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O artigo 34.º da Lei Básica da Região Administrativa Especial de ...

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O <strong>artigo</strong> 34.º <strong>da</strong> <strong>Lei</strong> Básica<strong>da</strong> Região <strong>Administrativa</strong><strong>Especial</strong> <strong>de</strong> Macau <strong>de</strong>fineque: “Os resi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Macaugozam <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> crençareligiosa e <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> pregar, <strong>de</strong> promoveractivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s religiosas empúblico e <strong>de</strong> nelas participar”.No seu <strong>artigo</strong> 128.º po<strong>de</strong>,ain<strong>da</strong>, ler-se: “De acordo como princípio <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>crença religiosa, o Governo<strong>da</strong> Região <strong>Administrativa</strong><strong>Especial</strong> <strong>de</strong> Macau nãointerfere nos assuntos internos<strong>da</strong>s organizações religiosas,nem na manutenção e no<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> relações<strong>da</strong>s organizações religiosase dos crentes com asorganizações religiosas e oscrentes <strong>de</strong> fora <strong>da</strong> região <strong>de</strong>Macau. Não impõe restriçõesàs activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s religiosas quenão contrariem as leis <strong>da</strong>Região <strong>Administrativa</strong> <strong>Especial</strong><strong>de</strong> Macau”.


XVRELIGIÕESE HÁBITOS


Momento Solene


Religiões e Hábitos e HábitosReligiões e HábitosO <strong>artigo</strong> 34.º <strong>da</strong> <strong>Lei</strong> Básica <strong>da</strong> Região <strong>Administrativa</strong> <strong>Especial</strong> <strong>de</strong> Macau <strong>de</strong>fine que: “Osresi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Macau gozam <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> crença religiosa e <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pregar, <strong>de</strong> promoveractivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s religiosas em público e <strong>de</strong> nelas participar”. No seu <strong>artigo</strong> 128.º po<strong>de</strong>, ain<strong>da</strong>, ler-se:“De acordo com o princípio <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> crença religiosa, o Governo <strong>da</strong> Região <strong>Administrativa</strong><strong>Especial</strong> <strong>de</strong> Macau não interfere nos assuntos internos <strong>da</strong>s organizações religiosas, nem namanutenção e no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> relações <strong>da</strong>s organizações religiosas e dos crentes comas organizações religiosas e os crentes <strong>de</strong> fora <strong>da</strong> região <strong>de</strong> Macau. Não impõe restrições àsactivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s religiosas que não contrariem as leis <strong>da</strong> Região <strong>Administrativa</strong> <strong>Especial</strong> <strong>de</strong> Macau”.A <strong>Lei</strong> n.º 5/98/M, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> Agosto, regula a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> religião e <strong>de</strong> culto e as confissõesreligiosas em geral na RAEM. A <strong>Lei</strong> <strong>de</strong>fine que: “É reconheci<strong>da</strong> e garanti<strong>da</strong> a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>religião e <strong>de</strong> culto <strong>da</strong>s pessoas e assegura<strong>da</strong> às confissões e <strong>de</strong>mais enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s religiosas aprotecção jurídica a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>. A liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> religião é inviolável. Ninguém po<strong>de</strong> ser prejudicado,perseguido, privado <strong>de</strong> direitos ou isento <strong>de</strong> obrigações ou <strong>de</strong>veres cívicos, por não professarqualquer religião, ou por causa <strong>da</strong>s suas convicções ou práticas religiosas, salvo o direito àobjecção <strong>de</strong> consciência, nos