sistematização dessas informações foram feitas a partir da plotagem em formatoA0 (118,88-84,1 cm) de shapefiles das Unidades de Conservação criadas e propostas, nabase cartográfica do IBGE na escala de 1:250.000 constando, hidrografia, rodovia,comunidades, área de influência direta e indireta (ALAP), área de amortecimento das UC’s(Buffer’s de 10km quando necessário) e a cotagem da distância de cada UC em relação àestrada, usando para este ultimo a menor distância como referencial .A nomenclatura utilizada nos mapas para indicar as Unidades de ConservaçãoEstaduais, foi baseada na Lei Complementar 53 de 5 de junho de 2007, que instituiu oSistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC) Amazonas.47


5.2.2 – Flora- Caracterização da flora da área de influência indireta a partir de dados secundáriosA Amazônia ContinentalA área de domínio ecológico Amazônico, a chamada Amazônia Continental ou GrandeAmazônia, representa cerca de 5% da superfície de terra firme do planeta; ocupa 2/5 daAmérica do Sul, distribuída em nove países. É formada, além do Brasil, por: Colômbia,Venezuela, República da Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Equador, Peru e Bolívia. Comexceção dos dois últimos, os demais países amazônicos fazem fronteira com a Amazôniabrasileira em 11.248 km (Cáuper, 2006; Ayres et al., 1997, 2005). Aragon (1993) descreveque a Amazônia Continental possui uma superfície de mais de sete milhões de km², e a áreade cada país varia de 19,7% na Venezuela, 67,2% no Equador, chegando a 100% nasGuianas.Segundo Meirelles Filho (2004), a Amazônia Continental é a região de maiordiversidade do planeta. Estima-se que em apenas 5% da superfície terrestre esteja mais de1/4 de todas as espécies vivas. A diversidade de árvores varia em torno de 40 a 300 espéciesdiferentes por hectare, enquanto que na América do Norte está em torno de quatro a 25espécies por hectare.A alta diversidade, numa mesma área e a grande diferenciação em distintos lugaressão os dois fatores mais preponderantes para o futuro da Amazônia e para o seudesenvolvimento sustentável. A diversidade de árvores, por área, é maior em regiões semvariações de estações climáticas e com abundante precipitação pluviométrica, como é o casode Iquitos (Peru) e Letícia (Colômbia). O maior número de espécies de árvores registradasestá em Yanamono, nas proximidades de Iquitos, com mais 300 espécies de mais de 10cmde diâmetro à altura do peito (DAP), por hectare (Gentry apud OTCA, 2004; Ayres et al.,1993, 1995, 2005).A biodiversidade da Amazônia não representa unicamente alguns extremos dediversidade evolutiva. Essa alta biodiversidade está correlacionada com uma variedadeexcepcional de espécies úteis. Mais de 2.000 espécies de plantas foram identificadas comoúteis. O patrimônio genético contido no ecossistema amazônico é o maior exemplo de umbem público produzido pelas florestas tropicais, cujo valor é, provavelmente, incalculável.Contudo, com a falta de conhecimento científico, estima-se que a biota da floresta tropicalamazônica possua entre 800.000 a 5 milhões de espécies, representando de 15 a 30% dototal das espécies encontradas na biosfera (Schubart, 1983; Ayres et al., 1979, 2005). Das250.000 espécies vegetais de grande porte catalogadas, em torno de 90.000 encontram-se48


nas áreas tropicais da América Latina e do Caribe, cifra superior aos 30.000 da África e35.000 da Ásia (OTCA, 2004).Sua geomorfologia é bastante variada, com a presença de planaltos, planícies edepressões. Ela possui um imensurável patrimônio mineral e a maior rede hidrográfica doplaneta. Nas águas claras, pretas ou brancas, dos rios que drenam a Bacia Amazônica,correm 1/5 de toda a água doce do Planeta. Seus caudalosos rios são condicionados peloregime das chuvas que caem na região, que por sua vez dependem da circulação atmosféricadentro da zona intertropical sul-americana e dos deslocamentos das massas de ar (Junk,1983, 1979). Seu clima predominante é quente e úmido, com temperatura média anual emtorno de 25° C, com chuvas torrenciais bem distribu ídas o ano todo (IBGE, 2004).As precipitações geralmente ultrapassam a 2.000 mm/ano. Ventos oriundos do lestetrazem consigo aproximadamente 50% do vapor d’água que dá origem às chuvas torrenciaiscomuns na região. O maior de seus rios, o Amazonas, para onde converge toda a águacirculante na bacia, despeja no oceano um volume de 175.000.000 l/s. Volume superior aqualquer outro rio existente no planeta (EMBRAPA, 1996).Em relação à biodiversidade Perez & Leite (s.d.) demonstram dados existentes sobrea diversidade biológica do mundo, do Brasil e da Amazônia brasileira, mostrando que jáexistem informações mais precisas para muitos grupos. A Amazônia tem proporçõesmegadiversas, devido à diversidade biológica excepcionalmente rica. E, apesar de suaaparente uniformidade, esse imenso tapete verde, de diferentes tonalidades, possui diversose distintos ecossistemas, decorrentes dessas peculiaridades geográficas, geológicas,hidrográficas e climáticas (Cáuper, 2006).A floresta amazônica cobre cerca de 80% da região. A área de captação hidrográficada bacia se estende desde 79ºW (rio Chamaya, Peru) a 46ºW (rio Palma, Brasil), de 5ºN (rioCotingo, Brasil) a 17ºS (alto Araguaia, Brasil). Isto faz da Amazônia o maior e mais tropicaldos ecossistemas, comparável em tamanho apenas aos ecossistemas tropicais africanos(Cáuper, 2006).A floresta amazônica se distribui por sete províncias fitogeográficas como se segue(Figura 14): (I) Costa Atlântica - começa no oeste, no delta do rio Orenoco, estendendo-se,através da parte norte das Guianas, até os limites orientais da Amazônia e do Maranhão e ooeste do rio Xingu; (II) Jarí/Trombetas - demarcada pelo rio Jarí a leste, pelos limites dosEstados do Amazonas e Pará a oeste e pelo rio Amazonas ao sul; (III) Xingu/Madeira -delimitada ao norte pelo rio Solimões, ao sul pelo Planalto Central, a leste pelo rio Xingu e aoeste pela base do rio Purus; (IV) Roraima/Manaus - é subdividida em duas, para distinguir agrande Savana de Roraima. que se estende na Guiana: (a) Roraima - delimitada ao norte e aleste pela Guiana Inglesa, ao sul pela fronteira norte do Estado do Amazonas; a oeste,49


estende-se até as proximidades da fronteira da Venezuela; (b) Manaus - delimitada ao nortepor uma linha transversal que passa na desembocadura do rio Branco, ao sul pelo rioSolimões, a leste pela divisa entre os Estados do Amazonas e Pará; a oeste, estende-se atéas proximidades de Barcelos; (V) Noroeste/Alto Rio Negro - formada pelo baixo rio Negro, aoeste de Barcelos; penetra nos limites do Brasil com a Colômbia e a Venezuela; (VI)Solimões/Amazônia Ocidental - base dos rios Solimões, Japurá e Putumayo; (VII) Sudeste -inclui o rio Amazonas no Peru, a leste dos Andes, o limite superior da base dos rios Juruá ePurus no Estado do Acre, e o Estado de Rondônia, a oeste do rio Roosevelt (Pires, 1974;Prance1973, 1977a, 1977b, 1978, 1987; Pires & Prance, 1985; Braga, 1979, 1987).Figura 14 - Subprovíncias fitogeográficas e regiões geomorfológicas da região amazônica. (I) Costa Atlântica; (II)Jarí/Trombetas; (III) Xingu/Madeira; (IV) Roraima/Manaus: (a) Roraima; (b) Manaus; (V) Noroeste/Alto Rio Negro;(VI) Solimões/Amazônia Ocidental; (VII) Sudeste, (Pires, 1974; Prance1973, 1977a, 1977b, 1978, 1987; Pires &Prance, 1985; Braga, 1979, 1987).– Característica da Região e Flora da Área de Influência IndiretaA rodovia BR-319 está inserida na região fitogeográfica do Xingu-Madeira (III) eSudeste (VIII) (Pires, 1974; Prance 1973, 1977a, 1977b, 1978, 1987; Pires & Prance, 1985;Braga, 1979, 1987) (Figura 14). Em uma outra classificação de Huek (1972), a rodovia está50


inserida na província fitogeográfica do Purus-Madeira. Para Caúper (2006), essa ecorregião écomposta por 78 unidades de paisagem, sendo que apenas sete estão incluídas em unidadesde conservação de proteção integral. Das 22 unidades de paisagem com mais de 100.000hectares de área (95% do total da ecorregião), apenas uma tem mais de 10% de sua áreadentro de unidades de conservação de proteção integral (Caúper, 2006).As terras baixas da Amazônia, principalmente da porção sul, são pouco estudadas, emuitas regiões são praticamente desconhecida, como é o caso do interflúvio Purus-Madeira(Carvalho, 2006). Porém, nessa região, pela classificação oficial da vegetação para essa áreafeita pelo IBGE (1992) e IBAMA (2001), existem quatro tipologias vegetacionais distintas, quesão: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Aberta, Savanas (Cerrados), FormaçõesPioneiras, todas as quatros com suas variações.Essas formações vegetais da área de influencia indireta são detalhadas no tópico dasrelações entre os fatores abióticos do meio físico (clima, relevo, hidrografia e edafologia) coma distribuição das formações vegetais nativas na paisagem.– Mapas da vegetação das áreas de influência indireta e diretaOs seguintes mapas estão no volume 8 Mapas e Cartas imagem, Mapa 15: TipologiaVegetacional; Mapa 15.1: Tipologias e paisagens ocorrentes na AID da rodovia BR-319 –Unidades Amostrais.– Tabelas com dados quantitativos totais e percentuais de áreas de fitofisionomiasexistentes, bem como de áreas já antropizadas, nas áreas de influência direta e indiretaAs principais Tipologias Vegetacionais e Paisagens (em hectares com seusrespectivos percentuais), que ocorrem na Área de Influência Indireta da rodovia BR-319, sãolistadas na tabela 3. Segundo essa tabela, a fitofisionomia que mais ocorre na Área deInfluência Indireta – AII da BR-319 (14.915,613 ha), trecho EIA-RIMA, é a tipologiavegetacional Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas, com 6.690.271,64 ha (44,86%),seguida pela tipologia vegetacional Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas comPalmeiras, com 4.647.851,59 ha (31,16%). E a tipologia vegetacional que menos ocorre sãoas Formações Pioneiras com influência fluvial e/ou lacustre-herbácea com palmeiras,ocupando uma área de 581,741 ha ou seja, 0, 004%.51


Tabela 3 - Tipologia e paisagens ocorrentes na Área de Influência Indireta – AII da rodovia BR-319, trechoEIA/RIMA.FITOFISIONOMIA DA AII KM² HECTARES %Rios e Lagos 3.304.652,637 330.465,264 2,216Desmatamento (área antropizada) 5.391.413,593 539.141,359 3,615Floresta Ombrófila Densa 225.368,878 22536,888 0,151Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas 66.902.716,48 6.690.271,648 44,857Floresta Ombrófila Densa Aluvial 12.952.375,35 1.295.237,535 8,684Floresta Ombrófila Aberta 250.185,211 25.018,521 0,168Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas com palmeiras e sororocas 46.478.515,92 4.647.851,592 31,163Floresta Ombrófila Aberta Aluvial 326.012,734 32.601,273 0,219Floresta Ombrófila Aberta Aluvial com palmeiras 6.728.589,434 672.858,943 4,511Floresta Ombrófila Aberta Submontana com palmeiras 80.043,68 8.004,368 0,054Contato Savana / Floresta Ombrófila 801.531,773 80.153,177 0,537Savana 14.631,586 1.463,159 0,010Savana Arborizada com floresta-de-galeria 383.881,77 38.388,177 0,257Savana Arborizada sem floresta-de-galeria 20.593,731 2.059,373 0,014Savana Florestada 787.149,935 78.714,993 0,528Savana Gramíneo-Lenhosa sem floresta-de-galeria 996.528,907 99.652,891 0,668Savana Parque com floresta-de-galeria 56.817,61 5.681,761 0,038Savana Parque sem floresta-de-galeria 1.701.455,031 170.145,503 1,141Formações Pioneiras com influência fluvial e / ou lacustre – arbustiva 42.284,115 4.228,412 0,028Formações Pioneiras com influência fluvial e / ou lacustre – arbustivacom palmeirasFormações Pioneiras com influência fluvial e / ou lacustre – arbustivasem palmeiras779.304,02 77.930,402 0,52382.719,867 8.271,987 0,055Formações Pioneiras com influência fluvial e / ou lacustre – herbácea 595.633,79 59.563,379 0,399Formações Pioneiras com influência fluvial e / ou lacustre – herbáceacom palmeiras5.817,417 581,742 0,004Formações Pioneiras com influência fluvial e / ou lacustre – herbáceasem palmeiras239.083,053 23.908,305 0,160TOTAL 149.147.306,52 14.914.730,65 100As principais Tipologias Vegetacionais e Paisagens (em hectares com seusrespectivos percentuais), que ocorrem na Área de Influência Direta da rodovia BR-319, sãolistadas na tabela 4. Conforme a tabela 4, a fitofisionomia que mais ocorre na Área deInfluencia Direta – AID da rodovia BR-319 (415.003,07 ha), trecho EIA-RIMA, é a tipologiavegetacional Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas, com 239.911,78 ha, ou seja,57,8%, seguida pela tipologia vegetacional Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas comPalmeiras, com 116.557,61 ha, ou seja, 28,09 %.52


Tabela 4 - Tipologia e paisagens em km 2 ocorrentes na AID da rodovia BR-319, trecho EIA/RIMA.FITOFISIONOMIA DA AID KM² HECTARES %Rios e Lagos 6.230,339 623,034 0,150Desmatamento (área antropizada) 394.811,121 39.481,112 9,513Floresta Ombrófila Densa 15.863,895 1.586,390 0,382Floresta Ombrófila Densa Aluvial 45.335,101 4.533,510 1,092Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas 2.399.117,865 239.911,786 57,810Floresta Ombrófila Aberta 33.090,871 3.309,087 0,797Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas com palmeiras esororoca1.165.576,153 116.557,615 28,086Floresta Ombrófila Aberta Aluvial com palmeiras 65.713,947 6.571,395 1,583Contato Savana / Floresta Ombrófila 2.437,455 243,746 0,059Savana Gramíneo-Lenhosa sem floresta-de-galeria 1.842,367 184,237 0,044Formações Pioneiras com influência fluvial e / ou lacustre -arbustiva com palmeiras20.011,653 2.001,165 0,482TOTAL 4.150.030,78 415.003,08 100– Estimativa da distribuição das fitofisionomias na Área de Influência direta doempreendimento, caracterizando qualitativa e quantitativamente a vegetaçãoA tabela 5 caracteriza a tipologia vegetacional da área de influência direta, antes dainstalação do referido empreendimento. Nela podem-se observar os valores e percentuaiscorrespondentes a cada um dos tipos de vegetação descritos de acordo com as tipologiasvegetacionais mapeadas no Mapa 15 (vide Volume 8, Mapas e Cartas imagem).Tabela 5 - Tipologia e paisagens em km 2 ocorrentes na AID da rodovia BR 319, trecho EIA/RIMA, antes daimplantação do empreendimento.FITOFISIONOMIA KM² HECTARES %Floresta Ombrófila Densa 15.863,895 1.586,390 0,42Floresta Ombrófila Densa Aluvial 45.335,101 4.533,510 1,21Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas 2.399.117,865 239.911,786 63,99Floresta Ombrófila Aberta 33.090,871 3.309,087 0,88Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas com palmeiras esororoca1.165.576,153 116.557,615 31,09Floresta Ombrófila Aberta Aluvial com palmeiras 65.713,947 6.571,395 1,75Contato Savana / Floresta Ombrófila 2.437,455 243,746 0,07Savana Gramíneo-Lenhosa sem floresta-de-galeria 1.842,367 184,237 0,05Formações Pioneiras com influência fluvial e / ou lacustre -arbustiva com palmeiras20.011,653 2.001,165 0,53TOTAL 3.748.989,32 374.898,96 10053


Estimativa da distribuição das áreas de supressão de vegetação entre fitofisionomiasna Área diretamente afetadaA tabela 6 apresenta a caracterização das tipologias vegetacionais a serem suprimidaspelo referido empreendimento.Tabela 6 - Percentual de supressão de vegetação das tipologias e paisagens em km 2 ocorrentes na AID darodovia BR-319, trecho EIA/RIMA.FITOFISIONOMIA DA AID KM² HECTARES %Floresta Ombrófila Densa 257,02 25,702 4,52Floresta Ombrófila Densa Aluvial 65,27 6,527 1,15Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas 3.715,80 371,58 65,41Floresta Ombrófila Aberta 778,29 77,829 13,70Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas com palmeiras e sororoca 714,23 71,423 12,57Floresta Ombrófila Aberta Aluvial com palmeiras 55,56 5,556 0,98Contato Savana / Floresta Ombrófila 94,36 2 9,436 1,66TOTAL 5.680,53 568,05 100A área da faixa de domínio da rodovia BR-319 é de 2.839,9 ha, entretanto, a referidaárea apresenta um total de áreas antropizadas da ordem de 2.271,510 ha, de acordo com osdados do PRODES (2000) e RADAM Brasil (redigitalizado pelo IBGE 2002). Assim, conformea tabela 10, o incremento de desmatamento (área antropizada) decorrente da obra dereconstrução da rodovia BR-319, será de 568,053 ha (0,014% da Área de Influência Direta).Segue abaixo uma descrição resumida das tipologias vegetacionais existentes na áreade influência direta, uma vez que são as mesmas descritas na área de influência indireta. Asdescrições abaixo são pautadas nas observações do trabalho de campo.– LEVANTAMENTO FLORÍSTICO NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETAComposição Florística da Área de Influência Direta – Estrato arbóreoNas 17 parcelas (estrato arbóreo) instaladas em campo, as espécies foram listadaspor ambiente: Mata ciliar, Mata de galeria e Terra Firme visando sua futura utilização narecuperação de áreas degradadas oriundas do empreendimento. Essa definição demonstra oalto grau de adaptação de cada espécie ao seu ambiente natural. Esses ambientes naturais54


são encontrados nas áreas de coleta do trabalho de campo, como as florestas ombrófilasdensas e abertas, savanas e formações pioneiras.A tabela 7 a seguir apresenta as tipologias vegetais estudadas nas 17 unidades amostrais.Tabela 7 – Unidades amostrais na área estudada.Ponto Lat Long Tipologia Vegetacional1 -4,7362 -61,3026 Floresta Ombrófila Densa Aluvial2 -4,8263 -61,3491 Contato Floresta Ombrófila – Savana Gramíneo – Lenhosa sem Floresta de Galeria3 -4,9025 -61,4687 Floresta Ombrófila Densa Aluvial4 -4,9519 -61,5379 Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas5 -5,1595 -61,7739 Floresta Ombrófila Densa6 -5,317 -61,9998 Floresta Ombrófila Aberta Aluvial com palmeiras e sororocas7 -5,4576 -62,1013 Floresta Ombrófila Aberta Aluvial com palmeiras e sororocas8 -5,7396 -62,2283 Contato Floresta Ombrófila – Savana Gramíneo – Lenhosa sem Floresta de Galeria9 -5,7743 -62,3018 Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas10 -6,2404 -62,7008 Floresta Ombrófila Aberta11 -6,2838 -62,7467 Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas com palmeiras e sororoca12 -6,3683 -62,807713 -6,4616 -62,884 Floresta Ombrófila Densa14 -6,6954 -62,973 Floresta Ombrófila AbertaContato Floresta Ombrófila Aluvial - Formações Pioneiras com influência fluvial e / oulacustre - arbustiva com palmeiras15 -7,2255 -63,1432 Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas com palmeiras e sororoca16 -7,3807 -63,1837 Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas17 -7,5485 -63,2616 Contato Floresta Ombrófila – Savana Gramíneo-LenhosaA tabela 8 (a seguir) apresenta a caracterização da vegetação observada de cadaunidade amostral, ainda na primeira campanha, e que teve como propósito contemplar asáreas de capoeira:55


Tabela 8 - caracterização da vegetação observada de cada unidade amostral.Caracterização das Unidades Amostrais Lado DireitoPontosLatitude (S)CoordenadasLongitude (W)Capoeira alta e aberta + Mata ciliar - Igarapé Bandeira 1 04.73624° 061.30252°Capoeira alta 2 04.82631° 061.38864°Capoeira alta 3 04.90258° 061.46353°Capoeira alta 4 04.95199° 061.53796°Capoeira alta 5 05.15958° 061.77399°Capoeira alta + Mata ciliar - Rio Novo 6 05.31706° 061.99990°Capoeira alta + Mata ciliar - Rio Jutaí 7 05.45769° 062.10127°Capoeira baixa (faixa) - Floresta aproximadamente a 2km 8 05.73968° 062.27889°Capoeira alta + Mata ciliar – Bueiro 9 05.77432° 062.30191°Área descampada (Campo) - Floresta aproximadamente a 3km 10 06.24041° 062.70089°Capoeira baixa (faixa) - Floresta aproximadamente a 700m 11 06.28383° 062.74678°Capoeira alta 12 06.36838° 062.80546°Floresta primária com espécies secundárias e influência de borda 13 06.46168° 062.88400°Capoeira alta 14 06.69546° 062.97302°Capoeira baixa - Área desmatada - Floresta a 500m 15 07.22557° 063.14320°Capoeira baixa – Área cultivada - Floresta a 700m 16 07.38075° 063.20164°Capoeira alta 17 07.54858° 063.26407°CoordenadasCaracterização das Unidades Amostrais Lado Esquerdo PontosLatitude (S) Longitude (W)Capoeira alta e aberta + Mata ciliar - Igarapé Bandeira 1 04.73624° 061.30252°Capoeira alta 2 04.82631° 061.38864°Capoeira alta 3 04.90258° 061.46353°Capoeira alta 4 04.95199° 061.53796°Capoeira alta 5 05.15958° 061.77399°Capoeira alta + Mata ciliar - Rio Novo 6 05.31706° 061.99990°Capoeira alta + Mata ciliar - Rio Jutaí 7 05.45769° 062.10127°Capoeira baixa (número insuficiente de espécie) 8 05.73968° 062.27889°Capoeira alta + Mata ciliar – Bueiro 9 05.77432° 062.30191°Capoeira baixa (faixa) - Floresta aproximadamente a 500m 10 06.24041° 062.70089°Capoeira baixa 11 06.28383° 062.74678°Área construída – Torre da Embratel 12 06.36838° 062 .80546°Floresta primária com espécies secundárias e influência de borda 13 06.46168° 062.88400°Capoeira alta com remanescentes primárias 14 06.69546° 062.97302°Capoeira alta 15 07.22557° 063.14320°Capoeira alta com remanescentes primárias 16 07.38075° 063.20164°Capoeira alta 17 07.54858° 063.26407°Em posse dos dados destas duas idas a campo, foi elaborada a tabela 9, onde estãolistadas por ordem de famílias botânicas as espécies amostradas nas áreas de estudo. Foramregistradas 47 famílias, 141 gêneros e 211 espécies distribuídas por 17.640 indivíduos, entreárvores, arbustos, ervas, lianas, hemiepífitas e palmeiras (os indivíduos não-arbóreosreceberam maior atenção na segunda campanha). Para indivíduos arbóreos com DAP ≥ 10cm, foram amostradas 38 famílias, 111 gêneros e 179 espécies, distribuídas por 15.554indivíduos. Esses números são inferiores aos encontrados por Rankin-de-Merona et al.(1992), em área de 31 ha ao norte de Manaus, dentro da reserva do Projeto Dinâmica56


Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF), com registros de 19.157 indivíduos (DAP ≥ 10cm), abrangendo 53 famílias distribuídas entre 698 espécies.As famílias botânicas presentes na região com maior número de espécies sãoFabaceae com 22, Mimosaceae com 18, Caesalpiniaceae e Euphorbiaceae com 14 e,Lecythidaceae com 11. Representadas por uma única espécie foram 16 famílias. As commaior número de indivíduos são Arecaceae (2094), Fabaceae (1465), Euphorbiaceae (1399),Caesalpiniaceae (1393), Mimosaceae (1297) e Clusiaceae (1166) (tabela 9). Esses resultadosevidenciam a alta concentração da densidade de indivíduos em poucas famílias botânicas,conforme observado em outras comunidades de terra firme na Amazônia Central (Tello, 1995;Amaral et al., 2000).Na área estudada foram registrados 15.554 indivíduos arbóreos, resultando em umadensidade de 38,34 ind./ha. O diâmetro médio foi 33,19cm, com um máximo de 105.68cm. Ocálculo do Índice de Diversidade de Shannon-Weaner resultou no valor 4,646 e do Índice deEquabilidade de Pielou, em 0,895. Quando comparado os índices de Shannon-Weaner ePielou encontrado nesse estudo aos índices de outras florestas da região, para espécies comDAP mínimo de 10cm (Ferreira, 1997; Oliveira & Amaral, 2004), foi confirmado que o índiceencontrado no estudo está dentro da escala definida por Magurran (1988), para florestasmuito heterogêneas. Os dois índices encontrados são indicativos da diversidade de espéciesdo local de estudo, corroborado pela eqüitabilidade de Pielou, o qual sugere alta uniformidadenas proporções indivíduos/espécies dentro dessa comunidade vegetal.Entende-se, pela dados apresentados acima, que a vegetação da área de influênciadireta da rodovia BR-319 ainda conserva alta bio-diversidade, apesar dos danos à riquezaflorística oriundos das perturbações de origem antrópica e comprovados pelos parâmetrosfitossociológicos citados acima.As espécies amostradas compõem a vegetação primária, mesclada, em suasmargens, com espécies secundárias das diversas fases de regeneração. Os tipos deassociações secundárias observadas nessa área, principalmente nos seus primeiros estágios,dependem de diversos fatores, entre os quais se destacam as condições físicas do solo e suafertilidade. Em função disso, existe uma grande variabilidade na constituição dessesagrupamentos intermediários, como demonstrado pelas espécies listadas na tabela 8. Nessatabela também foram destacadas com a letra (S) entre parêntese como indicativo de espéciesarbóreas secundárias. As lianas também são um importante componente vegetal dasespécies amostradas. As ervas, arbustos e gramíneas que não puderam ser contabilizadasem termos de Diâmetro a Altura do Peito (DAP) também foram registradas. Segue a tabelacom as espécies encontradas nas duas campanhas, incluindo os levantamentos realizados naárea de campinarana:57


Tabela 9 - Espécies por famílias botânicas amostradas no km 250 ao km 655,7 da rodovia BR-319, no Estado do Amazonas.Família Nome cientifico/Nome vulgar Hábito Mata ciliar Mata de galeria Terra firme Total geral1. AnacardiaceaeAnacardium ocidentale L./Caju Árvore 7 51 58Anacardium parvifolium Ducke/Cajuí Árvore 4 3 49 56Anacardium spruceanum Benth. ex Engl./Caju bravo Árvore 5 5 18 28Mangifera indica Blume/Manga Árvore 2 29 31Tapirira guianensis Aubl./Pau pombo Árvore 9 2 174 185Total 27 10 321 3582. AnnonaceaeAnnona foetida Mart./Araticum Árvore 6 82 88Duguetia surinanmensis R.E. Fr./Envira amargosa Árvore 5 4 37 46Rollinia insignis R.E. Fr./Envira bobó Árvore 5 3 17 25Xylopia amazonica R.E. Fr. (S)/Envira vermelha Árvore 3 35 38Total 19 7 171 1973. ApocynaceaeAspidosperma sandwithianum Markgr/Piquiá marfim branco Árvore 5 5 62 72Aspidosperma schultesii Woodson/Piquiá marfim roxo Árvore 4 2 30 36Couma guianensis Aubl./Sorva grande Árvore 6 2 42 50Couma utilis (Mart.) Müll. Arg./Sorvinha Árvore 18 27 45Himatanthus attenuata (Benth.) Woodson/Sucuúba do igapó Árvore 1 1Himatanthus bracteatus (A. DC.) Woodson/Sucuúba mirim Árvore 29 2 95 126Total 63 11 256 3304. Araliaceae Schefllera morototoni (Aubl.) Frondim/Morototo Árvore 9 7 17 33Total 9 7 17 335. ArecaceaeAstrocaryum jauari Mart./Jauari Palmeira 89 2 398 489Attalea attaleoides (Barb. Rodr.) Wess. Boer/Palha branca Palmeira 22 9 266 297Attalea maripa (Aubl.) Mart./InajaInajá Palmeira 13 85 98Attalea speciosa Mart. ex Spreng./Babaçu Palmeira 5 3 133 141Euterpe precatoria Mart./Açai solteiro Palmeira 8 50 58Mauritia flexuosa L. f./Buriti Palmeira 75 30 568 673Mauritiella aculeata (Kunth) Burret./Buritirana Palmeira 12 1 259 272Oenocarpus bacaba Mart./Bacaba Palmeira 7 28 35Oenocarpus bataua Mart./Pataua Palmeira 2 29 31Total 233 45 1816 20946. Bignoniaceae Pleonotoma albiflora (Salzm. ex DC.) A.H.Gentry/Cipó cacheado Liana 6 16 2258


Tabebuia serratifolia (Vahl) G. Nicholson/Pau d’arco Árvore 6 1 7Arrabidaea nigrenssis/Cipó cruz Liana 1 1Total 13 1 16 307. BombacaceaeBombacopsis nervosa (Vitt.) Robyns/Munguba Árvore 20 1 30 51Scleronema micranthum Ducke (S)/Cardeiro Árvore 26 2 95 123Total 46 3 141 1908. Burseraceae Protium hebetatum Daly/Breu Árvore 1 1 15 17Total 1 1 15 179. CaesalpiniaceaeCassia leiandra Benth. (S)/Marimari da várzea Árvore 9 14 23Cassia occidentalis L. (S)/Fedegoso verdadeiro Arbusto 1 1Copaifera greicarpa Ducke/Copaíba Árvore 7 3 32 42Copaifera multijuga Hayne/Copaíba Árvore 3 2 34 39Dialium guianense Steud/Jutai pororoca Árvore 16 2 107 125Eperua oleifera Ducke/Muirapiranga branca Árvore 33 11 86 130Hymenaea courbaril L./Jatoba/Jutai grande Árvore 20 2 97 119Hymenaea reticulata Ducke/Jutai mirim Árvore 3 2 17 22Macrolobium acaciaefolium (Benth.) Nemth/Arapari Árvore 22 63 85Macrolobium microcalix Ducke/Copaibarana Árvore 6 1 7Peltogyne paniculata Benth./Pau mulato Árvore 4 1 14 19Sclerolobium setiferum Ducke/Taxi branco Árvore 63 26 412 501Tachigali myrmecophyla Ducke/Taxi preto Árvore 6 6 234 246Tachigali venusta Dwyer./Taxi vermelho Árvore 1 33 34Total 193 56 1144 139310. CaryocaraceaeCaryocar glabrum (Aubl.) Pers./Piquiarana Árvore 6 2 57 65Caryocar pallidum (Aubl.) Pers./Piquiarana Árvore 34 5 210 249Caryocar villosum (Aubl.) Pers./Piquia verdadeiro Árvore 11 5 61 77Total 51 12 328 39111. CecropiaceaeCecropia distachya Huber (P)/Imbabuba branca Árvore 3 3 20 26Cecropia purpurascens C.C. Berg (P)/Imbauba roxa Árvore 21 1 83 105Cecropia sp. (P) Árvore 61 61Coussapoa orthoneura Standl. (P)/Gameleira Hemiepifita 1 17 18Pourouma guianensis Aubl. (P)/Imbaúba benguê Árvore 2 32 34Pourouma ovata Trecul (P)/Imbaubarana Árvore 2 2 31 3559


Total 29 6 244 27912. Celastraceae Goupia glabra Aubl. (S)/Cupiuba Árvore 74 17 507 598Total 74 17 507 59813. ChrysobalanaceaeLicania canescens Benoist/Caripe Árvore 6 5 35 46Licania laxiflora Fritsch/Uxi do igapó Árvore 6 19 25Licania oblongofolia Standl/Macucu chiador Árvore 6 1 17 24Licania pallida Spruce ex Sagot. Árvore 6 3 53 62Total 24 9 124 15714. ClusiaceaeTovomita cf. martiana Engl. (S)/Sapateiro Árvore 12 1 134 147Clusia grandiflora Splitg (S)/Cebola brava Hemiepifíta 25 8 118 151Clusia sp. Árvore FreqüenteMoronobea pulchra Ducke/Marupa do baixio, Bacuri de paca Árvore 5 1 29 35Platonia insignis Mart./Bacuri Árvore 1 3 17 21Symphonia globulifera L./Anani Árvore 11 10 15 36Vismia angusta Miq. (S)/Lacre grande Árvore 16 7 68 91Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. (S)/Lacre branco Árvore 42 18 325 385Vismia japurensis Reichardt (S)/Lacre vermelho Árvore 24 16 260 300Total 136 64 966 116615. CombretaceaeBuchenavia guianensis (Aubl.) Alwan/Tanimbuca Árvore 2 17 19Buchenavia parvifolia Ducke/Tanimbuca da folha miúda Árvore 11 1 64 76Total 13 1 81 9516. CyperaceaeScleria pratensis Lindl./Capim navalha/Tiririca Erva 4 1 45 50Scleria secans (L.) Urb./Capim navalha/Tiririca Erva 1 1 14 16Total 5 2 59 6617. Dilleniaceae Davilla kunthii A. St. Hil./Cipó de fogo Liana 15 9 146 170Total 15 9 146 17018. Ebenaceae Diospyros guianensis (Aubl.) Gürke (S)/Caqui Árvore 20 6 51 77Total 20 6 51 7719. ElaeocarpaceaeSloanea brachytepala Ducke/Urucurana Árvore 36 36Sloanea excelsa Ducke/Urucurana Árvore 4 5 1 10Total 4 5 37 4620. EuphorbiaceaeAlchornea discolor Klotzsch/Supiarana Arbusto 13 41 54Amanoa sp. Árvore 2 1 15 1860


Anomalocalyx uleanus (Pax & K.Hoffm.) Ducke/Araticiu-preto Árvore 18 3 21Aparisthmium cordatum Baill. (S)/Mameleiro Árvore 1 35 36Conceveiba martiana Baill. (S)/Arraueira branca Árvore 4 1 5Cróton draconoides Müll. Arg. (S)/Dima Árvore 3 2 38 43Cróton lanjouwensis Jablonski (S)/Dima branco Árvore 4 1 81 86Hevea brasiliensis (Willd. ex A. Juss.) Müll. Arg./Seringa verdadeira Árvore 16 5 155 176Hevea guianensis Aubl./Seringa vermelha Árvore 17 2 118 137Hevea spruceana (Benth.) Müll. Arg./Seringa barriguda Árvore 43 5 117 165Mabea angularis G. den Hollander (S)/Taquari Árvore 4 2 12 18Mabea speciosa Müll. Arg. (S)/Taquari Árvore 121 6 415 542Mabea subsessilis Pax & K. Hoffm. (S)/Taquari vermelho Árvore 7 91 98Total 253 28 1118 139921. FabaceaeAldina heterophylla Spruce ex Benth./Macucu do baixio/Paca Árvore 7 1 8Bowdichia virgilioides H.B.K./Paricarana Árvore 28 7 216 251Cassia tora L. (S)/Mata pasto Árvore 1 1Clitoria amazonum Mart. ex Benth./Capitari Árvore 17 81 98Clitoria racemosa Sessé & Moc./Palheteira Árvore 1 1Dalbergia amazonica (Radlk ex Köpff) Ducke/Rabo de macaco Árvore 1 1Derris amazonica Killip/Cipó timbó Liana 1 13 14Diplotropis martiusii Benth./Sucupira da várzea Árvore 1 5 6Dipteryx odorata (Aubl.) Willd./Cumaru Árvore 4 8 24 36Hydrochorea corymbosa (Rich.) Barneby & J.W. Grimes Árvore 30 2 225 257Hymenolobium excelsum Ducke/Angelim Árvore 18 3 45 66Hymenolobium modestum Ducke/Angelim pedra Árvore 34 1 162 197Hymenolobium sericeum Ducke/Angelim da mata Árvore 4 1 28 33Mucuna urens DC./Mucuna Liana 5 1 31 37Ormosia grossa Rudd/Tento grande Árvore 9 5 27 41Ormosia paraensis Ducke/Tento Árvore 8 61 69Pterocarpus officinalis Jacq./Mututi Árvore 14 2 30 46Pterocarpus rohrii Vahl/Mututi sangue de galo Árvore 8 1 44 53Swartzia polyphylla DC./Paracutaca Árvore 5 17 22Swartzia sp. Árvore 30 6 104 140Vatairea paraensis Ducke/Fava Árvore 7 8 27 4261


Vatairea sericea Ducke/Fava amargosa Árvore 11 2 33 46Total 244 48 1173 146522. HumiriaceaeSacoglottis ceratocarpa Ducke/Uxirana Árvore 3 5 31 39Sacoglottis guianensis Benth./Uxirana Árvore 28 1 189 218Total 31 6 220 257Aniba panurensis (Meisn.) Mez/Louro amarelo Árvore 32 3223. Lauraceae Ocotea caudata (Nees) Mez/Louro preto Árvore 1 35 36Ocotea nitida (Meisn.) Rohwer/Lourinho Árvore 9 67 76Total 10 134 144Bertolletia excelsa H.B.K./Castanha do Pará Árvore 3 4 33 40Cariniana micrantha Ducke/Tauari vermelho Árvore 9 6 27 42Corythophora alta Knuth/Ripeiro vermelho Árvore 3 1 29 33Eschweilera collina Eyma/Ripeiro branco Árvore 6 1 51 58Eschweilera coriacea (DC.) S.A. Mori/Matamata verdadeiro Árvore 18 12 137 16724. Lecythidaceae Eschweilera longipes (Poit.) Miers/Tiriba Árvore 7 15 22Eschweilera tessmannii Knuth/Ripeiro vermelho Árvore 4 32 36Lecythis pisonis Cambess./Sapucaia Árvore 25 4 29Lecythis poiteaui Berg/Jarana amarela Árvore 1 18 19Lecythis prancei S.A. Mori/Castanha jarana Árvore 8 7 27 42Lecythis zabucajo Aubl./Castanha sapucaia Árvore 18 2 26 46Total 102 37 395 53425. MalpighiaceaeByrsonima coccolobifolia Kunth/Murici de campina Árvore 3 1 30 34Glandonia macrocarpa Griseb/Riteira Árvore 1 2 32 35Total 4 3 62 69Bellucia grossularioides (L.) Triana (S)/Goiaba de anta branca Árvore 39 12 284 335Clidemia novennervia Triana/Clidemia Arbusto 19 13 101 13326. Melastomataceae Miconia poeppigii Triana (S)/Buxixu tinteiro Árvore 6 1 18 25Miconia regelii Cogn. (S)/Buxixu anil Árvore 18 4 117 139Tococa sp. Liana 14 5 118 137Total 96 35 638 769Carapa guianensis Aubl./Andiroba verdadeira Árvore 9 4 57 7027. Meliaceae Carapa procera DC./Andiroba Árvore 2 1 3Trichilia micrantha Benth. (S)/Gitó Árvore 4 4 15 2362


Total 15 8 73 9628. Menispermaceae Cissampelos andromorpha DC. Liana 5 12 17Total 5 12 1729. MimosaceaeAbarema adenophora (Ducke) Barneby & J.W. Grimes Árvore 16 16Abarema floribunda (Spruce ex Benth.) Barneby & J.W. Grimes Árvore 13 3 27 43Acácia multipinata Ducke/Rabo de camaleão Liana 4 1 31 36Balizia elegans (Ducke) Barneby & J.W. Grimes/Fava branca Árvore 11 6 86 103Dinizia excelsa Ducke/Angelim pedra Árvore 6 1 28 35Enterolobium schomburgkii Benth (S)/Orelha de macaco Árvore 18 9 97 124Inga alba (Sw.) Willd./Ingaí Árvore 4 4 58 66Inga cinnamomea Spruce ex Benth./Ingá chinelo Árvore 8 15 23Inga edulis Mart./Inga de metro Árvore 11 14 25Inga gracilifolia Ducke/Inga xixica Árvore 8 42 50Inga paraensis Ducke/Ingarana Árvore 8 1 45 54Inga sp. Árvore 10 50 60Mimosa pudica L. var. tetandra (Humb. & Bonpl. ex Willd.) DC. Erva 2 16 18Mimosa quadrivalvis L. var. lepdocarpa (DC.) Barneby Erva 3 28 31Parkia multijuga Benth./Fava parkia Árvore 13 8 89 110Parkia nitida Miq./Fava benguê Árvore 3 3 47 53Parkia pendula (Willd.) Walp/Visgueiro Árvore 10 5 117 132Stryphnodendron guianensis (Aubl.) Benth./Fava camuze Árvore 41 20 316 377Total 160 58 1079 129730. MoraceaeBrosimum parinarioides Ducke/Garrote Árvore 18 9 28 55Brosimum rubescens Taub./Pau rainha Árvore 10 8 39 57Brosimum utile (H.B.K.) Pittier/Leiteira Árvore 7 1 42 50Clarisia recemosa Ruiz & Pav. (S)/Guariuba Árvore 8 7 27 42Ficus máxima Miller/Gameleir branca Árvore 14 2 122 138Helicostylis scabra (Macbr.) C.C. Berg/Inhare Árvore 3 4 34 41Helicostylis tomentosa (Poepp. & Endl.) Rusby/Inhare peludo Árvore 3 2 17 22Total 63 33 309 40531. MyristicaceaeOsteophloeum platyspermum (A. DC.) Warb./Chico de assis Árvore 22 3 44 69Virola caducifolia W.A. Rodrigues/Ucuúba peluda Árvore 10 2 44 56Virola calophylla (Spruce) Warb/Ucuúba vermelha Árvore 1 163


Virola cuspidata Warb. Árvore 4 1 74 79Virola multinervia Ducke/Ucuúba da folha grande Árvore 1 1Virola pavonis (A. DC.) A.C. Sm./Ucuúba do baixio Árvore 37 1 220 258Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb./Ucuúba verdadeira Árvore 11 1 45 57Total 84 9 428 52132. MyrtaceaeCalycolpus goetheanus (DC.) O. Berg/Araça vermelho Arbusto 17 2 16 35Eugenia biflora (L.) DC. Arbusto 1 1Myrcia servata McVaugh/Goiabinha Arbusto 34 2 109 145Psidium guajava L./Goiaba Árvore 21 7 175 203Total 73 11 300 38433. Nyctaginaceae Neea opposita (Vell.) Reetz./João mole Árvore 9 1 16 26Total 9 1 16 2634. Passifloraceae Passiflora acuminata DC./Maracuja do mato Liana 1 1Total 1 135. Piperaceae Piper aduncum L./Pimenta longa Arbusto 23 7 198 228Total 23 7 198 22836. PoaceaeAndropogon bicornis Benth./Capim andropogon Erva 7 2 16 25Brachyaria decumbens Stapf/Capim braquiaria Erva 8 4 66 78Digitaria horizontalis Willd. Erva 6 1 36 43Melinis minutiflora P. Beauv./Capim gordura Erva 1 1 16 18Olyra latifolia L./Taboquinha Erva 12 64 76Penniseton clandestinum Hochts/Capim elefante Erva 4 34 38Total 38 8 232 27837. Poligalaceae Securidaca rivinaefolia A. St. Hil. Liana 2 14 16Total 2 14 1638. RubiaceaeCalycophylum spruceanum (Benth.) Hook. f. ex K. Schum./Mulateiro Árvore 2 3 16 21Chimarrhis barbata (Ducke) Bremek/Pau de remo Árvore 8 5 15 28Duroia genipoides Hook. f. ex K. Schum./Purui Árvore 5 22 27Genipa americana L./Genipapo Árvore 27 71 98Psycotria medusula Müll. Arg. Arbusto 3 30 33Spermacoce capitata (Ruiz & Pav.) DC./Vassourinha de botão Erva 35 24 220 279Total 80 32 374 48639. Rutaceae Árvore 10 2 39 5164


Total 10 2 39 5140. SapotaceaeEcclinusa guianensis Eyma/Abiurana bacuri Árvore 5 1 6Manilkara huberi (Ducke) A. Chev./Massaranduba Árvore 1 3 16 20Micropholis guyanensis (A. DC.) Pierre/Balata rosadinha Árvore 4 33 37Micropholis williamii Aubrév. & Pellegr./Balata brava Árvore 3 4 31 38Pouteria freitasii T.D. Penn./Abiurana Árvore 41 11 195 247Pouteria gomphifolia E. Acurio/Abiurana do igapó Árvore 2 2Pouteria minima T.D. Penn. Árvore 1 12 13Pouteria platyphylla (A.C. Sm.) Baehni/Balata rosada Árvore 19 3 50 72Total 76 22 337 43541. Simaroubaceae Simaruba amara Aubl./Marupa Árvore 25 20 211 256Total 25 20 211 25642. Sterculiaceae Theobroma grandiflorum (Willd. ex. Spreng.) Schum./Cacau Árvore 11 11Total 11 1143. Strelitiziaceae Phenakospermum guyanense (L.C. Rich.) Endl./Sororoca Erva 7 1 71 79Total 7 1 71 7944. Theaceae Termstroemia sp. Liana FreqüenteTotal Frequente45. Turneraceae Turnera ulmifolia L./Chanana Arbusto 4 4Total 4 446. Ulmaceae Trema micrantha (L.) Blume/Trema Árvore 1 19 20Total 1 19 2047. VerbenaceaeLantana camara L./Chumbinho Abusto 1 16 17Vitex cymosa Bertero ex Spreng/Tarumã Árvore 4 17 21Total 5 0 33 3848. VochysiaceaeErisma bicolor Ducke/Mandioqueira roxa Árvore 7 5 28 40Erisma bracteosum Ducke/Mandioqueira vermelha Árvore 11 4 60 75Qualea paraensis Ducke/Mandioqueira escamosa Árvore 53 22 381 456Vochysia rufescens W.A. Rodrigues/Guaruba Árvore 4 47 51Total 75 31 516 622Total geral 2486 675 14479 1764065


Conforme a tabela 9, uma característica marcante da área estudada é o predomínio dealgumas espécies como Mauritia flexuosa (673 indivíduos), Mabea speciosa (540 indivíduos),Goupia glabra (523 indivíduos), Sclerolobium setiferum (500 indivíduos), Astrocaryum jauari(488 indivíduos) e Qualea paraensis (424). Essas espécies estão presentes em todas asunidades amostrais, ocorrendo em maior freqüência ao norte da área de estudo. Issodemonstra que as mesmas estão adaptadas às condições ambientais variantes ao longo dotraçado da BR (Anexo III).Dentro da floresta de terra firme foram encontrados encraves de veredas de buritiscom as duas palmeiras, Mauritia flexuosa e Astrocaryum jauari. A espécie Mabea speciosa foiobservada se desenvolvendo como arvoretas nas capoeiras. Goupia glabra, apesar de serconsiderada como secundária tardia, foi observada no interior da floresta de terra firme epróxima a margens de rios e igarapés. Já Sclerolobium setiferum e Qualea paraensis,espécies clímax, foram registradas como componentes das florestas de terra firme, mata ciliare mata de galeria.Quanto ao ambiente Cerrado (Savana), este de modo geral, compõe-se de gramíneas,estando bastante descaracterizado nas margens das estradas.Em relação ao estrato, somente se pode definir o sub-bosque para as ervas, arbustos,lianas e hemiepífitas, embora muitas lianas também tenham sido registradas no dossel dafloresta. Quanto às espécies arbóreas, ora foram registradas no sub-bosque, comoregeneração, ora nos dois estratos intermediários e, muitas apareceram como componentesdo dossel.Foram amostrados 1216 indivíduos sendo sub-arbóreos 436 (35,86 %), arbóreos 394(32,40 5) e herbáceos 386 (31,74%) que estão mostrados nas pranchas I, II e III (Anexo IV).No anexo V estão listadas as 15 espécies mais freqüentes de cada unidade amostral.A partir das dificuldades de acesso a algumas tipologias vegetacionais foi realizado umsobrevôo com um avião monomotor e uma coleta de campo, com auxílio de helicóptero.Dessa forma, foi possível caracterizar na rodovia BR-319, no sentido Norte-Sul, na margemesquerda, a cerca de 11 km do rio Igapó Açu, uma área de Savana (Figura 15), afastada aaproximadamente 3 km da rodovia BR-319, no sentido Leste – Oeste (Lat/Long: -4,828439/-61,348892).66


Figura 15 - Vista da Campina Aberta e Sombreada do trecho do EIA/RIMANo conceito do Projeto RADAM-Brasil, Volume R17, essa vegetação é enquadrada emSavana gramíneo-lenhosa e Savana Florestada.No conceito de Braga (1982), essa é tratada como vegetação de Campina Aberta eSombreada, em solo do tipo Podzol Hidromórfico (Figura 16). A Savana gramíneo-lenhosa(Campina Aberta) apresenta poucas espécies lenhosas com cascas rugosas, e às vezescoberta por líquens crustáceos; entre as lenhosas citamos Termstroemia sp. (Theacee) que édominante, apresentando altura entre 1 e 2 metros. A vegetação rasteira, que cresce em localalagadiço, é formada por uma espécie de Cyperaceae, duas espécies de Xyridaceae e umaespécie de Velloziaceae do gênero Vellozia, que por sua vez também é dominante (Figura 16C). Essa última família apresenta o centro de distribuição no Sudeste e no Brasil central. NaAmazônia, anteriormente só havia sido coletada no Pico da Neblina.67


Figura 16 - Vista da Campina Aberta em A e B. Em C, ocorrência da Velloziaceae. Em D, ocorrência deXyridaceae entremeada com Velloziaceae. Em E e F, detalhe de Termstroemia sp. (Theaceae).Na época de estiagem, essas áreas ficam secas (comunicado pessoal Mario Con-Haft,do INPA). Com exceção dos líquens e algumas plantas inferiores, não foi observado apresença de epífitas nas plantas floríferas dessa vegetação.A Savana Florestada (Campina Sombreada) (Figura 17) margeia a Savana gramíneolenhosa(Campina Aberta), e possui poucas emergentes, sendo comumente encontrada aespécie Clusia sp. (Clusiaceae), Mauritia carana (Arecaceae), dentre outras, e com dosselemergente e irregular, alcançando cerca de 15 m de altura.68


Figura 17 - Vista da Campina Sombreada ao fundo (A). Em (B), Mauritia carana ocorrendo como espécieemergente.Devido à área ser considerada uma vegetação relicto, com alto grau de endemismo ecom a rara ocorrência da Vellozia, sugerimos que a mesma seja enquadrada, segundo oSNUC/2000, como Área de Relevante Interesse Ecológico, sendo necessária aimplementação de normas e restrições para a sua provável utilização (Art. 16, inc. 2 0 ). Alémdisso, visando a sua preservação, no seu entorno deve ser estabelecida uma zona deamortecimento (Art. 2 0 , inc. XVIII do SEUC/2007). Ainda, nessa área foi anotada o canto deuma espécie de gralha que, segundo o pesquisador Mario Con-Haft, do INPA, trata-se deespécie nova, avistada anteriormente em vegetação semelhante (comunicação pessoal).No presente texto, como exposto anteriormente, utilizamos, provisoriamente, àterminologia do mapa de vegetação empregada pelo RADAMBRASIL (1977), que foiredigitalizado pelo IBGE 2002, evitando causar dúvidas de interpretação na leitura dasinformações. Dessa forma sugerimos que se faça um estudo de revisão dessas tipologiasvegetacionais no interflúvio dos rios Madeira e Purus.As capoeiras, nos seus diversos níveis de desenvolvimento, compõem-se degramíneas como Andropogon bicornis, Digitaria horizontalis, Penniseton clandestinum, Olyralatifólia; arbustos como Piper aduncum, Myrcia servata, Clidemia novennervia; lianas comoCissampelos andromorpha, Passiflora acuminata, Acacia multipinata; além de secundáriasiniciais arbóreas como Bellucia grossularioides, Aparisthmium cordatum, Conceveibamartiana, que substituem as pioneiras como Cecropia distachya, Pourouma guianensis eCoussapoa orthoneura no processo de sucessão secundária, como mencionadoanteriormente na tabela 9.69


Caracterização dos estratos não abustivo-arbóreosFitofisionomias das áreas de estudoA tipologia vegetacional da região de estudo (módulos da Fauna) é constituídaprincipalmente de formações de Floresta Ombrofil Densa de terras baixas e Floresta ombrófilaaberta de terras baixas com palmeiras.Como a vegetação na área de estudo forma uma mosaico de fitofisionomias, ocorretambém frequentemente porções características de áreas inundáveis pelas cheias sazonaisonde são abundantes as espécies Mauritia flexuosa (Buriti), Euterpe sp. (Açaí) entre outraspalmáceas (Figura 18).Figura 18 – Acesso ao Módulo 05 área inundável. Ao fundo e a direita grande incidência de Mauritia flexuosa(Buriti).A Floresta de Terras Baixas apresenta grupamentos de árvores emergentes naselevações mais pronunciadas dos interflúvios,como Dinizia excelsa (Angelim pedra), Couratarisp. (Tauari), Bertholletia excelsa (Castanha do Pará) entre outras. Apresenta significativapresença de palmeiras como Oenocarpus bataua Mart (Patauá), Euterpe sp. (Açaí), noslocais mais úmidos (Figura 19).70


Figura 19 - Demarcação e parcela no campo para levantamento florístico no interior do Módulo 6. Destaque paraa presença de Euterpe pecatoria Mart. (Açaí).Figura 20 - Demarcação de unidade de amostra no campo para levantamento florístico no interior do Módulo 5.Destaque para a presença de palmáceas e vegetação herbácea.71


Segue a tabela com os módulos estudados e suas respectivas coordenadasgeográficas e tipologias florestais predominantes.Tabela 10 – Coordenadas da coleta de dados florísticos.Módulos Tipologia Florestal Entrada 01 Entrada 02Módulo 01S 04°53’28,1”, W - S 04°53’1,2”, W -Floresta Ombrófila Densa deterras baixas61º26’35,3”61º26’16,7”Módulo 02S 05°15’33,0”, W - S 05°18’07,0”, W -Floresta Ombrófila Densa deterras baixas61º56’56,3”61º57’32,0”Módulo 03S 05°37’17,4”, W - S 05°37’35,0”, W -Floresta Ombrófila Densa deterras baixas62º12’16,6”62º11’49,0”Módulo 04S 05°57’26,4”, W - S 05°58’13,4”, W -Floresta Ombrófila Densa deterras baixas62º29’17,7”62º29’24,1”Módulo 05S 06°33’38,5”, W - S 06°31’60,0”, W -Floresta Ombrófila Aberta deterras baixas com palmeiras62º56’41,9”62º55’58,0”Módulo 06S 07°06’00,1”, W - S 07°13’02,0”, W -Floresta Ombrófila Aberta deterras baixas com palmeiras63º06’54,9”63º08’19,0”As coordenadas foram registradas com GPS garminn 12 plus na orbital do satélite DATUM SAD 69.Análise florística dos estratos não-arbóreosA região por onde passa a rodovia BR-319 é rica em epífitas, com a ocorrência devárias espécies de difetentes famílias botânicas, como orquídeas, bromélias, cactos,gesneriáceas, clusias, antúrios, entre outras.Nos terrenos mais elevados onde ocorrem exemplares de castanheira essasencontram-se repletas de epífitas. A castanheira é considerada um ótimo forófito (planta idealpara o crescimento de epífitas), além disso, a mesma encontra-se na lista de espéciesameaçadas de extinção do IBAMA.Ao longo de toda estrada, com o corte da floresta das suas margens, nas áreas debaixio onde existem formações de buritis deu-se a formação de populações da orquídeaCatasetum longifolium Lindl. (Figura 21). Na tabela 11 é apresentada a lista de orquídeas queforam observadas nos pontos amostrais.72


Figura 21 – Catasetum longifolium Lindl. que cresce curiosamente de cabeça para baixo, Ocorrendofrequentemente em buriti.O sub-bosque embora frequentemente negligenciado, é uma parte importante dascomunidades de plantas das florestas tropicais. Além da grande riqueza de espéciesarbóreas, as florestas tropicais são muito ricas em espécies não arbóreas (Gentry & Dodson1987). O estrato herbáceo e arbustivo do sub-bosque funciona como filtro ecológico emcomunidades vegetais, sendoi responsável pelos diferentes ambientes de germinação eestabelecimento de mudasnas florestas, influenciando assim, composição e estrutura dodossel (George & Bazzaz 1999; Harms et al. 2004).O levantamento das espécies herbáceas, lianas e epífitas foi realizada mediantecontagem de indivíduos destes grupos em subunidades de 100 m x 10 m em cada uma das36 unidades amostrais (6 parcelas em cada módulo).No estudo foram consideradas epífitas as espécies que utilizam algum suporte paraseu estabelecimento e não apresentam contato com o solo. Os grupos de maior destaqueencontrados no levantamento pertencem às famílias Marantaceae e Araceae.Foram registradas 90 indivíduos do grupo das Marantaceae, sendo das espéciesCalathea sp.(44), Calathea altíssima (27) e Montagma sp (19). Marantaceae é uma dasfamílias de ervas terrestres mais representativas nas florestas neotropicais (Gentry &Emmons 1987). E é um dos grupos que frequentemente domina a comunidade de ervas dosub-bosque de florestas tropicais (Poulsen & Balselev 1991; Costa 2004). Os grupos de maiorrepresentatividade entre as epífitas vasculares é a família Araceae (Lüttge 1997) com mais de3.500 espécies, distribuídas principalmente em regiões tropicais, sendo que cerca de 86%possui forma de vida epifítica (Croat 1988; Ribeiro et al. 1999). Neste levantamento foramregistradas 167 indivíduos desta família das espécies Alloschemone sp. (73), Philodendronspp. (51) e Philodendron surinamense (43).73


O levantamento registrou ainda pteridófitas da família Hymenophyllaceae, queapresentaram maior incidência em áreas situadas às margens de igarapés sujeitas àsinundações periódicas apresentando um total de 113 indivíduos. As principais famílias erespectivas espécies são: Hymenophyllaceae – Trichomanes ankersii C. (50), Trichomaneshostmannicenum Kunze (7), Trichomanes pinnatum Hedw. (13) e Trichomanes trolli Bergdolt(21); Dennstaedtiaceae – Lindsaea lancea (L.) Bed (13); Aspleniaceae – Asplenium serratumL. (09).No estrato herbáceo foi registrada a presença de espécies das famílias Poaceae naproporção de 04 indivíduos/m 2 , e para as famílias Rubiaceae e Piperaceae 02 indivíduos/m 2 .Estas espécies apresentaram maior incidência em áreas com maior penetração e luz emrelação às demais áreas estudadas.As lianas encontradas totalizaram 36 indivíduos das seguintes espécies: Davilla kunthiiA. St. Hil (Cipó de fogo) com 19 indivíduos, Pleonotoma albiflora (Salzm. ex DC.) A.H.Gentry(Cipó cacheado) com 04 indivíduos e Bauhinia splendens Kunth (Escada-de-jabuti) com 13indivíduos.Nas 17 parcelas instaladas na primeira campanha, também foi realizado um estudoexpedito para levantamento das espécies não-arbóreas presentes na AID. Segue a tabelacom a listagem das espécies dos estratos herbáceo e arbustivo encontradas:Seguem as tabelas das orquídeas e epífitas (tabela 11) e a listagem das espécies dosestratos herbáceos e arbustivos (tabela 12):74


Tabela 11 – Lista das orquídeas e epífitas observadas nos pontos amostrais.Ponto Espécie Forófito Latitude LongitudeCatteya eldoradoIgapó-açuCalasetum sp.MacacarecuiaOctomeria sp.04.71146° 061.29207°Galeandra sp.Lacre1 Rudofiella aurantiaca Tacuari 04.73624° 061.30252°2 Sem ocorrênciaEntre 2 e 3 Catasetum longifolium Buriti 04.86345° 061.42568°3 Sem ocorrênciaEntre 3 e 4 Catasetum sp. Lacre branco 04.94285° 061.52594°4 Sem ocorrência5Maxillaria Envira preta 05.15958° 061.77399°Batemania colleyii Árvore morta não identificada 05.15958° 061.77399°6Catasetum longifoliumSobralia fragansScuticaria sp.Acacallis sp.Epidendrum bifrenariaPleurothallis05.31706° 061.99090°7 Sem ocorrência8 Epidendrum Buxixu de formiga e Lacre 05.73968° 062.27889°9 Sem ocorrência10 Sem ocorrência11 Sem ocorrência12 Epidendrum nocturnum Rio Puruizinho 06.36838° 062.80546°Entre 12 e 13 Pleurotrallis 06.42962° 062.86341°13 Catasetum sp. 06.46168° 062.88400°Entre 13 e 14 Bromelia sp. Catasetum sp.06.68938° 062.97054°14 TrigonidiumTauari branco (bromélia em envirapreta)06.69546° 062.97302°15Bifrenaria polstachyaOrnitidium sp.Oncidium ceboleta07.22557° 063.14320°75


Tabela 12 – Lista das espécies dos estratos herbáceos e arbustivos observadas nos pontos amostrais.Ponto Latitude S Longitude W Nome Vulgar Nome Científico Família Extrato1 04.73624° 061.30252° Cidreira brava Lantana camara L. Verbenaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Branquiária Brachyaria sp. Poaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Buxixu peludo Miconia traillii Cogn. Melastomataceae Sub-arbóreo1 04.73624° 061.30252° Jará Leopoldinia pulchra Mart. Arecaceae Sub-arbóreo1 04.73624° 061.30252° Envira preta Guatteria discolor R. E. Fries Annonaceae Sub-arbóreo1 04.73624° 061.30252° Vassorinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Malva brava Pavonia sp. Malvaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Tiririquinha Scleria melaleuca Schlect. & Cham. Cyperaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Capim barba de bode Panicum laxum Sw. Poaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Quebra pedra Phyllanthus niruri L. Euphorbiaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Capim pé de galinha Eleusine indica (L.) Gaerth Poaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Pacoã Homolepis aturensis (H. B. K.) Chase Poaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Capim Mato Grosso Panicum mertensii Roth ex Roem. & Schult. Poaceae Herbácio1 04.73624° 061.30252° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo1 04.73624° 061.30252° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo1 04.73624° 061.30252° Buxixu aciote Aciotis circaeifolia (Bonpl.) Triana Melastomataceae Sub-arbóreo1 04.73624° 061.30252° Buxixu tintarana Miconia tetraspermoides Wurdack Melastomataceae Sub-arbóreo1 04.73624° 061.30252° Orelha de cachorro Crudia amazonica Spruce ex Benth. Caesalpiniaceae Sub-arbóreo1 04.73624° 061.30252° Supiarana Alchornia discolor Klotzsch Euphorbiaceae Sub-arbóreo1 04.73624° 061.30252° Jará Leopoldinia pulchra Mart. Arecaceae Sub-arbóreo1 04.73624° 061.30252° Taboca de lontra Palicourea corymbifera Müll. Arg. Rubiaceae Sub-arbóreo1 04.73624° 061.30252° Marajá Astrocarythum gynacanthum Mart. Arecaceae Sub-arbóreo1 04.73624° 061.30252° Banana sororoca Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. Strelitziaceae Sub-arbóreo76


1 04.73624° 061.30252° Maruparí Simaba polyphylla (Cavalcante) W. Thomas Simaroubaceae Sub-arbóreo1 04.73624° 061.30252° Tucumaí Astrocarythum acaule Mart. Arecaceae Sub-arbóreo1 04.73624° 061.30252° Araça vermelho Myrciaria floribunda (West. ex Willd.) O. Berg. Myrtaceae Sub-arbóreo1 04.73624° 061.30252° Buxixu canela de velho Miconia argyrophylla DC. Melastomataceae Sub-arbóreo1 04.73624° 061.30252° Buxixu tinteiro Miconia poeppigii Triana Melastomataceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Branquiária Brachyaria sp. Poaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Vassourinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Capim barba de bode Panicum laxum Sw. Poaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Capitiú Siparuna guianensis Aubl. Siparunaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Capim pé de galinha Eleusine indica (L.) Gaerth Poaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Pacoã Homolepis aturensis (H. B. K.) Chase Poaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Feijó branco Cordia nodosa Lam. Boraginaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Buxixu de formiga Tococa bullifera DC. Melastomataceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Buxixu anil Miconia regelii Cogn. Melastomataceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Faveira camusé Stryphnodendron guianensis (Aubl.) Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Aninga Montrichardia arburescens Schott Araceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Cebolão bravo Clusia grandiflora Splitg Clusiaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Imbaúba Cecropia distachya Huber Cecropiaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Banana sororoca Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. Strelitziaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Dima Croton lanjouwensis Jablonski Euphorbiaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Rubiaceae Isertia hypoleuca Benth. Rubiaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Tucumã Astrocarythum aculeathum Mart. Arecaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Pitomba da mata Talisia guianensis Aubl. Sapindaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Imbaúba roxa Cecropia purpurascens C. C. Berg Cecropiaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Capitiú Siparuna guianensis Aubl. Siparunaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio77


2 04.82631° 061.38864° Capim barba de bode Panicum laxum Sw. Poaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Tiririquinha Scleria melaleuca Schlect. & Cham. Cyperaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Buxixu de formiga Tococa bullifera DC. Melastomataceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Vassorinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Erva de rato Psychotra barbiflora DC. Rubiaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Branquiária Brachyaria sp. Poaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Xanana Turnera ulmifolia L. Turneraceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Senna Senna tapajozensis H. S. Irwin & Barneby Caesalpiniaceae Herbácio2 04.82631° 061.38864° Cebolão bravo Clusia grandiflora Splitg Clusiaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Buxixu canela de velho Miconia argyrophylla DC. Melastomataceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Buxixu anil Miconia regelii Cogn. Melastomataceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Taquari Mabea angularis G. den Hollander Euphorbiaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Ingá xixica Inga longiflora Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Banana sororoca Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. Strelitziaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Bacaba Oenocarpus bacaba Mart. Arecaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Dima Croton lanjouwensis Jablonski Euphorbiaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Sucuúba Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson Apocynaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Imbaubão Cecropia sciadophylla Mart. Cecropiaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Imbaúba roxa Cecropia purpurascens C. C. Berg Cecropiaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Sorva Couma guianensis Aubl. Apocynaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Ingarana Peltogyne catingae Ducke Caesalpiniaceae Sub-arbóreo2 04.82631° 061.38864° Mameleiro Aparisthmium cordatum Baill. Euphorbiaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Vassourinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Malva brava Pavonia sp. Malvaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Pacoã Homolepis aturensis (H. B. K.) Chase Poaceae Herbácio78


3 04.90258° 061.46353° Juquiri Mimosa quadrivalvis L. var. lepdocarpa (DC.) Barneby Mimosaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Cidreira brava Lantana camara L. Verbenaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Tiririca Scleria pratensis Lindl. Cyperaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Goiaba de anta Bellucia grossularioides (L.) Triana Melastomataceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Cebolão bravo Clusia grandiflora Splitg Clusiaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Buxixu anil Miconia regelii Cogn. Melastomataceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Sardinheira Casearia grandiflora Cambess. Flacourtiaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Pau pombo Tapirira guianensis Aubl. Anacardiaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Faveira camusé Stryphnodendron guianensis (Aubl.) Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Mameleiro Aparisthmium cordatum Baill. Euphorbiaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Murici Byrsonima crispa A. Juss. Malpighiaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Buxixu canela de velho Miconia argyrophylla DC. Melastomataceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Buxixu tinteiro Miconia poeppigii Triana Melastomataceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Sucuúba Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson Apocynaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Supiarana Alchornia discolor Klotzsch Euphorbiaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Tiririca Scleria pratensis Lindl. Cyperaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Timbosinho Derris amazonica Killip Fabaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Capim barba de bode Panicum laxum Sw. Poaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Cidreira brava Lantana camara L. Verbenaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Vassorinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Tiririquinha Scleria melaleuca Schlect. & Cham. Cyperaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Samambaia Pteridophyta Herbácio3 04.90258° 061.46353° Samambaia Pteridophyta Herbácio3 04.90258° 061.46353° Parreira Cissus erosa L. C. Rich. Vitaceae Herbácio3 04.90258° 061.46353° Ata brava Annona sericea Dun. Annonaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Cebolão bravo Clusia grandiflora Splitg Clusiaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Rubiaceae Isertia hypoleuca Benth. Rubiaceae Sub-arbóreo79


3 04.90258° 061.46353° Goiaba de anta Bellucia grossularioides (L.) Triana Melastomataceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Banana sororoca Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. Strelitziaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Buxixu anil Miconia regelii Cogn. Melastomataceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Murici Byrsonima crispa A. Juss. Malpighiaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Murici da mata Byrsonima duckeana W. R. Anderson Malpighiaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Mata pasto Cassia reticulata Willd. Caesalpiniaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Tucumaí Astrocarythum acaule Mart. Arecaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Tucumã Astrocarythum aculeathum Mart. Arecaceae Sub-arbóreo3 04.90258° 061.46353° Costatema Costatemma milanezii Paula Bombacaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio4 04.95199° 061.53796° Capim quicuiu Penniseton clandestinum Hochts Poaceae Herbácio4 04.95199° 061.53796° Vassourinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio4 04.95199° 061.53796° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio4 04.95199° 061.53796° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio4 04.95199° 061.53796° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio4 04.95199° 061.53796° Capim barba de bode Panicum laxum Sw. Poaceae Herbácio4 04.95199° 061.53796° Pacoã Homolepis aturensis (H. B. K.) Chase Poaceae Herbácio4 04.95199° 061.53796° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Faveira camusé Stryphnodendron guianensis (Aubl.) Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Buxixu anil Miconia regelii Cogn. Melastomataceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Ata brava Annona sericea Dun. Annonaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Pau pombo Tapirira guianensis Aubl. Anacardiaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Ingá xixica Inga longiflora Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Goiaba de anta Bellucia grossularioides (L.) Triana Melastomataceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Dima Croton lanjouwensis Jablonski Euphorbiaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Amarelão Chimarrhis barbata (Ducke) Bremek. Rubiaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Imbaúba Cecropia distachya Huber Cecropiaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Pitomba da mata Talisia guianensis Aubl. Sapindaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Taquari Mabea angularis G. den Hollander Euphorbiaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Inharé liso Helicostylis scabra (Macbr.) C. C. Berg Moraceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Xanana Turnera ulmifolia L. Turneraceae Herbácio4 04.95199° 061.53796° Vassorinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio80


4 04.95199° 061.53796° Paririzinho Heliconia stricta Huber Heliconiaceae Herbácio4 04.95199° 061.53796° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio4 04.95199° 061.53796° Samambaia Pteridophyta Herbácio4 04.95199° 061.53796° Tiririquinha Scleria melaleuca Schlect. & Cham. Cyperaceae Herbácio4 04.95199° 061.53796° Capim barba de bode Panicum laxum Sw. Poaceae Herbácio4 04.95199° 061.53796° Cipó cacheado Pleunotoma jasminifolia Miers. Bignoniaceae Herbácio4 04.95199° 061.53796° Erva de rato Psychotra barbiflora DC. Rubiaceae Herbácio4 04.95199° 061.53796° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio4 04.95199° 061.53796° Buxixu de formiga Tococa bullifera DC. Melastomataceae Herbácio4 04.95199° 061.53796° Faveira camusé Stryphnodendron guianensis (Aubl.) Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Pau pombo Tapirira guianensis Aubl. Anacardiaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Tabocão de lontra Palicourea guianensis Aubl. Rubiaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Supiarana Alchornia discolor Klotzsch Euphorbiaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Louro amarelo Endlicheria longicaudata (Ducke) Kosterm. Lauraceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Banana sororoca Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. Strelitziaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Costatema Costatemma milanezii Paula Bombacaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Imbaubão Cecropia sciadophylla Mart. Cecropiaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Envira surucucu Bocageopsis multiflora (Mart.) R. E. Fr. Annonaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Pitomba da mata Talisia guianensis Aubl. Sapindaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Envira fofa Guatteria magalophylla Diels Annonaceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Buxixu anil Miconia regelii Cogn. Melastomataceae Sub-arbóreo4 04.95199° 061.53796° Cebolão bravo Clusia grandiflora Splitg Clusiaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Capim barba de bode Panicum laxum Sw. Poaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Vassourinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Capim quicuiu Penniseton clandestinum Hochts Poaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Branquiária Brachyaria sp. Poaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Senna Senna tapajozensis H. S. Irwin & Barneby Caesalpiniaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Tiririquinha Scleria melaleuca Schlect. & Cham. Cyperaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio81


5 05.15958° 061.77399° Buxixu de formiga Tococa bullifera DC. Melastomataceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Samambaia Pteridophyta Herbácio5 05.15958° 061.77399° Cebolão bravo Clusia grandiflora Splitg Clusiaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Costatema Costatemma milanezii Paula Bombacaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Caroba Jacaranda copaia D. Dor Bignoniaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Rubiaceae Isertia hypoleuca Benth. Rubiaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Faveira camusé Stryphnodendron guianensis (Aubl.) Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Maruparí Simaba polyphylla (Cavalcante) W. Thomas Simaroubaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Mata pasto Cassia reticulata Willd. Caesalpiniaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Dima Croton lanjouwensis Jablonski Euphorbiaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Imbaúba Cecropia distachya Huber Cecropiaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Açaí Euterpe precatoria Mart. Arecaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Envira vermelha Xylopia amazonica R. E. Fr. Annonaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Torém vermelho Pourouma tomentosa Miq. ssp. tomentosa Cecropiaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Imbaubão Cecropia sciadophylla Mart. Cecropiaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Capim quicuiu Penniseton clandestinum Hochts Poaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Branquiária Brachyaria sp. Poaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Pacoã Homolepis aturensis (H. B. K.) Chase Poaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Samambaia Pteridophyta Herbácio5 05.15958° 061.77399° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Vassorinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Buxixu de formiga Tococa bullifera DC. Melastomataceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Senna Senna tapajozensis H. S. Irwin & Barneby Caesalpiniaceae Herbácio5 05.15958° 061.77399° Samambaia Pteridophyta Herbácio5 05.15958° 061.77399° Costatema Costatemma milanezii Paula Bombacaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Ingá de metro Inga edulis Mart. Mimosaceae Sub-arbóreo82


5 05.15958° 061.77399° Cebolão bravo Clusia grandiflora Splitg Clusiaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Taquari Mabea angularis G. den Hollander Euphorbiaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Tabocão de lontra Palicourea guianensis Aubl. Rubiaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Murici da mata Byrsonima duckeana W. R. Anderson Malpighiaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Buxixu canela de velho Miconia argyrophylla DC. Melastomataceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Goiaba de anta Bellucia grossularioides (L.) Triana Melastomataceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Envira vassourinha Xylopia nitida Duval Annonaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Apuí Ficus duckeana C. C. Berg Moraceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Mameleiro Aparisthmium cordatum Baill. Euphorbiaceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Buxixu anil Miconia regelii Cogn. Melastomataceae Sub-arbóreo5 05.15958° 061.77399° Murtinha Myrcia servata McVaugh Myrtaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Malva brava Pavonia sp. Malvaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Cidreira brava Lantana camara L. Verbenaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Quebra pedra Phyllanthus niruri L. Euphorbiaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Branquiária Brachyaria sp. Poaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Pacoã Homolepis aturensis (H. B. K.) Chase Poaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Capim barba de bode Panicum laxum Sw. Poaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Juquiri Mimosa quadrivalvis L. var. lepdocarpa (DC.) Barneby Mimosaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Vassourinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Clidemia Clidemia bullosa DC. Melastomataceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Tiririquinha Scleria melaleuca Schlect. & Cham. Cyperaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Parreira Cissus erosa L. C. Rich. Vitaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Genipapinho Duroia genipoides Hook. f. Rubiaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Taquari Mabea angularis G. den Hollander Euphorbiaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Acapurana Campsiandra comosa var. lauriflora (Benth.) Cowan Caesalpiniaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Jará Leopoldinia pulchra Mart. Arecaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Abiurana do igapó Pouteria gomphifoia (Mart.) Radlk. Sapotaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Macucu do igapó Aldina latifolia Spruce ex Benth. Fabaceae Sub-arbóreo83


6 05.31706° 061.99990° Envira preta Guatteria discolor R. E. Fries Annonaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Ingá xixica Inga longiflora Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Lourinho Ocotea argyrophylla Ducke Lauraceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Puruí do igapó Duroia saclef ero Hook. f. Rubiaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Paracaxi Pentaclethra macroloba (Willd.) O. Kuntze Mimosaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Muirapiranga Eperua duckeana R. S. Cowan Caesalpiniaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Muirapiranga branca Eperua glabriflora Huber Caesalpiniaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Buxixu de formiga Tococa bullifera DC. Melastomataceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Parreira Cissus erosa L. C. Rich. Vitaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Samambaia (1) Sticherus remotus Herbácio6 05.31706° 061.99990° Branquiária Brachyaria sp. Poaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Capim quicuiu Penniseton clandestinum Hochts Poaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Juquirí Mimosa quadrivalvis L. var. lepdocarpa (DC.) Barneby Mimosaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Vassorinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Clidemia (1) Clidemia bullosa DC. Melastomataceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Quebra pedra Phyllanthus niruri L. Euphorbiaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Pacoã Homolepis aturensis (H. B. K.) Chase Poaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio6 05.31706° 061.99990° Acapurana Campsiandra comosa var. lauriflora (Benth.) Cowan Caesalpiniaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Seringaí Mabea speciosa Müll. Arg. Euphorbiaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Genipapinho Duroia genipoides Hook. f. Rubiaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Puruí do igapó Duroia saclef ero Hook. f. Rubiaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Jará Leopoldinia pulchra Mart. Arecaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Murtinha Myrcia servata McVaugh Myrtaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Canaçari Psidium sp. Myristicaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Faca de boto Clitoria amazonum Mart. ex Benth. Fabaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo84


6 05.31706° 061.99990° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Sucuúba Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson Apocynaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Imbaúba Cecropia distachya Huber Cecropiaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Murici do igapó Byrsonima sp. Malpighiaceae Sub-arbóreo6 05.31706° 061.99990° Envira preta Guatteria discolor R. E. Fries Annonaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Juquiri Mimosa quadrivalvis L. var. lepdocarpa (DC.) Barneby Mimosaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Samambaia Pteridophyta Herbácio7 05.45769° 062.10127° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Capim Mato Grosso Panicum mertensii Roth ex Roem. & Schult. Poaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Capitiú Siparuna guianensis Aubl. Siparunaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Vassourinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Clidemia (1) Clidemia bullosa DC. Melastomataceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Tiririquinha Scleria melaleuca Schlect. & Cham. Cyperaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Malva brava Pavonia sp. Malvaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Acapurana Campsiandra comosa var. lauriflora (Benth.) Cowan Caesalpiniaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Ingá de metro Inga edulis Mart. Mimosaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Imbaúba roxa Cecropia purpurascens C. C. Berg Cecropiaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Faveira camusé Stryphnodendron guianensis (Aubl.) Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Mameleiro Aparisthmium cordatum Baill. Euphorbiaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Pau pombo Tapirira guianensis Aubl. Anacardiaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Supiarana Alchornia discolor Klotzsch Euphorbiaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Imbaubão Cecropia sciadophylla Mart. Cecropiaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Taquari Mabea angularis G. den Hollander Euphorbiaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Goiaba de anta Bellucia grossularioides (L.) Triana Melastomataceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Envira vermelha Xylopia amazonica R. E. Fr. Annonaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Sucuúba Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson Apocynaceae Sub-arbóreo85


7 05.45769° 062.10127° Envira fofa Guatteria magalophylla Diels Annonaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Capim barba de bode Panicum laxum Sw. Poaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Cidreira brava Lantana camara L. Verbenaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Malva brava Pavonia sp. Malvaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Tiririquinha Scleria melaleuca Schlect. & Cham. Cyperaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Juquirí Mimosa quadrivalvis L. var. lepdocarpa (DC.) Barneby Mimosaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Capitiú Siparuna guianensis Aubl. Siparunaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Vassorinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Clidemia (1) Clidemia bullosa DC. Melastomataceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Erva de rato Psychotra barbiflora DC. Rubiaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio7 05.45769° 062.10127° Ingá de metro Inga edulis Mart. Mimosaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Murtinha Myrcia servata McVaugh Myrtaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Buxixu tinteiro Miconia poeppigii Triana Melastomataceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Imbaúba Cecropia distachya Huber Cecropiaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Goiaba de anta Bellucia grossularioides (L.) Triana Melastomataceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Supiarana Alchornia discolor Klotzsch Euphorbiaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Murtinha branca Eugenia biflora (L.) DC. Myrtaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Taquari Mabea angularis G. den Hollander Euphorbiaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Puruí do igapó Duroia saclef ero Hook. f. Rubiaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Abiurana do igapó Pouteria gomphifoia (Mart.) Radlk. Sapotaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Capitari Tabebuia barbata (E. Mey.) Sandwith Bignoniaceae Sub-arbóreo7 05.45769° 062.10127° Jará Leopoldinia pulchra Mart. Arecaceae Sub-arbóreo8 05.73968° 062.27889° Vassourinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio8 05.73968° 062.27889° Paririzinho Heliconia stricta Huber Heliconiaceae Herbácio8 05.73968° 062.27889° Buxixu de formiga Tococa bullifera DC. Melastomataceae Herbácio86


8 05.73968° 062.27889° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio8 05.73968° 062.27889° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio8 05.73968° 062.27889° Capim Mato Grosso Panicum mertensii Roth ex Roem. & Schult. Poaceae Herbácio8 05.73968° 062.27889° Capim quicuiu Penniseton clandestinum Hochts Poaceae Herbácio8 05.73968° 062.27889° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio8 05.73968° 062.27889° Pau pombo Tapirira guianensis Aubl. Anacardiaceae Sub-arbóreo8 05.73968° 062.27889° Buxixu anil Miconia regelii Cogn. Melastomataceae Sub-arbóreo8 05.73968° 062.27889° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo8 05.73968° 062.27889° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo8 05.73968° 062.27889° Goiaba de anta Bellucia grossularioides (L.) Triana Melastomataceae Sub-arbóreo8 05.73968° 062.27889° Costatema Costatemma milanezii Paula Bombacaceae Sub-arbóreo8 05.73968° 062.27889° Banana sororoca Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. Strelitziaceae Sub-arbóreo8 05.73968° 062.27889° Murtinha Myrcia servata McVaugh Myrtaceae Sub-arbóreo8 05.73968° 062.27889° Vassorinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio8 05.73968° 062.27889° Malva brava Pavonia sp. Malvaceae Herbácio8 05.73968° 062.27889° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio8 05.73968° 062.27889° Capim Mato Grosso Panicum mertensii Roth ex Roem. & Schult. Poaceae Herbácio8 05.73968° 062.27889° Buxixu de formiga Tococa bullifera DC. Melastomataceae Herbácio8 05.73968° 062.27889° Costatema Costatemma milanezii Paula Bombacaceae Sub-arbóreo8 05.73968° 062.27889° Murtinha Myrcia servata McVaugh Myrtaceae Sub-arbóreo8 05.73968° 062.27889° Murtinha branca Eugenia biflora (L.) DC. Myrtaceae Sub-arbóreo8 05.73968° 062.27889° Buxixu anil Miconia regelii Cogn. Melastomataceae Sub-arbóreo8 05.73968° 062.27889° Buxixu canela de velho Miconia argyrophylla DC. Melastomataceae Sub-arbóreo8 05.73968° 062.27889° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo8 05.73968° 062.27889° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo8 05.73968° 062.27889° Faveira camusé Stryphnodendron guianensis (Aubl.) Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo8 05.73968° 062.27889° Pau pombo Tapirira guianensis Aubl. Anacardiaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Vassourinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Capim barba de bode Panicum laxum Sw. Poaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Capim quicuiu Penniseton clandestinum Hochts Poaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio87


9 05.77432° 062.30191° Buxixu de formiga Tococa bullifera DC. Melastomataceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Tiririca Scleria pratensis Lindl. Cyperaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Senna Senna tapajozensis H. S. Irwin & Barneby Caesalpiniaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Capim Mato Grosso Panicum mertensii Roth ex Roem. & Schult. Poaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Branquiária Brachyaria sp. Poaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Sucuúba Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson Apocynaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Buxixu canela de velho Miconia argyrophylla DC. Melastomataceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Faveira camusé Stryphnodendron guianensis (Aubl.) Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Rubiaceae Isertia hypoleuca Benth. Rubiaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Tento Ormosia paraensis Ducke Fabaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Buxixu anil Miconia regelii Cogn. Melastomataceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Cebolão bravo Clusia grandiflora Splitg Clusiaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Arraieira branca Conceveiba martiana Baill. Euphorbiaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Imbaubão Cecropia sciadophylla Mart. Cecropiaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Breu sucuruba Trattinnickia rhoifolia Willd. Burseraceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Paricarana Parkia parurensis Spruce ex H. C. Hopkins Mimosaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Taquari Mabea angularis G. den Hollander Euphorbiaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Vassorinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Capim Mato Grosso Panicum mertensii Roth ex Roem. & Schult. Poaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Buxixu de formiga Tococa bullifera DC. Melastomataceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Capim barba de bode Panicum laxum Sw. Poaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Tiririca Scleria pratensis Lindl. Cyperaceae Herbácio88


9 05.77432° 062.30191° Capim quicuiu Penniseton clandestinum Hochts Poaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Senna Senna tapajozensis H. S. Irwin & Barneby Caesalpiniaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Branquiária Brachyaria sp. Poaceae Herbácio9 05.77432° 062.30191° Rubiaceae Isertia hypoleuca Benth. Rubiaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Buxixu anil Miconia regelii Cogn. Melastomataceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Faveira camusé Stryphnodendron guianensis (Aubl.) Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Breu sucuruba Trattinnickia rhoifolia Willd. Burseraceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Tento Ormosia paraensis Ducke Fabaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Banana sororoca Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. Strelitziaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Cebolão bravo Clusia grandiflora Splitg Clusiaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Imbaubão Cecropia sciadophylla Mart. Cecropiaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Arraieira branca Conceveiba martiana Baill. Euphorbiaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Paricarana Parkia parurensis Spruce ex H. C. Hopkins Mimosaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Taquari Mabea angularis G. den Hollander Euphorbiaceae Sub-arbóreo9 05.77432° 062.30191° Sucuúba Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson Apocynaceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Juquiri Mimosa quadrivalvis L. var. lepdocarpa (DC.) Barneby Mimosaceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Capim Mato Grosso Panicum mertensii Roth ex Roem. & Schult. Poaceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Capim quicuiu Penniseton clandestinum Hochts Poaceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Vassourinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Clidemia (1) Clidemia bullosa DC. Melastomataceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Parreira Cissus erosa L. C. Rich. Vitaceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Murtinha Myrcia servata McVaugh Myrtaceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Jurubebinha Solanum fulvidum Bitter Solanaceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Sardinheira Casearia grandiflora Cambess. Flacourtiaceae Sub-arbóreo89


10 06.24041° 062.70089° Jurubebão Solanum crinitum Lam. Solanaceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Babaçu Orbignya speciosa (Mart.) Barb. Rodr. Arecaceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Inajá Attalea maripa (Aubl.) Mart. Arecaceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Açaí Euterpe precatoria Mart. Arecaceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Vassorinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Pacoã Homolepis aturensis (H. B. K.) Chase Poaceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Capim quicuiu Penniseton clandestinum Hochts Poaceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Clidemia (1) Clidemia bullosa DC. Melastomataceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Buxixu de formiga Tococa bullifera DC. Melastomataceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Capim Mato Grosso Panicum mertensii Roth ex Roem. & Schult. Poaceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Tiririquinha Scleria melaleuca Schlect. & Cham. Cyperaceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Juquirí Mimosa quadrivalvis L. var. lepdocarpa (DC.) Barneby Mimosaceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio10 06.24041° 062.70089° Murtinha Myrcia servata McVaugh Myrtaceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Banana sororoca Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. Strelitziaceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Faveira camusé Stryphnodendron guianensis (Aubl.) Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Buxixu anil Miconia regelii Cogn. Melastomataceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Buxixu tinteiro Miconia poeppigii Triana Melastomataceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Babaçu Orbignya speciosa (Mart.) Barb. Rodr. Arecaceae Sub-arbóreo10 06.24041° 062.70089° Caroba Jacaranda copaia D. Dor Bignoniaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Xanana Turnera ulmifolia L. Turneraceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Vassourinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Cipó cacheado Pleunotoma jasminifolia Miers. Bignoniaceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Buxixu de formiga Tococa bullifera DC. Melastomataceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Tiririquinha Scleria melaleuca Schlect. & Cham. Cyperaceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Erva de rato Psychotra barbiflora DC. Rubiaceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Paririzinho Heliconia stricta Huber Heliconiaceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio90


