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Solicitação de parecer sobre repassagem de Sonda de ...

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PROCESSO CONSULTA 00009/2011INTERESSADO: Dr. Marcelo Luiz Feitosa Ferrari CRM/RO 1.366ASSUNTO: Solicitação <strong>de</strong> <strong>parecer</strong> <strong>sobre</strong> <strong>repassagem</strong> <strong>de</strong> <strong>Sonda</strong> <strong>de</strong>Gastrostomia.Relatora: Cons. Inês Motta <strong>de</strong> MoraisSenhor Corregedor,Em resposta a Portaria n. 228/2011, no qual sou nomeado para análisee emissão <strong>de</strong> <strong>parecer</strong>, passo abaixo meu relatório para apreciação na plenária.Quesitos:1. A <strong>repassagem</strong> <strong>de</strong> uma <strong>Sonda</strong> <strong>de</strong> Gastrostomia (Folley), é atoexclusivamente médico?2. Em sendo ato exclusivamente Médico, é necessário que seja feitoexclusivamente pelo Cirurgião Pediátrico ou po<strong>de</strong>rá ser realizado porqualquer outro médico inclusive Pediatra que se encontra <strong>de</strong> plantãopermanente no Hospital Infantil Cosme e Damião?A Gastrostomia consiste na criação <strong>de</strong> uma comunicação do estômagocom o meio externo criado artificialmente por uma cirurgia, proporcionandoacesso direto ao mesmo. A primeira gastrostomia bem sucedida foi realizadapor Verneuil, em 1876. Des<strong>de</strong> então e até o começo dos anos oitenta, emboradiversas alternativas técnicas tenham sido <strong>de</strong>senvolvidas e padronizadas, aúnica opção viável para o cirurgião era realizar a gastrostomia, através <strong>de</strong> umalaparotomia. A partir <strong>de</strong> 1980 foram introduzidas às técnicas percutâneasorientadas por endoscopia ou fluoroscopia. Com o aumento da experiência eaprimoramento dos recursos materiais, essas técnicas tornaram-se maisseguras, reduzindo o tempo <strong>de</strong> execução e os índices <strong>de</strong> complicações das


gastrostomias. Os bons resultados obtidos, tanto com pacientes neonatos,pediátricos, adultos jovens e idosos, influenciaram na popularização <strong>de</strong>ssastécnicas, <strong>sobre</strong>tudo das gastrostomia endoscópica percutânea (GEP), as quaisvêm substituindo paulatinamente as gastrostomias operatórias.Indicações:1) Como via <strong>de</strong> administração <strong>de</strong> alimentos: utilizada em pacientes queper<strong>de</strong>ram <strong>de</strong> forma temporária ou <strong>de</strong>finitiva a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutir osalimentos, ocorridos por lesões do SNC, transtornos da boca, faringe, esôfagoe da região proximal do estômago, <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> malformações, distúrbiosmotores, estreitamentos, estenoses cáusticas, tumores, traumatismos ouprocedimentos cirúrgicos.2) Descompressão gástrica: Essa é uma indicação empírica, com base emargumentos às vezes pouco consistentes. Está principalmente indicada paratratamento <strong>de</strong> atonia gástrica prolongada geralmente associada aprocedimentos cirúrgicos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte (pancreatectomias, <strong>de</strong>sbridamentos<strong>de</strong> pancreatites necróticas graves infectadas, correção <strong>de</strong> fístulas duo<strong>de</strong>nais enos traumas pancreáticos e duo<strong>de</strong>nais graves).3) Método auxiliar <strong>de</strong> dilatação esofágica: A técnica consiste em o pacienteingerir, antes da manobra dilatadora, um fio <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> aproximadamente 1m<strong>de</strong> comprimento. Esse fio é exteriorizado por uma gastrostomia e após sersubstituído por outro mais resistente, serve como guia para dilatação esofágica.Contraindicações:• Ascite importante,• Coagulopatia,• Doença da pare<strong>de</strong> gástrica,• Cicatrização <strong>de</strong>ficiente,• Peritonite,• Carcinomatose peritoneal,• Varizes gástricas,• Refluxo gastresofágico grave.