termos <strong>da</strong> lei”. Ain<strong>da</strong> segundo a mesma lei, fica claro que: “Oterritório <strong>de</strong> Macau não professa qualquer religião e as suas relações com as confissões religiosasassentam nos princípios <strong>da</strong> separação e <strong>da</strong> neutrali<strong>da</strong><strong>de</strong>. As confissões religiosas são livres nasua organização e no exercício <strong>da</strong>s suas funções e do culto. O território <strong>de</strong> Macau não interferena organização <strong>da</strong>s confissões religiosas e no exercício <strong>da</strong>s suas funções e <strong>de</strong> culto e não sepronuncia sobre questões religiosas”.No “Princípio <strong>da</strong> Igual<strong>da</strong><strong>de</strong>”, a <strong>Lei</strong> <strong>da</strong> Liber<strong>da</strong><strong>de</strong> Religiosa, <strong>de</strong>fine que: “As confissõesreligiosas são iguais perante a lei”.Coexistência e Desenvolvimento <strong>de</strong> DiversasReligiõesUma <strong>da</strong>s características que <strong>de</strong>monstra a importância <strong>de</strong> Macau como ponto <strong>de</strong> intercâmbio<strong>da</strong> cultura oriental e oci<strong>de</strong>ntal é a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s religiões aqui professa<strong>da</strong>s. Para além doConfucionismo, Budismo e Taoismo como principais religiões, o Catolicismo, o Protestantismo,591


Macau 2010 - Livro do Anoe o Islamismo, coexistem em Macau <strong>de</strong>s<strong>de</strong> tempos antigos. Nos últimos quatrocentos anos,os resi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Macau <strong>de</strong> diferentes nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, culturas, etnias e crenças religiosas têmcoexistido em harmonia, influenciando-se mutuamente com os seus costumes e tradições.Os seguidores e crentes <strong>da</strong>s diversas religiões <strong>de</strong>senvolvem com <strong>de</strong>voção as suas própriasactivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s nas suas festas religiosas tradicionais e activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> comemoração e congratulação.A Diocese <strong>de</strong> Macau organiza, segundo o calendário religioso católico, diversas procissõestradicionais, <strong>da</strong>s quais as maiores são a Procissão <strong>de</strong> Nossa Senhora <strong>de</strong> Fátima, a Procissão doSenhor Bom Jesus dos Passos, e a Procissão do Cristo Morto. Seguindo <strong>de</strong> perto a santa imageme os sacerdotes, os crentes <strong>de</strong>sfilam em procissão pelas ruas, entoando cânticos religiosos,formando-se assim uma cena ímpar. Ao longo do percurso <strong>da</strong> procissão a polícia mantém aor<strong>de</strong>m no trânsito rodoviário. Ao mesmo tempo, noutro local, é possível observar a realização<strong>de</strong> cerimónias budistas que em prece juntam as mãos e oferecem incenso, ou batem no “peixe<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira”, suplicando a Bu<strong>da</strong> que salve to<strong>da</strong>s as criaturas vivas. Durante as festivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s paracelebrar o aniversário <strong>de</strong> divin<strong>da</strong><strong>de</strong>s, como a Deusa Tian Hau, o Deus <strong>da</strong> Terra (Tou Tei), o Deustaoista Tam Kung, ou o Deus Na Tcha, os crentes oferecem-lhes sacrifícios, agra<strong>de</strong>cendo-lhescom ofertas <strong>de</strong> leitão assado, e com representações <strong>de</strong> ópera chinesa por grupos <strong>de</strong> teatro.BudismoO Budismo ocupa um lugar bastante importante no dia-a-dia <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> chinesa <strong>de</strong>Macau. Merece referência que, para muitos resi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Macau, o Budismo é uma concepçãogenérica, po<strong>de</strong>ndo conter valores do Confucionismo e Taoismo e <strong>de</strong> outros costumes e práticastradicionais. A melhor prova <strong>de</strong>ste facto é que nos Templos <strong>de</strong> A-Má, <strong>de</strong> Kun Iam e <strong>de</strong> Lin Fong,lugares sagrados dos crentes budistas <strong>de</strong> Macau, que percorreram numerosas vicissitu<strong>de</strong>s aolongo