11 06.28383° 062.74678° Arumã Ischnosiphon puberulus Loes Marantaceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Taboca de lontra Palicourea corymbifera Müll. Arg. Rubiaceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Marajá Astrocarythum gynacanthum Mart. Arecaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Mata pasto Cassia reticulata Willd. Caesalpiniaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Murtinha Myrcia servata McVaugh Myrtaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Envira fofa Guatteria magalophylla Diels Annonaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Araça vermelho Myrciaria floribunda (West. ex Willd.) O. Berg. Myrtaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Tucumaí Astrocarythum acaule Mart. Arecaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Feijó branco Cordia nodosa Lam. Boraginaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Rubiaceae Isertia hypoleuca Benth. Rubiaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Envira preta Guatteria discolor R. E. Fries Annonaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Ubim Geonoma maxima (Poit.) Kunth. Arecaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Sucuúba Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson Apocynaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Xanana Turnera ulmifolia L. Turneraceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Vassorinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Buxixu de formiga Tococa bullifera DC. Melastomataceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Capim quicuiu Penniseton clandestinum Hochts Poaceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio11 06.28383° 062.74678° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Murtinha Myrcia servata McVaugh Myrtaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Rubiaceae Isertia hypoleuca Benth. Rubiaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Sucuúba Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson Apocynaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Babaçu Orbignya speciosa (Mart.) Barb. Rodr. Arecaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Faveira camusé Stryphnodendron guianensis (Aubl.) Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Imbaúba Cecropia distachya Huber Cecropiaceae Sub-arbóreo11 06.28383° 062.74678° Inajá Attalea maripa (Aubl.) Mart. Arecaceae Sub-arbóreo12 06.36838° 062.80546° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio12 06.36838° 062.80546° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio91


12 06.36838° 062.80546° Vassourinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio12 06.36838° 062.80546° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio12 06.36838° 062.80546° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio12 06.36838° 062.80546° Pimenta longa (1) Piper brachypetiolatum Yuncker Piperaceae Herbácio12 06.36838° 062.80546° Erva de rato Psychotra barbiflora DC. Rubiaceae Herbácio12 06.36838° 062.80546° Paririzinho Heliconia stricta Huber Heliconiaceae Herbácio12 06.36838° 062.80546° Taboca de lontra Palicourea corymbifera Müll. Arg. Rubiaceae Herbácio12 06.36838° 062.80546° Jacitara Desmoncus polyacanthos Mart. Arecaceae Herbácio12 06.36838° 062.80546° Buxixu de formiga Tococa bullifera DC. Melastomataceae Herbácio12 06.36838° 062.80546° Cana brava Costus arabicus L. Costaceae Herbácio12 06.36838° 062.80546° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio12 06.36838° 062.80546° Mameleiro Aparisthmium cordatum Baill. Euphorbiaceae Sub-arbóreo12 06.36838° 062.80546° Buxixu tinteiro Miconia poeppigii Triana Melastomataceae Sub-arbóreo12 06.36838° 062.80546° Apuí Ficus duckeana C. C. Berg Moraceae Sub-arbóreo12 06.36838° 062.80546° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo12 06.36838° 062.80546° Paxiubarana Tovomita caloneura A. C. Sm. Clusiaceae Sub-arbóreo12 06.36838° 062.80546° Murtinha branca Eugenia biflora (L.) DC. Myrtaceae Sub-arbóreo12 06.36838° 062.80546° Murtinha Myrcia servata McVaugh Myrtaceae Sub-arbóreo12 06.36838° 062.80546° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo12 06.36838° 062.80546° Sucuúba Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson Apocynaceae Sub-arbóreo12 06.36838° 062.80546° Goiaba de anta Bellucia grossularioides (L.) Triana Melastomataceae Sub-arbóreo12 06.36838° 062.80546° Envira fofa Guatteria magalophylla Diels Annonaceae Sub-arbóreo12 06.36838° 062.80546° Bacabinha Oenocarpus minor Mart. Arecaceae Sub-arbóreo12 06.36838° 062.80546° Bacaba Oenocarpus bacaba Mart. Arecaceae Sub-arbóreo12 06.36838° 062.80546° Banana sororoca Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. Strelitziaceae Sub-arbóreo12 06.36838° 062.80546° Imbaúba roxa Cecropia purpurascens C. C. Berg Cecropiaceae Sub-arbóreo12 06.36838° 062.80546° Vassorinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio12 06.36838° 062.80546° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio12 06.36838° 062.80546° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio12 06.36838° 062.80546° Capim barba de bode Panicum laxum Sw. Poaceae Herbácio12 06.36838° 062.80546° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio13 06.46168° 062.88400° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio13 06.46168° 062.88400° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio13 06.46168° 062.88400° Samambaia Pteridophyta Herbácio92


13 06.46168° 062.88400° Vassourinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio13 06.46168° 062.88400° Malva brava Pavonia sp. Malvaceae Herbácio13 06.46168° 062.88400° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio13 06.46168° 062.88400° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Imbaúba Cecropia distachya Huber Cecropiaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Cebolão bravo Clusia grandiflora Splitg Clusiaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Andirobinha Carapa procera DC. Meliaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Buxixu tinteiro Miconia poeppigii Triana Melastomataceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Imbaúba Cecropia distachya Huber Cecropiaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Ingá xixica Inga longiflora Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Mandioqueira vermelha Vochysia rufescens W. A. Rodrigues Vochysiaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Jutaí pororoca Dialium guianense Steud Caesalpiniaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Pau pombo Tapirira guianensis Aubl. Anacardiaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Torém branco Pourouma minor Benoist Cecropiaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Taquari Mabea angularis G. den Hollander Euphorbiaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Bacabinha Oenocarpus minor Mart. Arecaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio13 06.46168° 062.88400° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio13 06.46168° 062.88400° Vassorinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio13 06.46168° 062.88400° Samambaia Pteridophyta Herbácio13 06.46168° 062.88400° Buxixu de formiga Tococa bullifera DC. Melastomataceae Herbácio13 06.46168° 062.88400° Samambaia Pteridophyta Herbácio13 06.46168° 062.88400° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio13 06.46168° 062.88400° Tiririquinha Scleria melaleuca Schlect. & Cham. Cyperaceae Herbácio13 06.46168° 062.88400° Capim quicuiu Penniseton clandestinum Hochts Poaceae Herbácio13 06.46168° 062.88400° Senna Senna tapajozensis H. S. Irwin & Barneby Caesalpiniaceae Herbácio13 06.46168° 062.88400° Goiaba de anta Bellucia grossularioides (L.) Triana Melastomataceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Buxixu tinteiro Miconia poeppigii Triana Melastomataceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Morototo Schefllera morototoni (Aubl.) Frondin Araliaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Cebolão bravo Clusia grandiflora Splitg Clusiaceae Sub-arbóreo93


13 06.46168° 062.88400° Faveira camusé Stryphnodendron guianensis (Aubl.) Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400°Faveira orelha demacaco Enterolobium schomburgkii Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Imbaúba roxa Cecropia purpurascens C. C. Berg Cecropiaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Andirobinha Carapa procera DC. Meliaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Ingá xixica Inga longiflora Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Ucuúba Virola cuspidata Warb. Myristicaceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Buxixu anil Miconia regelii Cogn. Melastomataceae Sub-arbóreo13 06.46168° 062.88400° Imbaubão Cecropia sciadophylla Mart. Cecropiaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Capim Mato Grosso Panicum mertensii Roth ex Roem. & Schult. Poaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Vassourinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Quebra pedra Phyllanthus niruri L. Euphorbiaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Malva brava Pavonia sp. Malvaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Senna Senna tapajozensis H. S. Irwin & Barneby Caesalpiniaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Buxixu de formiga Tococa bullifera DC. Melastomataceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Erva de rato Psychotra barbiflora DC. Rubiaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Parreira Cissus erosa L. C. Rich. Vitaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Juquiri Mimosa quadrivalvis L. var. lepdocarpa (DC.) Barneby Mimosaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Banana sororoca Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. Strelitziaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Mungubarana Bombacopsis nervosa (Vitt.) Robyns Bombacaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Rubiaceae Isertia hypoleuca Benth. Rubiaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Goiaba de anta Bellucia grossularioides (L.) Triana Melastomataceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Taboca de lontra Palicourea corymbifera Müll. Arg. Rubiaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Ingá xixica Inga longiflora Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo94


14 06.69546° 062.97302° Muela de mutum Lacunaria jenmani Ducke Quiinaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Mameleiro Aparisthmium cordatum Baill. Euphorbiaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Imbaúba roxa Cecropia purpurascens C. C. Berg Cecropiaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Costatema Costatemma milanezii Paula Bombacaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Tabocão de lontra Palicourea guianensis Aubl. Rubiaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Erva de rato Psychotra barbiflora DC. Rubiaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Rapateaceae Rapatea paludosa Aubl. Rapateaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Malva brava Pavonia sp. Malvaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Vassorinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Tiririquinha Scleria melaleuca Schlect. & Cham. Cyperaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Paririzinho Heliconia stricta Huber Heliconiaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Senna Senna tapajozensis H. S. Irwin & Barneby Caesalpiniaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Parreira Cissus erosa L. C. Rich. Vitaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Branquiária Brachyaria sp. Poaceae Herbácio14 06.69546° 062.97302° Banana sororoca Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. Strelitziaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Marajá Astrocarythum gynacanthum Mart. Arecaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Maruparí Simaba polyphylla (Cavalcante) W. Thomas Simaroubaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Envira vermelha Xylopia amazonica R. E. Fr. Annonaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Taquari Mabea angularis G. den Hollander Euphorbiaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Ucuúba punã Iryanthera macrophylla (Benth.) Warb. Myristicaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Taxi preto Tachigali venusta Dwyer Caesalpiniaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Buxixu amarelo Miconia tomentosa (Rich.) D. Don Melastomataceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Guaraná bravo Paullinia sp. Sapindaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Patauá Oenocarpus bataua Mart. Arecaceae Sub-arbóreo14 06.69546° 062.97302° Coré Parkia velutina Benoist Mimosaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio95


15 07.22557° 063.14320° Patinho roxo Centrosema brasilianum (L.) Benth. Fabaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Juquiri Mimosa quadrivalvis L. var. lepdocarpa (DC.) Barneby Mimosaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Vassourinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Branquiária Brachyaria sp. Poaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Capim navalha Digitaria horizontalis Willd. Poaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Capim quicuiu Penniseton clandestinum Hochts Poaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Malva brava Pavonia sp. Malvaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Parreira Cissus erosa L. C. Rich. Vitaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Sucuúba Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson Apocynaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Imbaúba Cecropia distachya Huber Cecropiaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Andirobinha Carapa procera DC. Meliaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Feijó branco Cordia nodosa Lam. Boraginaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Banana sororoca Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. Strelitziaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Goiaba de anta Bellucia grossularioides (L.) Triana Melastomataceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Faveira camusé Stryphnodendron guianensis (Aubl.) Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Rubiaceae Isertia hypoleuca Benth. Rubiaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Imbaubão Cecropia sciadophylla Mart. Cecropiaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Caroba Jacaranda copaia D. Dor Bignoniaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Supiarana Alchornia discolor Klotzsch Euphorbiaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Buxixu anil Miconia regelii Cogn. Melastomataceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Vassorinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Patinha roxa Centrosema brasilianum (L.) Benth. Fabaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Juquirí Mimosa quadrivalvis L. var. lepdocarpa (DC.) Barneby Mimosaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Capim navalha Digitaria horizontalis Willd. Poaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio96


15 07.22557° 063.14320° Malícia Mimosa sensitiva L. Mimosaceae Herbácio15 07.22557° 063.14320° Piriquiteira Trema micrantha (L.) Blume Ulmaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Sucuúba Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson Apocynaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Banana sororoca Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. Strelitziaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Murtinha Myrcia servata McVaugh Myrtaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Faveira camusé Stryphnodendron guianensis (Aubl.) Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Imbaúba Cecropia distachya Huber Cecropiaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Sardinheira Casearia grandiflora Cambess. Flacourtiaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Murtinha branca Eugenia biflora (L.) DC. Myrtaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Pitomba da mata Talisia guianensis Aubl. Sapindaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Inajá Attalea maripa (Aubl.) Mart. Arecaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Maruparí Simaba polyphylla (Cavalcante) W. Thomas Simaroubaceae Sub-arbóreo15 07.22557° 063.14320° Imbaubão Cecropia sciadophylla Mart. Cecropiaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Capim quicuiu Penniseton clandestinum Hochts Poaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Branquiária Brachyaria sp. Poaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Capim navalha Digitaria horizontalis Willd. Poaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Capitiú Siparuna guianensis Aubl. Siparunaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Patinho roxo Centrosema brasilianum (L.) Benth. Fabaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Imbaúba Cecropia distachya Huber Cecropiaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Supiarana Alchornia discolor Klotzsch Euphorbiaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Morototo Schefllera morototoni (Aubl.) Frondin Araliaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Buxixu anil Miconia regelii Cogn. Melastomataceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Buxixu tinteiro Miconia poeppigii Triana Melastomataceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Ingá xixica Inga longiflora Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo97


16 07.38075° 063.20164° Poeraria Mucuna urens DC. Fabaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Capim navalha Digitaria horizontalis Willd. Poaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Pimenta longa Piper alatabacum Trel. & Yuncker Piperaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Malva brava Pavonia sp. Malvaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Capitiú Siparuna guianensis Aubl. Siparunaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Branquiária Brachyaria sp. Poaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Helicónia Heliconia acuminata Rich. Heliconiaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Cana brava Costus arabicus L. Costaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Paririzinho Heliconia stricta Huber Heliconiaceae Herbácio16 07.38075° 063.20164° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Banana sororoca Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. Strelitziaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Ingá xixica Inga longiflora Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Louro alcatrão Ocotea longifolia H. B. K. Lauraceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Paxiubinha Iriantella setigera (Mart.) H. Wendl. Arecaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Babaçu Orbignya speciosa (Mart.) Barb. Rodr. Arecaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Ubim Geonoma maxima (Poit.) Kunth. Arecaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Envira preta Guatteria discolor R. E. Fries Annonaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Envira amarela Duguetia trunciflora A. H. Gentry & Maas. Annonaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Marajá Astrocarythum gynacanthum Mart. Arecaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Breu branco Protium hebetatum Daly Burseraceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Pitomba da mata Talisia guianensis Aubl. Sapindaceae Sub-arbóreo16 07.38075° 063.20164° Bacabinha Oenocarpus minor Mart. Arecaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Vassourinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Rinchão do brejo Stachytarpheta cayannensis (Rich.) Vahl Verbenaceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Branquiária Brachyaria sp. Poaceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Taboquinha Olyra latifolia L. Poaceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Juquiri Mimosa quadrivalvis L. var. lepdocarpa (DC.) Barneby Mimosaceae Herbácio98


17 07.54858° 063.26407° Tiriricão Scleria cyperina Kunth. Cyperaceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Clidemia (1) Clidemia bullosa DC. Melastomataceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Clidemia Clidemia novemnervia Triana Melastomataceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Banana sororoca Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. Strelitziaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Morototo Schefllera morototoni (Aubl.) Frondin Araliaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Mameleiro Aparisthmium cordatum Baill. Euphorbiaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Faveira camusé Stryphnodendron guianensis (Aubl.) Benth. Mimosaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Supiarana Alchornia discolor Klotzsch Euphorbiaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Tabocão de lontra Palicourea guianensis Aubl. Rubiaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Murtinha branca Eugenia biflora (L.) DC. Myrtaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Murtinha Myrcia servata McVaugh Myrtaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Buxixu canela de velho Miconia argyrophylla DC. Melastomataceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Imbaubão Cecropia sciadophylla Mart. Cecropiaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Sorvinha Couma utilis (Mart.) Müll. Arg. Apocynaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Imbaúba Cecropia distachya Huber Cecropiaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Vassorinha de botão Spermacoce capitata (RUIZ & PAV.) DC. Rubiaceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Tiriricão Scleria cyperina Kunth. Cyperaceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Capim rabo de raposa Andropogon bicornis L. Poaceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Branquiária Brachyaria sp. Poaceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Samambaia Pteridophyta Herbácio17 07.54858° 063.26407° Taboquinha Olyra latifolia L. Poaceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Clidemia (1) Clidemia bullosa DC. Melastomataceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Cipó de fogo Davilla kunthii A. St. Hil. Dilleniaceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Capitiú Siparuna guianensis Aubl. Siparunaceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Erva de rato Psychotra barbiflora DC. Rubiaceae Herbácio17 07.54858° 063.26407° Taxi branco Sclerolobium setiferum Ducke Caesalpiniaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Buxixu anil Miconia regelii Cogn. Melastomataceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Lacre branco Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. Clusiaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Lacre vermelho Vismia sandwithii Ewan Clusiaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Lacre grande Vismia angusta Miq. Clusiaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Supiarana Alchornia discolor Klotzsch Euphorbiaceae Sub-arbóreo99


17 07.54858° 063.26407° Murtinha branca Eugenia biflora (L.) DC. Myrtaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Sucuúba Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson Apocynaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Goiaba de anta Bellucia grossularioides (L.) Triana Melastomataceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Banana sororoca Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. Strelitziaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Morototo Schefllera morototoni (Aubl.) Frondin Araliaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Sorvinha Couma utilis (Mart.) Müll. Arg. Apocynaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Buxixu canela de velho Miconia argyrophylla DC. Melastomataceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Inajá Attalea maripa (Aubl.) Mart. Arecaceae Sub-arbóreo17 07.54858° 063.26407° Babaçu Orbignya speciosa (Mart.) Barb. Rodr. Arecaceae Sub-arbóreo100


Observa-se, pelas informações e tabelas aqui apresentadas, que a AID da BR 319possui elevada riqueza de plantas herbáceas e epífitas, fato esse que deve ser consideradono plano de compensação ambiental da rodovia.- Descritores FitossociológicosDistribuição diamétrica/alturaAs espécies registradas no referido traçado apresentaram distribuição diamétricadecrescente, em forma de “J invertido”, padrão característico de florestas naturaisinequiâneas ou multiâneas, segundo François De Liocourt, citado por Cruz (2001),demonstrado na Figura 22.As classes diamétricas definidas foram no total de 11. A primeira classe (10 – 19,9)destacou-se pela alta concentração dos indivíduos amostrados, cerca de 48,50% daamostragem total de indivíduos arbóreos. A segunda classe (20 – 29,9) apresentou 20,91%,seguido da quarta classe com 8,40%. Essas três classes juntas perfazem 77,09% daamostragem total, ficando 22,91% restantes distribuídos pelas demais classes.Distribuição DiamétricaN o de Indivíduos800070006000500040003000200010000754332531049 1307 522 699 660 329 141 34 1710 - 19,920 - 29,930 - 39,940 - 49,950 - 59,960 - 69,970 - 79,980 - 89,990 - 99,9100 - 109,9110 - 150Classes de Diâmetro (cm)Figura 22 - Distribuição do número de indivíduos por classes de diâmetros, correspondente ao traçado darodovia BR-319, Estado do Amazonas.A constatação de que a maioria dos indivíduos se concentrou nas menores classes dediâmetros, indica a atuação da regeneração natural na Área de Influência Direta do traçadoestudado. O recrutamento de novos indivíduos à comunidade vegetal em foco em decorrênciada regeneração refletiu, inclusive, sobre a diversidade local das espécies, sendo corroborada101


pela tabela 14 que demonstra a concentração da maior porcentagem dos indivíduos nasmenores classes diamétricas.Suficiência AmostralEm estudos de vegetação, existe um especial interesse pela relação entre o númerode espécies e a área estudada. É uma questão prática, no estudo de comunidades, saberquanto da área estudada é necessário para que estejam representadas todas as espéciesconsideradas importantes no funcionamento e caracterização da comunidade (Margalef,1989). Estes métodos se baseiam nas concepções de área mínima e curva espécie-área, querelacionam o número de espécies à área amostrada (Margalef, 1989; Kent & Coker, 1992).O número de espécies cresce sempre com o aumento da área amostral, conforme temsido observado mesmo em comunidades distintas quanto à homogeneidade, riqueza epadrões de distribuição espacial (Matteucci & Colma, 1982; Margalef, 1989). Considera-seque, no ponto em que a curva cumulativa gerada entre o número de espécies e a áreaamostrada não apresentar aumento significativo ou este até mesmo for nulo, é determinada aárea mínima, momento em que se percebe a tendência da formação de um "platô". Na Figura23 a estabilização da curva inicia à partir da marca de 80 ha amostrados, demonstrando arepresentatividade do levantamento em relação à população da AID da BR 319.Curva do coletor (População)número de espécies25020015010050y = 58,568Ln(x) - 24,552R 2 = 0,980700 100 200 300 400 500 600 700 800Área (1000m²)Figura 23 - Curva Espécie-área para a população.Apesar da curva-coletora acima indicar uma boa representatividade da amostragemem relação à população florestal como um todo, faz-se necessário suceder o mesmoprocedimento de análise individualmente para cada fitofisionomia. Tal procedimento éjustificado uma vez que algumas espécies são exclusivas de um determinado habitat.102


Sendo assim, seguem as figuras 24 a 29 descritos acima:Curva do coletor (F. Ombrófila Densa - P5 e P13)número de espécies1009080706050403020100y = 39,053Ln(x) - 0,8656R 2 = 0,99380 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100Área (1000m²)Figura 24 - Curva do Coletor para Floresta Ombrófila Densa.90Curva do coletor (F. Ombrófila Aberta - P10 e P14)número de espécies80706050403020y = 32,713Ln(x) + 0,9496R 2 = 0,97491000 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100Área (1000m²)Figura 25 - Curva do Coletor para Floresta Ombrófila Aberta.Curva do coletor (F. O. D. de terras baixas - P4, 9 e 16)120100y = 38,531Ln(x) - 0,1129R 2 = 0,9887número de espécies8060402000 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150Área (1000m²)Figura 26 - Curva do Coletor para Floresta Ombrófila Densa de Terra Baixas.103


Curva do coletor (Contato Savana - F.O. - P2, 8,12 e 17)número de espécies1401201008060402000102030405060708090Figura 27 - Curva do Coletor para Savana.número de espécies140120100806040200Área (1000m²)y = 32,682Ln(x) + 9,4235R 2 = 0,9667100110120130140150160170180190200Curva do coletor (F. O. A. Aluvial c/ pal - P 6, 7,11 e 12)0102030405060708090y = 42,444Ln(x) - 1,4351Área (1000m²)R 2 = 0,993Figura 28 - Curva do Coletor para Floresta Ombrófila Aberta Aluvial.70100110120130140150160170180190200Curva do coletor (F. O. Ab. de terras baixas c/ pal - P15)número de espécies6050403020y = 32,577Ln(x) + 1,9449R 2 = 0,99261000 10 20 30 40 50Área (1000m²)Figura 29 - Curva do Coletor para Floresta Ombrófila Aberta de Terras Baixas.Observa-se pelo estudo dos gráficos acima que, com exceção da Floresta OmbrófilaAberta de terras baixas - cuja intensão amostral foi a menor (5 hectares), todos as demais104


fitofisionomias se encontram satisfatoriamente representadas. Vale salientar que muitas dasespécies que estima-se não serem contempladas nas análises individuais deste método,estão presentes no universo amostral, conforme representa o gráfico para a população.Estimativa volumétricaA estimativa dos volumes de material lenhoso por unidade de área e para o total dapopulação neste estudo considerou a área total dos 17 pontos amostrais, perfazendo umatotal de 85 ha.A média da população estimada foi de 544,4 m³ por hectare. Para a variação dasunidades de amostragem foram encontrados o desvio padrão de valor 9,84 e a variância devalor 96,94. O desvio padrão dá idéia da dispersão dos valores estimados em relação aosvalores verdadeiros.O intervalo de confiança a 90% de probabilidade é 498,29 m³/ha - limite inferior, e590,59 m³/ há – limite superior. O erro de amostragem é de 8,48%, indicando a precisão dolevantamento realizado. A Tabela 13 apresenta um quadro resumo com os dados obtidos.Tabela 13 – Análise Estatística.Parâmetros EstatísticosÁrea Total (ha) 568,0Média (x) 544,4Desvio Padrão 9,84Variância 96,94Coeficiente de Variação % 30,1Teste T 1,6896Erro de Amostragem 46,15Erro de Amostragem % 8,48IC para a Média por há (90%) 498,294


Tabela 14 - Distribuição dos indivíduos amostrados pelas classes diamétricas/altura.Classes deClasses de Altura (m)Diâmetro (cm) 1 - 5 6 - 10 11 – 15 16 - 20 21 - 25 Total %10 - 19,9 3256 3959 313 15 7543 48,520 - 29,9 350 2417 469 17 3253 20,930 - 39,9 78 549 359 63 1049 6,740 - 49,9 563 594 150 1307 8,450 - 59,9 184 220 118 522 3,460 - 69,9 84 405 209 1 699 4,570 - 79,9 19 191 450 660 4,280 - 89,9 18 79 232 329 2,190 - 99,9 52 89 141 0,9100 - 109,9 34 34 0,2110 – 150 15 1 1 17 0,1Total 3684 7793 2697 1344 36 15554% 23,7 50,1 17,3 8,6 1,3A concentração de indivíduos nas classes inferiores (1-5 e 6-10), associada àdistribuição irregular de indivíduos nas classes superiores, revela que a floresta se encontraem processo de crescimento e de formação do dossel. A fitofisionomia, no que tange aestrutura desta floresta, é marcada pelo porte baixo da vegetação, dossel sem estratosdefinidos com a presença em baixa freqüência de alguns indivíduos emergentes (16 a 20 m).Tais características estruturais revelam uma formação florestal característica de florestaperturbada, ou secundárias.106


Parâmetros fitossociológicosO Índice de Valor de Importância relativa (IVI) é um parâmetro que estima aimportância das espécies na biocenose florestal (Rodrigues, 1988). Com base nessainterpretação, as espécies mais características em todos os ambientes são as dez primeiraslistadas na tabela 15, apresentando maiores valores de importância, cobertura e número deindivíduos.As espécies de maior IVI se destacam por suas capacidades de adaptação ecompetição nas condições bióticas e abióticas da área de estudo. Também, vale relevar acontribuição delas para o estabelecimento do equilíbrio ecológico e a manutenção da cadeiaalimentar de espécies da fauna silvestre local.As espécies de maior Índice de Valor de Importância Relativa que ocorrem em todasas fitofisionomias devem compor o elenco das espécies a serem replantadas nas áreas aserem desmatadas, uma vez que naturalmente possuem maior propenção à sobrevivência inlocu. Em solos alterados, faz-se necessária a recomposição de condições de fertilidade dosolo e reposição de folhedo que colaborem para o estabelecimento de novas espécies,incrementando a capacidade de regeneração natural e o restabelecimento das funçõesecológicas, possibilitando a sustentabilidade da floresta implantada.107


Tabela 15 - Descritores fitossociológicos das espécies inventariadas, em ordem decrescente de Índice de Valor de Importância relativa (IVI) da área do traçado da rodovia BR319. N: número de indivíduos; P: número de unidades amostrais; d: diâmetro médio; AB: área basal; DR: densidade relativa; FR: freqüência relativa; DoR: dominância relativa;IVC: índice de valor de cobertura; IVI: Índice de Valor de Importância.Nome cientifico N P d (cm) AB (m 2 /há) DR (%) FR (%) DoR (%) IVC (%) IVI (%)Mauritia flexuosa L. f. 673 41 41,34 106,1204 4,33 0,90 6,70 11,03 11,93Eperua oleifera Ducke 129 64 81,21 69,6055 0,83 1,40 4,40 5,23 6,63Sclerolobium setiferum Ducke 500 67 22,17 22,7491 3,21 1,47 1,44 4,65 6,12Goupia glabra Aubl. 523 62 19,94 18,5496 3,36 1,36 1,17 4,53 5,89Qualea paraensis Ducke 424 70 24,86 24,8345 2,73 1,53 1,57 4,29 5,83Mabea speciosa Müll. Arg. 540 56 18,10 14,5985 3,47 1,23 0,92 4,39 5,62Parkia pendula (Willd.) Walp 132 30 72,78 59,3869 0,85 0,66 3,75 4,60 5,26Caryocar pallidum (Aubl.) Pers. 248 38 42,14 42,2962 1,59 0,83 2,67 4,27 5,10Astrocaryum jauari Mart. 488 44 18,33 13,0034 3,14 0,96 0,82 3,96 4,92Pouteria freitasii T.D. Penn. 246 52 26,62 21,2759 1,58 1,14 1,34 2,93 4,06Bowdichia virgilioides H.B.K. 249 51 26,23 17,8927 1,60 1,12 1,13 2,73 3,85Eschweilera coriácea (DC.) S.A. Mori 167 55 37,27 24,2649 1,07 1,20 1,53 2,61 3,81Balizia elegans (Ducke) Barneby & J.W. Grimes 103 33 66,44 37,3997 0,66 0,72 2,36 3,02 3,75Simaruba amara Aubl. 254 37 28,19 19,7472 1,63 0,81 1,25 2,88 3,69Scleronema micranthum Ducke 123 52 49,37 27,5611 0,79 1,14 1,74 2,53 3,67Parkia multijuga Benth. 110 36 56,04 34,0681 0,71 0,79 2,15 2,86 3,65Vismia cayannensis (Jacq.) Pers. 369 38 14,59 6,3486 2,37 0,83 0,40 2,77 3,60Bellucia grossularioides (L.) Triana 332 44 15,88 7,5644 2,13 0,96 0,48 2,61 3,57Hymenolobium modestum Ducke 197 39 31,98 22,4847 1,27 0,85 1,42 2,69 3,54Virola pavonis (A. DC.) A.C. Sm. 255 26 28,95 18,3453 1,64 0,57 1,16 2,80 3,37Taxigali myrmecophyla Ducke 246 32 27,26 16,8542 1,58 0,70 1,06 2,65 3,35Enterolobium schomburgkii Benth. 123 39 46,67 26,7624 0,79 0,85 1,69 2,48 3,33Stryphnodendron guianensis (Aubl.) Benth. 278 46 17,55 7,0093 1,79 1,01 0,44 2,23 3,24Attalea attaleoides (Barb. Rodr.) Wess. Bôer 292 27 20,79 10,8434 1,88 0,59 0,68 2,56 3,15Vismia japurensis Reichardt 292 37 17,00 7,2762 1,88 0,81 0,46 2,34 3,15Hydrochorea corymbosa (Rich.) Barneby & J.W. Grimes 256 29 23,02 11,8313 1,65 0,63 0,75 2,39 3,03Caryocar villosum (Aubl.) Pers. 77 30 66,44 28,4281 0,50 0,66 1,80 2,29 2,95Hymenaea courbaril L. 119 32 47,16 23,0581 0,77 0,70 1,46 2,22 2,92Erisma bracteosum Ducke 75 28 68,29 28,3510 0,48 0,61 1,79 2,27 2,89108


Hevea spruceana (Benth.) Müll. Arg. 165 36 31,48 15,4181 1,06 0,79 0,97 2,03 2,82Hevea brasiliensis (Willd. Ex A. Juss.) Müll. Arg. 176 44 27,04 11,39725 1,13 0,96 0,72 1,85 2,81Buchenavia parvifolia Ducke 76 24 64,19 27,2188 0,49 0,53 1,72 2,21 2,73Brosimum parinarioides Ducke 55 39 71,23 22,9404 0,35 0,85 1,45 1,80 2,66Dinizia excelsa Ducke 35 20 105,68 30,7375 0,23 0,44 1,94 2,17 2,60Swartzia sp. 139 47 26,28 10,1258 0,89 1,03 0,64 1,53 2,56Mauritiella aculeata (Kunth) Burret. 270 20 15,61 5,6348 1,74 0,44 0,36 2,09 2,53Hymenolobium excelsum Ducke 66 32 59,57 21,6658 0,42 0,70 1,37 1,79 2,49Cariniana micrantha Ducke 42 28 86,61 25,4579 0,27 0,61 1,61 1,88 2,49Sacoglottis guianensis 218 28 19,03 7,0777 1,40 0,61 0,45 1,85 2,46Osteophloeum platyspermum (A. DC.) Warb. 69 39 51,31 18,0252 0,44 0,85 1,14 1,58 2,44Dialium guianense Steud 125 30 35,34 14,6053 0,80 0,66 0,92 1,73 2,38Brosimum rubescens Taub. 57 45 57,99 16,1280 0,37 0,98 1,02 1,39 2,37Vatairea paraensis Ducke 42 26 83,97 23,5597 0,27 0,57 1,49 1,76 2,33Lecythis zabucajo Aubl. 46 33 75,29 20,4991 0,30 0,72 1,29 1,59 2,31Psidium guajava L. 189 37 10,80 1,7318 1,22 0,81 0,11 1,32 2,13Tapirira guianensis Aubl. 185 22 18,66 5,9607 1,19 0,48 0,38 1,57 2,05Virola caducifolia W.A. Rodrigues 59 43 45,89 11,3573 0,38 0,94 0,72 1,10 2,04Attalea speciosa Mart. ex Spreng. 127 22 33,49 11,6228 0,82 0,48 0,73 1,55 2,03Virola cuspidata Warb. 79 33 36,26 12,1686 0,51 0,72 0,77 1,28 2,00Brosimum utile (H.B.K.) Pittier 50 37 55,51 13,5918 0,32 0,81 0,86 1,18 1,99Clarisia recemosa Ruiz & Pav. 42 27 72,81 17,8422 0,27 0,59 1,13 1,40 1,99Copaifera greicarpa Ducke 42 24 73,54 18,3194 0,27 0,53 1,16 1,43 1,95Corythophora alta Knuth 33 17 89,93 21,2146 0,21 0,37 1,34 1,55 1,92Hymenolobium sericeum Ducke 33 18 89,13 20,5882 0,21 0,39 1,30 1,51 1,91Erisma bicolor Ducke 40 25 73,21 16,8386 0,26 0,55 1,06 1,32 1,87Lecythis prancei S.A. Mori 42 27 68,77 15,8740 0,27 0,59 1,00 1,27 1,86Macrolobium acaciaefolium (Benth.) Nemth 85 31 35,95 9,8990 0,55 0,68 0,63 1,17 1,85Anacardium parvifolium Ducke 56 22 56,56 14,7472 0,36 0,48 0,93 1,29 1,77Hevea guianensis Aubl. 137 29 18,08 3,8042 0,88 0,63 0,24 1,12 1,76Ormosia grossa Rudd 41 27 65,41 14,1650 0,26 0,59 0,89 1,16 1,75Abarema floribunda (Spruce ex Benth.) Barneby & J.W. Grimes 43 28 60,70 13,2321 0,28 0,61 0,84 1,11 1,72Ficus maxima Miller 138 29 15,48 3,0109 0,89 0,63 0,19 1,08 1,71109


Parkia nitida Miq. 53 22 57,54 13,9006 0,34 0,48 0,88 1,22 1,70Sacoglottis ceratocarpa Ducke 39 21 70,84 15,3918 0,25 0,46 0,97 1,22 1,68Eschweilera collina Eyma 58 23 47,33 12,6595 0,37 0,50 0,80 1,17 1,68Diospyros guianensis (Aubl.) Gürke 77 43 22,34 3,5259 0,50 0,94 0,22 0,72 1,66Virola surinamensis (Rol. Ex Rottb.) Warb. 57 39 37,69 6,8330 0,37 0,85 0,43 0,80 1,65Clusia grandiflora Splitg 143 25 15,03 2,6293 0,92 0,55 0,17 1,09 1,63Pouteria platyphylla (A.C. Sm.) Baehni 72 40 27,39 4,6372 0,46 0,88 0,29 0,76 1,63Tovomita cf. martiana Engl. 147 23 13,57 2,2004 0,95 0,50 0,14 1,08 1,59Bertolletia excelsa H.B.K. 40 21 64,04 12,9765 0,26 0,46 0,82 1,08 1,54Genipa americana L. 97 18 27,55 7,0862 0,62 0,39 0,45 1,07 1,46Miconia regelii Cogn. 130 23 13,71 1,9512 0,84 0,50 0,12 0,96 1,46Taxigali venusta Dwyer. 34 33 53,36 8,1503 0,22 0,72 0,51 0,73 1,46Moronobea pulchra Ducke 35 19 67,61 12,8325 0,23 0,42 0,81 1,04 1,45Aspidosperma sandwithianum Markgr 72 25 34,01 6,9149 0,46 0,55 0,44 0,90 1,45Attalea maripa (Aubl.) Mart. 96 29 18,95 2,8903 0,62 0,63 0,18 0,80 1,43Annona foetida Mart. 88 24 23,18 5,2766 0,57 0,53 0,33 0,90 1,42Himatanthus bracteatus (A. DC.) Woodson 125 17 17,57 3,2182 0,80 0,37 0,20 1,01 1,38Ormosia paraensis Ducke 69 22 29,05 7,1804 0,44 0,48 0,45 0,90 1,38Caryocar glabrum (Aubl.) Pers. 65 39 16,28 1,3980 0,42 0,85 0,09 0,51 1,36Cecropia purpurascens C.C. Berg 102 25 16,23 2,3347 0,66 0,55 0,15 0,80 1,35Licania pallida Spruce ex Sagot. 62 28 28,98 5,2296 0,40 0,61 0,33 0,73 1,34Vismia angusta Miq. 86 31 15,00 1,5845 0,55 0,68 0,10 0,65 1,33Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. 36 25 52,78 8,6842 0,23 0,55 0,55 0,78 1,33Clitoria amazonum Mart. Ex Benth. 98 22 17,83 2,5273 0,63 0,48 0,16 0,79 1,27Micropholis williamii Aubrév. & Pellegr. 38 22 52,52 8,3007 0,24 0,48 0,52 0,77 1,25Vochysia rufescens W.A. Rodrigues 51 20 43,63 7,6609 0,33 0,44 0,48 0,81 1,25Mabea subsessilis Pax & K. Hoffm. 98 17 20,10 3,2215 0,63 0,37 0,20 0,83 1,21Inga alba (Sw.) Willd. 66 23 24,52 3,8784 0,42 0,50 0,24 0,67 1,17Inga cinnamomea Spruce ex Benth. 23 23 66,71 8,0389 0,15 0,50 0,51 0,66 1,16Schefllera morototoni (Aubl.) Frondim 33 28 41,41 5,0605 0,21 0,61 0,32 0,53 1,14Copaifera multijuga Hayne 39 22 45,03 6,4966 0,25 0,48 0,41 0,66 1,14Bombacopsis nervosa (Vitt.) Robyns 51 26 27,09 3,8477 0,33 0,57 0,24 0,57 1,14Inga sp. 60 28 21,25 2,1935 0,39 0,61 0,14 0,52 1,14110


Ocotea nitida (Meisn.) Rohwer 76 25 15,36 1,4795 0,49 0,55 0,09 0,58 1,13Carapa guianensis Aubl. 70 25 18,08 2,0199 0,45 0,55 0,13 0,58 1,12Cecropia sp. 61 16 33,45 5,9914 0,39 0,35 0,38 0,77 1,12Pterocarpus rohrii Vahl 53 24 27,32 3,8520 0,34 0,53 0,24 0,58 1,11Croton lanjouwensis Jablonski 86 21 13,98 1,3308 0,55 0,46 0,08 0,64 1,10Pterocarpus officinalis Jacq. 46 27 28,14 3,0289 0,30 0,59 0,19 0,49 1,08Sloanea brachytepala Ducke 36 17 49,55 7,4940 0,23 0,37 0,47 0,70 1,08Anacardium spruceanum Benth. ex Engl. 28 25 47,79 5,4592 0,18 0,55 0,34 0,52 1,07Symphonia globulifera L. 34 29 31,90 3,0185 0,22 0,63 0,19 0,41 1,04Aspidosperma schultesii Woodson 36 23 41,38 4,8415 0,23 0,50 0,31 0,54 1,04Calycolpus goetheanus (DC.) O. Berg 35 34 14,65 0,7496 0,23 0,74 0,05 0,27 1,02Alchornea discolor Klotzsch 47 30 12,61 0,7183 0,30 0,66 0,05 0,35 1,00Eschweilera tessmannii Knuth 36 20 41,29 4,8216 0,23 0,44 0,30 0,54 0,97Manilkara huberi (Ducke) A. Chev. 20 20 63,66 6,3662 0,13 0,44 0,40 0,53 0,97Vatairea sericea Ducke 46 28 14,60 0,8169 0,30 0,61 0,05 0,35 0,96Licania canescens Benoist 46 26 18,64 1,3230 0,30 0,57 0,08 0,38 0,95Euterpe precatoria Mart. 55 22 16,45 1,2364 0,35 0,48 0,08 0,43 0,91Inga paraensis Ducke 53 23 15,57 1,0315 0,34 0,50 0,07 0,41 0,91Couma guianensis Aubl. 50 21 22,31 2,0024 0,32 0,46 0,13 0,45 0,91Licania laxiflora Fritsch 25 25 37,41 2,8457 0,16 0,55 0,18 0,34 0,89Helicostylis scabra (Macbr.) C.C. Berg 41 23 23,44 1,8494 0,26 0,50 0,12 0,38 0,88Inga gracilifolia Ducke 50 23 14,88 0,9123 0,32 0,50 0,06 0,38 0,88Duguetia surinanmensis R.E. Fr. 45 24 14,83 0,8500 0,29 0,53 0,05 0,34 0,87Lecythis pisonis Cambess. 29 28 20,31 0,9402 0,19 0,61 0,06 0,25 0,86Aniba panurensis (Meisn.) Mez 32 18 39,89 4,0051 0,21 0,39 0,25 0,46 0,85Micropholis guyanensis (A. DC.) Pierre ssp. Duckeana (Baehni) 37 21 28,25 2,3433 0,24 0,46 0,15 0,39 0,85Chimarrhis barbata (Ducke) Bremek 28 26 19,74 0,9548 0,18 0,57 0,06 0,24 0,81Neea opposita (Vell.) Reetz. 26 26 18,90 0,7446 0,17 0,57 0,05 0,21 0,78Pourouma ovata Trecul 35 21 23,15 1,4883 0,23 0,46 0,09 0,32 0,78Inga edulis Mart. 25 25 22,73 1,0457 0,16 0,55 0,07 0,23 0,77Swartzia polyphylla DC. 22 22 36,61 2,3786 0,14 0,48 0,15 0,29 0,77Glandonia macrocarpa Griseb 35 19 24,37 2,0754 0,23 0,42 0,13 0,36 0,77Ocotea caudata (Nees) Mez 36 20 21,49 1,4503 0,23 0,44 0,09 0,32 0,76111


Rutaceae 51 17 12,16 0,6066 0,33 0,37 0,04 0,37 0,74Xylopia amazonica R.E. Fr. 38 20 16,71 0,8505 0,24 0,44 0,05 0,30 0,74Licania oblongofolia Standl 24 24 19,10 0,6875 0,15 0,53 0,04 0,20 0,72Croton draconoides Müll. Arg. 43 18 15,12 0,8055 0,28 0,39 0,05 0,33 0,72Anacardium ocidentale L. 55 15 11,87 0,6173 0,35 0,33 0,04 0,39 0,72Rollinia insignis R.E. Fr. 25 24 15,56 0,4973 0,16 0,53 0,03 0,19 0,72Eschweilera longipes (Poit.) Miers 22 20 31,48 2,1306 0,14 0,44 0,13 0,28 0,71Oenocarpus bacaba Mart. 35 20 16,32 0,7408 0,23 0,44 0,05 0,27 0,71Byrsonima coccolobifolia Kunth 33 19 21,90 1,2705 0,21 0,42 0,08 0,29 0,71Cassia leiandra Benth. 22 22 27,69 1,3251 0,14 0,48 0,08 0,23 0,71Pourouma guianensis Aubl. ssp. Guianensis 34 19 17,71 0,8475 0,22 0,42 0,05 0,27 0,69Aparisthmium cordatum Baill. 35 18 17,24 0,8541 0,23 0,39 0,05 0,28 0,67Hymenaea reticulata Ducke 22 22 18,88 0,6177 0,14 0,48 0,04 0,18 0,66Miconia poeppigii Triana 22 22 15,71 0,4275 0,14 0,48 0,03 0,17 0,65Calycophylum spruceanum (Benth.) Hook. f. ex K. Schum. 21 21 21,42 0,8086 0,14 0,46 0,05 0,19 0,65Anomalocalyx uleanus (Pax & K.Hoffm.) Ducke 21 21 20,69 0,7060 0,14 0,46 0,04 0,18 0,64Helicostylis tomentosa (Poepp. & Endl.) Rusby 22 21 16,32 0,5833 0,14 0,46 0,04 0,18 0,64Trichilia micrantha Benth. 23 20 19,62 0,7115 0,15 0,44 0,04 0,19 0,63Platonia insignis Mart. 21 21 16,67 0,4881 0,14 0,46 0,03 0,17 0,63Cecropia distachya Huber 24 20 16,13 0,4962 0,15 0,44 0,03 0,19 0,62Mangifera indica Blume 31 16 18,89 1,0126 0,20 0,35 0,06 0,26 0,61Lecythis poiteaui Berg 19 19 27,06 1,0924 0,12 0,42 0,07 0,19 0,61Oenocarpus bataua Mart. 31 16 18,38 0,8364 0,20 0,35 0,05 0,25 0,60Buchenavia guianensis (Aubl.) Alwan 19 19 25,46 0,9677 0,12 0,42 0,06 0,18 0,60Couma utilis (Mart.) Müll. Arg. 45 11 15,89 0,9865 0,29 0,24 0,06 0,35 0,59Peltogyne paniculata Benth. 19 18 26,20 1,0691 0,12 0,39 0,07 0,19 0,58Abarema adenophora (Ducke) Barneby & J.W. Grimes 16 16 38,00 1,9202 0,10 0,35 0,12 0,22 0,57Amanoa sp. 18 18 23,87 0,8057 0,12 0,39 0,05 0,17 0,56Vitex cymosa Bertero ex Spreng 21 18 15,90 0,4183 0,14 0,39 0,03 0,16 0,56Coussapoa orthoneura Standl. 18 18 21,01 0,6239 0,12 0,39 0,04 0,16 0,55Mabea angularis G. den Hollander 17 17 25,45 0,9109 0,11 0,37 0,06 0,17 0,54Duroia genipoides Hook. f. ex K. Schum. 26 15 10,86 0,2440 0,17 0,33 0,02 0,18 0,51Protium hebetatum Daly 17 17 14,32 0,2739 0,11 0,37 0,02 0,13 0,50112


Theobroma grandiflorum (Willd. ex. Spreng.) Schum. 11 11 57,30 2,8361 0,07 0,24 0,18 0,25 0,49Securidaca rivinaefolia A. St. Hil. 16 16 14,32 0,2578 0,10 0,35 0,02 0,12 0,47Pouteria minima T.D. Penn. 13 13 15,92 0,2586 0,08 0,28 0,02 0,10 0,38Sloanea excelsa Ducke 10 7 34,92 1,1738 0,06 0,15 0,07 0,14 0,29Aldina heterophylla Spruce ex Benth. 8 8 36,41 0,8667 0,05 0,18 0,05 0,11 0,28Tabebuia serratifolia (Vahl) G. Nicholson 7 7 39,11 0,8467 0,05 0,15 0,05 0,10 0,25Macrolobium microcalix Ducke 7 7 35,01 0,6740 0,05 0,15 0,04 0,09 0,24Myrcia servata McVaugh 17 4 16,05 0,3702 0,11 0,09 0,02 0,13 0,22Ecclinusa guianensis Eyma 6 6 15,92 0,1194 0,04 0,13 0,01 0,05 0,18Diplotropis martiusii Benth. 6 6 14,32 0,0967 0,04 0,13 0,01 0,04 0,18Carapa procera DC. 3 3 30,77 0,3505 0,02 0,07 0,02 0,04 0,11Conceveiba martiana Baill. 5 3 17,32 0,1231 0,03 0,07 0,01 0,04 0,11Trema micrantha (L.) Blume 5 3 12,16 0,0609 0,03 0,07 0,00 0,04 0,10Virola multinervia Ducke 2 2 50,13 0,3000 0,01 0,02 0,02 0,03 0,05Pouteria gomphifolia E. Acurio 2 2 20,85 0,0683 0,01 0,04 0,00 0,02 0,06Pithelobium duckei Huber 2 2 19,10 0,0573 0,01 0,04 0,00 0,02 0,06Clitoria racemosa Sessé & Moc. 1 1 35,01 0,0963 0,01 0,02 0,01 0,01 0,03Himatanthus attenuatus (Benth.) Woodson 1 1 19,10 0,03 0,01 0,02 0,00 0,01 0,03Total 15554 5974 1583,2626 100 100 100 200 300113


– Espécies endêmicas, raras, ameaçadas de extinção, bioindicadoras, de interessemedicinal e econômico, e protegidas por legislação federal, estadual e municipalEspécies Endêmicas e RarasEspécie endêmica é aquela quando sua ocorrência está restrita a apenas uma áreadelimitada do planeta, muitas vezes pelo próprio homem, como os limites de um país ouestado. Na verdade, pode-se dizer que a espécie endêmica está isolada em um ambiente.Esta separação se dá devido a dois principais fatores de isolamento; o geográfico e o dehabitat, resultando em um processo de especiação (criação de espécies novas) que, devidoao isolamento, leva à endemia (Szpilman, 1998). Especificamente para essa área doEIA/RIMA da rodovia BR-319, em relação às espécies endêmicas, de modo geral, não sepode extrapolar para as espécies ali amostradas, uma vez que essa região carece de estudosmais aprofundados sobre o assunto em questão.As espécies raras, do ponto de vista fitossociológico, que ocorreram na amostragemcom apenas um indivíduo, foram duas: Clitoria racemosa e Himathantus attenuatus. Isso podeindicar que os ambientes descritos, de modo geral, no presente, não possuem espécies comtendência a desaparecer.A ocorrência de espécie rara, do ponto de vista de distribuição fitogeográfica, ocorreuuma única vez, com uma população de Velloziaceae.Espécies Ameaçadas de Extinção de acordo com a legislação federal, estadual oumunicipalTrês espécies ameaçadas de extinção foram registradas na amostragem da Área deInfluência Direta da rodovia BR-319, trecho EIA/RIMA, segundo a Portaria n o 37/92 do IBAMAe Lei n o 4.771/65, regulamentada pelo Decreto 1.282/94 (tabela 16). E uma espécie éprotegida de corte, transporte e comercialização de sua madeira, que é Carapa guianensis,pelo Decreto nº 25.044, de 1.º de junho de 2.005.Tabela 16 - Espécies Ameaçadas e/ou Proibidas de Corte.ESPÉCIECarapa guianensis Aubl.Hevea guianensis Aubl. – EuphorbiaceaeBertolletia excelsa H.B.K. – LecythidaceaeVirola surinamensis Warb - MyristicaceaeCATEGORIA DE AMEAÇAProibida de corteVulnerávelVulnerávelVulnerável114


Espécies Bio-Indicadoras de Alterações AntrópicasUm dos grandes desafios do Homem atualmente é desenvolver e utilizar recursosdentro dos limites da natureza, a fim de garantir a integridade desta para as gerações futuras.Para tanto, é imprescindível conhecer e conservar áreas naturais estratégicas,compreendendo melhor suas populações e sua relação com os ecossistemas onde seencontram.Para Mata & Tidon (2003), a bioindicação usa alguns dos organismos que compõemdeterminado ambiente para caracterizá-lo e retratar o seu estado. Os objetivos são conservare conhecer melhor o comportamento das comunidades ecológicas quando submetidas afatores estressantes como poluição, altas temperaturas, baixa umidade, radiação excessiva,etc.‘Espécie indicadora’ é aquela que possui pequena tolerância a variações ambientais e,quando presente em uma dada área, revela um conjunto de condições particulares daqueleambiente (Mata & Tidon, 2003). Os indicadores biológicos têm sido considerados eficientespara medir a qualidade de hábitats com baixos custos.A utilidade dos bioindicadoras está em sua natureza preditiva, ou seja, permitemestimar quando uma modificação começa a ocorrer. Eles podem indicar a presença e aextensão do impacto de algum agente estressante ainda no início de sua atuação. O valorpreditivo de um indicador é determinado pela sensibilidade e especificidade do mesmo àsmodificações ambientais e, em conseqüência, pelo tipo de resposta na população e nacomunidade (Mata & Tidon, 2003).De maneira geral, há um consenso sobre as características que um organismo deveapresentar para ser considerado um bom bioindicador. São os chamados ‘critérios deseleção’. Os mais utilizados são: distribuição geográfica ampla, ocupação de uma variedadede hábitats e nichos, facilidade de captura, biologia e história natural bem conhecida,sensibilidade a fatores estressantes e capacidade preditiva. Além disso, pesquisas quevenham a utilizar determinado bioindicador devem ter custos reduzidos e mostrar resultadosem tempo relativamente curto (Mata & Tidon, 2003).Tradicionalmente, a fauna é muito utilizada como grupos indicadores (Santana-Reis &Santos, 2001; Araujo et al., 2005; Oliveira-Alves et al., 2005). Em relação à vegetação, demodo geral, a literatura sobre o assunto é muito restrita (Dias et al., 2007; Monteiro, 2007). Osestudos disponibilizados se referem as plantas indicadoras tratadas em laboratório, sendo asmesmas de hábitos arbustivos, ervas, epífitas e hemiepífitas, etc. Em relação a vegetação deporte arbóreo, pouco se sabe sobre sua atuação como espécies bioindicadoras da qualidadeambiental.115


Em um estudo sobre dez espécies de gramíneas da flora local ou adaptadas, realizadopor Oliva e Figueiredo (2005), os autores buscaram conhecer e avaliar a sensibilidade dessasao Flúor, visando sua utilização como indicadoras de reação, biosensores, biomarcadores,bioacumuladores ou biointegradores (Temmerman et al., 2004).Os resultados do estudo demonstraram que as duas espécies apresentaram injuriafoliar como manchas cloróticas de formas e tamanhos irregulares, concentradas nas margens,evoluindo rapidamente para necrose apical quando expostas a quantidades de Flúor de 10 a15 g.m -3 , com o acumulo de Flúor na rebrota. Melinis minutiflora foi a primeira a mostrar osefeitos da fitotoxicidade já no segundo dia e, Brachyaria decumbens, no quarto dia. Asmesmas poderiam ser bioindicadoras de reação a fitotoxidade por Flúor, se introduzidas emáreas impactadas. Entretanto, os autores ressaltam a importância de se conhecerpreviamente as taxas de crescimento, homogeneidade genética, sintomatologia esensibilidade ao poluente avaliada por respostas anátomo-morfológicas, fisiológicas ebioquímicas específicas, facilmente mensuráveis.Das dez gramíneas estudadas, duas foram registradas na área de estudo, aBrachyaria decumbens (Capim braquiaria) e Melinis minutiflora (Capim gordura).Observações de campo de ambas as espécies demonstraram que as mesmas nãoapresentavam qualquer sinal ou sintomatologia descritas por Oliva & Figueiredo (2005), o quepermite ensejar que o teor de flúor no solo da área de estudo pode ser consideradorelativamente inócuo as espécies citadas. Logicamente que estudos mais aprofundados naárea de estudo devam apresentar resultados mais confiáveis a esse respeito.Para Vivan (1988), as derrubadas e queimadas, usadas no preparo das áreas paraagricultura e pecuária, causam distúrbios de grande escala, grande entropia, e desperdício derecursos, jogando as possibilidades da vida para patamares bastantes baixos.As áreas degradadas e abandonadas permanecem por vários anos em pousio, serecompondo lentamente com espécies pioneiras como Trema micrantha, Cecropia sp.,Bellucia sp., e outras (Barbosa et al., 2003).Barbosa et al. (2003) citando Vivan (1988) relatam que formações homogêneas deImbaúbas (Cecropia sp.) indica uma anterior derrubada, seguida de fogo e com posteriorabandono. A Imbaúba branca (Cecropia distachya) é bioindicadora de solos mais férteis eúmidos.As formações homogêneas de Imbaúbas foram observadas crescendo em áreaspróximas aos núcleos habitacionais, onde o Homem suprimiu a vegetação primária e/ousecundária para fins de utilização do solo, porém, por um motivo ou outro, a deixouabandonada. Entre essas formações se destacou a Cecropia distachya, indicando que o solodessas áreas estão se recompondo.116


A ocorrência de Trema micrantha, espécie arbórea pioneira, segundo Garcia et al.,(2000), indica que o solo próximo as margens da rodovia apresenta baixa fertilidade e altasaturação de alumínio. Zimmermann (2000) e Garcia et al., (2000) destacam que Tremamicrantha é uma espécie vegetal freqüente nas primeiras fases da sucessão ecológica, dadassuas características de rusticidade, rápido crescimento, plasticidade, produção de sementes;daí sua importância em programas de recuperação ambiental. A presença de aves, que sealimentam dos frutos dessa espécie pioneira na borda e no interior da floresta, aumenta aprobabilidade de se carregarem sementes no trato digestivo de espécies vegetais do interiorda floresta, favorecendo o avanço da sucessão ecológica de áreas mais abertas ou deambientes degradados.O gênero Vismia, da família Clusiaceae, foi registrada próximas as áreas de pastagenscultivadas ativas e inativas. Foi observada nas margens de pastagens ativas e, colonizandopastagens abandonadas (inativas). Sua presença nessas áreas indica solos extremamentealterados e secos. Dias-Filho (2003) relata a capacidade a capacidade do gênero Vismia paracolonizar áreas expostas de solo, características de locais super pastejados ou áreasagrícolas abandonadas na Amazônia brasileira, onde o estresse de umidade do solo éreconhecidamente severo.Plantas Medicinais Ameaçadas de ExtinçãoDentro da Área de Influência Direta, não foi registrada espécie de interesse medicinal,que constem da lista de “Plantas Medicinais Ameaçadas de Extinção” disponibilizada no sitedo IBAMA. Entretanto, incluímos aqui uma listagem de plantas medicinais e econômicas, quenão constam da listagem do IBAMA, mas que Braga et al. (2007), consideram importantes(tabela 17)..117


Tabela 17 - Relação de espécies com características medicinais e econômicas amostradas na Área de Influência Direta do EIA/RIMA da rodovia BR-319.Aldina heterophylla Spruce ex Benth.ESPÉCIE FAMÍLIA NOME VULGAR AMBIENTE VALORCaesalpiniaceaeMacucu de paca, Macucu dobaixioCampina alterada, Mata Econômico (construção civil,de Terra Firme, Capoeira postes, estacas, dormentes)Anacardium spruceanum Benth. ex Engl. Anacardiaceae Cajuí Mata de Terra Firme OrnamentalAstrocaryum jauari Mart. Arecaceae JauariVárzea,Igapó,Margens de rios eigarapése eventualmente nointerior da florestaBertholletia excelsa Humb. & Bonpl. Lecythidaceae Castanha do Brasil Mata de Terra firmeBrosimum parinarioides Ducke Moraceae Amapá roxo Mata de Terra FirmeBrosimum rubescens Taub. Moraceae Pau rainha, Muirapiranga Mata de Terra FirmeCalycophyllum spruceaenum (Benth.) K. Sch. Rubiaceae Mulateiro da várzea VárzeaCarapa guianensis Aubl. Meliaceae AndirobaVárzea,Mata de Terra Firme,Alimentar (palmito,endosperma dos frutosverdes),Óleo (pericarpo fibroso),Cestaria (fibra da raquis foliar),Estipe (construção rural),Alimento de PeixesAlimentar (sementes cruas outostadas, leite das sementesraladas),Medicinal (hepático,antireumático, antihipertensivo,antiinflamatório, manchas napele),Econômico (móveis – madeiraornamental)Econômico(construção civil, marcenaria),Medicinal (cicratizante,peitoral, debilidade geral,contusões)Econômico (chapasdecorativas marcenaria,),Artesanato, Medicinal(antiartrítico, antireumático,fortificante)Econômico (construção civil,marcenaria, carvão),Medicinal (feridas infectadas,cicratizante, diabetes,manchas da pele, tumor,picadas de insetos)Inseticida,Medicinal (febre, verminoses,CATEGORIA DERISCOVulnerável (V)118


Caryocar glabrum (Aubl.) Pers. Caryocaraceae PiquiaranaIgapóMata de Terra Firme,margens inundáveis dosriosCaryocar villosum (Aubl.) Pers. Caryocaraceae Piquiá verdadeiro Mata de Terra FirmeCassia leiandra Benth.CaesalpiniaceaeMari-mari,Ingá-mari,Marimari-da-várzeaVárzea,Igapó,lagos e igarapésClarisia racemosa Ruiz & Pav. Moraceae Guariúba Mata de Terra FirmeCopaifera multijuga Hayne Caesalpiniaceae Copaiba Mata de Terra FirmeCouma utilis Apocynaceae SorvinhaMata de Terra Firme,Várzea e IgapóDinizia excelsa Ducke Mimosaceae Angelim-pedra Mata de Terra Firmetônico, feridas, cicratizante,úlcera crônica antimalárica,purgante, reumatismo,manchas da pele)Alimentar (fruto, óleo dasemente),Econômico (construção civil enaval, tábuas para piso,carroceria de caminhão,postes, cabos de ferramentasmanuais, marcenaria,),Medicinal (envenenamento,intoxicações, queimaduras,herpes)Alimentar (fruto),Econômico (construção civil enaval, marcenaria, carpintaria,dormentes, estacas, tanoaria),Medicinal (febre, diurético)Alimentar (frutos),Alimentação de PeixesEconômico (construção civil enaval, carpintaria, marcenaria,canoas)Medicinal (cicatrizante, catarro,bronquite, dermatose, cistite,coriza, etc.)Econômico (construção civil,carpintaria, marcenaria),Alimentação (fruto - bebidas esorvetes; sementes tostadas)Econômico (construção civil enaval, marcenaria, carpintaria,dormentes)Diplotropis martiusii Benth. Fabaceae Sucupira preta Igapó Econômico (movelaria)Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. Fabaceae Cumaru Mata de Terra FirmeEconômico (madereira),Cosmético (perfume),Medicinal (emenagogas,diaforéticas, cordiais, nervinas,119


analépticas)Duroia genipoides Hook. F Rubiaceae Genipapinho Igapó Econômico (construção civil)Eschweilera coriacea (A. DC.) S.A. Mori Lecythidaceae Matamatá branco Mata de Terra Firme Econômico (construção civil)Genipa americana L. Rubiaceae Genipapo VárzeaGoupia glabra Aubl. Celastraceae Cupiuba Mata de Terra FirmeHevea brasiliensis Müll. Arg. Euphorbiaceae Seringueira Mata de Terra FirmeHevea spruceana (Benth.) Müll. Arg. Euphorbiaceae Seringueira barrigudaIgapó, Margens deigarapés e lagosHymenaea courbaril L. Caesalpiniaceae Jatobá Mata de Terra FirmeMedicinal (purgativa, úlceras,calvice, antiinflamatório,bronquites, tosse, anemia,reumatismo, sarampo),Alimentar (sucos, sorvetes,doces, xaropes),Tintura (azul escuro)Medicinal (desordem dosolhos),Econômico (construçãopesada e durável)Alimentar (sementescomestíveis por peixes),Econômico (fornece borrachapara fabricação de tintas evernizes, látex, construçãocivil)Alimentar (sementescomestíveis por peixes),Econômico (fornece borrachapara fabricação de tintas evernizes, látex, construçãocivil)Medicinal (antidiarréico,antitussígeno, adstringente,tônico, hemostático, cistite,prostatite, mal-estar dos rins,tuberculose, tosse, vermífugo,hemoptise, dor ao urinar,benorragia, bronquite,purgativo),Alimento (fruto in natura),Econômico (construção civil,cabos de ferramentas,instrumentos musicais,construção de canoas)Ingá alba (Sw.) Willd. Mimosaceae Ingá-xixica Mata de Terra Firme Alimentar (polpa comestível inVulnerável (V)Em perigo (E)120


Ingá edulis Mart. Mimosaceae Ingá cipó Mata de Terra FirmeLicania comescens Benoist Chrysobalanaceaenatura)Alimentar (polpa comestível innatura),Medicinal (curativo de feridas ediarréia)Macrolobium acaciifolium (Benth.) Benth.CaesalpiniaceaeArapari,Arapari-da-várzea, Faveira,RaparigueiraVárzea,lagos, rios e igarapésEconômico (móveis,construção civil, carpintaria,celulose papel, marcenaria,caixas, vergaduras e tábuas),Medicinal (adstringente, ferida,diarréia, úlcera)Manilkara huberi (Ducke) Chevalier Sapotaceae Maçaranduba Mata de Terra FirmeMauritia flexuosa L. f. Arecaceae Buriti Várzea, BaixioOenocarpus bacaba Mart. Arecaceae Bacaba Mata de Terra FirmeOsteophloeum platyspermum (Spruce ex A. DC.)Warb.Parkia multijuga Benth.Medicianal (cálculo renal,problemas respiratórios),Alimentar (fruto maduro),Econômico (vigamentos,esteios, moirões)Alimentar (sorvetes, sucos,doces, óleos comestíveis,palmito, açúcar, farinha)Alimentar (palmito, fruto),Econômico (vigas, pisos,cabos de ferramentasparedes), Cosmético (sabão)Myristicaceae Ucuubarana Mata de Terra Firme Medicinal (alucinógeno)MimosaceaeFaveira-bêngue, Faveira, Araratucupi,VisgueiroMata de Terra FirmeParkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp. Mimosaceae Visgueiro Mata de Terra FirmePeltogyne paniculata Benth. Caesalpiniaceae Escorrega-macaco Mata de Terra FirmeEconômico (construçõesinternas, caixarias)Medicinal (hemorragia,hemostático),Econômico (laminado)Econômico (carpintaria,decoração de interiores)Sacoglottis guianensis Benth. Humiriaceae Macucu-murici Mata de Terra Firme Alimentar (frutos)Scleronema micranthum (Ducke) Ducke Bombacaceae Cardeiro Mata de Terra FirmeEconômico (móveis,construção civil e naval)Simaruba amara Aubl. Simaroubaceae Marupá Mata de Terra Firme Econômico (madeira),121


Swartzia polyphylla DC. Caesalpiniaceae Paracutaca IgapóSymphonia globulifera L. f. Clusiaceae Anani IgapóMedicinal (anti-disentérico,emenagogo, emético,febrífugo, purgante,antihelmíntico)Medicinal (reumatismo),Econômico (móveis,construção em geral, indústrianaval)Tabebuia serratifolia (Vahl) G. Nicholson Bignoniaceae Pau d’arco Mata de Terra Firme Econômico (madeira)Tachigalia myrmecophila Ducke (Ducke) Caesalpiniaceae Tachi Mata de Terra Firme Econômico (construções)Tapirira guianensis Aubl. Anacardiaceae Pau-pombo Mata de Terra FirmeTheobroma grandiflorum (Willd. ex. Spreng.)Schum.SterculiaceaeCupuíMatas de Terra Firme,VárzeaVirola parvifolia Ducke Myristicaceae Campina altaVirola surinamensis (Rol. Ex Rottb) Warb. Myristicaceae Ucuúba VárzeaVitex cymosa Bertero ex Spreng. Verbenaceae TarumãVárzea, Igapó, Margensde rios e lagosMedicinal (apostemas, antihemorrágico),Alimentar (frutos)Alimentar (bebidasrefrescantes, fruto in natura,sementes – chocolate)Econômico (marcenaria, pastade celulose),Medicinal (cólicas abnominais,dispepsia, cicatrizar feridas,hemorróidas, emoliente,erisipela)Econômico (moirões, estacas,dormentes)Vulnerável (V)122


– Relações entre os fatores abióticos do meio físico (clima, relevo, hidrografia eedafologia) com a distribuição das formações vegetais nativas na paisagem.A localização geográfica dos diferentes domínios vegetacionais é condicionadapredominantemente por fatores climáticos, tais como temperatura, pluviosidade e umidaderelativa do ar e, em menor escala, pelo tipo de substrato (Ribeiro & Walter, 1998). De modogeral, Schubart (1983) descreve a vegetação da floresta amazônica, que assim pode serdividida basicamente em vegetação de terrenos freqüentemente inundados (no períodoHoloceno) e em vegetação de terra firme (terrenos mais antigos que o Holoceno). Descrevemtambém, Braga (1978), Capobianco (2001) e Braga et al., (2007), as tipologias vegetacionaisda área de estudo.A classificação aqui utilizada para denominar a Floresta Tropical Amazônica e suasvariações, assim como as demais tipologias vegetacionais citadas para a área de estudo, é autilizada por Braga (1979), Manual de Vegetação do IBGE (1992), IBAMA (2001), Caúper(2006) e Braga et al. (2007) e demais bibliografias constantes do corpo do texto. Essaclassificação internacional acompanhada da forma regional será usada sempre que se fizernecessário à descrição das fitofisionomias identificadas na área de estudo.A Floresta Tropical AmazônicaA floresta amazônica cobre cerca de 80% da região. A área de captação hidrográficada bacia se estende desde 79ºW (rio Chamaya, Peru) a 46ºW (rio Palma, Brasil), de 5ºN (rioCotingo, Brasil) a 17ºS (alto Araguaia, Brasil). Isto faz da Amazônia o maior e mais tropicaldos ecossistemas, comparável em tamanho apenas aos ecossistemas tropicais africanosCaüper, 2006).Considera-se que a Floresta Amazônica no Brasil tem 74% de florestas continuas(38% de florestas densas e 36% de florestas não densas); tem 12% da área ocupada porvegetação secundaria e atividades agrícolas; e 14% de vegetação aberta como camposnaturais e cerrados (Arruda, 2001; Florestas, 2006).Assim, na Amazônia predominam as Florestas Ombrófilas Densas e Abertas, comarvores de médio a grande porte; as Florestas Estacionais (Decíduas e Semidecíduas); zonasde Contato, Campinas e Campinaranas. Na Floresta Ombrófila Densa encontram-se as matasde terra firme, de várzea e de igapó. Na Floresta Ombrófila Aberta ocorrem quatro subtipos:com palmeiras, cipós, bambu e sororoca.Segundo Meirelles Filho (2004), as florestas de terra firme apresentam quatro extratosde vegetação:123


1. O primeiro extrato é o sub-bosque, que está rente ao solo, onde há plantasrasteiras, samambaias e folhagens. Como a luz que penetra é pouca, o percurso nesseextrato é cheio de grandes obstáculos e muito escuro. Além do mais, há pouca ventilação emuita umidade;2. O segundo extrato é o arbóreo inferior, com menor quantidade de luz, ainda, entrecinco e 20m. Com árvores adultas de troncos finos ou as ainda jovens que buscam osextratos superiores, com grande presença de palmeiras jovens;3. O terceiro extrato é a abóbada foliar, numa altura entre 20 e 35m, onde as árvoresdisputam luz solar. É o extrato onde as árvores aguardam um espaço, uma clareira para sedesenvolverem. São as palmeiras desenvolvidas e as árvores que nunca formarão o dosseldefinitivo, como a embaúba;4. O quarto extrato é o mais alto, a canópia, onde estão as árvores emergentes, quechegam a 55m de altura. São árvores como: a Castanha-do-brasil, o Angelim, o Ipê e o Paumulateiro. A maior parte dessas árvores aloja plantas epífitas (as orquídeas, bromélias,aráceas e os cactos).Os cipós e as lianas são vegetais que ocorrem em todos os extratos, onde tambémsão encontradas diferentes espécies de vegetais inferiores, como: algas, musgos, cogumelos,líquens e fungos.A região da Floresta Ombrófila DensaRegião fitoecológica ou tipo de vegetação que é constituída basicamente de macro emesofanerófitos (árvores de porte entre 20 e 50 metros de altura), além de epífitos e lianas.Sua distribuição se dá em áreas de clima ombrotérmico, isto é, praticamente sem períodoseco, com precipitações acima de 2.300 mm e temperaturas médias anuais de 23 o C (IBGE,1992). Na área de estudo, as variações altimétricas aliadas às diferenças edáficas permitiramseparar duas formações: das Terras Baixas e Aluvial.• Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas (6.712.808,53 ha)Distribuída ao longo da rodovia nos trechos compreendidos entre o km 250 ao km 480e km 505 ao km 529,5 (tabela 18).Representa 45% da área de influência indireta, cuja fisionomia principal é da FlorestaOmbrófila Densa das Terras Baixas com cerca de 6.690.271,6 ha (44,875%), com pequenasmanchas de Floresta Ombrófila Densa, aproximadamente 22.536,8 ha (0,151%).A Formação das Terras Baixas ocupa, geralmente, terrenos de coberturasedimentares terciárias de planícies, planaltos rebaixados, terraços e depressões não124


inundáveis, como as dos tabuleiros plio-pleistocênicos do grupo Barreiras, desde a Amazôniaaté o Rio de Janeiro, em altitudes aproximadas de 5 a 100 m (IBGE, 2005).Essa fitofisionomia é constituída por árvores de grande porte nos terraços aluviais enos tabuleiros terciários, e árvores de médio porte nas encostas. Ocorrem sob um climaombrófilo, sem período biologicamente seco durante o ano e, excepcionalmente, com até doismeses de umidade escassa. Mesmo assim, quando isso acontece há uma grande umidadeconcentrada nos ambientes dissecados das serras. As temperaturas médias oscilam entre os22°C e 25°C (Braga, 1979; IBGE, 2005).Apresenta grande biomassa, com sub-bosque limpo, desprovida de emaranhados decipós no solo e nos troncos das árvores, com pouca penetração de luz e, por isso, comocorrência de espécies adaptadas à baixa intensidade luminosa (somente 1% da luz queincide sobre a copa das árvores chega ao solo de uma floresta densa). Destaca-se aocorrência de epífitas, principalmente em árvores que atingem o dossel emergente dafloresta. Cipós são comuns, entretanto sobem diretamente para as copas, onde seesparramam (Braga,1979; IBGE, 1992).Os inventários na Amazônia têm demonstrado que essa floresta apresenta altadiversidade, grande porcentagem de espécies com baixa densidade e baixa similaridadeflorística entre parcelas de amostragens próximas umas das outras (Oliveira, 2000). Oliveira eMori (1999) encontraram para a região de Manaus, uma riqueza de espécies arbóreas (comDAP de 10 cm) variando em torno de 280 espécies por hectare. Braga (1979) e Braga et al.(2007) listam algumas espécies que ocorrem nessa área.125


Tabela 18 - Espécies da Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas.Nome Científico Família Nome VulgarAnacardium spruceanum Benth. Ex Engl. Anacardiaceae CajuíBertholletia excelsa Bonpl. Lecythidaceae Castanha do BrasilBrosimum parinarioides Ducke Moraceae AmapáBrosimum rubescens Taub. Moraceae Pau rainha, MuirapirangaCaryocar glabrum (Aubl.) Pers Caryocaraceae PiquiaranaCaryocar villosum (Aubl.) Pers Caryocaraceae PiquiáClarisia racemosa Ruiz & Pav. Moraceae GuariúbaCopaifera multijuga Hayne Leguminosae CopaíbaCouma macrocarpa Barb. Rodr. Apocynaceae SorvaCouratari guianensis Aubl. Lecythidaceae TauariDinizia excelsa Ducke Leguminosae Angelim-pedraDipteryx odorata (Aubl.) Willd. Leguminosae CumaruEperua glabriflora (Ducke) R.S. Cowan Leguminosae MuirapirangaEschweilera odora (Poepp. ex O. Berg) Miers Lecythidaceae Mata-matáGoupia glabra Aubl. Celastraceae CupiubaHevea brasiliensis Müll. Arg. Euphorbiaceae SeringueiraHymenaea courbaril L. Leguminosae JatobáLecythis usitata Miers Lecythidaceae Castanha-sapucaiaParkia multijuga Benth. Leguminosae Faveira-benguê, FaveiraParkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp. Leguminosae VisgueiroPeltogyne catingae Ducke Leguminosae VioletaPeltogyne paniculata Benth. Leguminosae Escorrega-macacoPlatymiscium trinitatis Benth. Leguminosae MacacaúbaPiptadenia suaveolens Miq. Leguminosae Faveira-folha-finaPithecellobium racemosum Ducke Leguminosae Angelim-rajadoScleronema micranthum (Ducke) Ducke Bombacaceae CardeiroSimaruba amara Aubl. Simarubaceae MarupáTabebuia serratifolia (Vahl) G. Nicholson Bignoniaceae Pau-d’arcoVouacapoua americana Aubl. Leguminosae AcapuO conceito ecológico de Floresta Ombrófila das Terras Baixas está condicionada aosambientes ombrófilos que marcam muito bem a região florística florestal. Assim, estaformação está condicionada a ocorrência de temperaturas elevadas, em média, 25 o C, e altasprecipitações, bem distribuídas durante o ano todo, cujo período seco varia de 0 a 60 dias(IBGE, 1992). Os solos predominantes dessa tipologia são os latossolos vermelhos distróficose raramente eutróficos, originados de granitos e gnaisses além de arenitos com derramesvulcânicos de vários períodos geológicos, com altitudes variando de 5 a 100 m, situadas entre4º de Lat.N e 16º de Lat. S (IBGE, 1992). É uma formação que ocupa, em geral, as planícies126


costeiras, capeadas por tabuleiros pliopleistocênicos do grupo Barreiras, estendendo-seatravés de todo o Nordeste, até as proximidades do rio São João, no Estado do Rio deJaneiro (IBGE, 1992).Nessa região, as florestas ombrófilas acompanham os cursos de água ou osinterflúvios (Figura 30). Distribuem-se por terrenos bem drenados ou mal drenados, solosrelativamente mais férteis que aqueles onde se desenvolvem os Cerrados (Savanas)adjacentes, rasos ou profundos e, relevo de suave a forte ondulado em cotas até 100m(IBGE, 1992). Ao longo dos cursos de água foram identificadas matas de galeria, que ocorremàs margens de pequenos rios, cujas copas das árvores de ambas as margens se tocam,formando uma galeria por onde corre o leito do rio. Nos leitos de rios mais largos, onde ascopas das árvores de ambas as margens não se tocam, estas foram denominadas comoMatas Ciliares. Para Oliveira-Filho & Ratter (1995), as Matas de Galerias e Ciliares sãoconsideradas elos entre as grandes formações florestais.Figura 30 - Vista da Floresta Ombrófila (A) e da pastagem (B).Nas áreas de ocorrência natural, as Florestas Ombrófilas estão representadas naregião do EIA/RIMA da rodovia BR-319, pelas formações Densa, Aberta com Palmeiras eSororoca e Aluvial.A formação Densa é caracterizada por fanerófitos, justamente pelas subformas de vidamacro e meso, além de lianas lenhosas e epífitas em abundância (Figura 31), com dosselfechado, aparentemente uniforme, cujo estrato arbóreo varia de 15 a 25 m, com indivíduosemergentes maiores de 40 m de altura. É representada na área de influência direta pelasfácies Floresta Ombrófila Densa (1.586,38 ha) e Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas(239.911,78 ha).127


EFigura 31 - Vista dos cursos de água. Em A e B, cursos de água margeados por vegetação mista, mata degaleria e ciliar. Isso é devido à topografia da área. Em C e D, cursos de água margeados por mata de galeria.Note a vegetação fechada da mata de galeria. Em E e F, Rio Novo e Rio Jutaí margeados por mata ciliar.Essa floresta é representada por ecótipos dos tipos Ficus, Alchornea, Virola, Attalea,etc., e pela “ochloespécie” Tapirira guianensis. As famílias cosmopolitas Euphorbiaceae eSapotaceae são representadas por ecótipos do tipo Hevea e Pouteria, respectivamente,assim como Vochysiaceae, com Qualea.A Formação Aberta é considerada um tipo de transição da Floresta Ombrófila Densa,caracterizada por mais de 60 dias secos. Apresenta duas faciações florísticas entrelaçadas:com Palmeiras, com os ecótipos Mauritia, Euterpe e Attalea em terrenos areníticos que ocorrena parte sul da rodovia (Figura 32A) e; com Sororoca (Phenakospermum guyanensis),128


ocorrendo também na parte sul da rodovia (Figura 32B), em depressões que ficamtemporariamente inundadas e em pequenas áreas onde predominam solos do tipo latossolovermelho-amarelo (IBGE, 1992). Na área de estudo, essa formação apresenta duasfaciações: A Floresta Ombrófila Aberta (3.309,08 ha) e Floresta Ombrófila Aberta compalmeiras com sororocas (116.557,61 ha).AFigura 32 - Vista da Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas. Em A e B, note o aspecto denso e alto dessafloresta. Em C e D, tipos de lianas dessa floresta.A formação Aluvial é uma formação ribeirinha ou mata ciliar que ocorre ao longo doscursos de água, ocupando os terrenos antigos quartenários (Figura 33), sendo representadana área de influência direta por Floresta Ombrófila Densa Aluvial (4.533,51 ha) e FlorestaOmbrófila Aberta Aluvial (6.571,39 ha). É constituída por macro, meso e microfanerófitos derápido crescimento, em geral de casca lisa, com o tronco cônico e, por vezes, com a formacaracterística de botijas e raízes tabulares. Apresenta com freqüência um dossel uniformeemergente.Na submata ocorrem plantas pequenas e ervas no meio de plântulas da densareconstituição natural do estrato dominante, além de lianas lenhosas e herbáceas, grandenúmero de epífitas e poucas parasitas. As principais “ochloespécies” que ocorrem nessa129


formação são Virola surinamensis, ocorrendo não só na Amazônia como também na maioriados rios da área do Caribe; Tapirira guianensis, vivendo normalmente em todas as baciastropicais sob qualquer latitude (IBGE, 1992). Os gêneros de Arecaceae, Mauritia e Euterpe,ocorrem com seus ecótipos bem marcados na bacia amazônica.Figura 33 - Em A e C, floresta aberta com palmeiras. Em B, floresta aberta com sororoca. Em D, lianasocorrentes na floresta aberta.As florestas ombrófilas da rodovia BR-319 apresentam alta diversidade de microhabitats,o que permite a ocorrência de uma flora bastante variada e específica, emboraextremamente repetitiva. As diferenciações observadas a nível local entre essas florestas sãoconsideradas como resultados das interações dos vários fatores bióticos e abióticos, quecondicionam a composição de espécies e a estrutura de cada mata. Dentre esses fatores,destacam-se as estratégias reprodutivas de polinização e de dispersão, a hidrografia, atopografia, que condiciona a profundidade do lençol freático, as características química efísica dos solos, a disponibilidade de luz e as perturbações (Alencar, 1998; Cintra, 1998;Lucas et al., 1998; Salomão et al., 1998; Ferreira et al., 2003).Além dos indivíduos regenerantes das várias espécies arbóreas existentes na área, oestrato herbáceo-arbustivo é pouco desenvolvido e está representado por espécies deAraceae, Rubiaceae, Melastomataceae, Pteridhophyta, dentre outras, nas áreas de dossel130


mais fechado, enquanto que nos locais mais abertos e iluminados encontra-se com maisfreqüência espécies de Clusiaceae, Melastomataceae e Poaceae (Figura 34).Figura 34 - Mata ciliar dos rios Igapó Açu (A), Piquiá (B), Puruzinho (C) e Jacaretinga (D).• Savana = CerradoO termo Savana é empregado para substituir o regionalismo Cerrado (IBGE, 1992).Caracteriza-se como uma vegetação xeroforma, de clima estacional e que reveste soloslixiviados aluminizados (IBGE, 1992).É constituída por vegetação herbácea, intercalada por plantas lenhosas de pequenoporte. Na Savana Gramíneo-Lenhosa (184,23 ha) prevalecem essencialmente as gramínease alguns arbustos raquíticos (tabela 23). Esse tipo de vegetação aparece como manchadispersa antropizada, bastante descaracterizada na margem da Floresta Ombrófila Abertacom Palmeiras e Sororoca (ver descrição na área de influência indireta).O Contato Savana – Floresta Ombrófila Densa (243,74 ha) é uma formação que sóocorre na região próxima de Humaitá (tabela 23). A Savana nessa área também é gramíneolenhosa(ver descrição na área de influência indireta).131


• Formações Pioneiras com influência fluvial e/ou lacustre arbustiva com palmeirasEssas formações ocupam 2.001,16 ha (0, 482%) da área de influência direta total(tabela 22). A vegetação é bastante esparsa, com predominância de gramíneas e ciperáceas.• Sistemas Secundários – Agricultura e PastagensA atividade agrícola e pastoril é pouco utilizada nessa região (Figura 35). A atividadepastoril observada foi à criação de gado de leite e de corte de forma intensiva e extensiva. Aforma extensiva utiliza-se de pequenas manchas de Cerrado, onde a prática de queimadaspara promover a rebrota de gramíneas é comum. Em alguns locais esta prática é associadaao desbaste e raleamento de espécies arbóreas para favorecer o estabelecimento edesenvolvimento dessas gramíneas. Tal prática chegou a atingir, inclusive, as áreas florestaistanto nos interflúvios quanto nos cursos de água.132


Figura 35 - Diversidade de espécies registradas. Em A e B, semente e regeneração natural de Himenaea courbaril.Em C, Philodendron sp. Duroia sacifera em D. Tococa bullifera em E. Selaginella sp. em F. Bellucia grossularioidesem G. Miconia bigladulosa em H. Vismia angusta em I. Clusia grandiflora em J. As seis primeiras foram registradasno interior da floresta densa e aberta. As quatro últimas foram registradas em áreas abertas nas margens dessasflorestas.133


Na pecuária intensiva, a vegetação nativa foi substituída por gramíneas exóticas, taiscomo Brachyaria sp., Andropogon sp., Panicum sp., Penniseton sp., como observado pelostestemunhos arbóreos remanescentes em meio as pastagens. Em menor escala áreas deCerrado e mata nativa também foram ocupadas com atividades agrícolas com o plantio quaseque exclusivo de espécies anuais, como feijão, milho, dentre outras, como as maisfreqüentes.As capoeiras foram observadas ocorrendo em vários níveis de regeneração, muitas vezesformando mosaicos com as florestas ombrófilas e pastagens.• Demais ambientesA Área de Influência Direta é ricamente drenada por um sistema hidrográfico extenso,ocupando uma área de 623,03 ha (0,150%). Foram observados rios e igarapés comtonalidades de água que vão do barrento ao âmbar, com larguras e profundidadesdiferenciadas. Pôde-se observar que uma grande maioria desses rios e igarapés sãoextremamente piscosos, isto é, apresentam uma grande variedade de peixes. O Mapa deCaracterização do sistema hidrológico com rios e igarapés amostrados na área de influênciadireta está ilustrado no mapa de Hidrologia e Hidrogeologia no Volume 2 <strong>Meio</strong> Físico.Já as áreas desprovidas de vegetação (desmatamento), correspondem a 39.481,11 ha(9,51%) da área total.• Floresta Ombrófila Densa Aluvial = Matas de Várzea (1.295.237,53 ha )Distribuída ao longo da rodovia em pequenos trechos compreendidos entre o km 256ao km 258; km 286 ao km 287; km 519,6 ao km 520.Representa 8,684%, ou seja, 6,684 ha da área de influência indireta do traçado daestrada. Trata-se de formação florestal que ocupa os terrenos quartenários das planícies eterraços, periodicamente inundáveis e/ou só eventualmente inundados, ao longo dos flúvios,independentemente da altitude.As várzeas que compõem a Amazônia Continental representam mais de 180.000 km²(área pouco menor que o Estado do Paraná). Ocorrem na Bolívia (na confluência dos riosMadre de Dios, Beni, Mamoré e Itinez e, ainda, no rio Itinez na região das confluências do rioSolimões com os rios Japurá, Içá e Jutaí) e no baixo Amazonas (no rio Amazonas emconfluência com o Madeira, Tapajós e Xingu). A várzea também é encontrada nos rios deáguas brancas que nascem na Cordilheira dos Andes, como os rios Madeira, Japurá e Purus(Caúper, 2006; Ayres, 1993, 1995, 2005).As florestas de Várzea estão situadas nas planícies sedimentares de alagação,regiões que sofrem influência da flutuação do nível dos rios, nos períodos de cheia e vazante.134


