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ecologi ae conservação das comuni dades de i ... - ICB - UFMG

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UNINERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAISINSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICASPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA, CONSERVAÇÃO E MANEJO DE VIDASILVESTREECOLOGI A E CONSERVAÇÃO DASCOMUNI DADES DE I NVERTEBRADOSCAVERNÍ COLAS NA MATA ATLÂNTI CABRASILEIRAMarconi Souza Silva2008


UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAISINSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICASCURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA, CONSERVAÇÃO E MANEJODE VIDA SILVESTREECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DASCOMUNIDADES DE INVERTEBRADOSCAVERNÍCOLAS NA MATA ATLÂNTICABRASILEIRATese apresentada ao Programa <strong>de</strong> Pós-graduação emEcologia, Conservação e Manejo <strong>de</strong> Vida Silvestre doInstituto <strong>de</strong> Ciências Biológicas da Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais como requisito parcial para aobtenção do título <strong>de</strong> doutor.Área <strong>de</strong> concentração: Ecologia <strong>de</strong> cavernas.Orientador: Prof. Dr. Rogério Parentoni MartinsCo-orientador: Prof. Dr. Rodrigo Lopes FerreiraMARCONI SOUZA SILVABelo Horizonte20081


DEDICATÓRIA2


AGRADECIMENTOSPrimeiramente gostaria <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer a DEUS, por ter me dado saú<strong>de</strong>, força eamigos para juntos percorrermos as cavernas na Mata Atlântica e outros biomasbrasileiros. Ao meu pai (Geraldo Antônio da Silva) em quem sempre me espelhei enunca esquecerei seus exemplos <strong>de</strong> força, serenida<strong>de</strong> e honestida<strong>de</strong>. Agra<strong>de</strong>cimentosultra-especiais ao irmão, amigo e orientador Rodrigo Lopes Ferreira (Drops), quesempre tem me ajudado e incentivado no estudo da fauna <strong>de</strong> cavernas e outras coisasmais.Sou muito grato a Rogério Parentoni Martins que já há muito tempo adotou aidéia <strong>de</strong> aceitar alunos para trabalhar com cavernas. A minha mãe (Alana), aos irmãos,cunha<strong>das</strong>, parentes e colegas que torceram pela realização <strong>de</strong>ste sonho. Em especial atodos os meus sobrinhos Fernandinho, Vitão, Julia, Tuco, Heitor, Carol, Isabela, Lais eGustavo. Aos amigos da equipe bioespeleológica (Leopoldo, Xavier, Vanessa, Felipe eErika). Aqueles que <strong>de</strong> alguma forma contribuíram para a finalização do trabalho (Paulodos Santos Pompeu, Maurício Zacarias, Augusto, Thiago, Rodolfo, Fernanda, FelipeDantas, Diego, Maysa, Marcos, Thais, Poldo e muitos outros). Em especial ao Leopoldoe Thais pela ajuda na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> ácaros e psocopteras. Agra<strong>de</strong>ço a todos osfuncionários do Parque Nacional <strong>de</strong> Ubajara, principalmente o Francisco Humberto,Daniel e os operadores do bondinho. Em Sergipe o Elias, Mário, Cris e <strong>de</strong>mais amigosdo Centro da Terra. Ao Augusto (algastes) que nos guiou pelo belo e hospitaleiro estadodo Espírito Santo. Aos Panssini, Mariangela e Henrique Altoé em Vargem Alta, ES.Didi Vieira em Afonso Cláudio, ES. Aos funcionários do Parque Estadual <strong>de</strong> Ibitipoca,Lima Duarte, MG, principalmente o João Carlos, Luis e o Elias. A Denise do IEF. AoAugusto Auler pela ajuda com mapas e coor<strong>de</strong>na<strong>das</strong> <strong>de</strong> algumas cavernas. A PrefeituraMunicipal <strong>de</strong> Sacramento, MG e Altinópolis, SP e a Votorantim Celulose & Papel emAltinópolis. Aos funcionários do PNM Nascentes do Paranapiacaba Em Santo André,SP. Aos amigos <strong>de</strong> Ilha Bela, SP. Aos Curbani em Venda Nova dos Imigrantes, ES. AoEGRIC <strong>de</strong> Rio Claro e a professora Carmen. Agra<strong>de</strong>cimentos ao GESMAR,principalmente ao Robson e Marcus. Sou grato a hospitalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> João Paulo em PauBrasil e Max do Carmo e Santa Luzia, BA. Agra<strong>de</strong>ço em Ataléia, MG ao Nilton, Vieira,Divino, Bob esponja e famílias, pela gran<strong>de</strong> ajuda na procura <strong>das</strong> cavernas.Agra<strong>de</strong>cimentos ao André Ruschi em Santa Teresa, ES. Agra<strong>de</strong>ço a hospitalida<strong>de</strong> dosPirozzi em Varre-Sai, RJ. Ao Adão <strong>das</strong> bananas em Lumiar, RJ. Ao senhor <strong>de</strong> Cambuci,3


RJ que nos forneceu a senha para a caverna (moita <strong>de</strong> bambu). A Gisele Sessegolo quenos indicou cavernas no Paraná. Aos moradores <strong>de</strong> Cinema em Vidal Ramos, que muitonos ensinou sobre a espeleologia local. Agra<strong>de</strong>cimentos aos amigos da ConservaçãoInternacional Ivana, Lúcio Bedê, Luis Paulo, Rogéria, Adriano Paglia, Jacqueline,Adriana Lerda e Jason Cole. Agra<strong>de</strong>cimentos a Marcia Hirota da S O S Mata Atlântica.Aos amigos do Laboratório <strong>de</strong> Zoologia da UFLA pela amigável recepção. Ao CEPFCritical Ecosystem Partnership Fund pelo apoio financeiro. Ao Flávio Túlio do IbamaCECAV <strong>de</strong> Lagoa Santa, MG. Ao Paulo Sérgio do IBAMA <strong>de</strong> Lavras, MG. Ao CNPq,Capes, ECMVS e USFish and Wildlife Service pela concessão <strong>de</strong> bolsa e suportelogístico fundamentais para a realização <strong>de</strong>sse estudo. E finalmente peço <strong>de</strong>sculpas seesqueci <strong>de</strong> alguém, mas sinta-se agra<strong>de</strong>cido.4


APOIO E PARCERIASUNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (<strong>UFMG</strong>) INSTITUTO DECIÊNCIAS BIOLÓGICAS (<strong>ICB</strong>), Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA CONSERVAÇÃO E MANEJO DE VIDASILVESTRE (ECMVS), Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS, DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA,SETOR DE ZOOLOGIA, Lavras, Minas Gerais Brasil.FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA (FUNDEP), BeloHorizonte, Minas Gerais, Brasil.ALIANÇA PARA CONSERVAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA (ConservaçãoInternacional Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. & SOS Mata Atlântica SãoPaulo, São Paulo, Brasil).CRITICAL ECOSYSTEM PARTNERSHIP FUND (CEPF), administrado porConservantion International Fundation Washington, Califórnia USA.CENTRO NACIONAL DE PROTEÇÃO, ESTUDO E MANEJO DE CAVERNAS(IBAMA/CECAV), Brasília, Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Brasil.CENTRO NACIONAL DE PROTEÇÃO, ESTUDO E MANEJO DE CAVERNAS(IBAMA/CECAV), Lavras, Minas Gerais, Brasil.SUPERINTENDÊNCIA DO IBAMA EM MURICI, AL, BrasilSUPERINTENDÊNCIA DO IBAMA, PARQUE NACIONAL DE UBAJARA,Ubajara, CE, BrasilGRUPO DE ESPELEOLOGIA CENTRO DA TERRA, Aracaju, SE, BrasilEMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA e EXTENSÃO RURAL (EMATER),Ataléia, MG, BrasilESTAÇÃO BIOLOGIA MARINHA RUSCHI, Santa Lúcia, ES BrasilGRUPO DE ESTUDOS AMBIENTAIS DA SERRA DO MAR (GESMAR), SantoAndré, SP, BrasilSOCIEDADE BRASILEIRA DE ESPELEOLOGIA, Campinas, SP, BrasilINSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS (IEF), Belo Horizonte, MGINSTITUTO DE DEFESA AGROPECUÁRIA E FLORESTAL (IDAF), Ecoporanga,ES.PARQUE ESTADUAL DE IBITIPOCA, LIMA DUARTE, MG5


SUMÁRIOAPRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................ 8ESTRUTURA DA TESE .............................................................................................................................. 9REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................................................... 11CARACTERÍSTICAS GERAIS DA MATA ATLÂNTICA BRASILEIRA ............................................................... 11DINÂMICA DE RELEVOS CÁRSTICOS, PSEUDOCÁRSTICOS E A GÊNESE DAS CAVERNAS ASSOCIADAS ....... 12CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS E TRÓFICAS DAS CAVERNAS .................................................................. 14CARACTERÍSTICAS EVOLUTIVAS E ECOLÓGICAS DA FAUNA DE CAVERNA ............................................... 15INVENTÁRIOS DA FAUNA DE INVERTEBRADOS EM CAVERNAS DA MATA ATLÂNTICA ............................. 17HIPÓTESE GERAL DO TRABALHO .................................................................................................... 20OBJETIVO GERAL DO TRABALHO ................................................................................................... 20ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................................................... 20CAPÍTULO I ............................................................................................................................................... 25ECOLOGIA DAS COMUNIDADES DE INVERTEBRADOS CAVERNÍCOLAS .......................... 25INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 28CARACTERÍSTICAS ECOLÓGICAS DOS AMBIENTES SUBTERRÂNEOS .......................................................... 28INVENTÁRIOS DA FAUNA DE INVERTEBRADOS EM CAVERNAS DA MATA ATLÂNTICA ............................. 29METODOLOGIA ....................................................................................................................................... 31ÁREA DE ESTUDO ...................................................................................................................................... 31PROCEDIMENTOS DE COLETA .................................................................................................................... 31DETERMINAÇÃO DE TROGLOMORFISMOS PARA OS INVERTEBRADOS ....................................................... 32ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................................................. 33RESULTADOS ............................................................................................................................................ 34COMPOSIÇÃO E RIQUEZA DE INVERTEBRADOS NAS CAVERNAS AMOSTRADAS. ........................................ 34DISTRIBUIÇÃO DOS TAXA DE INVERTEBRADOS ENTRE AS CAVERNAS ESTUDADAS .................................. 38ESPÉCIES TROGLOMÓRFICAS ..................................................................................................................... 39RIQUEZA, DIVERSIDADE, DOMINÂNCIA E SIMILARIDADE DA FAUNA DE INVERTEBRADOS ....................... 40RELAÇÕES DA ESTRUTURA DAS COMUNIDADES DE INVERTEBRADOS E O DESENVOLVIMENTO LINEAR,NÚMERO DE ENTRADAS, POSIÇÃO GEOGRÁFICA, ALTITUDE E ESTABILIDADE AMBIENTAL ....................... 42DISCUSSÃO ................................................................................................................................................ 44COMPOSIÇÃO, RIQUEZA E DISTRIBUIÇÃO DOS TAXA ................................................................................. 44DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES TROGLOMÓRFICAS ...................................................................................... 49ESTIMATIVAS DE RIQUEZA, DIVERSIDADE, DOMINÂNCIA E SIMILARIDADE .............................................. 55RELAÇÕES DA ESTRUTURA DAS COMUNIDADES DE INVERTEBRADOS E O DESENVOLVIMENTO LÍNEAR,NÚMERO DE ENTRADAS, POSIÇÃO GEOGRÁFICA, ALTITUDE E ESTABILIDADE AMBIENTAL ....................... 56REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................... 59CAPITULO II .............................................................................................................................................. 64A ROCHA-MATRIZ COMO DETERMINANTE NA ESTRUTURA DAS COMUNIDADES ....... 64INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 67ROCHAS BASE E A FORMAÇÃO DE CAVERNAS ........................................................................................... 67O CONHECIMENTO DA FAUNA CAVERNÍCOLA EM DISTINTAS LITOLOGIAS ................................................ 69METODOLOGIA ....................................................................................................................................... 72ÁREA DE ESTUDO ...................................................................................................................................... 72PROCEDIMENTOS ....................................................................................................................................... 74ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................................................. 74RESULTADOS ............................................................................................................................................ 75CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS CAVERNAS AMOSTRADAS ....................................................................... 756


COMUNIDADES DE INVERTEBRADOS E SUAS DIFERENÇAS LITOLÓGICAS .................................................. 76ESTRUTURA DAS COMUNIDADES DE INVERTEBRADOS E VARIÁVEIS AMBIENTAIS (DESENVOLVIMENTOLÍNEAR, POSIÇÃO GEOGRÁFICA, ALTITUDE E ESTABILIDADE AMBIENTAL) ............................................... 79ESTRUTURAS DAS COMUNIDADES DE INVERTEBRADOS E A VEGETAÇÃO NO ENTORNO ........................... 79ESTRUTURA DE COMUNIDADES DE INVERTEBRADOS E A PRESENÇA DE CORPOS HÍDRICOS ...................... 83DISCUSSÃO ................................................................................................................................................ 88ESTRUTURA DAS COMUNIDADES DE INVERTEBRADOS E SUAS DIFERENÇAS LITOLÓGICAS ...................... 88ESPÉCIES TROGLOMÓRFICAS ..................................................................................................................... 93ESTRUTURA DAS COMUNIDADES DE INVERTEBRADOS E VARIÁVEIS AMBIENTAIS .................................... 95REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 101CAPÍTULO III .......................................................................................................................................... 104CONSERVAÇÃO DE INVERTEBRADOS CAVERNÍCOLAS ........................................................ 104INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 107BIODIVERSIDADE EM AMBIENTES DE CAVERVAS E SUA FRAGILIDADE A IMPACTOS ............................... 107CONSERVAÇÃO DAS CAVERNAS NA MATA ATLÂNTICA BRASILEIRA ..................................................... 108METODOLOGIA ..................................................................................................................................... 111ÁREA DE ESTUDO .................................................................................................................................... 111PROCEDIMENTOS ..................................................................................................................................... 111OBTENÇÃO DOS DADOS DA LITERATURA SOBRE A FAUNA DE CAVERNAS DA MATA ATLÂNTICA ......... 111INVENTÁRIO BIOLÓGICO NAS CAVERNAS DA MATA ATLÂNTICA ........................................................... 111ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS DADOS DA LITERATURA E AQUELES OBTIDOS A PARTIR DOSINVENTÁRIOS DO PRESENTE TRABALHO .................................................................................................. 112DETERMINAÇÃO DAS RELEVÂNCIAS BIOLÓGICAS, GRAUS DE IMPACTOS E VULNERABILIDADE DASCAVERNAS ............................................................................................................................................... 113ANÁLISES DE REGRESSÃO LINEAR .......................................................................................................... 120DEFINIÇÃO DE AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO DAS CAVERNAS DA MATA ATLÂNTICA .. 120RESULTADOS .......................................................................................................................................... 121CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS CAVERNAS AMOSTRADAS ..................................................................... 121ANÁLISE COMPARATIVA DOS INVENTÁRIOS DA FAUNA DE INVERTEBRADOS EM CAVERNAS DA MATAATLÂNTICA ............................................................................................................................................. 122ALTERAÇÕES ANTRÓPICAS NAS CAVERNAS DA MATA ATLÂNTICA ....................................................... 125RIQUEZA TOTAL DAS ESPÉCIES TROGLOMÓRFICAS NAS CAVERNAS DA MATA ATLÂNTICA. ................. 125RELEVÂNCIAS BIOLÓGICAS, IMPACTOS E VULNERABILIDADE DAS CAVERNAS ...................................... 129DISCUSSÃO .............................................................................................................................................. 144INVENTÁRIOS DA FAUNA DE CAVERNAS NA MATA ATLÂNTICA ............................................................. 144ALTERAÇÕES ANTRÓPICAS NAS CAVERNAS DA MATA ALTÂNTICA ....................................................... 149A VULNERABILIDADE DAS CAVERNAS NA MATA ATLÂNTICA ................................................................ 156CONSERVAÇÃO DAS CAVERNAS NA MATA ATLÂNTICA BRASILEIRA ..................................................... 158REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................................................... 163CAPÍTULO IV .......................................................................................................................................... 167A AVENTURA DA VIDA NAS CAVERNAS ....................................................................................... 167APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................... 168REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAIS ................................................................................... 1987


APRESENTAÇÃOMuitas áreas em várias regiões do mundo que possuem cavernas têm sidoconsi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> como extremamente importantes para a conservação da biodiversida<strong>de</strong>. NoBrasil, há várias instituições trabalhando para que a biodiversida<strong>de</strong> em áreas cársticasbrasileiras receba a <strong>de</strong>vida atenção não apenas pelo número <strong>de</strong> espécies presentes, mastambém para incrementar ações que promovam sua conservação (UFLA, <strong>UFMG</strong>,UFSCAR, USP, CECAV/IBAMA).Muitos pesquisadores brasileiros vêm concentrando seus esforços em estudosvoltados à conservação da biodiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> invertebrados cavernícolas e seus habitatspotenciais. Mesmo com todo este esforço e o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> informações obti<strong>das</strong> atéo momento, o conhecimento sobre a biodiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> invertebrados cavernícolas éainda incipiente, pois há numerosas áreas pouco estu<strong>das</strong> e outras ainda que sequer foraminvestiga<strong>das</strong>. Devido às características físicas e biológicas complexas <strong>das</strong> áreascársticas, estas po<strong>de</strong>m apresentar um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> espécies, incluindo inúmerasendêmicas.Em parceria com o setor <strong>de</strong> Zoologia da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Lavras eapoiados pelo Critical Ecossystem Parthership Fund (CEPF), através da ConservaçãoInternacional (CI) objetivou-se neste estudo inventariar a riqueza, en<strong>de</strong>mismos edistribuição da fauna <strong>de</strong> invertebrados em cavernas inseri<strong>das</strong> em domínios da MataAtlântica Brasileira, prioritárias para ações <strong>de</strong> conservação em todo o mundo. Além doconhecimento sobre a fauna <strong>de</strong> invertebrados, o estudo possibilita uma contextualização<strong>das</strong> cavernas em relação ao seu status <strong>de</strong> conservação, a fim <strong>de</strong> embasar diretrizespara o manejo daquelas mais ameaça<strong>das</strong> <strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong> espécies restritas, à perdada cobertura vegetal do seu entorno, à freqüência <strong>de</strong> visitação, <strong>de</strong>ntre outras ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong>antrópicas. Os resultados foram também utilizados para a elaboração <strong>de</strong> uma cartilha8


informativa e educativa sobre a biologia e conservação <strong>de</strong> cavernas com enfoque naMata Atlântica, disponível para os visitantes reais e potenciais <strong>de</strong> cavernas brasileiras.ESTRUTURA DA TESEA estruturação da tese acompanhou o seguinte formato: Referencial teórico,hipótese geral, objetivo geral, área <strong>de</strong> estudo, capítulo I, capítulo II, capítulo III,capítulo IV, referencias bibliográficas gerais e anexos.No Referencial Teórico buscou-se caracterizar <strong>de</strong> forma geral a Mata AtlânticaBrasileira e o ambiente subterrâneo através da apresentação e <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> conceitosrelativos aos processos físicos e biológicos que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>terminar a diversida<strong>de</strong>biológica dos dois sistemas. No final do referencial teórico são apresenta<strong>das</strong> ashipóteses gerais do presente trabalho.Na área <strong>de</strong> estudo foram indicados os locais, na Mata Atlântica, on<strong>de</strong> osesforços <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> invertebrados foram intensificados neste estudo.O capítulo I explora os parâmetros ecológicos <strong>de</strong> estruturação <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong>,analisando a composição, riqueza, diversida<strong>de</strong>, dominância, en<strong>de</strong>mismos, distribuição esimilarida<strong>de</strong> da fauna <strong>de</strong> invertebrados em cavernas na Mata Atlântica Brasileira. Alémdisto, os valores <strong>de</strong> riqueza, abundância e diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> invertebrados cavernícolasforam relacionados com as variáveis físicas e topográficas <strong>das</strong> cavernas(<strong>de</strong>senvolvimento linear, número <strong>de</strong> entra<strong>das</strong>, variações geográficas, variações <strong>de</strong>altitu<strong>de</strong> e variações na estabilida<strong>de</strong> ambiental).O Capítulo II aborda a influência da rocha-matriz como possível <strong>de</strong>terminanteda estrutura <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados em cavernas da Mata Atlântica. Para tal,as cavernas amostra<strong>das</strong> foram agrupa<strong>das</strong> nas litologias: carbonáticas (que englobaaquelas inseri<strong>das</strong> em calcários, mármores, calcarenitos e conglomerados carbonáticos),magmáticas (inseri<strong>das</strong> em granitos e gnaisses), siliciclásticas (inseri<strong>das</strong> em quartzitos e9


arenitos) e ferruginosas (inseri<strong>das</strong> em contatos entre os minérios <strong>de</strong> ferro cangas,itabiritos e hematitas). Deste modo, foram <strong>de</strong>tecta<strong>das</strong> diferenças existentes naabundância, riqueza, diversida<strong>de</strong>, similarida<strong>de</strong> e en<strong>de</strong>mismos da fauna <strong>de</strong> invertebradoscavernícolas associados a cavernas <strong>de</strong> distintas litologias. Semelhante ao capitulo I,mas <strong>de</strong> forma mais específica, os valores <strong>de</strong> riqueza, abundância e diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>invertebrados cavernícolas também foram relacionados com as diferentescaracterísticas <strong>das</strong> cavernas associa<strong>das</strong> a distintas litologias (<strong>de</strong>senvolvimento linear,número <strong>de</strong> entra<strong>das</strong>, variações geográficas, variações <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, variações n<strong>ae</strong>stabilida<strong>de</strong> ambiental, presença e tipo <strong>de</strong> corpos <strong>de</strong> água e presença e tipo <strong>de</strong>vegetação no entorno).O capítulo III refere-se à conservação da fauna <strong>das</strong> cavernas presentes na MataAtlântica brasileira. Neste capítulo são apresentados e discutidos dados do atualstatus <strong>de</strong> conhecimento da fauna <strong>de</strong> invertebrados cavernícola na Mata Atlântica, asprincipais alterações antrópicas presentes nas cavernas e seu entorno e sugeri<strong>das</strong> áreas eações prioritárias para inventários e conservação da fauna <strong>de</strong> invertebrados <strong>de</strong> cavernasneste bioma. Além disto, foram utilizados parâmetros bióticos e abióticos (riqueza <strong>das</strong><strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> nas cavernas, distribuição <strong>das</strong> espécies endêmicas e as alteraçõesantrópicas presentes) para a elaboração e aplicação <strong>de</strong> uma metodologia <strong>de</strong> avaliaçãodo grau <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> da fauna <strong>das</strong> cavernas. Tal indicador po<strong>de</strong> ser útil navaloração e escolha <strong>de</strong> cavernas e áreas cársticas e pseudocársticas prioritárias paraações <strong>de</strong> conservação e manejo da biodiversida<strong>de</strong> em cavernas.No capítulo IV foram utilizados os dados biológicos e <strong>de</strong> impactos apresentadosnos capítulos I, II e III para a confecção <strong>de</strong> uma cartilha ilustrada. A cartilha serve <strong>de</strong>base didática na informação sobre características gerais <strong>de</strong> ambientes <strong>de</strong> cavernas,conscientização da importância da conservação <strong>de</strong> ambientes <strong>de</strong> cavernas e seus10