Cuidados Pré-operatórios:É importante, antes da realização da gastrostomia, que o paciente esteja sobum jejum <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 8 a 12 horas para reduzir os riscos <strong>de</strong> aspiração e dascomplicações consequentes ao extravasamento do conteúdo gástrico nacavida<strong>de</strong> peritoneal. Em alguns pacientes po<strong>de</strong>m ser necessárias à aspiração ea lavagem gástrica pré-operatória. A profilaxia antibiótica com dose única <strong>de</strong>cafazolina, não diminui a incidência <strong>de</strong> infecção peri-estomacal, por isso anecessida<strong>de</strong> da realização <strong>de</strong> uma antibioticoterapia pré-operatória maisprolongada.Tipos <strong>de</strong> gastrostomia:1. Operatória - é aquela realizada no centro cirúrgico, com aceso acavida<strong>de</strong> abdominal por via laparoscópica ou laparotômica e sob anestesiageral. Po<strong>de</strong> ser temporárias e permanentes. As temporárias - apresentamrevestimento interno do trajeto da gastrostomia composto por serosa, fechamrápida e espontaneamente, havendo necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> permanecer o cateterconstantemente no local. As técnicas utilizadas são <strong>de</strong> Stamm (que é a maisutilizada, simples rápida e fácil. O procedimento é realizado com o paciente em<strong>de</strong>cúbito dorsal, através <strong>de</strong> pequena incisão mediana supra umbilical. Temfechamento espontâneo dois a três dias após a retirada do cateter. De modogeral não causa gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s no estômago, mantendo, portanto,preservados os contornos anatômicos e o volume gástrico, não interferindo nasoperações gástricas ou abdominais subsequentes); e a Witzel, é umamodificação da anterior, tem a mesma via <strong>de</strong> acesso à cavida<strong>de</strong> abdominal, enão trouxe vantagem satisfatória, ao contrário, sendo referido até maiorpropensão ao extravasamento em torno do cateter. Além disso, apresenta otempo operatório mais longo e maior <strong>de</strong>formação gástrica.As permanentes - apresentam gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>svantagens, são mais <strong>de</strong>licadas etrabalhosa, não fecham espontaneamente, necessitando, <strong>de</strong> uma nova cirurgiapara seu fechamento. Causam maior <strong>de</strong>formida<strong>de</strong> gástrica, redução do volume


e maiores riscos <strong>de</strong> complicações pós-operatórias. São menos indicadas. EmPorto Velho, a cirurgia infantil realiza a gastrostomia pela técnica operatória.Complicações:Estão relacionadas à laparotomia e a utilização <strong>de</strong> anestesia geral,principalmente em indivíduos <strong>de</strong>snutridos. As complicações são:1. Dor local,2. Infecção no local da saída do cateter,3. Infecção da ferida operatória,4. Hemorragia gástrica,5. Fístula gástrica (po<strong>de</strong>ndo provocar peritonite grave e fatal),6. Fístulas gastrocutâneas após retirar o cateter,7. Complicações anestésicas,8. Pneumonia <strong>de</strong> aspiração9. Saída do cateter (se for nos primeiros dois dias após a cirurgia, recolocaçãoatravés <strong>de</strong> nova cirurgia, para evitar o risco <strong>de</strong> extravasamento e peritonite),10. Complicações relacionadas ao cateter (entupimento, ruptura <strong>de</strong>le ou dobalão, função ina<strong>de</strong>quada, tração inapropriada com retirada involuntária),11. Celulite,12. Hematoma duo<strong>de</strong>nal,13. Fasciíte necrotizante,14. Perfuração Gástrica.2. Endoscópica Percutânea - <strong>de</strong>ve ser realizada preferencialmente nocentro cirúrgico, o cateter é colocado sob orientação endoscópica oufluoroscópica não necessita <strong>de</strong> laparotomia e são realizadas na maioria dasvezes sob anestesia local. Quando comparada com a gastrostomia operatóriaapresenta algumas vantagens: (1) rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> execução, (2) menor tempo <strong>de</strong>hospitalização, (3) menor custo, (4) evita a laparotomia e (5) dispensaanestesia geral na maioria dos pacientes.


Indicações:São as mesmas <strong>de</strong> qualquer técnica <strong>de</strong> gastrostomia, porém, ela se <strong>de</strong>stacapor ser o método <strong>de</strong> eleição para alimentação enteral prolongada.Contraindicações:São as comuns a qualquer técnica <strong>de</strong> gastrostomia. Porém, possui algumascontraindicações especificas absolutas como: impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar aendoscopia, incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar a aposição do estômago na pare<strong>de</strong>abdominal <strong>de</strong>vido à interposição <strong>de</strong> vísceras intra-abdominais (fígado, baço) erelativas: pacientes aidéticos e cancerosos, obstrução da faringe e esôfago,presença <strong>de</strong> fístula gástrica ou duo<strong>de</strong>nal, CA <strong>de</strong> estômago, hipertensão portalcom varizes <strong>de</strong> esôfago, refluxo gastresofágico severo e úlcera gastro-entérica.Complicações:a) Na gastrostomia endoscópica percutânea – as complicações estãorelacionadas ao procedimento endoscópico como pneumonia <strong>de</strong> aspiração,perfuração e laceração do esôfago;b) Na técnica percutânea as complicações estão relacionadas à infecçãono local da saída do cateter, hemorragia no local da gastrostomia, lesão dapare<strong>de</strong> posterior do estômago, peritonite, fístula cólica e gastrocólica e lesão <strong>de</strong>órgãos adjacentes.3. Radiológica Percutânea (GRP):Inicialmente, faz-se o cateterismo nasogástrico para dilatação gástrica comcerca <strong>de</strong> 500 a 1000 ml <strong>de</strong> ar. Po<strong>de</strong> ser necessário ultrassonografia paraexcluir a interposição <strong>de</strong> vísceras entre o estômago e a pare<strong>de</strong> abdominal.Com o paciente em <strong>de</strong>cúbito dorsal, proce<strong>de</strong>-se a assepsia e antissepsia dapare<strong>de</strong> abdominal e o local da punção é infiltrado com anestésico local. Apóspequena incisão no local da anestesia, introduz-se um trocarte através dapare<strong>de</strong> abdominal até o lume gástrico. Com o auxílio do trocarte o tubo <strong>de</strong>gastrostomia é introduzido e a sua posição correta é confirmada por instilação<strong>de</strong> meio <strong>de</strong> contraste no interior do estômago. A seguir o balão é insuflado e o