dos tempos, estão sempre acesos paus <strong>de</strong> incenso e velas, e os <strong>de</strong>votos e peregrinosvêm ali ren<strong>de</strong>r a sua homenagem amiú<strong>de</strong>.A maioria dos resi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Macau é chinesa, profun<strong>da</strong>mente marca<strong>da</strong> pela sua culturatradicional. Enquanto parte integrante <strong>da</strong> cultura tradicional <strong>da</strong> China, o Budismo é parteintegrante, também, <strong>da</strong> cultura e vi<strong>da</strong> dos chineses <strong>de</strong> Macau, contando-se gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong>crentes. Nos últimos anos, a i<strong>da</strong><strong>de</strong> dos crentes tem vindo a diminuir.Em Macau, existem muitas organizações budistas, <strong>da</strong>s quais a principal é a AssociaçãoBudista Geral <strong>de</strong> Macau, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em Junho <strong>de</strong> 1997.Em Macau, há mais <strong>de</strong> 40 templos budistas, <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> templos ao Deus <strong>da</strong> Terra e casas<strong>de</strong> divin<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Entre estes templos, gran<strong>de</strong>s e pequenos, a maioria são <strong>de</strong>dicados às <strong>de</strong>usasKun Iam e Tin Hau e ao Deus Kuan Tai.Após o estabelecimento <strong>da</strong> RAEM, foi <strong>de</strong>finido o “Dia do Bu<strong>da</strong>”, oitavo dia do quarto mêsdo calendário lunar, como feriado público (calhando normalmente no mês <strong>de</strong> Maio).CristianismoCatólicosA Diocese <strong>de</strong> Macau foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 23 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1576, <strong>de</strong> acordo com o édito do PapaGregório XIII, tornando-se assim na primeira diocese no Extremo Oriente. No período inicial592


Religiões e Hábitos<strong>da</strong> sua fun<strong>da</strong>ção, cobria uma área extremamente vasta, englobando a China, Japão, Vietnamee diversas ilhas ao longo <strong>da</strong> costa <strong>da</strong> Ásia do Su<strong>de</strong>ste.O primeiro bispo <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> Macau foi D. Leonardo <strong>de</strong> Sá que só chegou a Macau em1581. De 1576, ano <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> Macau, até 1581, as funções <strong>de</strong> bispo foramexerci<strong>da</strong>s pelo Governador do Bispado D. Melchior Carneiro S.J., que fundou a Santa Casa <strong>da</strong>Misericórdia, o Hospital <strong>de</strong> S. Rafael (chamado comummente Hospital do Cavalo Branco) e aLeprosaria <strong>de</strong> S. Lázaro (perto <strong>da</strong> Igreja <strong>de</strong> São Lázaro). Já em 1565 a Companhia <strong>de</strong> Jesustinha estabelecido em Macau residências e um colégio - o Colégio <strong>de</strong> S. Paulo. No fim do séculoXVI, esta instituição académica foi reconheci<strong>da</strong> pelas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s europeias. A antiga Igreja<strong>da</strong> Madre <strong>de</strong> Deus (Ruínas <strong>de</strong> S. Paulo), que fazia parte do complexo do Colégio foi consumi<strong>da</strong>por vários incêndios, tendo ficado do último, registado em 1835, até hoje, as actuais Ruínas<strong>de</strong> S. Paulo.Além <strong>da</strong> Companhia <strong>de</strong> Jesus, outras or<strong>de</strong>ns religiosas como a dos Franciscanos, a dosAgostinhos, a dos Dominicanos, e a Congregação <strong>da</strong>s Madres Clarissas, que professam a vi<strong>da</strong><strong>de</strong> retiro, estabeleceram, também, residências em Macau, durante os séculos XVI e XVII.Nos últimos mais <strong>de</strong> 400 anos, os assuntos religiosos <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> Macau nas diversasregiões asiáticas sob sua jurisdição <strong>de</strong>senvolveram-se, tendo-se estabelecido, a partir <strong>de</strong>la,várias <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> dioceses in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Hoje, a jurisdição <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> Macau limita-seapenas à RAEM on<strong>de</strong> há seis freguesias, três quase paróquias, três