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2 - Philip M. Fearnside - Inpa

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The text that follows is a REPRINT.O texto que segue é um REPRINT.Please cite as:Favor citar como:<strong>Fearnside</strong>, <strong>Philip</strong> M. 2012.Amazônia e as negociações doClima. Revista Ecologia & MeioAmbiente 8(9): 38-39.The original publication is available at:A publicação original está disponível em:PUBLEMOSC Editora Ltda.Rua MonSenhor Veras, 636, cj. 01SantanaPorto Alegre-RSBrasilTel +55 (51) 3235-1080revistameioambiente@terra.com.brhttp://www.balcaoambiental.com.br/revista2012/


AMAZONIA E AS NEGOCIA(:OES DE CLIMAA proposta que o ltamaraty levou paraCopenhague e as reunioes subseqi.ientes foi,digamos, "timida". Apesar do mero fato que osdiplomatas brasileiros estarem dispostos adiscutir o lugar da floresta arnazonica na lutacontra o aquecimento global representar umavanc,:o sobre a historia passada nessasnegociaiyoes. A proposta brasileira feita emCopenhague na decima quinta conferencia daspartes (COP-15), da Convenc,:iio de Clima, erapara ql!e as florestas entrassem somente se for defonna "limitada" (Amigos da Terra-AmazoniaBrasileira 2009). 0 dinheiro seria doado a umfundo voluntario (o Fundo Amazonia), e estasdoac;:oes niio seriam va]idas para Credito decarbono que possa ser vendido para compensaremissoes de combusttveis fosseis.No entanto, ha boas razoes para que os representantes do Brasildevarn pensar em assumir uma posic;:ao mais corajosa. Para aAmazonia e o Brasil e essencial controlar o aquecimento global emum nivel que assegure a sobrevivencia da floresta amazonica, etambem e essencial incluir a manutenc;:ao da tloresta amazonicacomo uma opc;:ao de mitigac,:ao em uma escala que efetivamentepare a expansao do desmatamento na regiao. 0 piano atual paracontenc;:ao do desrnatamento nao chega a fazer isto e deixa aAmazonia ainda em risco (<strong>Fearnside</strong>, 2009a).As posic;:oes do ltamaraty precisam mudar pelas seguintesrazoes:1- Porque um fundo voluntario nao e suficiente.Um fundo "voluntario" seria condenado a um papel muito maissecundario do que caso as reduc,:oes fossem ligadas a rnetasobrigatorias e va!idas para credito dentro da Convenc,:ao de Clima.Se os principais emissores industriais resolverem enfrentar deforma mais seria o desafio de conter o aquecimento global, entaoesses paises teriio que assumir compromissos de reduc;:ao muitomaiores. Cumprir com esses compromissos sera rnuito caro eabsorvera todo o dinbeiro que esses paises teriam para lutar contrao aquecimento global. Haveria pouco ou nenhum dinheirosobrando para contribuic,:oes a fundos voluntarios, essencialmentede relac,:oes publicas.0 argumento usado para relegar a Reduc,:ao de Emissoes doDesmatamento e da Degradac;i'io (REDD) a um fundo separado, aoinves de incluir a REDD no comercio de carbono como parte dosmecanismos para cumprir as metas de reduc;ao de emissoes dospaises, e de que a diminuic,:ao da perda das florestas tropicaisrepresenta uma quantidade tao grande de carbono que a ofertadeste no mercado derrubaria o prec;o de cada tonelada ate o pontoque ninguem nos paises ricos investiria em tecnologias limpas.Este argumento e fa]ho, pois presume que OS compromiSSOS dospaises sao fixos para reduzir as suas emissoes, mas a realidade eque nenhum pais hoje tern compromisso algum para qualquerquantidade especifica de reduc;iio de 2013 em diante. 