arredores. A cartilha foi elaborada visando o público infantil, mas certamente po<strong>de</strong> serutilizada para públicos <strong>de</strong> i<strong>da<strong>de</strong>s</strong> e níveis <strong>de</strong> formação distintos, po<strong>de</strong>ndo ser usada porescolas, turistas e guias <strong>de</strong> visitas a cavernas.Ressalta-se que os três primeiros capítulos estão estruturados em formato <strong>de</strong>artigos científicos. Desta forma, algumas informações apresenta<strong>das</strong> no referencialteórico ou na área <strong>de</strong> estudos foram repeti<strong>das</strong> em cada capítulo quando necessário.REFERENCIAL TEÓRICOCaracterísticas gerais da Mata Atlântica brasileiraA Mata Atlântica brasileira é formada por um extenso bloco vegetacionalcosteiro e interiorano, consi<strong>de</strong>rado prioritário para a conservação da biodiversida<strong>de</strong>mundial. Des<strong>de</strong> a sua <strong>de</strong>scoberta, a cobertura vegetal foi reduzida a cerca <strong>de</strong> 7 % da áreaoriginal, que perfazia uma extensão <strong>de</strong> aproximadamente 1.400.000 km 2, apenas noBrasil (Galindo & Câmara 2005). Seus domínios estão distribuídos por 17 estadosbrasileiros, nas regiões costeiras <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio Gran<strong>de</strong> do Norte até o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul eesten<strong>de</strong>ndo-se aos interiores <strong>de</strong> Goiás, Ceará, Piauí, Mato Grosso do Sul e MinasGerais. Este bioma apresenta uma série <strong>de</strong> fitofisionomias bastante diversifica<strong>das</strong>,<strong>de</strong>termina<strong>das</strong> por sua ampla distribuição latitudinal, longitudinal e altitudinal. Essascaracterísticas foram responsáveis pela evolução <strong>de</strong> um rico complexo biótico <strong>de</strong>natureza animal e florística nesta região (Galindo & Câmara 2005). A Mata Atlânticaacontece isolada dos dois gran<strong>de</strong>s blocos <strong>de</strong> florestas sul-americana (Amazônia eflorestas andinas). A Caatinga e o Cerrado separam-na da região Amazônica, e osChacos separam-na da região andina. A história evolutiva da Mata Atlântica é marcadapor períodos <strong>de</strong> contato com a biota <strong>de</strong> outras florestas sul-americanas, seguidos porperíodos <strong>de</strong> isolamento (Rizzini 1996). Desta forma, a biota da Mata Atlântica não écomposta somente por elementos antigos (3 milhões <strong>de</strong> anos), mas também por aqueles11


ecentes, 20 mil anos (Silva & Casteleti 2005). Segundo, Silva e Casteleti (2005), abiota endêmica <strong>de</strong> aves, borboletas e primatas da Mata Atlântica não se distribui <strong>de</strong>maneira homogênea, sendo que para fins <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong>vem-se levar emconsi<strong>de</strong>ração sub-regiões biogeográficas como os brejos nor<strong>de</strong>stinos, a Mata Atlânticacosteira ao norte do rio São Francisco em Pernambuco, as regiões do vale do rio SãoFrancisco em Minas Gerais e Bahia, as florestas <strong>de</strong> encosta na Chapada Diamantina(BA), as regiões costeiras do Espírito Santo até Sergipe, as florestas interiores nosestados <strong>de</strong> Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, aregião da Serra do Mar e a região <strong>das</strong> florestas <strong>de</strong> Araucárias.Muitos estudos têm dado atenção à diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida macroscópica existentesob e na superfície dos solos da Mata Atlântica, entretanto a diversida<strong>de</strong> doscompartimentos subterrâneos é ainda pouco conhecida (Trajano 2000, Galindo &Câmara 2005).Dinâmica <strong>de</strong> relevos cársticos, pseudocársticos e a gênese <strong>das</strong> cavernas associa<strong>das</strong>As cavernas são cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> naturais subterrâneas forma<strong>das</strong> freqüentemente peladissolução e/ou erosão hídrica em diversos tipos <strong>de</strong> relevos rochas (Gilbert et al 1994).Os relevos rochosos que apresentam suas formas e feições molda<strong>das</strong>predominantemente pela dissolução são <strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> relevos cársticos e aquelesrelevos rochosos com feições molda<strong>das</strong> predominantemente por processos erosivos são<strong>de</strong>nominados relevos pseudocársticos (Lino 2001).Relevos cársticos e pseudocársticos compõem uni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> funcionais <strong>de</strong> umemaranhado <strong>de</strong> aqüíferos subterrâneos e superficiais, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma bacia <strong>de</strong> drenagem,com entrada e saída <strong>de</strong> água fluvial ou pluvial. As diferenças em porosida<strong>de</strong> dosaqüíferos que o constituem são <strong>de</strong>termina<strong>das</strong> pela ação <strong>de</strong> fluxos <strong>de</strong> água e tipos <strong>de</strong>rochas locais. A interação <strong>de</strong>stes dois fatores produz componentes biologicamente12


ativos (micro, meso e macro-cavernas). As cavernas, portanto, são partes ousubuni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong>sta ampla unida<strong>de</strong> que apresenta vários canais <strong>de</strong> escoamento <strong>de</strong> água,mesmo que temporariamente (Gibert et al 1994). Nestes ambientes, uma matriz <strong>de</strong>espaços vazios controla a infiltração <strong>de</strong> água e os processos <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong>materiais aluviais, contribuindo para o transporte e estoque <strong>de</strong> recursos no interior <strong>das</strong>cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> subterrâneas (Gibert et al. 1994). O principal controle da gênese <strong>de</strong> cavernas<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta forma, do aspecto estrutural da rocha encaixante (íntegras ou fratura<strong>das</strong>)e da situação topográfica entre zonas <strong>de</strong> recarga e <strong>de</strong>scarga hidrológica.Cavernas são freqüentes em rochas sedimentares ou metamórficas comocalcários, dolomitos, quartzitos, arenitos e evaporitos, em conseqüência da elevadadissolução, principalmente <strong>das</strong> rochas carbonáticas, pela abrasão química da água(Gillieson 1996). Processos físico-químicos que ocorrem nestes sistemas cársticos<strong>de</strong>terminam a especificida<strong>de</strong> da dissolução <strong>das</strong> rochas pela ação da água (Gibert et al.1994). As variações temporais e espaciais, em uma organização cárstica hierárquica,<strong>de</strong>terminam o funcionamento geológico e biológico <strong>de</strong> ambientes subterrâneos (e.g.dissolução e pluviosida<strong>de</strong>). Assim, a maioria <strong>das</strong> cavernas no mundo localiza-se emrochas carbonáticas (calcários e dolomitos), as mais favoráveis aos processos <strong>de</strong>dissolução. No Brasil, entretanto, arenitos e quartzitos são também muito susceptíveis aformar cavernas, aparentemente <strong>de</strong>vido a fatores geomorfológicos e climáticos maiserosivos (Auler 2006). A ocorrência <strong>de</strong> cavernas em granito, gnaisse, micaxistos, filitose até mesmo solo também são registrados para o Brasil, entretanto em escala menor queos carbonatos, quartzitos e arenitos (Auler 2006). Recentemente, constatou-se, em áreas<strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro, a existência <strong>de</strong> um número expressivo <strong>de</strong> cavernas, fato queadicionou mais uma potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> cavernas ao já variado cenárioespeleológico Brasileiro (Auler 2006).13


No Brasil há aproximadamente 5000 cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> naturais (cavernas) ca<strong>das</strong>tra<strong>das</strong>,mas estima-se que o potencial brasileiro seja <strong>de</strong> aproximadamente 100 mil cavernas.(Auler 2006, SBE 2008, Re<strong>de</strong>speleo 2008, IBAMA/CECAV 2008). Para a MataAtlântica Brasileira existem pouco mais <strong>de</strong> 1000 cavernas ca<strong>das</strong>tra<strong>das</strong> (SBE 2008,Re<strong>de</strong>speleo 2008, IBAMA/CECAV 2008). Este número <strong>de</strong> cavernas ca<strong>das</strong>tra<strong>das</strong> refleteapenas o total <strong>de</strong> cavernas visita<strong>das</strong> por espeleólogos que se preocuparam em ca<strong>das</strong>traros dados. Entretanto, existe um número maior <strong>de</strong> cavernas conheci<strong>das</strong> e ainda nãoca<strong>das</strong>tras (Auler 2006). Além disto, o Brasil apresenta extensas regiões cársticas aindapouco explora<strong>das</strong> (Fig.1) (Auler et al 2001).Características ambientais e tróficas <strong>das</strong> cavernasConsi<strong>de</strong>rações ecológicas referentes às cavernas (sistemas hipógeos) são feitasem comparação com ambientes externos (epígeos). Cavernas são ambientes geralmenteoligotróficos com elevada umida<strong>de</strong>, temperatura constante e ausência permanenete <strong>de</strong>luz (Culver 1982, Ferreira 2004). A característica mais marcante dos ambientessubterrâneos é a ausência permanente <strong>de</strong> luz, sendo que muitas <strong>das</strong> característicasbióticas e abióticas <strong>de</strong>stes ambientes são influencia<strong>das</strong> pela constância <strong>de</strong>sta pressãoambiental. Exceções ocorrem nas regiões próximas às entra<strong>das</strong> <strong>das</strong> cavernas, on<strong>de</strong> taisaberturas possibilitam acesso <strong>de</strong> luz solar que po<strong>de</strong>m alterar os efeitos <strong>de</strong> tal pressão. Atotal ausência <strong>de</strong> luz em cavernas exclui a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> produtoresfotossintetizantes. A base da produção primária em algumas cavernas é oquimioautotrofismo, principalmente realizado por bactérias (Sarbu et al. 1996).Entretanto, gran<strong>de</strong> parte (ou a quase totalida<strong>de</strong>) da produção nos ecossistemascavernícolas é <strong>de</strong> origem secundária, baseada em ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritívoros.É comum a movimentação <strong>de</strong> nutrientes e <strong>de</strong>tritos do meio epígeo para ascavernas. Em alguns casos, 100% da matéria orgânica presente no interior <strong>das</strong> cavernas14


é importada (Howarth 1983). A matéria orgânica penetra nas cavernas carreada,contínua ou temporariamente, por agentes físicos e biológicos (Souza-Silva 2003,Simon et al 2007). A matéria orgânica é carreada por rios, enxurra<strong>das</strong> e outros cursosd água que percolam no teto ou pare<strong>de</strong>, através <strong>de</strong> aberturas ou fraturas queeventualmente existam nas cavernas (Gibert et al. 1994). A veiculação biológica é feitaprincipalmente por meio do crescimento <strong>de</strong> raízes, animais que transitam nas cavernas(e. g. morcegos) ou mesmo pelos animais que lá entram casualmente (aci<strong>de</strong>ntais).Raízes vegetais são importantes recursos alimentares para os organismos que vivem emtubos <strong>de</strong> lava vulcânica, em cavernas calcárias superficiais no Hawaii e em algumascavernas na Austrália, Brasil e nas ilhas Canárias (Howarth 1983, Jasinska et al. 1996,Arechavaleta et al. 1999, Souza Silva 2003, Ferreira 2005, Howarth et al 2007). Fezes<strong>de</strong> morcegos e <strong>de</strong> animais terrestres e carcaças <strong>de</strong> animais são importantes fontes <strong>de</strong>recursos alimentares para numerosas espécies <strong>de</strong> microorganismos e artrópo<strong>de</strong>s,principalmente em cavernas permanentemente secas (Ferreira & Martins 1998; Ferreira& Martins 1999, Bahia 2008). Estes recursos alimentares alóctones mantêm populações<strong>de</strong> organismos em todos os níveis tróficos presentes nas cavernas (Ferreira & Martins1999).Categorias ecológio-evolutivas da fauna <strong>de</strong> cavernasOs organismos cavernícolas po<strong>de</strong>m ser classificados nas categorias ecológicoevolutivas<strong>de</strong> troglóxenos, troglófilos e troglóbios, segundo Holsinger & Culver (1988),modificado do sistema Schiner-Racovitza (Racovitza 1907, Schiner 1954, apudCamacho 1992).Os troglóxenos são os regularmente encontrados no ambiente subterrâneo, masnecessitam do meio externo para completar seu ciclo <strong>de</strong> vida (em geral <strong>de</strong>ixam ascavernas em busca <strong>de</strong> alimentos). Muitos <strong>de</strong>stes organismos (e.g. morcegos) são15


esponsáveis pela importação <strong>de</strong> recursos alimentares provenientes do meio epígeo,sendo muitas vezes os principais responsáveis pelo fluxo energético em cavernas,especialmente naquelas permanentemente secas. Os troglófilos são os organismos quecompletam seus ciclos <strong>de</strong> vida no meio hipógeo e/ou epígeo. Nesta categoria encontrasea maior parte <strong>das</strong> espécies <strong>de</strong> invertebrados presentes em cavernas tropicais. Ostroglóbios restringem-se ao ambiente cavernícola e po<strong>de</strong>m apresentar diversos tipos <strong>de</strong>especializações morfológicas, fisiológicas e no comportamento que provavelmenteevoluíram em resposta às pressões seletivas presentes em cavernas e\ou à ausência <strong>de</strong>pressões seletivas típicas do meio epígeo. Freqüentemente nestes organismos há aredução <strong>das</strong> estruturas oculares, <strong>de</strong>spigmentação e o alongamento <strong>de</strong> apêndicessensoriais (Romero & Green 2005).As <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados terrestres cavernícolas, por sua vez, po<strong>de</strong>m serclassifica<strong>das</strong> em para-epígeas , recurso-espaço-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes ou recurso-espaçoin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes(Ferreira & Martins 2001).Comuni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> para-epígeas são compostas por um conjunto <strong>de</strong> espécies que sedistribuem preferencialmente em regiões próximas às entra<strong>das</strong> <strong>das</strong> cavernas. Nestas, écomum a ocorrência <strong>de</strong> espécies epígeas e hipógeas, bem como <strong>de</strong> certas espéciesexclusivamente encontra<strong>das</strong> nestas regiões.As <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> recurso-espaço-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes são aquelas constituí<strong>das</strong> porespécies <strong>de</strong> invertebrados que geralmente ocorrem associa<strong>das</strong> aos locais on<strong>de</strong> seencontra o recurso alimentar. Geralmente são predadores e <strong>de</strong>tritívoros <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>limitada, incapazes <strong>de</strong> percorrer periodicamente gran<strong>de</strong>s extensões em busca <strong>de</strong>alimento. Tais espécies, em geral, só abandonam o recurso quando este se torna inviávelao consumo (e.g. <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> associa<strong>das</strong> ao guano <strong>de</strong> morcegos).16


Comuni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> recurso-espaço-in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes são constituí<strong>das</strong> <strong>de</strong> espéciesgeralmente predadoras e <strong>de</strong>tritívoras <strong>de</strong> alta mobilida<strong>de</strong>, capazes <strong>de</strong> se <strong>de</strong>slocarfreqüentemente à procura <strong>de</strong> alimento. Tais organismos não se limitam à área on<strong>de</strong> seencontra o recurso alimentar, po<strong>de</strong>ndo ocorrer distribuídos em gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong>uma caverna se outros fatores ambientais não limitarem sua distribuição.Inventários da fauna <strong>de</strong> invertebrados em cavernas da Mata AtlânticaA fauna cavernícola brasileira começou a ser relativamente bem estudada apartir da década <strong>de</strong> 80 (Dessen et al. 1980; Chaimowicz 1984; Chaimowicz 1986;Godoy 1986, Trajano & Moreira 1991). Poucas cavernas, entretanto, foram estuda<strong>das</strong><strong>de</strong> forma a avaliar a estrutura <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> forma mais ampla (Trajano 1987;Ferreira & Pompeu 1997; Bichuette & Santos 1988; Ferreira & Martins, 1998, 1999a,b). Gran<strong>de</strong> parte do conhecimento da fauna cavernícola brasileira vem <strong>de</strong> estudos emcavernas calcárias (Trajano & Moreira 1991, Trajano 2000, Ferreira & Horta 2001,Ferreira 2004).Os primeiros estudos relativos à biologia <strong>de</strong> cavernas na Mata Atlântica foramfeitos em 1907 em Iporanga (SP), com a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> uma espécie troglóbia <strong>de</strong> bagrecego, Pimelo<strong>de</strong>lla kronei (Ribeiro 1907). Entretanto, as <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong> novas espécies dafauna <strong>de</strong> invertebrados cavernícolas neste bioma só tiveram início em meados <strong>de</strong> 1930(Costa-Lima & Costa-Leite 1953). Até o final <strong>de</strong> 1970 os estudos ainda eram <strong>de</strong> cunhotaxonômico e restrito a poucas cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> no Sul <strong>de</strong> São Paulo.Somente a partir da década <strong>de</strong> 80, que Eliana Dessen e seus colaboradorespublicaram levantamentos mais abrangentes da fauna <strong>de</strong> invertebrados cavernícolas,algumas <strong>de</strong>las na Mata Atlântica Brasileira (Dessen et al 1980). Entretanto, estudossubseqüentes <strong>de</strong> invertebrados cavernícolas na Mata Atlântica continuaram, mas quaseexclusivamente restritos ao Vale do Ribeira no extremo Sul <strong>de</strong> São Paulo e Nor<strong>de</strong>ste do17


Paraná (Trajano 1987, Gnaspini-Neto & Trajano 1994, Pinto-da-Rocha 1995). Estudosrecentes que avaliaram a fauna <strong>de</strong> invertebrados em cavernas da Mata Atlânticaocorreram no estado do Paraná, Sul do estado <strong>de</strong> São Paulo e na província calcária doRio Pardo (Bahia) (Trajano 2000, Trajano et al 2000, Sessegolo et al. 2001, ZeppeliniFilho et. al 2003, Pellegatti-Franco 2004, Ferreira 2005, Mews & Sperber. 2008).Atualmente, pouco mais <strong>de</strong> 190 cavernas tiveram algum tipo <strong>de</strong> informação biológicapublicada. Entretanto, as informações gera<strong>das</strong> na maioria dos estudos são <strong>de</strong> coletasesporádicas e não padroniza<strong>das</strong> que grosseiramente subestimam a riqueza <strong>de</strong> espécies<strong>de</strong> invertebrados cavernícolas. Assim percebe-se que na Mata Atlântica Brasileirapoucas cavernas foram amostra<strong>das</strong> a<strong>de</strong>quadamente ou intensivamente.Diversida<strong>de</strong> e conservação da fauna <strong>de</strong> cavernasMuitos locais com cavernas no mundo são conhecidos por apresentaremsignificativa diversida<strong>de</strong>, mesmo sendo esta ainda pouco conhecida. Paisagens cársticase pseudocársticas po<strong>de</strong>m exibir uma consi<strong>de</strong>rável diversida<strong>de</strong> baseada somente na faunasubterrânea. Alguns exemplos específicos incluem cavernas na América do Norte(EUA), América Central (Bermu<strong>das</strong>), Europa (Itália, França, Romênia, Eslovênia),Oceania (Austrália) e Ásia Tropical (Tailândia, Indonésia, Sumatra, Sulawesi) (Culver& Sket 2000, Deharveng & Bedos 2000). No Brasil alguns estudos têm revelado um<strong>ae</strong>levada diversida<strong>de</strong> e en<strong>de</strong>mismos da fauna subterrânea, entretanto os estudos maisabrangentes são para o grupo dos peixes troglóbios (Pinto-da-Rocha 1995, Ferreira 2004e 2005, Trajano 2001, Trajano & Bichuette 2006).O uso do patrimônio espeleológico brasileiro bem como as normas para suaproteção foi regulamentada pela Portaria do IBAMA N. 887 <strong>de</strong> 15/06/90 e o DecretoFe<strong>de</strong>ral N 0 . 99.556 <strong>de</strong> 01/10/90, e está sujeito ao controle e fiscalização pelo po<strong>de</strong>rpúblico. A resolução do CONAMA (Conselho Nacional <strong>de</strong> Meio Ambiente), N 0 005 <strong>de</strong>18


06 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1987, inclui os troglóbios na relação dos animais em perigo <strong>de</strong> extinçãoe que, como tal, <strong>de</strong>vem ser preservados juntamente com seus hábitats. Desta forma, oCONAMA resolve que sejam estabeleci<strong>das</strong>, em regime <strong>de</strong> urgência, através <strong>das</strong>Câmaras Técnicas pertinentes os critérios, diretrizes e normas <strong>de</strong> uso que permitamindicar as áreas do Patrimônio Espeleológico Nacional merecedoras <strong>de</strong> uma intervençãoimediata especialmente aquelas cujo perigo <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição é iminente.Desta forma, quaisquer espécies troglóbias são automaticamente coloca<strong>das</strong> nostatus <strong>de</strong> ameaça<strong>das</strong>, <strong>de</strong>vido à distribuição restrita e elevado grau <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismo. Sendoassim, quaisquer cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> que possuam espécies troglóbias estão protegi<strong>das</strong> por lei,<strong>de</strong>vendo ser preservados seu habitat e adjacências (CONAMA 2008).A conservação <strong>de</strong> cavernas no Brasil apresenta uma ampla problemática notocante aos critérios e técnicas a serem usados para inventariar a fauna e monitorar suasalterações. Este fato é em parte dificultado por ser o ambiente <strong>de</strong> cavernasextremamente <strong>de</strong>sconhecido tanto no meio acadêmico quanto ao público em geral.Além disto, a distribuição temporal e espacial da diversida<strong>de</strong> subterrânea tem semostrado altamente heterogênea entre cavernas e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma mesma caverna (Culver& Sket 2000, Culver & Sket 2002, Prous et al 2004, Ferreira 2005).O planejamento <strong>de</strong> ações conservacionistas sugere, como um dos passosprimordiais para a implementação <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> conservação, a compilação dadiversida<strong>de</strong>, enten<strong>de</strong>ndo seus padrões <strong>de</strong> distribuição, abundância <strong>das</strong> espécies eameaças, no intuito <strong>de</strong> elencar áreas biológicas representativas e temporalmentepersistentes (Margules & Pressey 2000). Desta forma, o mapeamento da biodiversi<strong>da<strong>de</strong>s</strong>ubterrânea tem sido uma ferramenta primordial para a conservação, manejo emonitoramento da fauna em regiões naturais ou altera<strong>das</strong> pelo homem (Trajano 2000,19


Culver & Sket 2000, Sessegolo et al. 2001, Culver & Sket 2002, Elliott 2005, Ferreira2005).O uso <strong>de</strong> metodologias que integrem aspectos do ambiente físico e seu entorno,com a diversida<strong>de</strong>, rarida<strong>de</strong> e riqueza <strong>de</strong> espécies, po<strong>de</strong>m promover uma importantebase para iniciar ações <strong>de</strong> conservação e manejo do ambiente <strong>de</strong> cavernas. O estudo dabiota cavernícola na Mata Atlântica, ainda incipiente, é crucial para a manutenção dadiversida<strong>de</strong> subterrânea <strong>de</strong>ste bioma.HIPÓTESE GERAL DO TRABALHOA Mata Atlântica ocupa gran<strong>de</strong>s extensões no território brasileiro e agrupa umgran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> cavernas disjuntas e <strong>de</strong> litologias varia<strong>das</strong>. Tais condições impõemdiferenças na estrutura <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados, po<strong>de</strong>ndo ter influenciado <strong>ae</strong>volução <strong>das</strong> espécies subterrânea e contribuído para o surgimento <strong>de</strong> inúmeras espéciesendêmicas.OBJETIVO GERAL DO TRABALHOO objetivo principal <strong>de</strong>ste estudo foi o <strong>de</strong> apresentar uma caracterização dafauna <strong>de</strong> invertebrados em algumas cavernas da Mata Atlântica Brasileira, bem como osprincipais impactos prevalentes nas cavernas, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> levantar áreasgeográficas que sejam prioritárias para ações <strong>de</strong> conservação e investimentos empesquisas.ÁREA DE ESTUDOPara realização <strong>de</strong>ste estudo foram amostra<strong>das</strong> 103 cavernas distribuí<strong>das</strong> em 44municípios, em diferentes litologias, inseri<strong>das</strong> nos domínios da Mata Atlânticabrasileira, principalmente em regiões biogeográficas costeiras como corredores <strong>de</strong>biodiversida<strong>de</strong> da Serra do Mar, corredor Central e corredor Nor<strong>de</strong>ste (Figs. 2 e 3).Corredores <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>m mosaicos <strong>de</strong> áreas preserva<strong>das</strong> e áreas <strong>de</strong>20


uso menos intensivo, gerencia<strong>das</strong> <strong>de</strong> maneira integrada para garantir a sobrevivência domaior número possível <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termina região (Galindo & Câmara 2005).No corredor Nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> foram avalia<strong>das</strong> cavernas nos estados <strong>de</strong>Alagoas e Norte <strong>de</strong> Sergipe. No Corredor Central, a área <strong>de</strong> estudo abrange o ExtremoSul da Bahia, gran<strong>de</strong> parte do estado do Espírito Santo e pequenas áreas no Leste e Sul<strong>de</strong> Minas Gerais. No corredor da Serra do Mar foram avalia<strong>das</strong> cavernas no estado doRio <strong>de</strong> Janeiro, Sul <strong>de</strong> Minas Gerais e Norte <strong>de</strong> São Paulo (Fig. 2). Além <strong>de</strong>stas áreasforam avalia<strong>das</strong> cavernas interioranas na Mata Atlântica, fora dos corredores <strong>de</strong>biodiversida<strong>de</strong>, como no Parque Nacional <strong>de</strong> Ubajara no estado do Ceará, nas áreas <strong>de</strong>campos ferruginosos próximas a Belo Horizonte, MG, nas áreas areníticas <strong>de</strong>Altinópolis, SP, em Almirante Tamandaré, PR, Vidal Ramos, SC e em Dom Pedro <strong>de</strong>Alcantara, RS. As cavernas encontravam-se inseri<strong>das</strong> em quatro tipos litológicosdistintos, a saber: rochas carbonáticas (24 cavernas), magmáticas (32 cavernas),siliciclásticas (25 cavernas) e ferruginosas (22 cavernas). Nas áreas com rochascarbonáticas, siliciclásticas e ferruginosas, as cavernas ocorreram em maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>.Não houve a intenção <strong>de</strong> se coletar em to<strong>das</strong> as cavernas presentes em cada uma <strong>das</strong>áreas inventaria<strong>das</strong>, e sim <strong>de</strong> se realizar uma amostragem que representasse a litologialocal ou regional. Estas foram arbitrariamente seleciona<strong>das</strong> em função da extensão <strong>das</strong>cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong>, alterações antrópicas e facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso.21