paróquias, 18 igrejas ecapelas, com edifício próprio, e 56 capelas nas instalações diocesanas.Segundo estatísticas <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> Macau, até ao fim do ano <strong>de</strong> 2009, o número total<strong>de</strong> católicos em Macau era <strong>de</strong> 28.889, dos quais 13.217 são católicos <strong>de</strong> Macau, sendo a suamaioria membros <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> chinesa e, 15.672 católicos não-resi<strong>de</strong>ntes permanentes,(incluindo portugueses vindos <strong>de</strong> Portugal trabalharem em Macau e seus familiares, técnicos<strong>de</strong> língua inglesa vindos <strong>de</strong> diversas regiões e familiares, trabalhadores filipinos e familiares,bem como pessoal proveniente do Interior <strong>da</strong> China e <strong>de</strong> outras regiões asiáticas e familiares).Os clérigos registados, na Diocese <strong>de</strong> Macau, são: um bispo, 18 padres <strong>da</strong> diocese e trêspadres especiais que trabalham em Macau. Seis padres <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> Macau trabalham emoutras dioceses.Missionam em Macau 53 padres e 27 religiosos <strong>de</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> irmãos religiosos, 195religiosas <strong>de</strong> diversas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> irmãs religiosas, e 130 missionárias voluntárias.Nos últimos 50 anos, para respon<strong>de</strong>r às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s sociais, a Diocese <strong>de</strong> Macau<strong>de</strong>senvolveu com entusiasmo vários projectos para o bem-estar social, angariando gran<strong>de</strong>número <strong>de</strong> fundos junto dos crentes católicos, com donativos vindos <strong>de</strong> todo o mundo, Governo<strong>de</strong> Macau e personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Hong Kong e <strong>de</strong> Macau, para construção <strong>de</strong> escolas, creches,clínicas, lares para idosos, sanatórios para doentes, e centros <strong>de</strong> formação profissional.No ano lectivo <strong>de</strong> 2008/2009, segundo <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> Macau, funcionavam sobsua tutela um total <strong>de</strong> 31 estabelecimentos <strong>de</strong> ensino, com 30.946 alunos. Destes, 1581frequentavam o ensino superior, 13.918 o secundário, 11.159 o primário e 4288 o pré-escolar.A Diocese <strong>de</strong> Macau possui 24 instituições <strong>de</strong> serviço social, on<strong>de</strong> se incluem oito creches;seis sanatórios para idosos; quatro centros <strong>de</strong> reabilitação para <strong>de</strong>ficientes físicos e mentais;e seis lares para crianças <strong>de</strong> famílias monoparentais, e com problemas. Entre as 1682 pessoas593


Macau 2010 - Livro do Anoque recebiam cui<strong>da</strong>dos <strong>de</strong>stas instituições, 1031 estavam interna<strong>da</strong>s e 651 não interna<strong>da</strong>s.A Igreja Católica está, ain<strong>da</strong>, empenha<strong>da</strong> noutras activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, nomea<strong>da</strong>mente, na gestão<strong>de</strong> uma livraria, biblioteca pública, instituições <strong>de</strong> cultura e comunicação social, centros <strong>de</strong>convenções e <strong>de</strong> apoio social, instituições <strong>de</strong> bem-estar, acampamentos <strong>de</strong> Verão e retiros abertosao público. A Diocese <strong>de</strong> Macau edita ain<strong>da</strong> revistas religiosas periódicas, e um semanário emlíngua portuguesa (O Clarim).ProtestantismoO cristianismo foi introduzido na China durante as dinastias Tang e Yuan. Na dinastia Qing,Macau passou a ser a base <strong>de</strong> missionação protestante para o Interior <strong>da</strong> China.O envio <strong>de</strong> missionários protestantes para estabelecerem uma missão religiosa na Chinateve início em 1807, com a chega<strong>da</strong> do primeiro missionário protestante Robert Morrison, que foienviado pela Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Missionaria <strong>de</strong> Londres, para Macau para apren<strong>de</strong>r o chinês e estabelecera missão religiosa. Robert Morrison <strong>de</strong>dicou-se