0 preiyo dequalquer commodity, seja soja ou carbono, depende de umequilibrio entre a oferta e a demanda, fazendo com que o prec,:opossa ser aumentado (ou mantido), tanto por diminuir a ofertacomo por aumentar a demanda. A queda do prec,:o de carbonoprevista por defensores de urn fundo separado, e tambem pordefensores de· um mercado, mas com a oferta de carbono florestalperrnitida sendo muito limitada, presume que a demanda paracompra de credito de carbono perrnanec,:a constante (e.g., a basedos argumentos de Greenpeace: KEA 3, 2009, p. 18). Mas ejustamente esta demanda que nao pode ficar constante: a batalhaprincipal e para fazer os paises assumirem compromissos muitomaiores para reduc;:ao das suas emissoes liquidas, o que irnplica emaumentar em muito a demanda para compra de carbono. Nao sepode jogar a toalha sobre o aumento desses compromissos antes dabatalba come9ar!2- Porque o crMito de carbono da tloresta deve sercomercializado.tPbiHp M. <strong>Fearnside</strong>ln~liluto '\:u.:ional de Pesqui~as da Am:uOnia( l ~PA) ;\Jitn:-1u.s. Amazon asE-mail: pmfearn('! inpa.gO\.hr38Ha uma enorme diferenc,:a entre pagarnentosao Brasil e aos outros paises tropicais atraves deum fundo que nao gere nenbum credito decarbono e vender o credito em um mercadoaberto. A diferenc,:a principal esta no volume dedinheiro que, como ja mencionado, seria muitolimirado no caso de um fundo porque quase todoo dinheiro disponivel seria absorvido paramitiga9ao que vale para cumprir as metasnegociadas. Outra razao e que um fundoseparado condena paises como o Brasil a niveismuito menores de retomo fi nanceiro a partir doservir;o ambiental desempenhado pelas suasflorestas tropicais em evitar o aquecimentoglobal, porque a quantidade paga atraves dofundo nao esta baseada no valor do carbono nomercado (ou seja, competindo com asaltemativas caras nos paises industrializados), mas, em vez disso,apenas compensa os "custos de oportunidade" de nao desmatar(e.g., Greenpeace, 2008, p. 19). Isto significa pagar some11te peloque seria ganho se a floresta tivesse sido cortada e convertida empastagem (e.g., Nepstad et al., 2009). Pastagern de baixaprodutividade e 0 destino da maior parte das areas desmatadas naAmazonia hoje. Mas sera que aceitar isto como a base dopagamento e de interesse do Brasil? 0 custo de oportunidaderepresenta o menor retomo possivel que seria aceito por umvendedor em um sistema de mercado, mas em w11 mercado nao halimite no !ado superior, a respeito de qua11to pode ser ganho se aoferta ea demanda fizeremlom que o pre90. aumente acima destenivel minimo. Jogar fora o otencial para um retorno muito maiore um equivoco como estrate ia de negociac,:ao.Para exempli ficar, imagi~e se nos anos 1940, antes que aexplorac;ao do petroleo comec,:~se no Oriente Medio, alguem fossepropor comprar da Arabia Saudi·~ os direitos de desenvolvirnentona base do custo de oportunidade. P~eria argumentar que o uso naepoca, com alguos carnelos no desertO'p~zindo um valor emdinheiro de, por exemplo, menos de dez cellliivos de dolar porhectare por ano, significasse que os sauditas seriam felizes emaceitar US$ IO/ha para ceder o uso da area durante os cem anosseguintes. Seri a sabio, ou justo, os sauditas aceitarem tal neg6cio?Da mesma forrna, o Brasil deve vender seu carbono amazonicopelo prec;o por hectare de uma pastagem de baixa qualidade? lstoapenas faz sentido como posiiyao de negociac;:ao brasileira se forvisto atraves da lente da crenc,:a entre diplomatas brasileiros de queo mundo esteja em uma conspirac,:ao constante para tirar aAmazonia do pais, e que o valor do carbono amazonico podefomecer o estopim para isso (ver <strong>Fearnside</strong>, 2009b ).3- Porque os interesses do Brasil slio inerentementediferentes dos da