trocarte é retirado. Esse tipo <strong>de</strong> gastrostomia torna-se necessária à presençado aparelho <strong>de</strong> fluoroscopia na sala <strong>de</strong> operação.Na prática essa técnica <strong>de</strong> gastrostomia é pouco utilizada, sendo consi<strong>de</strong>radacomo alternativa para pacientes com obstrução do esôfago ou com outrascontraindicações <strong>de</strong> gastroscopia ou <strong>de</strong> Gastrostomia EndoscópicaPercutânea.4. Gastrostomia Laparoscópica:Segue os mesmos princípios da gastrostomia operatória sendo que o únicofator que mudou foi à via <strong>de</strong> acesso à cavida<strong>de</strong> abdominal. É a técnica <strong>de</strong>escolha para pacientes com contraindicações da Gastrostomia EndoscópicaPercutânea. A vantagem é a redução do tempo operatório, recuperação maisrápida, melhor resultado estético e menor incidência <strong>de</strong> complicaçõesconsequentes à incisão abdominal. Além disso, outra vantagem é o fato <strong>de</strong> empacientes com refluxo gastresofágico grave, o procedimento antirreflexo po<strong>de</strong>ser realizado concomitante à gastrostomia.Em Porto Velho, o tipo <strong>de</strong> gastrostomia utilizado é a operatória .Como se po<strong>de</strong> observar, a Resolução CFM nº 1.627/2001, <strong>de</strong>fine ATOMÉDICO como: “todo procedimento técnico-profissional praticado por médicolegalmente habilitado e dirigido para: a promoção da saú<strong>de</strong> e prevenção daocorrência <strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>s ou profilaxia (prevenção primária); a prevenção daevolução das enfermida<strong>de</strong>s ou execução <strong>de</strong> procedimentos diagnósticos outerapêuticos (prevenção secundária); a prevenção da invali<strong>de</strong>z ou reabilitaçãodos enfermos (prevenção terciária). O seu § 1º é extremamente claro ao <strong>de</strong>finirque as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> prevenção secundária, bem como as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>prevenção primária e terciária que envolvam procedimentos diagnósticos <strong>de</strong>enfermida<strong>de</strong>s ou impliquem em indicação terapêutica (prevenção secundária),são atos privativos do profissional médico. Portanto, Gastrostomia realizada porqualquer técnica é um procedimento exclusivo da ativida<strong>de</strong> médica, sendoconsi<strong>de</strong>rado é um ATO MÉDICO.


Resposta aos quesitos:1. A <strong>repassagem</strong> <strong>de</strong> uma <strong>Sonda</strong> <strong>de</strong> Gastrostomia (Folley), é atoexclusivamente médico?Resposta: Para haver <strong>repassagem</strong> <strong>de</strong> uma sonda <strong>de</strong> gastrostomia, énecessário a realização da Gastrostomia, que conforme explicação anterior éATO MÉDICO, portanto <strong>de</strong>ve ser realizado pelo profissional habilitado para tal.A saída do cateter (sonda) é uma das complicações. Se ocorrer nos primeirosdois dias após a cirurgia, a recolocação <strong>de</strong>verá ser através <strong>de</strong> nova cirurgia,para evitar o risco <strong>de</strong> extravasamento e peritonite, portanto o profissionalmédico é quem <strong>de</strong>ve executar.2. Em sendo ato exclusivamente Médico, é necessário que seja feitoexclusivamente pelo Cirurgião Pediátrico ou po<strong>de</strong>rá ser realizado por qualqueroutro médico inclusive Pediatra que se encontra <strong>de</strong> plantão permanente noHospital Infantil Cosme e Damião?Resposta: Po<strong>de</strong> ser realizado por qualquer profissional médico habilitado etreinado. Porém nos locais on<strong>de</strong> existem cirurgiões infantis <strong>de</strong> plantão, érecomendável que tal procedimento seja realizado por eles, até porque opediatra não possui treinamento para executar tal procedimento.Porto Velho/RO, 13 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011.Dra. Inês Motta <strong>de</strong> MoraisConselheira RelatoraAPROVADO EM SESSÃO PLENÁRIADO DIA 19/12/2011

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