ao trabalho <strong>de</strong> tradução <strong>da</strong> Bíblia para línguachinesa e lançou o dicionário chinês-inglês. Sete anos <strong>de</strong>pois, ou seja, em 1814, Robert Morrisoncelebrou, na colina <strong>da</strong> Guia, o baptismo do primeiro protestante chinês, <strong>de</strong> nome Choi Kou eor<strong>de</strong>nou, também, Leung Fat como o primeiro missionário chinês. Devido à gran<strong>de</strong> influência <strong>de</strong>Robert Morrison, muitos missionários protestantes chegaram à China <strong>de</strong>dicando-se à educação,assistência médica e cultura. O Cemitério Protestante <strong>de</strong> Macau, on<strong>de</strong> se encontra o túmulo <strong>de</strong>Robert Morrison, entrou na lista do Património Mundial. A Escola Robert Morrison fun<strong>da</strong><strong>da</strong> emMacau em 1840 é a primeira escola do estilo oci<strong>de</strong>ntal na China, on<strong>de</strong> se formaram Yung Winge outros estu<strong>da</strong>ntes que exerceram influências sobre a mo<strong>de</strong>rnização <strong>da</strong> China.Após a Guerra do Ópio, paralelamente à abertura <strong>de</strong> Hong Kong e <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s costeiras<strong>da</strong> China, a base <strong>de</strong> missionação protestante transferiu-se para o exterior, parando assim amissionação protestante em Macau.No início do século XIX, os missionários <strong>da</strong> Igreja Bíblica Evangélica Americana (AmericanEvangelical Bible Church) criaram em Macau a igreja pre<strong>de</strong>cessora <strong>da</strong> Igreja Baptista <strong>de</strong> Macau(Macau Baptist Church), e os crentes locais fun<strong>da</strong>ram a Igreja Chi Tou. A par do <strong>de</strong>senvolvimento,a igreja começou a estabelecer escolas, <strong>de</strong>sempenhando activo papel na missionação em Macaue no Delta do Rio <strong>da</strong>s Pérolas.Durante a Guerra <strong>de</strong> Resistência à Invasão Japonesa, Macau vivia uma situação relativamenteestável, pelo que muitos cristãos vieram para Macau, on<strong>de</strong> criaram estabelecimentos <strong>de</strong> ensino.Desses cristãos <strong>de</strong>stacaram-se os anglicanos, e os pentecostais americanos que chegaram pelasegun<strong>da</strong> vez a Macau, assim como o Seminário <strong>de</strong> Teologia União, que se transferiu para Macaupara restaurar as activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino, <strong>de</strong>dicando-se todos eles à missionação e à prestação <strong>de</strong>apoio aos refugiados <strong>de</strong> guerra. Nesse período, o protestantismo <strong>de</strong>senvolveu-se rapi<strong>da</strong>menteem Macau, sendo cria<strong>da</strong>s igrejas presbiterianas, Luteranas e <strong>da</strong> Assembleia <strong>de</strong> Deus, assimcomo <strong>da</strong> Igreja <strong>da</strong> Aliança Cristã e Missionária (Christian & Missionary Alliance Church).Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80 do século XX, a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e a economia <strong>de</strong> Macau registou um rápido<strong>de</strong>senvolvimento, levando a que muitas igrejas, com se<strong>de</strong> em Hong Kong, estabelecessemem Macau filiais e instituições <strong>de</strong> acção social. O número <strong>de</strong> igrejas protestantes em Macauaumentou <strong>de</strong> nove, regista<strong>da</strong>s nos anos 50, para mais <strong>de</strong> 50 nos anos 90 do século passado,com mais <strong>de</strong> três milhares <strong>de</strong> crentes.594


Religiões e HábitosActualmente, há em Macau 76 igrejas protestantes <strong>de</strong> língua chinesa e mais <strong>de</strong> 4900 crentesque participam regularmente nos encontros <strong>de</strong> oração. Destes, a maioria são <strong>da</strong> Christian &Missionary Alliance Church, segui<strong>da</strong> <strong>da</strong> Igreja Baptista. Nestas igrejas, 183 missionários <strong>de</strong>dicam--se à missionação. Há ain<strong>da</strong> cerca <strong>de</strong> 500 crentes protestantes <strong>de</strong> língua portuguesa ou inglesa.As igrejas protestantes em Macau funcionam <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, mas algumasigrejas organizaram por si próprias