Figura 1. Regiões cársticas carbonáticas Brasileiras (retirado <strong>de</strong> Auler et al 2001).22


Figura 2 - Domínios da Mata Atlântica Brasileira e as cavernas amostra<strong>das</strong>.(www.conservation.org.br/).Obs: um ponto preto po<strong>de</strong> representar mais <strong>de</strong> uma cavern<strong>ae</strong>m função do baixo grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhamento da escala.23


Figura 3 - Corredores <strong>de</strong> Biodiversida<strong>de</strong>, Nor<strong>de</strong>ste, Central e Serra do mar, inseridos naMata Atlântica Brasileira (http:// www.corredores.org.br).24


CAPÍTULO IECOLOGIA DAS COMUNIDADES DEINVERTEBRADOS CAVERNÍCOLAS NA MATAATLÂNTICA BRASILEIRAMarconi Souza Silva 1 ,Rodrigo Lopes Ferreira 2 & Rogério Parentoni Martins 11-Laboratório <strong>de</strong> Ecologia e Comportamento <strong>de</strong> Insetos, Departamento <strong>de</strong> Biologia Geral,Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.silvamar@icb.ufmg.br2-Departamento <strong>de</strong> Biologia/Setor <strong>de</strong> Zoologia Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Lavras.CP.3037, 37200-000 Lavras, MG, Brasil. drops@ufla.br25


Resumo - A fauna cavernícola brasileira começou a ser inventariada <strong>de</strong> forma maisampla e sistematizada somente a partir da década <strong>de</strong> 80. Entretanto, muitos <strong>de</strong>stesestudos foram restritos ao Vale do Ribeira no Sul <strong>de</strong> São Paulo e Nor<strong>de</strong>ste do Paraná.Deste modo, o presente estudo objetivou avaliar a composição, riqueza, diversida<strong>de</strong>,dominância, número <strong>de</strong> troglomorficos, e similarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebradosem 105 cavernas presentes na Mata Atlântica Brasileira. A estrutura <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong>foi relacionada a parâmetros físicos e topográficos <strong>das</strong> cavernas. Foram observados106.741 invertebrados distribuídos em 1.938 morfoespécies pertencentes a pelo menos191 famílias. Arane<strong>ae</strong> foi o taxon mais rico (363 spp), seguida <strong>de</strong> Coleoptera (260 spp),Diptera (248 spp), Acari (139 spp), Hymenoptera (129 spp) e Lepidoptera (88 spp).Arane<strong>ae</strong> foi também a or<strong>de</strong>m mais distribuída entre as cavernas (99 cav), seguida porDiptera (91 cav), Coleoptera (84 cav), Ensifera (84 cav), Hymenoptera (81 cav),Heteroptera (79 cav), Acari (78 cav), Lepidoptera (78 cav), Collembola (76 cav),Opiliones (66 cav), Isopoda (61 cav), Psocoptera (60 cav), Diplopoda (58 cav),Pseudoescorpiones (56 cav), Homoptera (55 cav), Dictyoptera (53 cav) e Annelida (46cav). Foram encontra<strong>das</strong> 93 morfoespécies <strong>de</strong> invertebrados troglomórficos contra 105spp <strong>de</strong>scritas historicamente. Após compilar dados <strong>de</strong> literatura, foi observado que asregiões com maior riqueza <strong>de</strong> espécies troglomórficas até o momento compreen<strong>de</strong>m oscampos ferruginosos do quadrilátero ferrífero, MG (68 spp), o Sul <strong>de</strong> São Paulo (62spp.), Sul da Bahia (18 spp.), a Chapada Diamantina, BA (13 spp.), o Parque Nacionalcavernas do Vale do Peruaçu, MG (11 spp.), Serra do Ramalho, BA (09 spp.), e a Serra<strong>de</strong> Ibitipoca, MG (09 spp) A similarida<strong>de</strong> quantitativa <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong>invertebrados entre as cavernas foi baixa (< 30%). A riqueza <strong>de</strong> invertebrados mostrouserelacionada significativa e positivamente com e <strong>de</strong>senvolvimento linear <strong>das</strong> cavernas(R = 0,46, p < 0,001), com o número <strong>de</strong> entra<strong>das</strong> <strong>das</strong> cavernas (R = 0,26, p


Abstract- Not until the 80´s has Brazilian cave fauna been studied in such a wi<strong>de</strong> andsystematic way. However, most of these studies only inclu<strong>de</strong>d the regions of Vale doRibeira (southern São Paulo, Brazil) and northern Paraná (Brazil). The aim of thisstudy was to evaluate the composition, richness, diversity, dominance, en<strong>de</strong>mism, andsimilarity of invertebrate communities in 103 caves present in the Brazilian AtlanticForest. Communities structure was related to physical and topographic parameters ofthe caves. A total of 106.741 invertebrates, distributed among 1.938 morphospecies andfrom at least 191 families, were registered. Arane<strong>ae</strong> was the richest taxon (363 spp),followed by Coleoptera (260 spp), Diptera (248 spp), Acari (139 spp), Hymenoptera(129 spp) and Lepidoptera (88 spp). Arane<strong>ae</strong> was also the most distributed or<strong>de</strong>r amongthe caves (99 cav), followed by Diptera (91 cav), Coleoptera (84 cav), Ensifera (84 cav),Hymenoptera (81 cav), Heteroptera (79 cav), Acari (78 cav), Lepidoptera (78 cav),Collembola (76 cav), Opiliones (66 cav), Isopoda (61 cav), Psocoptera (60 cav),Diplopoda (58 cav), Pseudoescorpiones (56 cav), Homoptera (55 cav), Dictyoptera (53cav) and Annelida (46 cav). A total of 93 troglomorphic morphospecies of invertebrateswere registered, against 105spp that have historically been <strong>de</strong>scribed. The Brazilianregions presenting more richness of troglomorphic species, up to this moment, inclu<strong>de</strong>ferroginous fields in the region of Quadrilátero Ferrifero , located in Minas Gerais (68spp); southern São Paulo (62 spp.); southern Bahia (18 spp.); Chapada Diamantina ,Bahia (13 spp.); Parque Nacional Cavernas do Vale do Peruaçu , northern MinasGerais (11 spp.); Serra do Ramalho , Bahia (09 spp.); and Serra <strong>de</strong> Ibitipoca ,southern Minas Gerais (09 spp). Quantitative similarity of invertebrate communitiesbetween caves was low (< 30%). Richness of invertebrates has positively andsignificantly related to linear <strong>de</strong>velopment of caves (R = 0,46, p < 0,001), number ofcave entrances (R = 0,26, p < 0,01), and environmental stability of caves (R = 0,41, p


INTRODUÇÃOCaracterísticas ecológicas dos ambientes subterrâneosAs características mais marcantes do ambiente subterrâneo são: ausênciapermanente <strong>de</strong> luz, a tendência à estabilida<strong>de</strong> ambiental (em função da alta umida<strong>de</strong> etemperatura constante) e a escassez <strong>de</strong> recursos alimentares (Poulson & White 1969,Peck 1974). O alimento proveniente do meio externo penetra nas cavernascontinuamente ou em pulsos , carreado por rios ou ribeirões ou através <strong>de</strong> aberturasverticais no teto e pare<strong>de</strong>s <strong>das</strong> cavernas. Além disso, po<strong>de</strong> também ser veiculado naforma <strong>de</strong> fezes ou cadáveres <strong>de</strong> animais que transitam nas cavernas com certaregularida<strong>de</strong> ou eventualmente. Os organismos cavernícolas po<strong>de</strong>m ser classificados emtrês categorias distintas segundo Holsinger & Culver (1988), modificado do sistemaSchiner-Racovitza (Schiner 1954, Racovitza 1907, apud Camacho 1992): Ostroglóxenos são frequentemente encontrados no ambiente subterrâneo, mas s<strong>ae</strong>mregularmente do mesmo para se alimentar. Os troglófilos são organismos capazes <strong>de</strong>completar seu ciclo <strong>de</strong> vida no meio hipógeo e/ou epígeo. Os troglóbios são restritos aoambiente cavernícola, po<strong>de</strong>ndo apresentar diversos tipos <strong>de</strong> especializações(morfológicase.g. redução <strong>das</strong> estruturas oculares e a <strong>de</strong>spigmentação - fisiológicasou comportamentais) que provavelmente evoluíram em resposta às pressões seletivaspresentes em cavernas e\ou à ausência <strong>de</strong> pressões seletivas típicas do meio epígeo.As <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> cavernícolas po<strong>de</strong>m ser agrupa<strong>das</strong> em três categorias segundosua distribuição espacial e <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> recursos alimentares (Ferreira e Martins2001). As <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> recurso-espaço-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes são compostas geralmente pororganismos pequenos (alguns milímetros), <strong>de</strong> pouca mobilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> ocorrênciapreferencial junto ao recurso trófico (manchas <strong>de</strong> guano <strong>de</strong> morcego, troncos em<strong>de</strong>composição). Nas <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> recurso-espaço-in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, os organismos não28


estão restritos a uma mancha <strong>de</strong> recurso apenas, sendo capazes <strong>de</strong> se <strong>de</strong>slocar entremanchas ao longo da caverna em curtos intervalos <strong>de</strong> tempo. Já as <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> par<strong>ae</strong>pígeasestão presentes nas entra<strong>das</strong> <strong>das</strong> cavernas e são compostas por organismosepígeos, hipógeos e outros somente encontrados nestas áreas.Inventários da fauna <strong>de</strong> invertebrados em cavernas da Mata AtlânticaA fauna cavernícola brasileira começou a ser relativamente bem estudada apartir da década <strong>de</strong> 80 (Dessen et al. 1980; Chaimowicz 1984; Chaimowicz 1986;Godoy 1986, Trajano & Gnaspini-Neto 1986, Trajano & Moreira 1991, Gnaspini-Neto& Trajano 1992, Trajano 2000). Poucas cavernas, entretanto, foram estuda<strong>das</strong> <strong>de</strong> formaa avaliar a estrutura <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> forma mais ampla (Trajano 1987; Ferreira &Pompeu 1997; Bichuette & Santos 1988; Ferreira & Martins, 1998, 1999 a,b). Gran<strong>de</strong>parte do conhecimento da fauna cavernícola brasileira advém <strong>de</strong> estudos em cavernascalcárias (Trajano & Moreira 1991, Trajano 2000, Ferreira & Horta 2001, Ferreira 2004,Jordão-Silva 2006).Os primeiros estudos relativos à biologia <strong>de</strong> cavernas na Mata Atlântica foramfeitos em 1907 em Iporanga (SP), com a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> uma espécie troglóbia <strong>de</strong> bagrecego Pimelo<strong>de</strong>lla kronei (Ribeiro 1907). Entretanto, as <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong> novas espécies dafauna <strong>de</strong> invertebrados cavernícolas neste bioma só tiveram início em meados <strong>de</strong> 1930(Costa-Lima 1932, Costa-Lima & Costa-Leite 1953). Até o final <strong>de</strong> 1970 os estudosainda eram <strong>de</strong> cunho taxonômico e restrito a poucas cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> no sul do estado <strong>de</strong> SãoPaulo.Consi<strong>de</strong>rado como um marco inicial nos estudos da biologia <strong>de</strong> cavernas noBrasil, o trabalho <strong>de</strong> Eliana Dessen e seus colaboradores (1980), sumarizou dadosconcernentes à fauna <strong>de</strong> invertebrados cavernícolas provenientes <strong>de</strong> várias cavernas dopaís, algumas <strong>de</strong>las na Mata Atlântica Brasileira. Estudos subseqüentes referentes à29


fauna cavernícola na Mata Atlântica continuaram, entretanto quase exclusivamenterestritos ao Vale do Ribeira no extremo sul <strong>de</strong> São Paulo e Nor<strong>de</strong>ste do Paraná (Trajano1987, Gnaspini-Neto & Trajano 1994, Pinto-da-Rocha 1995). Estudos recentes queavaliaram a fauna <strong>de</strong> invertebrados em cavernas da Mata Atlântica ocorreram no estadodo Paraná, sul do estado <strong>de</strong> São Paulo, m cavernas ferruginosas <strong>de</strong> Minas Gerais e naprovíncia calcária do Rio Pardo (Bahia) (Trajano 2000, Trajano et al 2000, Sessegolo etal. 2001, Zeppelini Filho et. al 2003, Pellegatti-Franco 2004, Ferreira 2005, Mews &Sperber 2008).Entretanto, as informações gera<strong>das</strong> em muitos <strong>de</strong>stes estudos são esporádicase/ou obti<strong>das</strong> a partir <strong>de</strong> metodologias pouco eficientes e não padroniza<strong>das</strong>. Infelizmente,a riqueza <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> invertebrados cavernícolas encontra-se possivelmentesubestimada em muitos <strong>de</strong>stes trabalhos (Ferreira, 2005). Percebe-se, <strong>de</strong>sta forma, quena Mata Atlântica Brasileira, poucas cavernas foram amostra<strong>das</strong> a<strong>de</strong>quadamente ouintensivamente.O estudo da biota cavernícola na Mata Atlântica é crucial para o conhecimento emanutenção da sua diversida<strong>de</strong> ainda pouco conhecida. Assim, o presente estudo temcomo objetivos respon<strong>de</strong>r às seguintes questões:1. Qual a composição, riqueza, diversida<strong>de</strong>, dominância, número <strong>de</strong>troglomórficos, distribuição geográfica e similarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong>invertebrados em cavernas na Mata Atlântica Brasileira?2. A riqueza, abundância e diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> invertebrados cavernícolas estãorelaciona<strong>das</strong> a parâmetros físicos e topográficos <strong>das</strong> cavernas (<strong>de</strong>senvolvimentolinear, número <strong>de</strong> entra<strong>das</strong>, latitu<strong>de</strong>, longitu<strong>de</strong>, altitu<strong>de</strong> e estabilida<strong>de</strong>ambiental)?30


METODOLOGIAÁrea <strong>de</strong> estudoPara realização <strong>de</strong>ste estudo foram amostra<strong>das</strong> 103 cavernas nos domínios daMata Atlântica Brasileira, principalmente em regiões biogeográficas costeiras comocorredores <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> da Serra do Mar, corredor Central e corredor Nor<strong>de</strong>ste.Tais cavernas encontravam-se inseri<strong>das</strong> em quatro tipos litológicos distintos, a saber:rochas carbonáticas (24 cavernas), magmáticas (32 cavernas), siliciclásticas (25cavernas) e ferruginosas (22 cavernas). Nas áreas fora <strong>de</strong> corredores <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>foram avalia<strong>das</strong> cavernas no Parque Nacional <strong>de</strong> Ubajara (Ceará), nas áreas <strong>de</strong> camposferruginosos próximas a Belo Horizonte (Minas Gerais) e nas áreas areníticas <strong>de</strong>Altinópolis (São Paulo).As áreas consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong>, como pertencentes aos domínios da mata atlânticabrasileira foram <strong>de</strong>termina<strong>das</strong>, segundo mapas da S O S Mata Atlântica e ConservaçãoInternacional (Galindo & Câmara 2005). Apesar <strong>de</strong> alguns estudos apontarem algumas<strong>de</strong>stas áreas (Serra do Ramalho, Chapada Diamantina e Vale do Peruaçu), comopertencentes ao cerrado ou caatinga (Rizzini 1996).Procedimentos <strong>de</strong> coletaOs invertebrados presentes nas cavernas foram i<strong>de</strong>ntificados e tiveram alguns <strong>de</strong>seus espécimes coletados. Durante os inventários, cada indivíduo observado era plotadoem um croqui esquemático da caverna, segundo metodologia proposta por Ferreira(2004).Foram priorizados microhabitats como troncos, <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> guano, espaços sobrochas e locais úmidos. Nas coleções <strong>de</strong> água, corrente ou parada, os organismos foramcoletados com auxílio <strong>de</strong> pinças e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mão. Espécimes não i<strong>de</strong>ntificados em campoeram levados ao laboratório on<strong>de</strong> se procedia a i<strong>de</strong>ntificação até o nível taxonômico31


possível. Cada táxon foi separado em morfo-espécies a partir da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> tiposmorfológicos (morfótipos) e posteriormente reagrupados <strong>de</strong> acordo com as referências<strong>de</strong> campo (Oliver & B<strong>ae</strong>ttie 1996). Indivíduos imaturos foram consi<strong>de</strong>rados espéciesdistintas dos eventuais adultos, uma vez que era inviável, para todos os casos, aassociação entre formas imaturas (especialmente larvas) e formas adultas. A abundânciageral <strong>de</strong> cada morfo-espécies foi obtida através da contagem dos indivíduos incluídos nocroqui. A abundância somente foi avaliada em 91 <strong>das</strong> 103 cavernas, em função dacondição eutrófica <strong>das</strong> mesmas, que permitia a ocorrência <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> indivíduos eimpossibilitava a contagem e plotagem <strong>de</strong> muitas espécies. Para duas <strong>de</strong>stas cavernas(gruta da Pedra Branca e gruta do Urubu, ambas localiza<strong>das</strong> em Sergipe) ocorreramenormes <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> guano repletos <strong>de</strong> incontáveis ácaros, baratas, besouros e grilos(bat caves). Na caverna Ponte <strong>de</strong> Pedra a eutrofização é oriunda do esgoto domésticolançado no interior da mesma através <strong>de</strong> um rio que corta a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro Preto, MG.Nesta caverna, o piso estava repleto <strong>de</strong> piscinas eutrofiza<strong>das</strong> com incontáveis larvas <strong>de</strong>quironomí<strong>de</strong>os, minhocas, <strong>de</strong>ntre outros organismos. Para a caverna dos Farias(Barbalha, CE) a ocorrência <strong>de</strong> um rio que ocupavam gran<strong>de</strong> parte do conduto dacaverna e a presença <strong>de</strong> teto baixo impossibilitaram a plotagem em mapa, uma vez quedurante a coleta, os pesquisadores permaneceram quase completamente submersos.Outras 12 cavernas que foram coletas recentemente tiveram sua fauna separada emmorfo-espécies, mas não houve tempo para a contagem dos indivíduos no croqui. Nestecaso foram usa<strong>das</strong> somente a composição <strong>das</strong> espécies (anexo I).Determinação <strong>de</strong> troglomorfismos para os invertebradosA <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> espécies potencialmente troglóbias foi realizada através dai<strong>de</strong>ntificação, nos espécimes, <strong>de</strong> características morfológicas <strong>de</strong>nomina<strong>das</strong>troglomorfismos . Tais características, como redução da pigmentação melânica,32


edução <strong>das</strong> estruturas oculares, alongamento <strong>de</strong> apêndices, <strong>de</strong>ntre outras, são utiliza<strong>das</strong>freqüentemente para a maioria dos grupos, uma vez que resultam <strong>de</strong> processosevolutivos ocorrentes após o isolamento <strong>de</strong> populações em cavernas. As características aserem utiliza<strong>das</strong> para estes diagnósticos, no entanto, diferem no caso <strong>de</strong> organismospertencentes à taxa distintos. Certos grupos, por exemplo, possuem espécies sempre<strong>de</strong>spigmenta<strong>das</strong> e anoftálmicas, mesmo no ambiente epígeo (e.g. Palpigradi). Nestescasos, os troglomorfismos são mais específicos (alongamento dos flagelômeros,aumento no número <strong>de</strong> órgãos frontais e laterais, <strong>de</strong>ntre outros). Desta forma, énecessário se conhecer a biologia <strong>de</strong> cada grupo no intuito <strong>de</strong> se diagnosticarefetivamente a existência ou não <strong>de</strong> troglomorfismos. Muitas vezes, entretanto, existe anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consulta a especialista em certos grupos taxonômicos maiscomplicados . Muitos <strong>de</strong>stes especialistas infelizmente não existem no Brasil. Destaforma, a <strong>de</strong>terminação da real categoria a qual pertence certa espécie po<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandar umlongo tempo, sendo assim ainda não evi<strong>de</strong>ncia<strong>das</strong> neste trabalho.Com o intuito <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar centros <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismos <strong>de</strong> invertebradoscavernícolas na Mata Atlântica, foram levanta<strong>das</strong> as espécies troglomórficas relata<strong>das</strong>por outros autores em cavernas distintas a este estudo (e.g. Gnaspini-Neto & Trajano1994, Simone & Moracchioli 1994, Pinto-da-Rocha 1995, Pinto-da-Rocha 1996,Trajano & Pinna 1996, Koenemann & Holsinger 2000, Mauriès & Geoffroy 2000,Trajano 2001, Baptista & Giupponi. 2002, Pérez & Kury 2002, Baptista & Giupponi2003, Bichuette & Trajano 2003, Bichuette & Trajano 2005, Ferreira 2005, Gutierrez2005, Lourenço et al 2005).Análise dos dadosOs valores <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados associa<strong>das</strong> a cadacaverna foram calculados através do índice Shannon (Magurran 2004). O índice <strong>de</strong>33


dominância <strong>de</strong> Berger-Parker foi utilizado para acessar a importância relativa <strong>de</strong>espécies dominantes nas <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> (Magurran 2004). A curva acumulativa <strong>de</strong>espécies, que ilustra a razão com que as espécies são adiciona<strong>das</strong> na amostra, tambémfoi calculada (Magurran 2004, Colwell & Coddington 1994). Para estimar o número <strong>de</strong>espécies espera<strong>das</strong> a partir do observado para as cavernas amostra<strong>das</strong> foi utilizado oíndice <strong>de</strong> Chao 2. Este índice é tido como excelente preditor da riqueza <strong>de</strong> espécies.(Colwell & coddington 1994). O Chao 2 é um estimador <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> que incorpora ariqueza e abundância. A similarida<strong>de</strong> quantitativa da fauna entre as cavernas foi obtidaatravés do índice <strong>de</strong> Jaccard (Magurran 2004). A estabilida<strong>de</strong> ambiental <strong>das</strong> cavernasfoi calculada pelo índice <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> ambiental (Ferreira 2004). A regressão linearfoi utilizada para <strong>de</strong>tectar possíveis relações entre as variáveis bióticas <strong>de</strong> cada cavern<strong>ae</strong> as variáveis abióticas correspon<strong>de</strong>ntes (latitu<strong>de</strong>, longitu<strong>de</strong>, altitu<strong>de</strong>, estabilida<strong>de</strong>ambiental e <strong>de</strong>senvolvimento linear <strong>das</strong> cavernas) (Zar 1984).RESULTADOSComposição e riqueza <strong>de</strong> invertebrados nas cavernas amostra<strong>das</strong>.Foi observado, nas 103 cavernas amostra<strong>das</strong>, um total <strong>de</strong> 106.741 invertebradosdistribuídos em 1.938 morfo-espécies pertencentes a 191 famílias dos seguintes taxa:Protozoa (Granuloreticulosa), Cnidaria: Anthozoa (Actiniaria), Platyhelminthes(Dugesiid<strong>ae</strong> e Geoplanid<strong>ae</strong>), Acantocephala, Nematomorpha, Annelida (Oligoch<strong>ae</strong>t<strong>ae</strong> Hirudinea), Arthropoda: Crustacea: Cirripedia, Decapoda (Brachyura e Natantia),Amphipoda, Ostracoda, Isopoda (Armadillidid<strong>ae</strong>, Cubaris sp, Venezillo sp.,Philosciid<strong>ae</strong>, Ligiid<strong>ae</strong>, Platyarthrid<strong>ae</strong>, Trichorhina sp.), Arachnida: Acari (Acarid<strong>ae</strong>,Anoetid<strong>ae</strong>, Anystid<strong>ae</strong>, Ologamasid<strong>ae</strong>, Argasid<strong>ae</strong>, Antricola <strong>de</strong>lacruzi, Antricolaguglielmonei, Antricola sp., Carios sp. Ascid<strong>ae</strong>, B<strong>de</strong>llid<strong>ae</strong>, Calyptostomatid<strong>ae</strong>,Cheyletid<strong>ae</strong>, Cheyletus sp., Cunaxid<strong>ae</strong>, Erythr<strong>ae</strong>id<strong>ae</strong>, Speleognathus sp. Galunmid<strong>ae</strong>,34