Como regra, o lençol de águas subterrâneas é muito superficial. As cheias duram meses esão causadas pelas chuvas e pelo degelo dos Andes. São compostas por uma grandevariedade de ambientes (Ayres, 1993, 1995, 2005).Composta por biomassa mediana, muito ou pouco iluminada, bastante limpa por baixo.As raízes tabulares são comuns, como também certas raízes pneumatóforas ou respiratórias.O seu porte é bem menos expressivo que a Floresta de Terra Firme. As espécies arbóreas,em geral, são constituídas de madeira mais moles do que as de Terra Firme, e necessitam deadaptações ecológicas, fisiológicas e morfológicas, que lhes possibilitem suportar o regimeperiódico de cheia e vazante (Braga,1979). A tabela 19 mostra algumas espécies dessaformação.Tabela 19 - Espécies da Floresta Ombrófila Densa Aluvial.Nome cientifico Família Nome vulgarAstrocaryum murumuru Mart. Arecaceae MurumuruCalophyllum spruceanum Benth. Guttiferae MulateiroCeiba pentandra (L.) Gaertn. Bombacaceae SumaúmaCouroupita subsessilis Pilg.Lecythidaceae Castanha-de-macacoEuterpe oleracea Mart. Arecaceae AçaíGynerium sagittatum (Aubl.) P. Beauv. Poaceae Cana-de-flexaHura crepitans L.Euphorbiaceae AçacuLecointea amazonica Ducke Leguminosae PracuúbaLecythis paraensis HuberLecythidaceae Castanha-sapucaiaLicaria mahuba (A. Samp.) Kosterm. Lauraceae MaúbaManicaria saccifera Gaertn. Arecaceae UbuçuMaquira coriacea (H. Karst.) C.C. Berg Moraceae MuiratingaMauritia flexuosa L. f. Arecaceae BuritiNectranda amazonum Nees Lauraceae Louro-da-várzeaPiranhea trifoliolata Baill.Euphorbiaceae PiranheiraPlatymiscium ulei Harms Leguminosae Macacaúba-da-várzeaPseudobombax munguba (Mart. Et Zucc.) Dugand Bombacaceae MungubaPterocarpus ancylocalyx Benth. Leguminosae Tachi-da-flor-amarelaRaphia taedigera (Mart.) Mart. Arecaceae JupatiSalix martiana Leyb. Salicaceae OeiranaSocratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl. Arecaceae PaxiúbaSpondias lutea L.Anacardiaceae TaperebáSterculia elata Ducke Sterculiaceae TacacazeiroTriplaris surinamensis Cham. Polygonaceae Tachi pretoVirola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb. Myristicaceae UcuúbaVochysia maxima Ducke Vochysiaceae Quaruba135


Região da Floresta Ombrófila Aberta (Faciação da Floresta Ombrófila Densa)Região Fitoecológica e Tipo de Vegetação ainda situada na faixa de climaombrotérmico, porém podendo apresentar um curto período seco (2 a 3 meses). Ocupaprioritariamente os espaços intermediários a sul do grande vale do Amazonas, entre odomínio da Floresta Ombrófila Densa com a Floresta Estacional Semidecidual e a Savana(Cerrado). Mais ao norte, geralmente aparece dispersa em meio a Floresta Ombrófila Densa,formando mosaicos de áreas reduzidas. Apresenta-se com quatro faciações florísticas quealteram a fisionomia da floresta densa, imprimindo-lhes claros, daí o nome adotado: FlorestaOmbrófila Aberta com palmeiras, Floresta Ombrófila Aberta com cipós, Floresta OmbrófilaAberta com bambus e Floresta Ombrófila Aberta com sororocas. Na área de estudo foramidentificadas com as formações Terras Baixas, Aluvial e Submontana, com as faciações compalmeiras e sororocas (IBGE, 2005).• Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas (4.672.870,11 ha)Ao longo da rodovia ocorre nos trechos compreendidos entre o km 480 ao km 505 ekm 528 ao km 655,7.Representa 31,331%, ou seja, 4.647.851,5 ha da área de influência indireta do traçadoda estrada, sendo composta por duas faciações: Floresta Ombrófila Aberta (0,168%) eFloresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas com palmeiras e sororoca (31,163%).Ocupa a maior parte da unidade morfoestrutural definida pelo RADAMBRASIL (1977)como Sub-Região dos baixos Platôs do Amazonas, correspondendo basicamente aDepressão do Rio Acre – Rio Javari, caracterizada por terrenos terciários da FormaçãoSolimões. Com altitudes variando de 250m, próximo as fronteiras internacionais, até cerca de100 m, nos limites com o Estado do Amazonas.Conhecida originalmente como “área de transição” entre a Amazônia e o espaço extraamazônico,as Florestas Ombrófilas Abertas possuem fisionomia florestal composta deárvores mais espaçadas, com estrato arbustivo pouco denso e caracterizadas por dois tiposde vegetação, ora por fanerófitas rosuladas, ora pelas lianas lenhosas. Ocorrem em regiãocom temperatura média entre 24°C e 25°C, de clima q ue pode apresentar um período commais de 2 e menos de 4 meses secos.Na área de estudo, essa região fitoecológica ocorre com duas alterações fisionômicas(fácies florestais): a) Floresta de Palmeiras (Cocal), com representatividade significativa daspalmeiras de babaçu (Orbignya phalerata) e do inajá (Maximiliana regia); b) Floresta deSororoca (Sororococal), caracterizada pelos agrupamentos da Musaceae Sororoca(Phenakospermum guyanenses). A tabela 20 mostra uma lista de lianas típicas desse tipo devegetação, acompanhadas do nome da família e o nome vulgar.136


Tabela 20 - Espécies de lianas da Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas.Nome Científico Família Nome VulgarAllamanda cathartica Linn. Apocynaceae Cipó-de-leiteBauhinia splendens Kunth Leguminosae Escada-de-jabutiBonamia maripoides Hallier f.ConvolvulaceaeChiococca brachiata Ruiz & Pav. Rubiaceae Cipó-CruzCydista aequinoctialis (L.) Miers Bignoniaceae Cipó-CruzDavilla spp. Dilleniaceae Cipó-de-fogoDioclea lasiocarpa Mart. Ex Benth. Leguminosae MucunãDoliocarpus rolandri J.F. Gmel. Dilleniaceae Cipó-d’águaDoliocarpus spatulifolius Kubitzki Dilleniaceae _________Heisteria spp. Olacaceae _________Heteropsis jenmanii Oliv. Araceae Cipó-titicaIpomoea spp. Convolvulaceae JapecangaMachaerium ferrugineum (Willd.) Pers. Leguminosae Timbó-açuMachaerium quinata (Aubl.) Sandwith Leguminosae Cipó-sangueParkia oppositifolia Spruce ex Benth. Leguminosae BenguêPassiflora nitida Kunth Passifloraceae Maracujá-do-matoPhilodendron imbe Schott Araceae ImbéPhilodendron mymecophyllum Encl. Araceae Tracuá• Floresta Ombrófila Aberta Aluvial (705.460,23 ha)Ao longo da rodovia ocorre em pequenos trechos compreendidos entre o km 361,8 aokm 362,6 e km 381,4 ao km 382.Representada na área de influência indireta por 4,73%, com duas faciações: FlorestaOmbrófila Aberta com palmeiras compreendendo 672.858,94 ha (4,511%) e FlorestaOmbrófila Aberta Aluvial, 32.601,27 ha (0,219%).Formação florestal que ocupa as planícies e os terraços periodicamente inundados, aolongo dos cursos de água. Na Amazônia são designadas ordinariamente como Matas deVárzeas e Matas de Igapó, respectivamente.São regiões inundadas permanentemente pelos rios de águas claras e pretas. Asáreas de inundação do rio Negro e de outros rios de água preta são muito diferentes dasáreas de várzea, uma vez que há falta de nutrientes na água preta. Durante o período deseca dos rios, as praias arenosas são pouco colonizadas pela vegetação. Sua vegetaçãopermanece verde, com folhas largas, e as árvores de maior porte atingem uma altura de 20m.Há uma grande quantidade de epífitas e cipós, e diversas plantas apresentam raízes queauxiliam no processo de respiração da planta (Meireles Filho, 2004).A floresta Ombrófila Aberta com palmeiras é a de maior representatividade, estandopresente em praticamente todas as planícies fluviais da área de estudo, onde por vezes seexpande por vários quilômetros de largura (IBGE, 2005).137


A palmeira Buriti (Mauritia flexuosa) caracteriza de forma marcante a sua fisionomia,acompanhando quase sempre a rede de drenagem e formando extensos grupos gregários.Em áreas de maiores altitudes (acima de 100 m), ocupa as encostas de pouca declividade e,neste caso, a palmeira predominante é o Inajá (Attalea maripa), que nos terrenos planosintercala-se com o Açaí solteiro (Euterpe precatoria) (IBGE, 2005).No geral retrata uma fisionomia de árvores esparsas e baixas, cuja dominância évariável de local para local, mas onde nunca faltam indivíduos citados na tabela 21.Tabela 21 - Espécies da Floresta Ombrófila Aberta Aluvial.Nome cientifico Família Nome vulgarAttalea maripa Mart. Arecaceae InajaAstrocaryum murumuru Mart. Arecaceae MurumuruCarapa guianensis Aubl. Meliaceae AndirobaCalophyllum spruceanum Benth. Guttiferae Pau mulatoEuterpe precatoria Mart. Arecaceae AçaíFícus insípida Willd. Moraceae CachingubaGuazuma ulmifolia Lam. Sterculiaceae MutambaHevea brasiliensis (Willd.ex A. Juss.) Müll. Arg. Euphorbiaceae SeringueiraHura crepitans L. Euphorbiaceae AçacuInga Alba (Sw.) Willd. Mimosaceae Inga xixicaMauritia flexuosa L. f. Arecaceae BuritiOenocarpus bataua Mart. Arecaceae PatauaPseudomedia multinervis Millbr. Moraceae MuiratingaVirola melinonii (Benoist) A.C Sm. Myristicaceae Ucuuba• Floresta Ombrófila Aberta Submontana (8.004,36 ha)Esta formação não ocorre na área de influência direta da rodovia, mas ocorre na áreade influência indireta representada com 0,054% e pode ser observada distribuída por todaAmazônia e mesmo fora dela, principalmente com a faciação floresta com palmeiras. NaAmazônia, ocorre com quatro faciações florísticas entre os 4° de latitude Norte e os 16° delatitude Sul, situadas acima dos 100 m de altitude e não raras vezes chegando a cerca de 600m.• Formações Pioneiras com influencia fluvial e/ou lacustre = Campos de Várzea(166.656,114 ha)Ocorre ao longo da rodovia no pequeno trecho compreendido entre o km 510,4 ao km511,2Essas formações ocupam 1,169% da área de influência indireta, representada porcinco faciações: Formações Pioneiras com influência fluvial e/ou lacustre arbustiva, sendo4.228,4 ha (0,028%); Formações Pioneiras com influência fluvial e/ou lacustre arbustiva com138


palmeiras, sendo 77.930,4 ha (0,523%) e sem palmeiras, sendo 8.271,9 ha (0,055%);Formações Pioneiras com influência fluvial e/ou lacustre herbácea, sendo 59.563,3 ha(0,399%); Formações Pioneiras com influência fluvial e/ou lacustre herbácea com palmeiras,sendo 581,742 ha (0,004%) e sem palmeiras, sendo 23.908,3 ha (0,160%).São Formações Vegetais Abertas Inundadas, que são caracterizadas pela presençade diversas espécies de gramíneas e a pouca presença de ciperáceas Há poucos arbustos ouárvores. A leste da Ilha de Marajó, a leste do Amapá, em suas planícies costeiras e no Baixorio Amazonas, nas várzeas entre Parintins e a foz do rio Xingu, bem como entre os terrenosholocênicos ligeiramente acima do nível da água, entre Oriximiná e Faro, ocorrem áreasexpressivas de “campos de várzeas”. Na área de estudo, ocorrem duas faciacões: arbustivas(com e sem palmeiras) e herbáceas (com e sem palmeiras) (Braga, 1979).São constituídos por biomassa medíocre, iluminação excessiva, com definidapredominância de gramíneas, capins robustos ou “Canaranas”. As Cyperaceae são deimportância desprezível. Está localizado em sedimentos recentes, limitado às áreas que estãosob influência de alagações procedentes de rios de águas barrentas. Os rios de águas limpas,ou seja, aqueles que não possuem sedimentos em suspensão, independente da coloração,não fornecem condições para o aparecimento deste tipo de vegetação. A tabela 22 mostrauma lista de espécies que podem ser encontradas nesse tipo de vegetação, com os nomesdas famílias e nomes vulgares de cada espécie (Braga, 1979).Tabela 22 - Espécies da formação Pioneira com influencia fluvial/lacustre.Nome Cientifico Família Nome VulgarEchinochloa polystachya (Kunth) Hitchc. Poaceae Canarana-verdadeiraHymenachne amplexicaulis (Rudge) Nees Poaceae _________Hymenachne donacifolia (Raddi) Chase Poaceae Capim-rabo-de-patoLaersia hexandra Sw. Poaceae PamongaLuziola spruceana Benth. ex Döll Poaceae _________Panicum elephantipes Nees ex Trin. Poaceae _________Panicum repens L. Poaceae _________Paspalum fasciculatum Willd. ex Flüggé Poaceae _________• Savana = Cerrado (Senso Strictu) (296.105,857 ha)Esta vegetação não corta a rodovia, mas ocorre a uma distância de 2,3 km no ladoesquerdo (Manaus/PortoVelho) rodovia no pequeno trecho compreendido entre o km 271 aokm 273.Os campo de Cerrado do sul do Amazonas estão representados por 2,656% da áreade influência indireta, sendo compostos por sete fácies: Savana com área de 1.463,15 ha0,010%); Savana arborizada com floresta de galeria com área de 38.388,17 ha (0,257%);139


Savana arborizada sem floresta de galeria com área de 2.059,37 ha (0,014); Savanaflorestada com área de 78.714,99 ha (0,528%); Savana gramíneo-lenhosa sem floresta degaleria com área de 99.652,89 ha (0,668%); Savana parque com floresta de galeria com áreade 5.681,76 ha (0,038%) e, Savana parque sem floresta de galeria com área de 170.154,5 ha(1,141%).Savana é um termo com diversas interpretações, sendo aplicado em todos oscontinentes e em diferentes latitudes do globo terrestre, com abordagem que focalizamcritérios e sentidos variados (Walter, 2006).Apesar dos inúmeros conceitos existentes sobre a Savana (Whittaker, 1977; Cole,1986; Glossário, 1997; Ribeiro & Walter, 1998), aqui utilizaremos o termo mais atual de Mistry(2000) que, segundo Walter (2006), incorpora uma abordagem moderna por incluir aspectostemporais e funcionais da vegetação: “ecossistemas dinâmicos determinados pela umidade enutrientes disponíveis para as plantas, pelo fogo e herbivoria, e a diferentes escalas espaciaise temporais”.Os campos de Cerrado do sul do Amazonas estão distribuídos principalmente, nosmunicípios de Humaitá, Lábrea e Canutama, localizados sobre a Planície Amazônica entre osrios Purus e Madeira. A região não é coberta por campos contínuos, mas por várias unidadesisoladas entremeadas por matas (Braun & Ramos, 1959, Vidotto, 2007).As savanas amazônicas da região norte da Amazônia apresentam baixa diversidadede espécies em relação às outras savanas do Planalto Central, conforme Romariz (1996) eMiranda e Absy (2000), citados por Walter (2006).O Cerrado sensu stricto caracteriza-se pela presença de árvores baixas, inclinadas,tortuosas, com ramificações irregulares e retorcidas, e geralmente com evidencia dequeimadas. Os arbusto e subarbustos encontram-se espalhados, com algumas espéciesapresentando órgãos subterrâneos perenes (xilopódio) que permitem e rebrota após queimaou corte. Os troncos das plantas lenhosas em geral possuem cascas com cortiça grossa,fendida ou sulcada, e as gemas apicais de muitas espécies são protegidas por densapilosidade. As folhas em geral são rígidas e coriáceas (Walter, 2006). Esses caracteresfornecem adaptação a condições de seca, acúmulo de alumínio, queimadas e outrasperturbações antrópicas (Goodland & Ferri, 1979; Coutinho et al., 2002). A tabela 23apresenta as principais espécies de Savana.140


Tabela 23 - Espécies da Savana.Nome CientificoAnacardium occidentale L.Anadenanthera peregrina Speng.Andropogon angustatus Steud.Antonia ovata Pohl.Aristida setifolia H.B.K.Bowdichia virgilioides H.B.K.Bulbostylis conifera C.B. ClarkeBulbostylis lanata DC.Bulbostylis paradoxa Spreng.Byrsonima crassifolia H.B.K.Byrsonima verbascifolia Rich. ex Juss.Caryocar macrocarpum DuckeCassia moschata H.B.K.Cassytha americana NeesCuratella americana L.Hancornia speciosa GomesHimatanthus articulatus (Vahl.) WoodsonHumiria balsamifera (Aubl.) St. Hill. var. coriacea Cuatr.Mauritia flexuosa L.Mesosetum loliforme Chase.Paspalum carinatum FlueggePaspalum pulchellum H.B.K.Piptadenia macrocarpa Benth.Rhynchospora bartata Maury.Roupala complicata LindemSalvertia convaleriodora A. St. Hill.Tabebuia caraiba (Mart.) BurXylopia aromatica Ball.FamíliaAnacardiaceaeLeguminosaePoaceaeLoganiaceaePoaceaeLeguminosaeCyperaceaeCyperaceaeCyperaceaeMalpighiaceaeMalpighiaceaeCaryocaraceaeLeguminosaeLauraceaeDilleniaceaeApocynacaeApocynacaeHumiriaceaeArecaceaePoaceaePoaceaePoaceaeLeguminosaeCyperaceaeProteaceaeVochysiaceaeBignoniaceaeAnnonaceae• Contato entre tipologias vegetacionais (80.153,177 ha)Ocorre ao longo da rodovia no pequeno trecho compreendido entre o km 652,4 ao km654.Entre duas ou mais regiões ecológicas existem sempre, ou pelo menos na maioria dasvezes, comunidades indiferenciadas onde as floras se interpenetram, constituindo as áreas detransição florística, ou contatos edáficos. O primeiro caso se refere ao próprio ecótono(mistura) de Clements (1949, apud IBGE, 1992). O segundo caso se refere ao “mosaico deáreas edáficas”, onde cada encrave guarda sua identidade ecológica sem se misturar (Veloso141


et al., 1991, apud IBGE, 1992), sendo que neste caso, sua separação é puramente umaquestão de escala.As características das áreas de contato estão representadas na área de influênciaindireta pelo Contato Savana com Floresta Ombrófila Densa com área total de 80.153,17 ha(0,537%) na forma de encrave. Assim, os aspectos florísticos e estruturais que caracterizamesses contatos são sempre refletidos ou definidos pela formação vegetacional predominante,já descritos anteriormente.• Demais ambientes• Hidrografia (330.465,26 ha)Ocupa 330.465,26 ha, ou seja, 2,216% da área de influência indireta do traçado daestrada. A região da área de estudo é circundada por dois rios, o Purus e o Madeira, deáguas brancas (Sioli, 1984). Esses dois rios fazem parte da bacia amazônica, sendo afluentesdo rio Amazonas (Cunha & Pascoalato, 2006). A área é ricamente drenada por outros rios demenor porte e inúmeros igarapés. Observações de campo demonstraram que a maioria dosrios secundários dessa área também apresentam águas brancas.A seguir incluimos uma descrição desses dois rios citados acima feita por Cunha &Pascoalato (2006), em um trabalho realizado para o Centro Cultural dos Povos da Amazônia,intitulado “Hidroquímica dos rios da Amazônia.“O Purus é afluente da margem direita do rio Amazonas, nasce no Peru, na Serra daContamana, com aproximadamente 500 m de altitude e percorre cerca de 3.300 km até aFoz. Com características de rio de baixada, possui um percurso bastante sinuoso e curvasbem fechadas. O trecho que vai da cidade de Canutama até a sua foz, no Rio Solimões,possui 1.175 km. Para os autores, o rio Purus apresenta alguns pontos críticos à navegação,sendo necessário, para que a navegabilidade seja contínua, alguns melhoramentos visando àtransposição destes pontos críticos. O rio Purus é navegável nos seguintes trechos:Foz/Cachoeira (1.740 km); Cachoeira/Boca do Acre (810 km); Boca do Acre/rio Laco (290km). O rio Purus não possui instalações portuárias dotadas de adequada infra-estrutura.Existem, no entanto, alguns atracadouros, a saber: Beruri, Tapauá, Arumã, Novo Tapauá,Nova Olinda, Canutama, Lábrea, Porto Luzitânia, Pauiní e Boca do Acre”.“O rio Madeira é o mais importante afluente da margem direita do rio Amazonas, temum curso de 3.240 km, percorrendo o estado de Rondônia no sentido sudoeste - norte e umtrecho do estado do Amazonas, desaguando a oeste da ilha Tupinambarana, no rioAmazonas.O rio Madeira, conforme as características de seus cursos é um rio novo, ainda emformação, classificado como misto, isto é, rio de planalto e planície. Em seu alto curso é rio de142


planalto, atravessa a Encosta Setentrional do Planalto Brasileiro, formando numerosascorredeiras e cachoeiras em conseqüência do afloramento de rochas cristalinas, entre asquais se destacam as cachoeiras de Santo Antônio, Teotônio, Morrinho, Jirau, Caldeirão doInferno, Misericórdia e Ribeirão. Após percorrer esse trecho de planalto cristalino, penetra naplanície amazônica 7 quilômetros acima da cidade de Porto Velho, passando a ser um rio deplanície francamente navegável até a sua foz, na margem direita do rio Amazonas.O rio Madeira é navegável desde a sua foz, no rio Amazonas, até a cidade de PortoVelho, num estirão de 1.056 km. Sua largura varia de 440 a 9.900 metros na foz. No períodode cheias, a profundidade pode ser superior a 13,0 m e no de estiagem reduz-se a 2,80 m,permitindo, a navegação de navios de grande calado, inclusive oceânicos, até a cidade dePorto Velho. A falta de manutenção e a própria mudança dos canais de navegação muitoinfluenciam a situação de navegabilidade do rio Madeira. No período da enchente, suaságuas inundam as florestas adjacentes alagando dezenas de quilômetros de ambas asmargens”.• Áreas antropizadas (539.141,35 ha)Corresponde a 539.141,35 ha, ou seja, 3, 615% da área de influência indireta dotraçado da estrada. Localizada principalmente as margens da rodovia, onde a vegetaçãonativa foi suprimida para dar lugar a outros usos da terra, como pastagens, agricultura,moradias, etc.– Caracterização dos corredores ecológicos e o estado de conservação e/ouregeneraçãoPor Corredor Ecológico entende-se que são áreas estrategicamente destinadas àconservação ambiental (Caüper, 2006). Ele compreende uma rede de áreas protegidas,entremeada por áreas com variáveis graus de ocupação humana.O interflúvio Purus-Madeira, embora não tenha sido definido em lei como um corredorecológico poderia ser considerado como tal, uma vez que se enquadra dentro desse conceito,com uma seqüência de biomas desde a região de campos ao Sul, passando por manchas deflorestas de terra firme, até alcançar a área de várzea na planície central da Amazônia. Avegetação dessa área só apresenta uma descontinuidade central (sentido Norte-Sul), que foiocasionada pela implantação da rodovia BR 319, pelos idos de 1976.A vegetação localizada nas proximidades da margem da estrada encontra-seconservada/preservada entre os rios Igapó Açu e Jutaí, em toda essa extensão (Norte/Sul eLeste/Oeste). Do lado direito do rio Jutaí (sentido Manaus/Humaitá) até o km 655,7, avegetação encontra-se com vários níveis de antropização, que vão desde o solo exposto,143


passando por pastagens formadas e em formação, áreas agrícolas, áreas construídas, atéáreas em regeneração em diferentes graus (Sentido Norte/Sul). Do lado esquerdo do rio Jutaíencontra-se uma unidade de conservação, a Reserva Extrativista Lago do Capanã Grande(Figura 36A).Figura 36 - Reserva do Capanã Grande (A). Área particular (B).Onde ocorre a reserva, a vegetação encontra-se conservada. A partir dela, avegetação do lado esquerdo também encontra-se degradada, porém em menor grau que a dolado direito, até porque nesse lado também se encontra uma grande extensão de florestadensa preservada, que pertence ao 54 0 Batalhão de Infantaria de Selva de Humaitá.Vale ressaltar que essa degradação ocorre próxima a rodovia, ficando uma boa parteda floresta intacta, levando em consideração a extensão de 5 km da área de influência direta,partindo do eixo central do leito estradal em direção a floresta (sentido Leste/Oeste). Tambémforam registradas grandes extensões de mata primária tidas como particulares, inclusivesinalizadas (Figura 36B).• Reserva Extrativista Lago do Capanã GrandeEm 04 de junho de 2004 foi criada a Reserva Extrativista do Lago do Capanã Grande,no Município de Manicoré, margem direita do rio Madeira, no Estado do Amazonas, com osobjetivos de assegurar o uso sustentável e a conservação dos recursos naturais renováveis,protegendo os meios de vida e a cultura da população extrativista local.A reserva abrange uma área de 304.146,28 ha. O IBAMA ficou responsável peladesapropriação dos imóveis particulares constituídos de terras e benfeitorias existentes noslimites da reserva, mos termos dos artigos 1º e 2º, inciso VII, da Lei no 4132/62. Já os imóveisda União inseridos nos limites da reserva foram objeto de concessão real de uso com apopulação tradicional extrativista. Os fundos da reserva terminam justamente na margem darodovia BR-319. Observações de campo mostraram que em algumas áreas ocorreram144


desapropriações de terras, pois as terras nuas, em processo de regeneração, demonstram talfato.– Conclusões• A tipologia vegetacional dominante na área de influência direta da rodovia BR-319 écomposta por Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, com 57,8%, seguida daFloresta Ombrófila Aberta com palmeiras e sororocas, com 28%, perfazendo, juntas,85,8% da área amostrada. A área antropizada, compreende 9,5% ficando os restantes4,7% distribuídos pelas outras tipologias vegetacionais.• Em alguns locais, o efeito de borda é acentuado, adentrando a floresta em até 50 m,evidenciado pelas espécies indicadoras de áreas secundárias.• Nas margens da rodovia, o processo de sucessão secundária encontra-se emadiantado estágio de regeneração, chegando a alcançar o estágio de capoeirão emalguns pontos.• As espécies de maior valor de importância relativa listadas na tabela 3, bem como asque se enquadram na listagem de espécies raras e ameaçadas de extinção devemcompor o elenco das espécies a serem plantadas nas áreas a serem recompostas.• O incremento da supressão da vegetação decorrente da obra de reconstrução darodovia BR-319 será de 568 hectares, ou seja, apenas 0,014% da Área diretamenteafetada.• O volume de material lenhoso total a ser suprimido no empreendimento será deaproximadamente 309.219 m ³ .– Relação das espécies ocorrentesNo Anexo V estão listados os indivíduos que compõem as espécies amostradas notrecho em estudo, com o respectivo lat/long de cada ponto amostral.145


5.2.3 – FaunaA Instrução Normativa n 0 146 de 10 de janeiro de 2007 estabelece os critérios paraprocedimentos relativos ao manejo de fauna silvestre (levantamento, monitoramento,salvamento, resgate e destinação) em áreas de influência de empreendimentos e atividadesconsideradas efetiva ou potencialmente causadoras de impactos à fauna sujeitas aolicenciamento ambiental, como definido pela Lei n° 6938/81 e pelas Resoluções Conama n°001/86 e n° 237/97.De acordo com o Art. 4º da Instrução Normativa n 0 146, o Levantamento de Faunadeve examinar os seguintes itens: 1) lista de espécies da fauna descritas para a localidadeou região, baseada em dados secundários, inclusive com indicação de espécies definidasem listas oficiais de fauna ameaçada (e.g.; IBAMA, CITES. IUCN) com distribuição potencialna área do empreendimento, independentemente do grupo animal a que pertencem; 2)descrição detalhada da metodologia a ser utilizada no registro de dados primários, incluindoo esforço amostral para cada grupo em cada fitofisionomia; 3) mapas, imagens de satéliteou foto aérea, contemplando a área afetada pelo empreendimento com indicação dasfitofisionomias, localização e tamanho das áreas a serem amostradas; 4) informaçõesreferente ao destino pretendido para o material biológico a ser coletado; e 5) detecção dospossíveis impactos sobre a fauna gerados pelo empreendimento, bem como as formas demitigação dos mesmos.Estudos de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) para grupos da fauna em áreaspertencentes ao Bioma Amazônia apresentam uma grande complexidade, usualmenteutilizando múltiplos métodos de amostragem (Voss & Emmons, 1996; Simmons & Voss,1998). Além disso, poucos estudos científicos foram realizados para estes grupos, aindapoucos conhecidos em termos de seus padrões de diversidade (da Silva et al., 2001).Entretanto, a literatura científica aponta para uma grande importância do bioma, consideradocomo um dos hostspots de maior biodiversidade do mundo (Myers et al., 2000). A Amazôniabrasileira corresponde a 40% do total de florestas úmidas no planeta e abriga 40% de toda adiversidade biológica existente (Laurance et al., 2001). Dentre os fatores ecológicosresponsáveis pela imensa riqueza de espécies desse bioma estão a heterogeneidade deambientes e a estabilidade climática ao longo do tempo geológico (Wiens & Donoghue,2004).Neste contexto, estudos que examinem variações na diversidade encontrada, emdiferentes escalas de espaço e de tempo, são de exterma importância para se evitar a perdade importante conhecimento científico para o futuro. Além disso, o desmatamento daAmazônia é muito alto e crescente, ultrapassando 25 mil quilômetros quadrados ao ano(INPE, 2003), o que representa um alto risco para as espécies e ecossistemas associados,146


considerando o importante papel da floresta na regulação do clima em escala regional eglobal e nos ciclos de água e carbono (Shusikla et al., 1990; Skole & Tucker, 1993;Houghton et al., 2000). A área desmatada já atinge cerca de 570 mil quilômetros quadrados(INPE, 2003). Isso evidencia a necessidade urgente de estudos faunísticos e florísticos,contribuindo assim com informações que subsidiem ações de conservação para aAmazônia. A degradação do meio ambiente pode tornar algumas espécies raras ou atémesmo extintas, especialmente devido à perda de hábitats, diminuição de recursosdisponíveis, migração de espécies para áreas onde não ocorriam, gerando assimsobreposição de nichos e por conseqüência a competição, entre outros (Danielson, 1991).Dentre os 300 polígonos delineados como representantes de áreas prioritárias parapreservação em toda a região amazônica, alguns dos polígonos localizados próximos oumesmo na região onde se situa a rodovia BR-319 (médio rio Madeira e interflúvio Madeira-Purus) foram apontados em 1999 como de “altíssima prioridade” para conservação combase em estudos taxonômicos de alguns grupos de organismos, principalmente aves eprimatas. Pontanto essa é uma região da Amazônia brasileira apontada com sendo degrande de biodiversidade. Infelizmente, é também uma das regiões menos estudadas e, nosúltimos anos, vêm sofrendo uma pressão de desenvolvimento antrópico cada vez mais forte.A expansão da agropecuária vinda do sul da Amazônia ameaça as florestas e,principalmente, os campos naturais (cerrado, savana, campina), onde a facilidade dedesmatamento, combinada com a percepção popular errônea de que campo natural não teminteresse biológico, tornam essas áreas vulneráveis à degradação e à extinção de sua faunae flora endêmicas (Rapp Py-Daniel, 2007). Neste contexto, a rodovia BR-319 é umaimportante via de acesso a essa área de relevante interesse biológico, necessitando,portanto, de um rigoroso estudo ambiental e da prática extrema de medidas demonitoramento e conservação e, em alguns casos, de medidas compensatórias pertinentes.A particularidade dessa região do rio Madeira já havia sido detectada por Wallace(1952) há mais de um século, a partir de estudos com primatas. Essa região é apontadacomo um importante divisor zoogeográfico e que apresenta um alto índice de endemismodos diferentes grupos taxonômicos (Haffer, 1969; Capparella, 1987; Cracraft & Prum 1988;Haffer, 1997; Cohn-Haft, 2000; Rapp Py-Daniel, 2007; da Silva et al., 2007). Entretanto, nãoé possível sua generalidade em relação a outros grupos de vertebrados, particularmente demamíferos terrestres devido ao conhecimento ainda incipiente sobre essa fauna (da Silva etal., 2007).Tamanha é a peculiaridade do interflúvio Madeira-Purus, a falta de informações e apreocupação dos cientistas com essa região que, no ano de 2001, dentre os subprojetosselecionados pelo edital do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade147


Biológica Brasileira (PROBIO), cinco foram desenvolvidos na região amazônica, e um delesem especial foi realizado na região do médio rio Madeira. Tal projeto foi desenvolvido entreos anos de 2002 e 2005, e teve como equipe executora pesquisadores e bolsistas doInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA. O objetivo deste estudo foi realizar uminventário dos diferentes grupos de fauna em diferentes ambientes (várzea, terra firme ecampinarana) na região do médio rio Madeira e fornecer bases científicas para elaboraçãode propostas de conservação da região (Rapp Py-Daniel, 2007).O trabalho citado representa a melhor caracterização faunística da região, e seráusado como principal referência para a elaboração deste EIA. Contudo, muito ainda precisaser estudado no referido interflúvio, pois ainda que os dados possam ser extrapolados emalguns aspectos para a área de influência da rodovia BR-319, existe uma grande área nestaregião desconhecida do ponto de vista científico. Vários aspectos dos padrões e processosecológicos, por exemplo, ainda precisam ser descobertos e entendidos, sendo a realizaçãode novos estudos de extrema importância para a obtenção de bases científicas suficientespara a tomada de decisões adequadas para a conservação da fauna na região do rioMadeira e consequentemente para o bioma da Amazônia como um todo.Neste contexto, a coleta de dados primários além de estar em acordo com asexigências da legislação vigente, representa uma importante fonte de informação para oconhecimento da fauna da área de influência do empreendimento, apontando ainda para anecessidade de preservação da maior extensão de área possível no interflúvio Madeira-Purus (região de implantação da rodovia BR-319), para que não haja perda de diversidadede espécies e processos ecológicos antes mesmo deles serem estudados.InvertebradosIntroduçãoDos 1,5 milhão de espécies descritas, mais da metade são de artrópodes (Parker,1982). Mais especificamente, cerca de um milhão de insetos já foram descritos (Triplehorn eJohnson, 2005) e estima-se que a riqueza total desse grupo pode chegar a oitenta milhõesde espécies (Gullan e Craston, 2008).Essa enorme riqueza reflete-se na variedade de adaptações desses organismos aoambiente em que vivem. Os insetos são importantes para o funcionamento dosecossistemas naturais, atuando como predadores, parasitas, fitófagos, saprófagos,polinizadores, detritívoros, entre outros (Rosemberg et al., 1986), e sendo fonte alimentarpara muitos organismos, incluindo humanos (Gullan e Craston, 2008). São responsáveispela maior parte do fluxo de energia nas florestas tropicais e representam uma das maioresproporções da biomassa animal (Fittkau e Klinge, 1973). Estas características tornam os148


insetos bons indicadores em estudos de impacto ambiental, permitindo que perturbaçõesambientais sutis sejam detectadas (Brown, 1991).A riqueza e abundância de artrópodes são maiores em áreas nativas e de menorintensidade de utilização do solo, independente do ecossistema estudado (Attwood et al.,2008). A redução na riqueza de espécies em áreas de fragmentos florestais da regiãoamazônica foi relatada para alguns grupos de insetos como cupins (Sousa e Brown, 1994),abelhas Euglossini (Powell e Powell, 1987), besouros (Klein, 1989) e formigas (Carvalho eVasconcelos 1999). Além da redução do número de espécies, esses estudos sugerem que oefeito da borda e o isolamento do fragmento em relação à floresta contínua modificam aestrutura das comunidades que habitam os fragmentos florestais.Para Amazônia brasileira, também existem trabalhos sobre o efeito dodesmatamento e conseqüente formação de pastagens e florestas secundárias nadiversidade de abelhas Euglossini (Morato, 1994) e cupins (Bandeira, 1998), e do efeito docorte seletivo de madeira na comunidade de formigas (Vasconcelos et al., 2000). Noentanto, apesar da grande diversidade de insetos existente na Amazônia e sua importânciano funcionamento dos ecossistemas, a maioria é desconhecida resultado de pouca ênfaseque tem sido dada aos invertebrados em programas de conservação e pela carência detaxonomistas residentes na região.Uma das formas de compreender se a amostragem realizada abrangeu grande parteda fauna estudada é a utilização da curva do coletor. Esta curva mede o grau de incrementode novas espécies a cada novo indivíduo que é coletado (Colwell e Coddington 1994). Aassíntota ou estabilização da curva normalmente é atingida em táxons com número reduzidode espécies facilmente detectáveis, que não é o caso dos invertebrados como borboletas eformigas. Em locais grandes e não fragmentados, atingir a estabilização da curva do coletoré muito difícil, pois existe uma movimentação, extinção e colonização contínua das espécies(Gotelli e Colwell, 2001). Isso não significa que nunca poderemos tomar decisões baseadasem dados biológicos, mas para sabermos se o esforço empregado foi suficiente paraamostrar uma parte significativa da comunidade, precisamos identificar e/ou morfotipartodos os indivíduos coletados.BorboletasBorboletas fazem parte de diversas interações ecológicas dentro dos seusecossistemas, destacando polinização e herbivoria, além de pertencer à base da cadeiatrófica, convertendo matéria vegetal em biomassa para vertebrados como pássaros (BrownJr. e Freitas, 2000).149


As borboletas compreendem um grupo mega-diverso mundialmente, com mais de17.500 espécies descritas na superfamília Papilionoidea (famílias Papilionidae, Pieridae,Nymphalidae e Lycaenidae). No Brasil existem cerca de 2.500 espécies das quais 1.900 naAmazônia legal, no entanto a taxonomia do grupo ainda não encontrou um consenso entreos especialistas. Mesmo assim, as borboletas constituem um grupo promissor para estudosde impactos ambientais na região amazônica (Souza e Overall, 2001) e vêm sendoutilizadas como indicadores em levantamentos de fauna, determinação de áreas prioritáriaspara a conservação, planejamento de reservas naturais e planos de manejo. (Brown Jr etal., 1996; Brown Jr e Freitas, 2002).A resposta das comunidades de borboletas após uma alteração no ambiente érelativamente rápida e complexa. Em ambientes antrópicos, a maioria dos gruposdesaparece por completo restando algumas espécies pragas que podem manter grandespopulações e dificilmente essa comunidade retorna à composição original (Casagrande etal. 1998).FormigasUm dos problemas que biólogos e ambientalistas enfrentam é como identificar, demaneira rápida e sob custos baixos, as áreas mais importantes para conservação (Williamse Gaston, 1994). Devido ao tempo e recursos financeiros escassos, a falta de literaturataxonômica e de especialistas, mapear a diversidade em grandes escalas é impraticável ecom freqüência impossível se for usada a identificação de táxons em nível específico comomedida de diversidade (Olsgard et al., 2003). A relação entre as formigas e os sereshumanos é muito antiga e provavelmente por causa disso são insetos relativamente bemestudados (Holldobler e Wilson 1990) e apresentam uma boa base de dados taxonômicosdisponível na Internet.As formigas (Hymenoptera, Formicidae) são insetos sociais e desempenham umpapel importante no fluxo de energia e de materiais no ambiente. Elas participam daciclagem de nutrientes, do enriquecimento e aeração do solo, da bioturbação e dapedogênese (formação do solo). Além de interagir e modificar componentes abióticos doambiente, as formigas participam de várias interações simbióticas com outros organismos(Hölldobler e Wilson 1990) e desempenham importantes funções ecológicas, comodispersão de sementes (Hughes e Westoby 1990) e controle de insetos herbívoros (Dyer eLetourneau 1999). Desta forma, as formigas podem ser usadas como indicadoras daqualidade do solo em ambientes rurais e florestas tropicais (Lobry de Bruyn, 1999; Farji-Brener e Illes, 2000).150


Em ambientes sombreados de fragmentos florestais ou de floresta contínua existeuma quantidade muito maior de formigas e ninhos quando comparado com áreas abertas ouclareiras (Watt et al., 2002; Reyes-López et al., 2003).Mudanças na abundância relativa de formigas generalistas estão muitas vezescorrelacionadas com o nível de distúrbio ambiental (Andersen, 1995). É comum em locaisantropizados ocorrer aumento no tamanho dos ninhos de espécies generalistas econseqüente mudança na composição da comunidade (Andersen et al., 2002). Por essascaracterísticas, as formigas são usadas como bioindicadores em áreas de reflorestamento erecuperação de distúrbios em algumas regiões do mundo (Andersen et al., 2002; 2003).Apesar das formigas responderem rapidamente a mudanças do ambiente e ter boaresolução taxonômica, esse grupo não é bem amostrado na região Amazônica e a maiorparte do conhecimento está concentrado ao redor dos maiores centros urbanos.De acordo com os dados da Coleção de Invertebrados do INPA a maioria doconhecimento sobre a distribuição das espécies de formigas na Amazônia se concentra emáreas de fácil acesso. Tanto os locais mais bem estudados, quanto os menos estudadosestão ao redor de cidades, das margens dos rios navegáveis, estradas ou em unidades deconservação (Figura 37). A coleção de formigas do INPA não abriga exemplares de todas asexpedições de campo ocorridas na Amazônia, mas pode ser usada como um bom indicadordo conhecimento sobre este grupo. Os pontos no mapa da Figura 37 representamaproximadamente 63.000 formigas que estão guardadas na coleção. As áreas com maiordiversidade de formigas na Amazônia brasileira são as mais próximas das grandes cidadesprovavelmente porque são mais bem estudadas e não necessariamente porque são maisdiversas (Baccaro et al., 2008).Apesar da rodovia BR-319 ter sido construída no final da década de 70, poucascoletas de formigas foram feitas na região. A maioria dos registros é para cidade de Humaitá(10 espécies e aproximadamente 20 morfo-espécies) e Porto Velho (9 espécies eaproximadamente 30 morfo-espécies). A capital de Rondônia não abriga uma coleçãosignificativa de formigas e certamente a fauna local é subestimada.Como na época de abertura e instalação da rodovia, não foi elaborado um relatóriosobre os possíveis impactos que a rodovia BR-319 poderia gerar, pretendemos investigar sea estrada e conseqüente mudança no uso da terra do seu entorno por moradores locais sereflete na composição dos gêneros de formigas.151


Figura 37 - Número de espécies de formigas por local de coleta depositado na Coleção de Invertebrados doINPA. O mapa não mostra espécimes morfotipados.EscorpiõesOs escorpiões são muito conhecidos por serem causadores de acidentes. No Brasil,esses acidentes ocorrem principalmente com adultos, porém os casos de óbitos são maisfreqüentes em crianças (FUNASA, 2001). A maioria das espécies relacionadas comescorpionismo (acidentes causados por escorpiões) pertence ao gênero Tityus (Cupo et al.,1999). Na Amazônia brasileira as espécies que já registraram acidentes foram T.cambridgei, T. silvestris e T. metuendus, principalmente nos estados do Amazonas e Pará(Lourenço, 1984a, b; Neto e Pardal, 1996; Souza et al., 1995; Fan, et al., 1996; Pardal et al.,2003).Os escorpiões possuem aproximadamente 1.500 espécies descritas, distribuídas em165 gêneros e 20 famílias (Lourenço, 2002a; b) e estima-se que o número de espéciespossa alcançar 7.500 com estudos posteriores (Adis e Harvey, 2000). A descoberta denovas espécies no Brasil ocorre com certa freqüência e estes números vêem aumentando.Nos últimos três anos, seis espécies novas foram descritas somente para a regiãoamazônica (Lourenço, 2005a, b; Lourenço et al., 2005a, b; Lourenço e Qi, 2007).Os escorpiões são considerados bons organismos para todos os tipos deinvestigações ecológicas e comportamentais (Polis, 1990) principalmente em áreas de alta152


diversidade. Dentre os artrópodes, esses aracnídeos formam a ordem mais bem definidataxonomicamente (Fet et al., 2000) e vem sendo amplamente utilizado em questõesbiogeográficas (Lourenço, 1990; 1991; 1992; 1994a; b; 2001).Apesar da importância ecológica e da grande diversidade de artrópodes existentesna Amazônia, pouco se sabe sobre a ecologia e distribuição das espécies da maioria dosgrupos de artrópodes. O presente estudo tem como objetivo principal realizar um inventárioda fauna local de artrópodes da área de influência da rodovia BR-319, que liga o municípiode Manaus (AM) ao município de Porto Velho (RO), com ênfase em grupos bioindicadorescomo formigas, borboletas e escorpiões. Este trabalho compõe a análise do impactoambiental do asfaltamento da rodovia BR-319 sobre as comunidades de artrópodes notrecho entre os quilômetros 250 e 655,7.ResultadosNeste relatório abordamos os resultados provenientes das coletas realizadas nospontos do km 300 e 350. Nesta amostragem foram coletados e triados 4.458 invertebradosutilizando o extrator de “Winkler” e as armadilhas do tipo arapuca e de interceptação equeda (Tabela 24). Esses invertebrados estão distribuídos em quatro subfilos de artrópodes(Chelicerata, Crustacea, Myriapoda e Hexapoda) e 30 ordens. Os Chelicerata foramrepresentados por sete ordens de aracnídeos, Crustacea pelos tatuzinhos-de-jardim(Isopoda), Myriapoda por quatro ordens e o subfilo mais representativo foi Hexapoda com 18ordens de insetos.Das 80 amostras de solo e serrapilheira coletadas e extraídas em “Winkler”, 38 foramtrabalhadas resultando em 4.321 invertebrados. Os ácaros coletados por este método nãoforam contabilizados devido ao grande número de indivíduos. Esta ordem é uma dasmaiores dentre os artrópodes, deste modo a contagem de indivíduos demandaria umperíodo de tempo muito longo, fugindo do escopo deste trabalho. Mas é válido ressaltar queos dois grupos de ácaros (Oribatida e Outros Acari) são bons bioindicadores (Franchini eRockett, 1996; van Straalen, 1998; Behan-Pelletier, 1999) e podem responder a alteraçõesdo ambiente (Guimarães, 2003). Os problemas decorrentes da grande abundância dessegrupo, que demandam muito tempo para triagem e identificação, podem ser contornados emmétodos e protocolos que estão em fase de aperfeiçoamento (Santos et al., 2008).As armadilhas do tipo arapuca são direcionadas para a coleta de borboletas e noperíodo da amostragem foram obtidos 128 borboletas de 6 diferentes famílias.153


Tabela 24 - Abundância dos invertebrados nos dois pontos de coleta ao longo da rodovia BR-319, nome comume forma de amostragem utilizados. Os invertebrados não constam nas listas de status de conservação doIBAMA, Cites e IUCNTáxon Nome comum Forma de amostragem* Ponto 1 (km 300) Ponto 2 (km 350) TotalChelicerata / ArachnidaAcari †ácaro e carrapatoSubordem Oribatida ácaros de solo WOutros AcariWAmblypygiPhrynidaeHeterophrynus sp. 0 2 2Araneae aranha W, P, M 138 6 144Dipluridae M 1 0 1Theraphosidae caranguejeira F, M 5 4 9Opiniones opilião W, P 12 0 12Pseudoscorpionida falso-escorpião W 69 26 95RicinuleiCryptocellus SP. W 1 0 1Schizomida W 1 0 1Scorpiones escorpião W, P 5 4 9CrustáceaIsopoda tatuzinho-de-jardim W 2 2 4MyriapodaChilopoda lacraia W, P 6 0 6ScolopendridaeOtostigmus (Parotostigmus) sp. lacraia P, M 4 0 4PselliodidaePselliodes guildingii P 1 0 1Symphyla W 12 0 12Pauropoda W 3 0 3Diplopoda piolho-de-cobra W, P 21 0 21Spirostreptida P 1 0 1Hexapoda / InsectaCollembola W 627 1 628Diplura W 4 0 4Zygentoma W 2 0 2Plecoptera W 1 0 1Isoptera cupim W 93 0 93Blattodea barata W 14 0 14Mantódea louva-deus W 6 0 6Orthoptera grilo ou gafanhoto W 16 0 16ZorapteraZorotypidaeZorotypus sp. W 4 0 4Psocoptera W 82 5 87Thysanoptera W 227 4 231Hemíptera percevejo W 174 2 176Neuroptera W 5 3 8Coleóptera besouro W 164 8 172Coleoptera imaturo W 54 0 54Díptera mosca e mosquito W 21 0 21Diptera imaturo W 1 0 1Trichoptera W 1 0 1Lepidóptera borboleta e mariposa W, A, M 42 88 130Lepidoptera imaturo W 15 3 18Hymenoptera vespa e abelha W 14 1 15Hymenoptera - Formicidae formiga W 1949 493 2442Imaturo W 30 4 34Total 3828 656 4484*a – arapuca; f - Funnel trap; m - coleta manual; p - armadilha de interceptação e queda (pitfall trap); w - extrator de “Winkler”.154


†Na ordem Acari o número de indivíduos não foi contabilizado devido à grande abundância do grupo e não ser um grupo-alvono presente estudo.As armadilhas de interceptação e queda foram utilizadas para a amostragemconjunta da fauna de escorpiões, répteis, anfíbios e pequenos mamíferos. Nessasarmadilhas foram coletados 17 invertebrados distribuídos em escorpiões, aranhascaranguejeiras, opiliões, quilópodes e diplópodes.Neste relatório analisamos três grupos-alvo de invertebrados que foram identificadosaté gênero ou espécie, são eles: formigas (Insecta – Hymenoptera - Formicidae), borboletas(Insecta - Lepidoptera) e escorpiões (Arachnida – Scorpiones). Outros grupos de artrópodesque também foram identificados até gênero ou espécie estão relacionados abaixo:Arachnida – RicinuleiA ordem Ricinulei é bastante rara e na Amazônia é assinalada apenas a famíliaRicinoididae (Platnick, 2002). Esse aracnídeo foi coletado em amostras de serrapilheira,fazendo parte da fauna edáfica e o indivíduo coletado pertence ao gênero Criptocellus.Arachnida – SchizomidaA ordem Schizomida possui uma distribuição restrita, ocorrendo principalmente nasregiões tropical e subtropical. Todos os indivíduos encontrados na Amazônia pertencem àsubfamília Hubbardiidae e foram registradas para a região 12 espécies. Várias espéciespodem ser bons bioindicadores do tipo de floresta, por serem restritos a determinadoshabitats (Reddell e Cokendolpher, 2002). Esse aracnídeo também foi encontrado emamostras de solo.Arachnida – AmblypygiA ordem Amblypygi possui cinco famílias com 140 a 150 espécies descritas em todoo mundo (Weygoldt, 2002). Na região amazônica ocorrem quatro gêneros de amblipígeos eos dois exemplares coletados na área de estudo pertencem ao gênero Heterophrynus(Phrynidae). Este gênero é endêmico da região amazônica com 13 espécies descritas.Várias espécies desse gênero foram descritas no século XIX com trabalhos incompletos enecessitam de uma revisão taxonômica para verificar a validade de algumas espéciesdescritas (Weygoldt, 2002).Myriapoda – Chilopoda – ScolopendromorphaA ordem Scolopendromorpha possui 32 gêneros com 581 espécies em todo o mundoe na região amazônica são registrados 11 gêneros com 57 espécies, estima-se que este155


número pode chegar a 90 espécies (Schileyko, 2002). Quatro exemplares de Otostigmus(Parotostigmus) sp. (Scolopendridae) foram coletados na área de estudo. Esse gêneropossui ampla distribuição na região amazônica com o registro de 15 espécies.Myriapoda – Chilopoda – ScutigeromorphaScutigeromorpha é uma ordem com aproximadamente 80 espécies descritas emtodo o mundo (Adis e Harvey, 2000). Para o Brasil são registradas cinco espécies (Foddai etal., 2002), na área amostrada foi coletado um indivíduo de Pselliodes guildingii (Newport,1844) (Pselliodidae) nas armadilhas de interceptação e queda.Insecta – ZorapteraA ordem Zoraptera é a menor ordem de insetos, com 33 espécies descritas e 6espécies fósseis. Para o Brasil são registradas cinco espécies sendo quatro espéciesencontradas na região amazônica (Rafael e Engel, 2006). Os quatro exemplares coletadosna área de estudo pertencem ao gênero Zorotypus.BorboletasForam coletados 128 indivíduos sendo 40 no primeiro ponto de coleta (km 300) e 88no segundo (km 350), registrando 43 espécies de seis famílias. As borboletas pertencente afamília Nymphalidae foram as mais abundantes com 118 espécimes seguida de Papilionidaecom 5, Pieridae com 2, Lycaenidae, Hesperidae e Riodinidae com apenas 1 individuocoletado cada uma. As famílias Lycaenidae, Hesperidae e Riodinidae foram de presençaexclusiva no segundo ponto de coleta (Tabela 25).Na família de borboletas Papilionidae registramos Heraclides calaides astyalus e H.thoas brasiliensis apenas no primeiro ponto de coleta e Heraclides sp. e Protesilausprotesilaus somente no segundo ponto. A presença de borboletas dessas espécies dafamilia Papilionidae é um indicativo de áreas abertas e ensolaradas (Rodrigues et al., 1993)e todos os indivíduos foram coletados nas proximidades dos acampamentos. Na famíliaPieridae registramos Acia monuste e Phoebis sennae exclusivamente no segundo ponto decoleta.Na família Nymphalidae foram registradas sete subfamílias: Biblidinae, Charaxinae,Heliconinae, Limenitidinae, Morphinae, Nymphalinae e Satyrinae. Morphinae foi a subfamíliamais abundante com 54 indivíduos, seguida de Satyrinae com 21 e Nymphalinae com 20.Dessa família foram coletados os gêneros Prepona, Morpho, Nessea e Catonephele quesão considerados raros e/ou ameaçados (Souza e Overall, 2001) e foram registrados paraos dois pontos amostrados (ponto 1 e 2). O gênero Archeoprepona também é consideradoraro sendo registrado apenas no segundo ponto de coleta.156


A espécie de borboleta mais abundante foi Bia actorium (Morphinae) com 16indivíduos seguido de Taygetis cleopatra (Satyrinae) com 11 e Eunica veronica(Nymphalinae) com 9, todas pertencentes a família Nymphalidae.A taxa de acumulação das espécies de borboleta foi muito semelhante nos doispontos de coleta, embora o número de indivíduos coletados no primeiro ponto tenha sidomenor (Figura 38). Ambas as curvas não apresentaram tendência à estabilização.Figura 38 - Curva de acumulação de espécies de borboletas pelo número de indivíduos. A curva do coletor,construída pelo método de rarefação, reflete a média dos sorteios e estatisticamente representa a taxa deacumulação das espécies. As linhas pretas representam as espécies coletadas no Ponto 1 (km 300) e as linhascinzas no Ponto 2 (km 350). As linhas pontilhadas representam o intervalo de confiança de 95%.FormigasMais de 2.400 formigas foram coletadas em 80 amostras (40 em cada ponto decoleta) de 1 m 2 de folhiço. Até o momento, 31 gêneros pertencentes a 8 subfamílias foramidentificados (Tabela 35). Como a parte mais demorada do trabalho dos entomologistasocorre no laboratório durante a triagem e identificação dos espécimes coletados (Santos etal., 2008), até o momento identificamos aproximadamente 30% do material em nívelespecífico, Como não é recomendado usar mais de uma classificação taxonômica (Kaspari2001), usamos os gêneros de formigas em todas as análises subseqüentes. No entanto,esses resultados devem ser usados com cuidado, pois em alguns casos os gêneros não sãoclassificações naturais (monofiléticas) e apresentam grande variação no número deespécies.157


Espécies raras normalmente despertam o interesse de especialistas. Por exemplo, asubfamília Agroecomyrmicinae possui um único gênero e uma espécie Tatuidris tatusia. Deacordo com Brown e Kempf (1967), esse é um grupo muito antigo de formigas queprovavelmente teve ampla distribuição na América Central e do Sul durante o início doTerciário. Pouca coisa se sabe sobre a biologia dessa espécie. Até o momentopouquíssimos indivíduos foram encontrados, a maioria na América Central (Longino et al.,2002) e somente dois indivíduos na América do Sul (Vasconcelos e Vilhena 2003). No pontodo Km 300 (distante a 1.000 m da rodovia) foi coletado um espécime pertencente a essegênero que provavelmente é novo para ciência. Após confirmação essa descobertaaumentará em 300 km a distribuição deste gênero.Como as formigas são insetos exclusivamente sociais e possuem uma enormevariação na quantidade de indivíduos por colônia, dados de abundância devem ser usadoscom cautela. A melhor alternativa é usar a freqüência das espécies nas amostras. Todas asanálises foram feitas com base na casta de operárias, visto que as operárias indicamestabelecimento de colônia (Longino et al., 2002). A taxa de acumulação dos gêneros deformigas foi muito parecida nos dois locais estudados (Figura 39). Porém devido à grandediferença na freqüência do número de espécimes coletados entre cada módulo, somente oprimeiro ponto de coleta (km 300) começou apresentar uma fraca tendência à estabilização.Figura 39 - Curva de acumulação de gêneros pela freqüência de indivíduos. A curva do coletor, construída pelométodo de rarefação, reflete a média dos sorteios e estatisticamente representa a taxa de acumulação dasespécies. As linhas pretas representam os gêneros coletados no Ponto 1 (km 300) e as linhas cinza no Ponto 2(km 350). As linhas pontilhadas representam o intervalo de confiança de 95%.158


Tabela 25 - Abundância de Lepidoptera nos dois pontos de coleta ao longo da rodovia BR-319 e formas deamostragem utilizadas. O nome comum utilizado para todo o grupo abaixo é borboletas e estas não constam naslistas de status de conservação do IBAMA, Cites e IUCN.TáxonFamília Sub-Família Tribo EspécieForma deamostragemPonto 1(km 300)Ponto 2(km 350)Hesperidae M 0 1 1Lycenidae M 0 1 1Nymphalidae Biblidinae Biblidini Catonephele acontius A 1 3 4Marpesia chiron M, A 1 1 2Marpesia sp. M 0 1 1Nessea obrina M, A 1 4 5Charaxinae Preponini Archeoprepona demophon A 0 3 3Prepona pheridamas A 1 1 2Heliconinae Heliconini Dione Juno M 1 1 2Dryas iulia M 0 1 1Heliconius sp. A 0 1 1Siproeta steneles M 0 1 1Limenitidinae Adelpha sp. M 0 1 1Morphinae Brassolini Bia actoriun A 8 8 16Caligo erilochos A 0 1 1Caligo euphorbius A 0 1 1Caligo eurilochos A 0 1 1Caligo idomeneus A 0 2 2Caligo Suzana M, A 1 2 3Caligo teucer M, A 3 5 8Catoblepia berecynthia A 1 2 3Catoblepia xanthus M, A 1 7 8Opsiphanes invirae A 1 0 1Opsiphanes Quitéria A 1 0 1Morphini Morpho achilles A 1 0 1Morpho deidamia A 1 0 1Morpho heleonor M, A 2 1 3Morpho menelaus A 4 0 4Nymphalinae Coeini Baeotus deucalion M 0 1 1Baeotus japetus M 0 2 2Historis acheronta M, A 0 2 2Historis odius M, A 0 3 3Nymphalini Asteropi batesii M 0 1 1Eunica mygdonia M 0 1 1Eunica venusia M 0 1 1Eunica verônica M, A 3 6 9Satyrinae Satyrini Magneuptychia tricolor A 0 1 1Pierella yalinus A 0 1 1Pierella sp. A 0 2 2Taygetis Cleópatra A 3 8 11Taygetis laches A 1 0 1Taygetis zippora A 1 3 4Taygetis sp. A 1 0 1Papilionidae Papilioninae Leptocircini Protesilaus protesilaus M 0 2 2Papilionini Heraclides calaides astyalus M 1 0 1Heraclides thoas brasiliensis M 1 0 1Heraclides sp. M 0 1 1Pieridae Coliadinae Phoebis sennae M 0 1 1Pierinae Pierinae Acia monuste M 0 1 1Riodinidae Riodinae M 0 1 1Total 40 88 128*A – arapuca; M - coleta manual com rede entomológica (puçá)Total159


Tabela 26 - Freqüência dos gêneros de Formicidae coletadas nos dois pontos ao longo da rodovia BR-319. Paraeste grupo foi utilizado especificamente o método de amostragem “Winkler” , ao total foram investigados 80 m 2de folhiço (40 por ponto). O nome comum utilizado para todo o grupo é formigas e estas não constam nas listasde status de conservação do IBAMA, Cites e IUCN.TáxonNome comum Ponto 1 (km 300) Ponto 2 (km 350) TotalSubfamília/GêneroAgroecomyrmicinaeTatuidris --- 1 0 1AmblioponinaeThyphlomyrmex --- 0 1 1DolichoderinaeAzteca Tapiba 0 1 1Dolichoderus --- 1 0 1EctatomminaeEctatomma --- 1 0 1Gnamptogenys --- 4 1 5FormicinaeAcropyga --- 2 1 3Brachymyrmex --- 2 0 2Camponotus Formiga carpinteira 2 2 4Paratrechina formiga louca 9 11 20MyrmicinaeAcanthognathus --- 4 1 5Carebara --- 2 0 2Crematogaster --- 14 9 23Cyphohmyrmex --- 3 0 3Hylomyrma --- 0 2 2Lachynomyrmex --- 1 1 2Megalomyrmex --- 1 1 2Ochetomyrmex --- 4 1 5Octostruma --- 9 0 9Pheidole --- 42 23 65Pyramica --- 8 2 10Rogeria --- 0 1 1Solenopsis formiga de fogo 24 20 44Strumigenys --- 26 3 29Trachymyrmex --- 1 1 2Wasmannia Jiquitaia 4 3 7PonerinaeAnochetus --- 5 0 5Hypoponera --- 27 12 39Odontomachus Estaladeira 6 0 6Pachycondyla Formigão 5 0 5PseudomyrmecinaePseudomyrmex Tachi 2 1 3Total 210 98 308160


O Escalonamento Multidimencional Não-Métrico (MDS – sigla em Inglês) mostra queexiste maior diferença entre os pontos do que ao longo de cada ponto de amostragem(Figura 40). O MDS arranja objetos (nesse caso, as parcelas) num espaço com um númeroparticular de dimensões de modo a reproduzir as distâncias observadas. Ou seja, parcelascom composição parecida ficam mais próximas entre si que parcelas que contém gênerosdiferentes. Essa análise captou 71,2% da variação da ocorrência dos gêneros de formigas,usando dados de incidência (presença/ausência).Figura 40 - Escalonamento Multidimensional Não-Métrico (MDS) para as 16 parcelas (8 em cada ponto decoleta) estudadas. As distâncias ao lado de cada símbolo são referentes à rodovia BR-319.EscorpiõesA riqueza de espécies de escorpiões na área amostrada foi de seis espécies de duasfamílias. As espécies coletadas foram Anateris dekeyseri Lourenço, 1982, A. balzaniiThorell, 1891, Tityus silvestris Pocock, 1897, Tityus strandi Werner, 1939, Tityus sp.,(Buthidae) e Teuthraustes sp. (Chactidae). Um indivíduo de Ananteris dekeyseri Lourenço,1982 foi coletado no extrator de Winkler, os demais indivíduos foram coletados nasarmadilhas de interceptação e queda.161


Nenhuma espécie de escorpião foi coletada nos dois pontos de amostragem. Noponto localizado no km 300 foi registrado A. dekeyseri, T. silvestris e T. strandi. No segundoponto (km 350) foram coletados A. balzanii, Tityus sp. e Teuthraustes sp. Neste estudorealizamos o primeiro registro de A. balzanii para área de floresta de terra firme, já que estáé uma espécie tipica de savana.DiscussãoBorboletasEfeitos da redução de habitats sobre a comunidade de borboletas já foramobservados em áreas de Mata Atlântica, com a comprovação de que alterações ambientaisresultam em modificações significativas neste grupo (Brown Jr. e Freitas, 2000; Brown Jr. eFreitas, 2002; Uehara-Prado et al., 2003). As borboletas frugívoras da subfamília Morphinaesão reconhecidas por serem sensíveis às modificações ambientais, ocorrendoprincipalmente em áreas de floresta primária (Uehara-Prado et al., 2003) e a preservaçãodestas áreas tem se mostrado de extrema importância para a conservação deste grupo. Aelevada abundância deste grupo nas amostras é um bom indicador da qualidade ambientalda área da rodovia BR-319.De maneira contrária, a ocorrência de borboletas das subfamílias de Biblidinae eCharaxinae é favorecida em ambientes antropizados (Uehara-Prado et al., 2003). E nesteestudo essas subfamílias representaram aproximadamente 10% e 4% das borboletascoletas, respectivamente. Corroborando com a boa qualidade ambiental nos pontoscoletados. Um monitoramento da comunidade de borboletas a longo prazo pode esclarecercomo o impacto gerado pelo empreendimento pode influenciar nessa comunidade.FormigasA maioria dos gêneros e das espécies coletadas (que foram identificadas até omomento) é comum e normalmente são coletadas com o método empregado. Estudosconduzidos na Amazônia oriental na Floresta Nacional de Caixuanã (Moura. 2005; Souza,2005) e na Reserva Florestal Adolpho Ducke (Fagundes, 2003) tiveram uma composição euma riqueza de gêneros similares da área do empreendimento. Entretanto a presença deformigas dos gêneros Carebara, Strumigenys, Rogeria, Lachynomyrmex sugerem uma boacondição do ambiente estudado. Estes gêneros possuem muitas espécies crípticas que sãomuito sensíveis a mudanças ambientais. Essas espécies nidificam em folhas e/ou troncoscaídos no chão das florestas e constroem ninhos efêmeros, que são considerados sensíveisa modificações no habitat (Byrne, 1994).162


A taxa de acumulação de novos gêneros foi muito parecida entre os dois módulos,provavelmente porque ambos estão situados dentro do mesmo tipo de fitofisionomia(RADAMBRASIL, 1978). No entanto, foi observado um agrupamento na composição dosgêneros das assembléias de formigas entre cada módulo.A Figura 37 evidencia que o gradiente mais importante é entre módulos, ou seja, acomunidade de formigas torna-se mais diferente ao longo da rodovia do queperpendicularmente (orientação dos módulos) a ela. Esse resultado pode parecer óbvio,mas como as formigas respondem bem a mudanças no uso da terra e a fragmentação(Carvalho e Vasconcelos 1999), esperávamos que pelo menos as primeiras parcelas, queestão situadas a 500m da rodovia, apresentassem composição diferente.A orientação dos módulos permite investigar o efeito do gradiente antrópico, queapesar de estar reduzido, ainda persiste ao longo da rodovia. No primeiro ponto de coleta(km 300), a primeira trilha corta uma plantação de mandioca com 500m de comprimento ena segunda trilha uma pastagem abandonada de 300m. Já no segundo ponto (km 350) aprimeira trilha cruza um pequeno lago decorrente do aterramento e conseqüente interrupçãoda drenagem natural, causado pela construção da rodovia.EscorpiõesDentre as espécies de escorpiões registradas na área de estudo, apenas para T.silvestris foi registrado acidentes em Manaus (Souza et al., 1995). As demais espécies sãoconsideradas mais raras, com poucos indivíduos conhecidos e depositados na coleção deInvertebrados do INPA (Lourenço, 2002a).Escorpiões das espécies A. dekeyseri, Tityus silvestris, T. strandi já foramregistradas anteriormente para a região de Manaus (Lourenço et al., 2005a). A. dekeyseri éconsiderada uma espécie rara com pouco exemplares coletados (Lourenço, 2002a). Essaespécie normalmente está associada a locais mais úmidos e arenosos ou baixios (Araújo,2007). T. strandi é uma espécie encontrada apenas na região amazônica ocorrendo deManaus (Amazonas) até Tucuruí (Pará) (Lourenço, 2002a), mas poucos indivíduos estãorepresentados na Coleção de Invertebrados do INPA. Dos seis escorpiões depositados nacoleção, um deles foi coletado em Ariquemes (Rondônia).A. balzanii é uma espécie com larga distribuição geográfica, ocorrendo desde o norteda Argentina até a região norte do Brasil. Essa espécie também já foi encontrada na costada Guiana Francesa, mas a sua ocorrência sempre foi registrada em áreas de vegetaçãoaberta do tipo savana. Neste estudo foi registrada a ocorrência de A. balzanii em uma áreade floresta de terra-firme.163


Escorpiões do gênero Teuthraustes são considerados raros com apenas cincoespécies descritas para a Amazônia, sendo duas na Venezuela, uma no Equador e duasespécies no Brasil (Gonzalez-Sponga, 1978; Lourenço, 2002b). Para o Brasil sãoregistradas T. amazonicus (Simon, 1880) encontrada em Tabatinga (Amazonas) regiãopróxima da fronteira com o Peru (localidade-tipo) e T. lisei Lourenço, 1994 registrada apenaspara sua localidade-tipo em São Gabriel da Cachoeira (Amazonas) (Lourenço, 2002a).Os dados coletados referentes a invertebrados refletem os grupos de invertebradosque habitam os locais amostrados (ponto 1, km 300 e ponto 2, km 350 e qualquer tipo deextrapolação destes dados deve ser efetuada com extremo cuidado. Além disso,recomendamos também a utilização dos dados referentes às espécies, que são entidadesnaturais e fornecem maior confidência aos resultados quando comparado com identificaçõesem gênero.IctiofaunaIntroduçãoA Bacia AmazônicaDentre as bacias Neotropicais do planeta, destaca-se a Amazônica, por possuir umaárea de mais de 6.300.000 km 2 , em grande parte localizada no território brasileiro, masestendendo-se também em áreas da Bolívia, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, GuianaFrancesa e Suriname.A bacia amazônica tem formação sedimentar e formação na idade Terciária, com riose planícies de inundação se estabelecendo durante o Pleistoceno (Silva et al., 1976; Irion,1984; Forsberg et al., 2000). Sua formação iniciou durante os períodos fluviais interglaciais,quando o nível do mar aumentou e os vales inundados transformaram-se em grandes lagos,nas bocas dos rios (Smith, 1979). Este fenômeno, juntamente com a distribuição das chuvase os processos de sedimentação foram decisivos para a formação da fisionomia destaimensa bacia (Klammer, 1984) que é ladeada nas porções Oeste e Sudoeste pelaCordilheira dos Andes, ao norte pelo Escudo da Guiana e ao Sul pelo Planalto CentralBrasileiro.O regime dos grandes rios amazônicos é caracterizado por uma grande variação denível de água entre a vazante e a enchente. Os rios localizados na margem esquerda dabacia (Içá, Japurá, Negro e Trombetas) dependem exclusivamente das chuvas para o seuenchimento, enquanto os localizados na margem direita (Juruá, Purus, Madeira, Tapajós eXingú) dependem das águas provenientes das chuvas regionais e das originadas pelodegelo dos Andes para o aumento sazonal do volume de água (Strasser, 2002).Os rios da bacia amazônica contêm cerca de 20% de toda a água doce do mundo e164


a alta taxa de precipitação na região (< 2000 mm/ano) contribui para a existência de umanotável rede de rios e igarapés que transportam a descarga superficial das chuvas (Junk,1983; Salati, 1983; Sioli, 1984).Ambientes Aquáticos AmazônicosDe acordo com Sioli (1984) e Junk & Furch (1985), é possível dividir a baciaAmazônica em três tipos principais de ambientes aquáticos:• Rios de águas brancas, turvas, ricas em material dissolvido e com o pH próximo aoneutro, que transportam grandes quantidades de sedimentos dos Andes e de zonas préandinas(Junk & Da Silva, 1995). Estes sistemas fluviais constituem sistemas dinâmicos epermanecem ocorrendo, atualmente, processos de erosão e sedimentação na própriaplanície de inundação “várzea”, que está sendo permanentemente modificada pela atividadedo rio (Junk, 1980). Os principais rios de águas brancas são Solimões e o Amazonas, alémde alguns afluentes da margem esquerda do rio Solimões, como Purus e Juruá (Figura 41).• Rios de águas pretas, transparentes, com forte acidez, ricas em compostos orgânicose pobres em minerais dissolvidos e sólidos em suspensão. Estes rios drenam,freqüentemente, áreas com solos podzólicos. Os principais representantes desta categoriasão o Negro e o Uatumã (Figura 42).• Rios de águas claras que drenam os antigos escudos das Guianas e do PlanaltoCentral do Brasil (Junk & Da Silva, 1995), com acidez variável, pH entre 4,5 e 7,8. Sãopobres no transporte de sedimentos, com baixos valores de material orgânico e inorgânicodissolvido, o que se reflete na elevada transparência e na coloração de azul a esverdeado.Exemplos deste tipo rio são o Tocantins, o Araguaia e o Xingu (Figura 43).165


Figura 41 – Representação de ambientes com águas de cor brancaFigura 42 – Representação de ambientes com águas de cor preta166


Figura 43 – Representação de ambientes com águas de cor claraDentre os ambientes aquáticos amazônicos existentes na Área de Influência Diretada rodovia BR-319, podemos destacar: rios, florestas de igapó e igarapés.Rios - São cursos naturais de água que se deslocam de níveis mais altos(nascentes) até níveis mais baixos (foz ou desembocadura). Os rios podem ser perenesquando desembocam, escoam o ano todo ou temporários, quando escoam nas estações dechuva e secam no período de estiagem. Em seu curso, as águas dos rios transportam quasesempre uma grande quantidade de detritos. Se as águas correm calmas, os detritosdepositam-se no fundo do rio, mas quando as águas apresentam forte correnteza, osdetritos se acumulam perto da foz e se espalham em todas as direções. Há um granderelacionamento entre os seres que vivem nos rios e os que vivem nas margens ouproximidades dos cursos de água, todavia, essa fauna representa uma incessante entrada esaída de matéria orgânica dos cursos de água. (Figura 44).Florestas de Igapó - São zonas de florestas de terras baixas, inundadas por rios deáguas pretas durante o período de enchente (Barletta, 1995) (Figura 45). São relativamentepobre em biomassa, com vegetação muito especializada, baixa diversidade específica e, emalgumas áreas, rica em endemismos. A iluminação é difusa e é muito comum a presença deraízes expostas, raízes suportes e raízes respiratórias. Este tipo de habitat desempenha umpapel importante para os peixes, uma vez que fornecem abrigo e alimentação em momentoscríticos da vida destes animais. Nos igapós, os juvenis dispõem de proteção contrapredadores e alimento alóctone da floresta inundada, principalmente frutos e insetos.Estima-se que os igapós representem uma área de 15.000 km 2 na bacia amazônica.167


Igarapés - Um dos componentes mais importantes para a formação e manutenção dabacia amazônica são os pequenos cursos d’água, localmente denominados igarapés, queformam uma imensa e intrincada rede (Figura 46). Os igarapés de terra firme são áreas deflorestas que não são submetidas ao pulso anual de inundação dos grandes rios (Walker,1995), sendo considerados rios de baixa ordem e bem caracterizados por possuírem leitobem delimitado, correnteza relativamente alta, água com temperatura baixa e pouco variávelao longo ano, apresentam, em sua maioria, águas ácidas, devido à presença de ácidoshúmicos e fúlvicos (Sioli, 1983).Figura 44 - Exemplo de canal de um rio de largura estreita.Figura 45 - Exemplo de uma de floresta alagada denominada “igapó”.168


Figura 46 - Exemplo de um igarapé de terra firme no período de águas altas.Apesar de não serem influenciados diretamente pelas grandes cheias, os igarapésde floresta de terra firme na Amazônia central apresentam uma flutuação local do nível daágua que, em decorrência das chuvas, proporciona a formação de poças temporárias nasáreas de baixios. Esses corpos d’água temporários, apesar de relativamente pequenos,apresentam certa complexidade estrutural, determinada, por exemplo, pelo acúmulo defolhiço e presença de raízes, na qual as águas tornam-se mais turvas pelo carreamento desubstâncias orgânicas extraídas do solo das florestas. Durante o período de precipitaçõesfracas (estiagem), os igarapés apresentam vazão bastante reduzida, alguns secam ou ficamrestritos a um pequeno filete de água.Wootton (1990) considerou que o número de espécies presentes em um determinadoambiente reflete a disponibilidade de habitats e o potencial de fontes alimentaresdisponíveis. Deste modo, a diminuição da vegetação ripária em ambientes como rios, eigarapés atua diminuindo a heterogeneidade espacial e disponibilidade de alimento para ascomunidades aquáticas, o que consequentemente altera a organização destascomunidades.IctiofaunaConsiderando o tamanho da bacia amazônica, a ampla complexidade dosecossistemas aquáticos e especialmente as vastas áreas de florestas inundáveis (Junk etal., 1989) é esperado que esta bacia apresente a maior diversidade íctíica do planeta169


(Goulding, 1980), com um número estimado em torno de 2.500 espécies de peixes, o querepresentaria aproximadamente 8% do total existente no mundo, 30% da ictiofauna de águadoce e 75% dos peixes continentais do Brasil (Cohen, 1970; Geisler et al., 1975; Winemilleret al., 2005).Devido à origem da bacia Amazônica, a fauna de peixes pode ser separada empeixes primários de água doce, como Characoídes, Osteoglossídeos, Gymnotídeos,Lepidosirenidae, Symbranchidae, Nandidae e Siluriformes, e os peixes secundários e agoraconfinados em águas continentais, mas capazes de resistirem por pequenos períodos àsalinidade como Cichlídeos e Poccilídeos. Há cerca de 50 espécies de peixes amazônicasderivadas de famílias marinhas, como a pescada (Plagiosciom spp.) e o apapá (Pellonaflavipinis e P. castelneana).Lowe-McConnell (1999) sugere que os períodos chuvosos e de estiagem, queresultaram na expansão e retração dos ambientes aquáticos amazônicos, longe derestringirem as populações de peixes, poderiam ter auxiliado nas dispersões das espécies, eque as flutuações climáticas podem ter contribuído para a intensidade das especiações,dividindo e recombinando populações de peixes, ao invés de levá-las à extinçãogeneralizada.Outros fatores determinantes para a diversidade de peixes na região Amazônica são:• A alta produtividade biológica, resultante da estabilidade da temperatura, que contribuípara a ocorrência de interações interespecíficas de elevada intensidade. Entre estasinterações, a predação se destaca como estimuladora da alta taxa de especiação em peixesamazônicos (Smith, 1979);• O alto número e as grandes dimensões dos nichos ecológicos disponíveis no ambiente(Giller, 1984), como cachoeiras, lagos, corredeiras e as diferentes tipologias de vegetaçãociliar; e,• As propriedades químicas e físicas das águas amazônicas (Furch, 1984; Sioli, 1984)que, por sua vez, são resultantes da geologia dos terrenos drenados (Putzer, 1984).A importância do deslocamento das espécies ao longo de gradientes ambientaiscontribui bastante para o entendimento dos processos inerentes à sua manutenção, bemcomo possibilita o conhecimento mais amplo da diversidade biológica de uma região.Todavia, fortes evidências demonstram que as espécies exploram hábitats específicos,determinando padrões de distribuição característicos conforme as condições locais (Gatz,1979, Uieda, 1984). Desta forma, alterações nas condições ambientais promovem umareestruturação das assembléias ictíicas, refletindo as condições vigentes da baciahidrográfica em que estão inseridas (Fausch et al., 1990, Onorato et al., 1998).170


Ictiofauna de rios de águas pretasConsiderados como sistemas abertos, a dinâmica dos rios é dependente da entradade matéria orgânica e nutrientes de toda a bacia de drenagem (Vannote et al., 1980). Noentanto, esta influência é fortemente influencia pela estrutura existente da interface terraágua(Zalewski, et al., 1994). Sendo assim, a influencia que a floresta circundante acarretaaos habitats aquáticos é de grande importância, sendo essencial para manter a qualidadeda água, do solo e a preservação da diversidade de espécies.As propriedades químicas de rios de águas pretas, como exemplo o rio Negro, nãoproporcionam suporte para o desenvolvimento de macrófitas aquáticas flutuantes ou defitoplancton, que são minúsculas plantas flutuantes geralmente algas, organismos estesimportantes na base de cadeias tróficas aquáticas (Walker, 1978).Para ambientes lóticos o conceito de rio contínuo (Vannote et al., 1980) estabeleceque características como diversidade, produtividade, relações bióticas, entre outras, sealteram de forma previsível ao longo do curso de um rio. No entanto, existe certacontrovérsia quanto à variação na diversidade de espécies em suas diferentes formas(riqueza e equitabilidade, por exemplo) ao longo do gradiente lótico, sendo que algunsestudos sugerem que ocorra a adição de espécies ao longo deste, influenciada peloaumento da diversidade de microhabitats disponíveis (Garutti, 1988; Reash & Pigg, 1990;Bennemann et al., 1995; Rathert et al., 1999; Vila-Gispert et al., 2002; Bistoni & Hued,2002).No sistema hidrológico do rio Negro, caracterizado pela variedade de biótopos como:praias arenosas, corredeiras, remansos, ilhas, paranás e lagos, já foram identificadas cercade 450 espécies (Goulding et al., 1988), das quais os principais grupos capturados na regiãoforam Characiformes, Siluriformes e Perciformes (Goulding, et al., 1988).Estudos realizados em ambientes de água preta apresentaram resultadossemelhantes aos encontrados pelos autores acima citados em relação à fauna de peixes.No levantamento das comunidades de espécies bentônicas do canal principal do rio Negro,utilizando rede de arrasto de fundo como apetrecho, foi encontrado que as comunidadesictiológicas eram formadas principalmente por exemplares de Gymnotiformes e Siluriformes(Chao, 1992). Assunção (1998) realizou um trabalho sobre a composição de peixes no canalprincipal do rio Negro e nos igarapés do Zamula e do Curumbaú, observando que as ordenspredominantes no rio Negro foram Gymnotiformes e Siluriformes e, os Characiformes foramdominantes nos igarapés, seguidos pelos Perciformes.Garcia & Saint-Paul (1992) e Garcia (1995) estudaram a composição da comunidadede peixes pelágicos e bentônicos do lago do Prato, localizado no Arquipélago deAnavilhanas, onde verificaram que as ordens dos Siluriformes, Gymnotiformes e171


Characiformes foram as mais abundantes e que a variação do nível da água causado pelaflutuação no nível do rio foi um dos principais fatores que influenciaram a composição dascomunidades de peixes. No lago Tupé, as amostras de Characiformes e Siluriformes foramas mais abundantes entre as coletas mensais realizadas, demonstrando o estudo àexistência de diferenças sazonais na diversidade e riqueza da ictiofauna obtida no lago(Soares & Yamamoto, 2005).Independente do ciclo hidrológico, profundidade, ou características físico-químicasdas águas os Siluriformes são dominantes no ambiente bentônico do canal principal dos riosNegro e Solimões-Amazonas. Barlleta (1995), em um trabalho sobre a composição,densidade e biomassa das espécies bentônicas em áreas próximas a confluência destesrios, mostrou que esta ordem correspondeu a 59, 1% das famílias capturadas, a 82,5% donúmero de espécies total, a 82,8% da densidade total e 59,2% da biomassa total.Levantamentos da fauna de peixes amazônicos realizados em ambientes de água pretaestão discriminados na tabela 27.172


Tabela 27 - Ictiofauna coletada em ambientes de águas pretas, obtidas através das referências: 1) Goulding et al., 1988; 2) Santos, 1983; 3) Barletta, 1995; 4) Garcia, 1995; 6)Saint Paul, et al., 2000; Chão, 2001; 7) Soares & Yamamoto, 2005.Nome Vulgar Ordem/ Família / Espécie Fonte Localização MigraçãoRAJIFORMESPotamotrygonidaePlesiotrygon iwamae 3 RioArraia Potamotrygon constellata 3 RioCururu Potamotrygon histrix 3 rioMotoro Potamotrygon motoro 3,5rio e lagoArraia Potamotrygon reticulata 3 rioShroederi Potamotrygon shroederi rioArraia Potamotrygon sp 3,5 rio e lagoCLUPEIFORMESEngraulidaeManjuba Anchovia surinamensis 4,5 lagoManjuba Anchoviella sp 6 rioManjuba Engraulidae sp 3 rioManjuba Lycengraulis batesi 4,7 lagoManjuba Lycengraulis sp 6 rioPristigasteridaeApapá Ilisha amazônica 4,5,7 rio e lagoapapá amarelo Pellona castelnaeana 4,5 rio e lagoapapá- branco Pellona flavipinnis 3,4,5 rio e lagoPapuda Pristigaster cayanus 3,4,5 rio e lagoOSTEOGLOSSIFORMESOsteoglossidaearuanã-branca Osteoglossum bicirrhosum 5 praia, floresta inundada e lagoaruanã preta Osteoglossum ferreiraiCHARACIFORMESAnostomidaearacu cabeça gorda Anostomoides laticeps 2,5 rio, lago simAnostomus cf. trimaculatus 5 lagoAnostomus gracilis 5 lagosimnão173


Anostomus sp 7 lagoAnostomus taeniatus 7 lagoAnostomus trimaculatus rioaracu caneta Laemolita proximus 2 lagoaracu caneta Laemolyta sp. n. 7 lagoaracu caneta Laemolyta taeniata 2,5 rio e lagoaracu caneta Laemolyta varia rio e lagoaracu flamengo Leporinus affinis 7 lagoAracu Leporinus agassizi 5 lagoLeporinus cf. agassizi 1,2 praia, floresta inundada, lagos e riosaracu cabeça gorda Leporinus cf. friderici 1 praia, floresta inundadaaracu-flamengo, aracu amarelo Leporinus fasciatus 1,2,4,5 praia, floresta inundada, lagos e riosaracu cabeça gorda Leporinus friderici 5 lagoaracu vemelho Leporinus sp. n. 1,2 praia, floresta inundada e lagosAracu Rhytiodus argenteofuscus 2 rio e igarapéRhytiodus sp 7 lagoaracu-comum, aracu-pororoca Schizodon fasciatus 2,5,7 rio, lago e igarapé agoaracu-comum Schizodon vittatum 7 lagosimCharacidaedente-de-cão Acestrorhynchus falcirostris 1,2,5,7 praia, floresta inundada, lagos e riospeixe cachorro Acestrorhynchus microlepis 1,2,4,5,7 praia, floresta inundada, lagos e riosCruzador Agoniates anchovia 2,4,5,7 praia, floresta inundada, lagos e riosAgoniates sp. 1 praia e floresta inundadaAphyodite sp. 1 praia e floresta inundadaPiaba Astyanax guianensis 1 praia e floresta inundadaAtopomesus pachyodus 1 praia e floresta inundadaMatrinxã Brycon amazonicus 2,5 lago e rioMatrinxã Brycon melanopterus 2,5,7 lagoMatrinxã Brycon pesu 2,5 lago e rioMatrinxã Brycon sp. 5 lagoPiquirão Bryconops alburnoides 1,2 praia, floresta inundada e rioPiaba Bryconops gracilis 4,5 lagoPiaba Bryconops sp 7 lagosimsimsimsimsimsim174


Piranha Catoprion mento 2,7 lagoArari Chalceus macrolepidotus 2,5 lago e riocacunda, madalena Charax gibbosus 1,5 praia, floresta inunada e lagoColossoma macropomum 5 lagoPiaba Ctenobrycon hauxwellianus 7 lagoGaleocharax sp. 5 lagopiaba, lambari, matupiri Hemigrammus analis 1 praia e floresta inunadapiaba, lambari, matupiri Hemigrammus analis B 1 praia e floresta inunadapiaba, lambari, matupiri Hemigrammus cf. gracilis 1 praia e floresta inunadapiaba, lambari, matupiri Hemigrammus cf guyanensis 1 praia e floresta inunadalambari, piaba Hemigrammus levis 1 praia e floresta inunadalambari, piaba Hemigrammus mimus 1 praia e floresta inunadapiaba, matupiri, lambari Hemigrammus sp. 1 praia e floresta inunadaPiaba Holobrycon sp 7 lagoHyphessobrycon diancistrus 1 praia e floresta inunadaHyphessobrycon eques 1 praia e floresta inunadaHyphessobrycon sp.1 6 rioHyphessobrycon sp.2 1 praia e floresta inunadapiaba, lambari, matupiri Iguanodectes spirulus 1 praia e floresta inunadapiaba, lambari, matupiri Jupiaba scologaster 1 praia e floresta inunadaKlausewitzia sp. 4 lagoPiaba Lonchogenys ilisha 1 praia e floresta inunadaPiaba Lonchogenys sp 1 7 lagoPiaba Lonchogenys sp 2 7 lagoPacu Metynnis cf. maculatus 5 lagopacu-redondo Metynnis hypsauchen 2,4,5 lagoPacu Metynnis sp 5 lagoPacu Metynnis sp 2 5 lagoPacu Metynnis sp.BR 1 praia e floresta inunadaPacu Metynnis sp.BS 1 praia e floresta inunadaPacu Metynnis sp.CO 1 praia e floresta inunadaMicroschemobrycon casiquiare 1 praia e floresta inunadaPiaba Moenkhausia collettii 1 praia e floresta inunadanãosimnão175