associações ou igrejas <strong>de</strong> zona. A União <strong>da</strong>s Igrejas CristãsEvangélicas <strong>de</strong> Macau, que foi cria<strong>da</strong> em 1990, <strong>de</strong>dica-se à coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> ligação e intercâmbioentre diferentes igrejas e à promoção <strong>de</strong> trabalhos conjuntos <strong>de</strong> divulgação e educação, contandocom um número <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rentes superior à meta<strong>de</strong> do número total dos crentes <strong>de</strong> Macau.Existem quatro estabelecimentos <strong>de</strong> ensino secundário criados pelas igrejas protestantes,dispondo ca<strong>da</strong> um duma escola primária e jardim infantil, duas escolas primárias com jardiminfantil, uma escola <strong>de</strong> ensino especial e um centro <strong>de</strong> educação contínua.Há cerca <strong>de</strong> 20 organizações protestantes <strong>de</strong> Macau que prestam serviços sociaisdiversificados, dos quais, se <strong>de</strong>stacam os serviços comunitários, centro familiar, capelanias<strong>de</strong> hospital, centros <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>, orientação psicológica, lares, plano <strong>de</strong> regresso à escola,<strong>de</strong>sintoxicação evangélica, tratamento do vício do jogo, entre outros. Os seus serviços <strong>de</strong> acçãosocial cobrem os grupos vulneráveis, nomea<strong>da</strong>mente menores que abandonam o ensino, osfamiliares <strong>de</strong> reclusos, as trabalhadoras do sector dos jogos, os pacientes <strong>de</strong> cancro e seusfamiliares, entre outros.IslamismoA Associação Islâmica <strong>de</strong> Macau foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1935 e tem actualmente mais <strong>de</strong> 100membros. Há alguns anos que a Associação Islâmica planeia a construção <strong>de</strong> uma nova mesquitae <strong>de</strong> um centro islâmico, cujos planos <strong>de</strong> construção já foram aprovados. A futura mesquitaterá uma área <strong>de</strong> 1250 metros quadrados e uma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para 600 fiéis.Bahá’ísA crença Bahá’ís foi introduzi<strong>da</strong> em Macau, em 1953. A Secção Local <strong>de</strong> Macau, organismopara os assuntos dos Bahá’ís em Macau, foi estabeleci<strong>da</strong> em Abril <strong>de</strong> 1958.Até ao fim <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80, o número dos crentes Bahá’ís em Macau aumentou <strong>de</strong>algumas centenas para mais <strong>de</strong> 2500. Nessa altura já havia duas secções, cujas se<strong>de</strong>s estavaminstala<strong>da</strong>s na península <strong>de</strong> Macau e na ilha <strong>da</strong> Taipa, tendo, também, sido criado em 1988 oórgão administrativo para os assuntos religiosos <strong>da</strong> zona <strong>de</strong> Coloane. Em Abril <strong>de</strong> 1989, foifinalmente criado o órgão administrativo dos assuntos religiosos <strong>de</strong> todo o território <strong>de</strong> Macau – aAssociação <strong>da</strong> Assembleia Espiritual dos Bahá’ís <strong>de</strong> Macau e foi adquiri<strong>da</strong> a sua se<strong>de</strong> permanente.Actualmente, a Associação conta com duas secções locais e cerca <strong>de</strong> 2500 crentes.A organização dos Bahá’ís <strong>de</strong>dica-se principalmente à educação, tendo aberto umestabelecimento <strong>de</strong> ensino com um jardim infantil, uma escola primária e uma escola secundáriaem 1988, actualmente frequentado por 250 alunos. Além disso, organiza periodicamente cursos<strong>de</strong> educação moral e aperfeiçoamento próprio, exposições e conferências, tendo por objectivoeducar sobre a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> boa ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e felici<strong>da</strong><strong>de</strong> familiar.595