Histiostomatid<strong>ae</strong>, Ixodid<strong>ae</strong>, Amblyomma rotundatus, Amblyomma fuscum, Ixo<strong>de</strong>sparan<strong>ae</strong>nsis, Ixodorhynchid<strong>ae</strong>, L<strong>ae</strong>lapid<strong>ae</strong>, Labidostomatid<strong>ae</strong>, Macrochelid<strong>ae</strong>,Macrocheles sp., Macronyssid<strong>ae</strong>, Opilioacarid<strong>ae</strong>, Opilioacarus sp., Oppioi<strong>de</strong>a,Oribatida, Podocinid<strong>ae</strong>, Podocinum sp., Rhagidiid<strong>ae</strong>, Teneriffiid<strong>ae</strong>, Trombiculid<strong>ae</strong>,Tetranychid<strong>ae</strong>, Trombidiid<strong>ae</strong>, Uropodid<strong>ae</strong>, Veigaiid<strong>ae</strong>), Araneida (Amaurobiid<strong>ae</strong>,Araneid<strong>ae</strong>, Atypid<strong>ae</strong>, Nemesid<strong>ae</strong>, Caponiid<strong>ae</strong>, Nops sp, Corinnid<strong>ae</strong>, Ctenid<strong>ae</strong>, Ctenussp. Isoctenus sp, Enoploctenus sp., Pisaurid<strong>ae</strong>, Diplurid<strong>ae</strong>, Gnaphosid<strong>ae</strong>, Hahniid<strong>ae</strong>,Lycosid<strong>ae</strong>, Lyniphid<strong>ae</strong>, Mimetid<strong>ae</strong>, Ochiroceratid<strong>ae</strong>, Oecobid<strong>ae</strong>, Oonopid<strong>ae</strong>,Palpimanid<strong>ae</strong>, Pholcid<strong>ae</strong>, Mesabolivar sp, Prodidomid<strong>ae</strong>, Salticid<strong>ae</strong>, Scicariid<strong>ae</strong>,Loxosceles sp, Loxosceles a<strong>de</strong>laida, Scytodid<strong>ae</strong>, Tetrablemmid<strong>ae</strong>, Tetragnathid<strong>ae</strong>,Nephila sp, Theraphosid<strong>ae</strong>, Lasiodora sp, Theridiid<strong>ae</strong>, Theridion sp, Theridiosomatid<strong>ae</strong>,(Plato sp), Trechaleid<strong>ae</strong>, Uloborid<strong>ae</strong>, Opiliones (Gonyleptid<strong>ae</strong>, Goniosoma sp),Amblipygi (Charinid<strong>ae</strong>, Charinus sp, Charinus acaraje, C. asturius, Phrynid<strong>ae</strong>,Heterophrynus sp), Uropygi (Thelyphonid<strong>ae</strong>, Mastigoproctus brasilianus), Palpigradi(Eukeneniid<strong>ae</strong>, Eukoenenia sp), Pseudoescorpiones (Chernetid<strong>ae</strong>, Chthonid<strong>ae</strong>),Schizomida (Hubbardiid<strong>ae</strong>: Rowlandius sp), Myriapoda: Pauropoda, Chilopoda(Geophilomorpha, Litobiomorpha, Scolopendromorpha, Scutigeromorpha,Pselliophorid<strong>ae</strong>), Symphila (Scutigerellid<strong>ae</strong>), Diplopoda (Poly<strong>de</strong>smida, Pyrgo<strong>de</strong>smid<strong>ae</strong>,Chelo<strong>de</strong>smid<strong>ae</strong>, Crypto<strong>de</strong>smid<strong>ae</strong>, Spirostreptida, Pseudonnanoleniid<strong>ae</strong>,Pseudonannolene sp, Pseudonannolene tocaiensis, Spirobolida, Rinocricid<strong>ae</strong>), Insecta:Arch<strong>ae</strong>ognatha (Machilid<strong>ae</strong>) Coleoptera (Bostrichid<strong>ae</strong>, Cantharid<strong>ae</strong>, Carabid<strong>ae</strong>,Chrysomelid<strong>ae</strong>, Curculionid<strong>ae</strong>, Dermestid<strong>ae</strong>, Dryopid<strong>ae</strong>, Dytiscid<strong>ae</strong>, Elaterid<strong>ae</strong>,Elmid<strong>ae</strong>, Gyrinid<strong>ae</strong>, Histerid<strong>ae</strong>, Lampyrid<strong>ae</strong>, Leiodid<strong>ae</strong>, Meloid<strong>ae</strong>, Nitidulid<strong>ae</strong>,Noterid<strong>ae</strong>, Pselaphid<strong>ae</strong>, Scarabeid<strong>ae</strong>, Staphylinid<strong>ae</strong>, Tenebrionid<strong>ae</strong>), Collembola(Hipogastrurid<strong>ae</strong>, Acheronti<strong>de</strong>s sp, Arrhophalitid<strong>ae</strong>, Arrhophalithes sp, Onychiurid<strong>ae</strong>,35


Cypho<strong>de</strong>rid<strong>ae</strong>, Entomobryiid<strong>ae</strong>), Diplura (Campo<strong>de</strong>id<strong>ae</strong>, Anajapygid<strong>ae</strong>, Japygid<strong>ae</strong>,Projapygid<strong>ae</strong>), Diptera (Bibionid<strong>ae</strong>, Calliphorid<strong>ae</strong>, Cecidomyid<strong>ae</strong>, Ceratopogonid<strong>ae</strong>,Chironomid<strong>ae</strong>, Chloropid<strong>ae</strong>, Culicid<strong>ae</strong>, Dixid<strong>ae</strong>, Dolychopodid<strong>ae</strong>, Drosophilid<strong>ae</strong>,Empidid<strong>ae</strong>, Hemerodromyia sp, Hyppoboscid<strong>ae</strong>, Lonch<strong>ae</strong>id<strong>ae</strong>, Lauxanid<strong>ae</strong>, Milichid<strong>ae</strong>,Mycetophilid<strong>ae</strong>, Muscid<strong>ae</strong>, Keroplatid<strong>ae</strong>, Phorid<strong>ae</strong>, Conicera sp, Psychodid<strong>ae</strong>,Lutzomyia sp, Sarcophagid<strong>ae</strong>, Sciarid<strong>ae</strong>, Sepsid<strong>ae</strong>, Simulid<strong>ae</strong>, Sph<strong>ae</strong>rocerid<strong>ae</strong>,Stratiomyid<strong>ae</strong>, Streblid<strong>ae</strong>, Syrphid<strong>ae</strong>, Eristalis sp, Toxomerus sp, Ornidia obesa,Tipulid<strong>ae</strong>), Dermaptera, Dyctioptera, (Blattid<strong>ae</strong>) Ephemeroptera (Leptophlebiid<strong>ae</strong>),Embioptera, Ensifera (Gryllotalpid<strong>ae</strong>, Tetigoniid<strong>ae</strong>, Phalangopsid<strong>ae</strong>, Eidmanacris sp,En<strong>de</strong>cous sp), Homoptera (Cixid<strong>ae</strong>, Membracid<strong>ae</strong>, Ortheziid<strong>ae</strong>), Heteroptera (Aradid<strong>ae</strong>,Belostomatid<strong>ae</strong>, Cydnid<strong>ae</strong>, Cimicid<strong>ae</strong>, Corixid<strong>ae</strong>, Enicocephalid<strong>ae</strong>, Gelastocorid<strong>ae</strong>,Hebrid<strong>ae</strong>, Hydrometrid<strong>ae</strong>, Lyg<strong>ae</strong>id<strong>ae</strong>, Naucorid<strong>ae</strong>, Pentatomid<strong>ae</strong>, Ploiarid<strong>ae</strong>,Pyrrhocorid<strong>ae</strong>, Reduviid<strong>ae</strong>, Zelurus sp, Panstrongilus geniculatus, Vellid<strong>ae</strong>),Hymenoptera (Apid<strong>ae</strong>, Brachonid<strong>ae</strong>, Eulophid<strong>ae</strong>, Evaniid<strong>ae</strong>, Halictid<strong>ae</strong>,Ichneumonid<strong>ae</strong>, Formicid<strong>ae</strong>, Odonthomachus sp, Acromyrmex sp, Camponotus sp.,Mutilid<strong>ae</strong>, Sphecid<strong>ae</strong>, Torymid<strong>ae</strong>), Isoptera (Nasutitermitid<strong>ae</strong>), Lepidoptera(Geometrid<strong>ae</strong>, Hesperiid<strong>ae</strong>, Noctuid<strong>ae</strong>, Pterophorid<strong>ae</strong>, Tineid<strong>ae</strong>), Megaloptera(Corydalid<strong>ae</strong>), Neuroptera (Chrysopid<strong>ae</strong>, Myrmeleontid<strong>ae</strong>), Odonata (Aeshnid<strong>ae</strong>,Gomphid<strong>ae</strong>, Libellulid<strong>ae</strong>), Plecoptera (Perlid<strong>ae</strong>), Posocoptera (Compsocid<strong>ae</strong>,Lepidopsoscid<strong>ae</strong>, Pseudoc<strong>ae</strong>ciliid<strong>ae</strong>, Psyllipsocid<strong>ae</strong>), Shiphonaptera (Dolichopsyliid<strong>ae</strong>),Trichoptera (Hydropschid<strong>ae</strong>, Leptonema sp.), Zygentoma (Lepidotrichid<strong>ae</strong>,Lepismatid<strong>ae</strong>, Nicoletiid<strong>ae</strong>) e Mollusca: Gastropoda.Neste estudo, merecem <strong>de</strong>staque os registros <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> raros em cavernasbrasileiras como: Uropygi (Telyphonid<strong>ae</strong>), Opilioacarid<strong>ae</strong>, Schizomida (Hubbardiid<strong>ae</strong>:Rowlandius sp.), e Embioptera (Hexapoda).36


Insetos (1.062 spp.) e aracní<strong>de</strong>os (600 spp) foram os mais representativos (Fig.1).Figura 1. Número <strong>de</strong> morfo-espécies <strong>de</strong> invertebrados em cavernas amostra<strong>das</strong> emdiferentes tipos <strong>de</strong> rochas na Mata Atlântica Brasileira.A or<strong>de</strong>m mais rica em morfo-espécies foi Arane<strong>ae</strong> (363 spp), seguida <strong>de</strong>Coleoptera (260 spp.), Diptera (248 spp.), Acari (139 spp.), Hymenoptera (129 spp.),Lepidoptera (88 spp.), Collembola (76 spp.), Psocoptera (62 spp.), Opiliones (55 spp.),Heteroptera (54 spp.), Isopoda (50 spp.), Poly<strong>de</strong>smida (47 spp.), Ensifera (36 spp.),Homoptera (29 spp.), Dictyoptera (27 spp.), Pseudoescorpiones (25 spp.), Olygoch<strong>ae</strong>ta(22 spp.), Gastropoda (22 spp.), Zygentoma (21 spp.), Diplura (18 spp.), Turbellaria (17spp.), Lithobiomorpha (14 spp.), Trichoptera (13 spp.), Spirostreptida (11spp.), Isoptera(10 spp.), Geophilomorpha (9 spp.), Palpigradi (8 spp.), Symphyla (8 spp.), Amblypygi(6 spp.), Decapoda (7 spp.), Ephemeroptera (6 spp.), Neuroptera (6 spp.), Odonata (6spp.), Amphipoda (5 spp.), Dermaptera (5 spp.), Scolopendromorpha (4 spp.),Polyxenida (4 spp.), Spirobolida (4 spp.), Plecoptera (3 spp.), Chilopoda (3 spp.),Scutigeromorpha (3 spp.), Hirudinea (2 spp.), Embioptera (2 spp.), Acantocephala37


(1sp.), Anthozoa (1 sp.), Cirripedia (1 sp.), Granuloreticulosa (1spp.), Megaloptera (1sp.), Nematomorpha (2 spp.), Ostracoda (1 sp.), Pauropoda (1 sp.), Shiphonaptera (1sp.), Schizomida (1sp.) e Uropygi (1sp.).Distribuição dos taxa <strong>de</strong> invertebrados entre as cavernas estuda<strong>das</strong>A or<strong>de</strong>m mais bem distribuída entre as cavernas amostra<strong>das</strong> foi Arane<strong>ae</strong> (99cav), seguida por Diptera (91 cav), Coleoptera (84 cav), Ensifera (84 cav), Hymenoptera(81 cav), Heteroptera (79 cav), Acari (78 cav), Lepidoptera (78 cav), Collembola (76cav), Opiliones (66 cav), Isopoda (61 cav), Psocoptera (60 cav), Diplopoda (58 cav),Pseudoescorpiones (56 cav), Homoptera (55 cav), Dictyoptera (53 cav), Annelida (46cav), Chilopoda (40 cav), Gastropoda (31 cav), Symphila (31 cav), Diplura (26 cav),Isoptera (25 cav), Turbellaria (21 cav), Zygentoma (21 cav), Neuroptera (19 cav),Palpigradi (18 cav), Trichoptera (17 cav), Amblypigy e Decapoda (9 cav), Dermaptera(7 cav), Amphipoda e Ephemeroptera (5 cav), Odonata (4 cav), Plecoptera (3 cav),Cirripedia (cav 2), Embioptera e Nematomorpha (2 cav). Os <strong>de</strong>mais grupos(Acantocephala, Anthozoa, Megaloptera, Pauropoda, Granuloreticulosa, Schizomida eUropygi) ocorreram apenas em uma caverna.A maioria <strong>das</strong> espécies (58 %) teve distribuição restrita a uma única caverna. Amorfo-espécie com maior distribuição ocorreu em 26 cavernas (Tineid<strong>ae</strong> larva sp1).Outras morfo-espécies bem distribuí<strong>das</strong> entre as cavernas foram Tenebrionid<strong>ae</strong> larvasp1 (24 cav.), Zelurus sp2 (21 cav.), Macronyssid<strong>ae</strong> sp1 (21 cav), Zelurus sp3 (20 cav),Ctenus sp2 (20 cav), Mesabolivar sp1 (19 cav), En<strong>de</strong>cous sp1 (16 cav) e Milichiid<strong>ae</strong>sp1 (15 cav).As famílias e gêneros mais amplamente distribuídos foram Ctenid<strong>ae</strong> (71 cav),Formicid<strong>ae</strong> (69 cav), Theridiid<strong>ae</strong> (69 cav), Tineid<strong>ae</strong> (62 cav), Reduviid<strong>ae</strong>: Zelurus sp.(60 cav), Phalangopsid<strong>ae</strong>: En<strong>de</strong>cous sp. (43 cav), Staphylinid<strong>ae</strong> (43 cav), Pselaphid<strong>ae</strong>38


(42 cav), Cixiid<strong>ae</strong> (40 cav), Pholcid<strong>ae</strong>: Mesabolivar sp. (40 cav), Pseudonannolenid<strong>ae</strong>:Pseudonannolene sp. (39 cav), Tenebrionid<strong>ae</strong> (39 cav), Drosophilid<strong>ae</strong>: Drosophila sp.(37 cav), Oonopid<strong>ae</strong> (35 cav), Diplurid<strong>ae</strong> (34 cav), Theridiosomatid<strong>ae</strong>: Plato sp. (34cav), Tipulid<strong>ae</strong> (34 cav) e Noctuid<strong>ae</strong> (33 cav).Espécies troglomórficasForam encontra<strong>das</strong> 93 morfo-espécies <strong>de</strong> invertebrados com característicastroglomórficas. Tais morfo-espécies estavam distribuí<strong>das</strong> em 41 <strong>das</strong> 103 cavernasamostra<strong>das</strong> (Tab 1). Estas morfo-espécies distribuíram-se pelos seguintes grupos:Arane<strong>ae</strong> (20 spp.), Coleoptera (14 spp.), Collembola (9 spp.), Zygentoma (8 spp.),Diplopoda (7 spp.), Isopoda (6 spp.), Diplura (6 spp.) Chilopoda (6 spp.), Opiliones (5spp.), Acari (2 spp.), Palpigradi (2 spp.), Dictyoptera (2 spp.), Homoptera (2 spp.),Nematomorpha (2 spp.), Platyhelminthes (1sp.) e Pseudoescorpiones (1 sp.) (Tab 1). Ascavernas com morfo-espécies troglomórficas estão distribuí<strong>das</strong> nos estados <strong>de</strong> Ceará,Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio <strong>de</strong> Janeiro e São Paulo (Fig. 2).Para aproximadamente 186 cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> avalia<strong>das</strong> em outros estudos na MataAtlântica eram conheci<strong>das</strong>, até o momento, 105 espécies <strong>de</strong> invertebrados e 4 espécies<strong>de</strong> peixes troglomórficos, distribuídos em 100 cavernas. As cavernas com espéciestroglomórficas estão distribuí<strong>das</strong> nos estados <strong>de</strong> Santa Catarina, Paraná, São Paulo,Minas Gerais e Bahia (Fig. 2).A partir da compilação dos dados <strong>de</strong> literatura juntamente com os levantadosneste estudo, observamos que as regiões com maior riqueza <strong>de</strong> espécies troglomórficasaté o momento compreen<strong>de</strong>m os campos ferruginosos do quadrilátero ferríferopróximos a Belo Horizonte, em Minas Gerais (68 spp. em 33 cavernas estuda<strong>das</strong>), aprovíncia cárstica do Açungui, em São Paulo (62 spp. em mais <strong>de</strong> 100 cavernasestuda<strong>das</strong>), a província cárstica do Rio Pardo, na Bahia (18 spp. em 10 cavernas39


estuda<strong>das</strong>), a Chapada Diamantina, na Bahia (09 spp. em 12 cavernas estuda<strong>das</strong>), oParque Nacional do Vale do Peruaçu, em Minas Gerais (10 spp. em 08 cavernasestuda<strong>das</strong>), a Serra do Ramalho, na Bahia (07 spp. em 05 cavernas estuda<strong>das</strong>), e a Serra<strong>de</strong> Ibitipoca, em Minas Gerais (09 spp em 08 cavernas estuda<strong>das</strong>) (Fig. 2).Estimativas <strong>de</strong> riqueza, diversida<strong>de</strong>, dominância e similarida<strong>de</strong> da faunaA não estabilização da curva acumulativa <strong>de</strong> espécies indica que a riqueza <strong>das</strong><strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados em 91 cavernas é provavelmente representada por umnúmero maior <strong>de</strong> espécies do que o observado (fig. 3). A riqueza obtida para as 91cavernas foi <strong>de</strong> 1.885 espécies, sendo que a estimada pelo pela equação Chao 2 foi <strong>de</strong>3.630 spp. Assim, neste estudo, foi amostrado o equivalente a 51, 9% do valor dariqueza esperada para as cavernas. Apesar <strong>de</strong> serem observados agrupamentos <strong>de</strong>cavernas espacialmente próximas, os valores <strong>de</strong> similarida<strong>de</strong> quantitativa <strong>das</strong><strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> dos invertebrados entre as cavernas foram baixos (< 30%) (fig. 4). Adiversida<strong>de</strong> da fauna nas cavernas variou <strong>de</strong> 0,62 a 3,15 e a dominância <strong>de</strong> 0,79 a 0,06(fig. 5).40


Figura 2. Distribuição e locais <strong>de</strong> alta riqueza <strong>de</strong> espécies troglomórficas em cavernas jáinventaria<strong>das</strong> na Mata Atlântica Brasileira em diferentes tipos <strong>de</strong> rochas. Obs: a riquez<strong>ae</strong>m todos os locais apresentados ainda está subestimada41


Tabela 1. Lista <strong>das</strong> espécies que apresentaram características troglomórficas em cavernas da Mata Atlântica. Calcário (C), Granito (G) Arenito(A), Ferruginosa (F), Quartzito (Q).COD 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41Rocha F F F F F F F F F F F F F F F F F F F Q G A Q Q Q Q C G M C G G G C C C C C C C GOcorrências 2 5 4 3 1 15 8 9 8 5 1 2 2 12 7 12 16 14 3 1 2 1 1 3 2 3 1 1 1 1 1 2 1 1 5 4 3 1 4 1 2PlatyhelminthesTurbellaria sp 4 1 +Nematomorpha -Nematomorpha sp1 1 +Nemathomorpha sp2 1 +Acari -Acari sp 22 1 +Acari sp19 1 +Arane<strong>ae</strong> -Arane<strong>ae</strong> sp 17 1 +Arane<strong>ae</strong> sp 19 1 +Arane<strong>ae</strong> sp1 1 +Arane<strong>ae</strong> sp2 1 +Arane<strong>ae</strong> sp6 1 +Arane<strong>ae</strong> sp7 1 +Arane<strong>ae</strong> sp15 1 +Arane<strong>ae</strong> sp20 1 +Arane<strong>ae</strong> sp21 1 +Arane<strong>ae</strong> sp22 1 +Diplurid<strong>ae</strong> sp1 10 + + + + + + + + + +Ochiroceratid<strong>ae</strong> sp1 1 +Ochiroceratid<strong>ae</strong> sp2 1 +Ochiroceratid<strong>ae</strong> ssp10 1 +Ochiroceratid<strong>ae</strong> sp11 2 + +Oonopid<strong>ae</strong> sp16 1 +Prodidomid<strong>ae</strong> sp1a 1 +Prodidomid<strong>ae</strong> sp1 4 + + + +35


Tetrablemmid<strong>ae</strong> sp1 1 +Tetrablemmid<strong>ae</strong> sp2 1 +Opiliones -Opiliones sp1 1 +Opiliones 18 1 +Opiliones sp36 1 +Opiliones sp7 2 + +Opiliones sp2 4 + + + +PalpigradiEukoenenia sp1 9 + + + + + + + + +Eukoenenia sp2 1 +Pseudoescopiones -Chthonid<strong>ae</strong> sp1 9 + + + + + + + + +Isopoda -Isopoda sp1 1 +Porcellionid<strong>ae</strong> sp2 1 +Trichorhina sp1 1 +Trichorhina sp2 1 +Trichorhina sp5 1 +Trichorhina sp7 1 +Coleoptera -Coleoptera sp1 1 +Histeria<strong>de</strong> sp2 1 +Pselaphid<strong>ae</strong> sp5 1 +Pselaphid<strong>ae</strong> sp14 1 +Pselaphid<strong>ae</strong> sp17 1 +Pselaphid<strong>ae</strong> 24 1 +Pselaphid<strong>ae</strong> sp3 2 +Pselaphyd<strong>ae</strong> sp10 1 +Pselaphyd<strong>ae</strong> sp2 2 + +Staphylinid<strong>ae</strong> sp23 1 +Staphylinid<strong>ae</strong> sp4 1 +Trechini sp2 1 +36