Moenkhausia cotinho 1 praia e floresta inunadalambari, piaba Moenkhausia intermedia 7 lagoPiaba Moenkhausia lepidura 2,7 lago e igarapéPiaba Moenkhausia sp 3,5,7 rio e lagoPacu Myleus cf. torquatus 1 praia e floresta inunadapacuzinho vermelho Myleus rubripinnis 2,4 rio e lagoPacu Myleus schomburgkii 1 praia e floresta inunadaPacu Myleus sp 5 lagoPacu Myleus sp 1 5 lagoPacu Myleus sp 2 5 lagoPacu Myleus sp.BR 1 praia e floresta inunadaPacu Myleus sp.IR 1 praia e floresta inunadapacu comum Mylossoma aureum 2,5 rio e lagopacu comum Mylossoma duriventre 2,5 rio e lagoPhenacogaster sp.1 1 praia e floresta inunadaPirapitinga Piaractus brachypomus 5 lagoPiaba Poptella sp 5 lagoPristobrycon aureus 2 rio e lagoPiranha Pristobrycon calmoni 5 lagopiranha caju Pygocentrus nattereri 5 lagozé do ó Roeboides biserialis 3 rioPiranha Serrasalminae sp.CH 1 praia e floresta inunadaPiranha Serrasalminae sp.FU 1 praia e floresta inunadaPiranha Serrasalminae sp.GI 1 praia e floresta inunadaPiranha Serrasalminae sp.PA 1 praia e floresta inunadaPiranha Serrasalminae sp.RH 1 praia e floresta inunadaPiranha Serrasalmus altuvei 5 lagoPiranha Serrasalmus cf rhombeus 5 lagopiranha mucura Serrasalmus elongatus 5,7 lagoPiranha Serrasalmus hollandi 3 lagopiranha-preta Serrasalmus rhombeus 2,4,5,7 lagoPiranha Serralsalmus serrulatus 4,5 lagoPiranha Serrasalmus sp 2,7 lago e riosimsimnãonãonão176


piaba, lambari, matupiri Tetragonopterus chaulceus 1 praia e floresta inunadaPiaba Tetragonopterus sp 7 lagosardinha comum Triportheus albus 2,5 lago e riosardinha-papuda Triportheus angulatus 2,5 lago e riosardinha-comprida Triportheus auritus 2,4,5 lagoe rioTriportheus sp.1 1 praia e floresta inunadaChilodontidaeCaenotropus labyrinthicus 5 lagoCtenolucidaefalso agulha Boulengerella lateristriga 2 lagofalso agulha Boulengerella lucius 7 rio e lagobicuda, pirapucu Boulengerella cf lucius 2 rio e lagobicuda, pirapucu Boulengerella maculata 2,5 rio e lagobicuda, pirapucu Boulengerella cuvieri 5 lagoBoulengerella sp 5 lagoCurimatidaeBranquinha Curimata abramoides 1 praia e floresta inunadaBranquinha-baião Curimata cf. inornata 5 lagoBranquinha Curimata cf. knerii 1,5 praia, floresta inunada e lagoBranquinha Curimata inornata 4,5 lagobranquinha Curimata knerii 1,2,5 praia, floresta inunada, lago e rioBranquinha Curimata laticeps 2 rioBranquinha Curimata ocellata 2,5 lago e rioBranquinha Curimata planirostris 2 lago e rioBranquinha Curimata sp 7 lagoBranquinha-baião Curimata vittata 1,2,4,5,7 praia, floresta inunada, lago e rioBranquinha Curimatella alburna 1 praia e floresta inunadaBranquinha Curimatella meyeri 4,5 lago e igarapéBranquinha Curimatella xinguensis 2 rioBranquinha Curimatopsis crypticus 4 lagoBranquinha Curimatopsis evelynae 1 praia e floresta inunadaBranquinha Curimatopsis sp 7 lagobranquinha comprida Cyphocharax abramoides 5,7 lagosimsimsimsimsimsim177


anquinha comprida Cyphocharax microcephalus 5 lagobranquinha comprida Cyphocharax plumbea 1 praia e floresta inunadabranquinha comprida Cyphocharax spilurus 1 praia e floresta inunadabranquinha cabeça lisa Potamorhina altamazonica 5,7 lagobranquinha comum Potamorhina latior 1,2,5,7 praia, floresta inunada, lago e rioPotamorhina sp 1 3 riobranquinha-cascuda Psectrogaster rutiloides 5,7 lago simCynodontidaepeixe-cachorro Cynodon gibbus 2,3,4,5,7 rio e lagopeixe-cachorro Hydrolycus scomberoides 23,5,7 rio e lagopeixe-cachorro Hydrolycus sp 2,5 lagopeixe-cachorro Raphiodon vulpinus 2,5 lago e rioErythrinidaeTraíra Hoplias malabaricus 2,5,7 lagoTraíra Hoplias sp.1 1 praia e floresta inunadaTraíra Hoplias sp.2 1 praia e floresta inunadaTraíra Hoplias sp.3 1 praia e floresta inunadaGasteropelecidaeCarnegiella sp 1Hemiodontidaeorana, charuto Anodus elongatus 2,5,7 lago e riocubiu, orana Anodus cf. elongatus 5 lagocubiu, orana Anodus melanopogon 5 lagoorana, charuto Anodus orinocensis 7 lagocubiu, orana Anodus sp 5 lagoArgonectes longiceps 1,2,5 praia, floresta inunada, lago e rioHemiodopsis cf argenteus 2 rioHemiodopsis goeldii 2 lago e rioorana, cubiu Hemiodopsis immaculatus 2 rioHemiodopsis microlepis 2 rioCharuto Hemiodus cf. unimaculatus 1,4 praia, floresta inunada e lagoHemidous goeldii 5,7 lagoorana branca Hemiodus gracilis 7 lagoriosimsimsimsimnãosimsimsimsimsimsimsimsimsimsimsimsimsim178


Orana Hemiodus immaculatus 1,4,7 praia, floresta inunada e lagocubiu, orana Hemiodus microlepis 5 lagocubiu, orana Hemiodus sp 5,7 lagocubiu, orana Hemiodus unimaculatus 2,5 lago e rioorana colarinho Micromischodus sugillatus 1,2,5,7 praia, floresta inunada, rio e lagoPterohemiodus sp 5 lagoLebiasinidaeCopella Copella nattereri 1 praia e floresta inunadapeixe lápis Nannostomus eques 1 praia e floresta inunadapeixe lápis Nannostomus marilynae 1 praia e floresta inunadapeixe lápis Nannostomus trifasciatus 1 praia e floresta inunadapeixe lápis Nannostomus unifasciatus 1 praia e floresta inunadaPyrrhulina semifasciata 1 praia e floresta inunadaProchilodontidaejaraqui escama-grossa Semaprochilodus insignis 2,3,7 lago e riojaraqui escama-fina Semaprochilodus taeniurus 2,3,4,7 lago e rioGYMNOTIFORMESApteronotidaeItuí, tuvira, sarapó Adontosternarchus clarkae 3,4,6 lago e rioItuí, tuvira, sarapó Adontosteernarchus sachsi 3,4,6 lago e rioItuí, tuvira, sarapó Apteronotidae sp. 1 3,4 lago e rioItuí, tuvira, sarapó Apteronotidae sp. 2 3,4 lago e rioItuí, tuvira, sarapó Apteronotidae sp. 3 4 lagoItuí, tuvira, sarapó Apteronotus bonapartii 3,4 lago e rioItuí, tuvira, sarapó Apteronotus macroleps 3 rioItuí, tuvira, sarapó Apteronotus sp 1 3 rioItuí, tuvira, sarapó Apteronotus sp 2 3 rioItuí, tuvira, sarapó Apteronotus sp 4 3 rioItuí, tuvira, sarapó Porotergus sp1 3 rioItuí, tuvira, sarapó Porotergus sp2 3 rioItuí, tuvira, sarapó Sternarchella orthos 3,4,6 lago e riosimsimsimsimsim179


Ituí, tuvira, sarapó Sternarchella terminalis 3,4 lago e rioItuí, tuvira, sarapó Sternachogiton sp. 4 lagoItuí, tuvira, sarapó Sternarchogiton porcinum 3,4,6 lago e rioItuí, tuvira, sarapó Sternarchogiton cf. nattereri 3,4,6 lago e rioItuí, tuvira, sarapó Sternarchogiton sp1 3,6 rioItuí, tuvira, sarapó Sternarchogiton sp2 66 rioItuí, tuvira, sarapó Sternarchogiton sp3 6 rioItuí, tuvira, sarapó Sternarchorhynchus curvirostris 3,4 lago e rioItuí, tuvira, sarapó Sternarchorhynchus mormyrus 3 rioItuí, tuvira, sarapó Sternarchorhynchus oxyrhynchus 3,4 lago e rioItuí, tuvira, sarapó Sternarchorhamphus muelleri 3,4,6 lago e rioItuí, tuvira, sarapó Sternarchorhynchus 1 3 rioItuí, tuvira, sarapó Sternarchorhynchus 2 3 rioItuí, tuvira, sarapó Sternarchorhynchus 3 3 rioItuí, tuvira, sarapó Sternarchorhynchus 4 3 rioItuí, tuvira, sarapó Sternarchorhynchus 5 3 rioHypopomidaeItuí, tuvira, sarapó Brachyhypopomus sp 7 lagoItuí, tuvira, sarapó Steatigenys duidae 6 rioItuí, tuvira, sarapó Steatogenys elegans 3,4,5,6 lago e rioRhamphichthyidaeItuí, tuvira, sarapó Gymnorhamphichthys rondonii 1 praia e floresta inundadaItuí, tuvira, sarapó Gymnorhamphichthys sp.2 3 rioItuí, tuvira, sarapó Rhamphichthys marmoratus 4,5 lagoItuí, tuvira, sarapó Rhamphichthys sp 4,7 lagoSternopygidaeItuí, tuvira, sarapó Distocyclus conirostris 3,4 rio e lagoItuí, tuvira, sarapó Distocyclus goajira 1,3 praia, floresta inundada e rioSarapó Eigenmannia cf. humboldii 4 lagoSarapó Eigenmannia conirostris 4 lagoSarapó Eigenmannia macrops 3,4,5 rio e lago180


Sarapó Eigenmannia virescens 3 riotuvira amarela Eigenmannia sp 5 lagoItuí, tuvira, sarapó Eigenmannia sp.B 1 praia e floresta inundadaItuí, tuvira, sarapó Rhabdolichops caviceps 4,5 lagoItuí, tuvira, sarapó Rhabdolichops eastwardi 3,4 rio e lagoItuí, tuvira, sarapó Rhabdolichops electrogrammus 3 rioItuí, tuvira, sarapó Rhabdolichops troscheli 3,4 rio e lagoItuí, tuvira, sarapó Sternopygus macrurus 1,4,5 praia, floresta inundada e lagoSILURIFORMESAspredinidaeRebeca Bunocephalus verrucosus 4 lagoAuchenipteridaeMandubé Ageneiosus inermis 4,5,7 lagoMandubé Ageneiosus cf guianensis 5 lagoMandubé Ageneiosus dentatus 5 lagoMandubé Ageneiosus dentatus 2 5 lagoMandubé Ageneiosus mamoratus 6 rioMandubé Ageneiosus sp. 1 1,3,4,5,6,7 praia, floresta inundada, lago e riobocudo, mandubé Ageneiosus sp. 2 1,3,4 praia, floresta inundada, lago e rioMandubé Ageneiosus sp.3 3,4 lago e rioMandubé Ageneiosus ucayalensis 4,5 lagoMandubé Ageneiosus vitattus 3,5,6,7 lago e rioAuchenipterichthys sp.1 1 praia e floresta inundadamandi peruano Auchenipterus nuchalis 5 lagocachorro de padre, carataí Auchenipterus thoracatus 5,7 lagocachorro de padre, carataí Auchenipterus sp. 3,4,5,7 lago e riocachorro de padre, carataí Centromochlus heckelii 3,4,5,7 lago e rioPseudepapterus hasemani 4 lagoPseudopapterus sp 5 lagoTrachelyopterus galeatus 5,7 lagoTatia sp 5,7 lagoTympanopleura sp 5 lagoHepapterus sp 1 3 rionãotalvez181


Imparfinis sp 1 3 rioCallichthyidaeTamoatá Hoplosternum litoralle 7 lago nãoCetopsidaeCandiru Cetopsis sp 1 3 rioCandiru Cetopsis sp 2 3 rioCandiru Cetopsis candiru 4 lagoCandiru Cetopsis coecutiens 4,5 lagoCandiru Hemicetopsis sp 5 lagoDoradidaeBacu Anduzedoras sp 1 6 rioBacu Astrodoras cf. asterifrons 4,5 lagoBacu Astrodoras asterifrons 5 lagoBacu Centrochir crocodili 3 rioBacu Centrodoras brachiatus 3,6 rioBacu Centrodoras sp.1 4,5 lagoBacu Centrodoras sp.2 4,5 lagoBacu Doradidae sp 3 1 praia e floresta inundadaBacu Doras sp 5 lagoBacu Doras microstomus 4 lagoBacu Hemidoras morrisi 3,6 rioBotinho Hassar sp 3,7 rio e lagoHoplodoras sp 1 3 rioBotinho Leptodoras linnelli 3 riobacu pedra Lithodoras sp 1 6 riobacu medalha Megalodoras sp 1 6 riobacu-pedra Megalodoras uranocefus 3,5 lago e rioBacu Nemadoras sp 1 3 rioBacu Nemadoras sp 3 3 rioBacu Opsodoras boulengeri 4 lagoBacu Opsodoras cf. trimaculatus 5 lagoBacu Opsodoras humeralis 3 rioBacu Opsodoras leporhinos 3 rio182


Bacu Opsodoras morei 4 lagoBacu Opsodoras stuebeli 6 rioBacu Opsodoras sp.1 4,5 lagoBacu Opsodoras sp.3 5,6 lago e rioBacu Opsodoras sp.5 4,5 lagoBacu Opsodoras ternetzi 4,5 lagoBacu Opsodoras trimaculatus 4,5,6 lago e riocuiu-cuiu Oxydoras niger 7 lagoBacu Pseudodoras niger 5 lagoBacu Physospyxis lyra 5 lagoBacu Platydoras costatus 5 lagobacu-liso Pterodoras granulosus 5 lagoBacu Scorpiodoras cf. scorpioides 4 lagoBacu Scorpiodoras sp 7 lagoBacu Stenodoras microstomus 3,6 rioBacu Trachydoras atripes 4 lagoBacu Trachydoras sp 5 lagoHeptapteridaePimelodella sp.1 4,5 lagoHypophthalmidaeMapará Hypophthalmus edentatus 3,4,5,6,7 lago e rioMapará Hypophthalmus fimbriatus 3,4,5,6,7 lago e rioMapará Hypophthalmus marginatus 3,4,5,6,7 lago e rioMapará Hypophthalmus sp 3 rioLoricariidaeacari-bodo Acanthicus sp 3 rioacari-bodo Ancistrus sp.1 5,7 lagoacari-bodo Cordylancistrus platyrhynchus 6 rioAcari Dekeyseria scaphirhyncha 5 lagoacari-bodo Furcodontichthys novaesi 4,5 lagoacari, bodó Glyptoperichthys gibbiceps 1,5 praia, floresta inundada e lagoHemiodontichthys acipenserinus 3 rioAcari Hypostomus carinatus 1,5 praia, floresta inundada e lagonãosimsimsim183


acari-bodo Hypostomus hoplonites 5 lagoacari-bodo Hypostomus sp. 1,5 praia, floresta inundada e lagoacari-bodo Hypostomus sp 1 5 lagoacari-bodo Hypostomus sp 2 5 lagoLiposarcus pardalis 5 lagoAcari Loricaria sp. 3 rioAcari Loricaridae sp 3 rioAcari Loricariichthys sp 3,5 lago e rioAcari Loricariichthys acutus 1,5 praia, floresta inundada e lagoAcari Loricariichthys maculatus 5 lagoAcari Loricariichthys platymetopon 5 lagoacari-bodo Peckoltia vittata 6 rioacari-bodo Peckoltia cf vittata 5 lagoacari-bodo Planiloricaria sp 1 3 rioacari-bodo Pterosturisoma microps 3 rioacari-bodo Pseudoloricaria cf. laeviuscula 1,5 praia, floresta inundada e lagoacari-bodo Pseudoloricaria punctata 5 lagoacari-bodo Pseudorhinelepis genibarbis 5 lagoBodó Pterygoplichthys sp.1 1 praia e floresta inundadaReganella depressa 3,4,5 lago e rioRicola sp 1 3 rioCachimbo Rineloricaria sp 7 igarapéPimelodidaeBathypotamichtys sp 1 3 rioDourada Brachyplatystoma rousseauxii 4 lagofilhote, piraíba Brachyplatystoma filamentosum 3,4,5,6 lago e rioflamengo-zebra, dourada zebra Brachyplatystoma juruensis 3 rioPiramutaba Brachyplatystoma vaillanti 3 rioPiracatinga Calophysus macropterus 3,4,5 lago e rioCheirocerus goeldii 3 rioPlatysilurus malarmo 3 rioDuopalatinus peruanus 3 rioExallodontus aguanai 3 rionãosimsimsimsimsim184


arba-chata Goslinia platynema 3,4 lago e rioJandiá Leiarius marmoratus 5 lagoPirarara Phractocephalus hemioliopterus 3,5 lago e riofura-calça Pimelodina flavipinnis 3,4,5,6 lago e rioPimelodus altissimus 3,5 lago e rioMandi Pimelodus blochii 3,4,6 lago e rioMandi Pimelodus cf. blochii 1,7 praia, floresta inundada e lagoMandi Pimelodus ornatus 5 lagoMandi Pimelodus sp. 5 lagobarba-chata, piranambu Pinirampus pirinampus 3,4,5 lago e riocara-de-gato Platynematichthys notatus 5 lagobraço-de-moça Platystomatichthys sturio 3,4,6 lago e rioPseudopimelodus sp. 4,5 lagoPseudopimelodus sp.1 6 riosurubim, pintado Pseudoplatystoma fasciatum 5 lagosurubim, pintado Pseudoplatystoma tigrinum 5 lagoSorubim lima 5,7 lagoTrichomycteridaeOchmacanthus sp.MG 1 praia e floresta inundadaStegophilus sp 1 3 rioStegophilus sp 2 3 rioStegophilus sp 3 3 rioStegophilus sp 4 3 rioStegophilus sp 5 3 rioVandellia sp 1 3 rioPERCIFORMESCichlidaeAcará Acarichthys heckelii 7 igarapéacará-boca –de- juquiá Acaronia nassa 5,7 lagoAequidens pallidus 1 praia e floresta inundadaApistograma Apistogramma sp 6Apistograma Apistogramma regani 1 praia e floresta inundadaacará-açú Astronotus ocellatus 1,7 praia, floresta inundada e lagosimsimsimsimsimsimsimnão185


acará-cupido Biotodoma cupido 3,6 rioBiotoecus opercularis 3 rioChaetobranchus sp 7 lagotucunaré-açú Cichla monoculus 5,7 lago e igarapéTucunaré Cichla orinocensis 5 lagoCichla sp 7 lagotucunaré-paca Cichla temensis 5,7 lagoJacundá Crenicichla sp 6,7 rio e lagoJacundá Crenicichla johanna 1,3 praia, floresta inundada e rioJacundá Crenicichla lenticulata 1 praia e floresta inundadaJacundá Crenicichla lugubris 1,5 praia e floresta inundadaJacundá Crenicichla cr macrophithalma 5 lagoJacundá Crenicichla cf reticulata 5 lagoJacundá Crenicichla sp 3 3 rioJacundá Crenicichla sp 4 3 rioGeophagus sp 3,5,7 lago e rioAcará Geophagus altifrons 1,4,5 praia, floresta inundada e lagoAcará Geophagus cf altifrons 5 lagoAcara-tinga Geophagus proximus 5 lagoGeophagus trifilis 4 lagocará-peneira Heros sp 5,7 lagocará-peneira Heros severum 1 praia e floresta inundadaAcará Hoplarchus psittacus 1,5 praia, floresta inundada e lagoAcara Hypselecara coryphaenoides 1 praia e floresta inundadaAcará-boari Mesonauta insignis 1,5 praia, floresta inundada e lagoacara bandeira Pterophyllum scalare 5 lagoacará-bicudo Satanoperca acuticeps 5,7 lagoacará-bicudo Satanoperca daemon 2 1 praia e floresta inundadaPapa-terra Satanoperca jurupari 1 praia e floresta inundadaacará-bicudo Satanoperca lilith 5Acará Satanoperca sp. 7 lagoacará-bararuá Uaru amphiacanthoides 1,5,7 praia, floresta inundada, lago e igarapé nãoEleotridaenãonãonãonãonãonão186


Microphilypnus sp.1 1 praia e floresta inundadaSciaenidaeCorvina Pachypops adspersus 3 rioCorvina Pachypops fourcroi 3,6 rioCorvina Pachypops grunniens 5 lagoPescada, corvina Pachypops trifilis 3,5,6 lago e rioPescada, corvina Pachypops sp. 7 lagoCorvina Pachyurus schomburgki 3 rioCorvina Pachyurus sp 4,7 lagoPescada branca Plagioscion squamosissimus 3,4,5,7 lago e rioPescada Plagioscion montei 5 lagoPescadaPlagioscion sp.3,4,6 lago e rioSYMBRANCHIFORMESSynbranchidaeMuçum Synbranchus SP. 4 lago e igarapéTETRAODONTIFORMESTetraodontidaenãoBaiacu Colomesus asellus 4 lagoPLEURONECTIFORMESAchiridaesoia, solha, linguado Hypoclinemus mentalis 3 igarapé187


Ictiofauna de igarapésOs igarapés amazônicos são sistemas aquáticos oligotróficos com baixaprodutividade biológica (Goulding et al., 1988), que dependem da floresta ripária comoprincipal fonte de energia para sustentação da cadeira trófica (Walker, 1991; Lowe-McConnel, 1999).Estes sistemas aquáticos são pobres em nutrientes e as árvores que se fechamsobre os mesmos impedem que a luz atinja a superfície da água, de forma que plantasaquáticas são virtualmente inexistentes (Junk & Furch, 1985; Walker, 1995). Devido a estascaracterísticas, suas cadeias alimentares são dependentes de material importado dosubsistema terrestre circundante, a floresta ciliar, cujos galhos cobrem o leito do igarapé,resultando na queda para a superfície d’água de pólen, flores, frutos, folhas, insetos earanhas (Goulding, 1980; Goulding et al., 1988; Lowe-McConnell, 1999). A dependênciatrófica entre as características da floresta que circunda o igarapé e sua riqueza de espéciesgera uma forte associação que determina a composição de espécies e abundância relativados grupos da comunidade.A estrutura das comunidades de peixes em rios e riachos tropicais tem sidoinfluenciada, principalmente, pelo tamanho do rio (Bussing & López, 1977), velocidade daágua (Harding et al., 1998; Zuanon, 1999), profundidade (Angermeier & Karr, 1984),predação (Greenberg, 1991) e competição (Zaret & Rand, 1971). Lowe-McConnell (1999)afirma que a diversidade de espécies de peixes diminui em direção às nascentes doscórregos, onde os fatores físico-químicos, as obstruções causando pequenas corredeiras,as elevadas velocidades do fluxo, o tamanho e as condições dos refúgios na estação deseca podem ser mais limitantes no que diz respeito a recursos alimentares.Alguns estudos foram realizados sobre a fauna de peixes de igarapés de terra firmena porção central da bacia Amazônica, destacando, entre outros assuntos a avaliação depadrões de atividade, a distribuição e a alimentação das espécies, além de aspectos daestrutura das comunidades de peixes (Silva, 1992; 1993; Buhrnheim, 1998; 2002; Sabino &Zuanon, 1998; Araújo-Lima et al., 1999; Kemenes, 2000; Martins, 2000; Buhrnheim & Cox-Fernandes, 2001; 2003; Mendonça, 2002; Anjos, 2005; Anjos 2007).Considerando-se a fauna de vertebrados do planeta, pode-se teorizar que osigarapés da Amazônia possuem um dos maiores conjuntos de espécies ainda não descritaspela ciência. Nesses ambientes aquáticos, com características ambientais únicas, pequenospeixes são freqüentemente abundantes, podendo ser encontrados de vinte a cinqüentaespécies em apenas um igarapé (Sabino, & Zuanon,1998). Nos igarapés da AmazôniaCentral, predominam os Characiformes e Siluriformes que dividem a dominância (70% a188


80% da fauna de peixes). Já os Cyprinodontiformes, Synbranchidae, Gymnotiformes ePerciformes também ocorrem neste sistema, embora em baixa freqüência (Figura 47).Figura 47 - Proporção das principais ordens de peixes encontrados em corpos d’água da Amazônia e emigarapés da Amazônia central (Fonte: Kirovsky, 2001).A ocorrência de variações no hábitat pode promover variações das fontes dealimento em um riacho. Segundo Lowe-McConnell (1999) em rios e riachos o gradiente derecursos na dieta de peixes é notável, sendo que em regiões de cabeceira os peixesdependem primariamente de material alóctone. Entretanto, pouco se sabe sobre adependência das fontes alóctones ao longo de uma bacia de drenagem na AmazôniaCentral. Anjos (2005) considera como hipótese que com o aumento do tamanho do riacho, aabertura do dossel e a incidência solar se tornem maiores, resultando em um aumento naprodução primária local, o que possibilitaria que recursos autóctones suportassem maisindivíduos e/ou espécies, ou o estabelecimento de novas guildas tróficas.A possibilidade de evidenciar padrões de riqueza, diversidade, abundância edensidade de peixes em igarapés depende da existência de um acúmulo de informaçõescomparáveis sobre igarapés de diferentes ordens, com características estruturais variadas eligadas a diferentes bacias hidrográficas (Anjos, 2005).Entretanto, as comunidades de peixes, em especial de igarapés, podem serviradequadamente como indicadores biológicos da qualidade ambiental ou do grau depreservação do ecossistema. Isso acontece porque alterações no conjunto de espécies, nonúmero de indivíduos, na biomassa (peso), na distribuição espacial dos peixes, e mesmoem seu comportamento ou fisiologia, podem ser associadas a perturbações causadas pelohomem em igarapés.A ictiofauna encontrada em amostragens realizadas em igarapés de terra firme naAmazônia Central está discriminada na Tabela 28.189


Tabela 28 - Lista da ictiofauna coletada em igarapés de terra firme na Amazônia Central, obtidas através dasreferências: 1) Buhrnheim, (1998); 2) Silva, (1992); 3) Goulding (1979); 4) Queiroz & Crampton, (1999); 5)Walker, (2001); 6) Projeto Igarapés-INPA (2003); 7) Assunção, (1998); 8) Mendonça, (2001); 9) Anjos, (2005);10) Soares & Yamamoto, (2005); 11) Anjos (2007).Ordem/Família/Espécie Nome Vulgar Fonte Hábito AlimentarOSTEICHTHYSClupeidaePellona castelnaeana apapá-amarelo PiscívoraCHONDRICHTHYSPotamotrygonidaePotamotrygon motoroPotamotrygon hystrixCHARACIFORMESProchilodontidaearraiaarraiaIlíofagoProchilodus nigricans curimatã 3 IlíofagoSemaprochilodus spp. jaraqui 3 IlíofagoCharacidaeAcestrorhynchus cf. falcatus dente-de-cão,peixe-cachorro 1,2 CarnívoraAmnocryptocharax elegans 1Astyanax sp. 1 7Astyanax sp. 2 CarnívoraBrycon sp. 3 OnívoraBrycon melanopterum matrinchão 6Bryconops sp.1 11Bryconops giacopinnii 6,8,11Bryconops inpai 1,6,8,9Bryconops creatochanes melanurus 2Bryconops caudomaculatus 2 CarnívoraCharacidium pteroides 2Characidium fasciatum 2Ctenobrycon hauxwellianus 11Ctenobrycon spilurus hauxwellianus 2Elachocharax sp. 2Elachocharax pulcher 4Gnathocharax steindachneri 2 CarnívoraGymnocorymbus thayeri 11Hoplocharax goethei 7Hyphessobrycon sp. 2,6,11Hyphessobrycon cf. agulha 11Hyphessobrycon aff. melazonatus 1,6Hyphessobrycon aff. heterorhabdus 1,6Hyphessobrycon cf.copelandi piaba,rosacéu amarela 4 OnívoraHyphessobrycon melazonatus 8,9,11Hyphessobrycon heterorhabdus 4 OnívoraHyphessobrycon callistus group 7Hyphessobrycon sp. 1 9Hyphessobrycon sp. 4 7Hyphessobrycon sp. 5 7Hyphessobrycon sp. 6 7190


Hemigrammus sp.1 2Hemigrammus sp.2 2Hemigrammus sp.3 2Hemigrammus sp.4 2Hemigrammus sp. 5 7Hemigrammus sp. 21 7Hemigrammus bellotti 7Hemigrammus cupreus 7Hemigrammus erythrozonus 7Hemigrammus iota 7Hemmigrammus levis 9Hemigrammus pretoensis 9Hemigrammus schmardae 7Hemigrammus stictus 7Hemigrammus vorderwinkleri 9Hemigrammus gr. Ocellifer 1,4,6,8Hemigrammus gr. ocellifer sp1 4 OnívoraHemigrammus aff. schmardae 4Iguanodectes variatus 1,6,9Iguanodects geiseleri 2,8 DetritívoraIguanodects spilurus 7Klausewitzia sp. 2 OnívoraMichocharacidium sp. 1Microschemobrycon sp. 9Moenkhausia gr. Lepidura 1 OnívoraMoenkhausia sp. 6Moenkhausia sp. 1 7Moenkhausia copei 7Moenkhausia cf. collettii 9Moenkhausia collettii 7,11Paracheirodon simulans 11Phenacogster sp. 9Poptella compressa 6,9Poptella orbicularis piaba 7Microcharacidium eleotrioides 8Microcharacidium sp. 6CrenuchidaeAmmocryptocharax elegans 9Characidium cf. petroides 9Characidium sp.1 9Crenuchus spilurus 9,11Elachocharax sp. 9Microchaacidium sp. 9GasteropelecidaeCarnegiella strigata sardinha-papuda, borboleta-rajada 2,6,8,9 CarnívoraCarnegiella marthae borboleta-branca 7Gnathocharax steindachneri 9Erythrinidae191


Erythrinus erytrinus traíra,jeju 1,6,8,9,11 CarnívoraHoplias malabaricus traíra 2,6,8,9,11 CarnívoraHoplias sp 1,6 CarnívoraLebiasinidaeCopella nattereri 11Copella nigrofasciata 9,11Nannostomus beckfordi 11Nannostomus marginatus 9,11Nannostomus trifasciatus 9Pyrrhulina brevis 9,11Pyrrhulina cf. laeta 9NandidaeMonacirrhus polyachantus peixe-folha 2,7SILURIFORMESAspredinidaeBunocephalus sp. 9AuchenipteridaeAuchenipterichthys dantei 6Auchnipterichthys punctatus 9Auchenipterichthys thoracatus mandubé 6Tatia creutzbergi 6Tatia aff. brunnea 9Tetranematichthys quadrifilis 1,9CallichthydaeCallichthys sp. 2Callichthys callichthys tamoatá 1,6,8,9,11Corydoras cf. aeneus 11Megalechis personata 11Megalechis thoracata 6Hoplosternum littorale tamoatá 2,11 DetritívoraCatapractops sp. 2DoradidaeAmblydoras sp. 5Physopyxis lyra 7HelogeneidaeHelogenes cf. marmoratus 4Helogenes mamoratus orelinha 1HeptatpteridaeBrachyglanis cf. melas 9Imparfinis pristos 9Mastiglanis asopos 9Myoglanis sp. 9Nemuroglanis sp. 9LoricaridaeAncistrus sp. bodó-seca 4,11 HerbívoraAncistrus sp1 2,9 DetritívoraAncistrus sp2 2,9 DetritívoraAcestridium discus 6,9192


Ancistrus aff. hoplogenys bodozinho 8Hypostominae sp. 1Farlowella sp. 2,6,9 HerbívoraLoricariidae sp 8Nannoptopoma sp. 9Pterigoplichthys pardalis Acari-bodó 11Rineloricaria sp. acari-cachimbo 2,7,11 IlíofagoRineloricaria heteroptera 6,8,9PimelodidaeBrachyglanis sp. 1 4Brachyglanis sp. 1,2,6Rhamdia quelen 1,8Rhamdia sp. 6Megalonema sp. 4Mastiglanis asopos 7Nemuroglanis pauciradiatus 1Nemuroglanis aff. lanceolatus 6Mioglanis sp. 6Imparfinis pristos 6,8Pseudopimelodus raninus 8CetopsidaeHelogenes marmoratus 9Hemicetopis macilentus 8Pseudoceptopis sp. bodó-pedra 1Pseudocetopsis macilenta 6,9TrichomycteridaeEremophilus candirus candirú 4Ituglanis sp. 6,9Ituglanis aff. Amazonicus 8Pygidianops sp. 8Stauroglanis gouldingi 6,9Trichomycterus sp. 1GYNOTIFORMESElectrophoridaeElectrophorus electricus 4 CarnívoraRhamphichthyidaeGymnorhamphichthys rondoni 4,6,8 CarnívoraGymnorhamphichthys rosamariae 1Rhamphichthys cf. marmoratus 2Steatogenys duidae 1 CarnívoraSteatogenys sp. 2Hypopygus lepturus sarapó 4 DetritívoraHypopygus sp. 5GymnotidaeElectrophorus electricus 11Gymnotus carapo sarapó 2,5Gymnotus cataniapo 8Gymnotus cf. stenoleucus 9,11193


Gymnotus sp. 1,5,6,9Gymnotus anguillaris 4,9 CarnívoraGymnotus pedanopterus 8HypopomidaeHypopomus sp. 2,5Hypopygus aff. lepturus 6Brachyhypoopmus sp. 9Brachyhypopomus sp. nov.C. 4Brachyhypopomus sp. nov.F. 4Brachyhypopomus aff. Pinnicaudatus 6Microsternarchus bilineatus 4,8Microsternarchus sp. 8,9Steatogenys duidae 6,8Steatogenys elegans 7Stegostenopos cryptogenes 8RhamphichthyidaeGymorhamphichthys rondoni 9Sternopygidae 2Eigenmannia aff. trilineatta 9Sternopygus macrurus 4,8,9 CarnívoraSternopygus cf. astrabes 4EigenmanniidaeEigenmannia sp. 2 CarnívoraEigenmannia macrops 8Eigenmannia aff. virescens sarapó 1Eigenmaninia cf. virescens (A) 4 CarnívoraCYPRINODONTIFORMESPoeciliidaeFluviphylax cf. pigmaeus 11Fluviphylax sp. 9Poecilia reticulata 11RivulidaeRivulus compressus 1,6,8,9,11Rivulus kirovskyi 9Rivulus obscurus 11Rivulus ornatus 2Rivulus urophthalmus 2SYNBRANCHIFORMESSynbrachidaeSynbranchus marmoratus mussum 2,11 CarnívoraSynbranchus sp. 1,5,6,8,9 CarnívoraPERCIFORMESCichlidaeAcaronia nassa 11Aequidens pallidus 1,2,4,6,8,9,11Apistogramma sp 2,6Apistogramma regani 2Apistogramma sp. 1 7,9194


Apistogramma sp. 2 7,9Apistogramma agassizii apistograma 2,11Apistogramma cf. agassizi 4 OnívoraApistogramma hippolytae 11Apistogramma cf. mendezi 11Apistogramma aff. steindachneri 9Apistogramma gr. steindachneri 1,6,8Astronotus ocelatus cará-açú 4 OnívoraBiotodoma cupido acará 6Cichlassoma amazonarum 11Cichlasoma sp. 2Crenicichla inpa 8,9,11Crenicichla aff. <strong>Inpa</strong> 8Crenicichla cf. alta 9Crenicichla sp jacundá 2 CarnívoraCrenicichla sp. 1 6Crenicichla sp. 2 7Crenicichla johanna 2 CarnívoraCrenicichla gr. saxatilis 1,2 CarnívoraCrenicichla lenticulata 8Crenicichla notophthalmus jacundá 5 CarnívoraHypselecara coryphaenoides 2,8 CarnívoraLaetacara cf thayeri 11Mesonauta insignis acará-boari 2,11 HerbívoraOreochromis niloticus 11Satanoperca jurupari 11Taeniacara candidi 11Resultados e DiscussãoUm total de 465 exemplares de peixes foram capturados nas amostragens realizadasem 14 corpos d’água, estando os mesmos distribuídos em 95 espécies, pertencentes a 60gêneros de 18 famílias e cinco ordens (Tabela 29), a saber, Clupeiformes, Characiformes,Gymnotiformes, Siluriformes e Perciformes. As ordens com maior abundância relativa deindivíduos foram Characiformes com 60%, seguida dos Siluriformes com 30% (Figura 48).Tabela 29 - Distribuição da Ictiofauna observada na área de estudo.Ordem Famílias N % Gêneros N % Espécies N %Clupeiformes 1 6 1 2 1 1Characiformes 9 50 27 46 50 53Siluriformes 5 28 19 32 28 29Gymnotiformes 2 11 2 3 2 2Perciformes 1 6 10 17 14 15Total 18 59 95195


2%8%0%30%60%ClupeiformesCharaciformesSiluriformesGymnotiformesPerciformesFigura 48 – Proporção em abundância das ordens encontradas no estudoA elaboração da lista contendo todos os táxons amostrados no estudo obedeceu àordenação proposta por Buckup et al. (2007) para peixes de água doce, apresentando asespécies em ordem alfabética, agrupadas em famílias (Tabela 30). As famílias que incluíamespécies marinhas obedeceram à ordenação proposta por Reis et al. (2003).196


Tabela 30 – Espécies de peixes registradas na Área de Influência Direta da rodovia BR-319CLUPEIFORMESPristigasteridaeTáxon Nome comum IBAMA Cites Forma deamostragemStatus Pontos de Amostragem01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 TotalC C C C C C S S S S S S S SPellona flavipinnis Apapá NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1CHARACIFORMESCurimatidaeCurimata cf. ocellata Branquinha NC NC Col 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Curimatella sp. Branquinha NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- 1Curimatella dorsalis Branquinha NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 3 3Cyphocharax spiluropsis Branquinha NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- 13 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 13ProchilodontidaeProchilodus nigricans Curimatã NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- 1AnostomidaeAnostomoides sp. Aracú NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 2 ---- ---- ---- 2Laemolyta sp. Aracú NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- 1 2Laemolyta cf. taeniata Aracú NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- 2 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 2Leporinus friderici Aracú-cabeça-gorda NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 4 ---- ---- 1 ---- ---- ---- 1 6Leporinus sp. Aracú NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Leporinus sp. 2 Aracú NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 4 4Leporinus sp. 3 Aracú NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- 1 ---- 2HemiodontidaeHemiodus atranalis Orana / cubiu NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- 3 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 3Hemiodus cf. semitaeniatus Orana / cubiu NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 13 ---- ---- ---- ---- 10 23Hemiodus semitaeniatus Orana / cubiu NC NC Col 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1CharacidaeAxelrodia stigmatias Piaba NC NC Col ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Brycon amazonicus Matrinxã NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- 1197


Brycon melanopterus Jatuarana NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- 1Brycon sp. NC NC Col ---- 2 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 2Bryconops sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 3 ---- ---- 6 9Characidae sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 6 ---- ---- ---- ---- ---- 6Hemigrammus analis Piaba NC NC Col 2 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 3Hemigrammus belottii Piaba NC NC Col 1 ---- 5 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 6Hemigrammus sp. NC NC Col ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Hyphessobrycon bentosi Peixe borboleta NC NC Col ---- 2 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 2Iguanodectes geisleri Piaba NC NC Col ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Iguanodectes sp. NC NC Col ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Moenkhausia aff. cotinho Piaba NC NC Col 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Moenkhausia collettii Piaba NC NC Col 2 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 2Moenkhausia oligolepis Piaba NC NC Col 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Moenkhausia sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- 1Myloplus rubripinnis Pacu NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Roeboides sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 5 ---- 5Roeboide sp.2 NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 3 ---- ---- 3Serrasalmus rhombeus Piranha preta NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Serrasalmus sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- 2Tetragonopterus chalceus Piaba NC NC Col 2 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 2AcestrorhynchidaeAcestrorhynchus abbreviatus Peixe-cachorro NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- 3 4Acestrorhynchus cf. microlepis Peixe-cachorro NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- 1Acestrorhynchus falcatus Peixe-cachorro NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 7 ---- ---- ---- 4 12Acestrorhynchus falcirostris Peixe-cachorro NC NC Col 1 ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- 4 62 ---- 3 2 73CtenoluciidaeBoulengerella maculata Bicuda/ pirapucu NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 17 1 18CynodontidaeHydrolycus cf. armatus Peixe-cachorro NC NC Col ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Hydrolycus cf. tatauaia Peixe-cachorro NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 7 ---- ---- ---- ---- ---- 4 ---- 11198


Hydrolycus sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 15 ---- 15Hydrolycus sp. 1 NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- 1Rhaphiodon vulpinus Peixe-cachorro NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 5 ---- ---- 3 ---- 8ErythrinidaeErythrurus erythrurus Jeju NC NC Col 1 5 6Hoplerithrinus unitaeniatus Jeju NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- 1Hoplias malabaricus Traíra NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 1 ---- 4 ---- 2 1 ---- 9SILURIFORMESCallichthyidaeCallichthys sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 21 ---- ---- ---- ---- 21LoricariidaeAcanthicus cf. histrix NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- 1Ancistrus cf. hoplogenys Acari / bodó NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Ancistrus sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Dekeyseria amazonica Acari / bodó NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Dekeyseria cf. amazonica Acari / bodó NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Loricariidae sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 3 ---- ---- ---- ---- 3PimelodidaeCalophysus macropterus Piracatinga NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- 1Pimelodella aff. cristata Mandi NC NC Col 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Pimelodus blochii Mandi NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 4 ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- 5Pimelodus spp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 2 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 2Pseudoplatystoma fasciatum Surubim NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Pseudoplatystoma tigrinum Caparari NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- 2AuchenipteridaeAgeneiosus inermis Mandubé NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- 2 1 ---- ---- 4 ---- ---- 1 ---- 8Ageneiosus sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- 1 ---- ---- 3 ---- 5Auchenipterichthys thoracatus Carataí NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Auchenipterichthys sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- 1Auchenipterus nuchalis Carataí NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 6 ---- 6199


Auchenipterus sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 14 ---- ---- ---- ---- 14Trachelyopterichthys sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Trachelyopterus galeatus Cangati NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 4 ---- ---- 1 ---- 5Trachelyopterus sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 7 ---- ---- 9 ---- ---- 2 ---- 18DoradidaeAnadoras sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Ancistrus sp.2 NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 1Doradidae sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- 26 ---- ---- ---- ---- 27Hassar sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Megalodoras sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 7 ---- ---- ---- ---- 7Platydoras sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- 1GYMNOTIFORMESRhamphichthyidaeRhamphichthys marmoratus Ituí / Sarapó NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 10 ---- 10SternopygidaeSternopygus sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- 1PERCIFORMESCichlidaeAcaronia nassa Acará NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 5 ---- ---- ---- ---- 5Aequidens cf. tetramerus Acará NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- 1Biotodoma cf. cupido Acará NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- 1Biotodoma cupido Acará NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 1Cichla monoculus Tucunaré NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- 2Cichla sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- 1 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 2Cichlassoma amazonarum Acará NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 5 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 5Crenicichla cincta Jacundá NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 1Crenicichla sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 1Heros sp. NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1Hypselecara temporalis Acará-açaí NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- 2 ---- ---- ---- ---- 3Mesonauta festivum Acará NC NC Col 1 ---- ---- ---- ---- 1 ---- ---- ---- 1 1 ---- ---- ---- 4200


Satanoperca acuticepis Acará bicudo NC NC Col ---- ---- ---- ---- ---- ---- 2 ---- 1 1 ---- ---- ---- ---- 4Satanoperca jurupari Acará bicudo NC NC Col 1 ---- ---- ---- ---- ---- 2 ---- ---- 2 1 ---- ---- ---- 6Número de espécies 12 5 2 1 1 12 27 1 4 29 7 7 20 14 95Total de indivíduos 15 7 6 1 1 27 53 1 21 135 71 10 78 39 465Legenda: Col – espécies coletadas; NC – espécies que não constam na listas do Cites e IBAMAIUCN – Este status não se aplica a fauna de peixesCites – Este status se aplica a fauna de peixesIBAMA – Este status se aplica a fauna de peixesCite - Apêndice IIIBAMA: Lista de espécies aquáticas ameaçadas de extinção201


As caraterísticas mais relevantes das cinco ordens encontradas nas amostragens decampo estão descriminadas abaixo.ClupeiformesEste grupo é predominantemente marinho e se caracteriza por apresentar o corpocomprimido lateralmente; região mediana do ventre quilhada e com escamas modificadas emserras ou escudos; coloração prateada ou dourada; focinho proeminente; boca em posiçãobaixa e ampla; linha lateral ausente no tronco. Na Amazônia ocorrem várias espécies,sobretudo no estuário e são denominadas popularmente de sardinhas-de-água ou sardinhasde-gato(Santos et al., 2006).CharaciformesOs membros do grupo Characiformes apresentam como características o corpo cobertopor escamas; ausência de barbilhões; corpo comprimido lateralmente na sua grande maioria;olhos grandes e laterais; nadadeiras pélvicas situadas na região abdominal; predominância deuma a duas fileiras de dentes cônicos (pouquíssimos grupos sem dentes ou com mais de trêsfileiras de dentes); hábito basicamente diurno e forma do corpo, comportamento e padrão decolorido bastante variáveis. É o grupo dominante entre os peixes de água doce da América dosul e apresenta destacada importância na pesca comercial e de subsistência, na aquariofilia ena ecologia geral dos ecossistemas. Neste grupo estão incluídos o tambaqui, a piranha, oaracu, o peixse-cachorro, o jaraqui, a curimatã, a traíra, sardinhas e todas as piabas (Santos etal., 2006; Py-Daniel et al., 2007).SiluriformesJá os pertencentes ao grupo dos Siluriformes são referenciados pelo corpo deprimidototalmente nu ou coberto de placas ósseas; presença de barbilhões ao redor da boca; bocageralmente ampla e com dentes frágeis, viliformes, dispostos em várias fileiras; olhonormalmente pequeno; nadadeira dorsal e peitoral normalmente precedidas de espinho duro epungente. Este grupo inclui predadores de topo de cadeia alimentar, como os grandes bagres(Brachyplatystoma spp., Pseudoplatystoma spp.); bem como peixers onívoros, detritívoros,necrófagos, raspadores de muco, semi-fossoriais e até hematófagos. Habitam tanto o fundocomo a superfície da coluna d’água, a maioria tem hábito noturno. Neste grupo estão incluídospeixes de grande a pequeno porte, alguns com grande importância na pesca comercial e desubsistência e outros na aquariofilia (Santos et al., 2006; Py-Daniel et al., 2007).202


GymnotiformesOs membros da ordem Gymnotiformes apresentam corpo alongado, quase semprecomprimido lateralmente e com parte posterior bastante afilada, em forma de filamento. Anadeira anal é extremamente longa, estendendo-se da região próxima a cabeça até o final docorpo; nadadeiras dorsal, pélvica e adiposa ausentes; presença de um órgão elétrico, capaz deproduzir e detectar campo elétrico. Trata-se de peixes evasivos, com atividadepreferencialmente noturna ou crepescular, passando as horas do dia ocultos em raízes, troncoscaídos ou no fundo, entre folhiço. Este grupo está restrito a região neotropical, com maiordiversidade na Amazônia. São conhecidos popularmente como sarapó, tuvira, ituí e peiseelétrico, não apresentando importância comercial, apesar de serem utilizados em pesquisas nasáreas de comportamento, fisiologia cerebral, bem como na aquariofilia e como isca para peixescarnívoros de grande porte (Santos et al., 2006).PerciformesÉ a ordem mais diversificada de Classe Pisces, e de todos os vertebrados do mundo,apresentando representantes tanto em águas salgadas como salobras e doces, sendo a maiordiversidade registrada nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Os Perciformes sãocaracterizados basicamente por escamas ctenóides ou ciclo-ctenóides; nadadeiras dorsal,ventral e anal quase sempre com espinhos; pré-maxila protátil; escamas na lateral da cabeça;ausência de nadadeira adiposa (Santos et al., 2006; Py-Daniel et al., 2007).A predominância de peixes das ordens Characiformes e Siluriformes sobre as demais éum fato comum e esperado em inventários realizados na Bacia Amazônica (Cox-Fernandes,1988; Py-Daniel & De Deus, 2003; Siqueira-Souza & Freitas, 2004; Py-Daniel Et al., 2007;Soares et al., 2007). O resultado obtido em nosso levantamento não foi diferente, sendopossível perceber que na maioria dos pontos, onde foram realizadas as coletas de peixes, foicorroborada a predominância destas duas ordens nas amostragens.Um dos fatores relacionados à grande abundância destes grupos em ambientes comoigarapés e rios está relacionado à necessidade de deslocamento que algumas espéciesrealizam em alguns momentos do seu ciclo de vida, como relacionado à atividade reprodutiva(migração reprodutiva), obtenção de alimento (migração trófica) e a procura de área de refúgiocontra predadores.Outro fator levado em consideração nas amostragens é a eficiência de algunsapetrechos empregados nas coletas, como no caso das malhadeiras que são dispostas emhábitats de passagem dos peixes e que por apresentar diversos tamanhos de malhas, tende a203


selecionar os exemplares de peixes conforme seu tamanho e tipo de peixes (Figura 49). Essetipo de pescaria costuma capturar, principalmente, espécies de hábito pelágico e bentopelágico,como as pertencentes aos grupos Characiformes e Siluriformes.Figura 49 - Momento da despesca das malhadeiras.A curva geral do número de espécies que podem ser encontradas nos corpos d’águaavaliados ao longo da rodovia BR-319 foi estimada através do método curva de rarefação(Figura 50), assim como as curvas específicas por ambiente (igarapés, rios de água branca erios de água preta) foram realizadas de forma a se estimar o número acumulado das espéciesde peixes na área de estudo (Figura 51 a 53). Quanto aos ambientes característicos de águasclaras informamos que não foi possível a realização de amostragens pelo fato dos mesmos nãoexistirem na área de estudo da rodovia BR-319, estando a ictiofauna representada pelosdemais ambientes de águas brancas e pretas presentes na área.Os métodos de rarefação não apresentaram tendência à estabilização para a ictiofauna,o que já é um fato já esperado, uma vez que, a ictiofauna de ambientes amazônicos está longede ser identificada em sua totalidade. Entretanto, baseado no esforço amostral que foi utilizadoem cada ponto de coleta que foi de 06 horas de malhadeiras e 03 horas de cacuri na água e 30minutos de esforço efetivo com o uso de rapiché e puçá (apetrecho utilizado conforme anecessidade do corpo d’água) a curva do coletor em nosso levantamento segue o padrãoapresentado na Figura 54.204


N. esperado de espécies10090807060504030201000 100 200 300 400 500N. de indivíduosFigura 50 - Número esperado de espécies de peixes por indivíduos na área de estudo.Ambiente de IgarapéN. esperado de espécies1098765432100 5 10 15 20N. de indivíduosFigura 51 - Número esperado de espécies de peixes por indivíduos em ambiente de igarapé.205


Ambiente de rios de água brancaN. esperado de espécies10090807060504030201001 51 101 151 201N. de indivíduosFigura 52 - Número esperado de espécies de peixes por indivíduos nos ambientes de rios de águas brancas.100Ambiente de rios de água preta9080N. esperado de espécies7060504030201001 51 101 151 201N. de indivíduosFigura 53 - Número esperado de espécies de peixes por indivíduos nos ambientes de rios de águas pretas.206


Figura 54 - Curva do coletor no esforço amostral realizado nas coletas da ictiofauna nos 14 pontos de coleta.Em relação ao número de famílias encontrado nas amostras, o grupo dos Characiformesfoi predominante apresentando 9 famílias, 60% do total (Tabela 31), das quais Characidae(conhecida pela representação de espécies relativamente grandes e bem conhecidas comomatrinxã, pacus, piranhas e tambaqui e por espécies nanicas e de difícil identificação como aspiabas) foi a que apresentou a maior riqueza de espécies, com 22 taxons, seguida da famíliaAnostomidae, representada pelos aracus com 07 espécies (Figura 55). Quanto ao número deexemplares coletados a familia Acestrorhynchidae, representada pelo grupo com nome vulgarde peixes cachorro, apresentou a maior abundância com 90 indivíduos, seguido de Characidaecom 53 exemplares.207


Riqueza e AbundânciaCharaciformesRiqueza1009090Abundância80706053504036273022181916 18204710134 513 10CurimatidaeProchilodontidaeAnostomidaeHemiodontidaeCharacidaeAcestrorhynchidaeCynodontidaeErythrinidaeCtenoluciidaeFamíliasFigura 55 – Abundância e riqueza das famílias da ordem Characiformes encontradas no estudoEm relação às famílias encontradas na ordem Siluriformes, Auchenipteridae,representada pelas espécies com nome vulgar de mandubés, apresentou a maior riqueza, 09espécies, e maior abundância com 59 indivíduos, enquanto as demais famílias do grupo(Loricariidae, Pimelodidae e Doradidae) apresentadas 06 espécies cada (Figura 56). A famíliaDoradidae, representada pelos bacus, apresentou o segundo maior valor de abundância, 38indivíduos, seguida de Callichthyidae e Pimelodidae (Figura 56).208


SiluriformesRiqueza e Abundância70605040302010012112686 638959RiquezaAbundânciaCallichthyidaeLoricariidaePimelodidaeDoradidaeAuchenipteridaeFamíliasFigura 56 – Abundância e riqueza das famílias da ordem Siluriformes encontradas no estudo.As outras três ordens foram representadas pelas famílias Pristigasteridae,correspondendo a um apapá (Clupeiformes), Rhamphichthyidae e Sternopygidae,representadas pelos sarapós (Gymnotiformes) e Ciclidae, representada pelos acarás, tucunarése jacudás (Perciformes), das quais esta última obteve o melhor resultado tanto em riqueza, 14espécies, como em abundância com 37 indivíduos. As demais famílias obtiveram somente 01espécie e 01 indivíduo, com exceção de Rhamphichthyidae que apresentou 10 indivíduos(Figura 57).209


Riqueza e Abundância4035302520151050Perciformes37RiquezaAbundância14Gymnotiformes10Clupeiformes1 1 1 11Pristigasteridae Sternopygidae Rhamphichthyidae CichlidaeFamíliasFigura 57 – Abundância e riqueza das famílias de algumas ordens encontradas no estudoRiqueza e abundância de peixesUma alta estimativa da riqueza de peixes na bacia Amazônica foi evidenciada emambientes lóticos de água preta, incluindo amostragens em rios, praias, floresta inundada,lagos e igarapés, perfazendo um número superior a 450 espécies coletadas (Goulding et al.,1988). Em ambientes de águas brancas como rios, paranás, lagos, igarapés, a estimativa deriqueza encontrada foi um pouco menor com 304 espécies de peixes (Py-Daniel et al., 2007).Teoriza-se que muito mais espécies de peixes podem ser encontradas nos diferentesambientes existentes da bacia Amazônica, o que permitiria aumentar consideravelmente ariqueza e o conhecimento a cerca da diversidade de peixes dos sistemas. Assim, devemossalientar a importância de levantamentos deste tipo para aumentar o conhecimento doecossistema amazônico.A ictiofauna dos igarapés amazônicos é composta de uma grande diversidade deespécies de peixes, geralmente de pequeno porte (Lowe-McConnell, 1987; Araújo-Lima et al.,1995; Castro, 1999). Estudos desenvolvidos em igarapés sob condições naturais, revelam adominância de Characiformes e Siluriformes na composição das assembléias de peixes(Burhnheim, 1998; Araújo-Lima et al., 1999; Castro, 1999; Martins, 2000; Montag, 2003;Mendonça et al., 2005; Anjos, 2005). Já em ambientes de rios, como a região do canalprincipal, a presença de espécies de maior porte e de maior importancia comercial é marcante,210


em como são as mais conhecidas do ponto de vista científico, sendo as mesmasrepresentadas principalmente por Characiformes, Siluriformes e Perciformes. Grande partedestas espécies adentram os afluentes durante o período de enchente para explorar as áreasalagadas, retornando ao rio principal na vazante (Smith, 1979; Lowe-McConnell, 1999).Em nosso estudo, as amostragens realizadas em ambientes de igarapé resultaram emuma riqueza de somente 10 espécies, para um total de 16 indivíduos capturados, enquanto emambientes de rio a riqueza encontrada foi de 88 espécies com uma abundância de 449exemplares de peixes (Figura 58). Deve-se salientar, todavia, que amostragens neste tipo deambiente, marcadmente oligotrófico, com águas claras e elevada transparência da água, nãoconstituem tarefas triviais. Em que pese o uso de diversos apetrechos, acreditamos queatividades de monitoramento incluindo técnicas com pesca elétrica e armadilhas poderãoaumentar o número de espécies amostradas.120100909780%60IgarapésRios40201030RiquezaAbundânciaParâmetros ecológicosFigura 58 - Riqueza e abundância da ictiofauna encontra em ambientes de igarapés e rios na área de estudoQuanto às características morfológicas, os igarapés caracterizam-se como corpos d´águade pequeno porte, com leitos bem definidos, correnteza ligeiramente acentuada, água comtemperatura baixa e pouco variável, com leito entulhado de troncos caídos, Estes ambientesapresentam dois estágios bem definidos de nível da água: um período de enchente e um devazante, quando seu nível desce e suas águas se tornam mais límpidas. Outra característicafísica importante é a variação abrupta no nível da água ocasionada por fortes chuvas em suasáreas de drenagem (Lowe-McConnel, 1999). Já os grandes rios normalmente apresentam uma211


largura e extensão muito maior que o ambiente anterior, padrões diferenciados de fluxo decorrenteza da água, bem como diferença entre demais fatores como: consumo e teor deoxigênio, temperatura da água, quantidade de material suspenso, carga de nutrientes, e adistribuição de formas bióticas adaptadas em dependência da velocidade da água.Em relação aos tipos de apetrechos empregados nos igarapés utilizamos aparelhos decaráter ativo: rapiché e puçá, e cacuri, caráter passivo, que são investidos na obtenção deespécies de pequeno porte, comuns neste tipo de ambientes, sendo empregados próximos aambientes como tronco de árvores, galhadas e área de vegetação aquática, tendo o pescadorque apresentar grande experiência na captura dos mesmos, uma vez que são organismosbastante móveis.De forma geral, os 14 pontos selecionados apresentaram uma ictiofauna comum para ostipos de ambientes avaliados, apresentando como já previsto, os pontos realizados em igarapésuma estimativa inferior àquela encontrada nos ambientes de rios, sendo possível perceber queo ponto com a maior riqueza e número de indivíduos foi o rio Puruzinho com 29 espécies e 135exemplares capturados enquanto resultado contrário foi observado no rio Goiabal com somenteuma espécie coletada (Tabela 31, Figura 59).Tabela 31 - Riqueza de cada ponto de coleta amostrado no levantamento da ictiofauna no estudo de viabilização daBR 319.Pontos de amostragem Riqueza N°. de indivíduos %Rio Igapó Açu 12 15 3Igarapé Manuelzinho 5 7 2Igarapé Tinga 2 6 1Igarapé Dunga 1 1 0,3Igarapé Tinguinha 1 1 0,3Rio Novo 12 27 6Rio Jutaí 27 53 11Rio Goiabal 1 1 0,3Rio Veloso 4 21 5Rio Puruzinho 29 135 29,1Rio Acará 7 71 15Rio Sto Antônio 7 10 2Rio Realidade 20 78 17Rio Fortaleza 14 39 895 465212


160140RiquezaAbundânciaNúmero de exemplares120100806040200Rio Igapó açuIgarapé ManuelzinhoIgarapé TingaIgarapé DungaIgarapé TinguinhaRio NovoRio JutaíRio GoiabalRio VelosoRio PuruzinhoRio AcaráRio Sto AntônioRio RealidadeRio FortalezaHábitats amostradosFigura 59 - Riqueza de espécies de cada ponto de coleta amostrado no levantamento da ictiofauna.Ictiofauna capturada nos pontos de coletaA ictiofauna capturada nos ambientes de igarapés (Pto. 02 - Igarapé Manuelzinho, Pto.03 - Igarapé Tinga, Pto. 04 - Igarapé da ponte do Dunga, Pto. 05 - Igarapé Tinguinha, Pto. 08 -Igarapé Goiabal) foi basicamente composta pelo grupo dos Characiformes com 09 espécies esomente 01 pertencente ao grupo dos Perciformes.Os igarapés Goiabal, Ponte do Dunga, Tinguinha e Tinga, apresentaram poucasespécies (05) e indivíduos (09), das quais a espécie Hemigrammus belottii apresentou a maiorabundância com 05 indivíduos (Figura 60). Já o igarapé Manuelzinho apresentou 05 espéciesdas quais o peixe borboleta Hyphessobrycon bentosi e o Brycon sp. apresentaram 02indivíduos cada, enquanto as demais espécies somente 01 indivíduo (Figura 61).213


Hoplias malabaricusIgarapé GoiabalIgarapé Pte do DungaIguanodectes spIgarapé TinguinhaIgarapé TingaEspéciesCichla spHemigrammus sp.Hemigrammus belotii0 1 2 3 4 5 6Número de exemplaresFigura 60 - Espécies e grupo de espécies predominantes em 04 igarapés da área da influência da rodovia BR-319.Igarapé ManuelzinhoAxelrodia stigmatiasHemigrammus analisEspéciesIguanodectesgeisleriBrycon sp.Hyphessobryconbentosi0 1 2 3Número de exemplaresFigura 61 - Ictiofauna encontrada no Igarapé Manuelzinho inventariado no estudo.A ictiofauna encontrada no Igapó açu foi bastante semelhante as encontradas emigarapés, fato este explicado pelas características físicas e químicas do local, pois devido aoperíodo de coleta ser na enchente o rio estava bastante largo e profundo, sendo possívelrealizar coleta somente na área de vegetação alagada do ambiente. Sendo assim os214


apetrechos utilizados nas coletas foram rapiché e malhadeiras de malhas 30 e 40 mm entre nósopostos. Entretanto, neste ponto o número de indivíduos por espécies foi baixo, apresentando15 indivíduos distribuídos em 12 espécies, das quais os Characideos Tetragonopteruschalceus, Moenkhausia collettii e Hemigrammus analis apresentaram abundância com 2exemplares, enquanto as demais espécies obtiveram somente 01 exemplar (Figura 62).Rio Igapó açuAcestrorhrynchus falcirostrisCurimata cf. ocellataHemigrammus belotiiHemiodus semitaeniatusMesonauta festivusEspéciesMoenkhausia aff. cotinhoMoenkhausia oligolepisPimelodella aff. cristataSatanoperca jurupariHemigrammus analisMoenkhausia collettiiTetragonopterus chalceusFigura 62 - Espécies de peixes encontradas no rio Igapó Açu.0 1 2 3Número de exemplaresComo já mencionado, a ictiofauna característica de igarapés da Bacia Amazônica ébastante diversificada e ainda desconhecida (Kirovsky, 2001). Em geral são espécies depequeno porte, não ultrapassando 15cm de comprimento total. Diversos estudos realizados emigarapés da Amazônia (Koppel, 1970; Henderson & Walker, 1986; Silva, 1992; Martins, 2000;Mendonça, 2002; Anjos, 2005; Seixas, 2006; Anjos, 2007; Goch, 2007) demonstram que asestruturas das comunidades de peixes são semelhantes. A ictiofauna é composta pelas ordensCharaciformes e Siluriformes (predominantes, responsáveis pela mentade das espécies depeixes encontradas), Perciformes e Gymnotiformes, que contribue para a riqueza dacomunidade em menor escala, enquanto os Cyprinodontiformes, Synbranchiformes,Beloniformes e outros grupos, contribuem com poucas espécies para formação das215


comunidades de peixes igarapés (Silva, 1992, Buhrnheim, 1998; Sabino, 2000; Kemenes, 2000;Bojsen & Barriga, 2002; Mendonça et al., 2002).Alguns estudos realizados em igarapés de terra firme na Bacia Amazônica identificaramuma riqueza variada de espécies de peixes em torno de 07 a 177 espécies. Entretanto, emnosso levantamento o número de espécies encontradas, mesmo que em número bastanteinferior (10 espécies em 05 igarapés e 12 espécies em um braço de rio semelhante a umigarapé) esteve dentro do intervalo mencionado anteriormente, não sendo desta formaconsideradas raras, mesmo com a coleta de poucos indivíduos por espécie, fato esteevidenciado muito provavelmente pela não eficiência do apetrecho empregado nas coletas(rapiché, puçá e cacuri).Contudo, devemos levar em consideração os fatores que podem interferir emamostragens em ambientes aquáticos amazônicos, como: o tipo de apetrecho de pesca, comseletividade inerente, o esforço empregado nas amostragens e as condições físico-químicasdas águas dos copos d’água.A riqueza encontrada em estudos realizados em igarapés de terra firme da BaciaAmazônia, apresenta ampla variabilidade. Silva (1992) encontrou uma riqueza de 44 espéciesem um igarapé localizado no rio Puraquequara, localizado dentro da cidade de Manaus; Sabino& Zuanon (1998) encontraram 29 espécies em um igarapé de 3° ordem; Buhrnheim (1998)capturou 35 espécies em 3 igarapés de 2° ordem loca lizados nos fragmentos florestaispróximos a cidade de Manaus; Araújo-Lima et al., (1999) encontraram um número acumuladode 07 espécies para tributários de 1° ordem, 15 esp écies para tributários de 2 ordem e 14espécies para tributários de 3° ordem; Kemenes (200 0) encontrou um total de 41 espécies em14 fragmentos florestais na zona urbana de Manaus; Buhrnheim & Cox-Fernandes (2001)encontraram de 18 a 26 espécies em igarapés de 2° o rdem na bacia do rio Urubu; Leitão(2004) avaliando 18 poças temporárias adjacentes a 03 igarapés de terra firme encontrou umariqueza baixa de 08 espécies de peixes; Mendonça et al., (2005) capturou 49 espécies em 35igarapés na Reserva Florestal Adolpho Ducke; Anjos (2005) em seu estudo observou 65espécies de peixes em 09 igarapés de terra firme localizados em 03 reservas pertencentes asáreas do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF).Seixas (2006) inventariou 21 igarapés na área da Província Petrolífera de Urucu e obteve177 espécies de peixes em seu estudo. Goch, (2007) nas coletas que realizou em 27 igarapésde água branca localizados na região de Urucu encontrou um número de 71 espécies. Anjos(2007) avaliando os efeitos de 15 fragmentos florestais na área urbana de Manaus em relação à216


estrutura de peixes de igarapés obteve 41 espécies em sua amostragem; Prado (2007)encontrou 54 espécies de peixes em 03 igarapés de terra firme localizados no município deSilves – Amazonas.Alguns estudos realizados identificaram que os gêneros Pyrrulinas, Hyphessobrycon,Hyphessobrycon, Aequidens, Hemigrammus, Characidium, Bryconops e Microphylipnus (todosda ordem Characiformes); Aequidens, Apistogramma, Cichlassoma e Crenicichla (Perciformes);pequenos bagres (Siluriformes) e sarapós (Gymnotiformes) são abundantes em igarapés(Sabino & Zuanon, 1998; Lowe-McConnell, 1999; Buhrnheim, 2002; Buhrnheim & Cox-Fernandes, 2003). Esses peixes, em sua maioria, não realizam longas migrações e passamquase todo seu tempo de vida no mesmo sistema ou hábitats (Silva, 1993). Por serembasicamente dependentes do material alóctone proveniente da floresta, estas espécies sãoaltamente sensíveis a alterações oriundas do ambiente de entorno. Portanto, esses peixespodem atuar como indicadores da qualidade ambiental, especificamente do grau depreservação do ecossistema.Algumas espécies de peixes de pequenos igarapés são altamente dependentes dafloresta adjacente, pois, esta por ser muito freqüente e comum no entorno desses corposd’água, fornecem recursos alimentares de origem alóctone. A vegetação ripária é fornecedorade matéria orgânica, continuamente, para os igarapés, sendo estes extremamente dependentesda entrada dessa fonte de energia para o sistema (Henderson & Walker, 1986; Walker, 1987;1990). Entretanto impactos sobre as florestas, solos e as águas podem desencadear processosque desestruturam as comunidades aquáticas, levando ao desaparecimento de algumasespécies e ao predomínio de outras (Nelson & Roline, 1996).Angermeier & Karr (1983) mencionam que alterações em sistemas lóticos ocasionadaspela remoção da vegetação marginal podem acarretar aumento de temperatura da água,redução da estabilidade do sistema, perda da capacidade natural de retenção desedimentos/nutrientes e substituição de um sistema heterotrófico para autotrófico. Deste modo,a remoção total ou mesmo parcial da vegetação pode ter efeitos consideráveis na qualidade daágua, e consequentemente no tipo de alimento utilizado pela comunidade aquática (Duncan, etal., 1989).Todavia, em nosso resultado, e mediante as observações realizadas em campo, osigarapés amostrados no estudo não apresentaram características de ambientes impactados,pois a ictiofauna encontrada é típica de ambientes conservados. Anjos (2007) avaliando acomposição da ictiofauna em igarapés classificados como conservados, com pouco ou nenhum217


impacto antropogênico e outros alterados, com indícios de poluição, percebeu que no segundoambiente houve uma redução de 77 de Characiformes, 55% de Perciformes e um aumento de70 de Siluriformes. Além da ictiofauna, a análise de qualidade da água dos dois tipos declassificação do igarapé foram evidenciadas, no que foi evidenciado que as variáveis vazão,oxigênio dissolvido, pH, condutividade, amônia, nitrito e alguns tipos de substrato (areia, troncoe liteira) apresentaram maior relevância no resultado. Para o autor, o resultado encontrado estárelacionado ao fato de que na cidade de Manaus, não há um sistema de coleta e tratamento deesgoto doméstico eficiente, onde os esgotos são lançados diretamente nos igarapés da cidadeque acabam por sofrer alterações ecológicas decorrente da poluição e da eutrofização(introdução excessiva de matéria orgânica). Estes fatores, sobretudo influenciam negativamentena biota existente nestes ambientes.Alguns autores demonstraram em seus estudos que os ambientes aquáticos se alteramdiante dos processos de crescimento urbano e populacional (Dyer et al., 1998; Faria &Marques, 1999; Aprile et al., 2004; Vieira & Cunha, 2005; Cunico et al., 2006). Entretanto, deveser salientado que igarapés localizados em áreas urbanas refletem os cenários humanosatuantes na sua área de drenagem e têm sido transformados frequentemente, perdendo suascaracterísticas naturais.Um dos efeitos que essas ocupações provocam são as modificações na estrutura dosigarapés, através de processos de poluição e eutrofização, que promovem mudanças nascaracterísticas físico-químicas da água e trazem consigo grandes modificações nascomunidades biológicas (Silva, 1992; Kirovsky, 2001; Cleto-Filho & Walker, 2001; Couceiro,2005).Um exemplo disto é o igarapé do Mindu, localizado ao longo da cidade de Manaus, queapresenta suas nascentes em área de floresta primária, ainda relativamente preservadas, masabaixo das cabeceiras já começam a aparecer sinais do crescimento urbano, comconseqüentes desmatamentos da vegetação ripária. Como fator deste urbanismo o igarapérecebe na maior parte de sua trajetória, esgotos de empresas instaladas nas proximidades, lixoe despejo domésticos porque áreas residenciais foram se instalando ao longo de seu curso,provocando, inclusive, grande desmatamento de sua mata ciliar. É possível verificar em seupercurso grandes efeitos de eutrofização antrópica 3 provocada por inúmeros pontos de emissão3 Eutrofização antrópica é o processo pelo qual o sistema aquático envelhece e se degrada acelaradamente, determinando o aparecimento detransformações na estrutura do ecossistema com três etapas distingas: a) diminuição do oxigênio dissolvido na água gerado pelo aumento daspopulações de vegetais, bactérias e nutrientes; b) o crescimento e mortandade de peixes e outros seres vivos aeróbios em função da perda deoxigênio; c) produção de gases tóxicos por organismos anaeróbicos como o metano e o sulfídrico, decorrente do baixo teor de oxigênio e doaumento de detritos no fundo (Branco, 1989).218


de esgotos sanitários, alguns clandestinamente ligados a galerias de águas pluviais, de esgotosdomésticos, ou mesmo de problemas de desvios de cursos, assoreamento, invasões edesmatamento de suas margens protetoras (Cavalcante, 2003).Durante nossas amostragens, a ictiofauna encontrada em cursos d’água de maior porte,os quais podemos chamar de rios para contrastar com os igarapés, foi bem diversificada,apresentando peixes de pequeno e médio porte, com porcentagem de 90% da riqueza e 97%da abundância total da ictiofauna encontrada na área de estudo (Figura 63). Desta proporção, aictiofauna de ambientes de rios esteve dividida em 52 espécies pertencentes à ordemCharaciformes, 27 espécies na ordem Siluriformes, 14 espécies da ordem Perciformes esomente 2 espécies pertencentes a ordem Gymnotiformes. Destas espécies nenhuma, foievidenciada como sendo espécie rara.As espécies mais abundantes encontradas nos pontos localizados em ambientes de riosforam: o peixe cachorro Acestrorhynchus falcirostris, com 62 indivíduos no rio Araçá; osSiluriformes Doradidae sp. com 26 indivíduos, o Callichthys sp. com 21 indivíduos eAuchenipterus sp. com 14 indivíduos no rio Puruzinho; os Characiformes Boulengerellamaculata com 17 indivíduos, e Hydrolycus sp. com 15 indivíduos e o GymnotiformesRhamphichthys marmoratus com 10 indivíduos no rio Realidade; o cubiu Hemiodus cf.semitaeniatus com 13 indivíduos no rio Veloso e com 10 indivíduos no rio Fortaleza; abranquinha Cyphocharax spiluropsis com 13 indivíduos no rio Novo, e Hydrolycus cf. tatauaiacom 07 indivíduos e Trachelyopterus sp. com 07 indivíduos no rio Jutaí; as espécies com menornúmero de indivíduos foram o Roeboides sp.2 com 3 indivíduos no rio Santo Antônio (Figuras64 a 70).219


Rio AcaráAcestrorhynchus abbreviatusBrycon melanopterusMesonauta festivusEspéciesSatanoperca jurupariAnostomoides sp.Bryconops sp.Acestrorhynchus falcirostrisFigura 63 - Espécies de peixes encontradas no rio Acará0 10 20 30 40 50 60 70Número de Exemplares220


Rio PuruzinhoAcanticus cf. histrixAequidens cf. tetramerusAgeneiosus sp.Calophysus macropterusCichla monoculusCurimatella sp.Hoplerythrinus unitaeniatusLeporinus fridericiLeporinus sp.3M esonauta festivusPlatydoras sp.Prochilodus nigricansSatanoperca acuticepisEspéciesHypselecara temporalisSatanoperca jurupariLoricariidae sp.Acestrorhynchus falcirostrisAgeneiosus inermisHoplias malabaricusTrachelyopterus galeatusAcaronia nassaErythrurus erythrurusRhaphiodon vulpinusAcestrorhynchus falcatusM egalodoras sp.Trachelyopterus sp.Auchenipterus sp.Callichthys sp.Doradidae sp.Figura 64 - Espécies de peixes encontradas no rio Puruzinho0 5 10 15 20 25 30Número de exemplares221


Ageneiosus inermisRio RealidadeAuchenipterychthys spBrycon amazonicusHoplias malabaricusHydrolycus sp.1Leporinus sp.3Pimelodus blochiiSerrasalmus sp.Sternopygus sp.EspéciesTrachelyopterus galeatusTrachelyopterus sp.Acestrorhynchus falcirostrisAgeneiosus sp.Rhaphiodon vulpinusHydrolycus cf. tatauaiaRoeboides sp.Auchenipterus nuchalisRhamphichthys marmoratusHydrolycus sp.Boulengerella maculataFigura 65 - Espécies de peixes encontradas no rio Realidade0 2 4 6 8 10 12 14 16 18Número de exemplaresRio VelosoSatanopercaacuticepisEspéciesHemiodus cf.semitaeniatusCharacidae sp.Acestrorhynchusfalcatus0 2 4 6 8 10 12 14Número de exemplaresFigura 66 - Espécies de peixes encontradas no rio Veloso222


Rio FortalezaAncistrus sp.2Biotodoma cupidoBoulengerella maculataCrenicichla cinctaCrenicichla sp.Laemolyta sp.EspéciesLeporinus fridericiAcestrorhynchus falcirostrisAcestrorhynchus abbreviatusCurimatella dorsalisAcestrorhynchus falcatusLeporinus sp.2Bryconops sp.Hemiodus cf. semitaeniatusFigura 67 - Espécies de peixes encontradas no rio Fortaleza0 2 4 6 8 10 12Número de exemplaresAgeneiosus sp.Rio NovoCichla sp.Doradidae sp.erythrurus erythrurusHydrolychus cf. armatusEspéciesMesonauta festivusPseudoplatystoma fasciatumPseudoplatystoma tigrinumSerrasalmus sp.Ageneiosus inermisHemiodus atranalisCyphocharax spiluropsis0 2 4 6 8 10 12 14Número de exemplaresFigura 68 - Espécies de peixes encontradas no rio Novo223


Acestrorhynchus falcirostrisRio JutaíAgeneiosus inermisAnadoras sp.Ancistrus cf. hoplogenysAncistrus sp.Auchenipterichthys thoracatusCichla monoculusDekeyseria amazonicaDekeyseria cf.amazonicaHassar sp.Heros sp.Hoplias malabaricusEspéciesHypselecara temporalisLeporinus spMyloplus rubripinnisPellona flavipinnisSerrasalmus rhombeusTrachelyopterichthys spLaemolyta cf. taeniataPimelodus sp.Satanoperca acuticepisSatanoperca jurupariLeporinus fridericiPimelodus blochiiCichlassoma amazonarumHydrolycus cf. tatauaiaTrachelyopterus sp.Figura 69 - Espécies de peixes encontradas no rio Jutaí0 1 2 3 4 5 6 7 8Número de exemplares224


Rio Santo AntônioAcestrorhynchus cf.microlepisBiotodoma cf.cupidoLaemolyta sp.EspéciesMoenkhausia sp.PseudoplatystomatigrinumHopliasmalabaricusRoeboides sp.20 1 2 3 4Número de exemplaresFigura 70 - Espécies de peixes encontradas no rio Santo AntônioA abundância do peixe cachorro Acestrorhynchus falcirostris (Figura 71) no estudo devesea ampla distribuição que a espécie apresenta, principalmente em ambientes lênticos daAmazônia, habitando desde igarapés até rios de águas brancas e pretas. Esta espécie por serprópria de regiões pelágicas é bastante capturada pelo tipo de apetrecho utilizado nas coletas,malhadeiras, principalmente em áreas de floresta alagada. A incidência de captura da espéciepode estar relacionada a ocorrência de pequenos cardumes que poderia ter se formado pararealizar pequenos deslocamentos no ambiente a procura de presas, uma vez que seu habitoalimentar é carnívoro, ingerindo preferencialmente peixes, e que pode ter sido retido pelasmalhadeiras no momento em que estava empreendendo busca a sua presa.Figura 71 - Exemplar da espécie Acestrorhynchus falcirostris225


Entretanto, o padrão de abundância das espécies de peixes em nosso estudo corroborao padrão observado para outras comunidades ictíicas tropicais, onde poucas espécies sãoencontradas com alta representatividade, algumas com representatividade média e várias combaixa representatividade (Lowe-McConnell, 1999). Sendo assim foi possível identificar aocorrência de 39 espécies com abundância muito baixa, ou seja, com somente um indivíduocapturado nas amostras por ponto de coleta (Tabela 32).Alguns estudos realizados em ambientes de rios de águas pretas obtiveram resultadosinteressantes quanto a ictiofauna existente. Assunção (1998) realizou um trabalho sobre acomposição de peixes no canal principal do rio Negro e nos igarapés do Zamula e doCurumbaú, onde os resultados mostraram que neste rio as ordens predominantes foramGymnotiformes e Siluriformes; e nos igarapés, os Characiformes foram dominantes, seguidospelos Perciformes. Garcia & Saint-Paul (1992) e Garcia (1995) estudaram a composição dacomunidade de peixes pelágicos e bentônicos do lago do Prato, localizado no Arquipélago deAnavilhanas, onde verificaram que as ordens dos Siluriformes, Gymnotiformes e Characiformesforam as mais abundantes e que a variação do nível da água causado pela flutuação no níveldo rio foi um dos principais fatores que influenciaram a composição das comunidades depeixes.Na calha dos grandes rios amazônicos são encontradas a maioria das espécies depeixes conhecidos pela população em geral, compreendendo as espécies de maior porte e demaior importância comercial, bem como as mais conhecidas do ponto de vista científico (Smith,1979; Lowe-McConnell, 1999).Em nosso estudo foi possível perceber a ocorrência de algumas espécies queapresentam interesse comercial na região, como: os Characiformes: aracu Leporinus spp.,curimatã Prochilodus nigricans e matrinxã Brycon amazonicus; os Siluriformes: surubimPseudoplatystoma fasciatum e caparari Pseudoplatystoma tigrinum; e, o tucunaré Cichla spp.,representante da Ordem Perciformes. Estas espécies são o alvo preferencial dos pescadorescomerciais e de subsistência. Entretanto, algumas espécies de elevado valor comercial e fortepresença nos desembarques de pescado como: os Leporinus spp., a Prochilodus nigricans e aBrycon amazonicus, juntamente com outras espécies que não foram capturadas no estudo,como o aruanã (Osteoglossum bicirroshum), a curimatã (Prochilodus nigricans), os jaraquis(Semaprochilodus spp.), os pacus (Mylossoma spp.), as sardinhas (Triportheus spp.), otambaqui (Colossoma macropomum), a pirapitinga (Piaractus brachypomus), a pescada226


(Plagioscion squamosissimus) e os tucunarés (Cichla spp) são responsáveis por mais de 95%do pescado desembarcado em Manaus (Freitas et al., 2007).As espécies exploradas pela pesca comercial e de subsistência foram contabilizadas porBarthem (1995) em mais de 200. Isto é um número preliminar, tendo em vista que novasespécies de peixes de grande porte estão sendo descritas (Britiski, 1981) e várias outras, queregularmente fazem parte do desembarque da maioria dos mercados amazônicos, apresentamdúvidas quanto a sua identificação (Barthem & Fabré, 2003).Concomitantemente, chamamos a atenção para o número de espécies de peixesapresentadas com a nomenclatura “sp.“ que significa sem identificação específica, uma vez quenecessitamos de análises mais detalhadas para identificar os espécimes em nível de espécie everificar se em nossas amostragens houve somente ocorrência de espécies já conhecidas nomeio científico ou se houve a ocorrência de táxons novos, ainda desconhecidos, e propensos adescrição como novos para a ciência.Diversidade, equitatividade e dominância de peixesO número de espécies nos ecossistemas aquáticos continentais brasileiros ainda éimpreciso e difícil de ser estimado. Contudo, Agostinho et al. (2005) consideram entre asdificuldades avaliadas nesta questão: o número de bacias hidrográficas que ainda não foraminventariadas; a insuficiência no número de pesquisadores e de infra-estrutura necessária paraamostragens; o reduzido número de inventários efetuados; a dispersão das informações quefrequentemente são de difícil acesso e a necessidade de revisão taxonômica para váriosgrupos.Como provavelmente cerca de 30 a 40% das espécies de peixes neotropicais de águasinteriores ainda não foram descritas, um número realista para as águas brasileiras pode ser de5.0000 espécies (Reis et al., 2003). O número estimado apenas para a região Amazônica é de2.000 espécies (Winemiller et al., 2005). Aproximadamente 400 novas espécies de peixes sãodescritas a cada década em águas continentais e Vari & Malabarba (1998) consideram possívelum eventual aumento de 50% na riqueza de peixes do mundo (aproximadamente 33.000espécies). Contudo, os peixes neotropicais representam cerca de 13% da biodiversidade totalde vertebrados, embora ocorram em menos de 0,003% (por volume) dos ecossistemasaquáticos do mundo (IUCN et al., 2004).Entretanto, para se avaliar a diversidade de peixes nos vários tipos de habitatsexistentes na bacia Amazônica é imprescindível a utilização de índices ecológicos como227


ferramentas. Em nosso estudo, dos 14 pontos onde foram realizadas as capturas de peixes,somente 10 foram selecionados para a realização destas análises com índices ecológicos, poisos demais (igarapés Tinga, Tinguinha, Goiabal e Ponte do Dunga) foram retirados das análisespelo fato dos valores de riqueza e abundância não permitirem análises mais confiáveis a cercada ictiofauna presente, uma vez que somente 1 ou 2 indivíduos foram capturados. Sendoassim, em nosso estudo a diversidade de peixes avaliada através do índice de Shannon-Wiener, pode indicar que o ponto 07 denominado rio Jutaí apresentou o maior valor dediversidade, H’= 3,0, enquanto resultado contrário ocorreu no rio Acará H’= 0,6 (Tabela 32).É possível perceber neste ponto a forte correlação entre riqueza e numero de indivíduos,uma vez que estas são as variáveis utilizadas na análise, apresentando um alto valor deriqueza (S= 27) para o número de indivíduos encontrados (N= 53), o que referenciou a altadiversidade no sistema, a qual os 53 indivíduos estiveram distribuídos ao longo das 27 espéciesencontradas no rio Jutaí. Entretanto, os fatores ambientais que podem estar relacionados aomaior valor de H’ para este ponto, pode estar relacionado a maior disponibilidade de habitatspara as espécies de peixes, bem como ampla disponibilidade alimentar e pouca incidência depredação, pois são comumente os fatores mais relacionados as condições de permanência dasespécies em um sistema. Ao passo que o rio Puruzinho apresentou o maior valor de riquezaS=29 e maior número de abundância de indivíduos 135 dentre todos os pontos avaliados,podendo também o citado anteriormente ser possível neste ambiente o que incidiu em talresultado (Tabela 32).Tabela 32 - Resultado da diversidade de peixes encontrada no estudo, Pto. 01 – Igapó açu; Pto. 02 – Ig.Manuelzinho; Pto. 06 – rio Novo; Pto. 07 – rio Jutaí; Pto. 09 – rio Veloso; Pto. 10 – rio Puruzinho; Pto. 11 – rio Acará;Pto. 12 – rio Sto. Antônio; Pto. 13 – rio Realidade; Pto. 14 - rio Fortaleza.Índices ecológicosPontos de amostragem1 2 6 7 9 10 11 12 13 14Riqueza (S) 12 5 12 27 4 29 7 7 20 14Abundância (N) 15 7 27 53 21 135 71 10 78 39Índice de Shannon (H') 2,4 1,6 1,9 3,0 0,9 2,8 0,6 1,8 2,5 2,3Equitatividade (E) 0,9 0,9 0,6 0,7 0,6 0,6 0,3 0,9 0,6 0,7Índice de Berger-Parker (d) 0,1 0,3 0,5 0,1 0,6 0,2 0,9 0,3 0,2 0,3Inverso de Berger-Parker (1/d) 7,5 3,5 2,1 7,6 1,6 5,2 1,1 3,3 4,6 3,9Diversos estudos utilizaram o índice de Shannon (H’) para estimar a diversidade depeixes na Amazônia, apresentando valores entre 0,97 a 5,5, obtidos a parir de estudosrealizados em diferentes épocas do ano e ambientes amostrados (Barthem, 1981; Merona,1986; Ferreira et al., 1998; Goulding et al., 1988; Santos, 1991; Ferreira, 1993; Souza-Pereira,228