Europa.Toroou-se moda na Europa se opor a concessiio de credito docarbono pela rnanutenc;ao de floresta tropical, ou seja, a concessaode credito que possa ser negociado para cumprir com oscompromissos dos paises industrializados em reduzir as suasemissoes liquidas nacionais. Governos europeus e a maior partedas ONGs baseadas na Europa, tais corno a Greenpeaceinternacional, tomam esta posic,:ao. Justificam isto com umdiscurso moral, reivindicando que os paises que causaram a criseclimatica atual tern responsabilidade de mitigar as emissoes "emcasa" (e.g., Greenpeace, 2008, p. 14). lsto confunde du as questoesmuito diferentes. Uma e quern deve pagar o grosso do custo, epoucos discordariam de que este deve ser os paises desenvolvidos.Entretanto, e uma questao inteiramente diferente a respeito de setoda a mitigar;ao deve ser feita "em casa", onde o custo podefacilmente ser o dobro ou o triplo para cada tonelada de carbonomantida fora da atrnosfera, em comparac,:ao com o que poderia serconseguido aplicando os mesmos fundos no exterior.A responsabilidade pelo clima nao e o fator chave aqui. Paraenteoder isto, coloque-se no lugar de um politico em um paiseuropeu, ta! como a Alemanba. Imagine se urn grupo de


ambientalistas fosse aparecer no seu gabinete exigindo que aAlemanha gaste 10% do seu or9amento na luta contra oaquecimento global. 0 politico pode dizer, "certo, entao vamosconstrnir uma fabrica de cataventos, uma fabrica de paineissolares, vamos reformar a fabrica de autom6veis "Opel" para fazerca1Tos ecol6gicos, etc." Isto tudo cria emprego e renda naAlemanha. Por outro lado, se o politico fosse dizer "tudo bem,vamos mandar este dinheiro para o Brasil para parar odesmatamento" isto nao Faria nada para a economia da Alemaoha.Conseqiientemente, e natural que OS Europeus se oponharn agrandes remessas financeiras para evitar o desmatamento tropical,mesmo se o beneficio climatico for varias vezes maiorpela mesmadespesa em mitiga9ao. 0 prob)ema e que restringir toda OU quasetoda a mitiga9ao aos investimentos caros "em casa" resultara narecusa 09a. 13r.i.L.il'!!! c\•Oh'ing prOJ>OSill IO comrol dcforesmio11: Amazon ~ 1ill a1 risk,.E1win,1mnemol Consen•a1ion 36 (3): 116-179.Fi:amside. P.~·t. 2009b. Science and carbon sinks in Brn.zil. Clitmllie'Chang_C 97{3): 373-378.feamside. P.M. 2009c. A vulnernbilidade da Oore~ 1a a1l'1:J.Lhnica perante as mudari~as climiitica.s. OccolqgiaBra1ilicn'is 13(4): 60'i·6t$.Fcam!'ide. P.M. 2~d. 0 que t.'!!.13. cm jogo para A1mm'.inia nas ncgocia~tx:s de clinm. Sitt' Pq11al AnmzOnia14112/09. hup:/iwww.rcdeamazonlca.eom.br/poru~lamat.onialcspcciaislespec i al .php?idEspcciaJ= l 9Fcarnsldc:. P.f\·I. 201 O. Am 1zOnia t as negoc i a~t>cs de clirna. Bolc1irn da Sociedadc Brasileira de E:conoruiaEco16gita (Eco-Eco) Nos. 23-24, pp'..23·28.Crccnpcacc. 2008. Foresu for Climate: Developing a Bybrid Approacti for REDD. Gn..'CnpcaccInternational. Amsterdam. Pais.cs Jloisos.. 2.l p.I tare. B. & M. Mc:i nsh;1u~n. 2006. How much" :lrming. arc \\'l:: commincd tO and how much can be3\0idcd? Climatic Change: 75: 111-14\).KEA 3. :2009. REDD :md the Effort to limit Global Warmmg to 2°C: lmplicalions for Including REDOCredits m 1hc lnt.:m:ltttlnal CarJx..n \ farLt:l• Prcp.;m:.rJJ.U). C. Hunlingford. R. Fishtr. P. Zi: laiuw~k l. S. Sicc-h. C.\k$\l~C:l'.lll!~ &. p \1N ~ "" (\J.'f Yin31hi: M.~lihood and mechanism ofa clima t~·ehangc-i nduccd ldiebacl of th< Am.!z...11trritfur6:. Pr.cceedings of the ?\ational Acadl.'my of Sciences\\\\ pnoi•H.J~-'p_d.Jt_. r.'~....J:::fiJ~.lR\O-l6J9 J 06 •\lar

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