Trechini sp3 1 +Trechini spe 1 +Collembola -Arrhopalites sp.1 9 + + + + + + + + +Arrhopalites sp2 1 +Onychiurid<strong>ae</strong> sp2 11 + + + + + + + + + + +Cypho<strong>de</strong>rid<strong>ae</strong> sp3 5 + + + + +Onychiurid<strong>ae</strong> sp7 1 +Onychiurid<strong>ae</strong> sp8 1 +Hipogastrurid<strong>ae</strong> sp1 1 +Hipogastrurid<strong>ae</strong> sp3 1 +Acherontes sp2 2 + +Dictyoptera -Dictyoptera sp18 1 +Dictyoptera sp 20 1 +Diplura -Campo<strong>de</strong>id<strong>ae</strong> sp8 2 + +Campo<strong>de</strong>id<strong>ae</strong> sp1 1 +Japygid<strong>ae</strong> sp1 2 + +Japygid<strong>ae</strong> sp2 1 +Projapygid<strong>ae</strong> sp1 2 + +Projapygid<strong>ae</strong> sp2 2 + +Homoptera -Cixiid<strong>ae</strong> sp4 1 +Ortheziid<strong>ae</strong> sp1 9 + + + + + + + + +Zygentoma -Lepidotrichid<strong>ae</strong> sp4 1 +Lepidotrichid<strong>ae</strong> sp1 2 + +Lepidotrichid<strong>ae</strong> sp2 1 +Lepismatid<strong>ae</strong> sp2 1 +Lepismatid<strong>ae</strong> sp3 1 +Nicoletiid<strong>ae</strong>s p1a 1 +Nicoletiid<strong>ae</strong> sp2 1 +37


Nicoletiid<strong>ae</strong> sp1 1 +Chilopoda -Geophylomorpha sp1 1 +Lithobiomorpha sp1 5 + + + + +Lithobiomorpha sp3 1 +Lithobiomorpha sp5 1 +Litobiomorpha sp4 1 +Scolopendromorpha sp1 1 +Diplopoda -Crypto<strong>de</strong>smid<strong>ae</strong> sp1 3 + + +Crypto<strong>de</strong>smid<strong>ae</strong> sp2 1 +Poly<strong>de</strong>smida sp10 1 +Poly<strong>de</strong>smida sp1 6 + + + + + +Poly<strong>de</strong>smida sp3 1 +Pyrgo<strong>de</strong>smid<strong>ae</strong> sp5 1 +Pyrgo<strong>de</strong>smid<strong>ae</strong> sp2 1 +Tabela 2. LegendaCOD Est Município Caverna COD Est Município Caverna COD Est Município Caverna1 MG Itabirito Mina do Pico 2 15 MG Itabirito Serra moeda sul 31 29 RJ Cambuci Furnas2 MG Itabirito Mina do Pico 3 16 MG Itabirito Serra moeda sul 25 30 ES Vargem Alta Archimi<strong>de</strong>s Passini3 MG Itabirito Mina do Pico 4 17 MG Itabirito Serra moeda sul 19 31 ES Pedro Canario Rio Itaúnas4 MG Itabirito Mina do Pico 5 18 MG Itabirito Serra moeda sul 29 32 ES Ecoporanga Faz. Dr Saulo5 MG Itabirito Mina do pico 7 19 MG Itabirito Serra moeda sul 4 33 ES Ecoporanga Sítio Paraíso6 MG Itabirito Mina do pico 8 20 MG Santa Rita do Itueto Sete Salões 34 Ba Pau Brasil Milagrosa7 MG Itabirito Mina do pico 9 21 SP Santo Andre Quarto patamar 35 Ba Pau Brasil Califórnia8 MG Itabirito Mina do pico 10 22 SP Altinópolis Gruta do Paraná 36 Ba Santa Luzia Pedra do Sino9 MG Itabirito Mina do pico 11 23 MG Lima Duarte Gruta do pião 37 Ba Pau Brasil Pedra Suspensa10 MG Itabirito Mina do pico 12 24 MG Lima Duarte Gruta <strong>das</strong> bromélias 38 Ba Pau Brasil Toca dos morcegos11 MG Itabirito Mina do pico 13 25 MG Lima Duarte Gruta dos moreiras 39 Ba Santa Luzia Gruta Lapão12 MG Itabirito Mina do pico 14 26 MG Lima Duarte Gruta <strong>das</strong> Casas 40 ES Conceição <strong>de</strong> Castelo Gruta da Limoeiro13 MG Itabirito Mina do pico 15 27 CE Ubajara Gruta <strong>de</strong> Ubajara 41 ES Santa Tereza Gruta do Andre Huscki14 MG Itabirito Rola moça 33 28 RJ Lumiar Pedra Riscada38


Figura 3. Curva acumulativa <strong>de</strong> morfo-espécies <strong>de</strong> invertebrados encontra<strong>das</strong> em 91cavernas da Mata Atlântica Brasileira.39


Figura 4. Similarida<strong>de</strong> quantitativa geral <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados distribuí<strong>das</strong>em 91 cavernas da Mata Atlântica brasileira.40


Figura 5. Variações na diversida<strong>de</strong> e dominância nas <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebradosdistribuí<strong>das</strong> em 91 cavernas da Mata Atlântica brasileira.41


Relações da estrutura <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados e as variáveis abióticasA riqueza <strong>de</strong> invertebrados mostrou-se relacionada significativa e positivamentecom <strong>de</strong>senvolvimento linear <strong>das</strong> cavernas (R = 0,46, p > 0,01). A riqueza <strong>de</strong>invertebrados mostrou-se relacionada significativa e positivamente com numero <strong>de</strong>entra<strong>das</strong> <strong>de</strong> cavernas (R = 0,26, p > 0,01). A abundância <strong>de</strong> invertebrados mostrou-serelacionada significativa e negativamente com e a altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> cavernas(R = -0,25, p > 0,01). A riqueza <strong>de</strong> invertebrados mostrou-se relacionada significativa epositivamente com a estabilida<strong>de</strong> ambiental (IEA) nas cavernas (R = 0,41, p > 0,01). Adiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> invertebrados mostrou-se relacionada significativa e positivamente come a estabilida<strong>de</strong> ambiental (IEA) nas cavernas (R = 0,27, p > 0,01). A estabilida<strong>de</strong>ambiental mostrou-se relacionada significativa e positivamente com o <strong>de</strong>senvolvimentolinear <strong>das</strong> cavernas (R = 0,51, p > 0,01) (fig. 6). Cabe <strong>de</strong>stacar, entretanto, que emboraos valores acima citados sejam estatisticamente significativos, os valores <strong>de</strong> R sãobastante baixos para muitas <strong>das</strong> relações apresenta<strong>das</strong>. Desta forma, a força <strong>das</strong>relações é pequena, sendo que a significância dos testes provavelmente resultou <strong>de</strong> umnúmero muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> amostras. To<strong>das</strong> as <strong>de</strong>mais combinações entre as variáveistesta<strong>das</strong> não foram significativas.42


1201201001008080Riqueza60Riqueza604040202000 1 2 3 4 5 6 7Número <strong>de</strong> entra<strong>das</strong>4400 2 4 6 8 10 12 14Estabilida<strong>de</strong> ambiental120100Diversida<strong>de</strong>33221Riqueza8060402010 2 4 6 8 10 12 14Estabilida<strong>de</strong> ambiental1000000 200 400 600 800 1000 1200Desenvolvimento linear (m)14Abundância8000600040002000Estabilida<strong>de</strong> ambiental1210864200200400800 1200 1600600 1000 1400 1800Altitu<strong>de</strong> (m)00 200 400 600 800 1000 1200Desenvolvimento linear (m)Figura 6. Relação significativa e positiva entre a riqueza <strong>de</strong> invertebrados e o número <strong>de</strong>entra<strong>das</strong> <strong>de</strong> cavernas, entre a riqueza e diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> invertebrados e a estabilida<strong>de</strong>ambiental, entre a riqueza <strong>de</strong> invertebrados e a estabilida<strong>de</strong> ambiental com<strong>de</strong>senvolvimento linear <strong>de</strong> cavernas e relação negativa da abundância com a altitu<strong>de</strong> <strong>das</strong>cavernas na Mata Atlântica.43


DISCUSSÃOComposição, riqueza e distribuição dos taxaApesar <strong>de</strong> terem sido iniciados na década <strong>de</strong> 1980, os estudos <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong><strong>de</strong> invertebrados em cavernas da Mata Atlântica Brasileira ainda são incipientes. Talfato <strong>de</strong>ve-se principalmente à gran<strong>de</strong> extensão do bioma, que favorece a ocorrência <strong>de</strong>cavernas em áreas cársticas e pseudocársticas distantes. Além disso, merece menção agran<strong>de</strong> carência <strong>de</strong> pesquisadores brasileiros em biologia <strong>de</strong> cavernas. Para agravar asituação, os dados apresentados nos principais estudos não revelam parâmetrosecológicos <strong>de</strong> estruturação <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> tais como diversida<strong>de</strong>, abundância,dominância, similarida<strong>de</strong> etc (Dessen et al 1980, Trajano 1987, Trajano & Moreira1991, Gnaspini-Neto & Trajano 1994, Pinto-da-Rocha 1995, Trajano & Sanchez 1996,Trajano 2000, Sessegolo et al. 2001, Zeppelini Filho et. al 2003, Ferreira 2005). Assim,as comparações dos dados <strong>de</strong>stes trabalhos com o presente estudo restringem-se àcomposição, riqueza e distribuição <strong>de</strong> taxa.Principalmente ao nível <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns e famílias existem gran<strong>de</strong>s semelhanças dafauna <strong>de</strong> invertebrados observa<strong>das</strong> neste trabalho com a fauna apresentada pelosprincipais estudos bioespeleológicos na Mata Atlântica Brasileira (Dessen et al 1980,Trajano 1987, Gnaspini-Neto & Trajano 1994, Pinto-da-Rocha 1995, Gnaspini-Neto1989, Trajano 2000, Sessegolo et al. 2001, Zeppelini Filho et. al 2003, Ferreira 2004,Ferreira 2005).A diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrências <strong>de</strong> alguns taxa (Ctenid<strong>ae</strong>, Diplurid<strong>ae</strong>, Oonopid<strong>ae</strong>,Pholcid<strong>ae</strong>, Theridiid<strong>ae</strong>, Theridiosomatid<strong>ae</strong>, Formicid<strong>ae</strong>, Tineid<strong>ae</strong>, Noctuid<strong>ae</strong>,Reduviida, Phalangopsid<strong>ae</strong>, Staphylinid<strong>ae</strong>, Pselaphid<strong>ae</strong>, Tenebrionid<strong>ae</strong>, Cixid<strong>ae</strong>,Pseudonannolenid<strong>ae</strong>, Drosophilid<strong>ae</strong> e Tipulid<strong>ae</strong>, <strong>de</strong>ntre outros) po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se ao fato <strong>de</strong>organismos pertencentes a estes taxa apresentarem hábitos alimentares <strong>de</strong>tritívoros ou44


predadores generalistas, possibilitando encontrar alimento nestes ambientes comrecursos escassos e pouco diversificados. Além disso, tais taxa apresentam amplaocorrência epígea, o que favorece a colonização <strong>de</strong> espaços subterrâneos em <strong>de</strong>ferentesáreas.Apesar <strong>de</strong> ser uma conclusão precipitada em função do pouco conhecimento dafauna <strong>das</strong> cavernas, já na década <strong>de</strong> 80, a maioria dos taxa citados acima havia sidoreferidos como macroinvertebrados amplamente distribuídos em cavernas brasileiras etambém da Mata Atlântica (Dessen et al 1980, Trajano 1987, Trajano & Gnaspini-Neto1991, Pinto-da-Rocha 1994, Gnaspini-Neto & Trajano 1994).Gnaspini-Neto e Trajano (1994), entretanto, citam Psocoptera como poucocomuns em cavernas brasileiras, mas justificam que seu registro <strong>de</strong>verá ser ampliado àmedida que coletas cuidadosas forem feitas em todo o País. Neste caso, os própriosautores assumem, <strong>de</strong> antemão, a utilização <strong>de</strong> metodologias pouco criteriosas nostrabalhos historicamente realizados. Como já previamente mencionado, as metodologias<strong>de</strong> coleta emprega<strong>das</strong> em muitos <strong>de</strong>stes trabalhos não permitem a realização <strong>de</strong>avaliações confiáveis da fauna <strong>de</strong> invertebrados em cavernas. Neste caso, torna-seimpossível tirar conclusões efetivas sobre a riqueza, abundância, diversida<strong>de</strong> edistribuição dos invertebrados em cavernas da Mata Atlântica.A abundância <strong>das</strong> espécies nas cavernas foi avaliada por Dessen e colaboradores(1980) e Trajano & Gnaspini-Neto (1991) <strong>de</strong> forma relativa , ou seja, a partir <strong>de</strong>estimativas visuais que separam diferentes espécies em categorias <strong>de</strong> raros(um ououtro exemplar observado), pouco comuns(até cerca <strong>de</strong> 10 exemplares observados),comuns (<strong>de</strong>zenas a centenas <strong>de</strong> exemplares) ou muito comuns (milhares <strong>de</strong>exemplares estimados). Tais estimativas são impróprias para cálculos <strong>de</strong> diversi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> ecomparações com outros estudos. Ferreira & Horta (2001) também empregaram45


estimativas relativas <strong>de</strong> abundâncias populacionais na elaboração <strong>de</strong> um índice <strong>de</strong>complexida<strong>de</strong> para cavernas. Tendo em vista a ineficiência <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> metodologia,Ferreira (2004) apontou a impossibilida<strong>de</strong> do emprego <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> estimativagrosseira em análises ecológicas mais refina<strong>das</strong> e realistas que tenham como intenção<strong>de</strong>terminar <strong>de</strong> forma verossímil, a estrutura e dinâmica <strong>de</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> subterrâneas.Assim, estes dados poucos representativos po<strong>de</strong>m levar a muitas conclusões errônease/ou precipita<strong>das</strong>.Em um estudo preliminar da fauna cavernícola brasileira, Trajano (1987) assumecomo caráter <strong>de</strong> troglomorfismo para a or<strong>de</strong>m Poly<strong>de</strong>smida (Diplopoda), a<strong>de</strong>spigmentação cutânea e redução <strong>de</strong> olhos. No entanto, todos os organismos <strong>de</strong>staor<strong>de</strong>m são sabidamente anoftálmicos e não conseguiriam, assim, reduzir uma estruturaque não possuem (Hoffman et al 2002). Dessen e colaboradores (1980) referem-seerroneamente à or<strong>de</strong>m Scutigeromorpha como Symphyla. Trajano (1992) refere-seerroneamente à or<strong>de</strong>m Zygentoma: Nicoletiid<strong>ae</strong> (traça troglóbia existente na Toca daBoa Vista, Bahia) como Diplura: Campo<strong>de</strong>id<strong>ae</strong>. Ressalta-se que estes erros grosseiros<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação (e interpretação <strong>de</strong> troglomorfismos) po<strong>de</strong>m vir a causar gravesequívocos na interpretação da distribuição e/ou ocorrência <strong>de</strong>stes taxa, bem comopo<strong>de</strong>m vir a ser propagados por iniciantes incautos que <strong>de</strong>sconhecem a biologia <strong>de</strong>muitos grupos faunísticos encontrados em cavernas.Trajano e colaboradores (2000), ao realizarem uma sinopse dos Diplopodacavernícolas brasileiros, assumem que grupos como Polyxenida, Glomeri<strong>de</strong>smida,Siphonophorida, Polyzoniida, Dalo<strong>de</strong>smid<strong>ae</strong> (Poly<strong>de</strong>smida) e Spirobolida(Rhinocricid<strong>ae</strong>) po<strong>de</strong>riam não ocorrer em cavernas brasileiras. Entretanto, os taxasPolyxenida (3 morfo-espécies) e Spirobolida (Rhinocrid<strong>ae</strong> - 4 morfo-espécies ) foramencontrados em cavernas no estado do Espírito Santo e em cavernas no Sul da Bahia,46


on<strong>de</strong> a autora coletou intensamente (Trajano 2000). Ferreira (2004) relata a ocorrência<strong>de</strong> uma morfo-espécie <strong>de</strong> Polyxenida (Hypogexenid<strong>ae</strong>) com caracteres troglómórficosna Lapa Nova <strong>de</strong> Maquiné, Cordisburgo, MG. O mesmo autor releva a ocorrência <strong>de</strong>Rhinocricid<strong>ae</strong> (Spirobolida) em cavernas do Cerrado brasileiro (Ferreira 2004).Trajano (2000), precipitadamente, assume existir uma gran<strong>de</strong> similarida<strong>de</strong> dafauna <strong>das</strong> cavernas da Mata Atlântica com aquelas presentes nos <strong>de</strong>mais biomasbrasileiros (Caatinga, Cerrado e Amazônia), assumindo não existir uma fauna <strong>de</strong>invertebrados cavernícolas exclusiva da Mata Atlântica Brasileira. Entretanto, talafirmativa se refere principalmente a famílias <strong>de</strong> invertebrados.Tal comparação, no entanto, não proce<strong>de</strong>, pelo fato <strong>de</strong> muitas famílias <strong>de</strong>invertebrados em cavernas se distribuírem em amplas áreas geográficas ao longo domundo (Ferreira 2004). Outro fator a ser consi<strong>de</strong>rado é que o pequeno número <strong>de</strong>cavernas estuda<strong>das</strong> na Mata Atlântica ainda não fornece base para a realização segura<strong>de</strong> tais comparações. Além disto, outros biomas como a Caatinga e a Amazônia têm suafauna <strong>de</strong> invertebrados <strong>de</strong> cavernas pouquíssima conhecida (Trajano & Moreira 1991,Ferreira 2004, Jordão-Silva 2006).Um fato que merece <strong>de</strong>staque neste estudo é a alta riqueza <strong>de</strong> formigas nascavernas amostra<strong>das</strong>. Muitas <strong>das</strong> espécies encontra<strong>das</strong> caracterizam-se claramente comopartes <strong>de</strong> colônias estabeleci<strong>das</strong> nas cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> ou nas proximi<strong>da<strong>de</strong>s</strong>. Formigasassociam-se a diversos sistemas cavernícolas brasileiros (Pinto-da-Rocha, 1995).No Brasil existe somente um estudo sobre relações tróficas <strong>de</strong> invertebrados emlixeiras <strong>de</strong> formigueiros <strong>de</strong>posita<strong>das</strong> no ambiente <strong>de</strong> cavernas (Ferreira 2000).Entretanto, em outros países, muitas formigas atuam como espécies exóticas nascavernas, predando outras espécies <strong>de</strong> invertebrados e/ou exaurindo recursosalimentares (Elliott 1981, Elliott 1988, Elliott 2000). Colônias <strong>de</strong> formigas são47


constituí<strong>das</strong> em geral, por centenas a milhares <strong>de</strong> indivíduos. Assim, a exaustão dorecurso orgânico ten<strong>de</strong> a ser rápida em cavernas on<strong>de</strong> se estabelecem tais organismos.Além disso, Ferreira (2005) já alerta para o potencial impacto <strong>de</strong> algumas espécies <strong>de</strong>stafamília sobre os ecossistemas cavernícolas ferruginosos em algumas áreas.Os maiores valores <strong>de</strong> riqueza <strong>de</strong> invertebrados observados nas cavernasavalia<strong>das</strong> neste estudo quando comparados àqueles encontrados em outros trabalhos(para mesmas cavernas ou em cavernas distintas <strong>de</strong> mesma extensão) era esperado,tendo em vista as discordâncias metodológicas (Trajano 1987, Gnaspini-Neto & Trajano1994, Pinto-da-Rocha 1995, Trajano 2000, Sessegolo et al. 2001, Zeppelini Filho et. al2003).O presente estudo, como já mencionado, apresenta 1.938 taxa distribuídos em103 cavernas. Em quatro cavernas calcárias avalia<strong>das</strong> por Trajano (2000) na provínciacalcária do Rio Pardo (Bahia), em duas campanhas (julho e setembro <strong>de</strong> 1997) omáximo <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> invertebrados coleta<strong>das</strong> foi <strong>de</strong> 32 espécies para a grutaCalifórnia. Neste trabalho, foram registra<strong>das</strong>, em uma única coleta na mesma cavida<strong>de</strong>,65 espécies <strong>de</strong> invertebrados. O número máximo <strong>de</strong> espécies encontra<strong>das</strong> neste trabalhoem cavernas <strong>de</strong>sta região correspon<strong>de</strong> a 107 espécies <strong>de</strong> invertebrados, coleta<strong>das</strong> em500 m da caverna Lapão <strong>de</strong> Santa Luzia (BA) em uma única visita. Além disto, Trajano(2000) coletou, na Província do Rio Pardo, apenas três espécies com caracterestroglomórficos, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> outras quinze que foram <strong>de</strong>scobertas na mesma áreadurante a realização <strong>de</strong>ste trabalho.Uma vez que Trajano (2000) encontrou um reduzido número <strong>de</strong> espéciestroglomórficas em seu estudo, a autora acabou atribuindo, erroneamente, uma baixadiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies troglomórficas a esta área, reduzindo sua importância emrelação a outras áreas cársticas brasileiras. Do ponto <strong>de</strong> vista da conservação, tais48


equívocos po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>sastrosos, já que se eleva exageradamente a importância <strong>de</strong>certas áreas, em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outras, consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> <strong>de</strong> baixa relevância em função <strong>de</strong>inventários ineficientes.Houve uma gran<strong>de</strong> variação em relação ao número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> invertebradoscoletados nas diferentes cavernas <strong>de</strong>ste estudo. Tal variação é comum mesmo emcavernas e geralmente está relacionado à extensão linear <strong>das</strong> cavernas e/ou àdisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos alimentares para os invertebrados (Ferreira 2004). Exemplos<strong>de</strong>stas variações foram evi<strong>de</strong>nciados por Ferreira (2004) em 107 cavernas calcárias,on<strong>de</strong> o número <strong>de</strong> espécies variou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 9 até 270 spp. Também em 11 cavernasferruginosas, as riquezas variaram <strong>de</strong> 24 até 69 espécies (Ferreira 2005). Entretanto,quando é comparada a fauna <strong>de</strong> cavernas ferruginosas com a encontrada em cavernas <strong>de</strong>outras litologias <strong>de</strong> mesma extensão (principalmente o calcário), percebe-se quedificilmente encontraríamos tantas espécies como nas cavernas ferruginosas (Ferreira2005).Distribuição <strong>das</strong> espécies troglomórficasAs cavernas da Mata Atlântica possuem uma elevada riqueza <strong>de</strong> espéciestroglomórficas, com 183 espécies presentes em 141 <strong>das</strong> quase 289 cavernas (0,6spp/caverna), <strong>das</strong> quais se <strong>de</strong>stacam os invertebrados (97,7% do total). Entretanto, estafauna não é a mais rica, quando comparada à presente em cavernas <strong>de</strong> regiõestempera<strong>das</strong> (Mitchell 1969). Como exemplos, Clarke (1997) relatou a presença <strong>de</strong> 643espécies <strong>de</strong> invertebrados troglóbios em 492 cavernas calcárias da Tasmânia (1,3spp/caverna), Peck (1992) relatou a presença <strong>de</strong> 250 espécies em 54 cavernas doAlabama, EUA (4,6 spp/caverna) e Sharratt e colaboradores (2000) relataram aocorrência <strong>de</strong> 85 espécies troglóbias em 80 cavernas quartzíticas localiza<strong>das</strong> no sul daÁfrica (1,06 spp/caverna). Na França, Juberthie & Ginet (1994) relatam 639 espécies49