2000; Araújo, 2004; Do Vale, 2003; Siqueira-Souza e Freitas, 2004; Siqueira-Souza, 2007; Py-Daniel et al., 2007). Nosso estudo corrobora os valores apresentados até então, com valoresdentro do esperado, com exceção do rio Acará que apresentou o valor mais baixo (d = 0,6), oque já seria esperado, uma vez que em contrapartida ele apresentou o valor mais alto dedominância (d = 0,9), representado pelos 62 exemplares da espécie de Acestrorhynchusfalcirostris, que inclusive foi à espécie mais abundante do estudo.Em relação a equitatividade verificamos certa homogeneidade entre os 10 pontos deamostragem, com intervalos de E= 0,3 a 0,9, apresentando os rios Igapó açu e Santo Antônio eo igarapé Manuelzinho os valores mais elevados (Tabela 32). Diante do resultado podemosconsiderar que a distribuição das espécies quanto ao número de indivíduos e a riqueza nãovariou muito, apresentando certa uniformidade nas comunidades de peixes que habitam oscorpos d’água existentes na área de estudo.De forma geral, os habitats de um rio desempenham importante papel na integridadeecológica, com os peixes utilizando as dimensões espaciais e temporais do nicho de váriasmaneiras. Algumas espécies são altamente dependentes da integridade dos habitats, pois sãoresidentes com todo o ciclo de vida ocorrendo em uma área limitada, apresentando movimentosrestritos para desova e alimentação, já outras espécies que são migratórias utilizam diferentespartes do curso do rio durante o ciclo de vida (Freire & Agostinho, 2000). Algumas espéciesocorrem principalmente no canal principal e outras são adaptadas aos pequenos tributários(Teixeira et al., 2005).Estrutura tróficaAs diversas estratégias técnicas de forrageamento exibidas pelos peixes possibilitam ouso dos mais diferentes recursos alimentares disponíveis nos ambientes aquáticos e em seuentorno (Fugi, et al., 2005). Wooton (1991) considera que os peixes ocupam, virtualmente,todos os níveis tróficos da cadeia alimentar. Portanto, o alimento consumido permite reconhecerdentro da ictiofauna grupos tróficos distintos e inferir sobre sua estrutura, grau de importância eas inter-relações entre seus componentes (Agostinho et al., 1997).Muitas relações existem entre os sistemas terrestres e aquáticos, propiciando umaampla variedade de habitats que desempenham importantes funções para os organismosaquáticos como a proteção estrutural de habitats, o controle do fluxo e vazão da água,fornecimento de abrigo e sombra, a manutenção da qualidade da água, a filtragem de229


substâncias que chegam ao corpo d’água, o fornecimento de matéria orgânica e substrato paraa fixação de algas e perifíton (Barrela, 1998).A caracterização de grupos tróficos entre os peixes é, entretanto, imprecisa dada àelevada plasticidade alimentar da maioria das espécies (Hahn et al., 1997). Isso éparticularmente verdadeiro se levarmos em consideração as variações sazonais, a ampladisponibilidade de hábitats e a diversidade de espécies de peixes existentes na baciaAmazônica. Essas alterações são evidenciadas entre espécies de peixes generalistas (comgrande plasticidade alimentar) ou mesmo nas espécies especialistas (aquela que se alimentamde um a poucos ítens) que o são somente se o item alimentar preferencial ocorre em grandeabundância.De um modo geral, o ambiente aquático amazônico fornece uma grande variedade deitens alimentares para os peixes e, estes exploram todas as fontes disponíveis, desdeinvertebrados inferiores, como esponjas e briozoários, até peixes e frutos, (Lowe-McConnell,1999). O tipo de dieta dos peixes amazônicos varia conforme a morfologia da espécie, suaontogenia e com a disponibilidade de alimento no ambiente que, portanto, está diretamenterelacionada com a sazonalidade (Goulding, 1980).Dentre os tipos de hábitos alimentares ocorrentes entre os peixes, podemos mencionar:carnívoria (alimentos como crustáceos), piscívoria (alimentos como peixes ou pedaços desses),herbívoria (alimento de origem vegetal como plantas aquáticas), onívoria (alimento de origemanimal e vegetal), insetívoria (alimentos como formigas), detritívoria (alimentos de origemanimal e vegetal mortos), iliófagia (alimentos como lodo e areia), frugívoria (alimentos comofrutos), planctófagia (alimentos como zooplâncton), entre outros hábitos. Além da habilidade demudar a dieta, os peixes apresentam outras estratégias para suportar os períodos de baixaoferta alimentar como o acúmulo de gordura nos músculos, fígado e na cavidade abdominal(Lowe-McConnell, 1999).Em nosso estudo, das 95 espécies encontradas, algumas puderam ser caracterizadas,com auxílio de dados secundários, conforme seu hábito alimentar. Um total de cinco categoriasforam identificadas, sendo estas: Detritívos, Herbivoros, Iliófagos, Onívoros ePiscívoros/Carnívoros. Um resumo de cada hábito alimentar, as espécies representadas noestudo e o tipo de alimento consumido encontram-se na Tabela 33.230


Tabela 33 – Informações tróficas relacionadas à Ictiofauna coletada. Fonte Soares et al. (2007).Hábito Alimentar Espécies de peixes Alimento consumidoDetritos, material amorfo de matériaProchilodus nigricans – curimatãDetritívorosorgânica ou litter associados comDekeyseria amazônica - acarisedimento, microflora (bactérias e fungos).Basicamente macrófitas aquáticas, algasHerbívoros Leporinus friderici – aracu-cabeça-gordaIliófagosInsetívorosOnívorosPiscívoros /Carnívoros.Curimata cf. ocellata – branquinhaCurimatella dosalis – branquinhaHyphessobrycon bentosiIguanodectes spp.Roeboides spp.Laemolyta spp. – aracuLeporinus spp. - aracuBrycom amazonicus - matrinxãBrycon melanopterus - jatuaranaTetragonopterus chalceus - piabaTrachelyopterus galeatus – cangatiPimelodus blochii – mandiAuchenipterichthys thoracatus – carataíCichlassoma amazonarum – acaráMesonauta festivus - acaráSatanoperca acuticepis – acará-bicudoSatanoperca jurupari – acará papa terraPellona flavipinnis – apapáAcestrorhynchus falcatus – peixe-cachorroAcestrorhynchus falcirostris – peixe-cachorroAcestrorhynchus cf. tatauaia - peixe-cachorroHemigrammus spp.Serrasalmus rhombeus – piranha pretaHydrolycus scomberoides – peixe-cachorroRhaphiodon vulpinus – peixe-cachorroBoulengerella maculata - bicudaErythrinus erythrinus - jejuHoplias malabaricus – traíraRhampchichthys marmoratus - sarapóAgeneiosus ucayalensis – mandubéPseudoplatystoma fasciatum - surubimPseudoplatystoma tigrinum – caparariAuchenipterus nuchalis – carataíAcaronia nassa – acaráCrenicichla spp.Cichla monoculus – Tucunaréfilamentosas e perifíton, sementes.Matéria orgânica, algas e microorganismosque vivem na lama.Apresentam um aspectro alimentar amplo,ingerindo desde algas até vegetal superiore de invertebrados até peixes.Peixes, camarão, frutos, sementes,invertebrados aquáticos.Além da habilidade de mudar a dieta, os peixes também apresentam outras estratégiaspara suportar os períodos de baixa oferta de alimento, como o acúmulo de grande quantidadede gordura nos músculos, no fígado e/ou na cavidade abdominal. Para a maioria das espécies,este acúmulo se dá durante o período de enchente quando é grande a oferta de alimento,principalmente nas áreas alagadas, com exceção das espécies piscívoras, com maior oferta dealimento na época da seca (Lowe-McConnell, 1999).A incidência de espécies com hábito alimentar piscívoro/carnívoro é alta emamostragens na bacia Amazônica. Apesar de não termos capturado espécies de pequeno portecomo as piabas, a proliferação das mesmas pode ser alta na área de estudo de forma a garantir231


a alimentação do grupo que foi dominante em nossa amostragem. Além disso, espéciespiscívoras/carnívoras fazem uso de outros itens em sua dieta alimentar, como camarões,insetos, frutos e sementes. Sendo que estes três últimos são alóctones e oriundos da florestacircundante que se achava bem preservada nos pontos de amostragem.Considerando que os dois ambientes analisados devam conter uma diversidade maiorde espécies de peixes, em relação às encontradas no estudo, e uma elevada variedade derecursos alimentares, inseridos em outras categorias tróficas, é evidente a preservação delugares/hábitats que forneçam condições mínimas de sobrevivência às espécies. Comoexemplo, estão as áreas marginais (litorâneas) aos rios, com presença constante de vegetaçãoque devido a variação sazonal da região, tornam-se adaptadas a transição aquático-terrestre.Essas áreas são consideradas o compartimento de grandes números de nichosecológicos e cadeias alimentares, sendo bastante produtivas, com uma ampla quantidade dehabitats, como troncos, galhos, folhas e plantas aquáticas que servem como locais dealimentação para a fauna de peixes (Pieczynska, 1995) principalmente das categoriasherbivoria na qual a fonte de energia é a biomassa vegetal viva, e detritivoria que tem comofonte de energia a biomassa morta (Esteves, 1998).Espécies migradorasA lista de vertebrados que migram é longa e inclui representantes de todas as classes.Animais aquáticos e voadores são os mais bem representados, especialmente quando sãoconsideradas as migrações de longas distâncias (Pough et al., 1999). As características doambiente e o comportamento dos peixes permitem diferenciar três grandes grupos de espéciesde peixes: as sedentárias e as migradoras, sendo que estas últimas podem ser subdivididassegundo a extensão da migração que realizam, sendo que as grandes migradoras estãorelacionadas principalmente com a calha dos grandes rios (Barthem, et al., 1997; Batista, 2000)O termo migração pode ser definido de forma a abranger diferentes aspectos dosmovimentos dos animais. As espécies de peixes da bacia amazônica podem ser agrupadas emdois tipos principais de categorias: espécies sedentárias e espécies migradoras.Espécies sedentárias são aquelas aptas a desenvolver todas as atividades vitais(alimentação, reprodução e crescimento) e completar o seu ciclo de vida numa área restrita dabacia. Os deslocamentos, quando ocorrem, são de curta extensão. Essa categoria é freqüenteem ambientes lênticos, e se caracterizam por apresentar adaptações respiratórias a períodosde baixa oxigenação, tolerando ainda grandes variações térmicas (Agostinho et al., 2007).232


Algumas espécies sedentárias também são encontradas em riachos e áreas de cachoeiras,onde apresentam morfologia adaptada a uma existência em águas correntes, sendo nesse casosensíveis a baixas concentrações de oxigênio.Espécies migradoras são conhecidas por requererem amplos trechos livres da bacia,onde se deslocam por grandes distâncias. Embora os deslocamentos mais relevantes sejam osreprodutivos, é possível reconhecer outras motivações como de caráter térmico ou sazonal,trófico ou nutricional e ontogenético ou de crescimento, quase todas, de alguma forma,associadas ao regime hidrológico (Bonetto & Castello, 1985; Goulding, et al., 1996). Muitasespécies, entretanto, desenvolvem curtas migrações laterais para a reprodução, ou algo maisextensivo como mecanismos de dispersão (Agostinho et al., 2007).Na Amazônia, as migrações identificadas para a fauna de peixes são, em geral,motivadas pela variação do nível das águas e por finalidades reprodutivas e tróficas (Araújo-Lima & Ruffino, 2003):Migrações em função do ciclo hidrológico – ocorrem geralmente em movimentos curtosnum espaço de centenas de metros a poucos quilômetros. São ocasionadas pelas mudançasdo nível das águas que permitem ou facilitam o acesso aos locais de alimentação e de proteçãono período de enchente, e a saída destes locais durante a vazante. Espécies característicasdeste tipo de migração são: o pirarucu (Arapaima gigas), vários acarás (Astronotus spp.,Geophagus spp., entre outros) (Lowe-McConnell, 1999).Migrações com finalidade reprodutiva – são realizadas por muitos Characiformes eSiluriformes, ocorrendo geralmente no início da enchente. Esse tipo de migração pode ocorrerlateralmente entre os lagos de várzea e os rios, como também longitudinalmente, rio acima atéas cabeceiras ou rio abaixo. Muitas espécies capturadas para a alimentação humana naAmazônia empreendem este tipo de migração, como o tambaqui (Colossoma macropomum), osjaraquis (Semaprochilodus spp), a curimatã (Prochilodus nigricans) os matrinxãs (Brycon spp),como os bagres piramutaba (Brachyplatystoma vaillanti), a dourada (Brachyplatystomarouseauxii), o filhote (Brachyplatystoma filamentosum), o surubim (Pseudoplatystomafasciatum), dentre outros. Os characiformes amazônicos realizam migração rio abaixo (Lowe-McConnell, 1999).Migrações motivadas por fins tróficos – realizada por quase todas as espécies de peixesque realizam migrações reprodutivas. É direcionada rio acima, talvez para compensar odeslocamento dos ovos, das larvas e dos jovens, ocasionadas pelo movimento rio abaixo. Ospeixes que realizam esse tipo de migração são os bagres como a dourada, filhote, surubim, e233


maparás, também por peixes de escamas como os jaraquis, curimatãs, matrinxãs, entre outros(Lowe-McConnell, 1999).Das espécies identificadas no estudo, a grande maioria apresenta característica deespécies sedentárias, um numero menor realiza algum tipo de deslocamento, migração,enquanto as demais espécies não foi possível identificar a que categoria a espécie pertencia(Tabela 34).Tabela 34 – Espécies sedentárias e migradoras encontradas no estudo.Espécies migradoras Espécies sedentárias Sem informaçãoPellona flavipinnisProchilodus nigricansBrycon amazonicusBrycon melanopterus *Roeboides spp. *Rhaphiodon vulpinusPimelodus blochiiPseudoplatystoma fasciatumPseudoplatystoma tigrinumLeporinus fridericiHemiodus atranalis *Hemiodus semitaeniatus *Serrasalmus rhombeusAcestrorhynchus abbreviatus *Acestrorhynchus cf. microlepis *Acestrorhynchus falcatusAcestrorhynchus falcirostrisHydrolycus spp. *Erythrinus erythrinusHoplerythrinus unitaeniatusHoplias malabaricusAncistrus spp.*Dekeyseria spp.*Trachelyopterus galeatusCichla monoculusSatanoperca acuticepisSatanoperca jurupari* espécies que provavelmente migram ou são sedentárias devido a característica da famíliaCurimata ocellataCurimatella spp.Cyphocharax spiluropsisLaemolyta spp.Leporinus spp.Bryconops sp.Moenkhausia spp.Myloplus rubripinnisTetragonopterus sp.Boulengerella maculataAgeneiosus sppAuchenipterus spp.Trachelyopterus spp.Ressaltamos que um grande número de espécies se posiciona ao longo de um gradientede continuidade entre as duas categorias. Alguns atributos reprodutivos relacionados àdiferença existente entre espécies migradoras e sedentárias estão descritos na Tabela 35.Tabela 35 – Alguns Atributos reprodutivos que diferenciam as duas categorias.Atributos Espécies Migradoras Espécies SedentáriasFecundidade Alta Baixa/moderadaFecundação Externa Externa/internaDesova Total Total/parceladaPeríodo reprodutivo Curto Curto/longoOvócitos (tamanho) Pequenos Médio/grandesOvócitos (tipo) Livres AdesivosCuidade parental Ausentes PresenteTempo de 1ª maturação Longo CurtoPorte adulto Grande Pequeno/médioFonte: Agostinho et al.( 2007).234


Entretanto, informações acerca da biologia reprodutiva das assembléias ictiofauna depeixes amazônicos ainda não são conclusivos. Consisitindo de alguns estudos realizados paraidentificar o tipo de desova realizada pelas espécies, os quais identificaram dois grupos: as dedesova total, única por temporada onde os peixes lançam seus produtos gonadais em grandequantidade e de uma só vez na coluna d’água, onde ocorre a fecundação.Comportamento típico de quem utiliza este tipo de desova são as espécies r-estrategistas, caracterizadas pelo ciclo de vida curto e altas taxas de reprodução, comoexemplo os jaraquis, branquinhas, curimatã entre outros. E as espécies de desova parcelada oumúltipla por temporada, onde a desova pode ocorrer mais de uma vez dependendo dascondições do ambiente. Comportamento típico de quem realiza este tipo de desova são asespécies k-estrategistas, caracterizadas por uma baixa taxa de reprodução, onde os paisdispensam cuidado a prole e não empreendem migrações, como exemplo há o pirarucu, ostucunarés, acarás entre outros (Lowe-McConnell, 1999).Fatores já mencionados como a disponibilidade de alimentos, área de refúgio contrapredadores e habitats próprios para reprodução e crescimento são de fundamental influêncianos padrões de distribuição da ictiofauna, entretanto outro também é de sua importância napermanência das espécies de peixes nos ambientes, como o nível de concentração de oxigênionos corpos hídricos. De modo geral, os peixes respondem a estas condições de duas maneirasbásicas: saindo dessas áreas inóspitas por meio de migrações ou desenvolvendo adaptaçõespara suportas estas condições extremas.No caso da segunda alternativa as adaptações mais comuns encontradas nos peixes é arespiração aérea, realizada através da absorção do ar atmosférico por meio de alguns órgãos,tais como a cavidade bucal como é o caso do poraquê (Electrophorus electricus), o intestivo(espécies da família Callichthyidae), o estômago (espécies da família Loricariidae), a câmarabranquial no caso do muçum (Synbranchus marmoratus), a bexiga natatória como no pirarucu(Arapaima gigas) e no jeju (Hoplerythrinus unitaeniatus), ou no desenvolvimento de um órgãosemelhante ao pulmão, como na pirambóia (Lepidosirem paradoxa), bem como há a expansãodo lábio inferior do tambaqui (Colossoma macropomum) para obter oxigênio através da películasuperficial da água, sempre rica em oxigênio.Considerando toda essas estratégias utilizadas pelos peixes como os diferentes tiposrespiratórios, hábitos de vida, estilos reprodutivos e alimentares, perturbações no ambiente, taiscomo a viabilização da rodovia BR-319, pode ter implicações sérias nas populações dessesanimais. A deposição de equipamentos relacionados a obra em rios, poças e igarapés poderá235


causar um revolvimento dos sedimentos, causando a liberação de gases, diminuindo aindamais a disponibilidade de oxigênio, alterando as características químicas e físicas dessescorpos d`água, tendo implicações diretas sobre as espécies que ali residem.Distúrbios no comportamento reprodutivo, destruição de ninhos, deslocamentos dacomunidade, quebra na cadeia trófica e mudanças na fisiologia das espécies poderão ocorrerdevido ao estresse causado pelas atividades exógenas oriundas do processo de implantaçãoda rodovia BR-319, para tanto sugerimos que a construção do empreendimento deva sercuidadosamente acompanhada e monitorada de forma a atender todas as necessidadeevitando ou minimizando possíveis impactos ao ambiente procedente da obra.Descrição biológica e ecológica das principais espécies de peixes identificadas noestudoO entendimento da diversidade de peixes de uma determinada região e dos processosambientais que influenciam a relação das mesmas com o habitat está atrelado a um plenoconhecimento a cerca das necessidades biológicas, ecológicas e comportamentais da biota.Segundo Agostinho et al., 2007, a avaliação da Ictiofauna deve apresentar um conjuntode informações ideais para a caracterização do grupo, sendo estas relativas a distribuição,abundância, ciclo de vida (incluindo alimentação, reprodução e crescimento), requerimento deespaço vital home range, movimentos migratórios, relações interespecíficas (teia alimentar),limiares de tolerância a fatores ambientais e a localização e delimitação de áreas críticas.Visando efetuar a melhor caracterização possível da ictiofauna amazônica, em particular daregião onde se insere a rodovia BR-319, fontes secundárias como: dissertações e teses de pósgraduação,artigos científicos, capítulos de livros, sites específicos e relatórios técnicos foramutilizadas na descrição de cada espécie de peixe capturada.236


Ordem: CLUPEIFORMESFamília: PristigasteridaeEspécie: Pellona flavipinnisNome vulgar: ApapáEsta espécie é de hábito pelágico, com distribuição na América do Sul: Argentina,Uruguai, Brasil (bacia Amazônica), Guianas, Vezuela e Colômbia, habitando preferencialmenteparanás, lagos rios de águas brancas, claras e pretas. É carnívoro com tendência a piscivoria,alimentando-se de peixes, camarões, insetos e invertebrados aquáticos. Seu hábito é diurno,realiza migração, sua desova é do tipo total com fecundação externa. A reprodução ocorreentre os períodos de seca (novembro) e enchente (abril). Bastante apreciado pela populaçãoribeirinha e comercializado nos mercados e feiras da região. Não se encontra na Lista Nacionaldas Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,2008).Ordem: CHARACIFORMESFamília: CurimatidaeEspécie: Curimata cf. ocellataNome vulgar: CurimatãEsta espécie é de hábitobentopelágico, com distribuição na Américado Sul, nas bacias dos rios Amazonas,Negro e Orinoco, habitandopreferencialmente as margens de lagos e rios de águas brancas, claras e pretas. É iliófaga,alimentando-se de algas, detritos e microorganismos associados. Sua reproduçãoprovavelmente ocorre na cheia. É apreciada pela população ribeirinha, mas não écomercializada nos mercados e feiras da região. Não se encontra na Lista Nacional das237


Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,2008).Ordem: CHARACIFORMESFamília: ProchilodontidaeEspécie: Prochilodus nigricansNome vulgar: CurimatãEsta espécie é de hábito bentopelágico, com distribuição na Amárica do Sul: BaciaHidrográfica do Amazonas e Tocantins, habitando preferencialmente paranás, lagos rios deáguas brancas, claras e pretas. É detritívora, alimentando-se de detritos, material amorfo dematéria orgânica ou litter associados com o sedimento, microflora (bactérias e fungos) eocasionalmente, invertebrados aquáticos. Espécies de hábito diurno, desova total, fecundaçãoexterna, realiza migração, na vazante forma grandes cardumes que se deslocam em direção aoencontro dos rios de águas brancas e pretas para desovar. A reprodução ocorre do final daseca (dezembro) e ao início da enchente (janeiro a março). Esta espécie é bastante apreciadapela população ribeirinha, apresentando grande importância na pesca comercial e desubsistência, sendo uma das cinco principais espécies comercializadas nos mercados e feirasda região. Não se encontra na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas deExtinção (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2008).Ordem: CHARACIFORMESFamília: AnostomidaeEspécie: Leporinus fridericiNome vulgar: Aracú cabeça gordaEsta espécie é de hábito bentopelágico, com distribuição na América do Sul, noSuriname e bacia do rio Amazonas. Habita os lagos e as margens dos rios de águas brancas,claras e pretas. É herbívoro ou onívoro conforme a época do ciclo hidrológico e do hábitat,consumindo frutos, sementes, insetos, peixes e camarão. Espécie de hábito diurno, sedentária,desova total e fecundação externa, desovando a boca dos lagos. A reprodução ocorre entre a238


vazante (outubro) e a enchente (abril). Sobrevive em ambientes com baixas concentrações deoxigênio por meio da respiração na superfície aquática. É muito apreciada pela populaçãoribeirinha e comercializada nos mercados e feiras da região. Não se encontra na Lista Nacionaldas Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,2008).Ordem: CHARACIFORMESFamília: CharacidaeEspécie: Brycon amazonicusNome vulgar: MatrinxãEsta espécie é de hábitobentopelágico, com distribuição na baciados rios Amazônicos. Habita os lagos derios de águas brancas, claras e pretas. Emlagos, os jovens são capturados na vegetação aquática alagada. É onívora, ingerindo frutos,sementes, flores, restos de vegetais, plantas herbáceas, insetos e restos de peixes. Espécie dehábito diurno, migradora, desova total e fecundação externa, na vazante forma cardumes quese deslocam em direção ao encontro dos rios de águas brancas e pretas para desovar. Depoisda desova retornam as áreas alagadas para se alimentar. A reprodução ocorre entre o final daseca (dezembro) e o início da enchente (janeiro). É bastante apreciada pela populaçãoribeirinha, apresentando grande importância comercial, sendo uma das principais espéciescomercializadas nos mercados e feiras da região. Não se encontra na Lista Nacional dasEspécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (Ministério do <strong>Meio</strong> Ambiente, 2008).239


Ordem: CHARACIFORMESFamília: CharacidaeEspécie: Myloplus rubripinnisNome vulgar: PacuEsta espécie é de hábito bentopelágico, comdistribuição na América do Sul: bacia dos riosAmazonas e Orinoco; norte e leste dos rios da Guiana.É comumente encontrada em rios de águas claras. Éherbívora alimentando-se basicamente de frutos esementes. Sua coloração é cinza-esbranquiçado, exceto em alguns indivíduos em queaparecem manchas vermelho-ferruginosas no opérculo, tronco e base inferior da nadadeiraanal. Esse colorido, no entanto, só ocorre nos machos em reprodução, sendo, portanto, umdimorfismo sexual transitório; nas fêmeas, apenas a região opercular e porção inferior da baseda nadadeira anal ficam avermelhadas, sendo a mancha vermelha nessa nadadeira continuadapor uma mancha preta na margem posterior. O pico de sua desova ocorre no início daenchente. É apreciada pela população ribeirinha e muito pouco comercializada nos mercados efeiras da região. Não se encontra na Lista Nacional das Espécies da Fauna BrasileiraAmeaçadas de Extinção (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2008).Ordem: CHARACIFORMESFamília: CharacidaeEspécie: Serrasalmus rhombeusNome vulgar: Piranha pretaEsta espécie é de hábitobentopelágico, com distribuição nas baciasdos rios Amazonas e Orinoco; norte e lestedos rios da Guiana. Habita os lagos e asmargens dos rios de águas brancas, claras e pretas, sendo mais abundante em rios pobres emnutrientes, como o rio Negro. É piscívora, mas pode ocasionalmente ingerir insetos, camarões,frutos, sementes e material vegetal. Espécie de hábitos diurnos, sedentária, desova parcelada efecundação externa, desovando em ambientes lênticos nas raízes da vegetação aquática. A240


eprodução ocorre durante longo período, com dois picos de desova, na cheia (junho) e no finalda seca (dezembro). É muito consumida pela população ribeirinha, mas pouco comercializadanos mercados e feiras da região. Não se encontra na Lista Nacional das Espécies da FaunaBrasileira Ameaçadas de Extinção (Ministério do meio Ambiente, 2008).Ordem: CHARACIFORMESFamília: AcestrorhynchidaeEspécie: Acestrorhynchus falcatusNome vulgar: Peixe cachorroEsta espécie é de hábito pelágico,com distribuição na América do Sul: nabacia dos rios Amazonas e Orinoco e rios da Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Habita oslagos de rios de águas brancas e claras. É piscívora voraz que se alimenta quase queexclusivamente de peixes. Espécie de hábito diurno, sedentária e fecundação externa,apresentando provavelmente desova parcelada. Foi bastante abundante em nossasamostragens. Não é consumido pela população ribeirinha e nem comercializado nos mercadose feiras da região. Não se encontra na Lista Nacional das Espécies da Fauna BrasileiraAmeaçadas de Extinção (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2008).Ordem: CHARACIFORMESFamília: AcestrorhynchidaeEspécie: Acestrorhynchus falcirostrisNome vulgar: Peixe cachorroEsta espécie é de hábito pelágico,com distribuição na América do Sul: nabacia do rio Amazonas. Habita igarapés e lagos de rios de águas brancas e pretas. É piscívora,alimentando-se quase que exclusivamente de peixes, mas os camarões também fazem parteda sua dieta. Indivíduos jovens podem também alimentar-se de invertebrados. Espécie dehábito diurno, sedentária e fecundação externa, apresentando provavelmente desovaparcelada. Sua reprodução ocorre com maior intensidade no final da seca (dezembro) e noinício da cheia (maio). Não é consumido pela população ribeirinha e nem comercializado nos241


mercados e feiras da região. Não se encontra na Lista Nacional das Espécies da FaunaBrasileira Ameaçadas de Extinção (Ministério do meio Ambiente, 2008).Ordem: CHARACIFORMESFamília: CynodontidaeEspécie: Rhaphiodon vulpinusNome vulgar: Peixe-cachorroEsta espécie é de hábito pelágico, com distribuição na América do Sul: na bacia dos riosAmazonas, Orinoco, e Paraná (Paraná, Paraguai e Urugau) e rios da Guiana. Habita os lagos eas margens dos rios de águas brancas, claras e pretas. É piscívora, veloz, usualmentepersegue cardumes de pequenos characídeos na superfície da água próximo às margens delagos. Os adultos alimentam-se quase que exclusivamente de peixes, mas os invertebradospodem ser encontrados nos estômagos de exemplares jovens. Espécie de hábitos noturno,realiza migração, desova total e fecundação externa. Percorre pequenas distâncias paradesovar em águas correntes de rios. A reprodução ocorre entre a seca (novembro) até o meioda enchente (março). É consumida pela população ribeirinha, mas não é comercializada nosmercados e feiras da região. Não se encontra na Lista Nacional das Espécies da FaunaBrasileira Ameaçadas de Extinção (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2008).Ordem: CHARACIFORMESFamília: ErythrinidaeEspécie: Erythrinus erithrinusNome vulgar: JejuEsta espécie é de hábitobentopelágico, com distribuição naAmérica do Sul e Central: na bacia dosrios Amazonas e Orinoco e nos rios na Costa das Guianas. Habita principalmente os igarapés elagos de rios de águas brancas, claras e pretas. É carnívora, alimentando-se de pequenospeixes e insetos. Sobrevive em ambientes com baixas concentrações de oxigênio por meio derespiração aérea, efetuada através da bexiga natatória modificada para funcionar como órgãoacessório na respiração. Não é consumido pela população ribeirinha, nem comercializada nos242


mercados e feiras da região. Não se encontra na Lista Nacional das Espécies da FaunaBrasileira Ameaçadas de Extinção (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2008).Ordem: CHARACIFORMESFamília: ErythrinidaeEspécie: Hoplerythrinus unitaeniatusNome vulgar: Jeju ou trairãoEsta espécie é de hábitobentopelágica, com distribuição naAmérica do Sul e Central: na bacia dosrios São Francisco, Amazonas, Paraná, Orinoco e Madalena, e costa dos rios da Guiana,Suriname e Guiana Francesa. Habita principalmente os igarapés e lagos de rios de águasbrancas, claras e pretas. É piscívora quando adulto, alimentando-se exclusivamente de peixese onívoro quando jovem, ingerindo insetos, crustáceos e sementes. Espécie de hábito noturno acrespucular, sedentária, desova parcelada e fecundação externa, constrói ninhos no fundo dosubstrato dos lagos para desovar. Cuida da prole após a eclosão. Sobrevive em ambientes combaixas concentrações de oxigênio por meio de respiração aérea, efetuada através da bexiganatatória modificada para funcionar como órgão acessório na respiração e de adaptaçõesfisiológicas e bioquímicas. É consumido pela população ribeirinha, mas não é comercializadonos mercados e feiras da região. Não se encontra na Lista Nacional das Espécies da FaunaBrasileira Ameaçadas de Extinção (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2008).Ordem: CHARACIFORMESFamília: ErythrinidaeEspécie: Hoplias malabaricusNome vulgar: TraíraEsta espécie é de hábitobentopelágico, com distribuição na Américado Sul e Central: na maioria dos rios da Costa Rica até Argentina. Habita principalmenteparanás, igarapés e lagos de rios de águas brancas, claras, pretas e mistas. Tem preferênciapor ambientes de águas calmas e paradas de lagos, floreta alagada e margens de rios. É243


piscívora quando adulto, alimentando-se exclusivamente de peixes, e quando larva e juvenilalimenta-se de plâncton e insetos. Espécie de hábito crespuscular e noturno, sedentária,desova parcelada e fecundação externa. A reprodução estende-se ao longo dos períodos deseca e enchente. Constrói ninhos no fundo para desovar e o macho cuida da prole após aeclosão, mas o cuidado biparental pode ocorrer de forma facultativa. Sobrevivem em ambientescom baixas concentrações de oxigênio por meio de adaptações como brânquias com grandeárea de superfície respiratória, e baixo metabolismo. É consumida pela população ribeirinha,mas pouco comercializada nos mercados e feiras da região. Não se encontra na Lista Nacionaldas Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,2008).Ordem: SILURIFORMESFamília: PimelodidaeEspécie: Calophysus macropterusNome vulgar: piracatingaEsta espécie é de hábito bentônico,com distribuição nos rios das baciasAmazônica e Orinoco. Habita paranás, e rioswww. Fishbase.org.brde águas brancas, claras e pretas. É onívora, muito voraz, ingerindo restos de peixes e animaismortos. É conhecida como urubu d’água e por essa característica é considerada comooportunista, ingerindo alimentos de origem animal e vegetal, além de carcaças de animaismortos. Espécie de hábito crepuscular a noturno, migradora, desova total e fecundação externa.A reprodução ocorre na cheia. Não é comercializada nem consumida pelos ribeirinhos, mas éexportada para a Colômbia, onde é muito apreciada. Não se encontra na Lista Nacional dasEspécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,2008).244


Ordem: SILURIFORMESFamília: PimelodidaeEspécie: Pimelodus blochiiNome vulgar: mandiÉ uma espécie de hábitobentopelágico, com distribuição nosrios das bacias Amazônica, Corintijns,Essequibo e Orinoco. Habita paranás,lagos e rios de águas brancas, claras e pretas. É onívora, alimentando-se de invertebrados,sementes e frutos, escamas de peixes, detritos e folhas. Espécie de hábito crepuscular anoturno, sendo ativo tanto durante o dia como a noite, desova total, fecundação externa eprovavelmente migra para desovar. A reprodução ocorre durante a vazante dos rios. Sobreviveem ambientes com baixas concentrações de oxigênio por meio da respiração na superfícieaquática (RSA). É muito consumido pelas populações ribeirinhas, mas não é comercializadonos mercados da região. Não se encontra na Lista Nacional das Espécies da Fauna BrasileiraAmeaçadas de Extinção (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2008).Ordem: SILURIFORMESFamília: PimelodidaeEspécie:Pseudoplatystoma fasciatumNome vulgar: SurubimEsta espécie é de hábito bentônico,com distribuição na bacia dos rios Amazonas,Corintijns, Essequibo, Orinoco e Paraná. Habita os parqanás, lagos e rios de águas brancas,claras e pretas. É piscívora, alimentando-se de peixes, mas também pode ingerir camarão.Espécie de hábito noturno, migradora, desova total e fecundação externa. A desova ocorreprovavelmente nas áreas alagáveis e nas cabeceiras de igarapés profundos. A reproduçãoocorre no início a enchente (janeiro e fevereiro) e a cheia (junho e julho). É muito consumidopelas populações ribeirinhas e comercializado nos mercados da região. Não se encontra naLista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (MINISTÉRIO DOMEIO AMBIENTE, 2008).245


Ordem: SILURIFORMESFamília: PimelodidaeEspécie: Pseudoplatystoma tigrinumNome vulgar: CaparariÉ um peixe bentônico, comdistribuição nos rios das bacias Amazônica, Corintijns, Essequibo, Orinoco e Paraná. Habita oslagos e as margens dos rios de águas brancas, claras, pretas e mistas. É piscívora,alimentando-se de peixes. Espécie de hábito noturno, ealiza migração, desova total efecundação externa. A reprodução ocorre no início da enchente. É muito consumido pelaspopulações ribeirinhas e comercializado nos mercados da região. Apresenta grandeimportância comercial em quase toda a Amazônia, pois é beneficiado nos frigoríficos eexportado para outras regiões do Brasil e para o exterior. Não se encontra na Lista Nacionaldas Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,2008).Ordem: SILURIFORMESFamília: AgeneiosidaeEspécie: Ageneiosus inermisNome vulgar: MandubéEsta espécie é de hábito bentopelágico, com distribuição na América do Sul. Habitaambientes lênticos, preferencialmente na área litorânea de paranás, lagos e rios de águasbrancas, claras e pretas. É piscívoro ou carcinófago conforme época do ciclo hidrológico ehabitat, alimentando-se de peixes e camarões. Entretanto, os invertebrados podemocasionalmente ser ingeridos, especialmente os insetos. Espécie de hábito noturno, sedentária,desova parcelada e fecundação interna. O pico de reprodução ocorre entre a seca (novembro)e o início da enchente (janeiro). Apresenta acentuado dimorfismo sexual no períodoreprodutivo, principalmente com transformação nos barbilhões maxilares e espinho danadadeira dorsal dos machos. Faz parte da dieta da população ribeirinha, mas tem sido poucocomercializada nos mercados e feiras da região. Não se encontra na Lista Nacional dasEspécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,2008).246


Ordem: SILURIFORMESFamília: AgeneiosidaeEspécie: Trachelyoperus galeatusNome vulgar: CangatiEsta espécie é de hábito bentônica,com distribuição na América do Sul: naregião norte da América do Sul, incluindoPeru e Argentina. Habita margens dos paranás, lagos e rios de águas brancas, claras e pretas.É comum esconder-se em buracos de troncos e galhadas durante o dia, saindo a noite para sealimentar. É onívoro, alimentando-se de frutos, sementes e invertebrados, principalmenteformigas, cupins, aranhas, hemípteros, odonatas, crustáceos e moluscos. Espécie de hábitonoturno, sedentária, fertilização interna (gonopódio) e desova parcelada. Sua reprodução ocorreentre o final da seca (dezembro) e a cheia (julho). O primeiro raio da nadadeira anal nosmachos é modificado em órgão intromitente (gonopódio) para cópula e fertiliação. Sobrevive emambientes com baixas concentrações de oxigênio por meio da respiração na superfície aquática(ASR) e através do uso do oxigênio entre as raízes das plantas aquáticas. É pouco consumidopela população ribeirinha e não é comercializado nos mercados e feiras da região. Não seencontra na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2008).Ordem: PERCIFORMESFamília: SciaenidaeEspécie: Cichla monoculusNome vulgar: Tucunaré comumEsta espécie é de hábito pelágico, comdistribuição na América do Sul: ao longo docanal principal e tributários dos rios Solimões e Amazonas; Peru, Colômbia e Brasil, incluindoos rios Araguari e Oiapoque. Habita rios e lagos de águas brancas, claras, pretas. Preferemambientes de águas paradas, como os lagos e remansos de rios. É um peixe piscívoro ealtamente voraz, engolindo os peixes inteiros, mas os camarões também fazem parte da dieta.Os juvenis são planctófagos e insetívoros. Espécie de hábito diurno, sedentária, desova247


parcelada e fecundação externa. A reprodução ocorre entre o início da seca (dezembro) e aenchente (março). No período reprodutivo, os machos apresentam dimorfismo sexual,desenvolvendo uma protuberância na região occipital posterior (reserva de gordura para operíodo de proteção a prole), caráter sexual secundário extragenital. O casal constrói o ninhoem galhos ou troncos para desovar e proteger a prole até os três meses de idade. O tucunaré émuito consumido pela população ribeirinha, bastante apreciado na prática da pesca esportiva emuito importante na pesca comercial abastecendo os centros urbanos regionais. Não seencontra na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção(Ministério do meio Ambiente, 2008).Ordem: PERCIFORMESFamília: CichlidaeEspécie: Satanoperca acuticepisNome vulgar: Acará bicudoEsta espécie é de hábito bentopelágico,com distribuição na América do Sul, na baciado rio Amazonas. Habita preferencialmente ambiente de água rasa e com baixa velocidade.São comumente capturados em lagos e florestas alagadas de rios de águas brancas, claras epretas. É onívora, alimentando-se de larvas de insetos, microcrustáceos, insetos adultos,material vegetal, restos de peixes e sementes. Espécie de hábito diurno, sedentária, desovaparcelada, fecundação externa, incuba os ovos na boca e cuida da prole. É consumido nascomunidades ribeirinhas, mas exemplares jovens da espécie também são utilizados como peixeornamental. Não se encontra na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadasde Extinção (Ministério do meio Ambiente, 2008).Ordem: PERCIFORMESFamília: CichlidaeEspécie: Satanoperca jurupariNome vulgar: Acará bicudoEsta espécie é de hábito bentopelágico,com distribuição na América do Sul, na bacia248


do rio Amazonas. Habita os rios e lagos de águas brancas, claras e pretas, preferindo em lagosos ambientes de baixa profundidade e nas margens de rios, onde a velocidade é baixa. Éonívora, alimentando-se preferencialmente de larvas de insetos aquáticos, pequenoscrustáceos, sementes, gramíneas, insetos, escamas, pequenos peixes e algas. Espécie dehábito diurno, sedentária, desova parcelada, construindo ninhos no fundo, ou próximos asmargens dos lagos. Indivíduos jovens utilizam a boca do macho como refúgio por váriassemanas. É consumido nas comunidades ribeirinhas, mas exemplares jovens da espécietambém são utilizados como peixe ornamental. Não se encontra na Lista Nacional das Espéciesda Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (Ministério do meio Ambiente, 2008).Nenhuma das espécies amostradas encontram-se na lista de espécies ameaçadas deextinção do Ministério do <strong>Meio</strong> Ambiente. Contudo, alguns processos podem levar a reduçõessignificativas na abundância e mesmo a extinções locais, principalmente através da destruiçãode habitats. Projetos de grande porte, com alterações substanciais na paisagem devem sercuidadosamente avaliadas a fim de evitar situações irrecersíveis. Esses fatores favorecem paraa redução do total de habitats disponíveis a espécies e aumentam o grau de isolamente entreas populações, diminuindo desta forma o fluxo gênico entre estas, o que pode acarretar perdasde variabilidade genética e eventualmente a extinção local de espécies (MMA, 2008).A lei 7679/88 proíbe a pesca nos rios, lagos ou mar territorial do Brasil durante o períodode desova, sendo conhecida como lei de “piracema” (em língua indígena: pira=peixe ecema=cardume), nome dado ao fenômeno de migração de Characiformes, que formam grandescardumes em determinadas épocas do ano (Freitas & Rivas, 2002).A alteração da floresta, a falta de medidas de manejo pesqueiro adequado e a poluiçãoe modificação na estrutura dos rios já resultou na sobre-exploração de estoques de peixes dealgumas regiões como: o do tambaqui (Colossoma macropomum) em Manaus (Petrere Jr.,1983) e no Baixo Amazonas (Isaac & Ruffino, 2000); o do caparari (Pseudoplatystoma tigrinum)e do surubim (P. fasciatum) no Médio Amazonas, o jaraqui escama-grossa (Semaprochilodusinsignis), o pirarucu (Arapaima gigas) (Bayley & Petrere Jr., 1989), a piramutaba(Brachyplatystoma vaillantii) e a dourada (Brachyplatystoma flavicans) (Barthem & Goulding,1997).249


Das espécies encontradas no estudo, poucas são protegidas por legislação federal,conforme Portaria e Instrução Normativa mencionadas abaixo.* Prochilodus nigricans protegida por legislação federal* Brycon spp protegida por legislação federal* Pseudoplatystoma tigrinum protegida por legislação federal** Laemolyta cf. taeniata protegida por legislação federal** Moenkhausia collettii protegida por legislação federal** Moenkhausia oligolepis protegida por legislação federal** Biotodoma cupido protegida por legislação federal** Satanoperca jurupari protegida por legislação federal* Fica proibida a captura, o transporte e a comercialização, o armazenamento e beneficiamento da espéciematrinxã Brycon spp. Do período de 15/11 a 15/03 conforme as portarias n.18 de outubro de 2005 e n.48 de05 de novembro de 2007.** Permitir para fins ornamentais e de aquariofilia, a captura, o transporte e a comercialização de exemplaresvivos de peixes nativos de águas continentais, conforme a Instrução Normativa n.13 de 09 de junho de2005.Uma vez que o pescado é a principal fonte de proteína para a população local, cujoconsumo médio per capita na região de Manaus, capital do Amazonas é de 190 g/dia(SHRIMPTON & GUIGLIANO, 1979), algumas estratégias devem ser consideradas nodesenvolvimento do manejo dos recursos aquáticos de modo a garantir o recurso alimentar esobrevivência da população, bem como a preservação da biodiversidade e dos sistemasaquáticos.O uso da ictiofauna como indicador ambientalO uso das respostas dos organismos é a base dos índices biológicos. Bioindicadoressão espécies escolhidas por sua sensibilidade ou tolerância a vários parâmetros, como poluiçãoorgânica ou outros tipos de poluentes (Washington, 1984). O termo “resposta biológica” serefere ao conjunto de reações de um indivíduos ou uma comunidade em relação a um estímuloou a um conjunto de estímulos (Armitage, 1995). Por estímulos entendemos algo que induzauma reação do indivíduo que possa ser percebida e medida na população ou na comunidade(Buss, et al., 2003).Os peixes são um componente comum e familiar nos ecossistemas aquáticos, sendovistos como excelentes indicadores das condições ambientais, uma vez que podem refletir osdistúrbios em variada escala devido às suas características de mobilidade, estilo de vida eocupam quase todos os níveis das cadeias alimentares dos sistemas aquáticos.A diversidade ecológica, representada pela riqueza de espécies, por números/índices oupor modelos de espécies-abundância, assim como os fatores e interação de fatores que a250


determinam, tem sido objeto de muitos estudos, principalmente nesta época em que osimpactos antrópicos resultam na extinção de inúmeras espécies antes mesmo que elas sejamdescritas pela Ciência (Freitas et al., 2007).De acordo com Karr (1981), Ramelow et al., (1989), Wootton (1990), Fragoso et al.,(1998) e Schulz & Martins-Junior (2001) os peixes são excelentes ferramentas nomonitoramento de ambientes aquáticos, servindo como importantes bioindicadores, poisrespondem de várias maneiras à contaminação, como por exemplo, mudanças na taxa decrescimento e na maturação sexual. Modificações na estrutura da comunidade de peixes, taiscomo a abundância e diversidade de espécies, também podem refletir os efeitos de váriosestressores na integridade biótica do rio como um todo (Fausch et al., 1990).A comunidade de peixes inclui uma variedade de espécies e níveis tróficos queseguramente pode ter reflexo no grau do distúrbio ambiental. Algumas espécies de peixes sãomais sensíveis a alterações nas características químicas e físicas da água, tais como pH ouoxigênio dissolvido, as quais podem ser causadas por perturbações ambientais comorevolvimento do sedimento de fundo de lagos e igarapés; contaminação por vários tipos depoluentes orgânicos ou inorgânicos, variações naturais, dentre outros fatores. Comparados commuitos invertebrados os peixes podem fornecer uma quantidade maior de informações, além deserem facilmente capturáveis e identificáveis.Os distúrbios do ambiente podem ser refletidos nos peixes por meio de diferentesrespostas nos diversos níveis da organização biológica, respostas estas que variam de acordocom o grau de plasticidade fenotípica que cada grupo de peixes possui. Esta plasticidadefenotípica (ou somática) pode ser definida como os limites da variação morfológica e fisiológicana expressão de um dado genótipo quando exposto a mudança nas condições ambientais.O uso de peixes como ferramenta no monitoramento biológico assume extremaimportância na Amazônia, uma vez que, nesta região, o consumo de peixes pela população,principalmente a ribeirinha, é muito alto (Shrimpton & Guigliano, 1979), chegando a 454 g/diapor pessoa (Ruffino, 1999). Como os peixes são bioacumuladores, o constante monitoramentoem áreas de risco é fundamental para que não ocorra contaminação da população humana.251


Definição de espécies bioindicadorasOs impactos biológicos são muito úteis por sua especificidade em relação a certos tiposde impacto, já que inúmeras espécies são comprovadamente sensíveis a um tipo de poluentes,mas tolerantes a outros (Washington, 1984). Assim índices podem ser criados especificamentepara detectar derramamento de óleo, poluição orgânica, alteração de pH da água, lançamentode pesticidas entre outros (Buss, et al., 2003).Segundo Johnson et al., (1993), um indicador biológico “ideal” deve possuir as seguintescaracterísticas:• ser taxonomicamente bem definido e facilmente reconhecível por não-especialistas;• apresentar distribuição geográfica ampla;• ser abundante ou de fácil coleta;• ter baixa variabilidade genética e ecológica;• preferencialmente possuir tamanho grande;• apresentar baixa mobilidade e longo ciclo de vida;• dispor de características ecológicas bem conhecidas e;• ter possibilidade de uso em estudos em laboratório.Portanto, de acordo com o levantamento realizado na área de estudo e diante de outrosinventários realizados na região, identificamos algumas espécies que possuem importânciaeconômica para a região e que podem servir como bioindicadores do estresse ambientalcausado pelo empreendimento de viabilização da rodovia BR-319.Sendo assim, conforme as características acima mencionadas, as espécies quepoderemos indicador como bioindicadoras são: Prochilodus nigricans., Cyphocharax spiluropsis,Leporinus friderici, Hemiodus semitaeniatus, Brycon amazonicus, Brycon melanopterus,Hyphessobrycon bentosi, Aestrorhynchus falcatus, Acestrorhynchus falcirostris, Hopliasmalabaricus, Boulengerella maculata, Ageneiosus inermis, Auchenipterus nuchalis,Rhamphichthys marmoratus, Acaronia nassa, Cichla monoculus e Satanoperca jurupari.Espécies essas que apresentaram relativa abundância e importância no estudo.252


Herpetofauna• Anfíbios e répteisIntroduçãoSegundo a Sociedade Brasileira de Herpetologia - SBH, a herpetofauna brasileira estárepresentada atualmente por 832 espécies de anfíbios, sendo 804 espécies de anfíbios anuros,27 de giminofionas e uma espécie de caudata. Entre os répteis são conhecidas 696 espécies,sendo 358 de serpentes, 234 de lagartos, 62 de anfisbenas, 36 de quelônios e seis de jacarés(SBH, 2008). Para a fauna de anfíbios, o Brasil é líder mundial em diversidade (Silvano eSegalla, 2005). Segundo Lima et al., (2006), a grande maioria das espécies vive nas regiõestropicais e aproximadamente 600 espécies ocorrem na bacia Amazônica.O número de espécies de répteis que ocorrem no território brasileiro ainda ésubestimado. Dentro deste grupo as serpentes (cobras) são as menos conhecidas quanto aonúmero de espécies. Dixon (1979) registrou 284 espécies de serpentes de florestas tropicais naAmérica do Sul incluindo áreas fora da Amazônia brasileira e da mata Atlântica. O número deespécies encontradas em uma determinada área pode variar. Dixon e Sioni (1975) registraram166 espécies de serpentes em uma região de Iquitos, no Peru. No leste do Pará, Cunha eNascimento (1993) registraram 86 espécies em uma área de 50 mil km 2 e Martins e Oliveira(1998) registraram para a região de Manaus, durante cinco anos, 66 espécies de serpentes emárea de Floresta primária.Atualmente, são conhecidas na Amazônia brasileira mais de 100 espécies de lagartos(Ávila-Pires, 1995; Ávila-Pires e Vitt, 1998; Ávila-Pires e Hoogmoed, 2000; Gainsbury e Colli,2003; Rodrigues e Ávila-Pires, 2005; Mesquita et al., 2006). Segundo Rodrigues (2005) aAmazônia abriga a maioria das espécies dos lagartos e anfisbenídeos brasileiros.Embora pouco representativo, em número de espécies, os quelônios são o grupo maisameaçado, tanto mundialmente quanto regionalmente. Existem aproximadamente 300 espéciese 460 taxa (incluindo-se todas as subespécies reconhecidas) de tartarugas de água doce nomundo. Atualmente, cerca de 200 taxas estão listados como ameaçados na Lista Vermelha deEspécies Ameaçadas da IUCN de 2000 (Turtle Conservation Fund, 2002). A coleta de ovos,filhotes e adultos para o consumo ou para a venda como animais de estimação são fatoresdiretos que ameaçam as tartarugas de água doce, mas outros fatores, menos óbvios, reduzemas chances de sobrevivência pela alteração do hábitat ou pela redução do estoque de alimento.Entre estes fatores estão: a canalização de rios, desflorestamento, construção de represas,queimadas, fragmentação de habitats, captura incidental, introdução de espécies, mineração,253


poluição, tráfico de embarcações, mineração de areia, destruição de áreas alagadas eatropelamentos (Moll e Moll, 2004).A Amazônia brasileira está representada por 17 espécies de quelônios, sendo 15espécies de água-doce e duas espécies de quelônios terrestres (Vogt et al., 2007). NaAmazônia brasileira o consumo de adultos e de ovos é o principal problema enfrentado pelosquelônios, tendo reduzido drasticamente as populações de algumas espécies, principalmentedos gêneros Podocnemis e Peltocephalus (Mittermeier, 1975; Klemens e Thorbjarnarson, 1995;Fachín-Terán, 2001; Kemenes e Pezzuti, 2007; De La Ossa, 2007).Entre os crocodilianos, cinco espécies são conhecidas no Brasil, sendo que quatroespécies de jacarés estão distribuídas na bacia Amazônica (Da Silveira, 2003; Vogt et al.,2007).O estado do Amazonas ainda é pouco conhecido com relação aos reais padrões dediversidade e distribuição da herpetofauna, isso ocorre em função de poucos estudos depesquisas e inventários biológicos deste grupo na região amazônica. Os dados secundáriossobre a fauna de anfíbios, lagartos, serpentes, quelônios e crocodilianos para a região dosinterfluvios da bacia dos rios Madeira e rio Solimões são muito escassos.Um estudo sobre a fauna de anfíbios e répteis da região da rodovia BR-319 foi realizadono ano de 2007 durante o projeto Geoma nas áreas de dois complexos de campos inundáveis,o do Igapó-açú/Matupiri (norte) e do Puciari/Humaitá (sul), ambos localizados na área deinfluência da rodovia BR-319 (dados não publicados). As amostragens foram realizadas emambientes de campina, campinarana e floresta de terra firme. Para a região do Igapóaçu/Matupiriforam registradas 37 espécies, sendo 17 espécies de anfíbios e 20 de répteis.Para a região de Puciari/Humaitá foram registradas 17 espécies de anfíbios e 26 de répteis.Durante o estudo foi constatado uma fauna única e extremamente vulnerável a impactosantrópicos, uma vez que se encontram em alto grau de integridade que é caracterizado pelaausência de espécies invasoras, como Ameiva ameiva e Rhinella granulosa (Souza e Waldez,2008).Em 2005 foi realizado o diagnóstico biológico para compor o estudo de criação da RDSdo Rio Amapá que margeia a rodovia BR-319 no município de Manicoré. Através de procuraativa, registro auditivo e armadilhas de interceptação e queda foram encontrados 21 anfíbiosanuros (5 famílias) e 9 répteis, sendo 5 espécies de lagartos (4 famílias), 3 de serpentes (2famílias) e uma de crocodiliano.254


Um dos primeiros estudos sobre a fauna de anfíbios nos rios Madeira e Purus foirealizado por Heyer, (1977), os resultados foram apresentados através de uma lista comentadasobre a fauna deste grupo, para a região do rio Madeira o autor registrou a ocorrência de 45espécies e de 52 para o rio Purus.Para a região do rio Purus, Gordo (2003) registrou a ocorrência de 34 espécies deanfíbios anuros. Outro estudo realizado na região do rio Purus (Waldez et al., 2006) registrou124 espécies de anfíbios e répteis. Foram registradas 57 espécies de anfíbios, sendo 55 deanuros e duas de gymnophiona. Para os répteis foram registradas 36 espécies de serpentes e31 de lagartos. Ainda para a região do rio Purus Batistella et al. (2004) registraram 67 espéciesde anfibios e répteis, sendo 47 espécies de anfíbios anuros representadas por sete famílias deanfíbios, 11 espécies de lagartos representadas por sete famílias, três espécies de serpentes,distribuídas em duas famílias, três de quelônios e duas famílias e duas espécies de jacarés euma família.Para a região do rio Madeira, Silva Jr (1993) durante o resgate de fauna da UHESamuel, no rio Jamari (afluente do rio Madeira), coletou 68 espécies de serpentes distribuídasem 38 gêneros pertencentes a sete famílias. Outro estudo herpetológico conduzido na regiãodo rio Madeira foi realizado por Mesquita (2002) no município de Humaitá. Durante umlevantamento rápido foi registrada a ocorrência de 21 espécies de lagartos, 19 espécies deanfíbios, 18 de serpentes, três de jacarés e duas de quelônios.O estudo mais abrangente realizado para a região do rio Madeira foi conduzido por Lima(2005) que entre os anos de 2003 e 2005 realizou o EIA – Estudo de Impactos Ambiental dasUHEs de Jirau e Santo Antônio. Durante o estudo foram registradas 162 espécies de anfíbios erépteis, sendo: 98 espécies de anfíbios anuros, 28 espécies de lagartos, 31 espécies deserpentes, cinco espécies de crocodilianos e quatro espécies de quelônios.Recentemente Vogt et al. (2007), durante estudo sobre a Biodiversidade da região domédio rio Madeira, registraram 47 espécies de anfíbios anuros, 25 espécies de lagartos, 19espécies de serpentes, seis de quelônios, três de jacarés. Para o estado de Rondônia, nomunicípio de Pimenta Bueno, Yuki et al. (1999) apresentaram uma lista comentada de 22répteis Squamata representantes de nove famílias, sendo 13 espécies de serpentes e nove delagartos.No município de Espigão do Oeste (RO), Bernardes et al. (2006) realizaram um estudosobre a comunidade de serpentes onde registraram a ocorrência de 56 espécies pertencentes asete famílias. No mesmo município Macedo et al. (2008) realizaram um levantamento em uma255


área de 4.000 hectares durante um período de 12 meses, onde registraram 29 espécies delagartos distribuídas em nove famílias. Vanzolini (1986) durante o levantamento herpetológicoda área do estado de Rondônia sob a influência da rodovia da BR- 364 registrou 70 espécies deanfíbios, 59 espécies de serpentes e 37 espécies de lagartos.Apesar de estudos terem sido realizados em regiões de influência direta ou indireta darodovia BR-319 ou em áreas relativamente próximas ao empreendimento, o conhecimentosobre a fauna de anfíbios e répteis da região da rodovia BR-319 ainda são muito exíguos.Visando conhecer a atual composição da herpetofauna que se encontra sob influência darodovia BR-319 e caracterizar a riqueza e abundância de espécies, este estudo apresenta osresultados referentes ao levantamento de fauna dos pontos 1 (km 285), ponto 2 (km 350), ponto3 (km 400), ponto 4 (km 450), ponto 5 (km 535) e ponto 6 (km 615) (vide Volume 8, Mapas eCartas imagem, Mapa 16 deste estudo).ResultadosRiqueza de espécies e composição taxonômica da HerpetofaunaNa estação seca foram registradas 81 espécies entre anfíbios e répteis durante o EIA –Estudo de Impacto Ambiental da rodovia BR-319 (Tabela 36). Entre os anfíbios foramregistradas 34 espécies de anfíbios anuros (16 gêneros, oito famílias) e uma espécie de anfíbio(Caudata). Entre os répteis foram registradas 45 espécies, sendo 23 espécies de lagartos (15gêneros, seis famílias), 17 espécies de serpentes (13 gêneros, quatro famílias), três espéciesde quelônios (três gêneros, duas famílias) e três espécies de jacarés (três gêneros, uma família)(Figura 72).Na expedição realizada durante a estação chuvosa foram registradas 108 espécies entreanfíbios e répteis. Entre os anfíbios foram registradas 60 espécies de anfíbios anuros (22gêneros, 10 famílias) e uma espécie de anfíbio caudata (salamandra). Entre os répteis foramregistradas 47 espécies, sendo 14 espécies de lagartos (10 gêneros, cinco famílias), 26espécies de serpentes (23 gêneros, cinco famílias), quatro espécies de quelônios (quatrogêneros, duas famílias) e três espécies de jacarés (três gêneros, uma família) (Figura 73). ATabela 37 lista as espécies de anfíbios e répteis, registradas nas áreas amostradas do EIA darodovia BR-319.256


Figura 72 - Número absoluto de espécies por grupo taxonômico registradas durante as estação seca.70Número de espécies6050403020100Anfíbios Serpentes Lagartos Quelônios Jacarés SalamandraGrupo TaxonômicoFigura 73 - Número absoluto de espécies por grupo taxonômico registradas durante as atividades do EIA da rodoviaBR-319 durante a estação chuvosa.Curva de acumulação de espéciesAs curvas de acumulação de espécies foram feitas relacionando o número de indivíduoscapturados ao número de espécies para cada um dos seis módulos. Na estação seca tanto onúmero de indivíduos quanto o de espécies de lagartos foi maior no módulo 1 do que nomódulo 2, no entanto também não houve tendência à estabilização da curva de acumulação deespécies (Figura 74). O número de indivíduos e de espécies de anfíbios foi similar nos doismódulos amostrados. A curva de acumulação de espécies não apresentou uma tendência àestabilização (Figura 75).257


Na estação chuvosa, o número de indivíduos e de espécies de lagartos foi maior nosmódulos 2 e 5 (Figura 76), no entanto, não foi observada nenhuma tendência de estabilização.O número de indivíduos e de espécies de anfíbios coletados foi maior do que o de lagartos e,novamente, não foi observada uma tendência de estabilização na curva de acumulação deespécies. O maior número de anfíbios foi coletado no módulo 2, contudo, o módulo 2 conteve omaior número de espécies (Figura 77).A curva de acumulação de espécies de serpentes, quelônios e crocodilianos, tanto paraa amostragem do período seco quando do período chuvoso, não foi apresentada aqui devido aobaixo número de indivíduos e de espécies encontrados. No caso das serpentes a acumulaçãode novas espécies deu-se a uma taxa média de uma nova espécie para cada indivíduoencontrado.Numero de especies20181614121086420Modulo 1Modulo 20 10 20 30 40 50 60Numero de individuosFigura 74 - Curva de acumulação de espécies de lagartos nos dois módulos amostrados durante a estação seca narodovia BR-319.258


25Numero de especies20151050Modulo 1Modulo 20 50 100 150Numero de individuosFigura 75 - Curva de acumulação de espécies de anfíbios nos dois módulos amostrados durante a estação seca narodovia BR-319.12Numero de especies10864200 5 10 15 20 25 30Numero de individuosMódulo 1 Módulo 2Módulo 3 Módulo 4Módulo 5 Módulo 6Figura 76 - Curva de acumulação de espécies de lagartos nos seis módulos amostrados durante a estação chuvosana rodovia BR-319.4035Numero de especies3025201510500 50 100 150Numero de individuosMódulo 1 Módulo 2Módulo 3 Módulo 4Módulo 5 Módulo 6Figura 77 - Curva de acumulação de espécies de anfíbios nos seis módulos amostrados durante a estação chuvosana rodovia BR-319.259


Tabela 36 – Lista das espécies de anfíbios e répteis registrados nos seis pontos de amostragem do EIA da rodovia BR-319 durante a estação seca.Categoria TaxonômicaNomeStatusPontos amostradosMétodosComum IBAMA CITES IUCN P1 P2Ordem Anura (Sapos, Pererecas, Rãs e Jias)Família Aromobatidae1. Allobates femoralis (Boulenger, 1884) Rã NC II LC EO, PT, VO X X2. Allobates sp. Rã EO, CT, PA, PT X XFamília Bufonidae3. Dendrophryniscus minutus (Melin, 1941) Sapo NC NC LC EO, CT, PA X X4. Rhinella margaritifera (Laurenti, 1768) Sapo-folha NC NC LC CT, PA, PT X X5. Rhinella cf. proboscidea (Spix, 1824) Sapo-folha NC NC LC EO, CT, PA, PT X X6. Rhinella marina (Linnaeus, 1758) Sapo-cururu NC NC LC EO, CT, PA, VO X XFamília Dendrobatidae7. Ameerega trivittata (Spix, 1824) Perereca PA XFamília Hylidae8. Hypsiboas boans (Linnaeus, 1758) Perereca NC NC LC VO X X9. Hypsiboas fasciatus (Gunther, 1858) Perereca NC NC LC PA X10. Hypsiboas lanciformis(Cope, 1871) Perereca NC NC LC PA, VO X X11. Hypsiboas sp.1 Perereca PA12. Hypsiboas sp.2 Perereca PA X13. Osteocephalus buckleyi (Boulenger, 1882) Perereca NC NC LC PA X14. Osteocephalus planiceps Cope, 1874 Perereca NC NC LC PA X X15. Osteocephalus taurinus Steindachner, 1862 Perereca NC NC LC PA X16. Scinax boesemani (Goin, 1966) Perereca NC NC LC PA, VO X17. Scinax ruber (Laurenti, 1768) Perereca NC NC LC PA X XPhyllomedusa atelopoides Duellman, Cadle & Canatella,18. 1988 Perereca NC NC LC PA X19. Phyllomedus vaillantii Boulenger, 1882PererecaverdeNC NC LC PA, FT X XFamília Leiuperidae20. Edalorhina perezi Jiménez de la Espada, 1870 Rã NC NC LC PT, PLT X21. Engystomops petersii Jiménez de la Espada, 1872 Rã NC NC LC PT, FT XFamília Leptodactylidae22. Leptodactylus andreae (Müller, 1923) Rã NC NC LCCT, EO, VO, PA,PT X X260


23. Leptodactylus lineatus (Schneider, 1799) Rã NC NC LC PA X24. Leptodactylus pentadactylus (Laurenti, 1768) Rã NC NC LC PA X25. Leptodactylus petersii (Steindachner, 1864) Rã NC NC LC PA X26. Leptodactylus stenodema Jiménez de la Espada, 1875 Rã NC NC LC PA XFamília Microhylidae27. Chiasmoleis cf. hudsoni Parker, 1940 Rã NC NC LC PA X28. Chiasmocleis cf. shudikarensis Dunn, 1949 Rã NC NC LC PT X29. Ctenophryne geayi Mocquard, 1904 Rã NC NC LC PT X30. Synapturanus sp. Rã VO XFamília Strabomantidae31. Oreobates quixensis Jiménez de la Espada, 1872 Rã NC NC LC PA X32. Pristimantis cf. ventrimarmoratus (Boulenger, 1912) Rã NC NC LC EO, PA X33. Pristimantis sp.1 Rã PT, PA X X34. Pristimantis sp.2 Rã PA XOrdem Caudata (Salamandras)Família Plethodontidae35. Bolitoglossa sp. Salamandra PA XOrdem Testudines (cágados, jabotis, tartarugas)Família Chelidae36. Mesoclemmys gibba Schweigger, 1812 Perema, Lalá NC NC NC ARFamília Podocnemididae37. Peltocephalus dumerilianus Schweigger, 1812 Cabeçudo NC II VU - A1acd TN, EO38. Podocnemis unifilis Troschel & Shomburgk, 1848 Tracajá NC II VU - A1acd CTOrdem Squamata (Lagartos)Família Gekkonidae39. Gonatodes hasemani Griffin, 1917 Osga PT X X40. Gonatodes humeralis(Guichenot, 1855) Osga PT X XFamília Gymnophthalmidae41. Alopoglossus angulatus Linnaeus, 1758 Calango NC NC NC EO, PT, PA, CT X X42. Alopogoglossus atriventris Duellman, 1973 Calango NC NC NC EO, PT X43. Arthrosaura reticulata (O'Shaughnessy, 1881) Calango NC NC NC PT X44. Cercosaura argulus Peters, 1863 Calango NC NC NC PT X45. Cercosaura ocellata Wagler, 1830 Calango NC NC NC EO, PT, CT X46. Iphisa elegans (Gray, 1851) Calango NC NC NC PT, PA X261


47. Leposoma sp. Calango PT, CT X X48. Ptychoglossus brevifrontalis Boulenger, 1912 Calango PT X49. Tretioscincus cf. agilis Ruthven, 1916 Calango PT XFamília Polychrotidae50. Anolis fuscoaratus D'Orbigny, 1837 Calango NC NC NC EO, PT, PA, CT X X51. Anolis ortoni Cope, 1968 Calango NC NC NC CT X52. Anolis punctatus Daudin, 1802 Calango NC NC NC CT X53. Anolis nitens tandai (Ávila-Pires, 1995) Calango NC NC NC PA, PT, CT X X54. Anolis transversalis Duméril, 1851 Calango-verde NC NC NC PA XFamília Sphaerodactylidae55. Coleodactylus amazonicus (Andersson, 1918) Osga NC NC NC EO, PT X XFamília Tropiduridae56. Plica umbra (Linnaeus, 1758) Calango NC NC NC AV X57. Uranoscodon superciliosus (Linnaeus, 1758) Tamacuaré CTFamília Teiidae58. Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) Calango-verde NC NC NC CT X X59. Kentropyx calcarata Spix, 1825 Calango NC NC NC EO, PT, CT X60. Kentropyx pelviceps Cope, 1868 Calango NC NC NC PT X X61. Tupinambis teguixim (Linnaeus, 1758) Jacuruxi NC II NC PA X XOrdem Squamata (Serpentes)Família Typhlopidae62. Typhlops sp. XFamília Boidae63. Boa constrictor (Linnaeus, 1758) Jibóia NC II NC PA, CT X X64. Corallus caninus (Linnaeus, 1758) Piriquitambóia NC II NC PA X65. Corallus hortulanus (Linnaeus, 1758) Jibóia NC II NC PA X66. Eunectes murinus (Linnaeus, 1758) Sucuri NC II NC CTFamília Colubridae67. Chironius fuscus (Linnaeus, 1758) Cobra-cipó NC NC NC PA X X68. Chironis scurrulus (Wagler, 1824) Dormideira NC NC NC EO X69. Drymoluber dichrous (Peters, 1863) Cobra-cipó NC NC NC PA X70. Imantodes cenchoa (Linnaeus, 1758) Dormideira NC NC NC PA X71. Imantodes cf. lentiferus Cope, 1824 Dormideira NC NC NC PA X72. Leptodeira annulata (Linnaeus, 1758) Dormideira NC NC NC PA, FT X262


73. Oxyrhopus melanogenys (Tschudi, 1845) Falsa-coral NC NC NC EO. CT X74. Oxyrhopus petola Linnaeus, 1758 Falsa-coral NC NC NC PA X75. Tantilla melanocephala (Linnaeus, 1758) Falsa-coral NC NC NC EO X76. Umbrivaga pygmaea (Cope, 1868) Cobra NC NC NC PT X77. Xenodon rhabdocephalus (Wied, 1824) Falsa-jararaca NC NC NC CT XFamília Viperidae78. Bothrops atrox (Linnaeus, 1758) Jararaca NC NC NC EO, PT XOrdem Crocodylia (Jacarés)Família Alligtoridae79. Caiman crocodilus (Linnaeus, 1758) Jacaré-tinga NC NC NC CT80. Paleosuchus trigonatus (Schneider, 1801) Jacaré-coroa NC NC NC PA X81. Melanosuchus niger Spix, 1825 Jacaré-açu NC II II CTLegenda de abreviações:Status: IBAMA: NC = Não consta; CITES: NC = Não consta; II = Apêndice II do CITES; IUCN: NC = Não consta; LC = Least Concern; DD = Data Deficient; VU =Vulnerable; LR/LC = Lower Risk/ Least Concern; LR/CD = Lower Risk/conservation dependent.Forma de amostragem: PA = Procura ativa; EO = Encontro ocasional; PT = Pitfall; FT = Funnel trap; CT = Colaboração de terceiros; TN = Trammel net; AR =Arrastão.Pontos amostrados: P1 = Km 300; P2 = Km 350; P3 = Km 400; P4 = Km 450; P5 = Km 535; P6 = Km 615.263


Tabela 37 – Lista das espécies de anfíbios e répteis registrados nos seis pontos de amostragem do EIA da rodovia BR-319 durante a estação chuvosa.TáxonsOrdem Anura (Sapos, Pererecas, Rãs e Jias)Família AromobatidaeNome ComumStatusIBAMA CITES IUCNForma deAmostragemP1Pontos AmostradosP P P P2 3 4 51. Allobates femoralis (Boulenger, 1884) Rã NC II LC EO, PA, PT, FT,VO X X X XAllobates caeruleodactylus Lima & Caldwell,2. 2001. Rã NC NC DD PA X3. Anomaloglossus sp.1 Rã EO, PA, PT,VO X X4. Anomaloglossus sp.2 Rã EO, FT, PA, PT,VO X X5. Anomaloglossus sp.3 Rã EO, PT,VO XFamília Bufonidae6. Dendrophryniscus minutus (Melin, 1941) Sapo NC NC LC EO, CT, FT, PA X X X X X7. Rhaebo guttatus (Schneider, 1799) Sapo NC NC NC EO, CT, PT X X8. Rhinella margaritifera (Laurenti, 1768) Sapo-folha NC NC LC EO, PA, PT,VO X X XEO, CT, FT, PA,9. Rhinella cf. proboscidea (Spix, 1824) Sapo-folha NC NC LCPT,VO X X X X X X10. Rhinella marina (Linnaeus, 1758) Sapo-cururu NC NC LC EO, PT, PA, VO X X X X XFamília Centrolenidae11. Cochranella sp. Perereca-de-vidro PA X12.Família DendrobatidaeAdelphobates cf. quinquevitatus (Steindachner,1864) Perereca NC II NC EO X13. Ameerega trivittata (Spix, 1824) Perereca NC II LC PA,VO XFamília Eleutherodactylidae14. Phyzelaphryne miriamae Heyer, 1977 Rã NC NC LC PA XFamília Hylidae Perereca15. Dendropsophus cf. brevifrons Perereca NC NC LC PA,VO X16. Dendropsophus cf. minutus (Peters, 1872) Perereca NC NC LC PA, VO X X X17. Dendropsophus cf. parviceps (Boulenger, 1882) Perereca NC NC LC PA, VO X X18. Dendropsophus marmoratus (Laurenti, 1768) Perereca NC NC LC FT,VO X XP6264


19. Dendropsophus sp.1 Perereca NC NC NC PA, VO X20. Dendropsophus sp.2 Perereca PA X21. Dendropsophus sp.3 Perereca PA X22. Dendropsophus sp.4 Perereca PA, VO X23. Dendropsophus walfordi (Bokermann, 1962) Perereca NC NC LC PA, VO X24. Hypsiboas boans (Linnaeus, 1758) Perereca NC NC LC VO X25. Hypsiboas cinereascens (Spix, 1824) Perereca NC NC LC PA, VO X X X X X X26. Hypsiboas fasciatus (Gunther, 1858) Perereca NC NC LC EO, PA, VO X X X X27. Hypsiboas aff. geographicus (Spix, 1824) Perereca NC NC LC PA, VO X28. Hypsiboas lanciformis(Cope, 1871) Perereca NC NC LC PA, VO X X X X X X29. Hypsiboas sp.1 Perereca PA, VO X30. Hypsiboas sp.2 Perereca PA, VO X31. Osteocephalus buckleyi (Boulenger, 1882) Perereca NC NC LC PA X32. Osteocephalus planiceps Cope, 1874 Perereca NC NC LC EO, PA X X33. Osteocephalus taurinus Steindachner, 1862 Perereca NC NC LC CT, PA, PT,VO X X X X X X34. Phyllomedusa cf. tarsius (Cope, 1868) Perereca NC NC LC PA X35. Phyllomedusa tomopterna (Cope, 1868) Perereca NC NC LC PA X36. Phyllomedusa vaillantii Boulenger, 1882 Perereca-verde NC NC LC PA, VO X X37. Scinax boesemani (Goin, 1966) Perereca NC NC LC FT, PA, VO X38. Scinax sp.1 Perereca PA, VO X X X39. Scinax cf. fuscomarginatus (Lutz, 1925) Perereca NC NC LC PA,VO X40. Sinax cf. garbei (Miranda-Ribeiro, 1926) Perereca NC NC LC PA, VO X X41. Scinax cf. ruber (Laurenti, 1768) Perereca NC NC LC PA, VO X X XFamília Leiuperidae42. Edalorhina perezi Jiménez de la Espada, 1870 Rã NC NC LC FT, PT, PLT X X X X X43. Engystomops freibergi (Donoso-Barros, 1969) Rã NC NC NC PT XFamília Leptodactylidae44. Hydrolaetare schmidti (Cochran & Goin, 1959) NC NC LC PA, VO XCT, EO, FT, VO, PA,45. Leptodactylus andreae (Müller, 1923) Rã NC NC LCPT X X X X X46. Leptodactylus cf. fuscus (Schneider, 1799) Rã NC NC LC EO, PA, VO X265


47. Leptodactylus knudseni Heyer, 1972 Jia NC NC LC PA, PT, VO X X X X48. Leptodactylus lineatus (Schneider, 1799) Rã NC NC LC PT X49. Leptodactylus mystaceus (Spix, 1824) Rã NC NC LC EO, PT, PA X X X X X50. Leptodactylus pentadactylus (Laurenti, 1768) Rã NC NC LC EO, PA, PT, VO X X X X X X51. Leptodactylus petersii (Steindachner, 1864) Rã NC NC LC EO, PA, PT, VO X X X X52.Leptodactylus rhodomystax Boulenger, 1884"1883" Rã NC NC LC EO, FT, PA, PT X X X X X XFamília Microhylidae53. Chiasmocleis avilapiresae Peloso e Sturaro, 2008 Rã NC NC NC FT, PA, PT, VO X X X X X54. Chiasmocleis bassleri Dunn, 1949 Rã NC NC LC FT, PA, PT, VO X X X55. Chiasmoleis cf. hudsoni Parker, 1940 Rã NC NC LC FT, PA, PT X56. Ctenophryne geayi Mocquard, 1904 Rã NC NC LC FT, PA, PT X X X XFamília Strabomantidae57. Oreobates quixensis Jiménez de la Espada, 1872 Rã NC NC LC PA XPristimantis cf. altamazonicus (Barbour & Dunn,58. 1921) Rã NC NC LC EO, PA X59. Pristimantis sp.1 Rã EO, PA X60. Pristimantis sp.2 Rã PA XOrdem Caudata (Salamandras)Família Plethodontidae61. Bolitoglossa cf. paraensis (Unterstein, 1930) Salamandra NC NC DD PA XOrdem Testudines (cágados, jabotis, tartarugas)Família Chelidae62. Mesoclemmys gibba (Schweigger, 1812) Perema NC NC NC PA X63. Platemys platycephala (Schneider, 1792) Perema, Lalá NC NC NC CT XFamília Podocnemididae64. Peltocephalus dumerilianus Schweigger, 1812 Cabeçudo NC II65.Podocnemis unifilis Troschel & Shomburgk, 1848Ordem Squamata (Lagartos)Família GymnophthalmidaeTracajá NC IIVU -A1acd TN, EO XVU -A1acd CT X266


66. Alopoglossus angulatus Linnaeus, 1758 Calango NC NC NC EO X67. Alopoglossus atriventris Duellman, 1973 Calango NC NC NC CT, EO, PT X X X68. Cercosaura argulus Peters, 1863 Calango NC NC NC PA X69. Cercosaura ocellata Wagler, 1830 Calango NC NC NC EO, PT X X70. Iphisa elegans (Gray, 1851) Calango NC NC NC PT X X71. Leposoma sp. Calango EO, PT X XFamília Polychrotidae72. Anolis fuscoaratus D'Orbigny, 1837 Calango NC NC NC EO, PT, PA X X X X73. Anolis ortoni Cope, 1968 Calango NC NC NC EO X74. Anolis nitens tandai (Ávila-Pires, 1995) Calango NC NC NC EO, PT X X XFamília Sphaerodactylidae75. Coleodactylus amazonicus (Andersson, 1918) Osga NC NC NC EO, PA, PT X X X X XFamília Tropiduridae76. Plica umbra (Linnaeus, 1758) Calango verde NC NC NC FT, PA, PT X X XFamília Teiidae77. Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) Calango-verde NC NC NC EO, PA, PT X X X78. Kentropyx pelviceps Cope, 1868 Calango NC NC NC EO, FT, PA, PT X X X X79. Tupinambis teguixim (Linnaeus, 1758) Jacuruxi NC II NC EO XOrdem Squamata (Serpentes)Família Typhlopidae80. Typhlops sp.81. Typhlops reticulatus (Linnaeus, 1758)Família BoidaeCobra-de-duascabeçasCobra-de-duascabeçasNC NC NC82. Boa constrictor (Linnaeus, 1758) Jibóia NC II NC EO X83. Corallus hortulanus (Linnaeus, 1758) Jibóia NC II NC EO, CT X X84. Epicrates cenchria (Linnaeus, 1758) Jibóia vermelha NC NC NC PA X X85. Eunectes murinus (Linnaeus, 1758) Sucuri NC II NC PA XFamília Colubridae86. Atractus sp. Falsa-coral PT XPTPAXX267


87. Atractus cf. latifrons (Günther, 1868) Falsa-coral NC NC NC PT X X88. Chironius multiventris Schmidt & Walker, 1943 Cobra-cipó NC NC NC EO X89. Dipsas pavonina Schlegel, 1837 Dormideira NC NC NC CT X90. Drepanoides anomalus (Jan, 1863) Falsa-coral NC NC NC FT X91. Drymoluber dichrous (Peters, 1863) Cobra-cipó NC NC NC PA, PT X X X92. Helicops angulatus (Linnaeus, 1758) Cobra d'água NC NC NC PA X X93. Imantodes cf. lentiferus Cope, 1824 Dormideira NC NC NC EO X94. Leptodeira annulata (Linnaeus, 1758) Dormideira NC NC NC CT X X95. Liophis typhlus (Linnaeus, 1758) Sorradeira NC NC NC PA X96. Oxyrhopus melanogenys (Tschudi, 1845) Falsa-coral NC NC NC EO, PA X X X97. Spilotes pullatus (Linnaeus, 1758) Caninana NC NC NC EO X98. Umbrivaga pygmaea (Cope, 1868) Cobra NC NC NC EO X99. Xenodon severus (Linnaeus, 1758) Falsa-jararaca NC NC NC EO X100. Xenopholis scalaris (Wucherer, 1861) Cobra NC NC NC PA X101. Xenoxybelis argenteus (Daudin, 1803) Cobra-cipó NC NC NC EO XFamíla Elapidae102. Micrurus lemniscatus (Linnaeus, 1758) Coral verdadeira NC NC NC PA XFamília Viperidae103. Bothrocophias hyoprora (Amaral, 1935) Jararaca-bicuda NC NC NC EO,PT X X104. Bothrops atrox (Linnaeus, 1758) Jararaca NC NC NC EO, PA X X105. Bothrops aff. brazili Hoge, 1954 Jararaca NC NC NC CT XOrdem Crocodylia (Jacarés)Família Alligtoridae106. Caiman crocodilus (Linnaeus, 1758) Jacaré-tinga NC NC LR/LC EO X107. Paleosuchus trigonatus (Schneider, 1801) Jacaré-pedra NC NC LR/LC EO, PA X X X108. Melanosuchus niger Spix, 1825 Jacaré-açu NC II LR/CD CTLegenda de abreviações:Status: IBAMA: NC = Não consta; CITES: NC = Não consta; II = Apêndice II do CITES; IUCN: NC = Não consta; LC = Least Concern; DD = Data Deficient; VU =Vulnerable; LR/LC = Lower Risk/ Least Concern; LR/CD = Lower Risk/conservation dependent.Forma de amostragem: PA = Procura ativa; EO = Encontro ocasional; PT = Pitfall; FT = Funnel trap; CT = Colaboração de terceiros; TN = Trammel net; AR =Arrastão.Pontos amostrados: P1 = Km 285; P2 = Km 350; P3 = Km 400; P4 = Km 450; P5 = Km 535; P6 = Km 615.268


AnfíbiosDurante a estação seca foram registradas 34 espécies de anfíbios (Anura) e umaespécie de salamandra anfíbio (Caudata), pertencentes a nove famílias: a família maisrepresentativa foi Hylidae com (12 spp.), Leptodactyidae (cinco spp.), Microhylidae,Bufonidae e Strabomantidae (quatro ssp.), Aromobatidae e Leiuperidae (duas spp.),Dendrobatidae e Plethodontidae (uma sp.). A contribuição relativa das distintas famílias nacomposição de anfíbios é mostrada na Figura 78.Durante a estação chuvosa foram registradas 60 espécies de anfíbios anuros e umade caudata (salamandra). Estas estão distribuídas em 11 famílias sendo a maisrepresentativa a família Hylidae com 25 espécies, seguida pelas famílias Leptodactyidae(nove espécies), Bufonidae e Aromobatidae (cinco espécies cada), Microhylidae eStrabomantidae (quatro espécies cada), Leiuperidae e Dendrobatidae (duas espécies cada),Centrolenidae, Eleutherodactylidae e Plethodontidae (uma espécie cada). A contribuiçãorelativa das distintas famílias na composição de anfíbios é mostrada na Figura 79.Figura 78 - Contribuição relativa das famílias registradas na composição da fauna de anfíbios durante o períodode seca.269


Nº de espécies302520151050HylidaeLeptodactylidaeAromobatidadeBufonidaeMicrohylidaeStrabomantidaeDendrobatidaeLeiuperidaeCentrolenidaeEleutherodactylidaePelthodontidaeFamíliasFigura 79 - Contribuição relativa das famílias registradas na composição da fauna de anfíbios durante a estaçãochuvosa.A rã Leptodactylus andreae (Leptodactylidae) (Figura 80) foi a espécie mais abundanteno período seco (n=97), seguida de Rhinella cf. proboscidea (n=26) (Bufonidae),Osteocephalus buckleyi (n=17) (Hylidae), Allobates sp. (n=16) (Aromobatidae), Hypsiboaslanciformis (n=13), Osteocephalus planiceps (n=13) (Hylidae) (Figura 81).Figura 80 - Abundância absoluta das espécies de anfíbios anuros com mais de dez registros durante o períodoseco.270


Figura 81 - Anfíbio anuro Leptodactylus andreae (Leptodactylidae) espécie mais abundante durante o períodoseco (Foto: V. T. Carvalho).O sapo-folha Rhinella cf. proboscidea (Bufonidae) (Figura 83) foi a espécie maisabundante (n=121) do período chuvoso, seguida pela rã Leptodactylus andreae(Leptodactylidae) (n=50), Leptodactylus rhodomystax (Leptodactylidae) (n=49),Chiasmocleis bassleri (Microhylidae) (Anexo VI) (n=23), Dendrophryniscus minutus (Hylidae)(n=21) e Dendropsophus cf. minutus (Hylidae) (n=21) (Figura 82).Os anfíbios menos abundantes na estação chuvosa foram: Adelphobates cf.quinquevitatus (Dendrobatdae), Allobates caeruleodactylus (Aromobatidae), Bolitoglossa cf.paraensis (Plethodontidae), Cochranella sp. (Centrolenidae), Engystomops freibergi(Leiuperidae), Hydrolaetare schimidti (Leptodactylidae), Leptodactylus lineatus(Leptodactylidae), Oreobates quixensis (Strabomantidae), Phyllomedusa tarsius (Hylidae),Phyllomedusa tomopterna (Hylidae) (Anexo VI), Pristimantis sp.2 (Strabomantidae) e Scinaxcf. garbei (Hylidae), cada uma delas com apenas um espécime registrado.271


120Nº de espécimes100806040200Rhinella cf. proboscideaLeptodactylus andreaeLeptodactylus rhodomystaxChiasmocleis bassleriDendrophryniscus minutusDendropsophus cf. minutusChiasmocleis avilapiresaeHypsiboas fasciatusScinax sp.1Osteocephalus taurinusEdalorhina pereziRhinella cf. margaritiferaRhinella marinaHypsiboas lanciformisEspéciesFigura 82 - Abundância absoluta das espécies de anfíbios anuros com mais de 10 registros durante o EIA darodovia BR-319 na estação chuvosa.Figura 83 – Sapo-folha Rhinella cf. proboscidea (Bufonidae) espécie com maior número de registros encontradadurante o EIA da rodovia BR-319 realizado em Janeiro de 2009. (Foto: V. T. Carvalho).LagartosNa estação seca foram registradas 23 espécies de lagartos, pertencentes a seisfamílias: a família Gymnophthalmidae foi a mais representativa com (nove spp.),Polychrotidae (cinco spp.), Teiidae (quatro spp.), Gekkonidae e Tropiduridae (duas spp.) eSphaerodactylidae (uma sp.) (Figura 84).272