Macau 2010 - Livro do AnoFestivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s TradicionaisMacau continua a <strong>de</strong>senvolver-se como espaço <strong>de</strong> coexistência e intercâmbio <strong>de</strong> culturase tradições. Nos últimos quatro séculos, Chineses, Portugueses, Macaenses e as outrascomuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, com hábitos e costumes próprios, não pararam <strong>de</strong> se influenciar e assimilarmutuamente. As festivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e hábitos tradicionais <strong>de</strong> uns são aceites e respeitados pelosoutros. Existem em Macau vários feriados orientais e oci<strong>de</strong>ntais, alguns feriados públicos <strong>de</strong>Macau foram <strong>de</strong>finidos conforme as festas populares chinesas ou tradições oci<strong>de</strong>ntais, como oAno Novo Lunar, o Cheng Ming (Dia <strong>de</strong> Finados), a Páscoa, o Dia do Bu<strong>da</strong>, o Chong Chao (BoloLunar), a Imacula<strong>da</strong> Conceição, o Solstício <strong>de</strong> Inverno, e o Natal, entre outros.O Ano Novo Lunar é a festa mais importante do povo chinês. Em qualquer parte do mundoon<strong>de</strong> haja chineses há celebrações entusiásticas por ocasião <strong>de</strong>sta festa, e Macau não é excepção.Nos primeiros dias <strong>de</strong> festa, os resi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Macau ficam geralmente em casa, ou vão aostemplos, fazem oferen<strong>da</strong>s, queimam incenso, petardos, panchões e fogos <strong>de</strong> artifício, vão visitarparentes e amigos, ou vão divertir-se. Nos termos <strong>da</strong> lei, os trabalhadores <strong>da</strong> AdministraçãoPública, que estão proibidos <strong>de</strong> entrar nas casas <strong>de</strong> jogo durante todo o ano, po<strong>de</strong>m ir jogare tentar a sua sorte, durante os primeiros três dias, ou seja, do primeiro até ao terceiro dia<strong>da</strong> festa. Neste período, tanto as aveni<strong>da</strong>s e ruas, como os largos e praças, estão <strong>de</strong>corados eouve-se <strong>de</strong> vez em quando o explodir <strong>de</strong> panchões e matraquear <strong>de</strong> enfia<strong>da</strong>s <strong>de</strong> bombinhas.Nos últimos anos, mais e mais famílias <strong>de</strong> Macau preferem passar as férias do Ano Novo Lunarno exterior.O Cheng Ming (Dia <strong>de</strong> Finados) e o Chong Yeong (Culto dos Antepassados) são dias paralimpar as sepulturas prestando homenagem aos antepassados, sendo a conduta correctapara respeitar e recor<strong>da</strong>r o passado, promover íntimas relações com familiares e cumprir os<strong>de</strong>veres filiais. O Chong Yeong é ain<strong>da</strong> caracterizado pelo costume <strong>de</strong> fazer excursões às zonasmontanhosas, subir ao alto admirando a paisagem e lançar papagaios. O Dia <strong>de</strong> Finados cristão,celebrado também para prestar culto aos antepassados, e celebrado a 2 <strong>de</strong> Novembro, é feriadopúblico em Macau.O Dia do Bu<strong>da</strong> é uma festivi<strong>da</strong><strong>de</strong> especial e com características muito próprias <strong>de</strong> Macau.Segundo uma len<strong>da</strong> budista, o oitavo dia do quarto mês do calendário lunar é o dia <strong>de</strong> anos dofun<strong>da</strong>dor budista Sakyamuni, razão por que este dia é <strong>de</strong>finido “Dia do Bu<strong>da</strong>”. Todos os anos,durante o Dia do Bu<strong>da</strong>, as organizações budistas <strong>de</strong> Macau organizam diversas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s,nomea<strong>da</strong>mente encontros para recitar salmos ou cerimónias para banhar o Bu<strong>da</strong>, a fim <strong>de</strong>comemorar o seu nascimento.Para celebrar esta festa, as lojas <strong>de</strong> peixe fresco <strong>de</strong> Macau, e outras organizações nãoreligiosas, organizam gran<strong>de</strong>s comemorações - a <strong>da</strong>nça do dragão embriagado e a oferta <strong>de</strong>arroz <strong>de</strong> barco dragão são cerimónias tradicionais.A <strong>da</strong>nça do dragão embriagado, um costume antigo popular originário <strong>de</strong> Zhongshan naprovíncia <strong>de</strong> Guangdong, é agora uma activi<strong>da</strong><strong>de</strong> que representa a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> indústriapiscatória, com a intenção <strong>de</strong> beneficiar a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Hoje em dia, o dragão embriagado sótem a cabeça e o rabo. Os apresentadores agitam o dragão ao mesmo tempo que bebem vinho,ficando um pouco embriagados. Conseguem, assim, representar com abnegação, mostrandoactos parecidos aos dos bêbados embora <strong>de</strong> espírito lúcido. No Dia do Bu<strong>da</strong>, os presentes àsactivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> celebração po<strong>de</strong>m receber gratuitamente uma ração <strong>de</strong> “refeição <strong>de</strong> barco-dragão”.596