troglóbias em 911 cavernas (0,7 spp/caverna). No Brasil, Ferreira (2004) relata aocorrência <strong>de</strong> 43 espécies troglomórficas em 113 cavernas no bioma cerrado (0,4spp/caverna). Entretanto, <strong>de</strong>vemos consi<strong>de</strong>rar que a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> espécies troglóbiasem regiões tropicais é dificultada pelo fato da fauna epígea <strong>de</strong> invertebrados serpraticamente <strong>de</strong>sconhecida. Assim, troglóbios recentes que não apresentammodificações morfológicas (como anoftalmia, <strong>de</strong>spigmentação e alongamento <strong>de</strong>apêndices) dificilmente serão i<strong>de</strong>ntificados por não se ter certeza da sua exclusivida<strong>de</strong>no meio subterrâneo (Andra<strong>de</strong> 2003).As espécies troglomórficas da Mata Atlântica não se distribuem <strong>de</strong> maneirahomogênea (tab. 1, fig. 2). Existe uma alta proporção <strong>de</strong> troglóbios em cavernasferruginosas (68 spp), cavernas calcárias no Sul <strong>de</strong> São Paulo (62 spp), cavernascalcárias no Sul da Bahia (18 spp), cavernas calcárias na Chapada Diamantina (09 spp),Cavernas calcárias na PARNA Peruaçu (10 spp), cavernas calcárias da Serra doRamalho (07 spp) e cavernas quartzíticas na região montanhosa do Parque Estadual <strong>de</strong>Ibitipoca, Minas Gerais (9 spp). A maioria <strong>de</strong>stas áreas teve pouquíssimas cavernasamostra<strong>das</strong>, talvez à exceção dos carbonatos do sul <strong>de</strong> São Paulo e Nor<strong>de</strong>ste do Paraná.Culver & Sket (2000), <strong>de</strong>finem arbitrariamente como hotspots <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>, locaiscom 20 ou mais espécies <strong>de</strong> troglóbios. Seguindo estes autores e consi<strong>de</strong>rando querestam muitas cavernas a serem inventaria<strong>das</strong> nestes locais, as áreas acima po<strong>de</strong>m serconsi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> centros <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismos subterrâneos (Picker & Samways 1996). Existeuma gran<strong>de</strong> importância na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> hotspots <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismos em escalasregionais pelo fato <strong>de</strong> facilitarem ações <strong>de</strong> conservação (Picker & Samways 1996,Meyrs et al 2000).Existe um consenso geral <strong>de</strong> que a diferenciação <strong>das</strong> populações cavernícolas,especialmente em relação ao acúmulo <strong>de</strong> características troglomórficas, só po<strong>de</strong> ocorrer50


quando não há troca <strong>de</strong> genes com populações epígeas. Provavelmente, as causas maiscomuns <strong>de</strong> isolamento <strong>de</strong> populações hipógeas são as mudanças climáticas ougeológicas externas (Culver 1982, Barr 1985, Gnaspini-Neto 1999, Trajano 2007).Geralmente as mudanças climáticas provocam alterações no ambiente epígeo queimpe<strong>de</strong>m a persistência <strong>de</strong> muitas espécies nos arredores <strong>das</strong> cavernas afeta<strong>das</strong> (Trajano2007).Para invertebrados troglóbios terrestres em cavernas localiza<strong>das</strong> nas regiõestempera<strong>das</strong> existe o consenso geral <strong>de</strong> que os seus ancestrais imediatos seriamorganismos da serrapilheira <strong>de</strong> florestas que invadiram cavernas e foram isoladosdurante os eventos interglaciais do Pleistoceno (Mitchell 1969, Barr, 1985, Culver1982).No Brasil, estas mudanças climáticas (reduções na temperatura e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>chuvas) durante o pleistoceno (210 mil anos atrás) também são utiliza<strong>das</strong> comopreditores do isolamento <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> invertebrados terrestres em cavernas (Wanget al 2004, Cruz jr. et al 2005, Trajano 2007). Para a região Nor<strong>de</strong>ste do Brasil foramregistrados nove períodos secos nos últimos 210 mil anos, intercalados por curtosperíodos úmidos (20 mil anos) (Wang et al 2004). Assim, no pleistoceno superior,houve um extenso período repleto <strong>de</strong> episódios favoráveis ao isolamento <strong>de</strong> populaçõeshipógeas estabeleci<strong>das</strong> em cavernas do Nor<strong>de</strong>ste do Brasil (Wang et al 2004, Trajano2007). Entretanto, para a região su<strong>de</strong>ste do Brasil, as variações climáticas não foram tãofreqüentes. Nesta região os períodos secos foram mais curtos e ocorreram nos últimos116 mil anos (Cruz Jr. et al 2005, Trajano 2007).Para cavernas ferruginosas localiza<strong>das</strong> próximas a Belo Horizonte, MG, Ferreira(2006), discute que os aspectos principais que <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados na evolução <strong>de</strong>troglóbios terrestres são a superficialida<strong>de</strong> <strong>das</strong> cavernas, a severida<strong>de</strong> ambiental dos51


habitats externos em função da altitu<strong>de</strong> (1300m) e a existência <strong>de</strong> uma enorme re<strong>de</strong> <strong>de</strong>canalículos na canga.A superficialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitas cavernas ferruginosas contribui para a evolução <strong>de</strong>grupos troglomórficos pela facilida<strong>de</strong> na colonização por organismos provenientes <strong>de</strong>microhabitats externos por outras vias que não a entrada principal (da macrocaverna).Neste caso, <strong>de</strong>stacam-se também os canalículos presentes na canga, muitos dos quaisabertos para a superfície e que acabam por se tornarem importantes acessos queintensificam a colonização. Além disso, tal superficialida<strong>de</strong> também contribui para oacesso <strong>de</strong> raízes <strong>de</strong> plantas da vegetação externa que atingem amplos espaçossubterrâneos, e funcionam como recurso trófico para várias espécies <strong>de</strong> invertebrados(Ferreira 2005). Desta forma, a superficialida<strong>de</strong> <strong>das</strong> cavernas ferruginosas doquadrilátero ferrífero contribui tanto para a colonização por invertebrados quanto para amanutenção <strong>de</strong> suas populações pela contínua produtivida<strong>de</strong> via crescimento radicular.A severida<strong>de</strong> dos ambientes epígeos existentes sobre muitas <strong>de</strong>stas cavernas contribuipara a colonização ativa dos ambientes subterrâneos.Em cavernas associa<strong>das</strong> a sistemas externos menos severos (como florestas), acolonização <strong>de</strong> muitos grupos po<strong>de</strong> ocorrer aci<strong>de</strong>ntalmente. Além disso, a procura peloshabitats subterrâneos ten<strong>de</strong> a ser menor, tendo em vista a qualida<strong>de</strong> ambiental dosistema externo (Ferreira 2006). Gran<strong>de</strong> parte <strong>das</strong> cavernas ferruginosas associa-se a umsistema externo climaticamente severo (em função da altitu<strong>de</strong> elevada e crostaferruginosa exposta, com extensas áreas <strong>de</strong>sprovi<strong>das</strong> <strong>de</strong> manto <strong>de</strong> intemperismo) queexperimenta gran<strong>de</strong>s variações <strong>de</strong> temperatura e umida<strong>de</strong> (Ferreira 2005 e 2006).As formações vegetais mais abertas, além <strong>de</strong> se caracterizarem como sistemas <strong>de</strong>baixa produtivida<strong>de</strong>, permitem uma elevada exposição solar direta junto ao solo. Taiscaracterísticas levam muitas espécies a possuírem hábitos noturnos e conseqüentemente52


se abrigarem, durante o dia, em microhabitas, como espaços sob rochas (Ferreira &Souza-Silva 2001). Muitos <strong>de</strong>stes espaços são conectados a canalículos, o que favoreceo acesso a habitats mais estáveis, levando a procura por sistemas subterrâneos. Aliadoa este fato está a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manutenção trófica do sistema subterrâneo (viacrescimento radicular), o que po<strong>de</strong> atrair ainda mais espécies para estes compartimentos(Ferreira 2006).Finalmente, a extensa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> canalículos certamente contribui para oestabelecimento <strong>de</strong> populações nos sistemas subterrâneos ferruginosos (Ferreira 2005).Embora as macrocavernas possuam extensões em geral reduzi<strong>das</strong>, o habitat <strong>de</strong> muitasespécies <strong>de</strong> invertebrados se esten<strong>de</strong> muito além dos limites <strong>das</strong> macrocavernas. Tal fatoé confirmado por espécies troglomórficas terrestres que foram encontra<strong>das</strong> em cavernassitua<strong>das</strong> a distâncias consi<strong>de</strong>ráveis (cerca <strong>de</strong> 30 km), o que vem a <strong>de</strong>monstrar o grau <strong>de</strong>conectivida<strong>de</strong> subterrânea <strong>de</strong>stes sistemas.Similar aos sistemas ferruginosos, uma rica fauna subterrânea em cavernasvulcânicas superficiais (tubos <strong>de</strong> lava) também se distribuem ao longo <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong>canais formados por pequenos espaços e repletos <strong>de</strong> raízes da vegetação epígea(Juberthie et al 1980; Medina & Oromi 1990; Hoch. & Asche 1993, Ashmole, 1994,Andreas et al 2006).Cavernas localiza<strong>das</strong> em regiões tropicais têm sido amplamente consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong>como ambientes pobres em espécies troglóbias (Mitchell 1969, Culver 1982, Barr1985). Entretanto, estudos realizados em tubos <strong>de</strong> lava, cavernas calcárias e cavernasferruginosas em regiões tropicais têm mudado este cenário (Howarth 1972, 1986,Ferreira 2005, 2006). Muitas regiões tropicais, como Brasil, Austrália, México, Jamaica,Havaí e Galápagos, têm se mostrado ricas em espécies troglóbias. Tal fato contraria ahipótese amplamente aceita <strong>de</strong> que a restrição <strong>de</strong> uma espécie ao ambiente <strong>de</strong> cavernas53


acontece somente pela extinção <strong>de</strong> suas populações <strong>de</strong> superfície em conseqüência <strong>de</strong>mudanças climáticas severas ou geológicas (Barr 1968, Mitchell 1969, Culver 1982,Barr 1985).Sem invalidar a hipótese <strong>de</strong> relictos climáticos, Howarth (1972) discute em umestudo <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> fauna troglóbia em tubos <strong>de</strong> lava, que a colonização <strong>de</strong>stascavernas seria conseqüência <strong>de</strong> uma mudança adaptativa (adaptive shift). Comoexemplo, a introgressão no meio subterrâneo <strong>de</strong> espécie atraída por um recursoalimentar disponível e não utilizado por outras espécies, ao invés <strong>de</strong> uma reação àscondições <strong>de</strong>sfavoráveis do ambiente epígeo . De acordo com esta hipótese, espéciestroglóbias terrestres po<strong>de</strong>m ocorrer em regiões tropicais on<strong>de</strong> ocorrem cavernasextensas e com condições estáveis <strong>de</strong> suprimento <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> e recursos alimentaresdisponíveis à colonização por um longo tempo (Howarth 1980). A hipótese <strong>de</strong> mudançaadaptativa para evolução <strong>de</strong> taxa especializados a tubos <strong>de</strong> lava tropicais baseou-se nadistribuição <strong>de</strong> espécies troglóbias fitófagas (Homoptera: Cixiid<strong>ae</strong>) que se encontramdistribuí<strong>das</strong> <strong>de</strong> forma parapátrica com seus ancestrais epígeos (Andreas et al 2006).Merece atenção também, a importância da altitu<strong>de</strong> como <strong>de</strong>terminante d<strong>ae</strong>volução <strong>de</strong> grupos relictos (Picker & Samways 1996, Ferreira 2006). Cavernasassocia<strong>das</strong> a altitu<strong>de</strong>s eleva<strong>das</strong> ocorrem em local cuja adversida<strong>de</strong> externa é ainda maisintensa, <strong>de</strong>vido às maiores amplitu<strong>de</strong>s térmica e ventos mais intensos que em locais comaltitu<strong>de</strong>s menores. Tal fato é perceptível ao se observar que em cavernas ferruginosassitua<strong>das</strong> em maiores altitu<strong>de</strong>s, concentra-se uma maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espéciestroglomórficas (Ferreira 2006).A severida<strong>de</strong> ambiental epígea provocada pela altitu<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser um fatorexplicativo para o isolamento e diferenciação <strong>de</strong> muitas espécies <strong>de</strong> invertebrados em54


cavernas quartzíticas nas montanhas do Parque Estadual do Ibitipoca, em Minas Gerais(1700m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>) (tab 1, fig 2).A elevada riqueza <strong>de</strong> troglóbios registrados para o carste do Sul <strong>de</strong> São Paulo eNor<strong>de</strong>ste do Paraná po<strong>de</strong> ser provavelmente um efeito do gran<strong>de</strong> esforço amostral nascavernas <strong>de</strong>sta região, em comparação a outras regiões do país. Assim, à medida queoutras áreas cársticas brasileiras forem intensivamente amostra<strong>das</strong> novos centros <strong>de</strong>en<strong>de</strong>mismos serão <strong>de</strong>scritos (e.g. cavernas da caatinga, R. L. Ferreira 2008 com.pessoal).Estimativas <strong>de</strong> riqueza, diversida<strong>de</strong>, dominância e similarida<strong>de</strong>O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> curva acumulativa <strong>de</strong> espécies, as variações na diversida<strong>de</strong> e nadominância e a baixa similarida<strong>de</strong> entre as cavernas constituíram circunstâncias jáespera<strong>das</strong>, uma vez que se optou por trabalhar com coletas únicas em cavernasespacialmente disjuntas e em distintas litologias, ao invés <strong>de</strong> se trabalharexaustivamente com várias cavernas <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada área. Desta forma,esten<strong>de</strong>ndo-se os inventários às <strong>de</strong>mais cavernas existentes em cada uma <strong>das</strong> áreasinspeciona<strong>das</strong> neste trabalho, po<strong>de</strong>-se alcançar o valor obtido no estimador <strong>de</strong> riqueza.O efeito <strong>de</strong> alta dominância <strong>de</strong> espécies em algumas <strong>das</strong> cavernas amostra<strong>das</strong>po<strong>de</strong> se <strong>de</strong>ver à influência direta <strong>das</strong> condições tróficas nas cavernas. Em cavernas comuma gran<strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> guano, <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> recurso-espaço-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes po<strong>de</strong>mter algumas espécies muitos abundantes e conseqüentemente promover uma redução nosvalores <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> e aumento nos valores <strong>de</strong> dominância (e.g. Acari, Collembola,Ensifera, Dictyoptera, larvas <strong>de</strong> Coleoptera e Lepidoptera).A presença <strong>de</strong> algumas alterações antrópicas em cavernas po<strong>de</strong> provavelmenteafetar também a relação <strong>de</strong> dominância, uma vez que favorece espécies comcaracterísticas invasoras e/ou tolerantes a impactos. Tal fato é perceptível55


principalmente em cavernas altera<strong>das</strong> por impactos que causam enriquecimento trófico.Nestes casos, observa-se, às vezes, uma completa substituição dos taxa que se esperari<strong>ae</strong>ncontrar, caso a cavernas estivesse preservada. Como exemplo, po<strong>de</strong>-se citar a grutaPonte <strong>de</strong> Pedra, situada em Ouro Preto (Minas Gerais) que recebe esgoto da cida<strong>de</strong> etem sua <strong>comuni</strong>da<strong>de</strong> <strong>de</strong> invertebrados aquáticos dominada por espécies tolerantes (e.gOligoch<strong>ae</strong>ta, larvas <strong>de</strong> Chironomid<strong>ae</strong>, etc).Relações da estrutura <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados e o <strong>de</strong>senvolvimento línear,número <strong>de</strong> entra<strong>das</strong>, posição geográfica, altitu<strong>de</strong> e estabilida<strong>de</strong> ambientalO efeito <strong>das</strong> entra<strong>das</strong> <strong>de</strong> cavernas sobre as <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados já foiamplamente citado na literatura (Culver & Poulson 1970, Peck 1976, Gibert 1997,Ferreira & Pompeu 1997, Prous et al 2004).Segundo Prous e colaboradores (2004), as entra<strong>das</strong> <strong>das</strong> cavernas são locais quepermitem a presença <strong>de</strong> espécies comuns aos ambientes hipógeos e epígeos adjacentes(ecótones) sendo que algumas <strong>de</strong>stas espécies po<strong>de</strong>m ser exclusivas <strong>de</strong> entra<strong>das</strong>. Assim,alguns autores sustentam o pressuposto <strong>de</strong> que esta zona po<strong>de</strong> vir a ser mais diversa queos ambientes epígeos e hipógeos (Gibert 1997, Prous et al. 2004). Deste modo, cavernascom muitas entra<strong>das</strong> <strong>de</strong>vem possuir mais espécies do que aquelas com poucas entra<strong>das</strong>.Segundo Ferreira (2004) a relação <strong>de</strong> aumento da riqueza com o aumento donúmero <strong>de</strong> entra<strong>das</strong>, <strong>de</strong>ve-se provavelmente à facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> colonização que estesambientes oferecem. Cavernas com muitas entra<strong>das</strong> têm mais interfaces <strong>de</strong> contato comos ambientes epígeos circundantes, favorecendo a instalação <strong>de</strong> ricas <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> par<strong>ae</strong>pígeas.Além disso, Ferreira (2004) sugere que cavernas com entra<strong>das</strong> maiores e maisnumerosas possivelmente são capazes <strong>de</strong> receber uma maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> materiaisorgânicos provenientes do meio epígeo circundante.56


A relação <strong>de</strong> aumento da riqueza com o aumento da projeção linear <strong>das</strong> cavernasestá provavelmente relacionada a um aumento na disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espaço, queconseqüentemente, po<strong>de</strong> disponibilizar mais microhabitats para a fauna (Ferreira 2004,Christman & Culver 2001). Cavernas maiores ten<strong>de</strong>m a ser geomorfologicamente maisheterogêneas, o que provavelmente resulta em aumento da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> microhabitats(Ferreira 2004). Apesar <strong>de</strong> não se evi<strong>de</strong>nciar uma relação linear positiva, é bemperceptível, em alguns casos, que cavernas maiores po<strong>de</strong>m também estocar uma amplaquantida<strong>de</strong> e varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos alimentares para invertebrados (Ferreira 2004).Comuni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> morcegos são mais ricas e abundantes em cavernas maiores,promovendo gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> guano (Brunet & Me<strong>de</strong>lin 2001). Gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>pósitos<strong>de</strong> guano po<strong>de</strong>m proporcionar alimento e microhabitats para um maior número <strong>de</strong>espécies <strong>de</strong> invertebrados (Ferreira et al 2007). Assim, o aumento do tamanho <strong>das</strong>cavernas permite que mais morcegos possam colonizá-las (Brunet & Me<strong>de</strong>lin 2001),aumentando a produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> guano. A produtivida<strong>de</strong> em ambientes <strong>de</strong> cavernas é umpreditor <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> riqueza em <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados (Culver et al 2006).O efeito <strong>de</strong> redução na riqueza e abundância da fauna com o aumento da altitu<strong>de</strong>já é citado na literatura, mas somente para ambientes epígeos (Gaston 2000). Os fatoresexplicativos <strong>das</strong> reduções com o aumento da altitu<strong>de</strong> seriam a redução na produtivida<strong>de</strong>,o aumento na umida<strong>de</strong> e a redução <strong>de</strong> temperatura (Gaston 2000) Assim, o aumento daaltitu<strong>de</strong> po<strong>de</strong> provavelmente levar a uma redução na abundância dos invertebrados <strong>de</strong>cavernas pelo fato <strong>de</strong> que provavelmente exista uma redução na importação <strong>de</strong> recursospara as cavernas em conseqüência da baixa produtivida<strong>de</strong> externa em locais elevados.As relações positivas <strong>de</strong> aumento da riqueza e diversida<strong>de</strong> com estabilida<strong>de</strong>ambiental em cavernas po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ver-se provavelmente ao efeito indireto <strong>de</strong> aumento da57


estabilida<strong>de</strong> ambiental com o aumento do tamanho <strong>das</strong> cavernas. Cavernas maiores sãomais ricas e mais estáveis.As <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> associa<strong>das</strong> às cavernas possuem, em geral, muitas espécies <strong>de</strong>invertebrados ombrófilos, ou seja, necessitam <strong>de</strong> condições mais instáveis <strong>de</strong>sombreamento e umida<strong>de</strong> (e.g. Ensifera, Diplopoda, Opilionida, Uropygi). Além disto,em áreas on<strong>de</strong> o <strong>de</strong>smatamento do meio externo é mais marcante e não ocorrem outrosabrigos, cavernas po<strong>de</strong>riam funcionar como refúgios para muitos invertebrados.As cavernas presentes na Mata Atlântica apresentam, <strong>de</strong> forma geral, um<strong>ae</strong>levada diversida<strong>de</strong>, muitas espécies endêmicas e baixos valores <strong>de</strong> similarida<strong>de</strong> geralda fauna <strong>de</strong> invertebrados. Tal fato se <strong>de</strong>ve provavelmente às condições ecológicasheterogêneas <strong>de</strong>stes sistemas, principalmente em termos <strong>de</strong> estrutura trófica,en<strong>de</strong>mismos e litologias (cavernas inseri<strong>das</strong> em rochas que diferem em disponibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> microhabitats). Entretanto, ainda é muito cedo para observar padrões na distribuiçãoe diversida<strong>de</strong> da fauna, uma vez que a maioria dos estudos históricos são poucorepresentativos, as listas gera<strong>das</strong> ainda estão ao nível taxonômico <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns e famílias eo número <strong>de</strong> cavernas estuda<strong>das</strong> é pequeno. Tal situação justifica estudos emergenciaise <strong>de</strong>talhados no maior número possível <strong>de</strong> cavernas na Mata Atlântica a fim <strong>de</strong> seevi<strong>de</strong>nciar cavernas e regiões <strong>de</strong> elevada biodiversida<strong>de</strong> e en<strong>de</strong>mismos, para que asmesmas possam ser conserva<strong>das</strong>.58


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASAndra<strong>de</strong> R. 2003. Conservação do ecossistema cavernícola. Quebra Corpo, 11:4-5,Boletim informativo do grupo Pierre Martin <strong>de</strong> espeleologia, www.gpme.org.brAshmole, N.P. (1994) Colonization of the un<strong>de</strong>rground environment in volcanic islands.Memoires <strong>de</strong> Bioespéologie, 20, 1-11.Baptista, R. L. C. & A. P. <strong>de</strong> L. Giupponi. 2002. A new troglomorphic Charinus fromBrazil (Arachnida: Amblypygi: Charinid<strong>ae</strong>) Revista Ibérica <strong>de</strong> Aracnología, 31(6):105 110.Baptista, R. L. C. & a. P. De L. Giupponi. 2003. A new troglomorphic Charinus fromMinas Gerais State, Brazil (Arachnida: Amblypygi: Charinid<strong>ae</strong>). Revista Ibérica <strong>de</strong>Aracnología, 30( 7): 79 84.Barr T.C. 1968. Cave ecology and the evolution of troglobites, Evolutionary Biology,2: 35-102.Barr, T.C & Holsinger J. R.1985. Speciation in cave faunas. Annual Review ofEcology and Systematics 16: 313 317Bichuette M. E & E. Trajano 2003. A population study of epigean and subterraneanPotamolithus snails from southeast Brazil (Mollusca: Gastropoda: Hydrobiid<strong>ae</strong>),Hydrobiologia 505: 107 117,Bichuette M. E & E. Trajano. 2005. A new cave species of Rhamdia (siluriformes:heptapterid<strong>ae</strong>) from Serra do Ramalho, Northeastern Brazil, with notes on ecologyand behavior, Neotropical Ichthyology, 3(4):587-595.Bichuette, M. E. & Santos, F. H. S. 1998. Levantamento e dados ecológicos da fauna <strong>de</strong>invertebrados da gruta dos Paiva, Iporanga, SP. O Carste, 10(1): 14-19.Brunet A. K. & R. A. Me<strong>de</strong>lin 2001. The species-area relationship in bat assemblages oftropical caves. Journal of Mammology; 82(4):1114-1122.Camacho, A.I. (1992). A classification of the aquatic and terrestrial subterraneanenvironments and their associated fauna. In A.I. Camacho (ed.), The NaturalHistory of Biospeleology. Museo Nacional <strong>de</strong> Ciencias Naturales, Madrid, Spain:57-103.Chaimowicz, F. 1984. Levantamento bioespeleológico em algumas grutas <strong>de</strong> MinasGerais. Espeleo-tema, 14: 97-107.Chaimowicz, F. 1986. Observações preliminares sobre o ecossistema da gruta Olhosd Água, Itacarambi, MG. Espeleo-tema, 15: 65-77.Christman, M. C. & D. C. Culver. 2001. The relationship between cave biodiversity andavailable habitat. Journal of Biogeography 3( 28):367-380.Clarke A 1988. The biology of caves in southern Tasmania. Journal of the TasmanianCave and Karst Research Group 3: 18 29Colwell Robert K. and Jonathan A. Coddington. 1994. Estimating TerrestrialBiodiversity through Extrapolation. Philosophical Transactions: BiologicalSciences, 1311(345): 101-118Costa-Lima A. & Costa-Leite I. 1953. Um novo grilo cavernícola (Orthoptera,Gryllid<strong>ae</strong>, Phalangopsid<strong>ae</strong>). Annais da Aca<strong>de</strong>mia. Brasileira <strong>de</strong> Ciências,25(2):167-170Costa-Lima A. 1932. Sobre os Phlebotomos americanos. Memórias do InstitutoOswaldo Cruz, 26(1): 15-76.Cruz Jr., F. W., Burns, S. J., Karmann, I., Sharp, W. D., Vuille, M., Cardoso, A. O.,Ferrari, J. A., Dias, P. L. S. & O. Viana Jr., 2005: Insolation-friven changes inatmospheric circulation over the past 116,000 years in subtropical Brazil. Nature,434, 63-66,59