Entre os lagartos foram registradas 14 espécies de lagartos na estação chuvosa,pertencentes a cinco famílias: a família Gymnophthalmidae foi a mais representativa comseis espécies, Polychrotidae e Teiidae (três espécies cada), Tropiduridae eSphaerodactylidae (uma espécie cada) (Figura 85).Figura 84 - Contribuição relativa das famílias registradas na composição da fauna de lagartos durante a estaçãoseca.Nº de espécies6543210GymnophthalmidaePolychrotidaeTeiidaeSphaerodactylidaeTropiduridaeFamíliasFigura 85 - Contribuição relativa das famílias registradas na composição da fauna de lagartos na estaçãochuvosa.O lagarto terrícola Alopoglossus angulatus (Gymnophthalmidae) (Figura 86) foi aespécie mais abundante durante a estação seca (n=17), Coleodactylus amazonicus(Gekkonidae) (n=10), Anolis fuscoauratus (n=10), Anolis nitens tandai (Polychrotidae)(n=10), Leposoma sp. (Gymnophthalmidae) (n=10). As espécies Cercosaura argulus273


(Gymnophthalmidae), Anolis ortoni e Anolis punctatus (Polychrotidae) foram menosabundantes, sendo representadas por apenas um espécime cada (Figura 88).Figura 86 - Lagarto Alopoglossus angulatus (Gymnophthalmidae) espécie mais abundante durante a estaçãoseca (Foto: V. T. Carvalho).O lagarto Coleodactylus amazonicus (Sphaerodactylidae) foi a espécie maisabundante na estação chuvosa (n=13) (Figuras 87 e 89), seguida por Anolis fuscoauratus(n=12) (Polychrotidae), Anolis nitens tandai (Polychrotidae) (n=12) e Kentropyx pelviceps(Teiidae) (n=9). Os lagartos das espécies Cercosaura argulus (Gymnophthalmidae) (AnexoVI), Anolis ortoni (Polychrotidae) e Tupinambis teguixim (Teiidae) foram os menosabundantes, sendo representados por apenas um indivíduo cada.Figura 87 - Indivíduo adulto da osga Coleodactylus amazonicus (Sphaerodaylidae) espécie com maior número deregistros encontrada durante o EIA da rodovia BR-319 na estação chuvosa.274


Figura 88 - Abundância absoluta das espécies de lagartos com mais de dez registros durante as atividades decampo por qualquer método de amostragens.14Nº de espécimes121086420Coleodactylus amazonicusAnolis fuscoauratusAnolis nitens tandaiKentropyx pelvicepsAlopoglossus atriventrisAmeiva ameivaPlica umbraCercosaura ocellataAlopoglossus angulatusLeposoma sp.Iphisa elegansAnolis ortoniCercosaura argulusTupinambis teguiximEspéciesFigura 89 - Abundância absoluta das espécies de lagartos registrada durante o EIA da rodovia BR-319 naestação chuvosa.SerpentesDurante a estação seca foram registradas 17 espécies de serpentes, pertencentes aquatro famílias: a familia Colubridae (11 spp.), Boidae (quatro spp.) e Typhlopidae e275


Viperidae (uma sp.). A contribuição relativa das distintas famílias na composição deserpentes é mostrada na Figura 90.Figura 90 - Contribuição relativa das famílias registradas na composição da fauna de serpentes durante aestação seca.Durante a estação chuvosa, entre as serpentes, foram registradas 26 espécies deserpentes pertencentes a cinco famílias: a familia Colubridae (16 espécies), Boidae (quatroespécies), Viperidae (três espécies), Typhlopidae (duas espécies) e Elapidae (uma espécie).A contribuição relativa dessas famílias na composição de serpentes é mostrada na Figura91.Nº de espécies1614121086420ColubridaeBoidaeViperidaeTyphlopidaeElapidaeFamíliasFigura 91 - Contribuição relativa das famílias registradas na composição da fauna de serpentes na estaçãochuvosa.276


A serpente dormideira Leptodeira annulata (Colubridae) (Figura 94) foi a espécie como maior número de regitros na estação seca (n=3), seguida de Chironius fuscus (Colubridae)e Bothrops atrox (Viperidae) (n=2). As outras 14 espécies foram registradas apenas uma vez(Figura 92).Na estação chuvosa a falsa coral Oxyrhopus melanogenys (Colubridae) foi a espéciecom o maior número de regitros (n=4) (Figura 93 e 95), seguida de Helicops angulatus(Colubridae) (n=3), Drymoluber dichrous (Colubridae) (n=3), Epicrates cenchria (Boidae)(n=2) (Anexo VI), Corallus hortulanus (Boidae) (n=2), Bothrops atrox (Viperidae) (n=2),Bothrocophias hyoprora (Viperidae) (n=2) e Atractus latifrons (Colubridae) (n=2) (Anexo VI).As outras 16 espécies foram registradas apenas uma vez.Figura 92 - Abundância absoluta das espécies de serpentes registrada durante estação seca.277


4Nº de espécimes3210Oxyrhopus melanogenysHelicops angulatusDrymoluber dichrousEpicrates cenchriaCorallus hortulanusBothrops atroxBothrocophias hyoproraAtractus latifronsAtractus sp.Bothrops braziliChironius multiventrisDipsas pavoninaDrepanoides anomalusEunectes murinusImantodes cf. lentiferusMicrurus lemniscatusLiophis typhlusSpilotes pullatusTyphlops reticulatusTyphlops sp.Umbrivaga pygmeaeXenodon severusXenopholis scalarisXenoxybelis argenteusEspéciesFigura 93 - Abundância absoluta das espécies de serpentes registrada durante o EIA da rodovia BR-319 naestação chuvosa.Figura 94 - Indivíduo adulto de dormideira Leptodeira annulata (Colubridae) encontrada durante a estação seca.278


Figura 95 - Indivíduo adulto da falsa-coral Oxyrhophus melanogenys (Colubridae) espécie com maior número deregistros encontrada durante o EIA da rodovia BR-319 durante a estação chuvosa.QuelôniosEntre os quelônios foram registradas quatro espécies pertencentes a duas famílias:Família Podocnemididae com duas espécies e Chelidae com duas espécies. As espéciesregistradas foram: as peremas Mesoclemmys gibba (Figura 96) e Platemys platycephala(Chelidae), o tracajá Podocnemis unifilis e o cabeçudo Peltocephalus dumerilianus(Podocnemididae).Figura 96 - Quelônio Mesoclemmys gibba (Chelidae) espécie registrada em poça caixa de empréstimo namargem da rodovia durante o EIA da BR-319 (Foto: V. T. Carvalho).JacarésEntre os jacarés foram registradas três espécies pertencentes unicamente a famíliaAlligatoridae. As espécies registradas foram o Caiman crocodilus (jacaré-tinga) (Anexo VI),Paleosuhus trigonatus (jacaré-pedra) (Figura 97) e Melanosuchus niger (jacaré-açu).279


Figura 97 - Jacaré-coroa Paleosuchus trigonatus (Alligatoridae) espécie registrada em poça (caixa deempréstimo), na margem da rodovia e nos igarapés durante o EIA da rodovia BR-319.Eficiência de captura por método de amostragemDurante a estação seca os métodos procura ativa e pitfall foram os mais eficientespara a captura de anfíbios, com 48,2 e 33,9% do total de indivíduos coletados,respectivamente (Figura 98). O método de procura ativa também foi o mais importante paraa caracterização das espécies de anfíbios existentes na área de influência da rodovia BR-319 pois detectou 82,9% de todas as espécies encontradas (Figura 98). Os demais métodosnão detectaram muito mais do que 30% das espécies. Quando analisamos o grupo doslagartos a maior proporção deles foi capturada através das armadilhas de interceptação equeda (Figura 99). Também foi por este método que 68,6% das espécies de lagartosencontradas na estação seca puderam ser registradas. Para as serpentes o maior númerode indivíduos (50,0%) e de espécies (57,1%) foi obtido através da procura ativa.Dentre os métodos utilizados neste estudo o mais eficiente para a captura deanfíbios, durante a estação chuvosa, foi a procura ativa, que registrou 49,1% de todos osespécimes coletados (Figura 100). Com os pitfall e encontros ocasionais foram coletados24,2 e 17,4% do total de indivíduos, respectivamente (Figura 100). Quando consideramos ametodologia com a qual obtivemos o maior número de espécies de anfíbios, destaca-setambém a procura ativa, que teve sucesso em registrar 87,3% do total de espéciesencontradas (Figura 101). Todos os demais métodos utilizados detectaram, individualmente,menos do que 40% das espécies de anfíbios nos seis módulos amostrados (Figura 101). Opitfall foi o método que mais capturou lagartos com 37,9% de todos os indivíduosencontrados (Figura 100). Encontros ocasionais foram importantes para a captura delagartos neste estudo com 33,3% de todos os indivíduos amostrados. Os demais métodosforam os responsáveis pela coleta dos 28,8% restantes (Figura 100). Quando considerados280


apenas o número de espécies capturado por cada método, também destacaram-se oencontro ocasional e o pitfall com 78,6 e 71,4% das espécies encontradas, respectivamente.Através da procura ativa, 42,9% das espécies foram capturadas (Figura 101). A procuraativa foi responsável pela captura de 40,5% de todas as serpentes (Figura 100) e por 41,7%de todas as espécies desse grupo encontradas durante o estudo (Figura 101). Embora onúmero de serpentes encontradas através do encontro ocasional não ter sido tão elevado(24,3%, Figura 100) este método foi bastante eficiente para identificar as espécies queocorrem na área do empreendimento, com 37,5% do total das espécies encontradas (Figura101).As ocorrências de crocodilianos registradas durante o estudo foram feitas através daprocura ativa e de encontros ocasionais. Durante a excursão realizada na estação seca,uma cabeça de jacaré recém coletada foi cedida por um morador local e utilizada comoregistro da espécie Paleosuchus trigonatus (Anexo VI).90,0%80,0%70,0%60,0%AnfibiosLagartosSerpentes50,0%40,0%30,0%20,0%10,0%0,0%PA PT CT EO FTMetodoFigura 98 - Percentual de espécies de anfíbios, lagartos e serpentes capturados por cada método utilizadodurante a estação seca nos seis módulos amostrados. (PA = procura ativa; PT = pitfall; EO = encontro ocasional;FT = funnel trap; CT = colaboração de terceiros).281


60,0%50,0%40,0%AnfibiosLagartosSerpentes30,0%20,0%10,0%0,0%PA PT CT EO FTMetodoFigura 99 - Percentual de indivíduos de anfíbios, lagartos e serpentes capturados por cada método utilizadodurante a estação seca nos seis módulos amostrados. (PA = procura ativa; PT = pitfall; EO = encontro ocasional;FT = funnel trap; CT = colaboração de terceiros).50%45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%AnfíbiosLagartosSerpentesPA PT EO FT CTMétodoFigura 100 - Percentual de indivíduos de anfíbios, lagartos e serpentes capturados por cada método utilizadodurante a estação chuvosa nos seis módulos amostrados. (PA = procura ativa; PT = pitfall; EO = encontroocasional; FT = funnel trap; CT = colaboração de terceiros).282


90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%AnfíbiosLagartosSerpentesPA EO PT FT CTMétodoFigura 101 - Percentual de espécies de anfíbios, répteis e serpentes obtidos por cada método de amostragemutilizado durante a estação chuvosa nos seis módulos amostrados. (PA = procura ativa; PT = pitfall; EO =encontro ocasional; FT = funnel trap; CT = colaboração de terceiros).Durante a excursão realizada na estação seca, dois ninhos de cabeçudo(Peltocephalus dumerilianus), um contendo 11 ovos e outro depredado por ação antrópica,foram encontrado às margens do igarapé Jacaretinga. Um ninho de tracajá (Podocnemisunifilis) foi encontrado em um barranco argiloso às margens do rio Novo. Um juvenil detracajá também foi avistado assoalhando às margens de uma caixa de empréstimo próximaao rio Novo. Nenhum quelônio foi capturado utilizando-se as hoop traps. Uma fêmea decabeçudo (Peltocephalus dumerilianus) foi capturada com trammel net no igarapéJacaretinga o que resulta numa taxa de captura de 0,005 cabeçudo/hora/trammel net.Um cágado (Mesoclemmys gibba) foi capturado com a rede de arrasto em uma dasquatro caixas de empréstimo amostradas. A caixa de empréstimo estava localizada próximaao módulo 1 do PPBio (vide Volume 8, Mapas e Cartas imagem, Mapa 16). A área alagadada caixa de empréstimo tinha entre 170 e 190 cm de profundidade e dimensões médias deaproximadamente 15 metros de largura por 70 metros de comprimento. Ao lado seu redorhavia uma pastagem abandonada, distante pelo menos 100 metros da floresta de terra-firmemais próxima, no lado oposto da estrada. Dois indivíduos de M. gibba também foramencontrados pela equipe da herpetofauna no módulo 5, durante a estação chuvosa, dentrode um igapó alagado.Em uma área alagada dentro da floresta, no módulo 6, um jabuti-machado (Platemysplatycephala) foi encontrado pela equipe responsável pelo levantamento de pequenosmamíferos durante o seu trabalho de campo de janeiro.Espécies de interesse econômico283


Dentre as espécies de interesse comercial figuram os jacaré-pedra (Paleosuchustrigonatus), jacaré-tinga (Caiman crocodilus), o tracajá (Podocnemis unifilis) e o cabeçudo(Peltocephalus dumerilianus).Espécies de interesse para a saúde públicaQuanto às espécies de interesse médico (serpentes peçonhentas) foram registradastrês espécies de jararacas (Bothrops atrox, B. aff. brazili e Bothrocophias hyoprora) e umade coral-verdadeira (Micrurus lemniscatus). Bothrops atrox é responsável pela maioria dosacidentes ofídicos registrados no estado do Amazonas principalmente nas áreas dascomunidades ribeirinhas. Esta espécie apresenta um comportamento relativamenteagressivo e uma coloração corpórea bastante críptica, o que dificulta a visualização em seuhábitat natural. A freqüência de ocorrência de acidentes ofídicos com as duas outrasespécies de jararaca é menor e quando ocorrem estas podem ser confundidas comSurucucu por apresentarem um padrão de coloração avermelhado. Apesar de haver umabaixa incidência de acidentes ofídicos com M. lemniscatus devido ao seu hábito semifossorial,a ação neurotóxica da sua peçonha pode ser fatal.Espécies raras, endêmicas e oficialmente consideradas ameaçadas de extinçãoEntre as espécies de anfíbios registradas, a perereca de vidro Cochranella sp.(Centrolenidae), Edalorhina perezi (Leiuperidae), Phyzelaphryne miriamae(Eleutherodactylidae). A perereca Phyllomedusa atelopoides (Anexo VI) (Hylidae) pode serconsiderada rara, por se tratar do primeiro registro para o estado do Amazonas. Estaespécie ocorre no sudeste do Peru e no Brasil sua distribuição era conhecida somente parao estado do Acre.Registramos uma espécie de Salamandra do gênero Bolitoglossa (Figura 102).Envolvido em uma grande confusão taxonômica o gênero Bolitoglossa no Brasil parece serrepresentado por B. paraensis recentemente retirado da sinonímia de B. altamazonica, eesta última, embora a distribuição geográfica e a caracterização morfológica de ambas sãopouco conhecidas. Assim, não sabemos no momento em qual destes táxons o espécime pornós coletado enquadra-se, ou ainda se representa um novo táxon.284


Figura 102. Salamandra Bolitoglossa cf. paraensis (Pelthodontidae), espécie considerada rara encontrada noponto 1 (km 285).Uma espécie de anuro da família Hylidae do gênero Hypsiboas encontrada emambos os pontos amostrados trata-se de uma nova espécie, ou seja, ainda não descritataxonomicamente. Pertencente ao grupo de Hypsiboas semilineatus e relacionada à H.geographicus é possível que esta nova espécie seja endêmica da floresta de Terra Firme dointerflúvio Madeira-Purus, uma vez que coletas de campo pelos autores nas margensdesses rios e em outros interflúvios não a contiveram.A análise de material depositado em coleções científicas como Coleção de Anfíbios eRépteis do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, Manaus - AM e Coleçãode anfíbios e répteis Célio Fernando Baptista Haddad - CFBH da Universidade EstadualPaulista - UNESP Rio Claro - SP, indicou que Hypsiboas geographicus, espécieamplamente distribuída pela Amazônia, provavelmente é um complexo de espéciesdistintas. O padrão de coloração encontrado nos espécimes coletados no presente estudo éconsistente aos exemplares coletados em localidades próximas e provavelmente sãocaracteres diagnósticos para esta nova espécie. Em fase de descrição taxonômica pelosautores, também vem sendo realizada a análise filogenética através de seqüenciamentogenético, para melhor entender os processos evolutivos desta espécie.Allobates caeruleodactylus é uma espécie que foi recentemente descoberta nomunicípio do Castanho, que se encontra às margens da rodovia BR 319, distante 40 Km aoSul de Manaus (Lima e Caldwell, 2001) (Figura 103). Este é o terceiro registro dedistribuição para esta espécie. Pouco se sabe sobre a sua biologia sendo necessários mais285


estudos para verificar se ela pode ser uma espécie vulnerável em termos de conservação.Os registros de ocorrência desta espécie existentes na literatura cientifica indicam umpossível endemismo para o interflúvio Madeira-Purus porém a escassez de dados a tornauma afirmação incerta.Figura 103: Anfíbio anuro Allobates caeruleodactylus (Aromobatidae) encontrado durante o EIA da rodovia BR-319, no canto superior detalhes da coloração azul presente nos dedos.Dentre as espécies de anfíbios encontrados no presente levantamento (Tabelas 36 e37), nenhuma é considerada como ameaçada, vulnerável ou em risco de extinção, segundoos critérios da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e FloraSilvestres Ameaçadas (CITES, 2007), IBAMA (portaria nº 1.522, de 19 de dezembro de1989 e portaria nº 45 -N, de 27 de abril de 1992) ou pela IUCN.Para a fauna de répteis três espécies podem ser consideradas relativamente rarasou de difícil amostragem. As serpentes Umbrivaga pygmaea e Xenopholis scalaris(Colubridae), a jararaca- bicuda Bothrocophias hyoprora (Viperidae) e o lagarto Cercosauraargulus (Gymnophthalmidae), registrada para o estado do Amazonas pela primeira vez porWaldez (2007).Para os répteis encontrados no presente levantamento (Tabelas 36 e 37) asespécies de quelônio de água-doce Podocnemis unifilis (tracajá) e Peltocephalusdumerilianus (cabeçudo) estão enquadradas na categoria vulnerável, devido ao risco deextinção a médio prazo. As espécies de jacaré Caiman crocodilus e Paleosuchus trigonatusestão incluídas como espécies sob baixo risco de extinção (IUCN, 2007).286


5.2.3.3.1.3 DiscussãoA região do interflúvio Madeira-Purus onde está situada a rodovia BR-319 possuiuma grande diversidade de herpetofauna (Anexo I), provavelmente relacionada aosdiferentes habitats que constituem as fisionomias encontradas em sua área de influênciadireta e indireta. A caracterização da fauna de anfíbios e répteis aumentousignificativamente o conhecimento sobre a composição da herpetofauna no trechocompreendido entre os quilômetros 280-615 da rodovia BR 319. No entanto a curva deacumulação de espécies não estabilizou para nenhum dos grupos taxonômicos amostradosem nenhum dos pontos de amostragem (Figuras 74 a 77). Durante o levantamento deanfíbios e répteis realizado em janeiro de 2009 houve um elevado índice de pluviosidade.Assim a eficiência de captura de algumas armadilhas de interceptação e queda foramprejudicadas devido ao solo estar saturado de água. Nestes casos os baldes enterradosficaram parcialmente submersos e não funcionaram da maneira esperada. Este fato explicaas diferenças encontradas entre os módulos de amostragem quando analisadas as curvasde acumulação de espécies (Figuras 76 e 77). Nos módulos 2 e 5 o solo não esteve tãoencharcado durante a amostragem e portanto o número de espécies e de indivíduoscapturados foi maior.Duellman (2005) realizou um estudo sobre a comunidade de anfíbios e répteis numaregião amazônica de floresta de terra-firme de Cusco (Peru) entre 1983 e 1991. Neste localforam registradas 66 espécies de anfíbios, 25 espécies de lagartos e 51 espécies deserpentes. Duellman (2005) utilizou um esforço total de captura de 992 pessoas/dia e,analisando a curva de acumulação de espécies por esforço de captura, verificou que com442 pessoas/dia 89% das espécies de anfíbios, 81% das espécies de lagartos e 79% dasespécies de serpentes já haviam sido registradas. Por outro lado, o autor verificou que ataxa de descoberta de novas espécies foi muito diferente entre os três grupos. A taxa dedescoberta de espécies de serpentes foi menor e mais gradual do que as taxas de anfíbiose lagartos. Aproximadamente a metade das espécies de anfíbios e répteis eram conhecidascom um esforço de captura de 70 pessoas/dia mas apenas 23% das espécies de serpenteshaviam sido registradas. Duellman (2005) concluiu que para acumular uma boa lista deespécies em qualquer assembléia de anfíbios e répteis é necessário um grande esforço decaptura e que estudos de curta duração, tais como a Avaliação Ecológica Rápida utilizadapara a elaboração do EIA/RIMA da rodovia BR-319, provém apenas uma amostra parcial datotalidade da herpetofauna. Sendo importante salientar que esta abordagem é a maisadequada para a construção de diagnósticos em estudos de avaliação de impactosambientais, uma vez que fornecem uma visão geral da biota da área, permitindo a287


construção de hipóteses que serão testadas em pesquisas científicas de médio e longoprazos.O último workshop organizado em 2003 pela IUCN - União Internacional para aConservação da Natureza, CI – Conservation International, CABS – Centro de Ciênciasaplicadas à Biodiversidade da Conservação Internacional e outras instituições, teve comoprincipais objetivos, mapear a distribuição geográfica e avaliar o status dos anfíbiosbrasileiros. Foram avaliadas 731 espécies, resultando em seis consideradas comocriticamente em perigo, seis em perigo, 12 vulneráveis, uma extinta, 21 quase ameaçadas e205 com dados insuficientes (IUCN, 2007).A compilação dos resultados da lista brasileira e da lista do GAA – Global AmphibianAssessment apresentou 26 espécies caracterizadas como ameaçadas de extinção e umaespécie extinta, distribuídas em 16 Estados Brasileiros (AC, AL, AM, AP, BA, CE, ES, MG,PA, PE, RR, SC, SE, SP, RJ e RS) (IUCN, 2007). Dessas, 23 ocorrem nos domínios dobioma Mata Atlântica e três na Amazônia (Silvano e Segalla, 2005). Para o estado doAmazonas, a única espécie presente nessa lista é o Atelopus spumarius (IUCN, 2007), nacategoria vulnerável.De acordo com lista de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção,elaborada em 2003 pelo IBAMA com a colaboração da Fundação Biodiversitas, SociedadeBrasileira de Zoologia, com apoio da Conservation International e Instituto Terra Brasilis, epublicada pelo Ministério do <strong>Meio</strong> Ambiente, estão registrados somente 16 espécies deanfíbios anuros e 20 espécies de répteis.Segundo Azevedo-Ramos e Galatti (2001) as informações inerentes ao status deconservação de anfíbios amazônicos ainda são escassas. Para os répteis a situação é aindamais crítica, porque a escassez de informações é ainda maior em comparação aos anfíbios.A falta de pesquisas de monitoramento e avaliação de médio e longo prazo das populaçõesdificulta a elaboração de listas confiáveis de espécies ameaçadas. Portanto, as listasatualmente disponíveis de espécies ameaçadas que contemplam a herpetofaunaamazônica, devem ser analisadas com cautela. É possível que algumas espécies estejamsob risco de ameaça.Registramos uma espécie pertencente ao grupo de Hypsiboas semilineatus erelacionada à H. geographicus e é possível que esta seja uma nova espécie e endêmica dafloresta de Terra Firme do interflúvio Madeira-Purus, uma vez que coletas de campo pelosautores nas margens desses rios, e em outros interflúvios, não a contiveram. A análise dematerial depositado em coleções científicas como Coleção de Anfíbios e Répteis do InstitutoNacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, Manaus - AM e Coleção de anfíbios e répteisCélio Fernando Baptista Haddad - CFBH da Universidade Estadual Paulista - UNESP Rio288


Claro - SP, indicou que Hypsiboas geographicus, espécie amplamente distribuída pelaAmazônia, provavelmente é um complexo de espécies distintas. O padrão de coloraçãoencontrado nos espécimes coletados no presente estudo é consistente aos exemplarescoletados em localidades próximas e provavelmente são caracteres diagnósticos para estanova espécie. Em fase de descrição taxonômica pelos autores, também vem sendorealizada a análise filogenética através de seqüenciamento genético, para melhor entenderos processos evolutivos desta espécie.Um importante registro sobre a fauna de anfíbios foi o registro da Salamandra dogênero Bolitoglossa. Envolvido em uma grande confusão taxonômica o gênero Bolitoglossano Brasil é representado por B. altamazonica e B. paraensis (Figura 102) recentementeretirado da sinonímia daquela. A distribuição geográfica e a caracterização morfológica deambas são pouco conhecidas. Assim não sabemos no momento em qual destes táxons oespécime por nós coletado enquadra-se ou ainda se representa um novo táxon.Para a fauna de lagartos, um importante registro foi o lagarto da famíliaGymnophthalmidae, Cercosaura argulus, espécie registrada para o estado do Amazonaspela primeira vez na região do baixo rio Purus no município de Beruri (Waldez, et al., 2005)e na região do baixo rio Juruá, município de Juruá (Carvalho et al., 2006) durante o Plano deManejo da Resex do baixo Juruá. O registro de C. argulus para o estado do Amazonasdurante este estudo na rodovia BR-319 é o terceiro da espécie, ampliando o conhecimentosobre a distribuição.Para os répteis de hábitos fossoriais e semifossoriais, duas espécies foramencontradas, ambas do gênero Typhlops. As espécies deste gênero são difíceis de seremamostradas em levantamentos de curto prazo. O referido gênero aparece com maiorfreqüência durante a estação chuvosa quando suas galerias são alagadas pela água dachuva forçando com que a mesma saia do solo e venha à superfície. Outra espécieimportante registrada durante os estudos foi o colubrídeo de pequeno porte Umbrivagapygmaea, espécie pouco conhecida com relação à sua biologia e principalmente suadistribuição geográfica.Durante este estudo foram encontradas quatro espécies de quelônios das 13 quecujo limite de distribuição inclui a área da rodovia BR-319 (Iverson, 1992; Jerozolimski,2005; Rueda-Almonacid et al., 2007). Em entrevistas realizadas com os moradores daregião, utilizando uma prancha com fotos de quelônios Amazônicos, foram tambémreconhecidas por eles outras espécies existentes na região: Chelus fimbriatus, Podocnemissextuberculata, Podocnemis expansa e Rhinemys rufipes.As duas espécies do gênero Podocnemis identificadas através das entrevistas sãomais facilmente capturadas através de trammel nets durante a estação da seca nos rios,289


quando estas deixam a floresta inundada e migram para a calha dos rios principais paradesovar (Fachín-Terán et al., 2003; Vogt, 2004). Já o mata-matá (Chelus fimbriatus), apesarde sua ampla distribuição geográfica (Iverson, 1992), dificilmente é detectado emlevantamentos ecológicos rápidos. Na Amazônia brasileira a densidade populacional destaespécie costuma ser muito baixa. O único local conhecido onde existe uma populaçãoabundante desta espécie é o Parque Nacional do Viruá, no estado de Roraima (Nascente etal., 2008). Vinte e dois exemplares de mata-matá foram capturados em poucos dias durantea estação seca do Rio Branco utilizando-se trammel nets. Rhinemys rufipes habita igarapésde floresta de terra-firme e costuma ser capturada através de armadilhas do tipo hoop trap.Essa é também uma espécie de difícil detecção durante levantamentos ecológicos rápidos.Dentre as três espécies de quelônios observadas durante o trabalho de campo otracajá (Podocnemis unifilis) costuma ser capturado durante a estação seca dos rios atravésde trammel nets em lagos de várzea na confluência dos rios Juruá e Solimões (Balensiefer eVogt, 2006), em remansos de praias e ressacas do rio Trombetas, na Reserva Biológica deTrombetas, no estado do Pará (Rafael Bernhard, observação pessoal).As hoop traps funcionam bem para a captura de tracajás no rio Guaporé, na divisado Brasil e da Bolívia (Fachín-Terán e Vogt, 2004). Embora nenhum tracajá tenha sidocapturado através destes dois métodos no presente estudo a presença desta espécie foiconstatada através da observação direta de um juvenil assoalhando e de uma desovaencontrada. Os ovos desta espécie são elípticos e apresentam uma casca dura, sendoinconfundíveis com os ovos de outras espécies de quelônios potencialmente existentes naregião. Estimativas mais precisas sobre a sua distribuição e abundância nos rios, lagos eigarapés presentes na área de influência da rodovia BR-319 serão possíveis apenas emestudos de médio a longo prazo.O cabeçudo, Peltocephalus dumerilianus, capturado através de trammel net noigarapé Tinga, é uma espécie dificilmente capturada através dos métodos de captura decientíficos tradicionais. Segundo De La Ossa (2008) o método mais eficiente para a capturade cabeçudo no baixo Rio Negro foi o jaticá, comparado à hoop trap e à trammel net. Ojaticá consiste em um pequeno arpão sem farpa (Pezzuti, 2003) que é lançado sobre ocabeçudo perfurando levemente a sua carapaça. O jaticá não foi utilizado durante esteestudo, pois depende da habilidade do coletor para a captura e dificulta uma padronizaçãodo esforço de captura.O índice de captura obtido neste estudo (0,005 cabeçudos/hora/trammel net)aproxima-se bastante do índice de captura obtido no rio Ayuanã, município de Santa Isabeldo Rio Negro, estado do Amazonas. Neste local o esforço de captura foi de 8268,22horas/trammel net e foram capturados 27 cabeçudos, resultando em um índice de captura290


de 0,003 cabeçudos/hora/trammel net (dados não publicados). O objetivo do estudo no rioAyuanã era a captura de irapucas (Podocnemis erythrocephala) e o índice de captura paraesta espécie foi bem maior (0,60 irapucas/hora/trammel net). Na Reserva deDesenvolvimento Sustentável Mamirauá, situada na confluência dos rios Solimões e Japurá,estado do Amazonas, um programa de monitoramento de quelônios teve início em 1997.Este programa utiliza um esforço de captura padronizado de trammel nets para verificar asituação dos quelônios aquáticos durante a estação seca na reserva. O índice de captura deiaçás (Podocnemis sextuberculata) foi de 0,41 iaçás/hora/trammel net (Fachín-Terán et al.,2003). Neste mesmo estudo foi constatado que há influência do período do ciclo de cheia eseca dos rios da região sobre a taxa de captura de iaçás, sendo o período da cheia o menospropício à captura de quelônios.As principais ameaças de impacto sobre a diversidade da fauna de anfíbios e répteissão: destruição de habitats, poluição da água, a contaminação da água e do solo por meiode pesticidas, espécies invasoras, comércio ilegal de animais silvestres e recentementemudanças globais (Silvano e Segalla, 2005). Esses impactos são decorrentes em grandeparte dos grandes empreendimentos e de grandes programas de desenvolvimento, taiscomo: construção de estradas, formação de pastagens, construção de usinas hidrelétricas,colonização de áreas florestais, exploração de mineradoras e monoculturas (Fearside, 1999;Gascon et al. 2001; Laurance, 2001; Silvano e Segalla, 2005).No Brasil, pouco se conhece sobre a questão do declínio global de anfíbios, apesardo assunto ser estudado desde a década de 80. Becker et al. (2007) demonstraram adesconexão entre os habitats utilizados pelos anfíbios em seus diferentes estágios dahistória de vida causada pelo Homem (habitat split) pode ter conseqüências negativas paraa anurofauna. As espécies mais suscetíveis a este efeito seriam aquelas que necessitam decorpos d’água para desenvolverem-se durante a fase de girinos. Espécies que utilizamapenas habitats terrestres em todo o seu ciclo de vida não seriam tão afetadas.O empreendimento da rodovia BR-319 deverá facilitar o acesso de pessoas às áreasde vida destes animais. A principal conseqüência provavelmente será o aumento da pressãode caça e o comércio ilegal de espécies para o mercado de animais de estimação efarmacêutico (biopirataria). Como exemplos de animais vendidos como animais deestimação temos os anfíbios dendrobatídeos (devido à coloração exuberante de sua pele),as serpentes da família Boidae (Corallus caninus, C. hortullanus e Boa constrictor), osquelônios, entre outros. Ainda, na Amazônia, a caça de quelônios e jacarés faz parte dacultura tradicional.Das três espécies de quelônios encontradas na área de influência direta dareconstrução da rodovia BR-319 duas são muito utilizadas como alimento pelos moradores291


da região Norte do Brasil: Peltocephalus dumerilianus (De La Ossa, 2008) e Podocnemisunifilis (Fachín-Terán, 2000, De La Ossa, 2008). Na área da rodovia BR-319 uma carapaçade cabeçudo consumido foi encontrada na casa de um dos moradores do Igapó-Açú. Osovos de um ninho de cabeçudo foram levados por algum morador da região no igarapéTinga. Estas duas espécies são consideradas atualmente vulneráveis pela Lista Vermelhada Fauna Ameaçada da IUCN e estão incluídas na Apêndice II do CITES devido à intensaexploração de sua carne e ovos (Rueda-Almonacid et al., 2007).Mesoclemmys gibba, por outro lado, raramente é utilizada como alimento e não éconsiderada ameaçada pela IUCN ou pelo CITES (Rueda-Almonacid et al., 2007). Oaumento da presença humana na área, desde o período de reconstrução da rodovia BR-319até a fase de funcionamento, poderá acarretar numa maior pressão de caça principalmentesobre as espécies mais apreciadas para o consumo humano: Peltocephalus dumerilianus,Podocnemis unifilis, Podocnemis expansa e Podocnemis sextuberculata. Poderá havertambém um aumento na pressão de coleta de ovos, já existente na região.A caça e a coleta de ovos poderão ocorrer tanto para a subsistência dos moradoreslocais quanto para a comercialização, afetando uma área que se estende muito além daárea de influência da rodovia. As espécies acima listadas já sofrem forte pressão antrópicanos rios Madeira e Purus. A rodovia BR-319 e suas vias vicinais poderão se tornar umanova rota para o tráfico destes animais para Manaus. Para evitar o aumento no consumo dequelônios e de seus ovos todas as pessoas que estiverem trabalhando direta ouindiretamente na reconstrução da rodovia deverão ser orientadas sobre a legislaçãoambiental que proíbe a caça e a comercialização da fauna silvestre. Estas orientaçõesdeverão ser complementadas com uma rígida fiscalização e um programa de educaçãoambiental, extensivos também aos motoristas que transitarem pela rodovia durante e após asua reconstrução.Os atropelamentos de fauna são um grave problema das rodovias. No Pantanal umestudo com duração de 13 anos revelou um aumento oito vezes no número de animaisatropelados ao longo de 1350 km de rodovias federais (de 1.120 mortes anuais em 1992para 8.090 mortes anuais em 2002). O mesmo estudo registrou um aumento na rodovia de310 km que circunda o Parque Nacional das Emas, no Cerrado (405 mortes anuais em 1999e 540 mortes anuais ao final de 2002, Fischer, et al. 2003). Nas rodovias amazônicas esteproblema também existe. Siqueira et al. (2006) monitoraram dois trechos da BR 174 nosestados do Amazonas e Roraima, entre os meses de março a junho de 2006, totalizando1249 km percorridos. Os autores encontraram 73 animais atropelados sendo os répteis osmais atingidos (45%), seguido aves (21%), anfíbios (18%) e mamíferos (16%).292


A rodovia BR-319 foi construída há mais de 30 anos. Nesta época formaram-sepoças alagadas ao longo da rodovia a partir das caixas de empréstimo. A presença de umexemplar de Mesoclemmys gibba em uma destas poças indica que está havendo autilização destes novos ambientes por esta espécie. Mesoclemmys gibba é uma espécieque habita canos e lagos de águas lênticas, pouco profundas e rodeadas de floresta degaleria ou de floresta primária (Rueda-Almonacid et al., 2007). No município de Santa Isabeldo Rio Negro, estado do Amazonas, um exemplar foi capturado numa área alagada comuma hoop trap, dentro de uma floresta de terra-firme, contendo em seu estômago o fruto dapalmeira buriti (Mauritia sp.)(Rafael Bernhard, observação pessoal). Segundo o relato decaçadores da região esta espécie pode ser vista, raramente, deslocando-se pela floresta deterra-firme entre as áreas alagadas. Durante o deslocamento de Mesoclemmys gibba entreos seus habitats aquáticos esta espécie pode vir a atravessar a rodovia. As caixas deempréstimo aparentemente tornaram-se mais um ambiente propício a esta espécieaumentando as chances de atropelamentos. Os atropelamentos somados ao maior fluxo deveículos e à retirada da vegetação durante a reconstrução da estrada poderá aumentar oefeito barreira da rodovia BR-319 para Mesoclemmys gibba, isolando assim indivíduos delados opostos.Existem vários estudos sobre o efeito da composição da paisagem e dos impactosde rodovias sobre populações naturais de quelônios. Nos Estados Unidos com uma espéciede tartaruga aquática Chrysemys picta em 37 poças, presentes numa paisagem que varioudesde um hábitat circundante bem preservado até habitats alterados pela presença humana,constatou-se que o desenvolvimento urbano e suburbano pode afetar a estrutura dapopulação desta espécie sem, no entanto, resultar em mudanças imediatas em suaabundância. No entanto, mudanças na taxa de recrutamento, causadas pela alteração dohábitat de desova desta espécie pode eventualmente levar à extinção local de suaspopulações (Marchand e Livtaitis, 2004). Já Steen e Gibbs (2004) verificaram uma reduçãona quantidade de fêmeas de Chrysemys picta e Chelydra serpentina em poças próximas àrodovias. A maior quantidade de machos pode ser atribuída à grande mortalidade de fêmeaspor atropelamentos quando estas se deslocam para desovar.Em um estudo realizado durante quatro anos em 17 lagos em um mosaico depaisagem alterada pela agricultura Bowne et al. (2006) verificaram que a qualidade dohábitat aquático e a distância entre os habitats influíram sobre o grau de conectividadedestes ambientes para Chrysemys picta. Este fato ficou mais evidente durante a estaçãoseca do que na estação chuvosa. Para a espécie encontrada na caixa de empréstimo aolado da rodovia BR-319, Mesoclemmys gibba, não existem estudos sobre o seu padrão demovimentação ou sobre a sua abundância e distribuição em seu habitat natural. Torna-se293


necessário, portanto, um estudo aprofundado sobre estes aspectos da ecologia dessaespécie para compreendermos melhor o impacto que a construção de uma rodovia pode tersobre suas populações.Um programa de monitoramento de atropelamento de fauna deverá ser implantadopara avaliar a situação futura, após a retomada do tráfego na rodovia. Caso seja constatadoo atropelamento de anfíbios e répteis os locais onde estes ocorrem deverão ser identificadose passagens de fauna próprias para estes grupos deverão ser construídas e mantidaspermanentemente. Placas de trânsito alertando para a passagem animais silvestres deverãoser instaladas. O trabalho de educação ambiental com motoristas deverá incluir a direçãopreventiva para evitar atropelamentos.AvesA bacia amazônica apresenta a maior riqueza de espécies de aves já descrita nomundo, tanto em termos do conjunto de espécies numa região (diversidade beta), como nonúmero de espécies em um dado ponto (diversidade alfa) (Amadon, 1973; Pearson, 1977;Terborgh et al., 1990). Entretanto, esta enorme diversidade ainda é pouco conhecida. Defato, o número de locais na bacia amazônica que podem ser considerados comorelativamente bem estudados (com listas apuradas de espécies) é mínimo. Dentre esses seencontram as florestas de terra firme da região ao norte de Manaus (Cohn-Haft et al., 1997),a região do Parque Nacional do Jaú (Borges et al., 2001) também no estado do Amazonas,a área de Alta Floresta no Mato Grosso (Zimmer et al., 1997), e o Parque Nacional daAmazônia no Pará (Oren & Parker, 1997). Regiões amazônicas inteiras sequer foramamostradas no passado (Oren & Albuquerque, 1991), e estudos de campo recentes nãoapenas têm ampliado as distribuições conhecidas de numerosas espécies de aves emcentenas ou até milhares de quilômetros (Cohn-Haft et al., 1997; Whittaker & Oren 1998;Borges et al,. 2001), como também têm resultado em descobertas de algumas espécies deaves novas para a ciência (ex. Whittaker, 2002; Whitney et al., 2004).Apesar desta falta generalizada de informações ornitológicas para a Amazônia, asaves ainda podem ser consideradas como o grupo biológico mais conhecido. Desde asgrandes expedições estrangeiras do começo do século XIX (ex. Wied-Neuwied, 1820; 1821;Spix, 1824, 1825; Pelzeln, 1868-1870), a coleta ornitológica vem alimentando a construçãode um conhecimento bem desenvolvido da diversidade e distribuição de espécies de avesamazônicas. A primeira compilação destes dados diversos foi a obra enciclopédica doHellmayr (Cory, 1918, 1919; Cory e Hellmayr, 1924, 1925; Hellmayr, 1929, 1934, 1935,1936, 1938; Hellmayr e Conover 1942, 1948a, b, 1949), que até hoje serve de fontebibliográfica importante. Pinto (1938, 1944, 1978) fez a mais importante e abrangente294


síntese dessas informações quanto a aves brasileiras em língua portuguesa. Desde então,com o constante aumento na literatura técnica sobre aves brasileiras (ex. Paynter & TayloyJr, 1991; Oniki e Willis, 2002), inclusive as amazônicas, vem uma noção cada vez maisaprimorada de distribuições. Hoje em dia, encontram-se para cada espécie de ave daAmérica do Sul mapas de sua distribuição (Ridgely e Tudor, 1989, 1994; del Hoyo et al.,1992-2004), inclusive em formato digital de arquivos apropriados para análise em sistemasde informações geográficas (Ridgely et al., 2003). É de se esperar que a qualidade destesmapas depende da quantidade e qualidade dos dados disponíveis para sua confecção e,assim, varia conforme a espécie e a região específica.Para avaliar o impacto na avifauna de qualquer projeto de construção ou obra,naturalmente, precisa-se saber quais espécies ocorrem no local. Infelizmente,especificamente para a região do interflúvio dos rios Madeira-Purus, levantamentospublicados são praticamente inexistentes. Os dados da obra clássica sobre as aves do RioMadeira (Hellmayr, 1910), por exemplo, foram incorporados em trabalhos sintéticossubseqüentes e tratam somente de um trecho próximo ao rio. De forma parecida, o rio Purusfoi objeto de coleta ornitológica realizada na década de 1920 por um coletor norteamericano,Samuel Klages e subsequentemente pelos irmãos Olalla. A única publicação delevantamentos a sair disso foi a do Gyldenstolpe (1951) que, apesar de sua boa qualidade,trata somente da beira do rio e apresenta uma superficialidade quando comparada cominventários atuais. Então, os mapas citados acima (ex. Ridgely et al., 2003), apesar de suaescala grosseira, representam a síntese mais recente que existe, presumivelmente incluindotodo o material disponível em fontes primárias até então. Devido a total falta delevantamentos no interior do interflúvio, obrigatoriamente trataram a área de estudo nossaatravés de extrapolação e interpolação entre os pontos distantes já estudados.Nossa equipe, da Curadoria de Aves do Programa de Coleções do Instituto Nacionalde Pesquisas da Amazônia (INPA), começou a estudar a avifauna do interflúvio Madeira-Purus em meados da década de 1990 e intensificou sua amostragem nos últimos cincoanos. Atualmente, coordenamos um projeto de pesquisa sobre a biodiversidade desta região(http://www.geoma.lncc.br/modelagemdabiodiversidade.htm). Já apresentamos algunsaspectos do potencial ornitológico da região (Cohn-Haft, 2003) e uma série delevantamentos relevantes à área do empreendimento (Cohn-Haft et al., 2007). Estamosconstruindo o mais completo banco de dados existentes sobre a avifauna do interflúvio, noqual a maior contribuição vem de dados de nossos próprios levantamentos.O interflúvio Madeira-Purus é uma das regiões amazônicas menos estudadas.Estudos feitos por esta equipe nos últimos anos, a maioria ainda não publicada,acrescentaram consideravelmente o conhecimento regional e resultaram na descoberta de295


numerosos registros novos e até espécies novas de aves. O banco de dados sintetizadoaqui representa o mais detalhado e apurado conhecimento existente da avifauna da região.Mesmo assim, a alta taxa de descoberta na região indica que esta síntese necessariamentesubestima a real diversidade da área.Mais de 740 espécies de aves ocorrem regularmente no interflúvio Madeira-Purus,incluindo somente a parte amazonense (Anexo VII). (Este número aumentariaconsideravelmente se incluisse no cálculo a porção acreana do interflúvio). Isto representamais que 40% de toda a avifauna brasileira e aproximadamente 60% da avifauna daAmazônia. Apesar de ser o menor interflúvio amazônico (entre os principais afluentes), éindisputavelmente o mais rico em espécies de aves.Esta diversidade recordista se deve à extraordinária heterogeneidade de ambientescontida nessa área, incluindo florestas de terra firme de vários portes e composições,florestas alagáveis por água barrenta e por águas preta e cristalina, campinaranas, camposnaturais alagáveis, cerrado, e áreas com prevalência de bambu nativo no subbosque(tabocais). Todos estes ambientes contêm elementos específicos de avifauna, alémdaquelas espécies de mais ampla preferência de habitat.Os habitats e seu estado de preservaçãoO estado ainda muito bem preservado da maioria destes ambientes na área deestudo contribui à diversidade ornitológica. O habitat amazônico mais rico para aves é afloresta de terra firme, que perde espécies abruptamente e progressivamente ao longo dotempo, na medida que sofre fragmentação ou mesmo corte seletivo. As florestas de terrafirme neste interflúvio encontram-se entre as mais intactas e mais ricas de toda a Amazôniabrasileira. Isto claramente se deve, em grande parte, à baixíssima densidade populacionalhumana, inclusive a total falta de cidades entre Humaitá e Careiro do Castanho, ocasionadapela dificuldade de acesso.Os dois complexos de campos naturais (um no norte, na bacia dos rios Matupiri e RioPreto do Igapó-açu, e outro ao sul na região de Humaitá-Puciari) e as florestas baixas decampinarana ao seu redor são preciosidades ecológicas, inclusive para avifauna. Sua faunaé relativamente pobre, quando comparada com a das florestas, mas com um alto grau deespecificidade. Contém toda a avifauna restrita a estes ambientes, inclusive espécies cujapopulação global é limitada às poucas áreas de campo e campinarana encravadas eespalhadas pela floresta amazônica (p. ex., Chordeiles sp., Elaenia ruficeps, Cnemotriccussp.1, Xenopipo atronitens, Tachyphonus phoenicius). Estes complexos de campo na área deestudo são os mais extensos e bem preservados exemplos deste ecossistema na metadesul da Amazônia.296


Os campos da porção sul (Humaitá) contêm muitos elementos avifaunísticos típicosde cerrado (p. ex., Rhynchotus rufescens, Chordeiles pusillus, Nystalus chacuru, Suiririsuiriri, Mimus saturninus, Ammodramus humeralis), inclusive populações de espécies dobioma Cerrado listadas como ameaçadas globalmente (Anexo VIII). É irônico que o estadodo Amazonas preserve alguns dos melhores exemplos de cerrado remanescentes no país.O complexo sul de campos, incluindo aqueles com características de cerrado, já estásob pressão antrópica e mostra sinais de degradação ambiental em alguns lugares. A cadaano chegam mais agricultores, provindos principalmente do sul do país, abrindo estradas,queimando campo natural, implantando gado e revirando os solos para plantio. As áreasantropizadas contêm uma avifauna depauperada e caracterizada por espécies oportunistase invasoras. O processo de colonização humana e faunística repete aquele bem conhecidoe documentado no sul e claramente se associa com estradas e a entrada de gente decultura não tradicional local.Além de apresentar exemplares clássicos de campina amazônica e de cerrado, oscampos na verdade são extremamente variados em suas características de fisionomiavegetal, florística e avifauna. Assim, desafiam as classificações atuais de fitofisionomias erepresentam um fenômeno em si. A singularidade de cada campo reforça sua importânciaúnica ecológica.Ao mesmo tempo que cada campo parece ser único, a totalidade dos camposfuncionam como complexos ou metapopulações, mantendo populações viáveis de suaavifauna, devido à existência do complexo todo, onde cada campo sozinho não teriatamanho suficiente para manter populações. Ainda não existem levantamentos completosdestes lugares remotos, muito menos estudos detalhados de sua genética populacional.Mas é esperado que os dois complexos ajam como metapopulação para algumas espéciese que tenham endemismos próprios (falta de fluxo gênico entre si) para outras. Nestecenário, todos têm valor, insubstituibilidade e dependência entre si iguais.Outros ambientes estão predominantemente intactos com seu componenteavifaunístico completo. Os igapós extensos hospedam uma avifauna específica, abundantee de fácil apreciação. Mostram uma beleza cênica também que rapidamente se degrada napresença de populações humanas maiores. As várzeas e os tabocais se localizam maisdistante do principal eixo de pressão antrópica direta da rodovia. Entretanto, contêm umaproporção importante e singular da avifauna da região e por isso devem ser contempladosem planos mitigadores de impactos.Endemismo297


Na literatura ornitológica, o interflúvio Madeira-Purus não é reconhecido como umaárea de endemismo para aves. Isso parece refletir, entretanto, mais a falta de estudos doque a real situação. Em nossos levantamentos nos últimos anos, identificamos três espéciesde aves como endêmicas do interflúvio—todas espécies novas para a ciência. Os estudosanteriores eram tão poucos, e tão direcionados às proximidades das margens dos riosMadeira e Purus, em detrimento de boa cobertura do interflúvio, que simplesmente deixaramde detectar essas espécies que ocorrem somente alí. Essas são:Herpsilochmus sp.—pequeno tamnofilídeo do dossel da mata de terra firme ecampinarana. Casais monogâmicos mantém territórios pequenos (~5ha) e frequentementeacompanham bandos mistos de outras espécies de aves nas copas das árvores. Dentro dointerflúvio, foi encontrado em todos os pontos de estudo entre Careiro do Castanho no nortee o “ramal do Mucuim” no sul, a 50 km a oeste de Porto Velho, no Município de Canutama.Ainda não foi encontrado nos estados de Rondônia ou Acre. A leste do rio Madeira ésubstituido ecologicamente por outra espécie nova cogenérica. A oeste do Purus, foiausente próximo a Tapauá. Entretanto, uma espécie de Herpsilochmus ainda nãoidentificada foi encontrada no Urucu, que pode referir a esta espécie ou outra tambémdesconhecida. Mesmo se for esta espécie nova, estendendo sua distribuição para além dointerflúvio, é pouco provável que estende ainda mais longe, pois ocorreria nas áreas dabacia do Juruá, onde estudos não a detectaram, e no sudeste do Peru, onde a longatradição de estudos ornitológicos certamente teriam a detectado. Assim, se passa dointerflúvio, vai ser por pouco, não alterando as conclusões qualitativas sobre a importânciada preservação das matas do interflúvio para sua conservação.Hemitriccus sp.—outra espécie nova, um minúsculo tiranídeo do subbosque da matade terra firme, parecido com H. minor. É claramente restrito ao interflúvio, pois é substituidoecologicamente nas áreas adjacentes por outras espécies do mesmo complexo, que nuncaocorrem em simpatria.Cyanocorax sp.—esta espécie nova de gralha, descoberta em 2002 e coletada pelaprimeira vez em 2005, ocorre em todos os campos amostrados nos complexos norte e suldo interflúvio, com a exceção do campo ao lado da cidade de Humaitá. Esta se caracterizacomo cerrado e não apresenta a vegetação preferida da gralha: a borda estreita decampinarana beirando os campos. A gralha só ocupa essa faixa de vegetação, afastando nomáximo uns 100m da beira dos campos, onde nidifica em capões de mata de campinaranacercados de campo aberto. A espécie é grande, gregária e conspícua, e não há dúvida que,se ocorresse mais amplamente, já teria sido descoberta há muito tempo. Em ambientesparecidos na margem direita do Madeira, uma outra espécie congênere ocorre. Assim, seu298


endemismo ao interflúvio está certo. Isso já a qualifica como espécie ameaçada (Figura104).Figura 104 - Espécie nova de ave, a gralha Cyanocorax sp., recém descoberta e endêmica do interflúvioMadeira-Purus. Ocorre em bandos nas bordas dos campos naturais da área de estudo, onde já se qualifica comoameaçada de extinção, segundo critérios internacionais. Na parte sul de sua distribuição, seu habitat équeimado anualmente por agricultores. Sua área total de ocupação é tão pequena que requer preservação detodos os campos naturais do interflúvio. (Foto: Mario Cohn-Haft).Outras espécies — a descoberta de três espécies novas endêmicas do interflúvionos últimos anos demonstra o grau de desconhecimento prévio da região e sugere que, commaiores estudos, haja mais a serem descobertas. Além disso, há um padrão, em toda aAmazônia, de que as espécies de ampla distribuição contêm variações genéticas crípticasem cada interflúvio principal. Assim, o grau de endemismo em cada um é de fato muitomaior que aquele descrito atualmente na literatura. Já que o interflúvio Madeira-Purus semostra somente agora como área de endemismo para aves, é bem provável que hajatambém muito mais endemismo críptico do que atualmente detectado. Faltam estudosgenéticos para esclarecer a situação, mas vale ressaltar que o número três de espéciesendêmicas de aves é conservador.299


Espécies ameaçadasQuatro espécies na área de estudo são consideradas ameaçadas de extinção.Crax globulosa—tratado como “deficiente de dados” na lista brasileira e ameaçado em grau“Vulnerável” na lista internacional (IUCN). Este mutum, chamado “piurí” localmente, é mansoe sujeito a fácil extermínio onde ocorre nas várzeas da Amazônia ocidental. Sua ocupaçãohistórica da região consta na literatura, mas não há evidências recentes. Atualmente, só éconhecido de ocorrer em bons números na RDS Mamirauá fora da área de estudo. Se aindanão foi exterminado da região de estudo, qualquer expansão humana certamente terminaráde causar sua extinção local e de contribuir a seu estado de ameaça global. Por outro,proteção adequada das várzeas da área pode criar condições para sua conservação e atéreintrodução local.Culicivora caudacuta—listado nacional e internacionalmente como ameaçado emgrau “Vulnerável”. Este minúsculo tiranídeo ocupa campos de cerrado e é residente nocampo ao lado de Humaitá.Cyanocorax sp.—espécie nova de gralha recém descoberta e endêmica (v. acima).O minúsculo tamanho da área ocupada pela espécie e sua população global estimada(Santos 2008) qualificam a espécie como ameaçada em grau “Vulnerável”, antes mesmo deter sido descrita formalmente. Ocorre em todos os campos naturais do interflúvio, menos ode Humaitá, e ocupa somente a borda dos campos e capões internos. Preservação de todosos campos e suas bordas, e principalmente proteção destes contra fogo, será crucial para apreservação desta espécie. Em campos no sul da área de estudo onde passou fogourecente, houve evidência de queima dos ninhos da gralha e abandono do local pela espécie.Ainda existe a possibilidade que os dois complexos de campos hospedam populaçõesgeneticamente distintas da gralha, tornando mais crítica ainda a preservação de todos oscampos.Coryphaspiza melanotis— listado nacional e internacionalmente como ameaçado emgrau “Vulnerável”. Este pequeno emberizídeo ocupa campos de cerrado e é residente nocampo ao lado de Humaitá.Além dessas quatro, as espécies endêmicas da área se tornarão rapidamenteameaçadas na medida em que o pequeno interflúvio for desmatado.MamíferosA mastofauna brasileira soma algo em torno de 530 espécies, distribuídas em 11 ordens,46 famílias e 213 gêneros. Isso representa cerca de 13% de todos os mamíferos do mundo(q.v. Fonseca et al., 1996). Os mamíferos variam de poucos gramas até dezenas de quilos,300


mostrando uma grande diversidade morfológica e comportamental, incluindo diferentesdietas, hábitos, meios de locomoção e atividade circadiana (Voss e Emmons, 1996).Para que se chegue a uma melhor compreensão do nível de diversidade biológica naAmazônia é primordial que ocorra um aumento de áreas amostradas. Dentro deste quadropermanecem lacunas no conhecimento sobre a fauna de mamíferos amazônicos, um dosgrupos mais diversificados. Essas lacunas são atribuídas à grande riqueza de espécies,diversidade de habitats e especialmente grande extensão da floresta (da Silva et al., 2001).Voss & Emmons (1996) listaram dez sítios nas matas neotropicais onde inventários damastofauna podem ser considerados exemplares e desses, somente dois situam-se naAmazônia brasileira. Dessa forma, a elaboração de listas de espécies de mamíferosamazônicos torna-se uma tarefa difícil. Portanto, inventários abrangentes precisam serrealizados em praticamente toda a região.Os fatores ambientais e biogeográficos que determinam diferenças na estrutura dascomunidades e diversidade na Amazônia são pouco conhecidos. Sabe-se que a fertilidadedo solo e a densidade do sub-bosque são fatores ecológicos primários responsáveis pelariqueza de espécies local, sendo a quantidade e o padrão anual de chuvas relativamentemenos importante (Emmons, 1984).Estudos preliminares com roedores e marsupiais sugerem que na Amazônia os sistemasde água preta (segundo Sioli 1990, águas pobres em material em suspensão e ricas emsubstâncias húmicas dissolvidas) podem ser muito mais sensíveis a ações antrópicas, umavez que a abundância relativa de espécies é menor nessas áreas do que em áreas de águabranca (isto é, águas com coloração barrenta devido à grande quantidade de sedimentosem suspensão (Sioli, 1990) (da Silva & Patton, dados não publicados).Dos mamíferos descritos atualmente, 524 espécies ocorrem em território brasileiro, oque representa cerca de 13% da mastofauna do mundo. Esses números fazem com que oBrasil possua a maior riqueza de mamíferos de toda a região neotropical (Fonseca et al.,1996). Existem 311 espécies de mamíferos na Amazônia, ou seja, 7% do total mundial (daSilva et al., 2001). Dentre elas, os pequenos mamíferos (roedores, marsupiais e morcegos)estão entre os táxons mais diversificados. Estima-se que cerca de dois terços dadiversidade total de mamíferos amazônicos seja composta por espécies de pequenosmamíferos. Mais especificamente para os pequenos mamíferos não-voadores (um dosgrupos escolhidos para o presente estudo), atualmente são descritas 22 espécies demarsupiais e 72 espécies de roedores para a Amazônia brasileira (da Silva et al., 2001).Mamíferos desempenham importantes papéis nos diversos ecossistemas, tais comodispersão de sementes, predação, fonte protéicas para outras espécies (inclusive ohomem), são hospedeiros de endo e exoparasitas, podem atuar como bioindicadores, entre301


outros. Desta forma, é necessário grande conhecimento sobre a diversidade e biologiadestes animais. Pelo fato de, ainda hoje, não possuírem estudos que caracterizamcompletamente sua biodiversidade nos mais diversos ambientes e regiões da Amazônia, ograu de ameaça e a importância ecológica do grupo tornam evidente a necessidade deincluir informações sobre os mamíferos terrestres de médio e grande porte em inventários ediagnósticos ambientais (Pardini et al., 2003).Apesar da maioria das espécies de mamíferos não ser considerada ameaçada,existem evidências de sua vulnerabilidade à extinção local. Um dos principais motivos é afalta de dados taxonômicos e a falta de informações detalhadas sobre o status de suaspopulações, além é claro da degradação do habitat, especialmente em fragmentos urbanos,onde a pressão exercida sobre esta fauna é a inda maior. Considerando a possibilidade dehaver espécies crípticas, o nível de ameaça pode estar sendo subestimado. (Amori &Gippoliti, 2003; Costa et al., 2005).Os mamíferos silvestres amazônicos, dificilmente, são vistos na natureza, mesmo aAmazônia possuindo a mais rica diversidade do planeta. Isto se deve, principalmente, aofato de terem hábitos discretos, largamente crepusculares e noturnos, o que aumenta aindamais quando sofrem pressão de caça. Quando observados sua identificação é, às vezes,dificultada pele brevidade da visualização e pelas guias de identificação para mamíferos(Silva, 1984). Entretanto, durante suas várias atividades, estes animais deixam sinais típicosno ambiente, como pegadas, fezes e resto alimento. Se isso for encontrado e corretamenteinterpretado pelo observador, podem fornecer uma identificação segura do animal que asproduziu, além da informações sobre sua ecologia. As pegadas são sinais maisfreqüentemente encontrados e de interpretação mais confiável. Além de fornecer umainformação precisa sobre o animal, muitas vezes em nível de espécie, oferecendo um bomsuporte em estudos de censos populacionais (Beker & Dalponte, 1999).A rodovia BR-319 está intransitável desde 1988, e o governo atualmente propõe asua reconstrução e pavimentação. Estradas consituem obras de infraestrutura que são vitaispara o crescimento da economia de uma nação. Elas geram novas oportunidades deserviços e empregos e a instalação de novos pontos residenciais e industriais, o que resultana atração de pessoas para áreas antes não habitadas (<strong>Fearnside</strong>, 1989, 1990; Wilkie et al.,2000). Muitas destas novas áreas ocupadas por estradas e, conseqüentemente,urbanizadas são ecologicamente vulneráveis ou apresentam alto risco de perda daintegridade biótica das comunidades que compõem a paisagem (Karr, 1993). Associada atoda paisagem que recebe estradas, está a ocorrência de impactos negativos sobre aintegridade biótica, tanto de ecossistemas terrestres como aquáticos (Trombulak & Frissel,2000).302


Uma vez que a estrada subdivide uma paisagem natural, removendo uma porção dehabitat, ela inibe a dispersão e migração de espécies e facilita a propagação de distúrbios,por exemplo, fogo, poluentes e caça para o interior dessas áreas. De acordo comSchonewald-Cox & Buechner (1992), a fragmentação de unidades de conservação porestradas afeta negativamente as espécies que: i) não se dão bem em habitats de borda, ii)são sensíveis ao contato humano, iii) ocorrem em baixas densidades, iv) são improváveis ouincapazes de atravessar estradas e v) procuram estradas para se aquecer ou se alimentar.Os autores sugerem que estradas podem atuar tanto como barreiras, como corredores, ouambos.Estudos com pequenos mamíferos (não voadores) na Amazônia afirmam quealgumas espécies de roedores, mais generalistas, exploram ambientes alterados, devido amaior oferta de recursos (maior disponibilidade de sementes e insetos das espéciesdominantes) e condições adequadas à sua proliferação. Dessa forma, autores concordamque estas espécies representam importantes componentes das comunidades, servindocomo indicadores biológicos do estado de degradação dos fragmentos. Estes estudosdemonstram ainda que algumas espécies de roedores tornam-se mais abundantes medianteos efeitos da fragmentação florestal e extração seletiva de madeira, sendo as únicasexceções as espécies do gênero Proehimys. No entanto, a fragmentação tende a diminuir adiversidade das espécies (Malcolm, 1991; Tavares, 1998; Rittl, 1998).Por se tratar de um grupo bastante relevante nos diversos ecossistemas,principalmente como animais dispersores, fonte protéica e bioindicadores, e de ainda hojenão possuírem estudos que caracterizam completamente sua biodiversidade nos maisdiversos ambientes e regiões da Amazônia, o grau de ameaça e a importância ecológica dogrupo tornam evidente a necessidade de incluir informações sobre os mamíferos terrestresem inventários e diagnósticos ambientais.A Ordem Chiroptera, representante dos mamíferos de pequeno porte ¨voadores¨,apresenta grande importância em florestas tropicais e subtropicais devido ao papel comodispersores de sementes, polinizadores e predadores naturais de insetos. (Araujo et al.,2008). No Brasil, 165 espécies de morcegos são registradas até o momento (Reis et al.,2006) e apesar de existirem vários estudos realizados com este grupo de animais no país,poucos são os estudos ecológicos de comunidades de morcegos (Marinho-Filho & Sazima,1998; Aguiar & Marinho-Filho, 2004).O conhecimento sobre a diversidade dos morcegos na região compreendida pela BR319 é escasso, sendo os levantamentos em outras regiões da Amazônia brasileirarealizados principalmente, nas proximidades dos centros urbanos. Inventários recentesrealizados no Rio Madeira e no Parque Nacional do Jaú revelam um novo olhar para as303


áreas com menor ação antrópica. Bobrowiec (2007) encontrou 29 espécies de morcegos(n=349) após 22 noites (414 horas/rede e 1.172 metros de rede) em levantamento na áreado Rio Madeira. A família Phyllostomidae foi a mais representativa com 25 espéciescapturadas. A fauna de morcegos do Parque Nacional do Jaú (Barnett et al., 2006)compreende 45% das 117 espécies listadas por Marinho-Filho e Sazima (1998) para aAmazônia e 38% das espécies listadas para o Brasil por Aguiar e Taddei (1995). Adiversidade encontrada no Parque Nacional do Jaú, após 44 dias com uso de rede deneblina e ecolocalizador, é similar àquelas encontradas em outros inventários realizados emoutras áreas da Amazônia. Os outros inventários, entretanto, foram baseadosexclusivamente em amostragens com redes de neblina não usando dados acústicos.A inclusão da ordem Chiroptera em relatórios e monitoramentos de impacto ambientalse justifica por duas razões básicas. Os organismos desse táxon são facilmente amostradosno campo, morcegos podem ser capturados em redes e liberados, sem provocar danosfísicos nos animais. Esse grupo, extremamente diversificado, constitui a segunda maiorordem entre os mamais e, em muitas áreas, é o grupo mais freqüente e com maior riquezade espécies (Varella Garcia e Taddei, 1989). Também algumas variáveis ecológicas, como apresença e a freqüência de certas espécies podem ser utilizadas como indicadoresbiológicos de boa qualidade de hábitat (cf. Pedro et al., 1995; Wilson et al., 2000).Desta forma, é de fundamental importância, a caracterização da mastofauna aolongo da rodovia BR-319, a fim de analisar sua diversidade e abundância e, com isso,possibilitar uma avaliação mais criteriosa dos impactos da obra e um maior detalhamento enível de exigência nas medidas mitigadoras.Este estudo teve como objetivos:(i) Realizar levantamento da riqueza e abundância de espécies da mastofauna da área deinfluência. Construir um diagnóstico da biodiversidade faunística do meio terrestre noentorno da obra de recuperação da rodovia BR-319.Meta: Executar levantamentos quali-quantitativos para estimar a densidade e a diversidadede mamíferos, na área da rodovia BR-319.(ii) Identificar e avaliar as alterações ambientais existentes entre as diferentes paisagensfitofisionômicas e as decorrentes das atividades da obra de recuperação da rodovia BR-319,com ênfase nos efeitos sobre a biodiversidade faunística.Meta: Esse levantamento deverá ser realizado nos diferentes tipos fitofisionômicos devegetação, assim como nas áreas de transição, considerando aspectos qualitativos e304


quantitativos, os habitats preferenciais, distribuição geográfica, aspectos relevantes dabiologia reprodutiva, espécies que migram na área ou a usam para procriação.(iii) Propor programa de monitoramento das espécies da fauna silvestre local que podem serusadas como indicadores.Meta: Identificar entre as espécies de mamíferos, das áreas de ocorrência, dentre aquelasque apresentam maior sensibilidade as fontes de impacto ambiental evidenciadas, as quedeverão receber atenção especial aos seguintes critérios:- ameaçadas de extinção, raras e endêmicas, além de espécies bioindicadoras.- caçadas pela população local e de interesse econômico;- de interesse científico ou médico-veterinário;- migratórias; e- protegidas por legislação federal, estadual e/ou municipal.(iv) Construir um plano de manejo visando assegurar a preservação dos recursosfaunísticos e ambientais do entorno da rodovia BR-319.Meta I: Propor um plano de manejo de recursos da fauna identificados, levando emconsideração a importância da área de interceptação da rodovia BR-319 nos interflúvios derios amazônicos com alta biodiversidade.Meta II: Identificar espécies bandeira e/ou ameaçadas de extinção para estimular aimplementação dos planos de manejo propostos e a conservação dos fragmentos.Meta III: Passagens de fauna - Identificar corredores ecológicos interceptados peloempreendimento e que possam permitir fluxo de espécies entre os ecossistemasidentificados, apresentando a metodologia utilizada, identificando os principais obstáculos àcirculação da fauna entre os ecossistemas, existentes e/ou decorrentes da implantação doempreendimento, propondo medidas de mitigação.(v) Caracterizar, junto à população local, a prática de caça, apresentando as técnicasutilizadas, espécies freqüentemente abatidas e motivação, visando à implantação deprogramas de educação ambiental.305


• Mamíferos de pequeno porte “não-voadores”ResultadosNa mostragem do período de seca foram feitos 22 registros de pequenos mamíferos(entre capturas e obervações), sendo 17 roedores (cinco espécies) e cinco marsupiais (trêsespécies). Foram registrados 16 indivíduos no Ponto 1 (13 roedores e três marsupiais) eseis indivíduos no Ponto 2 (quatro roedores e dois marsupiais) (Tabela 38).No período de cheia foram feitos 29 registros de pequenos mamíferos, sendo 21roedores (cinco espécies) e oito marsupiais (quatro espécies). Foram registrados trêsindivíduos no Ponto 1 (3 roedores); oito indivíduos no Ponto 2 (sete roedores e ummarsupial); quatro indivíduos no Ponto 3 (dois roedores e dois marsupiais); seis indivíduosno Ponto 4 (todos roedores); três indivíduos no Ponto 5 (dois roedores e um marsupial);cinco indivíduos no Ponto 6 (um roedor e quatro marsupiais) (Tabela 38) (Anexo VI).Nenhuma das espécies registradas é considerada ameaçada de extinção (IBAMA,CITES e IUCN), informação esta que deve ser tratada com cautela, tendo em vista aslacunas existentes no conhecimento taxonômico do grupo e status das populações.Foram coletados dois indivíduos do antigo gênero Oryzomys, o qual foi dividido em 11novos gêneros. Como a classificação destes indivíduos não foi até o nível de espécie, não épossível dizer a qual dos 11 novos gêneros eles pertencem, portanto, serão apresentadoscom a nomenclatura antiga.306


Tabela 38 - Espécies e abundância de pequenos mamíferos registrados nos pontos de coleta, na área de influência direta do empreendimento.STATUSPontos de AmostragemTáxonNome comumIBAMA Cites IUCNForma de Amostragem P1 P2P3 P4 P5 P6seca cheia seca cheiaORDEM RODENTIAProechimys gardneri rato-de-espinho NI NI NI P, S, T, A 8 2 2 3 2 5 1Oecomys sp. rato NI NI NI P 2 1 2Oryzomys sp. rato NI NI NI P 2 1Hylaeamys megacephalus rato NI NI NI P 1Mesomys hispidus rato NI NI NI P, S 1 1 1 1Isothrix bistriata rato NI NI NI S 1Sciurus sp. esquilo, coatipuru NI NI NI A 1ORDEM DIDELPHIMORPHIAMarmosops neblina mucura, cuíca NI NI NI P, S 1 1 1 1 1Didelphis marsupialis mucura NI NI NI T, A 2 2Micoureus demerarae mucuraxixica, cuíca NI NI NI S, T 1 1Monodelphis sp. mucura, cuíca NI NI NI P 1 1P - Pitfall; S - Sherman; T - Tomahawk; A - Avistamento; NI - Não Informado307


O Ponto 2 foi o que apresentou maior número de espécies registradas (oitoespécies), seguido do Ponto 1 (sete espécies), Ponto 6 (quatro espécies), Pontos 3 e 5 (trêsespécies) e Ponto 4 (duas espécies) (Tabela 38). Contudo, todas as espécies registradassão consideradas de ampla distribuição geográfica na Amazônia, portanto, ainda que nãotenham registros, provavelmente ocorrem em todos os pontos amostrados.O rato-de-espinho (Proechimys gardneri) foi a espécie mais frequentementeobservada, representando 60% de capturas de roedores e 45% do total de capturas. Doistáxons obtiveram a segunda maior frequencia de captura, Marmosops neblina e Oecomyssp., com 9% do total de capturas cada.A riqueza de espécies por ponto de amostragem variou entre dois (Pontos 4) e oito(Ponto 2). Em termos de número de registros, o Ponto 1 apresentou número mais elevadoque os demais, com 19 registros (lembrando que os pontos 1 e 2 foram amostrado nas duasestações, enquanto os demais apenas na seca) (Tabela 38). Considerando o número decapturas por ponto, em uma amostragem apenas, o Ponto 1 também foi o que obteve maiorsucesso, com 16 espécimes capturados na amostragem do período de seca.Para o cálculo do esforço de amostragem e sucesso de captura , foram consideradasas armadilhas do tipo sherman, tomahawk e pitfall. O sucesso de captura geral obtido foi0,45%. No período de seca o sucesso geral foi de 0,6%, e na cheia de 0,4% bem abaixo doesperado, sendo considerado baixo também o sucesso de captura de cada pontoseparadamente (Tabela 39).308


Tabela 39 - Esforço de amostragem e sucesso de captura de pequenos mamíferos.Tipo de Número deArmadilhas/noiteNúmero deLocalarmadilha armadilhas total alto chão capturasSECAPonto 1Ponto 2Trilha 1Trilha 2Trilha 1Trilha 2Sherman 24 168 84 84Tomahawk 24 168 84 84Pitfall 16 112Sherman 24 168 84 84Tomahawk 24 168 84 84Pitfall 16 112Sherman 24 168 84 84Tomahawk 24 168 84 84Pitfall 16 112Sherman 24 168 84 84Tomahawk 24 168 84 84Pitfall 16 1126222Sucesso decaptura (%)Riqueza deespécies0,89 60,44 5Total Seca 256 1792 12 0,669 8 aCHEIASherman 48 240 120 120Trilha 1 Tomahawk 48 240 120 120 2Pitfall 24 120Sherman 48 240 120 1200,25 2Trilha 2 Tomahawk 48 240 120 120 1Pitfall 24 120Sherman 48 240 120 120Trilha 1 Tomahawk 48 240 120 120 3Pitfall 24 120Sherman 48 240 120 1200,66 5Trilha 2 Tomahawk 48 240 120 120 5Pitfall 24 120Sherman 48 240 120 120Trilha 1 Tomahawk 48 240 120 120 4Pitfall 24 120Sherman 48 240 120 1200,33 3Trilha 2 Tomahawk 48 240 120 120 0Pitfall 24 120Sherman 48 240 120 120Trilha 1 Tomahawk 48 240 120 120 5Pitfall 24 120Sherman 48 240 120 1200,5 2Trilha 2 Tomahawk 48 240 120 120 1Pitfall 24 12048 240 120 120Trilha 1 Tomahawk 48 240 120 120 1Pitfall 24 120Sherman 48 240 120 1200,25 3Trilha 2 Tomahawk 48 240 120 120 2Pitfall 24 120Sherman 48 240 120 120Trilha 1 Tomahawk 48 240 120 120 4Pitfall 24 120Sherman 48 240 120 1200,41 4Trilha 2 Tomahawk 48 240 120 120 1Pitfall 24 120Total Cheia 1440 7200 29 0,4 9 aPonto 1Ponto 2Ponto 3Ponto 4Ponto 5Ponto 6Total Geral 1696 8992 41 0,45 11 a* Cada espécie foi considerada 1 vez para todas as áreas amostradasAlgumas armadilhas, especialmente as posicionadas no chão, estiveram inoperantesem algumas noites no período de cheia, devido ao volume de chuva muito elevado,alagando o chão da floresta e inviabilizando a atividade de tais armadilhas.As curvas de acumulação de espécies, em sua maioria, não alcançam assíntotasestabilizadas, tanto na cheia como na seca, coforme previsto, padrão esse comum em


estudos na Amazônia, especialmente em estudos rápidos realizados dentro do escopo deum EIA/RIMA (Figuras 105 a 108). A curva de acumulação geral de espécies no período decheia tende a estabilização, porém, se observarmos a curva de cada ponto amostralseparadamente (Figuras 109 a 114), percebemos que existem táxons que ainda podem sercoletados nas áreas. Esta curva indica apenas que as espécies mais comuns e abundantesna área foram amostradas, e certamente espécies menos abundantes serão coletadas amedida que novas amostragens forem realizadas. As curvas dos pontos 1 e 2, no períodode cheia, também indicam que um número maior de espécies ocorre na região. Estesresultados demonstram a necessidade de estudos ecológicos sistemáticos que fogem aoobjetivo de EIA/RIMA, mas que devem ser contemplados em etapa futura de monitoramentode fauna.Figura 105 - Curva geral de acumulação de espécies para os pontos 1 e 2, amostrados na seca.Figura 106 - Curva de acumulação de espécies para a amostragem do Ponto 1, período de seca.310


Figura 107 - Curva de acumulação de espécies para a amostragem do Ponto 2, período de seca.Figura 108 - Curva geral de acumulação de espécies para os 6 pontos amostrados na cheia (pontos deamostragem 2, 5 e 6 foram amostrados simultaneamente, e posteriormente, pontos 1, 3, e 4 também foramamostrados simultaneamente.Figura 109 - Curva de acumulação de espécies para a amostragem do Ponto 1, período de cheia.311


Figura 110 - Curva de acumulação de espécies para a amostragem do Ponto 2, período de cheia.Figura 111 - Curva de acumulação de espécies para a amostragem do Ponto 3, no período de cheia.Figura 112 - Curva de acumulação de espécies para a amostragem do Ponto 4, no período de cheia.Figura 113 - Curva de acumulação de espécies para a amostragem do Ponto 5, no período de cheia.312


Figura 114 - Curva de acumulação de espécies para a amostragem do Ponto 6, no período de cheia.Dos 11 gêneros coletados, quatro não foram classificados em nível de espécie(Tabela 40), devido ao curto tempo para preparação do material biológico em laboratório. Aclassificação taxonômica de pequenos mamíferos é realizada com base em caracteres damorfologia craniana e análises genéticas, e para isso é necessário a limpeza do materialósseo e aplicação de técnicas mais demoradas, o que demanada várias semanas. Épossível que o número de espécies aumente, considerando que foram coletados mais deum indívíduo dos gêneros de Oecomys, Oryzomys e Monodelphis, classificados somenteem nível de gênero.Os quatro métodos de amostragem apresentaram eficiências diferentes. Pitfall foi ométodo mais eficaz, com 49% das capturas, seguido de sherman com 23,5%, tomahwk com19,5% e avistamentos com 8%.No período de cheia, o método de pitfall obteve 1,73% de sucesso de captura (66%capturas) (Tabela 39). Se avaliarmos a contribuição de cada método para a riqueza deespécies, temos um resultado parecido com a eficiência de cada tipo de armadilha, com asarmadilhas do tipo pitfall contribuindo com sete táxons, armadilhas sherman com cincotáxons, armadilhas tomahawk com três táxons e avistamentos com 3 táxons. Quatro táxons(Oecomys sp., Oryzomys sp., Monodelphis sp. e Hylaeamys megacephalus) foramcapturados excluisvamente em pitfalls, um táxon (Sciurus sp.) foi registrado exclusivamentepor avistamento e um táxon (Isothrix bistriata) exclusivamente em sherman.Foi calculado o índice de diversidade de Shannon (H’) para cada um dos seis pontosamostrados na cheia (já que na seca foram apenas dois amostrados). O ponto queapresentou o maior valor de diversidade foi o Ponto 2, com 1,494, seguido pelo Ponto 6 com1,331, Ponto 5 com 1,097, Ponto 3 com 1,039, Ponto 1 com 0,634 e Ponto 4 com 0,45.Foi realizada uma análise comparativa do sucesso de captura em diferentesdistâncias da trilha em relação a rodovia BR-319, na amostragem do período de cheia. Paraisso, as parcelas de todos os módulos foram agrupadas em três blocos (Bloco 1 – 500m e1500m; Bloco 2 – 2500m e 3500m; Bloco 3 – 4500m e 5500m). O bloco intermediário (Bloco313


2) apresentou o maior sucesso de captura, seguido do bloco 3 (mais distante da rodovia BR-319) e por último o Bloco 1 (mais próximo à rodovia BR-319). Os Blocos 2 e 3 apresentaramuma considerável diferença em relação ao Bloco 1 (Figura 115).Figura 115 - Sucesso de captura em diferentes distâcias em relação à rodovia BR-319.DiscussãoInventários rápidos da fauna de pequenos mamíferos, desenvolvidos no âmbito deestudos de avaliação de impactos ambientais, permitem apenas verificar a ocorrência dasespécies mais comuns e abundantes e, raramente, acrescentam novas espécies para a listada região, muito menos permitem uma análise detalhada do status de conservação dasespécies e entendimento de padrões e processos ecológicos que envolvem a fauna. Todasas espécies registradas, são extremamente comuns na Amazônia brasileira.Dois estudos representativos envolvendo a fauna de pequenos mamíferos, comdados já publicados, foram realizados na região do rio Madeira, e são consideradosreferências importantes para o conhecimento da fauna na região. Um deles foi o projeto“Inventário Faunístico do Médio rio Madeira – CNPq-PROBIO”, desenvolvido em ambas asmargens do rio Madeira, a cerca de 100Km a leste da porção mediana do trecho Humaitá-Manaus da rodovia BR-319 (da Silva et al., 2007).Em tal projeto foram registradas para a região um total de 21 espécies de pequenosmamíferos não-voadores, sendo 12 espécies de marsupiais e 10 de roedores.Especificamente para o interflúvio Madeira-Purus (margem esquerda do Madeira, onde seencontra a rodovia BR-319), seis espécies de roedores foram registradas (duas deequimídeos e quatro de cricetídeos) e de marsupiais foram cinco espécies (Tabela 40).Apenas uma espécie foi verificada por gênero, exceto para Proechimys, com duas espéciesregistradas. Vários gêneros de roedores esperados para essa região não foram capturados,tais como Nectomys, Holochilus, Makalata, e Oxymycterus, assim como de marsupiais,como, por exemplo, Philander (cuíca-de-quatro-olhos).314


O presente trabalho registrou 53,8% das espécies verificadas por da Silva et al.(2007) no interflúvio Madeira-Purus. Considerando toda a amostragem realizada por daSilva et al. (2007) (interflúvios Madeira-Purus, Madeira-Aripuanã e Aripuanã-Tapajós), ogênero com o maior número de capturas foi do roedor Proechimys, com 45 capturas,equivalente a 74% das capturas dessa ordem e 35% do total de capturas, dado essesemelhante ao presente estudo, apontando Proechimys como o táxon mais frequentementeregistrado (45% do total de capturas). A segunda espécie mais freqüente no trabalho de daSilva et al. (2007) foi o marsupial Micoureus demerarae, seguida de Marmosops spp. com27 e 25 indivíduos capturados, respectivamente, representando, conjuntamente, 79% dascapturas da ordem Didelphimorphia e 41% do total. Já em termos do número total deindivíduos capturados, o interflúvio Madeira-Aripuanã foi o que apresentou os maioresvalores, com 55 indivíduos, refletindo, ao menos parcialmente, o maior esforço deamostragem empregado. O esforço de captura utilizado no interflúvio Madeira-Purus foi de2150 armadilhas/noite (Sherman, Tomahawk e pitfall), obtendo sucesso de captura de1,54% (da Silva et al., 2007), valor superiores aos obtidos neste trabalho, com 0,4% desucesso de captura em 7200 armadilhas/noite.O outro estudo realizado na região foi o EIA/RIMA das usinas hidrelétricas de SantoAntônio e Jirau, no estado de Rondônia (Franco e da Silva, 2005). O levantamento deespécies nesse trabalho também foi realizado em ambas as margens do rio Madeira. Asusinas serão implementadas cerca de 60Km e 120Km a sudoeste (Santo Antônio e Jirau,respectivamente) de Porto Velho, e a área de estudo foi a região compreendida entre asduas usinas e adjascências, cobrindo ao todo cerca de 300Km ao longo do rio.Tal trabalho revelou a ocorrência de 83 espécies de mamíferos na região, sendo 23delas de pequenos mamíferos. Para o interflúvio Madeira-Purus (margem esquerda do rioMadeira), 19 espécies de roedores e marsupiais foram encontradas (inclusive siurídeos).(Tabela 47). O presente trabalho registrou 21,05% das espécies verificadas por Franco e daSilva (2005) para o interfluvio, e outras cinco espécies por nós coletadas não foramencontradas na região das AHE de Santo Antônio e Jirau, no mesmo interflúvio(Monodelphis sp., Oecomys sp., Hylaeamys megacephalus, Oryzomys sp. e Proehimysgardneri).O esforço de captura em cada ponto de amostragem no trabalho de Franco e daSilva (2005) variou de 1420 a 1640 armadilhas/noite, totalizando 12510 armadilhas/noite. Osucesso de captura obtido variou de 0,35% a 3,73%, sendo 1,27% a média geral. Esse valortambém é significativamente maior do que o valor encontrado pelo presente trabalho,contudo, foi menor do que o verificado por Silva et al. (2007), e em alguns pontos os valoresforam similares aos encontrados no presente trabalho. A riqueza e abundância de espéciesentre a região da AHE de Santo Antônio e Jirau, no interflúvio Madeira-Purus, foi diferente, e315


pode ser explicada, segundo os autores, pela existência de maior pressão antrópica sobre aregião da AHE de Santo Antônio, mais próxima da cidade de Porto Velho. É provável queesse padrão também seja visto ao longo da rodovia BR-319 após o seu funcionamento, jáque é esperado que regiões com maior desmatamento, uso e tráfego de pessoas e veículosapresentem maior redução da biodiversidade, inclusive pequenos mamíferos.A espécie Isothrix bistriata ainda não havia sido coletada na região, mas por possuirampla distribuição da Amazônia, era ao menos esperada. A lista final de espéciesconhecidas no trecho em estudo totaliza 11 espécies de pequenos mamíferos (seteespécies de roedores e quatro espécies de marsupiais).Tabela 39 - Lista compliada de espécies de roedores e marsupiais registradas para o interflúvio Madeira-Purus elocalidade em que foram registradas. (dados do trabalho de da Silva et al., 2007; Franco e da Silva, 2005)TáxonEstetrabalho*ProbioEIA/RIMA UHESto. AntônioJirauRoedoresIsothrix bistriataXMesomys hispidus X XNeacomys sp. X XOecomys bicolor X XOecomys sp. X XOecomys sp.1XOecomys sp.2XEuryoryzomys macconnelliXHylaeamys megacephalus XOryzomys sp. X XProechimys gardneri X XProechimys sp. X X XRiphidomys sp.XSciurus aestuansXSciurus ignitus X XSciurus sp.1XSciurus sp.2XSciurus spadiceus X X XSciurillus sp. X X XMarsupiaisDidelphis marsupialis X X X XMarmosa murina X X XMarmosops impavidusXMarmosops neblina X X X XMetachirus nudicaudatusXMicoureus demerarae X X X XMonodelphis sp. X XPhilander mcilhenyiX* Com dados não publicados de trabalho anterior realizado por esta equipe na mesma região316