Religiões e HábitosNo Tung Ng (Festa dos Barcos-Dragão), que cai no quinto dia do quinto mês do ano <strong>de</strong>calendário lunar, tradicionalmente come-se chong (uma espécie <strong>de</strong> bolo <strong>de</strong> arroz envolto emfolhas <strong>de</strong> bambu) e realizam-se regatas <strong>de</strong> barcos-dragão. Hoje um evento internacional que<strong>de</strong>sperta gran<strong>de</strong> atracção, as regatas <strong>de</strong> barcos-dragão possui, em Macau, características muitopróprias, havendo mesmo algumas equipas oci<strong>de</strong>ntais entre as concorrentes.Comer bolos lunares contemplando a Lua Cheia no Chong Chao (Festa do Bolo Lunar) é umantigo chinês. Nas vésperas do Chong Chao, em Macau, sente-se a atmosfera festiva, sobretudonas lojas que ven<strong>de</strong>m bolos lunares, quase sempre cheias <strong>de</strong> fregueses. Regra geral, na noite<strong>da</strong> festa, to<strong>da</strong>s as famílias se reúnem fora <strong>de</strong> casa, comendo bolos lunares e contemplando aLua Cheia.É <strong>de</strong> referir que Macau é a única ci<strong>da</strong><strong>de</strong> asiática on<strong>de</strong> o Dia <strong>da</strong> Imacula<strong>da</strong> Conceição éferiado público. O culto à Imacula<strong>da</strong> Conceição <strong>de</strong> Maria é muito antigo entre os cristãos, sendoa <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> Dezembro referi<strong>da</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o séc. VIII no Oriente e no séc. XI na Europa. Em1439, o Concílio <strong>de</strong> Basileia consi<strong>de</strong>ra o mistério como uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> fé, e em 1854, o PapaPio IX proclama-o como dogma.Em Macau, este culto remonta a 1580, quando foi estabeleci<strong>da</strong> a primeira confraria <strong>da</strong>Imacula<strong>da</strong> Conceição no Convento dos Franciscanos. Em 1647, já a Imacula<strong>da</strong> Conceição eraum dos padroeiros <strong>de</strong> Macau.Esta antiga tradição está bem viva ain<strong>da</strong> hoje, e é bem significativo o facto <strong>de</strong> Macau ser aúnica ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Ásia em que a <strong>da</strong>ta é assinala<strong>da</strong> com um feriado público. No dia 8 <strong>de</strong> Dezembro,os católicos <strong>de</strong> Macau, em diversas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s litúrgicas, pe<strong>de</strong>m perdão pelos seus pecados ea protecção <strong>da</strong> Mãe <strong>de</strong> Jesus, renovando, assim, a esperança.As festas do Natal celebram o nascimento <strong>de</strong> Cristo. Em Macau, a atmosfera festiva do Natalé muito intensa, com a sua característica europeia única, e sente-se como se estivesse na Europa.Durante este período, a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> está to<strong>da</strong> ilumina<strong>da</strong>, com diferentes luzes e <strong>de</strong>corações, ouvem--se cânticos alusivos ao Natal nas igrejas, sentindo-se por to<strong>da</strong> a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> o ambiente natalício.597


macau 2010 - Livro do Ano


Religiões Religi˜es e Hábitos9 <strong>de</strong> NovembroChefe do Executivo, Edmund Ho, assiste às celebrações do Festivaldo Bu<strong>da</strong> <strong>de</strong> Quatro Faces599


Religiões e Hábitos3 <strong>de</strong> NovembroCerimónia <strong>de</strong> acção <strong>de</strong> graças e bênção budista, organiza<strong>da</strong> pelasassociações budistas <strong>da</strong> China e <strong>de</strong> Macau, no âmbito do 60.ºAniversário <strong>da</strong> Implantação <strong>da</strong> RPC e 10.º Aniversário <strong>da</strong> RAEM,com a presença do Chefe do Executivo, Edmund HoLuzes flutuantes <strong>da</strong> Festa do Bolo Lunar600

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