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CAPITULO IIA ROCHA-MATRIZ COMO DETERMINANTENA ESTRUTURA DAS COMUNIDADES EMCAVERNAS DA MATA ATLÂNTICAMarconi Souza Silva 1 ,Rodrigo Lopes Ferreira 2 & Rogério Parentoni Martins 11-Laboratório <strong>de</strong> Ecologia e Comportamento <strong>de</strong> Insetos, Departamento <strong>de</strong> Biologia Geral,Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.silvamar@icb.ufmg.br2-Departamento <strong>de</strong> Biologia/Setor <strong>de</strong> Zoologia Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Lavras.CP.3037, 37200-000 Lavras, MG, Brasil. drops@ufla.br64


Resumo - No Brasil, somente cavernas calcárias e algumas poucas cavernas em arenito,canga ferruginosa e granito tiveram suas <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados avalia<strong>das</strong>.Assim, o presente estudo objetivou promover uma análise comparativa da estrutura <strong>das</strong><strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados em cavernas inseri<strong>das</strong> em rochas carbonáticas,magmáticas, siliciclásticas e ferruginosas. Diferenças significativas nas riquezasrelativas foram observa<strong>das</strong> comparando-se pares <strong>de</strong> cavernas, a saber: cavernassiliciclásticas e carbonáticas, ferruginosas e siliciclásticas, magmáticas e siliciclásticas emagmáticas e ferruginosas. Diferenças significativas entre as abundâncias relativasforam observa<strong>das</strong> entre cavernas ferruginosas e siliciclásticas, e magmáticas esiliciclásticas. A riqueza <strong>de</strong> espécies troglomórficas foi significativamente diferentecomparando-se cavernas carbonáticas e ferruginosas, carbonáticas e magmáticas,ferruginosas e magmáticas, ferruginosas e siliciclásticas. As cavernas ferruginosasapresentaram a menor similarida<strong>de</strong> com as <strong>de</strong>mais e a maior riqueza <strong>de</strong> espéciestroglomórficas. A riqueza total <strong>de</strong> invertebrados relacionou-se significativa epositivamente com a extensão da caverna nas cavernas siliciclásticas (R = 0,52, p =0,02), carbonáticas (R = 0,51, p = 0,01) e ferruginosas (r 2 = R = 0,67, p = 0,00). Ariqueza relativa <strong>de</strong> invertebrados relacionou-se significativa e positivamente com alatitu<strong>de</strong> em cavernas ferruginosas (R = 0,54, p = 0,02). A riqueza relativa <strong>de</strong>invertebrados relacionou-se significativa e positivamente com a variação da altitu<strong>de</strong> emcavernas silisiclásticas (R = 0,28, p = 0,01). A diversida<strong>de</strong> relativa <strong>de</strong> invertebradosrelacionou-se significativa e positivamente com a variação da altitu<strong>de</strong> em cavernassiliciclásticas (R = 0,34, p = 0,00). A riqueza total <strong>de</strong> invertebrados relacionou-sesignificativa e positivamente com a estabilida<strong>de</strong> ambiental em cavernas siliciclásticas (R= 0,56, p = 0,00). A abundância total <strong>de</strong> invertebrados relacionou-se significativa epositivamente com a estabilida<strong>de</strong> ambiental em cavernas carbonáticas (R = 0,17, p =0,45). Para cavernas carbonáticas houve diferenças significativas na riqueza relativa(mata secundária vs. restinga, pastagem vs. restinga), abundância relativa (matasecundária vs. restinga, pastagem vs. restinga e diversida<strong>de</strong> relativa (mata secundária vs.restinga, pastagem vs. restinga). Houve diferenças significativas em função da presençacorpos <strong>de</strong> água entre cavernas carbonáticas na riqueza relativa (maré vs. riacho perene,maré vs. caverna seca) e abundância relativa (maré vs. caverna seca). A litologia na qualas cavernas estão inseri<strong>das</strong> <strong>de</strong>termina claras diferenças na riqueza, abundância, ediversida<strong>de</strong> <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados. Cavernas ferruginosas revelam<strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados com uma elevada riqueza, e uma composição <strong>de</strong> faunadistinta <strong>das</strong> <strong>de</strong>mais litologias. O <strong>de</strong>senvolvimento linear <strong>das</strong> cavernas em diferenteslitologias impõe diferenças na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies encontra<strong>das</strong>. Desta forma, aoserem criados atributos <strong>de</strong> valoração, o tamanho <strong>das</strong> cavernas <strong>de</strong>ve sempre virrelacionado à sua litologia, uma vez que cavernas <strong>de</strong> mesmo tamanho associa<strong>das</strong> àlitologias distintas, possuem <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> com valores bastante diversos <strong>de</strong> riqueza.Palavras Chave: Cavernas, invertebrados, diversida<strong>de</strong>, litologia, Mata Atlântica65


Abstract- Only limestones caves, and a few arenitic caves, caves present in ferruginoussoil, and granitic caves have had their invertebrate communities studied in Brazil. Thepresent study aimed a comparative analysis of structure of invertebrate communitiespresent in carbonatic, magmatic, siliciclastic and ferrugimous caves. Significativedifferences in relative richness were observed when comparing pairs of caves:siliciclastitic and carbonatic, ferruginous and siliciclastic, magmatic and siliciclastic,and magmatic and ferruginous. Significant differences in relative abundance wereobserved between ferruginous and siliciclastic caves, and magmatic and siliciclasticcaves. Richness of troglomorphic species was significantly different when comparing:carbonatic and ferruginos caves, magmatic and carbonatic caves, ferruginous andmagmatic caves, ferruginous and siliciclastic caves. Ferruginous caves presented lowersimilarity and higher richness of troglomorphic species. Total richness of invertebratesrelated significantly and positively with cave extension of siliciclastic (R = 0,52, p =0,02), carbonatic (R = 0,51, p = 0,01) and ferruginous (r 2 = R = 0,67, p = 0,00) caves.Relative richness of invertebrates related significantly and positively with ferruginouscaves latitu<strong>de</strong> (R = 0,54, p = 0,02). Relative richness of invertebrates relatedsignificantly and positively with altitu<strong>de</strong> variation in siliciclastic caves (R = 0,28, p =0,01). Relative diversity of invertebrates also related significantly and positively withaltitu<strong>de</strong> variation in siliciclastic caves (R = 0,34, p = 0,00). Total richness ofinvertebrates related significantly and positively with environmental stability insiliciclastic caves (R = 0,56, p = 0,00). Total abundance of invertebrates relatedsignificantly and positively with environmental stability in carbonatic caves (R = 0,17, p= 0,45). Carbonatic caves presented significant differences in relative richness(secundary forest vs. sandbanks, pasture vs. sandbanks), relative abundance (secondaryforest vs. sandbanks, pasture vs. sandbanks), and relative diversity (secondary forest vs.sandbanks, pasture vs. sandbanks). There were significant differences in relativerichness (ti<strong>de</strong> vs. permenent stream, ti<strong>de</strong> vs. dry cave) and relative abundance (ti<strong>de</strong> vs.dry cave) related to presence of water in carbonatic caves. Cave litology <strong>de</strong>terminesclear diferrences in richness, abundance, and diversity of invertebrate communities.Ferruginous caves present invertebrate communities with high values of richness, andfauna composition different from caves of other litologies. Linear <strong>de</strong>velopment of cavesin different litologies causes difference in quantity of species. Cave size should alwaysbe related to its litology when creating valuation attributes, since caves similar in sizebut presenting different litology, may present <strong>comuni</strong>ties with different values ofrichness.Keywords: Caves, invertebrates, diversity, litology, Atlantic Forest.66


INTRODUÇÃORochas base e a formação <strong>de</strong> cavernasCavernas são ambientes subterrâneos formados em conseqüência da açãoabrasiva química e física da água sobre diversos tipos <strong>de</strong> rochas. A maioria <strong>das</strong> cavernasno mundo localiza-se em rochas carbonáticas (calcários e dolomitos), as mais favoráveisaos processos <strong>de</strong> dissolução (Auler et al 2001, Lino 2001, Auler 2002). A ocorrência <strong>de</strong>cavernas em quartzitos, arenitos, minérios <strong>de</strong> ferro, granito, gnaisse, micaxistos, filitos eaté mesmo solo também são registra<strong>das</strong>, entretanto em escala menor que os carbonatos,(Auler 2006). As <strong>de</strong>scontinui<strong>da<strong>de</strong>s</strong> e porosi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>das</strong> rochas têm um importante papelna penetração, circulação e ação abrasiva <strong>das</strong> águas (Silva 2004).Os carbonatos são rochas sedimentares que apresentam uma alta solubilida<strong>de</strong>quando em contato com águas áci<strong>das</strong>. Como exemplo, temos as águas meteóricas áci<strong>das</strong>forma<strong>das</strong> quando a chuva entra em contato com o dióxido <strong>de</strong> carbônico (CO 2 ) naatmosfera e gera ácido carbônico (H 2 CO 3 ). No solo está água recebe mais ácidocarbônico, oriundo da respiração <strong>de</strong> microorganismos <strong>de</strong>compositores quepotencializam esta aci<strong>de</strong>z (Gillieson 1996). Em contato com a rocha carbonática águasáci<strong>das</strong> iniciam a dissociação química do carbonato e gradualmente originam, modificamo relevo e auxiliam na formação dos espaços subterrâneos (Gillieson 1996).Rochas siliciclásticas (arenitos e quartzitos) são razoavelmente solúveis, sendoque esta solubilida<strong>de</strong> aumenta marcadamente em condições alcalinas (Gillieson 1996,Silva 2004). Rochas silisiclásticas são predominantemente <strong>de</strong>sagrega<strong>das</strong> pelointemperismo físico, entretanto o intemperismo químico também po<strong>de</strong> atuar nesteprocesso (Silva 2004). A dissolução atua inicialmente dissolvendo a borda dos grãos <strong>de</strong>silica até que a rocha <strong>de</strong>sagregue (Silva 2004). A partir do momento que se formamcanalículos a água circula com pressão e promove remoções mecânicas <strong>das</strong> partículas67


(Silva 2004). Assim, grutas quartziticas e areniticas ocorrem com freqüência em locais<strong>de</strong> altos gradientes hidráulicos (Silva 2004)Informações sobre as características físicas <strong>de</strong> cavernas graníticas e ferruginosassão escassas no Brasil e no mundo (Willems et al 2002, Auler & Piló 2005, Vidal-Romani & Rodriguez 2007). Para as cavernas graníticas já se conhecem 3 processosbásicos que atuam na sua formação. O primeiro refere-se às cavernas forma<strong>das</strong> ao longo<strong>de</strong> planos <strong>de</strong> fratura da rocha por on<strong>de</strong> minerais são lavados. Nestes casos, têm-secavernas <strong>de</strong> dissolução , embora este processo seja raro, tendo em vista a baixasolubilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitos minerais que compõem tais rochas. O segundo refere-se àscavernas associa<strong>das</strong> a campos residuais <strong>de</strong> matacões graníticos. Neste caso o solo éerodido embaixo <strong>de</strong>stes gran<strong>de</strong>s blocos <strong>de</strong>ixando espaços limitados superior elateralmente pelos matacões. O tamanho e forma <strong>das</strong> cavernas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rão <strong>das</strong> ligaçõesentre espaços sob os diferentes blocos <strong>de</strong> matacões. Tais cavernas são freqüentemente<strong>de</strong>nomina<strong>das</strong> como cavernas <strong>de</strong> tálus . O terceiro processo refere-se ao intemperismoquímico atuando em zonas <strong>de</strong> fraquezas do granito, o que geralmente leva à fratura darocha e conseqüente formação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> pouco profun<strong>das</strong>, <strong>de</strong>nomina<strong>das</strong>tafonis (Vidal-Romani & Rodriguez 2007).Cavernas ferruginosas ocorrem em diferentes rochas (ou contatos <strong>de</strong> rochas)sendo origina<strong>das</strong> por processos <strong>de</strong> dissolução e erosão atuando predominantemente emhematita e canga (Auler & Piló 2005, Piló & Auler 2005). A canga consiste em um<strong>de</strong>pósito superficial fragmentado rico em hematita e cimentado por limonita. Ascavernas ferruginosas <strong>de</strong> erosão ocorrem imediatamente abaixo do manto <strong>de</strong> canga naborda <strong>de</strong> vales, e apresentam pequeno <strong>de</strong>senvolvimento linear e condutos superficiais.Cavernas ferruginosas <strong>de</strong> dissolução são maiores e mais profun<strong>das</strong>. Existe uma claradiferença no piso <strong>das</strong> cavernas ferruginosas <strong>de</strong> dissolução, que geralmente apresentam68


grânulos <strong>de</strong> material <strong>de</strong>sabado do teto e resíduos não dissolvidos <strong>de</strong> Itabirito.Freqüentemente as entra<strong>das</strong> são pequenas aberturas verticais em locais em que a canga<strong>de</strong>smoronou (Simmons 1963, Maurity & Kotschoubey 1995).São conheci<strong>das</strong> apenas 3.500 carbonáticas (3% do potencial), 1.000 ferruginosas(30% do potencial), 200 quartzíticas (1% do potencial), 200 areníticas (1% do potencial)e 100 em outros tipos <strong>de</strong> rochas (10% do potencial) no Brasil (Auler 2006).O conhecimento da fauna cavernícola em distintas litologiasCavernas são ambientes subterrâneos inseridos em relevos rochosos queapresentam uma ampla diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> habitats e abrigam uma rica fauna <strong>de</strong> vertebradose micro e meso invertebrados (Culver & Sket 2000, Ferreira & Martins 2001, Ferreira2005).Os organismos cavernícolas po<strong>de</strong>m ser classificados nas categorias ecológicoevolutivas<strong>de</strong> trogloxenos, troglófilos e troglóbios (Romero & Green 2005).Organismospo<strong>de</strong>m ser aci<strong>de</strong>ntais ou utilizar as cavernas como abrigos (troglóxenos). Po<strong>de</strong>m, ainda,completar todo o ciclo <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>ntro ou fora <strong>das</strong> cavernas (troglófilos). Entretanto,algumas espécies não ocorrem no epígeo e apresentam especializaçõescomportamentais, morfológicas e fisiológicas para uma sobrevivência exclusiva nascavernas (troglóbios). Freqüentemente nestes organismos há a redução <strong>das</strong> estruturasoculares, <strong>de</strong>spigmentação e o alongamento <strong>de</strong> apêndices sensoriais (Romero & Green2005).Gran<strong>de</strong> parte do conhecimento da fauna cavernícola brasileira é oriunda <strong>de</strong>estudos realizados em cavernas calcárias (Trajano & Moreira, 1991, Gnaspini-Neto &Trajano 1994, Gomes et al 2000, Rocha 2000, Zepellini-Filho et al 2003, Ferreira 2004,Prous et al 2004, Ferreira 2005). Embora se soubesse da existência <strong>de</strong> cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> emrochas não carbonáticas no Brasil, suas dimensões, em geral reduzi<strong>das</strong>, levavam a um69


<strong>de</strong>sinteresse do ponto <strong>de</strong> vista bioespeleológico. Apesar disso, algumas poucas cavernasem arenito, canga ferruginosa e granito tiveram as suas <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebradosavalia<strong>das</strong> (Trajano & Moreira, 1991, Gnaspini-Neto & Trajano 1994, Trajano et al2002, Zeppelini-Filho et al 2003, Ferreira 2005).Estudos preliminares realizados por Gnaspini-Neto & Trajano (1994) em poucascavernas carbonáticas, magmáticas e siliciclásticas mostraram que tais sistemas mantêmricas e abundantes <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados com composições similares às <strong>de</strong>cavernas calcárias situa<strong>das</strong> na mesma região geográfica.Segundo Ferreira (2005) sistemas subterrâneos ferruginosos mostramconsi<strong>de</strong>ráveis variações em condições estruturais da fauna e funcionalida<strong>de</strong> tróficarevelando a existência <strong>de</strong> características ambientais biológicas bastante peculiares. Uma<strong>das</strong> principais características dos sistemas subterrâneos associados a camposferruginosos é a existência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> canalículos que conformam um<strong>ae</strong>xtensa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> espaços intersticiais (meso e microcavernas) conectados àsmacrocavernas. Além disso, as cavernas ferruginosas apresentam-se como espaçossubterrâneos relativamente superficiais. Tal condição, associada à presença doscanalículos, possibilita um trânsito mais freqüente <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> fauna entre sistemasepígeo (serrapilheira ou habitats lapidícolas) e hipógeo, permitindo uma altabiodiversida<strong>de</strong> para cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> ferruginosas (Ferreira 2005).A maioria dos trabalhos realizados com a fauna <strong>de</strong> invertebrados em cavernasbrasileiras apresenta ampla problemática no tocante à baixa acurácia <strong>das</strong> técnicas <strong>de</strong>coletas utiliza<strong>das</strong> e a gran<strong>de</strong> atenção dada a cavernas em rochas carbonáticas em<strong>de</strong>trimento a outros tipos <strong>de</strong> rochas.Compreen<strong>de</strong>r as particulari<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> associa<strong>das</strong> a diferenteslitologias é fundamental para se preservar as <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> cavernas em um país <strong>de</strong>70


megadiversida<strong>de</strong> e em um hotspot <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>. Não é possível efetivamentepropor medi<strong>das</strong> <strong>de</strong> preservação para as cavernas da Mata Atlântica se nãocompreen<strong>de</strong>rmos a influência da litologia na composição e estrutura <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong>subterrâneas presentes neste domínio fitogeográfico.Deste modo, o presente trabalho tem o intuito <strong>de</strong> promover uma análisecomparativa da fauna <strong>de</strong> invertebrados cavernícolas em cavernas associa<strong>das</strong> a distintaslitologias, sendo que, para tal, foram elabora<strong>das</strong> a seguintes questões:1. Existem diferenças na abundância, riqueza e diversida<strong>de</strong> da fauna <strong>de</strong>invertebrados cavernícolas associados a cavernas <strong>de</strong> distintas litologias na MataAtlântica?2. Qual a similarida<strong>de</strong> entre <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados associados a cavernas<strong>de</strong> distintas litologias na Mata Atlântica?3. A riqueza, abundância e diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> invertebrados cavernícolas estãorelaciona<strong>das</strong> a parâmetros físicos e topográficos <strong>das</strong> cavernas (latitu<strong>de</strong>,longitu<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senvolvimento linear, número <strong>de</strong> entra<strong>das</strong>, altitu<strong>de</strong> e estabilida<strong>de</strong>ambiental)?4. A presença e o tipo <strong>de</strong> corpos <strong>de</strong> água promovem diferenças na abundância,riqueza e diversida<strong>de</strong> da fauna <strong>de</strong> invertebrados cavernícolas associados acavernas em distintas litologias na Mata Atlântica?5. A presença e caractretística da vegetação no entorno promovem diferenças naabundância, riqueza e diversida<strong>de</strong> da fauna <strong>de</strong> invertebrados cavernícolasassociados a cavernas em distintas litologias na Mata Atlântica?71


METODOLOGIAÁrea <strong>de</strong> estudoAs cavernas inventaria<strong>das</strong> no presente estudo compreen<strong>de</strong>ram 10tipos <strong>de</strong>rochas (calcários, mármores, calcarenitos, conglomerados carbonáticos, arenitos,quartzitos, granitos, gnaisses, cangas e hematitas). Para fins <strong>de</strong> análises, tais cavernasforam agrupa<strong>das</strong> em quatro categorias <strong>de</strong> litologia, que compreen<strong>de</strong>ram cavernascarbonáticas (que englobavam aquelas inseri<strong>das</strong> em calcários, mármores, calcarenitos econglomerados carbonáticos), magmáticas (inseri<strong>das</strong> em granitos e gnaisses),siliciclásticas (inseri<strong>das</strong> em quartzitos e arenitos) e ferruginosas (inseri<strong>das</strong> em contatosentre os minérios <strong>de</strong> ferro cangas, itabiritos e hematitas). To<strong>das</strong> as cavernas estãoinseri<strong>das</strong> nos domínios da Mata Atlântica brasileira (fig. 1).O estudo da estrutura <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> foi realizado em 91 cavernas distribuí<strong>das</strong>em granito, (30 cavernas), minério <strong>de</strong> ferro (19 cavernas), calcário (12 cavernas),quartzito (13 cavernas), arenito (7 cavernas), calcarenito (4 cavernas), mármore (2cavernas), gnaisse (2 cavernas) e conglomerado (2 cavernas). As cavernas se distribuemnos estados <strong>de</strong> Alagoas (3 cavernas), Bahia (11 cavernas), Ceará (3 cavernas), EspiritoSanto ( 15 cavernas), Minas Gerais (48 cavernas), Rio <strong>de</strong> Janeiro (4 cavernas) e SãoPaulo (7 cavernas). Para outras 12 cavernas nas quais não foram computados dados <strong>de</strong>abundância foram feitos estudos da composição <strong>das</strong> espécies (veja metodologia docapítulo I). Assim foram avalia<strong>das</strong> a fauna em 103 cavernas da Mata Atlântica.72


Figura 1 - Domínios da Mata Atlântica Brasileira e as cavernas amostra<strong>das</strong>.(www.conservation.org.br/).Obs: Alguns pontos representam mais <strong>de</strong> uma caverna em função do baixograu <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhamento da escala.73