É importante salientar que o número exato de espécies de roedores e marsupiaisque ocorrem no interflúvio Maderia-Purus não pode ser obtido, visto que faltam inventáriosem boa parte da área, além de todos os trabalhos já realizados apresentarem táxons quenão foram classificados ao nível de espécie, portanto, é impossível saber se táxons nãoclassificados ao nível de espécie e com nomes iguais (ex. Proechimys sp. em Rondônia eno médio Madeira, ou ainda Sciurus sp., Sciurus sp.1, Sciurus sp.2) correspondem à umamesma espécie. Outras espécies de roedores e marsupiais foram registradas na região dorio Madeira, porém na margem direita do rio. São elas: Caluromys philander (cuíca-lanosa),Glironia venusta (cuíca) (considerada rara e seus padrões de distribuição e endemismoainda não estão definidos, portanto merece especial atenção à sua conservação), Oecomyssp.1 e Euryoryzomys megacephalus (EIA/RIMA AHE Santo Atônio e Jirau); Caluromyslanatus, Didelphis cf. imperfecta (gambá), Marmosops noctivagus, Monodelphis sp.1,Sciurus pusillus (ProBio médio Madeira) (Franco e da Silva, 2005; da Silva et al., 2007).O número de espécies de roedores capturadas neste estudo é considerado baixo,visto que o número de espécies capturadas nos outros dois trabalhos na região foi maior,principalmente no estado de Rondônia. Isto se torna mais evidente quando comparado aoutros trabalhos feitos na Amazônia, como por exemplo Patton et al. (2000), que num trechode aproximadamente 1.000 km ao longo do rio Juruá coletaram 16 espécies de cricetídeos e12 de equimídeos, ou ainda Voss et al. (2001), que em um estudo realizado na GuianaFrancesa registraram 11 cricetídeos e quatro equimídeos.Isso sugere que a riqueza de espécies de roedores no interflúvio Madeira-Purus émenor do que em outras localidades da Amazônia, sendo essa idéia também sugerida porda Silva et al. (2007). Contudo, estes estudos podem ter subestimado a riqueza de espéciesde roedores da região, uma vez que os inventários nela realizados são consideradosinsuficientes. Certamente mais táxons serão incorporados nessa lista a medida que novosesforços de coleta forem realizados. Já a riqueza de marsupiais didelphideos verificada naregião do rio Madeira foi considerada similar às outras localidades estudadas da Amazônia(da Silva et al., 2007).O índice de Shannon (H’) é utilizado para comparar a diversidade de espécies entrediferentes áreas. Este índice leva em consideração a riqueza de espécies e a abundânciadestas. Um maior valor para este índice representa uma maior diversidade na área, sendoque caso duas áreas apresentem a mesma riqueza de espécies, a área que for maisequitativa apresentará maior valor de H’, portanto, maior diversidade. Maior equitabilidade éencontrada em áreas que apresentem o máximo de igualdade na abundância das espéciespertencetes à comunidade. Considerando os resultados encontrados, percebe-se que nãohá um padrão bem definido, por exemplo como um gradiente de aumento de diversidade aolongo da rodovia. Os valores de H’ foram similares, com exceção do Ponto 4 que foi317


aparentemente discrepante. Este dado indica que a diversidade ao longo de todo o trechoestudado é semelhante.A análise comparativa do sucesso de captura entre as diferetes distâncias dasparcelas em relação à rodovia BR-319 (Blocos 1, 2 e 3), mostrou que a medida que seafasta da rodovia, maior é o sucesso de captura, o que sugere a ocorrência de efeito deborda originado pela construção da estrada (desmatamento e fragmentação), e os impactosdessa ação sobre a fauna podem ser percebidos ainda hoje. A partir desta idéia,esperaríamos que o Bloco 3 apresentasse maior sucesso de captura em relação aosdemais. A pequena redução desse valor do Bloco 2 para o Bloco 3 pode ser explicada peloaumento do número e extensão de trechos alagados na parte final dos módulos utilizados(redução da eficiência de armadilhas, especialmente as posicionadas no chão). É esperadoque a reconstrução da rodovia BR-319 aumente significativamente o efeito de borda,podendo tanto tornar o efeito mais severo como deslocá-lo cada vez mais para o interior dafloresta.As curvas cumulativas de espécies verificada por da Silva et al. (2007), Franco e daSilva (2005) e no presente trabalho para o interflúvio Madeira-Purus também sugerem quenovos táxons devem ser acrescidos à lista, com novos inventários. Lembramos que táxonsde hábitos semi-aquáticos e aqueles que forrageiam principalmente no dossel da florestanão compõem a lista de espécies da região, principalmente porque não foi aplicadametodologia específica para coleta desses indivíduos (o que também aconteceu nos demaisinventários). Para isso seria necessário o envolvimento de maior número de pesquisadorese principalmente dispor de mais recurso e tempo de execução, o que é inviável numEIA/RIMA. Desde que para inventariar aprofundadamente a mastofauna são necessáriosanos de amostragem, e mesmo em áreas com mais de trinta anos de amostragem do grupoas curvas de acumulação de espécies de mamíferos ainda não se mostram estabilizadas(Voss e Emmons, 1996), este estudo deve ser tomado em caráter preliminar.A coleta de espécies congenéricas na região do médio rio Madeira, como paraProechimys, Didelphis e Marmosops, onde apenas uma espécie era esperada (vejaEmmons & Feer 1997), evidenciam mais uma vez o pouco conhecimento existente sobre oslimites geográficos e taxonômicos para a grande maioria dos pequenos mamíferos, nãoapenas dessa região, mas de toda a Amazônia (Da Silva et al., 2007).Embora os estudos atuais ainda não permitam um diagnóstico da situação deendemismo na área de estudo, o rio Madeira é apontado por diversos autores comoimportante barreira biogeográfica (tanto entre margens opostas do rio, como montante ejusante das cachoeiras) na evolução e diversificação da biodiversidade amazônica, o quesugere a necessidade de se estudar a composição da fauna de pequenos mamíferos ao318


longo da maior parte do interflúvio Madeira-Purus, portanto, extrapolar a área do trecho deestudo deste EIA/RIMA.Diversos autores têm discutido sobre as áreas de endemismo na Amazônia (Haffer1978, 1985, 1987; Haffer e Prance, 2001; Cracraft, 1985; Silva et al., 2002), e atualmentesão reconhecidas oito áreas de endemismo de vertebrados terrestres no bioma. O rioMadeira delimita duas dessas áreas: Inambari (margem esquerda) e Rondônia (margemdireita). Embora essas áreas de endemismo compartilhem características ecológicassimilares, suas biotas são agrupadas idependentemente. Dessa forma, é preciso que cadauma delas sejam consideradas únicas para o planejamento de estratégias de conservação(Silva et al., 2005). Ainda, Ayres et al. (2005), após uma análise das unidades deconservação existentes e da riqueza de espécies encontradas em cada região, classificarama ecorregião das bacias do Madeira e Purus como como Nível II, ou seja, de alta prioridadede conservação em escala regional.Alguns trabalhos realizados com táxons específicos na região do rio Madeirarevelaram significativa diferença na composição genética de espécies que habitam margensopostas do rio. O trabalho de Eler (2007), por exemplo, mostrou a partir de dadoscromossômicos que na região do médio rio Madeira ocorrem duas espécies do gêneroProechimys (P. gardneri na margem esquerda e P. cf. longicaudatus na margem direita) eque dentre os indivíduos da margem direita são encontrados dois citótipos distintos.Padrões semelhantes de divergência genética e ecológica entre indivíduos demargens opostas do rio Madeira são observados em estudos com aves (M. Cohn-Haft, emcomunicação pessoal). Estes dados revelam a importância de se incluir abordagensgenéticas em estudos de diversidade e biogeografia de mamíferos na região do rio Madeira,a fim de possibilitar uma melhor estimativa da diversidade, entender a relação filogenéticaentre os indivíduos e ainda permitir uma melhor compreensão dos processos ecológicos queenvolvem a fauna. Tais informações são consideradas fundamentais para a elaboração demedidas de conservação da fauna e seu habitat.Os dados científicos disponíveis já sugerem que a conservação dessa região deveser tratada com extrema cautela, ações de conservação não podem ficar restritas à uma dasmargens e, mesmo em um interflúvio, existe grande heterogeneidade de ambientes,portanto, essas ações devem abranger a maior representatividade de hábitats possível.Levando em conta o estado atual de conhecimento sobre a fauna de roedores emarsupiais na região do rio Madeira, da Silva et al. (2007) recomendam a continuidade dosestudos de campo em roedores e marsupiais ora iniciados, com a padronização e ampliaçãodo esforço de amostragem em diferentes habitats. Sugerem também a ampliação dasamostragens visando o estudo sistematizado de outros grupos de mamíferos, tais comoprimatas, por exemplo. É ressaltado pelos autores ainda a necessidade da realização de319


estudos específicos sobre a sistemática filogenética e filogeografia de mamíferos visandodiagnosticar a situação de endemismo nesta região crucial para a biogeografia Amazônica.A perda da diversidade de pequenos mamíferos pode levar ao comprometimento dosprocessos de sucessão ecológica, perda de variabilidade e manutenção da flora, tendo emvista a atividade dispersora desses animais; comprometimento da cadeia alimentar, poisroedores e marsupiais fazem parte da dieta de outros mamíferos, serpentes, algumas aves,além de serem predadores de ovos, insetos e outros invertebrados; perda de recursogenético, que pode fornecer dados científicos para o estudo de evolução de mamíferos;perda de informações sobre relações ecológicas e parasitologia; perda de diversidade deespécies devido à possibilidade de endemismo na região e desconhecimento taxonômico dogrupo.Ao passo que os roedores e marsupiais, quando agrupados com os quirópteros(pequenos mamíferos) representam 70% da diversidade de mamíferos da Amazônia, elestambém representam um grupo de extrema complexidade taxonômica, cuja falta deinformações dificulta até mesmo a definição das espécies, o entendimento das relaçõesfilogenéticas, o que pode representar o desconhecimento da diversidade real deste grupo.A região de implantação da rodovia BR-319 é considerada de extremo valor biológicoe ainda marcada pelo relativo desconhecimento científico, tanto da diversidade, como dosprocessos ecológicos. A decisão de reconstruir e utilizar a rodovia BR-319, na ausência deum processo de governança ambiental bem estruturado, significa abrir uma porta para adegradação ambiental e consequente perda de espécies de pequenos mamíferos (e outrosgrupos), antes mesmo que elas sejam conhecidas pela ciência. Ainda que a rodovia BR-319tenha sido usada entre as décadas de 1960 e 1980, esses 20 anos de abandono, associadoao tráfego pouco intenso, mesmo no período de atividade da rodovia, permitiram à regiãosofrer danos reduzidos, como pôde ser observado principalmente no trecho estudado poresse EIA/RIMA, em que a presença de vilas e comunidades é rara, a floresta de margensopostas praticamente se encontra sobre a estrada e os animais não possuem dificuldade deatravessar a rodovia. Além disso, por se tratar de uma área muito distante de cidades,atividades comerciais, agrícolas e agropecuárias não foram estabelecidos na região. Dessaforma, ao longo de praticamente todo esse trecho, temos um excelente grau de conservaçãodo meio ambiente.A partir das considerações acima reltadas e da relevância das informaçõescientíficas, e considerando já concretizada a ação de recuperação, reconstrução e uso darodovia BR-319 (já que ambientalmente seria melhor manter o interflúvio íntegro),consideramos extremamente importante a tomada de medidas extremas de conservação domeio ambiente e redução dos impactos ambientais oriundos da reconstrução da rodovia BR-319.320


Neste momento em que vivenciamos o crescimento anual da área desmatada naAmazônia, apesar dos freqüentes alertas de cientistas e ambientalistas sobre as severasconsequencias disto, acreditamos que a reconstrução da rodovia BR-319 gera umapespectiva de grande degradação para o interflúvio Purus-Madeira e, possivelmente, dobioma Amazônia, tendo em vista outros exemplos de criação de estradas no país, cujoresultado frequente é o efeito de desmatamento em “espinha-de-peixe” e acesso facilitado àregiões que anteriormente permaneciam intactas. Este cenário é possível, como serádiscutido mais a frente, na ausência de políticas públicas que definam claramente apresença dos governos federal, estadual e municipal, como gestores do meio-ambiente.Além disso, corre-se o risco, por facilidade de acesso, de se estabelecerem vilarejos,cidades, atividades agropecuárias e agrícolas ao longo da rodovia, o que certamentecausaria grande dificuldade para o fluxo de animais entre os lados da estrada, ou seja, osfragmentos florestais de lados opostos ficariam, em vários trechos, isolados por dezenas dequilômetros.As principais recomendações são:• Proteger, mediante a implantação de Unidades de Conservação de Proteção Integral,toda a extensão da rodovia BR-319, criando um “cinturão” ao longo da mesma que,mediante gestão e fiscalização adequada, impedirá o avanço do desmatamentoperpendicular à rodovia. Vale lembrar que algumas unidades já foram criadas naregião e outras estão sendo propostas. É importante que esses projetos de criaçãode Ucs sejam concretizados, e que novas unidades sejam propostas, especialmentena metade proximal de Humaitá, totalmente descoberta de Ucs;• Criação do maior número possível de pontos de travessia de fauna terrestre, queabranja não só os grandes mamíferos, mas também a fauna de pequenosmamíferos, inclusive prevendo alternativas para a travessia até mesmo daquelasespécies de hábito arborícola e de dossel, ao longo de toda a rodovia. Éimpressindível que esses pontos de travessia estejam distribuídos ao longo dasdiferentes paisagens, fitofisionomias e qualquer local que apresente relevânciaecológica;• Proposição, pelo governo brasileiro, de uma política de pesquisa científica voltada aoconhecimento da biodiversidade amazônica, em particular da área do interflúvioPurus-Madeira. Em paralelo com o estabelecimento de um rigoroso e extensoprograma de monitoramento da fauna, para ampliação do conhecimento sobre afauna de pequenos mamíferos do interflúvio Maderia-Purus, permitindo a avaliação321


dos impactos ambientais gerados pelo empreendimento e das ações de mitigaçãodesenvolvidas.Outras recomendações foram feitas adiante, no volume que trata especificamente dosImpactos, Medidas Mitigadoras e Compensatórias.É sabido que a simples construção de uma lista de espécies da fauna, que em geral étida como dado mais relevante, não fornece informações suficientes para o entendimentodos efeitos de impactos ambientais sobre o grupo, especialmente em estudos rápidos dafauna. A elaboração de listas é importante para o conhecimento da diversidade de um localou região, e a partir de dados da biologia dessas espécies podemos elaborar estratégias deconservação. Contudo, mais importante do que conhecer as espécies é conhecer eentender os padrões e processos ecológicos da fauna, a dinâmica populacional, abiogeografia e as relações filogenéticas entre os grupos. Infelizmente o conhecimentocientífico sobre a fauna amazônica ainda é escasso e pontual para vários grupostaxonômicos, o que torna ainda mais difícil avaliar o efeito de um empreendimento sobre afauna local. É preciso que haja maior incentivo à pesquisa científica (especialmente naregião amazônica), a realização de estudos de longo prazo e multidisciplinares (ecologia,história natural, taxonomia, filogenética, genética populacional, etc). Esta equipe entendecomo de fundamental importância a realização de um Programa de Monitoramento deFauna condizente com o impacto que será causado pelo empreendimento e com arelevância de se preservar o bioma Amazônia.• Mamíferos de médio e grande porteResultadosA tabela 40 apresenta o número de dias de vistoria em cada transecto e inclui seurespectivo comprimento e a distância total percorrida em cada período amostral. Na épocaseca foram realizados 166 registros (sinais ou visualização) de mamíferos em duas áreas deamostragem da rodovia BR-319, 94 no transecto do Ponto um e 72 no Ponto dois. Foramidentificadas 33 (trinta e três) espécies, as quais se somam outras três, detectadas apenasnas entrevistas, totalizando 36 espécies de mamíferos de grande e médio porte.Foram percorridos 32 km de trilhas durante toda amostragem na estação seca. Atabela 41 apresenta a lista de espécies identificadas neste levantamento. Durante a estaçãochuvosa, foram percorridos 181 km, sendo feito 415 registros (sinais ou visualização) demamíferos de grande e médio (95 no Ponto 1; 117 no ponto 2; 26 no ponto 3; 12 no ponto 4;18 no ponto 5; 20 no ponto 6; e 127 observações feitas por membros de outras equipes).322


Das espécies identificadas, observa-se que seis são consideradas ameaçadas ouvulneráveis de extinção pela Lista Brasileira de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção(MMA - IN No. 003/2003).Tabela 40 - Período amostral e tamanho dos transectos lineares percorridos ao longo da rodovia BR-319.TransectoNúmero de dias Número de vezes que Comprimento do Total percorridode amostragem percorreu o transecto Transecto (m)(m)1ª. CampanhaTransecto 1 – Km 300– P1 6 9 2000 18000Transecto 2- - km 350– P2 7 7 2000 140002ª.CampanhaTransecto 1 – Km 300– P1 5 5 11000 55000Transecto 2- km 350– P2 6 5 11000 55000Transecto 3.1 - km 400- P3 6 2 4000 8000Transecto 3.2 – km 400 – P3 6 3 1000 3000Transecto 4- km 450 – P4 7 2 5000 10000Transecto 5 - km 535 –P5 8 5 5000 25000Transecto 6 - km 615 – P6 8 5 5000 25000TOTAL 213.000323


Tabela 41 - Lista de espécies de mamíferos de médio e grande porte identificados nos pontos de amostragem (300, 350,400,450,535 e 615 km) da rodovia BR-319 , Manaus-PortoVelho.NOME No. De Registros TIPO DE FORMA DE STATUSCATEGORIA TAXONÔMICAVERNACULAR Seca Cheia Local dos Registros HABITAT DETECÇÃO MMA CITESOrdem XENARTHRAFamília MYRMECOPHAGIDAETamandua tetradactyla Tamanduá-mambira 2 3 P2,P3,P5,P6 FTF, BT Rastro, entrevistaMyrmecophaga tridactyla Tamanduá-bandeira 1 3 P1,P3,P5,P6 Rastro, entrevista EN VUBradypus variegatus Preguiça 1 3 P1,P3,P5,P6 FTF, MTC Entrevista VUCholoepus didactylus Preguiça real 1 P1 FTF EntrevistaCyclops didactylus Tamanduá pigmeu 3 P5, P6, P3 FOATBP, FODTB EntrevistaFamília DASYPODIDAECabassous unicinctus Tatu-rabo-de-sola 1 P6 FOATBP Entrevista LCDasypus novemcinctus Tatu galinha 2 9 P1,P2, P5, Estrada, P6, P3 BT, FTF, MCT Visual, Rastro, tocasDasypus kappleri Tatu-15 quilos 1 2 P1, P5, P3 Entrevista,Priodontes maximus Tatu canastra 1 3 P1,P2, P5, P5T2, P6, P3 FTF Ossada, entrevista,toca EN ENOrdem PRIMATESFamília CALLITRICHIDAESaguinus fuscicollis weddelliSagüi de cara suja,macaco balateiro 16 54 P1,P2,P6 FTF Visual EN ENSaguinus labiatus labiatus Sagüi-de-bigode 4 4 P2, Estrada, P5, P6, P3 Visual,capturaCebuella pygmaea Macaco -leão 1 P6, P6T2 FOATBP Entrevista, visualFamília CEBIDAECebus apella Macaco prego 2 59 P1,P2, P5, P5, P6, , P3 FTF Visual, couro,sonoroSaimiri sciureus Macaco de cheiro 15 8 P1, P2 (igarapé), P5, P6, FTF, MT,IG, BT VisualSubfamília AotinaeCallicebus moloch caligatus Zogue-zogue 14 19 Km 230, P1, P2, P5, P4, P3 FTF, Estrada VisualAotus nigriceps Macaco da Noite 2 1 P1 FTF Visual, vocalizaçãoFamília PITHECIIDAEPithecia irrorata Parauacu 9 13 P2, P5, P6 MTC,FTF VisualFamília AtelidaeSubfamília AlouatinaeAlouatta seniculus Guariba 2 11 P2, P5, P6, P3 FTF Visual,entrevista VUSubfamília AtelinaeLagothrix lagothricha cana Macaco barrigudo 26 31 P1,P2, P5, P6, P3 FTF Visual,entrevista VUOrdem CARNIVORA


Família CANIDAESpeothos venaticus Cachorro-vinagre P6 FOATBP Entrevista VU ENFamília PROCYONIDAEPotus flavus Jupará 1 1 P1,P5 FTF RastrosNasua nasua Quati 2 3 P1,P5,P6 FTF Visual, Rastro, Couro,entrevista VUFamília MUSTELIDAEEira bárbara Irara 3 4P1, Igarapé doAbreu,P3,P5,P6 MTC Visual, couro,entrevistaLutra longicaudis Lontra 3 1Igarapé do Manézinho, P5,P6, P3 BT, IG Visual ENPteronura brasiliensis Ariranha 1 2 Igarapé do Manézinho,P5,P6 BT, IG Visual,entrevista EN ENFamília FELIDAEFelis yagouaroundi Gato jaguarundi 2 P1,P5 FOATBP Visual,entrevistaLeopardus pardalisJaguatirica ouMaracajá-açú 3 3 P1,P2,P5,P6 FTF Rastro,entrevista VUVisual,Vocalização,Pegada,restos dePanthera onça Onça pintada 4 8 P1,P2, P5, P6, P3 FTFcarcaças de presas VU ENP1, Igapó Açú, P5, km 595,Vocalização,Pegada, couro,carcaça dePuma concolor Onça vermelha 2 1 P6FTFpresa VUOrdem PERISSODACTYLAFamília TAPIRIDAE VUTapirus terrestris Anta 2 11Ordem ARTIODACTYLAFamília CERVIDAEP1,P2, P5, P5T2, P6, P6T2,P4, P3 Estrada FTF, BT,MTC Rastros,visual VU VUMazama gouazoubiraVeado catingueiro,roxo ou fuboca 1 2 P1, P5, P6, P3 FTF Rastro, entrevistaMazama americana Veado mateiro 3 3 P1 , P5, P3 FTF ossada, pegada, visual, couroFamília TAYASSUIDAETayassu tajacu Caititu 13 27P1,P2, P5, P5T1, P5T2, P6,P4, P3 FTF Visual, rastros VUP2, P5, P5T1, P5T2, P6, P4,P3 FTF Visual, rastros VUTayassu pecari Queixada 1 7Ordem RODENTIAFamília SCIURIDAESciurus cf. igniventris Esquilo-vermelho 1 2 P1,P2 FTF Visual, couro325


Sciurus pusillus Esquilo cinza 1 P1 FTF VisualSciurus aestuans.Esquilo preto ouquatipuru 1 4 P1,P2,P5,P3 FTF, MTC, Visual,entrevistaFamília AGOUTIDAEP1, P2, P2 (igarapé), P5, FTF, MTC, BT,P5T2, Estrada, P6, P3 Lagoa Rastro, visual, carcaçaAgouti paca Paca 13 13Família DASYPROCTIDAEVisual, Rastro (pegadas, pelos, fezes),entrevistaDasyprocta fuliginosa Cutia preta 24 18 P1, P2, P6, ,P4, P3 FTF, MTC,Myoprocta pratii Cutiara 4 P1,P2, P5, P3 Visual,entrevistaFamília ERETHIZONTIDAECoendou prehensilis Coendu 1 3 P1, P5, P3 FTF Pelos nas fezes,entrevistaFamília HIDROCHAERIDAEHydrochoerus hydrochaeris Capivara P5, P3 FOATBP, FODTB EntrevistaOrdem MARSUPIALIADidelphis marsupialis Mucura 3 P1 FTF, MTC RastrosLegenda: LOCAL:P1= Ponto de Amostragem Um, km 300; P2= Ponto de amostragem dois, km 350; P1T1= Transecto 1 do Ponto um; P1T2= Transecto 2 do Ponto um;P2T2=Transecto dois do ponto dois; P3= Ponto de amostragem três, km 400;P4= Ponto de amostragem quatro, km 450 P5= Ponto de amostragem cinco, km 535; P6= Ponto de amostragem seis, km615 P3T1= Transecto 1 do Ponto três; P3T2= Transecto 2 do Ponto três; HABITATS: FTF = floresta de terra firme; MTC = mata ciliar de terra firme; BT= baixio; IG = igarapé; FOATBP =floresta ombrófila aberta das terras baixas com palmeiras;FODTB= Floresta ombrófila densa das terras baixas;TIPOS DE REGISTRO: Visual = observações diretas; Vocal = Vocalização ouvidasem encontro com o animal; Auditiva = Animal se movimenta, mas não é visualizado; Rastro = Pegadas, fezes, tocas, carcaças; STATUS: EN= Ameaçada (endangered) ou Anexo Ida CITES; VU= vulnerável ou Anexo II da CITES.326


Índices RelativosOs índices adimensionais e relativos da fauna existente nas áreas amostradas darodovia BR-319 foram apresentados nas tabelas 42 (seca) e 43 (cheia).Tabela 42 - Índice de Linsdale, Freqüência de Ocorrência Modificada, Índice de abundância de Kendeigh,Número de Registros, Percentagem de Ocorrência e Index count de mamíferos de grande e médio porteregistrados nos pontos de amostragem no km 300 e 350 da rodovia BR-319 durante a seca (julho de 2008).Ponto de Amostragem Um : Transecto P1 – km 300IndexEspécies Ilinsdale FOM Kendeigh N.Reg. PO(%)count(N/ha)Tapirus terrestris 22,22 4,94 2,22 2 4,76 0,25Lagothrix lagothricha 22,22 9,88 4,97 10 23,81 1,25Tayassu tajacu 33,33 18,52 6,94 13 30,95 1,625Dasyprocta fuliginosa 66,67 51,85 7,70 8 19,05 1Potus flavus 11,11 1,23 1,11 1 2,38 0,125Saimiri sciureus 11,11 2,47 1,92 3 7,14 0,375Leopardus pardalis 11,11 1,23 1,11 1 2,38 0,125Agouti paca 22,22 7,41 3,14 2 4,76 0,25Sciurus sp. 11,11 1,23 1,11 1 2,38 0,125Mazama americana 11,11 1,23 1,11 1 2,38 0,125Ponto de Amostragem dois: Transecto P2 – km 350IndexEspécies Ilinsdale FOM Kendeigh N.Reg. PO(%)count(N/ha)Dasyprocta fuliginosa 14,29 2,04 1,43 1 3,23 0,18Alouatta seniculus 14,29 2,04 2,02 2 6,45 0,25Leopardus pardalis 14,29 2,04 1,43 1 3,23 0,18Agouti paca 14,29 2,04 2,02 2 6,45 0,25Pithecia irrorata 28,57 16,33 6,06 9 29,03 0,76Saguinus fusciocolis 28,57 20,41 8,08 16 51,61 1,01As espécies com maior número de registros durante a seca na rodovia BR-319foram: Macaco-Barrigudo (16,9% dos registros), Cutia (15,6), Sagui (10,04%), Macaco-de-Cheiro (9,7%), Zogue-Zogue (9,1%), Caititu (8,4%) e Paca (também com 8,4%). As espéciesde maior abundância foram Macaco-Balateiro (8,08), cutia (7,7), Caititu (6,94) e parauacu(6,06).327


Tabela 43 - Índice de Linsdale, Freqüência de Ocorrência Modificada, Índice de abundância de Kendeigh,Número de Registros, Percentagem de Ocorrência e Index count de mamíferos de grande e médio porteregistrados nos pontos de amostragem nos km 300, 350,400, 450, 535 e 615 da rodovia BR-319 durante a cheia(janeiro de 2009).Ponto 1: Transecto 1 – km 300IndexEspécies Ilinsdale FOM Ikendeigh N.IndivÍduos PO(%)count(N/ha)Tapirus terrestris 16,67 2,78 1,67 1 1,05 0,02Lagothrixlagothricha 33,33 22,22 8,82 14 14,74 0,32Tayassu tajacu 50,00 33,33 6,45 5 5,26 0,11Dasyproctafuliginosa 16,67 2,78 2,36 2 2,11 0,05Myoprocta agouti 16,67 2,78 1,67 1 1,05 0,02Sciurusigniventris 33,33 11,11 3,33 2 2,11 0,05Eira bárbara 16,67 2,78 1,67 1 1,05 0,02Saguinusfusciocolis 66,67 111,11 20,82 39 41,05 0,89Cebus apella 33,33 27,78 10,80 21 22,11 0,48Agouti paca 16,67 2,78 1,67 1 1,05 0,02Pithecia irrorata 33,33 22,22 6,24 7 7,37 0,16Dasypusnovemcintus 16,67 2,78 1,67 1 1,05 0,02Ponto 2: Transecto 2 – km 350Espécies Ilinsdale FOM Ikendeigh N.IndivÍduos PO(%)Indexcount(N/ha)Tapirus terrestris 10 1 1 1 0,85 0,02Tayassu tajacu 50 35 10,25 20 17,09 0,45Dasyproctafuliginosa 30 9 3,46 4 3,42 0,09Myoprocta agouti 10 1 1,00 1 0,85 0,02Sciurus sp. 20 4 2,00 2 1,71 0,05Leopardus pardalis 10 1 1,00 1 0,85 0,02Alouata seniculus 10 2 2,83 8 6,84 0,18Saguinusfusciocolis 30 15 6,00 12 10,26 0,27Lagothrixlagothricha 30 15 6,24 13 11,11 0,30Cebus apella 30 24 11,49 34 29,06 0,77Panthera onca 10 1 1,00 1 0,85 0,02Agouti paca 30 9 3,00 3 2,56 0,07Parauacú 10 2 2,45 6 5,13 0,14Dasypusnovemcintus 20 8 3,46 6 5,13 0,14Mazama americana 10 1 1,00 1 0,85 0,02Callicebus moloch 10 2 2,00 4 3,42 0,09Ponto 3: Transecto 3 – km 400Ponto 3: Transecto 3 – km 400Espécies Ilinsdale FOM Ikendeigh N.IndivÍduos PO(%)IndexCount (N/ha)Callicebus sp. 16,67 2,78 1,67 1 3,85 0,0625Lagothrixlagothricha 33,33 11,11 3,33 2 7,69 0,125Panthera onca 33,33 11,11 3,33 2 7,69 0,125Tapirus terrestris 83,33 69,44 8,33 5 19,23 0,3125Pecari tajacu 66,67 44,44 6,67 4 15,38 0,25Tayassu pecari 16,67 2,78 1,67 1 3,85 0,0625328


Dasyproctafuliginosa 33,33 11,11 3,33 2 7,69 0,125Cuniculus paca 66,67 44,44 6,67 4 15,38 0,25Lontra longicaudis 16,67 2,78 1,67 1 3,85 0,0625Mazama americana 16,67 2,78 1,67 1 3,85 0,0625Leopardus pardalis 16,67 2,78 1,67 1 3,85 0,0625Didelphismarsupialis 16,67 2,78 1,67 1 3,85 0,0625Ponto 4: Transecto 4 – km 450Espécies Ilinsdale FOM Ikendeigh N.IndivÍduos PO(%)Index Count(N/ha)Callicebus sp. 42,85714 18,36735 4,285714 3 25 0,15Dasyprocta fuliginosa 42,85714 24,4898 6,546537 7 58,33333 0,35Tapirus terrestris 14,28571 2,040816 1,428571 1 8,333333 0,05Mazama gouazoubira 14,28571 2,040816 1,428571 1 8,333333 0,05Ponto 5: Transecto 5 – km 535Espécies Ilinsdale FOM Ikendeigh N.IndivÍduos PO(%)Index Count(N/ha)Dasypus novemcinctus 12,5 1,5625 1,25 1 5,555556 0,05Cebus apella 37,5 14,0625 3,75 3 16,66667 0,15Saimiri sciureus 12,5 1,5625 1,25 1 5,555556 0,05Callicebus sp. 12,5 1,5625 1,25 1 5,555556 0,05Pithecia monachus 12,5 1,5625 1,25 1 5,555556 0,05Lagothrix lagothricha 12,5 1,5625 1,25 1 5,555556 0,05Tapirus terrestris 12,5 1,5625 1,25 1 5,555556 0,05Pecari tajacu 12,5 1,5625 1,25 1 5,555556 0,05Tayassu pecari 25 6,25 2,5 2 11,11111 0,1Cuniculus paca 37,5 14,0625 4,330127 4 22,22222 0,2Leopardus pardalis 12,5 1,5625 1,25 1 5,555556 0,05Priodontes maximus 12,5 1,5625 1,25 1 5,555556 0,05Ponto 6: Transecto 6 – km 615Espécies Ilinsdale FOM Ikendeigh N.IndivÍduos PO(%)Index Count(N/ha)Cabassous unicinctus 12,5 1,5625 1,25 1 5 0,05Dasypus novemcinctus 12,5 1,5625 1,25 1 5 0,05Saguinus labiatus 25 6,25 2,5 2 10 0,1Saguinus fuscicolis 12,5 1,5625 1,25 1 5 0,05Cebuella pygmaea 12,5 1,5625 1,25 1 5 0,05Cebus apella 12,5 1,5625 1,25 1 5 0,05Saimiri sciureus 12,5 1,5625 1,25 1 5 0,05Pithecia monachus 12,5 1,5625 1,25 1 5 0,05Lagothrix lagothricha 12,5 1,5625 1,25 1 5 0,05Panthera onca 25 6,25 2,5 2 10 0,1Puma concolor 12,5 1,5625 1,25 1 5 0,05Tapirus terrestris 25 6,25 2,5 2 10 0,1Pecari tajacu 12,5 1,5625 1,25 1 5 0,05Tayassu pecari 25 6,25 2,5 2 10 0,1Dasyprocta fuliginosa 25 6,25 2,5 2 10 0,1329


As espécies com maior número de registros durante a cheia na rodovia BR-319foram: Macaco-Prego (com 17% dos registros), Macaco-Balateiro (15,6%), Macaco-Barrigudo (8,9%), Caititu (7,8%), Zogue-Zogue (5,5%), Cutia (5,2%) e Paca (3,7%). Asespécies de maior abundância foram macaco balateiro 20,82), macaco prego (11,49),caitetu (10,25), macaco barrigudo (8,82), paca (6,67) e cutia (6,54).Entre os diferentes transectos monitorados não foi encontrada diferença significativapara os índices de Linsdale (P


Tabela 45 - Índices de similaridade entre os transectos dos diferentes pontos de amostragem da rodovia BR-319.N o EspéciesN o Espécies N o Espécies ÍndiceInd.doÍndice dedo transceto iguais nos 2 de CategoriasSimilaridade transectoSorensencomparado transectos JacardbaseCategoriaspoucomuitoP2XP1 16 12 11 28,21 semelhantes 78,57 semelhantesP1XP3 16 13 5 14,71 Diferentes 34,48poucosemelhantesP1XP4 16 4 2 9,09 Diferentes 20,00poucosemelhantesP1XP5 16 12 7 20,00poucosemelhantes 50,00medianamentesemelhantesP1XP6 16 15 10 24,39poucosemelhantes 64,52muitosemelhantesP2XP3 12 13 8 24,24poucosemelhantes 64,00muitosemelhantesP2XP4 12 4 4 20,00poucosemelhantes 50,00medianamentesemelhantespoucomedianamenteP2XP5 12 12 7 22,58P2XP6 12 15 8 22,86semelhantes 58,33poucosemelhantes 59,26P3XP4 13 4 4 19,05 Diferentes 47,06poucoP3XP5 13 12 7 21,88 semelhantes 56,00P3XP6 13 15 5 15,15 Diferentes 35,71P4XP5 4 12 2 11,11 Diferentes 25,00P4XP6 4 15 2 9,52 Diferentes 21,05P5XP6 12 15 6 18,18 Diferentes 44,44semelhantesmedianamentesemelhantesmedianamentesemelhantesmedianamentesemelhantespoucosemelhantespoucosemelhantespoucosemelhantesmedianamentesemelhantesÍndices absolutos de abundância e densidadeAs tabelas 46 e 47 apresentam o comprimento total percorrido em cada transecto, asespécies avistadas e o número de animais. Com base nos dados destas tabelas, estimou-sea densidade absoluta por hectare e por quilômetro quadrado, através dos métodos de King eHayne, descritos por Jau (1993) e Krebs (1989). Não foi possível estimar a densidade pelametodologia de Fourier por não haverem réplicas dos transectos em um mesmo ponto deamostragem.Verificou-se a existência de correlação entre as densidades absolutas e os índicesrelativos estimados, o que nos possibilitaria inferir sobre a abundância das populações demamíferos caso na ausência de avistamentos. Verificou-se ainda uma correlação médiaentre o IK e a densidade de King (Pearson=0,63; P


também é significativa (P


Macaco Guariba 8 55000 0,29 0,027Macaco Parauacú 6 55000 0,33 0,013Macaco Prego 44 55000 1,64 0,032Macaco Zog Zog 4 55000 0,12 0,011Paca 1 55000 0,02 0,011Quatipuru 2 55000 0,00 0,002Sagüi 8 55000 0,26 0,033Veado Vermelho 1 55000 0,09 0,002Anta 2 55000 0,01 0,003Onça 2 55000 0,01 0,003Estações atrativasDurantes a seca, foram montadas 40 estações ao longo dos transectos P1 e P2, queficaram operantes durante 6 e 5 dias, respectivamente. Foram registradas 36 visitas àsestações olfativas durante a estação seca de 2008, sendo identificadas 9 espécies demamíferos. A tabela 48 apresenta a estimativa de densidade e o índice de visita nasestações atrativas nos pontos de amostragem no km 300 e 350 da rodovia BR-319 na em2008, o que nos permitirá comparar as diferentes áreas de amostragem e avaliar ainfluência da estação do ano sobre a frequência da fauna e os impacatos ocorridos ao longodo tempo.Tabela 48 - Índice de visitas às estações olfativas e densidade relativa da mastofauna dos km 300 e 350 da BR-319 no período da seca - 2008.Est.Operáveis Espéciesìndice devisitasDensidade Dens./ha20 Cutia preta 60 191,63 0,05 a 0,9219 Macaco prego 5,26 105,41 0,0519 Maracajá 5,26 105,41 0,0520 Tamanduá-Mirim 10 110,54 0,1119 Mucura 5,26 105,41 0,0520 Onça 10 110,54 0,1119 Paca 5,26 105,41 0,05 a 0,1120 Queixada 5 105,13 0,0520 Tamanduá Bandeira 5 105,13 0,05A tabela 49 apresenta a quantidade e tamanho médio das pegadas de animaisencontradas nos diferentes transectos. Foram demineados 36 desenhos de pegadasdurante a seca e 22 durante a cheia. O tamanho médio das pegadas associado aocomprimento médio do passo, nos permite estimar a massa corpórea desses animais ecalcular sua área média de home range .333


Tabela 49 - Quantidade, tamanho médio das pegadas e do passo de animais atraídos para estações atrativasem áreas de amostragem na rodovia BR-319.Largura da pata Comprimento PassoEspécie Quantidade(cm)da pata (cm) (cm)1ª. CampanhaAnta 4 11,57 13,1 27Cutia 3 2,9 2,8Gato 2 4,5 5,6Jupará 1 2,9 8Tamanduá-mirim 1 3,3 5,6Paca 11 3,81 4,62 7,55Queixada 2 3,3 4,2 19,5Tamanduá-bandeira 3 5,4 10veado mateiro 3 2,85 4,52ª.campanhaPontos 1 e 2Veado 2 40,5 ±7,77 32 ±8,48Anta 2 105 ±14,14 104,5 ±28,99Caitetu 4 36,5 ±8,18 29 ±7,16G. Maracajá 1 60 ±0 63 ±0Onça pintada 2 92 ±0 85 ±0Paca 3 34,66 ±1,15 33,33 ±4,61Tatu 1 32 ±0 22 ±0Pontos 3,4,5 e 6Tatu 1 4,45 4,27Anta 2 13,02 14,68 43,5Cutia 1 1,83 3,43Caititu 1 4,9 5,13Paca 1 4,64 4,57Gato Maracajá 1 2,54 2,37Veado 2 3,285 4,54Cutia 1 4,65 6,7Para rodovia BR-319, a regressão entre peso médio estimado dos animais (baseadona pesagem de alguns animais caçados pelas famílias entrevistadas) e comprimento dopasso foi positiva com R 2 =92,3% e P


Tabela 50 - Comprimento do passo (cm), peso (kg), home range (ha) e número estimado de mamíferos nospontos amostrais da rodovia BR-319.Espécie Nome CientíficoComprimento Peso estimado Home Rangedo Passo (cm) (kg)(ha)*Anta Tapirus terrestris 27 a 43,5 15,52 a 55,48 34,3Paca Agouti paca 7,55 8,3 10,37Queixada Tayassu pecari 19,5 19,6 17,82*- Para estimar o home range de mamíferos utilizamos a fórmula A=352,3W 0,63 (McNab,1963)EntrevistasNa seca foram entrevistadas cinco famílias que moram próximo as áreas deamostragem (duas próximas ao ponto um e três no Igapó Açu). Dos animais identificadosnas entrevistas para identificação de espécies de mamíferos existentes na região, osmoradores apontaram para 30 espécies presentes nas pranchas, sendo que 26 delas foramidentificadas também pela nossa equipe no levantamento por transectos ou estaçõesatrativas. As duas espécies de preguiça e o tatu 15 quilos só foram relatados nasentrevistas. Uma outra espécie de primata foi citada em entrevista, o mico-leãozinho(Cebuella pigmea), por mais de uma família, embora as informações científicas atuais nãoapontem para sua presença no interflúvio do Madeira, onde situa-se a rodovia BR-319.A caça é uma atividade importante para os moradores ao longo da rodovia BR-319,100% deles consomem carne de animais silvestres para complementar a alimentação. Aorigem desta carne é em 80% dos casos proveniente das caçadas realizadas pelos própriosmoradores e 20% é comprada. Caçam diversas espécies de mamíferos silvestres, emboraas preferidas sejam os porcos do mato (100%) e as pacas (80%), sendo a média de pesodestes animais de 20 kg e 6,5 kg, respectivamente. Caçam durante o ano todo, sendo que40% caçam uma vez por mês, 20% caçam uma vez por semana e 40% caçam todos osdias. Preferem consumir a carne frita, assada ou guisada (80%) e alguns a transformam emsalame (20%). O processo de conservação mais utilizado é a salga (80%) e o salame (20%),que faz com que a carne dure em média três meses.A grande maioria só consome (60%), entretanto, cerca de 40% dos entevistadosvendem a carne de caça para conseguirem um pouco mais de renda para suas famílias. Opreço médio por quilo de carne de caça é de R$3,00, qualquer que seja o animal.Na estação chuvosa, foram entrevistados os 10 homens que fizeram parte dacampanha como apoio técnico. Essas pessoas são moradoras locais, que obtém o alimentopara suas famílias através da caça de subsistência, na maioria das vezes por todo o trajetoda estrada, considerando ainda que essas pessoas possuem fontes de renda ligadas a335


manutenção da rodovia (construção de pontes e reformas improvisadas dos trechos). Oshomens têm idade média de 27,6±10,32 anos e possuem escolaridade variando do segundoano do ensino fundamental a oitava série do ensino fundamental, sendo 60% dosentrevistados casados. As famílias dos casados possuem em média 2,6 filhos, sendo asfontes de renda principais a agricultura, a pesca e outras profissões vinculadas as atividadesde manutenção da rodovia, entre estas como serrador, motorista e carpintaria. A rendamedia das famílias giram em torno de R$ 862,00.Ao analisar os dados relacionados a caça, verificasse que todas as pessoasmoradoras das comunidades localizadas ao longo da rodovia BR-319 são consumidores decarne de caça, dos homens entrevistados 50% possuem uma atividade relacionada a caçaconstante o ano todo, os outros são consumidores mais reservam-se a comprar a carne deterceiros. Ao perguntar desde quando realiza a atividade de caça, a média registrada é de14 ± 2,82 anos de idade. Ao perguntar o tempo total de cada caçada os entrevistadosresponderam que levam em média 4h 36min ± 2h 54min, sendo a tecnologia mais utilizadapara a caça a utilização de espingardas. As caças preferidas são a paca (Agouti paca), compreferência de 27,77% da caça consumida, tendo o peso médio de 10,25% ± 5,67 kg. Emseguida vem o tatu (Dasypus sp.), com uma preferência de 22,22%, com peso médiodescrito de 22,22 ±2,16kg; o veado (Mazama sp.), preferência de 16,66% e com peso médio20 ± 10 kg; os porcos do mato (Tayassu tajacu e T. pecari), com preferência de 11,11% ecom peso médio 17,25 ± 2,5 kg, a cutia (Dasyprocta fuliginosa), com preferência de 11,11%e com peso medio de 5 kg; a anta (Tapirus terrestris), com preferência de 5,55% e com pesomédio de 60 kg (ver também a Tabela 51.Tabela 51 - Preferência de caça nas comunidades ao longo da rodovia BR-319.Caças Média Peso (Kg) Desvio %Paca 10.25 5,67 27,77Tatu 6 2,16 22,22Veado 20 10 16,66Porco 17.25 2,5 11,11Cutia 5 0 11,11Anta 60 0 5,55DiscussãoEm fragmentos florestais na cidade de Manaus, em áreas altamente impactadas,Andrade et al. (2007) monitoraram 140,15 km de transectos, em 29 dias de amostragem erealizaram 377 registros de 23 espécies de mamíferos de grande e médio porte (109 naseca e 268 na cheia). Em estudos realizados por Emmons, 1984, e Malcolm, 1990, apudNunes & Bobadilla (1997) ao norte da cidade de Manaus nas áreas do Projeto Dinâmica de336


Fragmentos Florestais (PDBFF), foram registradas 68 espécies de mamíferos (Primatas=8;Rodentia=22; Didelphimorphia=9; Xenarthra=9; Artiodactyla=4; Perissodactyla=1;Carnivora=14; Lagomorpha=1). Na margem direita do Rio Negro, a cerca de 250 km deManaus, durante a elaboração do plano de manejo no Parque Nacional do Jaú (Parna Jaú),a FVA (1998) identificou 120 espécies de mamíferos. No rio Branco, afluente da margemesquerda do rio Negro, em Roraima, Nunes & Bobadilla (1997) relatam que 43 espécies demamíferos não voadores foram identificadas (Primatas=5; Rodentia=17; Marsupialia=2;Xenarthra=7; Artiodactyla=4; Perissodactyla=1; Carnivora=12; Lagomorpha=1).Andrade et al. (2006), identificaram 55 espécies de mamíferos com 1350 registros naResex Baixo Juruá. Em 2003, De Deus et al., identificaram na RDS Piagaçú-Purus, no rioPurus, 33 espécies de mamíferos de médio e grande porte. Simões dos Santos (1996)identificou 48 espécies da fauna com potencial cinegético em trilhas nas florestas inundadasda RDS Mamirauá (4 répteis, 27 aves e 17 mamíferos). Gribel (1993) relata que durante oresgate de mamíferos da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, foram identificadas 40 espécies.Bodmer & Puertas (1997) encontraram 16 espécies de mamíferos utilizados para caça nastrilhas da reserva Pacaya-Samiria na Amazônia peruana, embora, Soini (1995), emlevantamento de fauna ao longo do rio Pacaya tenha encontrado 40 espécies de mamiferosnão voadores. No Pantanal da Nhecolândia , Lourival et al. (1997) observou 26 espécies demamíferos.O número de espécies de mamíferos encontrados nos pontos de amostragem darodovia BR-319 pode ser considerado baixo quando comparado aos estudos realizados, nãosó em florestas próximas a Manaus ou na bacia do Rio Negro, mas também, quandocomparado aos estudos feitos em outras regiões de floresta amazônica (rio Purus, Juruá eXingu), só sendo similar ao número de mamíferos encontrados em áreas impactadas ouabertas, como o Pantanal, ou de florestas inundadas, como em Mamirauá. Um menornúmero de registros de espécies pode ser associado ao período seco, onde os animais sedispersam mais, em busca dos cursos d’água e fontes de alimentação. Pode-se inferirtambém sobre uma possível influência remanescente do tempo em que a rodovia BR-319esteve em atividade. Como os transectos se afastaram apenas 5 km da pista, talvez aindahaja algum efeito sobre a distribuição e abundância dos animais nos pontos amostrais.Nos pontos de amostragem um e dois, no km 300 e 350 da rodovia BR-319, foi feitoum maior número de registros do que nos outros pontos, provavelmente, porque osprimeiros transectos cortavam uma região com uma área de baixio e quatro igarapés,enquanto, os outros transectos cortavam platôs sem mananciais de água. Entretanto, avariação do número de espécies entre cada ponto amostral, não foi significativa. No P1337


foram identificadas 18 espécies; no P2 16 espécies; no P3 foram 13 espécies; no P4 foram4 espécies; no P5 foram 12 espécies; e no P6 foram 15 espécies.A observação de espécies ameaçadas de extinção ou vulneráveis aponta ainda paraa necessidade de esforços em termos de conservação, evitando-se assim perdas espéciese material genético para as gerações futuras.Índices RelativosAndrade et al. (2006) verificaram através do índice de abundância de Kendeigh queexistem espécies com maior abundância que outras (H=66,53, P


O índice de Jacard, por ser mais rigoroso, indicou que mesmo nos pontos amostraisapontados como diferentes ou pouco semelhantes, mantém-se a tendência de que as áreascom maior diversidade e número de espécies e registros tenham maior nível desemelhança. Todavia, se consideramos o índice de Sorensen, observamos que os pontosamostrais são medianamente semelhantes, provavelmente em função da similaridade dacobertura da vegetação (maiores detalhes no levantamento da equipe da flora apresentadono presente EIA).Com relação a influência da sazonalidade sobre grandes e médios mamíferos, éimportante que se façam algumas considerações sobre o estudo de impacto ambiental paragrandes e médios mamíferos na área de influência da rodovia BR-319. Em primeiro lugar, adiferença entre o número de registros (visuais diretos, pegadas e tocas) de espécimes demamíferos tende a ser maior em função de diferenças ambientais, ao contrário dos módulosaqui levantados, similares, ao menos, do ponto de vista da vegetação.Andrade et al., 2006 compararam transectos construídos nas áreas de várzea e terrafirme do baixo Juruá, verificando um maior número de registros na cheia. Todavia, nasanálises realizadas considerando a média diária dos transectos não foram encontradasdiferença significativa entre cheia e vazante, embora o número de espécies tenha sido maiorna cheia do que na seca. Andrade et al. 2007 examinaram fragmentos florestais próximos aigapós em Manaus, encontrando 109 registros (sinais ou visualização) de mamíferos, sendoidentificadas 17 (dezessete) espécies na seca. Na cheia, foram observados 268 registros(sinais ou visualização) de mamíferos, sendo identificadas 21 (vinte e uma) espécies.Em média, quando na área de amostragem o transecto atravessa ecossistemasdiferenciados (terra firme e várzea, terra firme e igapó), o número de registros na cheia é245,87% maior que na seca, sendo que o número de espécies pode receber um incrementode 23,52 a 35,29%. Em ambientes muito uniformes, como é o caso do entorno da rodoviaBR-319, embora possa ocorrer uma variação no número de registros por espécime, onúmero de espécies amostrados em cada local deverá variar em média de 10-15%.Índices absolutos de abundância e densidadeOs índices relativos ou adimensionais nos permitem comparar a ocorrência,abundância e diversidade de espécies em uma mesma área ou em áreas diferentes, bemcomo comparar áreas antes e depois de uma atividade impactante. Estes índices sãoimportantes para o tipo de situação que nos propomos avaliar neste estudo e,fundamentalmente, podem ser obtidos através de uma metodologia simples e replicável nofuturo, possibilitando a construção de uma série histórica de monitoramento sobre amastofauna em diferentes pontos de amostragem na rodovia BR-319.339


As informações dos levantamentos de fauna com estimativa de densidade absolutasão escassas na Amazônia Brasileira. Mesmo em áreas bem estudadas, como a ReservaAdolpho Ducke, INPA, e no Campus da Universidade Federal do Amazonas (UFAM),maiores fragmentos florestais da área metropolitana de Manaus, poucos levantamentos demamíferos foram feitos. Gribel et al. (1990) nos informa que na área da hidrelétrica deBalbina, 160 km ao norte de Manaus, às margens do rio Uatumã, a densidade estimadapara os animais resgatados foi de: Bradypus variegatus = 12,2 animais/km 2 ; Choloepusdidactylus =5,04 animais/km 2 ; Tamandua tetradactyla =1,5 animais/km 2 ; Cebus apella =1,06animais/km 2 . Gribel (1993) também estimou para a região da hidrelétrica de Tucuruí, noPará, as seguintes densidades: Saguinus midas= 0,44 animais/km 2 ; Saimiri sciureus = 0,72animais/km 2 ; esquilos (Sciurus sp) = 0,03 animais/km 2 ; mucura (Didelphis marsupialis) =0,20 animais/km 2 ; tatu (Dasypus sp) =3,98 animais/km 2 ; preguiça=11,84 animais/km 2 , sendoalguns valores inferiores aos encontrados na rodovia BR-319, principalmente, com relação asagüis e esquilos, animais oportunistas que subsiste bem em áreas mais abertas oudegradadas e com ação antrópica.No Baixo Juruá, Andrade et al. (2006) verificou que existe diferenças significativasentre estações de coleta distintas, sendo a densidade média na cheia (23,83±15,48 animais/km 2 ) superior a da vazante ou seca (6,39 ±7,21 animais/ km 2 ). Observou também queexistem espécies com maior densidade por hectare do que outras, sendo que as espéciescom maior densidade por quilômetro quadrado em florestas de várzea e terra firme foram,em ordem decrescente: 1) Tayassu pecari; 2) Agouti paca 3) Macaco barrigudo (Lagothrixlagothricha): 4) Saimiri sciureus: e 5) Caitetu(Tayassu tajacu).Simões dos Santos (1996) encontrou na RDS Mamirauá, maiores densidades demacaco de cheiro (Saimiri sciureus) em áreas alagadas, como as florestas inundadas do RioSolimões. Em Mamirauá, a densidade encontrada para macaco prego (Cebus apella) foi de11,8 a 36,3 animais/km 2 , que caracteriza esse primata como animal de matas ciliares deigarapés e floresta de terra firme com densidade superior à encontrada para outro grandemacaco que ocupa esse habitat no igarapé do Cururu, o parauacú, cuja densidade variou de1,03 a 1,89 animais/ km 2 .Na Amazônia peruana, nas reservas de Pacaya-Samiria e Tamshiyacu-Tahuayo,Bodmer, Aquino & Puertas (1997) estimaram as densidades de grandes mamíferos comocaititus, T. tajacu (2,13 animais/km 2 ), veado-mateiro, Mazama americana (0,96 animais/km 2 ),queixada, T. pecari (9,72 animais/km 2 ) e anta, Tapirus terrestris (0,3 a 1,71 animais/km 2 ). NoPantanal, Lourival et al. (1997) encontrou densidades superiores as da rodovia BR-319 paraa cutia (3,39 vs. 0,11- 0,36 animais/km 2 ). Redford (1997) encontrou para grandes primatas(Cebus apella e Ateles spp.) densidades de 34,1±10,8 animais/km 2 em florestas da340


Amazônia peruana superiores as densidades encontradas na rodovia BR-319 para oparauacú (1,89 animais/km 2 ). Na Costa Rica, Vaughan & McCoy apud Rau (1993)encontraram densidades de 87 animais/km 2 para Cebus capucinus e de 66 animais/km2para Saimiri oerstedii.Observou-se que as densidades estimadas para as populações de mamíferos demédio e grande porte para a rodovia BR-319 são, em geral, baixas quando comparadas aoutras regiões de florestas contínuas e com menor nível de impacto de atividades humanase degradação ambiental. Possivelmente, existe um efeito da simples presença da rodovia oudo impacto de sua obra original sobre a fauna de mamíferos local. Isto se deve,provavelmente, a fragmentação do ambiente, a redução dos recursos alimentares e abrigos,bem como as atividades humanas diretas exercidas no local, como caça, desmatamento,assoreamento e barramento de igarapés, coleta de frutos e presença de ruídos de maquinasque ocorrem em diferentes graus em cada trecho da rodovia.Estações atrativasEsta metodologia só pôde ser utilizada no período seco, considerando que durante acampanha da estação chuvosa, em janeiro de 2009, o índice pluviométrico foi o maior dosúltimos 10 anos para o mês de janeiro no estado do Amazonas. Esse excesso de chuvasinundou alguns transectos e consequentemente as estações atrativas, impossibilitando estetipo de metodologia auxiliar para a coleta de pegadas. Entretanto, durante a estação seca,ela foi bem eficiente, servindo para identificar muitas pegadas e correlacionar o índice deabundância relativa por pegadas com os índices de abundância absolutos obtidos pelométodo dos transectos (Densidade por King e Hayne).Andrade et al. (2007) analisaram a correlação entre o comprimento da pegada ou ocomprimento do passo com o peso de alguns mamíferos no Centro de Criação de AnimaisNativos (CECAN), km 35 da BR-174 em floresta de terra firme, próximo de Manaus, sendo amesma positiva. Também encontraram correlação entre o comprimento do passo e o peso.O tamanho da área de vida ou home range pode ser utilizado para predizer avulnerabilidade à fragmentação. Lovejoy et al., 1999 apud Pires et al. (2006) observaramque fragmentos amazônicos de 100 ha não suportam três espécies de primatas cujosgrupos possuem área de vida superior a 100 ha (Ateles paniscus, Cebus apella e Chiropotessatanas). No entanto, espécies que possuem áreas de vida menores (Pithecia pithecia eSaguinus midas) podem ser encontradas em fragmentos de 100 e 10 ha ou em áreasalteradas, exatamente como parece estar ocorrendo com Saguinus fuscicollis ao longo darodovia BR-319.341


O fato de não ser encontrada correlação significativa entre a densidade estimadapelas estações atrativas e a pela visualização em transectos (P


comerciantes de peixes e produtos agropecuários, residentes na cidade de Humaitá e nacomunidade Realidade (localizada entre o km 50 e 100 da BR 319), respectivamente. Amaioria dos entrevistados (70%) afirmou que a caça é apenas para consumo familiar e 30%afirmou que comercializa aproximadamente metade dos animais que caça. Elesidentificaram similarmente a este estudo, que os animais de caça preferidos são a paca(Agouti paca) e o queixada (Tayassu pecari). Aproximadamente 90% da populaçãoestudada (rural e urbana; N=25) considerou que a captura de fauna silvestre está diminuindoem relação as épocas anteriores.• Mamíferos de pequeno porte “voadores”ResultadosForam registradas sete espécies de morcegos (n=39), distribuídos em trêsSubfamílias (Carollinae, Phyllostominae e Stenodermatinae) e uma família (Phyllostomidae)(Anexo IX). Nenhuma espécie registrada para a área de influência do empreendimentoaparece como ameaçada de extinção segundo a lista da IUCN (2006).A área que apresentou o maior numero de espécies foi o Modulo 5 com 4 espéciesregistradas seguido dos módulos 3, 4 e 6 com 2 espécies e 1 e 2 com uma espécie.Nenhuma espécie de morcego hematófago foi registrada para a área de influência doempreendimento. A espécie com o maior numero de registros foi Carollia perspicillata (n=25)(Anexo X).A curva de acumulação de espécies não alcança assíntota estabilizada, coformeprevisto, padrão esse comum em estudos na Amazônia, especialmente em estudos rápidosrealizados dentro do escopo de um EIA/RIMA (Figura 116). Ao analizarmos a curva deacumulação de espécies percebemos que existem táxons que ainda podem ser coletadosna área de influência da rodovia BR-319. Esta curva indica apenas que as espécies maiscomuns e abundantes na área foram amostradas, e certamente espécies menosabundantes serão coletadas a medida que novas amostragens forem realizadas.Figura 116 - Curva de acumulação das espécies de mamíferos de pequeno porte “voadores”.343


DiscussãoConsiderando o grupo de pequenos mamíferos voadores, as espécies Rhinophyllapumilio, Trachops cirrhosus, Uroderma bilobatum, Carollia perspicillata e Carollia brevicaudasão comumente encontradas em formações florestais alteradas e são boas bioindicadorasde áreas degradadas. (Estado de conservação de baixo risco IUCN, 2006).Artibeus planirostris habita áreas florestadas, fragmentos de mata e ambientesxeromórficos. Esta espécie é muito abundante no cerrado e na Amazônia. Espécierelativamente comum e não ameaçada de extinção (IUCN, 2006). Apesar de Artibeusobscurus ser considerada uma espécie quase ameaçada de extinção segundo a lista daIUCN (2006) sua ocorrência é observada em pequenas áreas urbanas (Reis et al., 2007) eprovavelmente não corre riscos de ser extinta, a sua inclusão como “quase ameaçada” deveser associada a falta de estudos sobre a distribuição desta espécie.Como as espécies encontradas são todas representantes de áreas degradadas aimplementação deste empreendimento pode aumentar o registro destas espécies para aárea de influência da rodovia BR-319, porém para se avaliar melhor os possíveis impactoscausados por estas espécies seria necessário a elaboração de um plano de monitoramentodurante e após a construção da Rodovia.Durante a campanha não foi registrada nenhuma espécie hematófaga com potencialepidemiológico. Entretanto, através de entrevistas com moradores da região, sabe-se quehá ocorrência dessas espécies em áreas próximas ao empreendimento. Com base nestasinformações, são necessários mais estudos para avaliação de riscos epidemiológicos naárea de influência da rodovia BR-319.Uso da FaunaIntroduçãoA caça é uma das mais antigas atividades humanas, precedida somente pela coletade frutos, raízes e tubérculos. Nas florestas tropicais é realizada desde a ocupação dessesecossistemas e biomas, estimada em 40 mil anos nas florestas da Ásia e África e em pelomenos 10 mil anos na América Latina. A caça normalmente ocorre por motivos nutricionais,econômicos, culturais e recreativos. Na atualidade a fauna silvestre ainda é amplamenteutilizada como suprimento de proteína e gordura animal nas áreas rurais. Atualmente,estima-se que a caça e a pesca representam no mínimo 20% da dieta dos moradores dasflorestas tropicais, em pelo menos 62 países (Robinson & Bennett, 1999).A diminuição populacional de animas silvestres usados para alimentação humana emmuitas áreas rurais, é seguida por uma diminuição no consumo de proteína animal(Stearman 1990; Bennett et al., 1999). O alto valor da carne de caça faz com que seja344


frequentemente transportada de mercados locais para mercados urbanos (e.g., Castro et al.,1976; Caldecott, 1988; Lee et al., 1988; Bodmer et al., 1990a; Falconer, 1992; Fa et al.,1995) constituindo a principal fonte de renda para muitas pessoas nas áreas rurais, queusam os recursos obtidos para aquisição de itens necessários a subsistência (Robinson &Bennett 1999; Caldecott, 1988; Bodmer et al., 1990a; Redford & Robinson, 1991; Lahm,1993).A maior parte dos estudos de caça de subsistência na região tropical provém deentrevistas realizados com os moradores (eg. Ayres et al., 1991; Pezzuti, 2003; De la Ossa,2007; Terra, 2007), contagem de carcaças consumidas (e.g. Mena et.al. 1999) e estudossobre carne de caça comercializada em mercados urbanos (e.g. Fa et al., 1995).As espécies silvestres mais importantes na caça de subsistência, de pessoas quevivem em florestas tropicais são os grandes mamíferos. Pois, normalmente contribuem commaior rendimento de carne por esforço de captura (Redford,1997). O grupo quenormalmente é mais representativo nos neotrópicos, no que se refere a biomassa, é o dosungulados. Representado principalmente pelos veados (Mazama sp.), antas (Tapirus sp.) eporcos do mato (Tayassu sp.) (e.g. Wetterberg et al., 1976; Bodmer et al., 1988b).A caça como fonte de proteína já era evidenciada nos primeiros relatos sobre aAmazônia. Ainda hoje a caça é importante fonte protéica para as populações ruraisamazônicas, podendo constituir um fator limitante para os agrupamentos humanos (Gross,1975; Ayres & Ayres, 1979).Medina (1934) afirma que, em 1542, era comum encontrar pequenos vilarejos naAmazônia com mais de mil tartarugas-da-amazônia (Podocnemis expansa) em currais. Aindústria do óleo destruiu, em 1860, cerca de 48 milhões de ovos de tartaruga-da-amazônia,esforço reprodutivo de cerca de 400.000 fêmeas, no alto rio Amazonas e no Madeira (Bates,1863). Fatores culturais e economia pouco desenvolvida permitiram que os indígenas naAmazônia pudessem utilizar a Tartaruga-da-amazônia como recurso alimentar, de formaaparentemente pouco impactante, durante milênios, mas cerca de 300 anos de intensaexploração antrópica (impulsionada pela indústria do óleo) levaram essa espécie a beira daextinção (Smith, 1974). A população da tartaruga-da-Amazônia atualmente está reduzida amenos de 50 fêmeas reprodutivas na confluência dos rios Solimões e Japurá, na Reservade Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (Fachín-Terán, 2001).A comercialização de animais silvestres também é pratica comum na Amazônia. Ocomércio da carne de peixe-boi (Trichechus inunguis) ocorreu desde o início do século XVII,resultando em milhares de animais mortos até meados do século XX (Redford, 1997). Alémdo comércio de carne, grande quantidade de animais silvestres foi caçada principalmente noséculo XX para realização do comércio internacional de couros e peles. As principais345


espécies utilizadas neste comércio foram o queixada (Tayassu pecari), capivara(Hydrochaeris hydrochaeris), ariranha (Pteronura brasiliensis), lontra (Lutra longicaudus),jacarés e algumas espécies de felinos (Smith, 1978; Redford, 1997).A exploração comercial da fauna silvestre tornou-se uma atividade ilegal no Brasilcom a Lei de Proteção à Fauna. (Lei n° 5.197, de 3 de fevereiro de 1967). A caça foiproibida inclusive para as populações humanas que dependiam da fauna para alimentação.Somente em 1998, a caça de subsistência foi permitida com a Lei de Crimes Ambientais (Lein°. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998), desde que “ em estado de necessidade para saciar afome do agente ou de sua família”.Os quelônios amazônicos são um importante recurso alimentar e econômico para osribeirinhos (Mittermeier, 1975; Klemens & Thorbjarnarson, 1995; Fachín-Terán et el., 1996;Vogt, 2001; Rebêlo & Pezzuti, 2001; De la Ossa, 2007). As espécies mais procuradasatualmente para o consumo na Amazônia são Podocnemis expansa, Podocnemis unifilis(tracajá), Podocnemis sextuberculata (iaçá), Podocnemis erythrocephala (irapuca) ePeltocephalus dumerilianus (cabeçudo) (Klemens & Thorbjarnarson, 1995; Fachín-Terán,2001; Vogt 2001; Rebêlo & Pezzuti, 2001; Pezzuti, 2003; Pezzuti et al., 2004). Todas estasespécies são classificadas como Vulneráveis pela IUCN (Tortoise & Freshwater TurtlesSpecialist Group, 1996). Apenas P. expansa foi reclassificada recentemente como de BaixoRisco devido aos esforços do IBAMA na proteção de seus tabuleiros de desova através doantigo CENAQUA (atual RAN/IBAMA).Os jacarés são importantes para o comércio e consumo de carne na regiãoamazônica (Robinson & Redford, 1991; Klemens & Thorbjarnarson, 1995). Atualmente, acarne de jacaré é amplamente comercializada no estado do Amazonas, o que faz da regiãoa maior produtora ilegal do mundo (Da Silveira et al., 1999).Segundo Terra (2007), atualmente as comunidades rurais amazônicas caçam comfreqüência. No fim da década de 1990, somente no estado do Amazonas foram abatidosanualmente cerca de 3,5 milhões de mamíferos, aves e répteis para a subsistência(Robinson & Redford, 1991). A caça comercial de animais silvestres também é práticacomum na Amazônia brasileira (Terra, 2007) e o valor econômico gerado pelo comércio defauna silvestre na bacia amazônica movimenta cerca de 175 milhões de dólares anualmente(TCA, 1995).Terra (2007) ao estudar padrões de caça de caboclos na RSD Piagaçu-Purus-AM eindígenas na Terra indígena Lago do Ayapuá-AM observou que foram caçadas pelo menos59 espécies de vertebrados. Os grupos mais caçados foram os mamíferos, representadosprincipalmente por ungulados e roedores; aves e répteis, com menor significância. Na RDSAmanã foram caçadas 36 espécies de vertebrados (Amaral, 2005) e no Acre cerca de 29346


espécies (Martins, 1992). No Oiapoque foi estimada a caça de cerca de 50 espécies devertebrados (Mühlen, 2005) e cerca de 41 espécies pelos Waimiri-Atroari, (Souza-Mazurek,et. al. 2000). Os índios amazônicos do Equador caçam cerca de 26 espécies de mamíferos,18 de aves e quatro de répteis (Vickers, 1991). Os Huanori no Equador caçamaproximadamente 25 espécies de mamíferos, 11 de aves e cinco de répteis (Mena et al.,1999) e os índios Siorinós da Bolívia caçam 23 espécies de mamíferos, 33 de aves e 9 derépteis (Noss, 1999).Na Amazônia, a caça, mesmo a de subsistência, vem ocorrendo sem planejamentoalgum, devido à falta de alternativas sustentáveis, carência de estudos e da poucaparticipação das populações locais nos processos de tomada de decisão (Terra, 2007).A caça causa impactos significativos nas populações de animais silvestres (Robinson& Bennett 1999). Pois, pode gerar diminuição da densidade populacional das espéciescaçadas (Alvard, 1999; Bennett et al., 1999; Eves & Ruggiero, 1999; FitzGibbon et al., 1999;Hart, 1999; Peres, 1999). Redford (1992) observou que populações de mamíferos foramreduzidas em aproximadamente 75% com pequena pressão de caça e cerca de 95% sobcaça intensa. A caça pode reduzir o tamanho corporal médio das espécies caçadas(Robinson & Bennett 1999; Hart, 1999; Peres, 1999) e ao selecionar as espécies com maiortamanho corporal pode diminuir a massa média das populações caçadas (Bennett, 1998). Aidade média da maturação sexual nas populações das espécies sob pressão de caça podeser antecipada e ocorre redução na proporção de indivíduos mais velhos nas populações(Hart, 1999). A caça leva a um significante decréscimo da produção da comunidadebiológica (Puri, 1992; Hart, 1999), limitando o potencial de exploração futura (Robinson &Redford, 1991b). Espécies vulneráveis podem ser localmente extintas, geralmente espéciesde grande porte com baixas taxas de aumento natural (Alvard, 1999; Bennett et al., 1999;Clayton & Milner-Gulland, 1999).A preferência dos caçadores por animais em certas classes de tamanho altera arepresentação de diferentes guildas e níveis tróficos em uma comunidade. Essas mudançaspodem ter grandes repercussões no ecossistema (Robinson & Bennett, 1999). A preferênciade caça de frugívoros e granívoros (Robinson, 1996) pode afetar pápeis relacionados apolinização, dispersão e predação de sementes (Redford, 1992) e a caça de unguladospode diminuir o tamanho populacional de seus predadores (Madhusudan & Karanth, 1999).As rodovias facilitam a aquisição de alguns produtos industrializados que aumentamo potencial de caça, como armas de fogo e munição, por exemplo (Bennett et al., 1999;Stearman, 1999). Já foi observado que a presença de rodovias em aéreas florestais causamudança nos padrões de caça, pois muitas técnicas de caça tradicionais são abandonadasem detrimento de tecnologias mais eficientes e consequentemente mais impactantes.347


Mazurek et al., (2000) e (Von-Muhlen, 2005) observaram que os índios Waimiri-Atroariutilizam armas de fogo durante suas caçadas. Mazurek et al., (2000) observou que os índiosWaimiri-Atroari utilizaram veículos durante suas caçadas. Deste modo, a maior mobilidadede caçadores permite exploração de maior área de caça e, consequentemente, aumenta oimpacto sob a fauna (Mazurek et al., 2000; Von-Muhlen, 2005). Por outro lado, a rodoviapossibilita uma maior presença do estado brasileiro em suas atividades de gestão efiscalização.Ayres et al (1991) observaram que, em 1978, a biomassa caçada ao longo darodovia MT- 170, em Dardanelos, era representada principalmente por Tayassu pecari(cerca de 70%), Tapirus terrestris, Tayassu tacaju e Mazama sp e a espécie de primata maiscaçada foi Lagothrix lagothricha. Foram caçadas quinze espécies de mamíferos, nove deaves e duas de répteis. Em 1980, ocorreu um redução de biomassa caçada equivalente a69%. Sendo que T. pecari foi a espécie mais consumida, apesar do número inferior deindivíduos capturados. O número de Tapirus terrestris caçadas foi similar, entretanto não foiregistrado consumo de macacos. O número de indivíduos caçados aumentou apenas paraduas espécies de roedores, Dasyprocta sp. e Agouti paca. O número de espécies caçadasfoi reduzido a seis espécies de mamíferos e duas de aves. Aumento da caça de espécies demenor porte aliado a maior escassez de espécies de maior porte é aparentemente umpadrão presente em áreas sujeitas a sobrecaça.ResultadosCaça na área ruralAs informações acerca da caça realizada pela população rural que habita asmargens da rodovia foi representada por 10 caçadores, residentes nas comunidades deIgapó-Açú e Realidade, municípios de Careiro-Castanho e Humaitá, respectivamente. Todosos caçadores entrevistados eram do sexo masculino, com idades entre 20 e 70 anos.Segundo os entrevistados (100%), a caça é uma atividade complementar à pesca e àagricultura.Todos entrevistados afirmaram utilizar armas de fogo e 80% utilizam outras técnicasde capturas como armadilhas de corda. A maioria dos entrevistados (70%) afirmou que acaça é apenas para consumo familiar e 30% afirmou que comercializa aproximadamentemetade dos animais que caça. As espécies mais capturadas são apresentadas na Tabela 52A estimativa do volume financeiro movimentado pelo comércio de caça está disponível naTabela 53.348


Tabela 52 - Espécies mais capturadasNome comumEspécieConsumoCarne OvosPaca Agouti paca (Mammalia) XQueixada Tayassu pecari (Mammalia) XTatu Dasypus sp. (Mammalia) XCutia Dasyprocta fuliginosa (Mammalia) XMacaco prego Cebus apella (Mammalia) XMacaco guariba Alouatta seniculus (Mammalia) XVeado Mazama gouazoubira (Mammalia) XAnta Tapirus terrestris (Mammalia) XNambu Tinamus sp. (Aves) X XMutum Crax alector (Aves) XJacu Penelope sp.(Aves) X XTartaruga Podocnemis expansa (Réptil – Quelônio) X XJaboti Geochelone sp (Réptil – Quelônio) X XJacaré Caiman crocodylus (Réptil – Alligatoridae) X XTabela 53 - Estimativa do total de fauna comercializada na área de estudo.PesoMediaBiomassa Venda*Espéciemédiocaptura/anototal/ano * (15%)* (Kg)Valor Kg.Carne (R$)IngressoAgouti paca 45 7 315 47.25 4 189.00Tayassu pecari 36 20 720 108 4 432.00Dasypus sp. 15 4 60 9.0 3 27.00Dasyproctafuliginosa42 4 168 25.2 3 75.60Cebus apella 10 3,5 35 5.25 3 15.75Alouatta seniculus 10 5,5 55 8.25 3 24.75Mazamagouazoubira6 20 120 18.0 4 72.00Tapirus terrestris 1 120 120 18.0 4 72.00Tinamus sp. 6 2,5 15 2.25 3 6.75Crax alector 6 4,0 24 3.6 3 10.80Penelope sp. 5 2,0 10 1.5 3 4.50Podocnemisexpansa21 19 399 59.65 7 417.55Geochelone sp 8 6 48 7.2 4 28.80Caiman crocodylus 20 16 320 48.0 4 192.00Total 2409 361.35 1568.50* Calculado segundo Eisenberg (1989); Hilty e Brown (1986); Rueda-Almonacid et al. (2007), tendo em conta que a biomassaútil se calcula com cerca de 60% do peso total do animal.**30% vende a metade (50%) = 15% do total capturado349


Comércio de Caça na área urbana de HumaitáA cidade de Humaitá é o principal centro urbano nas proximidades do trecho entre osquilômetros 250,0 e 655,7. Em face disso, foram entrevistados 15 comerciantes da cidadede Humaitá, com idades entre 20 e 60 anos, que trabalham no mercado central: 7 emvendas de peixes (7 homens), e 8 no comércio de produtos agropecuários (5 mulheres e 3homens). Todos os entrevistados desempenham o comércio como única atividadeeconômica, não foi detectado analfabetismo e o caráter religioso esteve presente em 100%dos entrevistados.Apesar de declararem consumir carne de animais silvestres, os feirantes afirmaramque não comercializam fauna (100%). A carne de caça obtida para consumo é vendida nafeira por pessoas que vêm das áreas florestais, aos sábados e domingos. Os produtos maisconsumidos se apresentam na Tabela 54.Tabela 54 - Espécies consumidas comumente pelos habitantes da cidade de Humaitá.Nome comumPacaQueixadaTatuCutiaVeadoTartarugaEspécieAgouti paca (Mammalia)Tayassu pecari (Mammalia)Dasypus sp. (Mammalia)Dasyprocta fuliginosa (Mammalia)Mazama gouazoubira (Mammalia)Podocnemis expansa (Reptil – Quelônio)Aspectos relacionados a conservaçãoAproximadamente 90% da população estudada (rural e urbana; N=25) considerouque a captura de fauna silvestre está diminuindo em relação as épocas anteriores. Cerca de80% dos entrevistados tem conhecimento da proibição legal da caça e todos reconhecemque o IBAMA representa a autoridade de fiscalização ambiental no Brasil. Todosentrevistados reconhecem a necessidade de criar e manter áreas de reserva, devido afatores ligados à segurança alimentar, conservação e realização do ecoturismo comopossibilidade de subsistência e trabalho para a comunidade. Cerca de 80% acredita que acriação de animais silvestres em cativeiro pode ser um projeto ou programa comunitárioviável.DiscussãoA realização da caça por integrantes de comunidades rurais é um padrão geral naAmazônia, como foi observado na área de estudo (Vickers, 1984; Redford e Robinson,350


1987; Stearman, 1990; Townsend, 1996; Bennett e Robinson; 2000; Robinson e Bennett,2000; Terra, 2007).A caça de subsistência é uma atividade complementar na sobrevivência dehabitantes rurais e seu comércio é tipicamente uma expressão da atividade de subsistência.É fundamentalmente um extrativismo básico que se complementa com outros trabalhosprodutivos, como pesca de subsistência, agricultura em pequena escala e comérciovarejista. Pode se interpretar como uma fonte importante de recursos alimentícios cujaorigem, além de cultural, é influenciada por fatores diversos de ordem social e econômica(Ojeda & Mares, 1982; Mares & Ojeda, 1984; Ojeda et al., 1998; Redford & Sanderson,2000). Observou-se que na cidade são consumidas espécies que atingem grande porte,pois normalmente apresentam maior valor comercial.Em regiões neotropicais onde ocorre caça existe uma tendência de que os grandesmamíferos sejam os primeiros a ter suas populações deplecionadas (Redford & Robinson,1987). A caça intensa de animais com baixas taxas de crescimento populacional comomacacos, veados e antas além de grandes tinamídeos (Tinamus sp.), cracídeos (Crax sp.) equelônios tende a baixar a densidade populacional dessas espécies diminuindosignificativamente o recrutamento (e.g. Robinson & Redford 1991b; Bodmer et al. 1997a;Mena et al., 1999; Peres, 1999; Vogt, 2001).A caça de Tayassu pecari é comumente praticada por caçadores neotropicais, comofoi observado na região (Yost & Kelley 1983; Redford & Robinson 1987; Vickers 1988;Alvard 1995b). Os Huanori na Amazônia Equatoriana tiveram um padrão de espécies maiscaçadas semelhante ao encontrado neste estudo, dentre as 10 espécies mais caçadaspelos Huanori três coincidiram com as mais caçadas: A. paca, D. fuliginosa e A. seniculus.Assim como mais três gêneros em comum Cebus sp. Tayassu sp e Mazama sp. (Mena etal., 1999). Dentre as 10 espécies caçadas mais importantes para os índios Sirionós daBolívia, quatro coincidiram com este estudo: A. paca, T. terrestris, M. gouazoubira e T.pecari, além de mais dois gêneros em comum: Dasypus sp. e Dasyprocta sp. (Townsend,1999). Das 11 espécies mais caçadas pelos Xavantes, no cerrado, três coincidiram com asmais caçadas neste estudo: T. terrestris, T. pecari e M. gouazoubira (Leeuwenberg &Robinson, 1999). Terra (2007) ao estudar padrões de caça de caboclos e indígenas, noPurus, observou que os grupos mais caçados; caçadores do sexo masculino aparentementeé comum na região neotropical (e.g.Townsend, 1999; Terra, 2007). O uso intenso de armasde fogo, citado por 100% dos caçadores, pode ter forte impacto na caça de subsistência,pois segundo Mena et al., (1999) mudanças na tecnologia de caça, adesão de estratégiasmais eficientes, podem afetar a diversidade alfa e a disponibilidade dos recursos naturais.351


Entretanto, o uso de armas de fogo por caboclos e indígenas é comum na Amazônia (e.g.Mena et al., 1999; Terra, 2007).O comércio de fauna silvestre em feiras e o seu consumo por moradores urbanos écomum na região amazônica, como foi observado na área de estudo. Esse comércio tende aaumentar com a proximidade dos centros urbanos e aumento da densidade populacionalhumana.Considerações Finais sobre a faunaÉ salutar ressaltar que impactos ambientais na região já foram causados desde aconstrução da rodovia (década de 1970), e estes impactos perduram até hoje. Areconstrução da rodovia poderá intensificar estes impactos e até mesmo iniciar outros. Porisso é sugerido que a área seja gerenciada sob forte governança ambiental, e que asmedidas de mitigação e conservação propostas por este estudo sejam praticadas com rigor.A implantação de passagens de fauna ao longo do trecho permitirá não só o fluxo deindivíduos entre os lados da rodovia BR-319, mas também o estabelecimento de corredoresecológicos. Os trechos adjascentes ao estudado apresentam maior grau de alteraçãoambiental (desmatamento, ocupação e uso), e a criação de corredores ecológicos já ébastante dificultada, pois em vários pontos a borda da floresta está a vários quilômetros dedistância da rodovia. Todo o trecho estudado neste EIA/RIMA deve ser considerado comoum grande corredor ecológico, dado o melhor grau de conservação em relação aos demais,a grande proximidade das bordas da floresta contínua de lados opostos da rodovia eespecialmente a abrangência de diferentes tipos de ambiente (Floresta Ombrófila Densa deTerras Baixas, Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas com Palmeiras, áreas alagadas,igarapés, mata ciliar, etc). Unidades de Conservação de proteção integral devem ser criadascom a finalidade de garantir a integridade desse corredor. Cabe ao Poder Público fiscalizarcom rigor as atividades que geram impacto na região, e garantir o exercício de uma fortegovernança ambiental.A maioria dos impactos que serão gerados pelo empreendimento é conhecida. Alémdisso, as medidas de mitigação propostas são de caráter conservador, ou seja, permitirãominimizar os impactos já levantados e também aqueles impactos mais específicos sobrealgumas populações da fauna (que podem ser detectados com a intensificacão dos estudosna região).Esta equipe considera fundamental a continuação dos estudos na região, cominventários de longa duração e a realização de Programa de Monitoramento de Fauna. Acontinuação dos estudos permitirá aprofundar o conhecimento sobre a biodiversidade ao352


longo de todo o trecho da BR319 e entender a dinâmica das populações da fauna,fornecendo subsídio científico importante para a conservação da região.5.2.4 - Unidades de ConservaçãoNas últimas duas décadas, o Brasil vem adotando como estratégia central deconservação ambiental a criação de Unidades de Conservação – UCs, com predominância,nos últimos anos, para as UCs de uso sustentável. Na Tabela 55 apresentamos um resumode todas UCs existentes e em seguida as informações pertinentes a cada uma delas. Foramincluídas nesta descrição as UCs criadas por Decreto em maio deste ano, como resultadodas propostas advindas durante a vigência da Área sob Limitação Administrativa Provisória– ALAP. Não foram identificadas UCs municipais ou RPPNs nas áreas de influência direta eindireta (Figura 117).353


Tabela 55 - Unidades de Conservação existentes na área de influência da rodovia BR-319, localizadas no Estado do Amazonas.UC Categoria de uso Área Total hectares Orgão Gestor Data de criaçãoReserva Biológica Abufari Proteção integral 288.000,00 Federal 20 de setembro de 1982Floresta Nacional Humaitá Proteção integral 468.790,00 Federal 02 de fevereiro de 1998Reserva Extrativista do Lagodo Capanã GrandeReserva deDesenvolvimentoSustentável do Rio AmapáFloresta Nacional Balata-TufariReserva deDesenvolvimentoSustentável Piagaçu-PurusReserva deDesenvolvimentoSustentável Rio MadeiraUso sustentável 304.146,28 Federal 03 de junho de 2004Uso sustentável 216.108,73 Estadual 01 junho de 2005Uso sustentávelOriginalmente 802.023 ha,ampliada para 1.055.135Federal17 de fevereiro de 2005Área ampliada em 8 de maio de 2008Uso sustentável 809.268,02 Estadual 05 de setembro de 2003Uso sustentável 205.651,03 Estadual 03 de julho de 2006Parque Nacional Mapinguari Proteção integral 1.572.422 Federal 05 de junho de 2008Parque Nacional NascenteLago do JariProteção integral 812.141 Federal 08 de maio de 2008Floresta Nacional do Iquiri Uso sustentável 1.476.073 Federal 08 de maio de 2008Reserva Extrativista do Ituxi Uso sustentável 776.940,85 Federal 05 de junho de 2008Reserva Extrativista doMédio PurusFloresta Estadual RioMadeira (A)Floresta Estadual RioMadeira (B)Floresta Estadual RioMadeira (C)Floresta Estadual RioVermelho (C )Reseva Extrativista do Lagodo CuniãUso sustentável 604.209,25 Federal 08 de maio de 2008Uso sustentável 63.812 Estadual 23 de dezembro de 1990Uso sustentável 51.856 Estadual 10 de novembro de 1999Uso sustentável 30.000 Estadual 06 de junho de 1990Uso sustentável 20.215 Estadual 23 de março de 1990Uso sustentável 55.850 Federal 10 setembro 1999Localização emrelação a BR 319Área de InfluênciaindiretaÁrea de influênciadiretaÁrea de influênciadiretaÁrea de influênciadiretaÁrea de influênciadiretaÁrea de InfluênciaindiretaÁrea de InfluenciaindiretaÁrea de InfluênciaindiretaÁrea de InfluênciadiretaÁrea de InfluênciaindiretaÁrea de InfluênciaindiretaÁrea de InfluênciaindiretaÁrea de influênciaindiretaÁrea de influênciaindiretaÁrea de influênciaindiretaÁrea de influênciaindiretaÁrea de influênciaindireta354


Estação Ecológica Cuniã Proteção integral 125. 386.621 FederalFloresta estadual do RioAbunãÁrea de Proteção Ambientaldo Rio Madeira27 de setembro de 1999/ ampliada em2008Uso sustentável 62.219 Estadual 23 março de 1994Uso sustentável 6.741 Estadual 06 de junho 1991Área de influênciaindiretaÁrea de influênciaindiretaÁrea de influênciaindiretaFigura 117 – Unidades de Conservação da área de estudo.355


- Unidades de Conservação Estaduais (existentes) identificadas na área de Influênciadireta da rodovia BR-319.Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio AmapáCriada no ano de 2005, e regulamentada pelo decreto 25.041, de 01 junho de 2005.Esta Unidade de Conservação apresenta uma área total de 216.108,73 hectares. Abrangeos municípios de Manicoré, Novo Aripuanã e Borba, no interflúvio Madeira/Purus. Suapaisagem é composta por Mata de Terra-Firme (com altas densidades de castanheiras),igapós, campinas e capinaranas. A área é drenada pelos Rios Amapá e Jutaí. A região éuma importante área de cabeceiras com drenagem superficial e sujeita as alagaçõessazonais.A reserva faz limite: ao Norte, com a rodovia BR-319, a Leste, com a AM - 464 e, aOeste com a Reserva Extrativista (RESEX) Capanã Grande. O acesso a RDS Rio Amapápode ser feito via aérea no trecho Manaus/Manicoré, seguindo-se de transporte fluvial(voadeira) até a Comunidade Democracia, lugar a partir do qual o trecho passa serpercorrido via terrestre, através da AM 464 ou pela rodovia BR-319.Não há comunidades dentro da RDS Rio Amapá, exceto poucas famílias quesazonalmente ocupam a área para colher castanhas do Brasil. A demanda pela criação dareserva surgiu da Central das Associações Agroextrativista de Democracia (CAAD) formadapor comunidades do entorno do rio Madeira e da rodovia AM 464. A existência de ambientesúnicos, como as campinas que abrigam espécies endêmicas de aves, faz da RDS do RioAmapá um lugar com imenso potencial para o turismo científico, ornitológico, ecológico eeducativo (Unidades de Conservação do Estado do Amazonas, 2007).Plano de Manejo – não há plano de manejo implementado na RDS atualmente.Fontes de Recurso para a Gestão da UC’ - Fundação Moore e Programa de ÁreasProtegidas da Amazônia – ARPA.Parcerias - apoio formalizado (mediantes termos de convênio de cooperação técnica,científica e/ou de apoio) entre outros, com: IPAAM, INCRA, ITEAM, Programa ÁreasProtegidas da Amazônia – ARPA, Conselho Nacional dos Seringueiros - CNS.Não há Conselho Gestor formalizado nessa UC. No momento, estão sendo desenvolvidasatividades visando sua implantação.356


- Unidades de Conservação Federais (existentes) identificadas na área de Influênciadireta da rodovia BR-319Floreta Nacional HumaitáFoi criada no ano de 1998 e regulamentada pelo decreto Nº 2.485, de 2 de fevereirode 1998. Conta com uma área de 468.790,000 hectares e está localizada no município deHumaitá, Sua área de amortecimento está sobre a BR-230.A Floresta Nacional de Humaitá tem por objetivo o manejo de uso múltiplo e de formasustentável dos recursos naturais renováveis, a manutenção da biodiversidade, a proteçãodos recursos hídricos, a recuperação de áreas degradadas, a educação florestal eambiental, a manutenção de amostras do ecossistema amazônico e o apoio aodesenvolvimento sustentável dos recursos naturais das áreas limítrofes à Floresta Nacional.Não apresenta conselho consultivo formalizado. Para chegar na FLONA Humaitá partindode Manaus, o percurso pode ser feito de avião até o município de Humaitá e em seguida devoadaeira (via fluvial) até a reserva, que fica à 15 minutos da sede do município, ou viaaérea até Porto Velho, depois via terrestre pela BR-230, até a sede do Município de Humaitáseguindo posteriormente via fluvial.Atualmente a FLONA está inserida no Planejamento anual realizado pelo MMA e oInstituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio que tem comoobjetivos: criar o Conselho Consultivo, gerir a unidade, levantar dados sócio-econômicoscomplementares, instalar e operacionalizar uma base para as FLONAs do sul do Amazonase monitorar e fiscalizar a unidade, a qual prevê a realização de: Atividade de gerenciamentoda unidade; Atividades para formação do Conselho Consultivo da FLONA de Humaitá;Monitoramento e fiscalização; Realização da instalação de estrutura física necessária paraoperacionalizar a unidade; Realização de levantamento sócio-econômico complementar doentorno da FLONA.Plano de Manejo – não há plano de manejo implantado na RESEX.Fonte de Recurso: Sem recursos financeiros atualmenteReserva Extrativista do Lago do Capanã GrandeFoi criada no ano de 2004 e regulamentada pelo decreto 004, de 03 de junho de2004. Conta com uma área de 304.146,28 hectares e está localizada no município deManicoré, na margem direita do Rio Jutaí, sobre a rodovia BR-319 (área de amortecimentoabrange o município de Tapauá) e Borba. Sua área limita-se também com o Rio Amapá, oIgarapé Parananema, o Lago do Capanã e o rio Madeira pela margem esquerda. O acessoà RESEX, partindo de Manaus para o Município de Manicoré, pode ser realizado via fluvialou aérea, e o percurso de Manicoré até a Foz do Igarapé Capanã Grande pelo Rio Madeira357


pode ser realizado de voadeira, esse percurso leva em torno de duas horas. No geral, afitofisionomia vegetal do Capanã Grande é representada por três variações da florestadensa Amazônica: terra firme, floresta de várzea e floresta de igapó.A Unidade é composta por sete comunidades situadas no braço esquerdo do Lagodo Capanã Grande. Estas comunidades é representada pela Central das AssociaçõesAgroextrativistas sem fins lucrativos. Da região onde estão situadas as comunidades até arodovia BR-319 não há ramal aberto. A construção de um acesso direto demandaria aabertura de uma trilha de aproximadamente 80 km. Estas comunidades dependem doMunicípio de Manicoré (acesso via fluvial, pelo rio Madeira) e dos regatões para realizar acompra de mantimentos e a vendas de seus produtos agrícolas e extrativistas (Relatório dolevantamento Sócio Econômico do Capanã Grande - Município de Manicoré – AM). Aunidade apresenta Conselho Gestor constituído - Conselho Deliberativo.Plano de Manejo – não há plano de manejo implantado na RESEX.Fonte de Recurso: Programa Áreas Protegidas da Amazônia - ARPA e Ministério do <strong>Meio</strong>Ambiente – MMA.Floresta Nacional Balata -TufariCriada em 2005, segundo processo nº 02001.008743/2001-32, com uma área de802.023 hectares, abrange os municípios de Tapauá e Canutama, no Estado do Amazonas.Em 8 de maio de 2008 sua área foi ampliada para um total de 1.055.135 ha. Esta UC foiestabelecida com os objetivos de promover o manejo de uso múltiplo dos recursos florestais,a manutenção e a proteção dos recursos hídricos e da biodiversidade, a recuperação deáreas degradadas, a educação ambiental, bem como o apoio ao desenvolvimento demétodos de exploração sustentável dos recursos florestais das áreas limítrofes.A região apresenta potencial extrativista com grande ênfase na produção depescado, produtos madeireiros, óleo, castanha e seringa. As comunidades ribeirinhas vivemàs margens do Rio Purus, utilizado para pesca de subsistência, com o excedente vendidoaos regatões. O Conselho Gestor dessa UC ainda se encontra em processo de formação.Plano de Manejo: Não há.Fonte de Recursos: Ministério do <strong>Meio</strong> Ambiente – MMA.Parque Nacional Nascente Lago do JaríCriado pelo decreto S/N de 8 de maio de 2008, abrange os municípios de Tapauá,Beruri e Manicoré, no Estado do Amazonas, com uma área de 812.141 ha. O objetivo desua criação é preservar ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e belezacênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de358


atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a naturezae de turismo ecológico. Ficaram excluídos dos limites do Parque Nacional Nascentes doLago Jari o leito e a faixa de domínio da Rodovia AM 366, que liga a sede do Município deTapauá à rodovia BR-319.Cabe ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade administrar o ParqueNacional Nascentes do Lago Jari, adotando as medidas necessárias à sua efetivaimplantação.Plano de Manejo: Não há.Fonte de Recursos: Ministério do <strong>Meio</strong> Ambiente – MMA.- Unidades de Conservação Estaduais identificadas na área de Influência indireta darodovia BR-319.Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-PurusCriada no ano de 2003 e regulamentada pelo decreto 23 -723, de 05 de setembro de2003. Compreende uma área total de 809.268,02 hectares, abrangendo os Municípios deAnori, Codajás, Beruri, Coari e Tapauá. Essa RDS se estende ao longo do lago do Jari e dacalha do Rio Purus, abrigando um dos mais importantes lagos desse rio, o Lago Ayapuã eparte do lago Jari. O acesso a RDS do Piagaçu-Purus pode ser feito por via aérea nostrechos Manaus/Beruri, ou ainda por via fluvial, nos trechos Manaus/Manacapuru.Uma cooperação técnica entre o IPAAM/SDS/CEUC (Centro de Unidades deConservação) e o Instituto Piagaçu possibilita a realização de pesquisa científica, estudostécnicos e atividades ligadas à gestão da Reserva, aqui conta com uma base de apoio(flutuante) instalada no lago do Ayapuá. Vale ressaltar que o Instituto Piagaçu-IPI é ainstituição co-gestora da Reserva, formando um modelo de gestão com resultados bemsucedidos na bacia.A Unidade é composta por uma grande diversidade de ambientes de várzea, terrafirme e igapó e possui mais de 200 lagos que se constituem em importantes ambientes dereprodução para os peixes. A reserva possui o registro de mais de 40 espécies de aves,dentre as quais 17 são exclusivamente piscívoras. Isso representa um quarto do total deespécies desse grupo, que ocorrem na América do Sul.Cerca de 85 comunidades vivem dentro da Reserva. Nas comunidades pratica-seuma economia de subsistência, com predominância de atividades de pesca, caça agriculturae extração de produtos da floresta (madeireiros e não-madeireiros). A castanha é um dosprodutos que tem destaque comercial juntamente com o arrendamento de lanços (ambienteaquático considerado particular) onde em determinada época do ano é cedido para359


pescadores profissionais em troca de rancho, outras mercadorias e ou dinheiro. O conselhogestor da Reserva não está formalizado, encontrando-se, todavia na fase de sensibilização -fase inicial (Unidades de Conservação do Estado do Amazonas, 2007).Plano de Manejo – em andamento.Parcerias - apoio Formalizado (termo de convênio de cooperação técnica científica e deapoio, entre outros) com: IPAAM, INCRA, ITEAM, Instituto Piagaçu – IPI, Programa ÁreasProtegidas da Amazônia – ARPA, Fundação Betty & Gordon Moore.Fontes de recurso: Wildlife Conservation Society – WCSReserva de Desenvolvimento Sustentável Rio MadeiraCriada no ano de 2006 e regulamentada pelo Decreto 26-009 de 03 de julho de2006. Sua área total de 205.651,032 hectares abrange os municípios de Novo Aripuanã,Manicoré e Borba. Essa RDS insere-se no mosaico de UC’s do Matupiri Igapó Açú o qualengloba também o município de Beruri compondo um total de 1.410.71,248 hectares deárea protegida. Toda a área da RDS é drenada pelo rio Madeira, um rio de água brancaafluente da margem direita do Rio Amazonas. Nela encontram-se oito tipos diferentes devegetação: as florestas Ombrófilas Densas de Terras Baixas com dossel emergente, asflorestas aluviais acompanhando o leito dos igarapés, formando a floresta de Igapós egrande número de nascentes. A Unidade faz limite com a terra indígena Arari.A área do Interflúvio Madeira-Purus, onde está localizada a RDS, é uma área desuma importância do ponto de vista da conservação da biodiversidade que abriga espéciesendêmicas e potencialmente vulneráveis a ameaças antropogênicas incipientes. Apesar deo interflúvio apresentar áreas contíguas, a floresta de várzea do Rio Madeira, apresentaespécies únicas, principalmente de aves.A RDS abriga 25 comunidades, a área é caracterizada pela ocupação de populaçõestradicionais, remanescentes de seringais. Muitas das comunidades que hoje constituem aUC foram formadas devido às estradas de seringais.A principal atividade econômica é a agricultura, sendo a banana o principal produtode comercialização. Em alguns locais, o extrativismo da castanha é explorado. Apresentaainda potencial para exploração madeireira, de copaíba e do cumaru. A sua potencialidaderevela-se também para a atividade ecoturística, turismos cientifico, turismo-ornitológico eeducativa. O Conselho Gestor dessa reserva ainda não foi formalizado (Unidades deConservação do Estado do Amazonas, 2007).Plano de Manejo – encontra-se na fase inicial.360


Parcerias - apoio formalizado (termos de convênio de cooperação técnica, científica e deapoio, entre outros) com: IPAAM, ITEAM, Fundação Betty & Gordon Moore, ConselhoNacional dos Seringueiros – CNS.Apoio Institucional - Conselho das Associações Extrativistas de Manicoré.Fonte de recurso: Fundação Betty & Gordon Moore.- Unidades de Conservação Federais identificadas na área de Influência indireta darodovia BR-319.Reserva Biológica AbufariCriada pelo Governo Federal foi regulamentada pelo Decreto 87.585, de 20 desetembro de 1982. Essa Unidade de Conservação de proteção integral está localizada nomunicípio de Tapauá e conta com uma área de 288.000,00 hectares. A reserva apresenta oRio Purus como rio principal e tem como objetivo promover estudos e pesquisas sobre osquelônios, ictiofauna, e sobre a castanha do Brasil. Além de estimular estudos sobre adinâmica de populações de Siluriformes, predadores dos filhotes de quelônios e quantificar adensidade de peixes comerciais (inclusive ornamentais). Um dos principais e maisimportantes fatores que levaram o antigo Instituto Brasileiro de Defesa Florestal - IBDF adecretar Abufari como Unidade de Conservação, na categoria de REBIO, foi à abundânciade quelônios, em um trecho de rio considerado por muitos especialistas como o tabuleiro(local de desova de quelônios) mais importante no estado do Amazonas.Estudos efetuados para a criação da Reserva foram feitos em 1980, quando seconstatou a existência de uma região quase inalterada, apresentando vários tabuleiros dedesova de tartaruga, iaçá e tracajá, constituindo-se uma das regiões mais importantes paraa conservação destas espécies.As formações vegetais que dominam a área são: Floresta Tropical Densa Aluvial deTerraços, Floresta Tropical Aberta das áreas das depressões nos interflúvios tabulares evegetação de áreas de tensão ecológica com formações edáficas. A Floresta Tropical Densaocorre nas partes mais altas, enquanto as demais ocorrem nas partes mais baixas.A grande diversidade de espécies animais que geralmente é encontrada em todaregião Amazônica, também está bem representada na Reserva do Abufari. Muitas delas,como por exemplo, o peixe-boi (Trichechus inunguis), as tartarugas e os botos utilizam avárzea onde encontram alimento e proteção no período das cheias, voltando para o leito dorio no período seco.O principal benefício da unidade para o entorno da região é a preservação dequelônios. A reserva não apresenta demarcação em forma de marcos de referência, o361


sistema de sinalização é, atualmente, muito deficiente. Existe impacto causado pelo intensotráfego das embarcações no interior da Reserva. Além disso, ocorrem na área: pescaretirada de madeira e caça.A visitação pública só é permitida em caráter educacional e/ou científico,dependendo de autorização prévia do IBAMA, órgão responsável pela administração daunidade.Apesar de ser uma das mais antigas unidades de conservação da Amazônia, seuconselho gestor não está formalizado.Plano de Manejo - Não implementado.Fontes financiadoras - Ministério do <strong>Meio</strong> Ambiente – MMAReserva Extrativista (Resex) do Médio PurusCriada em 8 de maio de 2008, localizada nos Municípios de Lábrea, Pauiní eTapauá, no Estado do Amazonas, com uma área aproximada de seiscentos e quatro mil,duzentos e nove hectares e vinte e cinco centiares A Reserva Extrativista do Médio Purústem por objetivo proteger os meios de vida e garantir a utilização e a conservação dosrecursos naturais renováveis tradicionalmente utilizados pelas comunidades de Acimã,Ajuricaba, Alcântara, Bananal, Barranco do Bosque, Bela Rosa, Boa União, Boca do Ituxi,Boca do Mamiruá, Buraco, Cacau, Cachoeira do Ilário, Cacianã, Cacuriã, Capacini, Ermida,Espírito Santo, Estação, Gaivota, Jucuri, Juruquá, Jutari, Laranjeira, Maciari, Maloca,Materipuã, Miracema, Nova Morada, Novo Brasil, Pacoval, Porangaba, Praia da Sacada,Praia do Santarém, Praia do Sapatini, Pupuri, Quissiã, Realeza, Recanto, Remanso,Samaúma, Samoará, Santa Cândida, Santa Fé, Santa Rosa, Santo Vitório, São José, SãoLuis, São Paulo, Tamacuru, Várzea Grande e demais comunidades incidentes na sua áreade abrangência.Cabe ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade administrar aReserva Extrativista do Médio Purus, adotando as medidas necessárias para suaimplantação e controle.Plano de Manejo - Não implementadoFontes financiadoras - Ministério do <strong>Meio</strong> Ambiente – MMAFloresta Nacional do IquiriFoi criadas em 8 de maio de 2008 por decreto s/n, no Município de Lábrea, noEstado do Amazonas, com os objetivos de promover o manejo de uso múltiplo sustentáveldos recursos florestais, a manutenção e a proteção dos recursos hídricos e dabiodiversidade, a recuperação de áreas degradadas, o apoio ao desenvolvimento de362


métodos de exploração sustentável de florestas nativas e a pesquisa científica. Tem áreatotal de, aproximadamente, um milhão, quatrocentos e setenta e seis mil e setenta e trêshectares. Cabe ao Instituto Chico Mendes a gestão desta UC.Plano de Manejo - Não implementadoFontes financiadoras - Ministério do <strong>Meio</strong> Ambiente – MMAA Reserva Extrativista ItuxiLocalizada no Município de Lábrea, estado do Amazonas (AM), criada pelo Decreto -s/n - 05/06/2008, com área de 776.940,85 hectares. Esta região caracteriza-seprincipalmente pela presença das florestas de terra firme, várzea, roçados e capoeiras, queapesar de serem geograficamente próximas apresentam características muito peculiares eextrema riqueza biológica.Nesta área habitam hoje quase 500 habitantes distribuídos em aproximadamente109 famílias em cerca de 20 comunidades locais. O extrativismo de frutos, óleos e outrosprodutos vegetais sazonais tais como a castanha, andiroba, borracha natural, copaíba, açaíe alguns cipós é a principal ocupação da população. A pesca tradicional nos lagos e igapósda região também são importantes fontes de renda e subsistência para a comunidade.Cabe ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade administrar aReserva Extrativista Ituxi, adotando as medidas necessárias para sua implantação econtrole. (http://www.socioambiental.org/ acessado em 25/012009)Plano de Manejo - Não implementadoFontes financiadoras - Ministério do <strong>Meio</strong> Ambiente – MMA.Parque Nacional (PARNA) do MapinguariCriado em 8 de maio de 2008, pelo Decreto Nº 0-003, de 05 de junho de 2008localizado nos municípios de Canutama e Lábrea, no Amazonas, com uma área de 15.724hectares. Está destinado a preservar ecossistemas naturais de grande relevância ecológicae beleza cênica, com destaque para importantes encraves de savana entre os vales dos riosPurus e Madeira. É uma área de grande heterogeneidade ambiental, apresenta diversosecossistemas isolados e únicos que com grande potencial para a pesquisa científica evisitação pública, com programas de educação ambiental, recreação em contato com anatureza e turismo ecológico.Apesar da RESEX Ituxi localizar-se no estado do Amazonas, cabe ao Instituto ChicoMendes de Conservação da Biodiversidade de Rondônia administrá-la, devido aproximidade entre ambos. Atualmente os gestores das UC’s federais implementadas em2008 na área de influência da BR-319 não contam com nenhum tipo de Infra-estrutura ou363


financiamento para apoiar nas ações necessárias à elaboração do plano de manejo e outrasdemandas para a gestão dessas reservas.- Unidades de Conservação do estado de Rondônia, identificadas na área deInfluência indireta da BR- 319.Federais:Reserva Extrativista do lago de CuniãCom uma área de 125.386.621 hectares. Criada pelo Decreto N° 4.547 de 23/10/90,a RESEX do Lago de Cuniã se destaca dentro do conjunto de unidades de conservaçãopela diversidade biológica ligada aos ecossistemas aquáticos, com formações de inúmeroslagos e igapós, sendo também que a base produtiva da comunidade da RESEX decorre daatividade pesqueira em seus lagos e lagoas, tornando-a única reserva extrativista pesqueirado Estado de Rondônia.Atualmente o conjunto de normas elaboradas pelos pescadores da RESEX, paragarantir a manutenção das espécies e a sustentabilidade da atividade foi concluído emsetembro de 2008. As regras quer compõe o primeiro acordo de pesca da UC, já foramprotocoladas no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) edevem entrar em operação nos primeiros meses de 2009, assim que forem homologadaspela instituição.O acordo teve base no diagnóstico iniciado em janeiro do mesmo ano, sob acoordenação da ONG Ecoporé, com apoio do WWF-Brasil. Para tal foram levantadas ascaracterísticas da pesca local, como: locais preferidos pelos pescadores, apetrechosutilizados, espécies mais procuradas e dias de maior intensidade da atividade. Além disso,foram também pesquisados aspectos ecológicos dos peixes do Lago do Cuniã, como época,local e período de reprodução.A partir do diagnóstico, iniciou-se, com participação da comunidade, a discussão queserviu de base para o acordo de pesca. Os pescadores da Resex do Lago do Cuniãreceberam capacitação para que pudessem participar de forma ativa na construção e naimplementação dos acordos. Das 100 famílias que habitam a Resex, cerca de 80 dependemda pesca para sobreviver. www.wwf.org.br/?17200/primeiroacordopescarondonia - 21k.Estação ecológica do CuniãA ESEC do Cuniã foi criada pelo Decreto Federal de 27 de setembro de 2001, com oobjetivo de proteger e preservar amostras dos ecossistemas de Cerrado, bem comopropiciar o desenvolvimento de pesquisas científicas. Essa UC está localiza-se ao norte do364


Estado de Rondônia, no município de Porto Velho, divisa com o município de Humaitá–AMantes do decreto de ampliaçlão a ESEC contava com uma área de 53.221 hectares , sendodividida em 2 áreas disjuntas, denominadas área I (46.120 ha) e área II (7.101 ha), ambasadjacentes à RESEX Cuniã após a sua ampliação em maio de 2008 ela passa a sercontígua (fonte: Sipam 2008 e ICMbio-RO) com uma área total de 125.386 hactares(conforme apresenta o mapa 17).A ESEC do Cuniã é compostas predominantemente pela Floresta Ombrófila Abertado Bioma Amazônico e de transição com formações savânicas. O acesso é feito pelarodovia BR-319 e por via fluvial, a partir de Porto Velho, rio Madeira e Igarapé Cuniã. A sededa Estação fica a 100 km da capital do estado.A temperatura média anual varia de 23 a 25 ºC, e a amplitude térmica anual é de11ºC, em média. A precipitação anual média na região fica em 2.500 mm com 180 dias dechuvas por ano. A umidade relativa do ar varia de 90% em janeiro a 75% em julho, commédia anual de 85%.Ao longo do rio Madeira ocorre uma alternância entre planícies fluvial e fluviolacustre, área aplainada por acumulações de sedimentos. Contíguas a estas áreas ocorremdois terraços fluviais (nos rios Cuniã e Aponiã), cujo patamar esculpido pelo rio apresentacerto declive. Grande parte da Estação, ao noroeste, constitui-se de interflúvios tabulares,com relevos de topo aplainado, de drenagem muito fraca.A vegetação que recobre a Unidade é classificada como Floresta Tropical Aberta,com as mais variadas espécies vegetais, como madeiras de lei, plantas ornamentais,medicinais e frutíferas formando um ambiente favorável a vida silvestre. Caracteriza-seainda, por apresentar indivíduos arbóreos espaçosos com freqüentes agrupamentos depalmeiras, bambus e cipós. Vários animais como a paca, anta, tatu, veados, araras, garçassão ainda relativamente abundantes na ESEC. A várzea é constituída por plantas frutíferas,além de apresentar grande produção de alimentos para uma vida aquática composta dediversas espécies: tucunaré, pirarucu, carauçu, cará-branco, entre outros. Segundo algunsmoradores locais ainda existem exemplares de peixe-boi (Trichecus inunguis) nos lagosinteriores da Estação. As vilas de São Carlos e Nazaré fazem uso dos recursos naturais doentorno e muitas vezes de dentro da Estação, sem qualquer orientação e/ou controle, pois afiscalização no local é muito deficiente (http://www.ambientebrasil.com.br).Ampliação da Reserva Ecológica de CuniãNo dia 11 de agosto de 2006 A Superintendência do Ibama em Rondônia realizouuma Consulta Pública para ampliação da Estação Ecológica de Cuniã. O evento foi realizadono Auditório da Faculdade São Lucas, localizado à Av. Brasília, n° 1005, Bairro Areal em365


Porto Velho, com o objetivo discustir com a sociedade o processo de ampliação dessaunidade de conservação. Tendo em vista que a área em estudo para ampliação eraconsiderada de extrema importância para a conservação da biodiversidade (Decreto 4.339de 22 de agosto de 2002, Portaria MMA no 126 de 27 de maio de 2004). A proteção da áreaem questão também buscava fortalecer a barreira contra o avanço do arco do povoamentoadensado (arco do desmatamento) e amenizar os impactos decorrentes do desmatamentona região dentre eles o isolamento de fragmentos, uma vez que muitas espécies sãovulneráveis à fragmentação de habitat, especialmente àquelas que necessitam de grandesextensões territoriais preservadas para manter suas populações geneticamente ativas, comoos grandes predadores, pumas (Puma concolor) e onças-pintadas (Panthera onca) porexemplo, ambos ameaçados de extinção e com ocorrência confirmada para a área da ESECCuniã. Além da preservação dos grandes carnívoros, com o aumento de habitat preservado,beneficiando também às populações das espécies cinegéticas como queixadas (Tayassupecari) e catetos (Tayassu tajacu) por exemplo, que também requerem grandes áreas. Oimpacto positivo consequentemente seria o aumento populacional dessas espécies,fortalecendo assim a função de “área fonte” da ESEC Cuniã, pois os indivíduos que sedispersam da ESEC são utilizados como fonte de proteína pela comunidade tradicional daRESEX Lago do Cuniã. Além disso, segundo relatórios do IBAMA os limites da RESEX nãoabrangiam as nascentes dos principais tributários da micro-bacia que alimentam seusecossistemas aquáticos, o que tornou a ampliação da ESEC do Cuniã estratégica a proteçãodos afluentes do igarapé Cuniã, tanto para manutenção da diversidade biológica da RESEXquanto da atividade produtivas da sua população extrativista.Em relação a micro-bacia do igarapé Cuniã, da RESEX Cuniã, que possui doisgrandes tributários, o igarapé Cunianzinho e o igarapé Cuniã Grande, a ampliação da áreada ESEC possibilitaria a proteção aos formadores do Igarapé Cunianzinho integralmente eaumentando assim a área de proteção dos formadores do igarapé Cuniã Grande.Nesse sentido a efetivação da ampliação da ESEC Cuniã teve sua importânciatambém para a preservação dos recursos hídricos da bacia do rio Madeira e das atividadesprodutivas das comunidades ribeirinhas. (Fonte: http://www.ibama.gov.br/novo_ibama/arq=4159, acessado em 22/01/2009)Em março de 2008, a ESEC Lago do Cuniã foi oficialmente ampliada, pelo decretos/nº de 13/03/2008, a ampliação total da área foi de 77.064,28 hactares.Plano de Manejo - Não implementadoEstaduais:Floresta Estadual de Rendimento Sustentável (FERS) Rio Madeira (A) - área total de63.812 hectares, Dec. N°4.547 Decreto de criação de 23/10/90.366


Floresta Estadual de Rendimento Sustentável (FERS) Rio madeira (B) - área total de51.856 hectares, Dec. N°7.600 Decreto de criação de 08/10/96.Floresta Estadual de Rendimento Sustentável (FERS) Rio Vermelho (C) - área total de20.215 hectares. Decreto de criação N° 4.567 de 23/ 03/90.Floresta Estadual de Rendimento Sustentável (FERS) do Rio Abunã - área total de62.219 hetares. Decreto de criação N° 4.577 de 23/0 3/94.Área de Proteção Ambiental do Rio Madeira com uma área de 6.741 hectares. Decreto decriação N° 4.577 de 23/03/94. (Fonte: Parque Nacion al dos Campos Amazônicos/ICMbio -RO)- Propostas de criação de Unidades de Conservação no entorno da rodovia BR-319 noEstado do Amazonas.Experiências da Área Sob Limitação Administrativa Provisória – ALAP.Com o objetivo de reverter o processo de desmatamento ilegal pelo qual passava àrodovia BR-319 (uma área de aproximadamente 15 milhões e 400 mil hectares), no ano de2006, a região do entorno foi decretada como Área sob Limitação Administrativa Provisória –ALAP.Essa medida estratégica está legalmente prevista no Sistema Nacional de Unidadesde Conservação (SNUC), de Nº 9.985, de 04 de julho de 2000, com a redação dada pela LeiNº 11.132, de 04 de julho de 2005. A experiência de criação de uma ALAP já havia sidotestada na região do entorno da BR–163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA). Nas áreasde influência desta rodovia foram criadas Unidades de Conservação para proteger aBiodiversidade e garantir o acesso das populações locais à exploração sustentável dosrecursos naturais.Durante a limitação administrativa provisória da BR–319 foi formado um gruporeunindo representação oficial de diversos ministérios, órgãos federais e do Estado doAmazonas, com a finalidade de estudar as informações disponíveis sobre a região e elaborara proposta de criação de Unidades de Conservação e outros usos.As diretrizes utilizadas para a definição dos limites das unidades de conservação foram:1. Inclusão de áreas com cobertura florestal original de grande relevância biológica;2. Manutenção da integridade dos remanescentes florestais;3. Sempre que possível excluir residências e atividades de geração de renda dos limitesdas novas unidades;4. Inclusão de nascentes que abastecem os rios da região;367


5. Direcionamento ao uso sustentável dos recursos naturais;6. Ordenamento do desenvolvimento econômico e da infra-estrutura;7. Respeito à existência de populações tradicionais no momento de definição dascategorias e limites das unidades.- Categorias de UC's propostas pelo Ministério do <strong>Meio</strong> Ambiente/ALAP submetidasa seis consultas públicas em 2006.Os estudos e consultas públicas realizados em toda a região da ALAP, além deintensas negociações, tanto internas ao governo federal como junto ao Governo doAmazonas, produziram a proposta de um “mosaico” de unidades de conservação, járesguardadas áreas de possível interesse de povos indígenas. A proposta do mosaico deáreas protegidas da ALAP da rodovia BR-319 é composta por 13 UCs, abrangendo umaárea de 9.414.486 ha, sendo 29% de proteção integral e 71% de uso sustentável, sendouma estadual e doze federais, além da ampliação de uma UC federal já existente (Figura118).Figura 118 - Unidades de Conservação propostas segundo ALAP.368


UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS PROPOSTASFloresta Estadual de Beruri – Municípios de Beruri e Careiro, área de 1.049.914 hectares.Unidades de Conservação Federais PropostasReserva de Desenvolvimento Sustentável do Ipixuna – Municípios de Canutama, Lábreae Humaitá, área de 1.043.937 hectares.Parque Nacional do Umari – Municípios de Canutama, Lábrea e Humaitá, área de 79.987hectares.Floresta Nacional de Iquiri – Município de Lábrea, área de 1.519.303 hectares. Criada peloDecreto s/n de 08/05/2008.Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Canutama – Município de Canutama, áreade 238.942 hectares.Ampliação da Floresta Nacional Balata-Tufari – Ampliada em maio de 2008Floresta Nacional da Tapauá – Municípios de Canutama e Tapauá, área de 904.922hectares.Reserva Extrativista do Ituxi – Município de Lábrea, área de 661.245 hectares. CriadaPelo Decreto de 08/052008.Reserva Extrativista do Médio-Purus – Municípios de Lábrea e Pauini, área de 402.475hectares.Parque Nacional do Coari – Município de Lábrea, área de 892.482 hectares.Parque Nacional do Jarí – Municípios de Tapauá e Manicoré, área de 837.572 hectares.Criado pelo Decreto s/n de 08/052008.Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Capanã Grande – Municípios de Tapauá eManicoré. Área de abrangência indefinida nas fontes de pesquisa onde constam aspropostas de criação de UCs no entorno da rodovia BR-319 no Estado do Amazonas,publicadas antes das consultas públicas realizadas em 2006.- UC’s propostas para a área de influência da BR 319 (propostas até junho de 2008).Quando da submissão das propostas supracitadas a seis consultas públicas,realizadas ainda em 2006 e dos levantamentos técnicos realizados por analistas ambientaisda Secretaria de <strong>Meio</strong> Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas -SDS, do Instituto Brasileiro do <strong>Meio</strong> Ambiente e dos Recursos Renováveis – IBAMA e doInstituto Piagaçu, novas propostas de UC’s para área de entorno da rodovia BR-319 foramsugeridas. Uma característica marcante do resultado das audiências públicas é osignificativo aumento de propostas de criação de UC’s estaduais (inicialmente eram trêsproposta e passaram a ser 7). Nesta nova configuração, caberia ao estado a criação de seis369


unidades de conservação e a ampliação da RDS Piagaçú-Purus (a qual não vingoupermanecendo a implementação da PARNA Nascente Lago do Jari). Por outro lado, ogoverno federal teria a responsabilidade de criar cinco novas unidades de conservação e deampliar a Floresta Nacional Balata-Tufari (6 propostas). As quais foram todasimplementadas em 2008.Segundo Domingos Macedo, coordenador do Centro Estadual de Unidades deConservação do Amazonas (CEUC/SDS), “a partir das criações em âmbito nacional, setenovas unidades de conservação estaduais poderão ser anunciadas em breve pelo governodo Estado do Amazonas”. Entre elas estão a Reserva de Desenvolvimento Sustentável(RDS) do Igapó-Açu (com 397.557 hectares), o Parque Estadual do Matupiri (com 513.747hectares) e a RDS do Matupiri (com 513.747), todas em processo avançado de criação naCasa Civil do Estado do Amazonas (Nota divulgada no site http://www.wwf.org.br em 9 demaio de 2008).O predomínio de unidades de conservação de uso sustentável ainda é marcante, deforma similar a proposta anterior às audiências públicas (vie Volume 8, Mapas e Cartasimagem, Mapa 17 deste estudo com as UC’s propostas com o nome dos municípios ecomunidades estabelecidas ou levantadas). Outra característica é a concentração dasunidades de conservação na porção mais ao sul do estado do Amazonas, em especial nomunicípio de Lábrea.Unidades de Conservação Estaduais Propostas (após consultas públicas)1- Reserva de Desenvolvimento Sustentável Igapó - Açu (RDS) - abrange os municípios deBeruri, Borba e Manicoré, com uma área proposta de 397. 557, 33 hectares.2- Parque Estadual Matupiri - Setor Sul (PAREST)- abrange os municípios de Manicoré eBorba com uma área total 513.747,16 hectares.3- Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Matupiri (RDS) - abrangendo o município deBorba e contando com uma área total de 179.083,45 hectares.4- Reserva de Desenvolvimento Sustentável Canutama (RDS) - abrange o município deCanutama, com uma área total de 192.167.66 hectares.5- Floresta Estadual Tapauá - abrange os municípios de Canutama e Tapauá,compreendendo uma área total de 178.843,30 hectares.6- Floresta Estadual Beruri - abrange o município de Beruri, 422.014, 93 hectares.7- Floresta Canutama - abrange os municípios de Canutama e Tapauá, com uma área totalde 178.843,30 hectares370


Unidades de Conservação Federais Propostas (após consultas públicas).1 - Ampliação da Floresta Nacional Balata -Tufari – a ampliação está localizada no municípiode Canutama e corresponderia a uma área total de 253.112,08 hectares. Atualmenteampliada.2 - Parque Nacional Nascentes do Lago Jari – localizado nos municípios de Tapauá eBeruri, com uma área total de 769.206.70 hectares, atualmente criada.3 - Floresta Nacional ou Parque Nacional Mapinguari – incluindo áreas dos municípios deLábrea e Canutama, a proposta abrange uma área total de 1.639.829,19 hectares.Atualmente ciada na categoria de Parque Nacional Mapinguari.4 - Reserva de Extrativista ITUXI – seria implantada no município de Lábrea, na bacia do rioItuxi, com uma área total de 796.485,651 hectares. Atualmente criada.5 - Floresta Nacional Iquiri – localizada no município de Lábrea, apresentando uma áreatotal de 1.461.812,25 hectares. Atualmente criada.6 - Reserva Extrativista Médio Purus – abrangendo os municípios de Lábrea e Pauini comuma área total de 617.568,41ha. Atualmente criada.Fonte dos dados: Casa Civil da Presidência da República. Área Sob LimitaçãoAdministrativa Provisória no entorno da rodovia BR-319 no Estado do Amazonas. Cartilha,2006. (Tabelas 56 e 57).371


Tabela 56 - Comparando UC’s estaduais “propostas” pelo MMA (ALAP) e aquelas definidas após consultas públicas (sob influência da rodovia BR-319).UC’s PropostasALAPMunicípiosÁrea haUC’s Propostasapós consultaspúblicasÁrea há Municípios SituaçãoÁrea deinfluência emrelação arodovia BR-319FLORESTSumauma / Beruri.Beruri/Careiro1.049.914FLORESTA deBeruri.422.014, 93 Beruri Processo anulado IndiretaRDS Igapó – Açu Beruri 402.475 RDS Igapó - Açu 397. 557, 33Beruri, BorbaManicoréEm processo deimplantaçãoDiretaRDS Canutama Canutama 259.601 RDS Canutama 192.167.66 CanutamaFLORESTATapauáFLORESTACanutama903.172,13178.843,30CanutamaTapauá,CanutamaTapauá,RDS do Matupiri 179.083,45 BorbaPAREST MatupiriSetor –Sul516.024,15ManicoréBorbaEm processo deimplantaçãoEm processo deimplantaçãoEm processo deimplantaçãoEm processo deimplantaçãoEm processo deimplantaçãoIndiretaDiretaIndiretaIndiretaDireta372


Tabela 57 - Comparando UC’s federais “propostas” pelo MMA (ALAP) e aquelas definidas após consultas públicas (sob influência da rodovia BR-319).UC’s PropostasUC’s PropostasÁrea deMunicípios Área (ha) após consultas Área (ha) Municípios SituaçãoALAPinfluênciapúblicasPARNA doUmari / RDS doIpixunaRDS CapanãGrandeRESEX do MédioPurusCanutama 79.987,00TapauáManicoréLábreaPauiniInformação nãoencontrada402.475,00PARNA do Coari Lábrea 892.482,00PARNAMapinguariPARNANascente doLago JaríRESEX do MédioPurus1.572.422,00812.141,00604.568,41CanutamaLábreaTapauáManicoréLábreaPauiniTapauáCriadaCriadaCriadaIndiretaDiretaIndiretaAmpliação daFLONA BalataTufariBeruriCareiro259.601,00Ampliação daFLONA BalataTufari253.112,08 Canutama Criada IndiretaFLONA deTapauáCanutamaTapauá904.922,00RESEX do Ituxi Lábrea 661.245,00 RESEX do Ituxi 776. 940,85 Lábrea Criada IndiretaFLONA Iquiri Lábrea 1.519.303,00 FLONA Iquiri 1.476.073,00 Lábrea Criada Indireta373


5.2.4.5 – Possíveis Interações, modificações e interferências causadas peloempreendimento nas UC’s localizadas na área de influência direta e sugestões demedidas mitigadoras– Possíveis interações, modificações e interferências causadas pelo empreendimentonas UC’s localizadas na área de influência diretaInterferências Negativas(i) Caixas de empréstimoSegundo relatório da Secretaria de <strong>Meio</strong> Ambiente e Desenvolvimento Sustentáveldo Estado do Amazonas – SDS, ao longo da rodovia BR-319 não ocorreram grandes áreasdesmatadas no período de 1990 a 2004. Na porção onde a estrada aproxima-se da RDS doRio Madeira, localizada entre o rio Igapó-Açú e a AM-460, a maior parte dos desmatamentosencontrados ocorreram na década de 70 durante a abertura e pavimentação da estrada. Emespecial, nas “caixas de empréstimos”, locais usados para a retirada de grandes volumes deterra para fazer os aterros necessários para a construção da rodovia. Como todo o banco desementes foi retirado e o solo sofreu intensa compactação devido ao transito de máquinas, aregeneração da vegetação desses locais foi pequena, sendo possível observar, até os diasatuais, que a maior parte de suas áreas está na condição de solo exposto. Este fato sugereque a maior parte do desmatamento ocorreu durante a construção da estrada, antes dadécada de 90 (Relatório técnico Estudo de criação do mosaico de unidades de conservaçãoMatupiri-Igapó-Açú, Manaus-2006).(ii) Comercializações de terras (grilagem)A ocupação da Amazônia Legal, nos últimos 50 anos, ocorreu no contexto de umprojeto de integração nacional, que incluiu o estabelecimento dos chamados “eixos” e“pólos” de desenvolvimento, apropriação de terras para projetos agropecuários e reformaagrária, mineração (Becker, 1997; Machado 1998), e, mais recentemente, produção eexportação de grãos. A partir da década de 70, o processo de ocupação acelerou-se emilhões de hectares de florestas foram derrubados para criação de pastos e projetos decolonização e reforma agrária.As grandes extensões de terras na Amazônia aliadas a ineficiente gestão territorialnão permitem que as questões fundiárias sejam resolvidas e que seja implantado um efetivocontrole sobre o uso e proteção dessas terras. Estes fatores são elementos chaves paraeliminar a grilagem de terras e diminuir substancialmente a violência rural (Secretaria deEstado do <strong>Meio</strong> Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - SDS/2005 Plano estratégicopara a promoção do Desenvolvimento Sustentável e o combate ao desmatamento egrilagem de Terras na Área de Influência da rodovia BR-319, Manaus-AM).374


Aberturas de estradas com viabilização de tráfego da mesma trazem especulaçõesde disponibilidade de novas terras tanto para habitação quanto para exploração de seusrecursos naturais, valorizando ainda mais essas terras. Tal situação pode desencadearocupação desordenada das áreas próximas às UC’s criadas ao longo da rodovia BR-319com conflitos, degradação ambiental e compra e venda ilegal de terras durante as 3 fasesda obra (fases: 1- Preparação de base para pavimentação e nivelamento de uma superfícieregular, 2- Revestimento da base compactada/asfaltamento, 3 - Estrada liberada para fluxode veículos).Segundo dados do IBAMA e da Comissão Pastoral da Terra, as UC's Federais Lagodo Capanã Grande e Flona Balata–Tufari estão passando por intensos processos degrilagem e retirada de madeira ilegal. Ocorrendo casos em que moradores da Flona estãodeixando a UC amedrontados por grileiros.(iii) Estímulo a atividade madeireira ilegal.O fácil acesso às áreas com potencial madeireiro após a conclusão da obra,somados a falta de uma efetiva fiscalização implantada após planejamento estratégico,podem estimular a retirada de madeira de forma ilegal. Se considerarmos também o queocorre em outras áreas do Estado, onde a madeira é retirada de dentro das unidades deconservação (muitas vezes com o consentimento dos próprios moradores) e legalizada emplanos de manejo de áreas particulares a situação torna-se ainda mais agravante.(iv) Dinâmica de migração populacional descontrolada nas UC’s e entorno.A rápida expansão do desflorestamento é acompanhada de condições de vidaprecárias decorrentes de conflitos sociais, migração desordenada e crescimentodesorganizado das cidades (Becker, 1997; Godfrey e Browder, 1996; Machado, 1998).A migração de áreas rurais para urbanas e entre áreas urbanas são tendênciaspoderosas de redistribuição da população brasileira. O distrito industrial em Manausempregou 82,7 mil pessoas em abril de 2005; este foi o principal ímã de atração depopulação para a cidade (população aproximadamente 1,6 milhões). Muito da migraçãopara Manaus tem sido de populações ribeirinhas do interior da Amazônia até agora, maseste fluxo poderia ser pequeno perto ao fluxo de novos migrantes do resto do Brasil se oacesso fosse facilitado (<strong>Fearnside</strong> & Graça 2006).Da mesma forma que a pavimentação da estrada pode ocasionar imigração denovos moradores em busca de terras e exploração dos recursos naturais, pode incentivar aemigração de moradores das Unidades de Conservação para outros municípios em buscade melhoria da qualidade de vida (emprego, escola, saúde, entre outros) o que poderia375


esultar em efeito positivo. Entretanto, a ocorrência de conflitos ocasionados pelasmudanças na dinâmica de migração populacional das UC’s e seus entornos teria efeitosnegativos, uma vez que a existência do conflito leva a uma lógica perversa de uso dosrecursos naturais e dos serviços ambientais de uma determinada área. Além disso, oadensamento populacional nas bordas das Unidades de Conservação também pode terefeitos perceptíveis sobre a biota das UCs.• Nesse contexto, sugerimos que seja dado devido apoio e incentivo as ações para aImplementação dos Planos de Gestão, a formação dos conselhos getores e a programasde geração de renda nas UC’s de uso sustentável, bem como promover e apoiar açãoesvoltadas para o ordenamento da atividade turística local.(v) Novas áreas desmatadas (roça, agricultura familiar e pecuária):O desflorestamento resulta em alterações no funcionamento dos ecossistemas,gerando impactos sobre a estrutura e a fertilidade dos solos e sobre o ciclo hidrológico.Além disso, constitui importante fonte de gases do efeito estufa (Smith et al., 1995, Gash etal., 1996, Houghton et al., 2000). Os impactos do desmatamento incluem ainda a perda deoportunidades para o uso sustentável da floresta, incluindo a produção de mercadoriastradicionais tanto por manejo florestal para madeira como por extração de produtos nãomadeireiros.O desmatamento, também, sacrifica a oportunidade de capturar o valor dosserviços ambientais da floresta. A natureza não sustentável de praticamente todos os usosde terra implantados, numa escala significante em áreas desmatadas, faz com que asoportunidades perdidas de manter a floresta de pé sejam significativas no longo prazo(<strong>Fearnside</strong>, 2006). Entretanto, a presença do homem na Amazônia é um fato e a intensidadedo impacto decorrente de atividades como agricultura familiar depende intrinsecamente dadensidade demográfica.De acordo com SDS a lógica do desmatamento e uso desordenado da terra, a perdade cobertura florestal podem ser acentuados pela acessibilidade dada por estradas e outrasrodovias. Existe um grande acúmulo de análises científicas sobre os fatores determinantes eas conseqüências socioambientais e econômicas da expansão desordenada da fronteiraagropecuária nessas áreas que nos permitem extrair lições dos sucessos e insucessos daspolíticas públicas, dentre elas podemos citar ausência do poder público, pequeno repassede recursos federais para apoiar ações do Estado, a existência residual de antigas políticasque estimularam e estimulam direta ou indiretamente o desmatamento (assentamentos malconcebidos, falta de regularização fundiária, escassez de crédito direcionado e assistênciatécnica incipiente, unidades de conservação pouco planejadas e mal implantadas, falta decontrole, carência de fiscalização ambiental permanente, inexistência de novas políticas376


integradas voltadas para o desenvolvimento sustentável da região, incluindo ordenamentoterritorial.Diante do exposto pode ser previsto que após a conclusão da obra ocorra tambémum aumento na produção agrícola nas comunidades que residem nas UC’s e entorno(localizadas ao longo da rodovia BR-319), tendo em vista que esta venha facilitar oescoamento da produção e/ou comercialização de suas criações, tanto de pequeno como degrande porte (gado e outras criações).Sugerimos que seja dado apoio logístico e de infra-estrutura para a implementaçãode programas de monitoramento e prevenção ao aparecimento de novas áreas desmatadas,decorrentes do aumento da demanda pela produção agrícola e pecuária no entorno e dentrodas Unidades de Conservação de Uso Sustentável.(vi) Aparecimento de doenças endêmicas:A ocorrência de doenças endêmicas de Florestas Tropical Úmida, tipificadas naAmazônia, segundo o Ministério da Saúde, está intimamente ligada ao clima da região e seintensifica com o desmatamento. No cenário de desmatamento desenfreado, os vetores detransmissão das doenças, como mosquitos, alcançam maiores distâncias ao perderem seuhabitat natural, as copas das árvores, e proliferam em lugares úmidos e quentes comobeiradas de rios e lugares encharcados. A partir desse momento, doenças como malária,dengue, leishmaniose, entre outras, podem ser ocasionadas pela proliferação dos vetoresem regiões habitadas.Sugerimos apoio aos órgãos gestores das UC’s na implantação de ações voltadaspara o acompanhamento de pessoas infectadas e no levantamento do histórico de doençasocorridas na população que reside nas áreas de influência direta da rodovia BR-319.(vii) Alterações na dinâmica da fauna dentro das UC's:A Amazônia brasileira tem um número grande de espécies, porém a maioria delas édesconhecida. Esta biodiversidade tem valor significativo tanto em termos de utilidadetradicional como em termos de valor de existência (<strong>Fearnside</strong>, 2003).Atropelamento em rodovias é uma importante causa de mortalidade para váriasespécies de animais silvestres em todo o mundo. No Brasil, ainda poucos estudos foramdesenvolvidos, mas sabe-se que o impacto sobre algumas espécies é muito grande. Oprejuízo causado à fauna é ainda mais preocupante, quando os atropelamentos ocorrem aoredor de Unidades de Conservação (UC), áreas destinadas à conservação da natureza,como Parques Nacionais, Estações Ecológicas e Reservas Biológicas.377


Freqüentemente animais exploram grandes áreas em buscas de novos habitats efontes de alimento. Os carnívoros são, dentre os mamíferos, os que mais sofrem comatropelamentos. É provável que a susceptibilidade de carnívoros a atropelamentos sejustifique por serem espécies com grande capacidade de deslocamento e teremcomportamento de comer carniças de outros animais atropelados, ficando vulneráveis atambém perecerem da mesma forma (http://www.procarnivoros.org.br/a_atrp_ag.htm)A rodovia BR-319 corta uma imensa faixa de floresta contínua, tornando-se umabarreira para esses deslocamentos da fauna. O aumento do trafego aumentará o risco deatropelamento além do aumento da poluição sonora que irá afastar a fauna das imediaçõesda rodovia tornando-a uma barreira (problemas dessa natureza são diretamenteproporcionais ao fluxo de veículos).Além disso, a facilidade de acesso poderá estimular atividades de caça na área, comimportantes prejuízos para as populações das espécies-alvo. Sendo que este tipo deatividade tem maior probabilidade de ocorrência em situações de baixa governança. Para aavaliação dos padrões de migração das espécies sugerimos que seja realizado pelo órgãogestor inventários biológicos, utilizando técnicas de marcação e captura. Além dodesenvolvimento de um Programa de Monitoramento da Atividade de Caça nas UC’s(viii) Redução de serviços ambientais (captação de carbono):Os serviços ambientais providos pela manutenção da floresta são muitos. Trêsgrupos de serviços provêem ampla justificativa para manter áreas grandes de floresta:biodiversidade, ciclagem de água e armazenamento de carbono (<strong>Fearnside</strong>, 1997). Osserviços ambientais garantidos pela floresta como o crédito de carbono podem, segundo aSDS, vir a garantir alternativa sustentável de desenvolvimento para a Amazônia (mediante ageração de fluxos monetários).Uma significativa redução desse serviço na região poderá ocorrer caso sejaintensificado o desmatamento após a recuperação da estrada. Sendo fundamental, portanto,o planejamento de ações estratégicas que garantam a governança da região.Interferências Positivas(i) Maior acesso às UcsO Plano de Manejo Sustentável dos recursos naturais para unidades de conservaçãoe seu entorno é uma ferramenta de extrema importância para regulamentar as atividades,madeireira, extrativista, pesqueira, entre outras, de acordo com o uso da UC. Com aconclusão da pavimentação da rodovia BR-319, o acesso às UC’s sob influência direta, viaterrestre, será facilitado o que pode agilizar as ações necessárias para a elaboração,378


implantação e consolidação de planos de manejo. Entretanto, Deve-se tomar cuidado complanos de manejos florestal implementados próximos às UC´s para evitar que a madeiraretirada ilegalmente seja neles “esquentada” (legalizada).Além disso, o acesso do poder público assegura facilidades para a fiscalizaçào e omonitoramento das unidades de conservação. Em geral, as pessoas que atuam nailegalidade dão preferências pelo trânsito nas vias não-oficiais, onde o poder público éausente.Recomendamos que seja realizado pelo orgão gestor controle do número de planosde manejo florestal já licenciados e a efetivação da fiscalização dos mesmos. Tambémrecomendamos apoio às atividades necessárias para a elaboração do plano de manejo dasUC’s já implementadas ao longo da rodovia BR-319.(ii) Escoamento da produção proveniente das UC's:Dentre as Unidades de Conservação de Uso Sustentável, podemos encontrar naárea de influência da estrada: Reservas Extrativistas, Reservas de DesenvolvimentoSustentável e Florestas Nacionais, todas com promoção de usos distintos e problemascomuns de escoamento da produção. Com a pavimentação da rodovia BR-319, aexploração legal dos recursos dentro das UC’s pode ser intensificada, devido as melhorescondições para escoamento.Com exceção da RESEX do lago do Capanã Grande, cuja alternativa atual deescoamento da produção, através do rio Madeira, permaneceria sendo a mais viável, umavez que as comunidades dessa UC estão assentadas a aproximadamente 80 km da rodoviaBR-319 e não há nenhum ramal aberto ligando-as à rodovia.Recomendamos apoio aos gestores na realização de estudos socioeconômicos paraquantificar pressão sobre os recursos dentro das UC’s; e apoio em atividades voltadas paracapacitação sobre aspectos de comercialização e de beneficiamento da produção paraagregar valor e incentivo a formação de cooperativas.(iii) Implantação de pequenos comércios na área de influência direta da estrada:A rodovia BR-174, no trecho entre as cidades de Manaus e Presidente Figueiredo,constitui-se em um exemplo bem evidente do aumento do comércio na área de influênciadireta de uma estrada, decorrente do aumento do trafego de pessoas.O comércio é uma alternativa de renda para a população da região, principalmentequando alicerçado em bases técnicas e estudos de mercado. Entretanto, este não podesurgir para estimular o comércio ilegal, em especial o contrabando de espécimes da fauna eda flora da Amazônia. Deste modo, sugerimos que seja dado apoio aos gestores das UC`s379


na implementação de programas de monitoramento das atividades de comércios paraidentificar o escoamento ilegal de recursos naturais proibidos por lei, como a caça, porexemplo.(iV) Elaboração do Plano de Gestão:A elaboração do plano de gestão é um instrumento de regularização das Unidadesde Conservação. Com a pavimentação da Rodovia BR- 319, espera-se que as atividades,dependentes de acesso por terra, necessárias para construção, implantação e consolidaçãodos planos de gestão, principalmente das UC’s sob influência direta da rodovia BR-319,sejam viabilizadas em razão da melhoria de acesso.Outras medidas mitigadoras sugeridas por este estudo estão propostas no volume 5-Prognóstico Ambiental.- Mapeamento das Unidades de Conservação existentes e propostas identificadascom indicação das zonas de amortecimento instituídas, ou caso inexistentes, debuffer’s externos de 10 km) e cotagem de distância entre estas e a rodovia.A nomenclatura utilizada nos mapas para indicar as Unidades de ConservaçãoEstaduais, foi baseada na Lei Complementar 53 de 5 de junho de 2007, que instituiu oSistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC) Amazonas.No Volume 8 Mapas e Cartas-Imagem encontram-se os seguintes mapas:- Mapa 17: Unidades de Conservação Federal, Estadual e Propostas- Mapa 17.1: Unidades de Conservação Federal, Estadual e Propostas sem zona deamortecimento.Considerações FinaisAs questões mais urgentes em termos da conservação e uso dos recursos naturaisda Amazônia dizem respeito à perda em grande escala dos serviços ambientais doecossistema amazônico, frente ao avanço do desmatamento ligado às políticas (ou aausência delas) de desenvolvimento na região, tais como: especulação de terras ao longodas estradas, crescimento urbano desordenado, aumento dramático da pecuária bovina,exploração madeireira sem planejamento e não-sustentável, ausência do componenteambiental no processo decisório de concessão de financiamentos e incentivos fiscais e usoinadequado do solo através de práticas agrícolas desapropriadas para a região,principalmente relacionado com o cultivo da soja e algodão (<strong>Fearnside</strong>, 2003, Alencar et al.,2004 e Laurance et al., 2004).380


Segundo <strong>Fearnside</strong> (2006), o fato de ter ocorrido pouco desmatamento desde aépoca em que a rodovia BR-319 foi aberta tem levado à inferências equivocadas, de queesta região sofreria pouco impacto se a estrada fosse repavimentada e que a falta dedesmatamento ao longo da rota é atribuída por alguns à chuva excessiva ou a baixaqualidade do solo para agricultura e às desvantagens econômicas da longa distância até osmercados. Porém, as diferenças físicas não são tão grandes entre a metade sul da rodoviaBR-319 e as áreas que se tornaram os principais focos de desmatamento no Amazonasdesde 2002, tais como, as áreas entre Humaitá e Lábrea e entre Humaitá e Apuí. Algumasindicações do aumento potencial de desmatamento ao longo da rodovia BR-319 sãoevidentes: Houve várias aquisições de terra em antecipação à pavimentação, com aimplantação de agricultura intensiva de capital (arroz, seguido por soja). Outro processo queindica um aumento potencial no desmatamento é a chegada de migrantes sem-terras. Istoinclui, por exemplo, o estabelecimento de um acampamento de sem-terras no IgarapéRealidade. Contudo, como discutido anteriormente, os cenários propostos por <strong>Fearnside</strong>(2006) não levam em conta níveis de governança que podem ser determinantes noprocesso, modelando sempre em situações de ausência do poder público.A criação de Unidades de Conservação e a sua implantação (incluindo a contrataçãode pessoal) ao longo da rota da rodovia é uma medida importante que precisa, não só estarimplantada antes da completa recuperação da rodovia, mas antes que os efeitos deexpectativas de uma futura pavimentação corroam as possibilidades de criar tais áreas. Asreservas podem formar barreiras paralelas à rodovia para conter a expansão dodesmatamento a partir das margens da estrada. Nesse sentido, foi importante a iniciativa dogoverno federal de estabelecer a Área sob Limitação Administrativa Provisória – ALAP e,posteriormente, incorporar as propostas advindas das discussões que ocorreram navigência da ALAP.Os estudos realizados por Furtado e Monteiro (2006) sobre a importância do atualsistema de Unidades de Conservação e de Terras Indígenas na conservação dabiodiversidade e na contenção do desmatamento na região da BR-163 (estado do Pará),mostraram que a área desflorestada na área de influência daquela rodovia era de 10,4% até2004, variando bastante entre os municípios, porém o mesmo é sempre menor dentro dasáreas protegidas do que fora delas, o que indica o papel fundamental que este sistemadesempenha em frear o processo de ocupação desordenada do território daquela região.Essa afirmativa corrobora com a comparação dos índices de desmatamento dentro efora das áreas protegidas nos estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia (Ferreira et al.,2005), onde a proporção de área desmatada dentro das áreas protegidas variou de 1,5 a381


4,7%, enquanto a proporção de desmatamento fora delas variou de 29,2% a 48,1% nos trêsestados analisados.A criação de áreas protegidas na região em torno da rodovia BR-319 é importanteporque esta área forma um interflúvio com diversidade biológica particularmente alta(<strong>Fearnside</strong> & Graça 2006). Tal afirmativa é confirmada pela equipe de SDS medianteestudos técnicos realizados nas áreas de influência da estrada constatando também altograu de endemismo em algumas áreas (Tabela 58).Considerando o pressuposto e os resultados da integração dos dados obtidos pelasoutras equipes que compõem o presente Estudo de Impactos Ambientais, sugerimos queseja dado total apoio as atividades de fiscalização, implementação e gestão de UC`s sobinfluência direta e indireta do empreendimento.Quanto as Unidades de Conservação Propostas pelo governo do Estado “comressalvas” sugerimos que sejam discutidas amplamente junto às comunidades indígenas eos órgãos competentes antes de sua implantação, para evitar sobreposição de áreasprotegidas e minimizar conflitos de interesses e gestão.Recomendamos apoio aos órgão getores na atualização e refinamento dos dadosreferentes ao Zoneamento Ecológico Econômico Subcategoria, já realizado na área deinfluência da rodovia BR-319, para nortear as ações estratégicas de uso da área, somadas àimplantação de programas que objetivem a consecução das medidas mitigadoras deimpactos.Considerar que, no caso de criação de unidades de conservação de proteçãointegral, esta deve ser precedida do prévio mapeamento das áreas de uso (raio de uso dorecurso) das populações já estabelecidas nas proximidades. Mesmo que seja justificada aimplantação de UC’s de proteção integral por diversos fatores relevantes, esseprocedimento se faz indispensável para planejar possíveis impactos sociais como:emigração (venda ou abandono de suas terras), mudanças de atividades geradoras derenda e fontes de subsistência alternativas, conflitos com órgão gestores, entre outros.O art. 36 da Lei 9.985/00 prevê que nos casos de licenciamento ambiental deempreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgãoambiental competente, com fundamento no EIA/RIMA, o empreendedor deve apoiar aimplantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral.Quando o empreendimento atingir Unidade de Conservação específica ou sua zonade amortecimento, a unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de ProteçãoIntegral, deverá ser uma das beneficiárias da compensação ambiental (Art. 36, §3º).Dessa forma, sugerimos que o repasse seja investido em ações para construção,discussão e consolidação dos planos de manejo das UC’s e programas efetivos de geração382


de renda, tendo em vista que nenhuma Unidade de Conservação existente nessa áreaapresenta plano de manejo e a morosidade na sua implementação tem implicado em perdasno aproveitamento dos recursos, conflitos de interesses internos, descontentamento eemigração das populações residentes em áreas protegidas.383


Tabela 58 - Unidades de Conservação existentes na área de influência da rodovia BR-319.UC’s Existenteem toda área deinfluênciaÁrea deInfluência emrelação a BR-319RDS Rio Madeira Indireta 205.651,03RDS do RioAmapáRDS Piagaçú-PurusDireta 216.108,73Indireta 809.268,02Área (ha) Municípios Gestor Necessidades/ações de apoioNovo Aripuanã,Manicoré eBorbaNovo Aripuanã,Manicoré eBorbaAnori, Beruri,Coari,Tapauá eCodajásSDSSDSSDSIncentivo e apoio na implementação a programas de geração de renda, apoiologístico e financeiro nas ações voltadas para a implementação do plano de manejo eapoio na implementação de programas de monitoramentoApoio nas ações voltadas para elaboração do plano de manejo e programas demonitoramento, apoio na implementação de programas voltados para a geração derendaIncentivo e apoio na implementação de programas de geração de renda, apoio nasações voltadas para a implementação do plano de manejo, apoio ao programa demonitoramento, apoio nas ações voltadas para regularização fundiáriaFloresta NacionalHumaitáDireta 468.790,00 Humaitá ICMbioApoio na implementação de infra-estrutura (construção de bases de apoio), apoio nasações voltadas para a regularização fundiária e elaboração do plano de manejoPARNAMapinguari(proteção integral)PARNA Nascentedo Lago Jari(proteção integral)REBIO Abufari(proteção integral)RESEX do MédioPurusFLONA BalataTufariIndireta 1.572.422,00CanutamaLábreaICMbioDireta 812.141,00 Tapauá Manicoré ICMbioIndireta 288.000,00 Tapauá ICMbioIndireta 604.209,00Lábrea, PauiniTapauáICMbioIndireta 1.055.135,08 Canutama ICMbioRESEX do Ituxi Indireta 776.940,85 Lábrea ICMbioApoio na implementação de infra-estrutura (construção de bases de apoio) e nasações voltadas para a elaboração do plano de manejoApoio na implementação de infra-estrutura (base de apoio e fiscalização) e atividadesvoltadas para a implementação do plano de Manejo, bem como apoiar nas açõesvoltadas para a regularização fundiáriaApoio na implementação de infra-estrutura (base de apoio e fiscalização) e nasatividades voltadas para a implementação do plano de ManejoApoio na implementação de infra-estrutura (construção de bases de apoio efiscalização) e nas atividades voltadas para a educação ambiental, e nas açõesvoltadas para a elaboração do plano de manejoApoio na implementação de infra-estrutura (construção de 02 bases estratégicas defiscalização), apoio técnico e logístico na implementação do plano de manejo e nasatividades voltadas para a educação ambientalApoio na implementação de infra-estrutura (construção de bases de apoio), apoiotécnico e logístico na implementação do plano de manejo, apoiar programas degeração de renda384


FLONA Iquiri Indireta 1.476.073,00 Lábrea ICMbioRESEX Lago doCapanã GrandeRESEX do Lagodo CuniãFLOREST do RioMadeira (A)FLOREST do RioMadeira (B)FLOREST do RioVermelhoESEC do Cuniã(proteção integral)FLOREST do RioAbunãAPA do RioMadeiraDireta 304.146,28 Federal ICMbioIndireta 55.850,00 Rondônia ICMbioIndireta 63.812 Rondônia ICMbioIndireta 51.856 Rondônia ICMbioIndireta 24.215 Rondônia ICMbioIndireta 125.386 Rondônia ICMbioIndireta 62.219 Rondônia ICMbioIndireta 6.741 Rondônia ICMbioApoio na implementação de infra-estrutura (construção de bases de apoio), apoiotécnico e logístico na implementação do plano de manejo, apoiar programas degeração de rendaApoio na implementação de infra-estrutura (construção de bases de apoio), apoiotécnico e logístico na implementação do plano de manejo, apoiar programas degeração de renda e educação ambiental, apoio na implementação de programas demonitoramentoApoio na implementação de infra-estrutura (construção de bases de apoio), apoiotécnico e logístico na implementação do plano de manejo, apoiar programas degeração de renda e educação ambiental, apoio na implementação de programas demonitoramento, apoio nas ações voltadas para o ordenamento da pesca.Apoio na implementação de infra-estrutura (base de apoio e fiscalização) e nasatividades voltadas para a implementação do plano de Manejo florestal.Apoio na implementação de infra-estrutura (base de apoio e fiscalização) e nasatividades voltadas para a implementação do plano de Manejo florestal.Apoio na implementação de infra-estrutura (base de apoio e fiscalização) e nasatividades voltadas para a implementação do plano de Manejo florestal.Apoio na implementação de infra-estrutura (base de apoio e fiscalização) e programasde monitoramento.Apoio na implementação de infra-estrutura (base de apoio e fiscalização) e programasde monitoramento e nas natividades voltadas para a implementação do plano deManejo florestal.Apoio na implementação de infra-estrutura (base de apoio e fiscalização) e programasde monitoramento e nas natividades voltadas para a implementação do plano deManejo e regularização fundiária.385


Vale ressaltar que a proposta surgida em função das discussões durante avigência da Área de Limitação Administração Provisória – ALAP previam a criação deuma área total de 9.414.486 hectares de áreas protegidas para o entorno da rodoviaBR-319, sendo 29% de proteção integral. Atualmente, já existem, nessa áreaaproximadamente 8.948.741,31 ha de UC’s (oficialmente implementadas), sem contarcom as terras indígenas homologadas e as sete UC’s estaduais propostas, as quais,todavia, encontram-se em processo de normatização na casa civil do estado doAmazonas.Dentre as UC`s existentes sob a área de influência da rodovia BR-319, as queforam implementadas em 2008, não apresentam nenhuma infra-estrutura de apoio àsatividades de gerenciamento e estudos técnicos a serem realizados para aimplementação do plano de manejo necessitando prioridade no apoio as açõesmitigadoras por parte do empreendedor.Recomendamos que a integração das informações dos projetos fiquemdisponíveis a outras instituições e principalmente para os tomadores de decisão.Portanto, necessário se faz, construir uma "base tecnológica de integração" por meiodo desenvolvimento de programas abertos e disponíveis na internet, mapas temáticos,etc. Esses produtos vão permitir uma visualização integrada dos resultados dosprojetos, além de otimizar tomadas de decisão em níveis locais.386


5.2.5 – BioindicadoresPara Mitchell (1997), um indicador é uma ferramenta que permite a obtençãode informações sobre uma dada realidade. Já Beaudoux et al. (1993) afirmam que osindicadores servem para medir e comparar, sendo ferramentas que auxiliam natomada de decisões e não métodos. Esses autores ainda destacam que se tem deevitar asfixiar uma ação com uma sujeição demasiado rígida aos indicadores.Brenbrook e Groth III (1996) concordam com a visão de Mitchell, e consideramque um indicador em si é apenas uma medida, não tendo poder de previsão ou, sendouma medida estatística definitiva, tampouco uma evidência de causalidade. Paraesses autores, os indicadores apenas constatam uma dada situação.Um indicador pode ser entendido como uma variável de representaçãooperacional de um atributo (qualidade, característica, propriedade) de um sistema. Nocontexto ambiental, o indicador é constituído por um conjunto de parâmetrosrepresentativos, concisos e fáceis de interpretar, são utilizados para ilustrar asprincipais características ambientais de uma área ou de um determinado território. Osindicadores constituem hoje um componente de avaliação espacial de extremaimportância, capazes de desencadear processos coerentes de observação ambientale adequados a realidade que se pretende monitorar.Quando procuramos identificar indicadores entre os componentes da biota deuma determinada área ou ambiente, precisamos definir critérios claros a fim de estesindicadores efetivamente representem a biota ou o grupo taxonômico escolhido. Comodiscutido anteriormente, segundo Johnson et al., (1993), um indicador biológico “ideal”deve possuir as seguintes características:• Ser taxonomicamente bem definido e facilmente reconhecível por nãoespecialistas;• Apresentar distribuição geográfica ampla;• Ser abundante ou de fácil coleta;• Ter baixa variabilidade genética e ecológica;• Preferencialmente possuir tamanho grande;• Apresentar baixa mobilidade e longo ciclo de vida;• Dispor de características ecológicas bem conhecidas e;• Ter possibilidade de uso em estudos em laboratório.Consideramos que o uso de elementos isolados da flora como bioindicadoresnão é o mais adequado para esta situação, uma vez que nosso maior objetivo é387


assegurar a manutenção do ecossistema como um todo. Desta forma, fragmentaçõesda paisagem resultantes da supressão da vegetação devem ser o principal indicadorflorístico de alterações ambientais. Em outras palavras, as taxas de desmatamentonas áreas de influência da rodovia BR-319 devem ser cuidadosamente monitoradas,pois as perdas de áreas de floresta implicam em redução de nicho com impactospotencialmente altos sobre a fauna.A mesma argumentação é válida para a fauna, uma vez que alterações napaisagem, principalmente por desflorestamento, podem ter como conseqüência aperda de nichos essenciais a existência das populações que dependem destes nichos.Isso é particularmente verdadeiro para espécies com baixa tolerância a modificaçõenas condições ambientais. Entretanto, alterações com pequena relação com odesflorestamento também podem ser indicadas por alterações nas comunidadesfaunísticas.Diante disso, consideramos que os seguintes grupos tem potencial para atuarcomo bioindicadores:Para os invertebrados, as dificuldades de identificação expedita sugerem que émais adequado usar a composição e a estrutura de alguns grupos do que espécies.Deste modo, dentre as borboletas, sugerimos a utilização da composição e estruturada subfamília Morphinae como boas bioindicadoras ambientais por serem sensíveisàs modificações no ambiente. E também propomos a utilização da composição eriqueza das subfamílias Biblidinae e Charaxinae (Nymphalidae) e da famíliaPapilionidae como bioindicadores de áreas alteradas. Conforme alguns estudos sobreespécies indicadoras revelam, estas precisam ser fáceis de coletar, de identificar edevem ter possuir aspecto ecológico importante (Brown 1989, Pearson 1994). Asformigas tem sido consideradas um grupo ecologicamente especial, pois são boasindicadoras de diversidade (Roth et al. 1994), de distúrbio (Brown 1989, Majer 1992,Olson 1991) e de sucessão de ecossistemas (Majer 1983, Roth et al. 1994).As formigas dos gêneros Strumigenys, Rogeria, Lachynomyrmex temcaracterísticas para serem utilizadas como indicadores de qualidade ambiental.Estassão espécies crípticas e sensíveis à mudanças no habitat por nidificarem em folhase/ou troncos caídos no chão das florestas e construírem ninhos efêmeros, que sãoconsiderados sensíveis a modificações no habitat (Byrne, 1994). Sendo assim asalterações no ambiente influenciam a densidade populacional desses gêneroscausando uma redução.Outra formiga que poderia ser utilizada é a Wasmannia auropunctata, que éconsiderada praga no mundo inteiro (Longino e Fernández 2007). Esta espécie é388


comum nos habitats que vão desde secos e molhados e em ambientes em sucessãoaté florestas maduras. Nas planícies, habitat onde é abundante, ocorre emserrapilheira sobre o chão da floresta e em todos os níveis da vegetação (Longino2008). W. auropunctata tem uma relação inversamente proporcional ao número deespécies de formigas (Ambrecht e Ulloa-Chacón 2003) e o aumento de sua populaçãoestá relacionada com áreas mais abertas e modificadas, e revelaria ainda uma quedana riqueza de espécies de formigas.O escorpionismo (acidentes causados por escorpiões) são consideradosgraves e as principais espécies causadoras de acidentes no Brasil pertencem aogênero Tityus (Cupo et al., 1999). Na área do empreendimento foram registradas duasespécies desse gênero (Tityus sp. e T. silvestris), sendo que para T. silvestris já foiregistrado acidentes em Manaus (Souza et al., 1995). Com a alteração do ambiente,normalmente ocorre o aumento da densidade populacional de uma espécie e aredução ou desaparecimento das demais espécies encontradas anteriormente naárea. Com isso é necessário o monitoramento da densidade populacional dasespécies do gênero Tityus.Entre as espécies de anfíbios e répteis que podem ser apontadas comobioindicadoras encontramos nesse estudo o sapo-folha Rhinella margaritifera e o sapoDendrophryniscus minutus. Estas são espécies que vivem em floresta primária deterra-firme e desaparecem quando ocorre alguma alteração neste ambiente. Osquelônios podem ser bastante resistentes à alterações na qualidade do seu habitat.Algumas espécies habitam rios poluídos em grandes cidades onde adaptam a suadieta ao que encontram nesses rios. No presente estudo encontramos duas espéciesde quelônios muito apreciadas como alimento: Peltocephalus dumerilianus ePodocnemis unifilis. O acompanhamento do tamanho de suas populações naturaispode ser um bioindicador da pressão de caça na região da rodovia.Para aves, consideramos que o monitoramento das populações das quatroespécies endêmicas, diagnosticadas neste estudo, pode se constituir em um bomindicador da qualidade ambiental do interflúvio.Para o monitoramento ambiental, é necessário que toda a composição deespécies de pequenos mamíferos seja estudada, para que se tenha um parâmetrosobre diminuição de diversidade. Além disso, caso haja perda ou flutuação de algumaespécie, a partir do conhecimento da biologia dessas espécies será possível identificara ação causadora do impacto, bem como alternativas de mitigação.Para o monitoramento de populações, três espécies são indicadas: Proechimysgardneri (e outras espécies do gênero, caso encontradas, visto que é possível haver389


simpatria na região): Considerada um bom bioindicador, visto que esse gênero possuiespécies extremamente sensíveis à alterações ambientais, além de ser amplamentedistribuído e abundante na Amazônia. Por existir várias espécies no gênero, comnichos diferentes, e possível perceber e quantificar a alteração ambiental a partir deanálises de suas populações. Além disso, é um roedor com elevado número decapturas na região do empreendimento, dando a certeza de que será possívelmonitorá-lo. Também servirá de parâmetro para avaliar a efetividade da estrada (edesmatamento ao redor) como barreira para a travessia de fauna de chão entre oslados da rodovia. Didelphis marsupialis: Marsupial amplamente distribuído naAmazônia, inclusive no interflúvio Madeira-Purus. Por ser uma espécie generalista,suporta bem a alteração ambiental e frequentemente apresenta-se muito abundanteem áreas antropizadas, como cidades. Avaliando suas populações antes e durante ofuncionamento da rodovia, poderemos verificar relação entre a pressão antrópica ealteração da dinâmica populacional desta espécie. Micoureus demerarae: Marsupialtambém amplamente distribuído na Amazônia, considerado o mais abundante naregião. Por se tratar de uma espécie de hábito arborícola, com descidas menosfrequentes ao chão da floresta, será um importante indicador de ocorrência detravessia de indivíduos (especialmente daqueles que forrajeiam em extratossuperiores da floresta) entre as margens opostas da rodovia. A partir da marcação erecaptura, poderemos verificar, mediante o monitoramento dessa espécie, o grau derelevância do empreendimento (e suas conseqüências) como barreira ao fluxo deindivíduos entre os fragmentos.Outra fonte de dado importante para o monitoramento, especialmente paraestudar o fluxo de indivíduos entre margens opostas da rodovia, será o registro deatropelamentos de pequenos mamíferos ao longo da rodovia.A simples presença de espécies ameaçadas já configura os trechosamostrados da rodovia BR-319 como locais de especial interesse para conservação,indicando um bom nível de preservação das áreas de floresta de terra firme e igarapésmonitoradas. Predadores de topo, como a onça pintada e a ariranha, são espéciesaltamente sensíveis a variação nas populações de presas, que poderão vir a sereduzir, mediante os impactos negativos da obra (separação de territórios,fragmentação, caça, desmatamento). A onça pintada, o tatu canastra e o sagüi de carasuja são animais que poderiam ser apontados como espécies bandeira, paracaracterização de programas de conservação de fauna ao longo da rodovia BR-319.390


5.2.6 - SínteseA Amazônia é uma região com megadiversidade biológica. Diversas hipótesesforam propostas para explicar as elevadas taxas de diversidade observadas e o altograu de endemismo de algumas área. Em geral, é aceito que alguns fatores como aidade da bacia e a posição geográfica na região tropical do planeta, com pequenavariabilidade climática ao longo do ano foram determinantes para determinar apossibilidade de colonização das muitas espécies que a habitam. Além disso, ajustesmais finos são determinados pela heterogeneidade espacial, pelas flutuações sazonaisdeterminadas pelo ciclo hidro hidrológico e pelas interações bióticas, principalmentecompetição e predação.Neste cenário, a Teoria de Refúgios é uma das mais discutidas, uma vez quepropõe que as variações do nível dos rios na alternância dos períodos glaciais einterglaciais foi um fator determinante para o isolamento de áreas e para odesenvolvimento de processos de especiação. Ainda que não se confirme como umpadrão geral para toda a bacia, os dados de alguns grupos taxonômicos tem semostrado consistentes com o esperado, principalmente na porção oriental da bacia.Por outro lado, eventos geológicos mais antigos, como o rompimento do Arcodo Juruá e o desaparecimento de um megalago existente na porção oeste da bacia,nas proximidades dos limites atuais das bacias do Juruá e do Acre, parecem ter tidoelevada importância para a diversidade biológica existente na área.O importante desta discussão, é que deve ser refutada, desde cedo, o mito dehomogeneidade da Amazônia, que pode levar a sérios equívocos no planejamento deprogramas de conservação e desenvolvimento.Em face da profunda relação entre o ambiente e a biota, uma síntese do meiobiótico deve descrever, ainda que sucintamente descrever o ecossistema amazônico.A paisagem amazônica é formada por três estruturas geológicas: (i) A Cordilheira dosAndes, à Oeste; (ii) os Escudos Cristalineos dos Planaltos Guianense, ao Norte, e doBrasil, ao Sul; e, (iii) a Planície sedimentar, em sua porção central (IBGE, 1977). ACordilheira Andina é a unidade geotectônica mais recente, com pouco mais de 15milhões de anos. O processo de erosão provocado pelas chuvas nos vales de terrenosrecentes é responsável pelo carreamento de ricos sedimentos para o sistema hídrico,o que contribuídecisivamente para o enriquecimento da planície sedimentar e doestuário (Landim et al., 1983).Os escudos cristalinos das Guianas e do Brasil são unidades muito antigas,formadas no Período Pré-Cambriano, há mais de 700 milhões de anos. Os rios que se391


originam nestas áreas apresentam águas quimicamente pobres, com conduvidadeabaixo de 50 µS/cm. A bacia sedimentar, na porção central da Amazônia, possui cercade 2 milhões de km 2 e foi formada a partir da Era Cenozoica, com os sedimentosoriginados nos Escudos Cristalinos e na Cordilheira Andina, os quais se depositaramno vale Amazônico durante os Períodos Terciário e Quaternário.A região do interflúvio Purus-Madeira reflete, principalmente a partir dos dadosanteriormente apresentados, estas características gerais da Amazônia. Os doisgrandes rios que formam os limites da área possuem origem andina e apresentamáguas com composição química muito similar. Entretanto, o relevo e o curso destesdois rios apresentam diferenças marcantes. O rio Purus é repleto de meandros eapresenta grandes áreas de várzea, ao passo que o rio Madeira é mais encaixado e avelocidade da corrente é maior. É difícil estabelecer com certeza as épocas e aduração dos períodos de isolamento da área do interflúvio do restante da bacia, quepoderiam contribuir para o aumento da diversidade através de processos deespeciação.Em uma análise do estado da vegetação localizada nas proximidades damargem da estrada, foi observado que esta se encontra bastanteconservada/preservada entre os rios Igapó Açu e Jutaí, em toda essa extensão(Norte/Sul e Leste/Oeste). Do lado direito do rio Jutaí (Manaus/Humaitá) até o km655,7, a vegetação encontra-se com vários níveis de antropização, que vão desde osolo exposto, passando por pastagens formadas e em formação, áreas agrícolas,áreas construídas, até áreas em regeneração em diferentes graus (Sentido Norte/Sul).Do lado esquerdo do rio Jutaí encontra-se uma unidade de conservação, a ReservaExtrativista Lago do Capanã Grande. A vegetação encontra-se conservada na área dareserva. A partir dela, a vegetação do lado esquerdo apresenta diferentes níveis dedegradação, porém em menor grau que a do lado direito, até porque nesse ladotambém se encontra uma grande extensão de floresta densa preservada, quepertence ao 54 0 Batalhão de Infantaria de Selva de Humaitá. Em alguns locais, o efeitode borda é acentuado, adentrando a floresta em até 50 m, evidenciado pelas espéciesindicadoras de áreas secundárias. Nas margens da rodovia, o processo de sucessãosecundária encontra-se em adiantado estágio de regeneração, chegando a alcançar oestágio de capoeirão em alguns pontos.Ressalta-se, entretanto, que a região do interflúvio como um todo se apresentabem preservada. Muito possivelmente em razão da baixa densidade demográfica e daesparsa distribuição de cidades, apenas a sede municipal do Careiro-Castanho na sua392


porção mais central, com as demais sedes municipais situadas nas margens dos riosMadeira e Purus, ou de alguns tributários importantes.Os grupos de invertebrados amostrados refletiram, com clareza, a elevadadiversidade destes grupos na Amazônia. Além disso, a composição das comunidadesde lepidópteros e díptera evidenciaram que a área da rodovia BR-319 apresenta-sebem conservada, com dominância de grupos característicos de áreas com baixaalteração antrópica. Por outro lado, possivelmente em função do sentido Norte-Sul darodovia, ficou evidente que a composição das comunidades de invertebrados semodifica ao longo do gradiente formado pelo eixo da estrada, dificultandoextrapolações quanto ao padrão de dominância de grupos taxonômicos corroborandoa necessidade de pesquisas científicas de médio e longo prazos que levem a ummelhor conhecimento acerca deste grupo faunístico.Devido à origem da bacia Amazônica, a fauna de peixes pode ser separada empeixes primários de água doce, como Characoídes, Osteoglossídeos, Gymnotídeos,Lepidosirenidae, Symbranchidae, Nandidae e Siluriformes, e os peixes secundários eagora confinados em águas continentais, mas capazes de resistirem por pequenosperíodos à salinidade como Cichlídeos e Poccilídeos. Há cerca de 50 espécies depeixes amazônicas derivadas de famílias marinhas, como a pescada (Plagiosciomspp.) e o apapá (Pellona flavipinis e P. castelneana). Em nosso estudo, foramamostradas 95 espécies de peixes, que foram caracterizadas, com o auxílio de dadossecundários, conforme seu hábito alimentar. em cinco categorias: Detritívos,Herbivoros, Iliófagos, Onívoros e Piscívoros/Carnívoros.Os valores estimados para a diversidade da ictiofauna nos corpos d’água daÁrea de Influência Direta estão dentro do intervalo de valores de estudos realizados naAmazônia, indicando que os ambientes aquáticos estão bem preservados. De todomodo, como será mencionado mais a frente neste estudo, um programa demonitoramento será de importância fundamental para avaliar modificações induzidaspela implantação da rodovia e, possivelmente, para permitir a aplicação de técnicasque permitam a avaliação da qualidade ambiental usando a ictiofauna como grupo dereferência, como é o caso do Índice de Integridade Biótica.Do ponto de vista da biota, entretanto, ficou evidente que o interflúvio Purus-Madeira caracteriza-se efetivamente como uma região de elevada diversidade deaves, dado o registro atual de mais de 700 espécies. Além disso, esta regiãoapresenta elevado potencial para a descoberta de novas espécies. Ainda mais,estudos realizados nos últimos anos apontaram para a ocorrência de elevado grau deendemismo para esta área.393


A análise de mamíferos evidenciou um ambiente bastante preservado, com aocorrência de animais de grande porte que demandam uma grande área e umecossistema íntegro para a sobrevivência de suas populações.Nas últimas décadas, o governo brasileiro vem apostando na criação deUnidades de Conservação, de uso sustentável e de proteção integral, como principalestratégia preventiva para impedir o desflorestamento da Amazônia e o uso nãosustentáveldos recursos naturais. Para a área de influência da rodovia BR-319, issose tornou evidente com a criação da Área sob Limitação Administrativa Provisória –ALAP e das unidades de conservação criadas em 2008, como resultado das propostasdecorrentes do grupo de gestão da ALAP. Estas unidades de conservação têm,acertadamente, sido criadas na forma de um cinturão, nas porções sul e leste daAmazônia, com a intenção de deter o avanço do desflorestamento que apresentaníveis alarmantes nessa região. Além disso, o grau de conectividade destas unidadesé alto, o que pode colaborar para seu funcionamento como “corredor ecológico”,evitando processos de fragmentação do ecossistema do interflúvio, que foi apontadocomo o impacto ambiental de maior abrangência para a diversidade biológica dointerflúvio Purus-Madeira.Entretanto, o nível de consolidação das unidades de conservaçãorecentemente criadas ainda é baixo, uma vez que inexistem planos de manejo, ocorpo técnico é pequeno e a infra-estrutura disponível insuficiente. Diante disso, énecessário investimento para assegurar que estas unidades consigam atuarefetivamente na proteção da biodiversidade.394


AnexosAnexo I. Lista de espécies de anfíbios e répteis395


Anexo II. Questionários– Questionário utilizado pela equipe de mamíferosQUESTIONÁRIO SOBRE A UTILIZAÇÃO DE FAUNA SILVESTRE PORCOMUNIDADES1. O sr. e seus familiares se alimentam de carne de animais silvestres? ( ) Sim ( )Não2. Qual a origem da carne? ( ) Caça ( ) compra ( )ganha ()outros:.................3. O que o sr. mais caça e ou prefere caçar?EspéciesPorco do MatoTatuPacaCutiaAntaMacacoVeadoMacaco.................CapivaraJacaréTracajáTartarugaJabutiOutros..........PesoMédio(kg)Época doanoFreqüênciapor mês ouanoForma depreparocozinhaFinalidade(comer ouvender)4. Quanto tempo dura o produto de cada caçada? Qual o processo de conservação?5. Qual a época do ano que os animais que caça estão com filhote? E quantos filhoteseles têm?6. O sr. comercializa algum produto da fauna, quais? Qual o preço médio do produto(carne, couro, ovo ou bicho vivo)?7. Conhece alguém que crie animal silvestre? Quais? Alguém já reproduziu estesanimais?396


– Questionários utilizados pela equipe de uso da caçaQuestionário 1: Dados sócio-econômicosLOCAL DATA CASA #Nome:Sexo/Idade:Filiação:Onde nasceu:Estado civil:Escolaridade:Desde quando mora aqui:Nome do cônjuge:No. Filhos:Atividades:Fonte de renda:Renda estimada (família / mês)Questionário 2: Atividades caçaDesde quando caça? ? Onde caça?Última caçada:Horário de saída:Locais:Horário de chegada:Tecnologia:Caças (Spp)kg:Quanto vende kg:Valor de venda kgQuem compraFichas de atividades utilizada como roteiro nas observações sobre uso derecursos (caça)LOCAL DATA CASA #Ficha : CaçaHORA: SAÍDATEMPO IDARETORNOVOLTATEMPO TOTAL TEMPO DE CAÇACaça Peso (kg) Come % Vende % Venda Quantidade (kg) Valor TecnologiaObservações:397


Anexo III. Espécies da Flora que ocorrem ao longo da rodovia BR-319398


Anexo IV. Pranchas de Flora399


Anexo V. Lista de espécies mais freqüentes de cada unidade mostral400


Anexo VI. Pranchas de Fauna – Período Seco, Chuvoso, Logística e atividadesde campo401


Anexo VII. As 743 espécies de aves de ocorrência regular na área de estudoA nomenclatura e "status" seguem o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos(CBRO; http://www.cbro.org.br/CBRO/listabr.htm). "E" indica espécie endêmica dointerflúvio e "V" indica espécia ameaçada, listada na categoria "vulnerável" doscritérios da IUCN. Os habitats de ocorrência de cada espécie são indicados com "x".402


Anexo VIII. Lista de espécies de aves e habitats403


Anexo IX. Espécies de Morcegos registradas na Área de Influência Direta darodovia BR-319404


Anexo X. Pranchas Quiropteros405

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