ProcedimentosInvertebrados presentes nas cavernas foram i<strong>de</strong>ntificados visualmente e tiveramalguns <strong>de</strong> seus espécimes coletados. Os organismos observados durante as coletas eramcontados e plotados em croquis esquemáticos <strong>de</strong> cada caverna, segundo a metodologiaproposta por Ferreira (2004). As coletas manuais foram feitas com o auxílio <strong>de</strong> pinças,pincéis e re<strong>de</strong>s entomológicas.Foram priorizados microhabitats como troncos, <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> guano, espaços sobpedras e locais úmidos. Nas coleções <strong>de</strong> água, corrente ou parada, os organismos foramcoletados com auxílio <strong>de</strong> pinças e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mão. Em laboratório todos os organismoscoletados foram i<strong>de</strong>ntificados até o nível taxonômico possível e reagrupados emmorfoespécies <strong>de</strong> acordo com as referências <strong>de</strong> campo (Oliver & B<strong>ae</strong>ttie 1996). Aabundância geral <strong>de</strong> cada morfoespécie foi conseguida através da recontagem dosindivíduos incluídos em cada croqui.A caracterização trófica <strong>das</strong> cavernas foi realizada concomitantemente às coletas<strong>de</strong> invertebrados. Para tal foram anotados todos os recursos orgânicos presentes equando possível caracterizado suas vias <strong>de</strong> acesso ao interior <strong>das</strong> cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong>. Acaracterização da litologia, hidrologia e o tipo vegetacional <strong>das</strong> cavernas foramavaliados a partir observações <strong>de</strong> campo.Análise dos dadosPara padronizar os valores <strong>de</strong> abundância, riqueza e diversida<strong>de</strong> utilizados nasanálises, os mesmos foram relativizados em função do <strong>de</strong>senvolvimento linear eextensão horizontal <strong>das</strong> entra<strong>das</strong> <strong>de</strong> cada caverna (variável biológica/<strong>de</strong>senvolvimentolinear da caverna/ largura da entrada) (Ferreira 2004). A diversida<strong>de</strong> e equitabilida<strong>de</strong>foram calcula<strong>das</strong> através do índice <strong>de</strong> Shannon. Para avaliar as diferenças entre aabundância relativa, riqueza relativa e diversida<strong>de</strong> relativa em relação à litologia,74


hidrologia e vegetação no entorno foram utilizados o teste não paramétrico t <strong>de</strong>Stu<strong>de</strong>nt(Zar 1984). Para a obtenção da relação <strong>de</strong> similarida<strong>de</strong> geral da fauna entre ascavernas e suas respectivas litologias, foi utilizado o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> escalonamentomuitidimensional (Multidimensional Scaling-MDS). O MDS é uma análise exploratóriaque transforma as distâncias entre pares <strong>de</strong> objetos encaixando-os em conjuntosbidimensionais <strong>de</strong> acordo com a distância euclidiana (ou baseada em valores <strong>de</strong>similarida<strong>de</strong>). O MDS foi construído com base na composição quantitativa da fauna <strong>de</strong>invertebrados utilizando o índice <strong>de</strong> Jaccard (Magurran 2004). A estabilida<strong>de</strong> ambiental<strong>das</strong> cavernas foi calculada pelo índice <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> ambiental (IEA) (Ferreira 2004).Regressões lineares foram utiliza<strong>das</strong> para <strong>de</strong>tectar possíveis relações entre as variáveisbióticas <strong>de</strong> cada caverna e as variáveis abióticas correspon<strong>de</strong>ntes (latitu<strong>de</strong>, longitu<strong>de</strong>,altitu<strong>de</strong>, estabilida<strong>de</strong> ambiental <strong>das</strong> cavernas) nas distintas litologias. A relação entre ariqueza total e o <strong>de</strong>senvolvimento linear em cada litologia também foi avaliada atravésda regressão linear (Zar 1984).RESULTADOSCaracterísticas gerais <strong>das</strong> cavernas amostra<strong>das</strong>A extensão média <strong>das</strong> cavernas silisiclásticas foi <strong>de</strong> 240m (±228m), enquantoque para as carbonáticas correspon<strong>de</strong>u a 200m (±259m), para as magmáticascorrespon<strong>de</strong>u a 53,5m (±48,5m) e para as ferruginosas correspon<strong>de</strong>u a 34m (±30m). Aaltitu<strong>de</strong> media foi <strong>de</strong> 1.404,6 m (±39m) para cavernas ferruginosas, 1.080,8m (±403m)para cavernas siliciclásticas, 508,7m (±309m) para as cavernas magmáticas e 269,1m(±216m) para as cavernas carbonáticas.75


Comuni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados e suas diferenças litológicasDiferenças significativas nas riquezas relativas foram observa<strong>das</strong> entre cavernasem rochas siliciclásticas e carbonáticas (t= -2,120, p = 0,04), ferruginosas esiliciclásticas (t = 6,30315, p > 0,00) magmáticas e siliciclásticas (t = 3,153, p > 0,00) emagmáticas e ferruginosas (t = 3,290, p > 0,00) (fig. 2). A riqueza relativa média foimaior nas cavernas em rochas ferruginosas (0,52 spp) segui<strong>das</strong> pelas carbonáticas (0,30spp), magmáticas (0, 23 spp) e siliciclásticas (0, 04 spp).Diferenças significativas entre as abundâncias relativas médias foram observa<strong>das</strong>entre cavernas em rochas ferruginosas e siliciclásticas (t = -4,603, p > 0,00) emagmáticas e siliciclásticas (t = -2,337, p =0,02) (fig. 2). A abundância relativa médiafoi maior nas cavernas em rochas carbonáticas (28,88 ind.), segui<strong>das</strong> pelas ferruginosas(6,08 ind.), magmáticas (3, 352 ind.) e siliciclásticas (0, 55 ind.).Não foram observa<strong>das</strong> diferenças significativas nas diversi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> relativas entreas litologias estuda<strong>das</strong>, sendo esta diversida<strong>de</strong> maior nas siliciclásticas (2,32),magmáticas (2,26), ferruginosas (2,22) e carbonáticas (2,23).O número total <strong>de</strong> espécies troglomórficas foi significativamente diferente entrecavernas carbonáticas e ferruginosas (t= -4,09, p> 0,00), carbonaticas e magmáticas (t=2,18, p= 0,03), ferruginosas e magmáticas (t= 5,04, p > 0,00), ferruginosas esiliciclásticas (t= 4,17, p > 0,00) (tab. 1). As cavernas em rochas ferruginosasapresentaram a maior riqueza média <strong>de</strong> invertebrados troglomórficos (5,53spp/caverna), seguido <strong>das</strong> carbonáticas (1 sp/caverna) (tab. 1).76


2,62,42,22,01,8Riqueza Relativa1,61,41,21,00,80,60,40,20,0-0,2-0,4500Carbonatos MagmáticasFerruginosas Siliciclásticas400Abundância relativa3002001000-100Carbonática MagmáticaFerruginosa SiliciclasticaFigura 2. Diferenças na riqueza relativa entre caverna, siliciclastica vs. carbonática;ferruginosa vs. siliciclástica; magmática vs. siliciclástica; magmática vs. ferruginosa ena abundância relativa entre caverna ferruginosa vs. Siliciclástica e magmática vs.siliciclástica na Mata Atlântica Brasileira.77


Tabela 1. Variações e diferenças significativas na riqueza média por litologia <strong>de</strong>invertebrados troglomórficos em cavernas da Mata Atlântica.Litologias/Troglomórficos Média 1 Média 2 t-value df pCarbonatos vs. Ferruginosas 1,00 5,53 -4,09 37,00 0,001Carbonatos vs. Magmáticas 1,00 0,23 2,18 42,00 0,03Ferruginosas vs. Magmáticas 5,53 0,23 5,04 37,00 0,001Ferruginosas vs. Siliciclásticas 5,53 0,50 4,71 37,00 0,001Cavernas em rochas siliciclásticas, carbonáticas e magmáticas apresentaram umamaior similarida<strong>de</strong> quantitativa da fauna <strong>de</strong> invertebrados (fig. 3).0,0640,0640,0480,0480,0320,0320,016Coordinate 20,01600,250-0,016-0,032-0,032-0,048-0,048-0,064-0,064-0,08-0,08-0,2 -0,15 -0,1 -0,05 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25Coordinate 1-0,2 -0,15 -0,1 -0,05 0 0,05 0,1 0,15 0,20,25Figura 3. Escalonamento multidimensional (MDS) <strong>de</strong> cavernas com padrões litológicoscarbonáticos (+), ferruginosos ( ), magmáticos ( ) e siliciclásticos ( ) a partir <strong>das</strong>imilarida<strong>de</strong> quantitativa <strong>de</strong> Jaccard.78


Estrutura <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados e variáveis ambientais (<strong>de</strong>senvolvimentolínear, posição geográfica, altitu<strong>de</strong> e estabilida<strong>de</strong> ambiental)A riqueza total <strong>de</strong> invertebrados relacionou-se significativa e positivamente como <strong>de</strong>senvolvimento linear e a riqueza total <strong>de</strong> invertebrados nas cavernas em rochassiliciclásticas (R = 0,52, p = 0,02), carbonáticas (R = 0,51, p = 0,01) e ferruginosas (r 2 =R = 0,67, p > 0,00) (fig. 4).A riqueza relativa <strong>de</strong> invertebrados relacionou-se significativa e positivamentecom a e a latitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> cavernas ferruginosas (R = 0,54, p = 0,02) (fig. 5).A riqueza relativa <strong>de</strong> invertebrados relacionou-se significativa e positivamentecom a variação da altitu<strong>de</strong> em cavernas silisiclásticas (R = 0,28, p = 0,01). Adiversida<strong>de</strong> relativa <strong>de</strong> invertebrados relacionou-se significativa e positivamente com avariação da altitu<strong>de</strong> em cavernas siliciclásticas (R = 0,34, p > 0,00) (fig. 5).A riqueza total <strong>de</strong> invertebrados relacionou-se significativa e positivamente coma estabilida<strong>de</strong> ambiental em cavernas siliciclásticas (R = 0,56, p = 0,00). A abundânciatotal <strong>de</strong> invertebrados mostrou uma relação positiva que esteve próxima <strong>de</strong> relacionar <strong>de</strong>forma significativa com a estabilida<strong>de</strong> ambiental em cavernas carbonáticas (R = 0,17, p= 0,45) (fig. 6).Estruturas <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados e a vegetação no entornoOs tipos vegetacionais do entorno <strong>das</strong> cavernas amostra<strong>das</strong> foram matasecundária, restinga, monoculturas e pastagens. Para as cavernas em rochas magmáticase carbonáticas a pastagem foi predominante (61% e 50% respectivamente). Em cavernassiliciclásticas houve a predominância <strong>de</strong> matas secundárias (80%). Nas rochasferruginosas, em função da proximida<strong>de</strong> <strong>das</strong> cavernas amostra<strong>das</strong>, houve 100% <strong>de</strong>predominância <strong>de</strong> vegetação <strong>de</strong> campos <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> (fig. 7).79


120100Riqueza total8060402000 200 400 600 800 1000 1200Desenvolvimento linear (m)SiliciclasticaCarbonáticaFerruginosa*MagmáticasFigura 4. Relações positivas significativas e não significativas (*) <strong>de</strong> aumento dariqueza total com o aumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento linear <strong>de</strong> cavernas em litologiasdistintas na Mata Atlântica Brasileira.Em relação às variações <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> vegetação no entorno <strong>de</strong> cavernascarbonáticas, houve diferenças na abundância <strong>de</strong> invertebrados entre mata secundária erestinga, (t =-3,54, p > 0,00) e entre pastagem e restinga, (t =-3, 93, p > 0,00). Cavernasna restinga (267,5 ind) apresentam maior abundância relativa média do que cavernas empastagem (6,47 ind) ou mata secundária (3,23 ind). Também na riqueza houvediferenças entre mata secundária (0,10 spp) e restinga (1,62 spp) (t =-5,39, p > 0,00) eentre pastagem (0,23 spp) e restinga (1, 62 ssp) (t =-3, 92, p > 0,00). Cavernas emrestinga apresentam maior riqueza relativa média (1,62 spp), do que as inseri<strong>das</strong> empastagens (0,23 spp) e matas secundárias (0,10 spp). A diversida<strong>de</strong> relativa média entremata secundária e restinga (t =-12,82, p > 0,00) e entre pastagem e restinga (t =-6,65, p> 0,00) mostraram diferenças significativas (fig. 8). Cavernas em restinga tambémapresentam maior diversida<strong>de</strong> relativa média maior (0,15) do que pastagem (0,01) emata secundária (0, 005).80


1,4Riqueza relativa (ferruginosa)1,21,00,80,60,40,20,0Riqueza relativa (Siliciclástica)Diversida<strong>de</strong> relativa (siliciclástica)-0,27,758E60,220,200,180,160,140,120,100,080,060,040,020,007,76E67,762E67,764E6Latitu<strong>de</strong> (UTM)7,766E67,768E67,77E6-0,02400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800Altitu<strong>de</strong> (m)0,0280,0260,0240,0220,0200,0180,0160,0140,0120,0100,0080,0060,0040,0020,000-0,002400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800Altitu<strong>de</strong> (m)Figura 5. Relações positivas e significativas <strong>de</strong> aumento da riqueza relativa ediversida<strong>de</strong> relativa com a variação da latitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> cavernas ferruginosas e da altitu<strong>de</strong> emcavernas silisiclásticas na Mata Atlântica Brasileira.81


10090Riqueza total (Siliciclástica)80706050403020100 2 4 6 8 10 12 14Estabilida<strong>de</strong> ambiental80007000Abundância total (carbonática)6000500040003000200010000-1000-2 0 2 4 6 8 10 12 14Estabilida<strong>de</strong> ambientalFigura 6. Relações positivas e significativas <strong>de</strong> aumento da riqueza total e abundânciatotal com a variação da estabilida<strong>de</strong> ambiental em cavernas silisiclásticas e carbonáticasna Mata Atlântica Brasileira82


Figura 7. Variações na ocorrência dos tipos vegetacionais em até 250m no entorno <strong>de</strong>cavernas em litologias varia<strong>das</strong> na Mata Atlântica.Estrutura <strong>de</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados e a presença <strong>de</strong> corpos hídricosHouve diferenças significativas na diversida<strong>de</strong> relativa média entre cavernascom riachos perenes e cavernas secas em rochas siliciclásticas (t = - 2,56, p =0,02)sendo que aquelas secas (H´= 0,010) são em média mais ricas que aquelas com riacho(0,001) (fig. 9).Para carbonatos, houve diferenças na abundância relativa entre cavernas comregime <strong>de</strong> marés e cavernas secas (t = 4,32, p > 0,00). Cavernas em regime <strong>de</strong> marésapresentaram maior abundância, (267,5 ind) do que aquelas secas (6,61 ind.). Tambémnos carbonatos, houve diferenças na riqueza relativa entre cavernas com regime <strong>de</strong>marés e cavernas secas (t = 3,30, p > 0,02) e cavernas com regime <strong>de</strong> marés e cavernascom riachos perenes (t = 4,35, p > 0,00). Cavernas em regime <strong>de</strong> marés apresentarammaior riqueza relativa média (1,62 spp) do que aquelas secas (0,21 spp) e cavernas comriachos perenes (0,09 spp). Em relação à diversida<strong>de</strong> relativa média em cavernas83


carbonáticas, houve diferenças para cavernas com regime <strong>de</strong> marés e cavernas comriachos perenes (t = 7, 91, p > 0,00), cavernas secas (t = 7,36, p > 0,00) e águas freáticas(t =-4,80, p = 0,04) (figs. 9 e 10). Cavernas em regime <strong>de</strong> marés apresentaram maiordiversida<strong>de</strong> relativa média (H´= 0,15) do que aquelas secas (H´= 0,01), aquelas comriachos perenes (H´= 0,004) e com águas freáticas (H´= 0, 005).84


600Abundância relativa (carbonática)5004003002001000-1003,0RestingaMata secundáriaPastagemRiqueza relativa (carbonática)2,52,01,51,00,50,0-0,50,20RestingaMata secundáriaPastagemDiversida<strong>de</strong> relativa (carbonática)0,180,160,140,120,100,080,060,040,020,00-0,02RestingaMata secundáriaPastagemFigura 8. Diferenças na riqueza relativa (mata secundária vs. restinga, pastagem vs.restinga), abundância relativa (mata secundária vs. restinga, pastagem vs. restinga ediversida<strong>de</strong> relativa (mata secundária vs. restinga, pastagem vs. restinga) em cavernascarbonáticas na Mata Atlântica com vegetação <strong>de</strong> entorno variada.85


0,028Diversida<strong>de</strong> relativa (siliciclásticas)0,0260,0240,0220,0200,0180,0160,0140,0120,0100,0080,0060,0040,0020,000-0,002Riacho pereneRiacho temporárioSeca0,20Diversida<strong>de</strong> relativa (carbonáticas)0,180,160,140,120,100,080,060,040,020,00-0,02MaréRiacho temporárioRiacho perene FreáticoSecaFigura 9. Diferenças na diversida<strong>de</strong> relativa (riacho perene vs. caverna seca) emcavernas siliciclasticas e carbonatos (maré vs. caverna seca, freático vs. Maré, maré vs.riacho perene) na Mata Atlântica Brasileira.86


3,0Riqueza relativa (carbonática)2,52,01,51,00,50,0-0,5600MaréRiacho temporárioRiacho perene FreáticoSecaAbundância relativa (carbonática)5004003002001000-100Maré Riacho temporárioRiacho perene FreáticoSecaFigura 10. Diferenças entre cavernas carbonáticas na riqueza relativa (maré vs. riachoperene, maré vs. caverna seca) e abundância relativa (maré vs. caverna seca) em funçãoda presença corpos <strong>de</strong> água Mata Atlântica Brasileira.87


DISCUSSÃOEstrutura <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados e suas diferenças litológicasA maioria <strong>das</strong> pesquisas referentes à fauna subterrânea realiza<strong>das</strong> no Brasil e nomundo restringe-se a cavernas inseri<strong>das</strong> em uma única litologia, geralmente oscarbonatos, (Trajano 1987, Pinto-da-Rocha 1995, Gillieson 1996, Culver et al 2004a,Ferreira 2004, Ferreira 2005). Assim poucos estudos foram realizados no mundo comfauna <strong>de</strong> cavernas em basaltos, silicatos, granitos, lateritas, etc (Gnaspini-Neto &Trajano 1994, Ruzicka & Zacharda 1994, Arechavaleta et al. 1999, Sharratt et al 2000,Zeppelini-Filho et al 2003, Ferreira 2005, Howarth et al 2007). No Brasil, as rochascarbonaticas, siliciclásticas, ferruginosas e magmáticas apresentam respectivamente omaior número <strong>de</strong> cavernas biologicamente pesquisa<strong>das</strong> (Pinto da Rocha 1995,Zeppelini-Filho et al 2003, Ferreira 2005). Apesar <strong>de</strong> terem sido estuda<strong>das</strong> mais <strong>de</strong> 150cavernas na Mata Atlântica, estas pesquisas foram realiza<strong>das</strong> predominantemente emcavernas calcárias (Gnaspini-Neto & Trajano 1994, Pinto da Rocha 1995).O mais abrangente estudo realizado no Brasil comparando a fauna <strong>de</strong> cavernasem distintas litologias <strong>de</strong>screve 50 cavernas carbonáticas, 2 areníticas, 1 quartzítica e 4graníticas (Gnaspini-Neto & Trajano 1994). Entretanto, tal estudo apresenta somentedados básicos da composição <strong>de</strong> taxa hipógeos, sem uma preocupação com a <strong>ecologi</strong>a<strong>de</strong>stas <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong>, principalmente pelo fato <strong>de</strong> não apresentarem medi<strong>das</strong> <strong>de</strong> riqueza,abundância, diversida<strong>de</strong> e similarida<strong>de</strong> da fauna. Desta forma, este trabalho surge comopioneiro no estudo da <strong>ecologi</strong>a <strong>de</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados em cavernas que se<strong>de</strong>senvolvem em litologias distintas, mas ainda é extremamente preliminar em funçãodo potencial espeleológico brasileiro.A elevada riqueza e menor similarida<strong>de</strong> encontra<strong>das</strong> para cavernas ferruginosasrefletem as características ambientais peculiares <strong>de</strong>stes sistemas em relação às <strong>de</strong>mais88


litologias. A singularida<strong>de</strong> da estrutura <strong>de</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> e funcionalida<strong>de</strong> trófica dosambientes <strong>de</strong> cavernas ferruginosas já foi relatada por Ferreira (2005) para algumascavernas ferruginosas presentes na mesma área <strong>de</strong>ste estudo. Segundo este autor,cavernas ferruginosas apresentam-se como ambientes variáveis, mas com elevadariqueza <strong>de</strong> espécies, <strong>das</strong> quais se <strong>de</strong>staca a gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupos troglomórficos,fato corroborado por este estudo.A canga é uma rocha ferruginosa formada por fragmentos contendo itabirito ehematita compacta além <strong>de</strong> constituintes menores, cimentados por limonita. Noquadrilátero ferrífero os fragmentos possuem tamanhos que variam <strong>de</strong> silte até blocos.A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cimento limonítico também é bastante variável. Em alguns locaischega a preencher completamente os interstícios da canga, mas, via <strong>de</strong> regra,especialmente quando os fragmentos são gran<strong>de</strong>s, a limonita preenche os vazios <strong>de</strong>forma parcial resultando em uma rocha porosa (Simmons 1963, Piló & Auler 2005).Segundo Maurity e Kotschoubey (1995) as couraças <strong>de</strong> canga possuem cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong>centimétricas, sistemas anostomosados <strong>de</strong> tubulus, fissuras e bolsões.A existência <strong>de</strong>sta gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> canalículos que conformam um<strong>ae</strong>xtensa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> espaços intersticiais (meso e microcavernas) conectados àsmacrocavernas torna os sistemas subterrâneos ferruginosos habitas com gran<strong>de</strong>sextensões. A extensão e o número <strong>de</strong> sistemas subterrâneos po<strong>de</strong> ser uma medida diretada disponibilida<strong>de</strong> e varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> habitas para manutenção <strong>de</strong> uma rica fauna(Christman et al 2001, Ferreira 2004, Culver et al 2006). Segundo Ferreira (2005),associa<strong>das</strong> à superficialida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas cavernas, as microcavernas são utiliza<strong>das</strong> porinúmeros organismos que transitam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a superfície (provenientes <strong>de</strong> habitatsedáficos) até regiões mais interiores, acessando, frequentemente, as macrocavernas.Estas, por sua vez, apresentam uma ampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> microhabitas e recursos que89


permitem uma rica fauna resi<strong>de</strong>nte. As relações tróficas nestas macrocavernas sãosustenta<strong>das</strong> pela produtivida<strong>de</strong> primária <strong>de</strong> raízes oriun<strong>das</strong> <strong>de</strong> poucas árvores externas,manchas <strong>de</strong> guano e poucos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> matéria orgânica vegetal (Ferreira 2005).Assim, a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> microhabitas e recursos alimentares atuam naconcentração da diversida<strong>de</strong> subterrânea nas macrocavernas ferruginosas (Ferreira2005). Desta forma, nos sistemas ferruginosos, a ocorrência <strong>de</strong> compartimentos subsuperficiaisprovavelmente po<strong>de</strong> atuar permitindo uma migração da fauna através <strong>de</strong>espaços intersticiais entre macrocavernas, aumentando a riqueza através do balançoentre os processos <strong>de</strong> colonização e extinção.Apesar da maior similarida<strong>de</strong> qualitativa entre cavernas nas rochassiliciclásticas, carbonáticas e magmáticas, as primeiras mostraram uma pequenadistinção em relação às <strong>de</strong>mais. Tal fato po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se a um efeito <strong>de</strong> distânciageográfica entre estas e as <strong>de</strong>mais litologias. Segundo Gnaspini-Neto e Trajano (1994)as cavernas areníticas da Serra Geral e carbonáticas do Vale do Ribeira (ambas em SãoPaulo), são bastante similares. No entanto, tais autores não apresentaram quaisquervalores <strong>de</strong> similarida<strong>de</strong> entre estas cavernas, o que torna pouco claro como pu<strong>de</strong>ramchegar a esta conclusão. Segundo estes autores cavernas em diferentes litologias, massitua<strong>das</strong> em uma mesma região, ten<strong>de</strong>m a apresentar composição <strong>de</strong> fauna similar.A menor riqueza relativa nas cavernas siliciclásticas po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se a uma menordisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos alimentares para invertebrados. As cavernas areníticas <strong>de</strong>Altamira-Itaituba (PA) apresentam abundantes populações <strong>de</strong> invertebrados associa<strong>das</strong>a enormes <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> guano (Trajano & Moreira 1991, Gnaspini-Neto e Trajano1994). Gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> guano não foram observados nas cavernas siliciclásticasneste estudo. Assim, a condição <strong>de</strong> oligotrofia prevalente nas cavernas siliciclásticasinventaria<strong>das</strong> neste trabalho não possibilita a presença <strong>de</strong> ricas <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong>90


invertebrados. Entretanto, outro fator que <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado como possível redutorda riqueza é a predominância <strong>de</strong> ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> turísticas em muitas <strong>das</strong> cavernassiliciclásticas amostra<strong>das</strong>. A presença <strong>de</strong> pessoas po<strong>de</strong> provavelmente alterarmicrohabitats para fauna e afugentar troglóxenos importadores <strong>de</strong> alimentos (e.g.morcegos, andorinhões), culminando com o estabelecimento <strong>de</strong> uma condição <strong>de</strong>oligotrofia. Como exemplo, temos as cavernas turísticas em quartzito na Serra <strong>de</strong>Ibitipoca (Sul <strong>de</strong> Minas Gerais) que já apresentaram gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> guanoproduzidos por populações <strong>de</strong> andorinhões (Pinto 1939). Atualmente, <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong>guano <strong>de</strong> andorinhões foram observados somente nas cavernas distantes do centro <strong>de</strong>visitação. Estes animais não são mais encontrados nas cavernas próximas ao centro <strong>de</strong>visitação, provavelmente <strong>de</strong>vido ao gran<strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> turistas. A ausência <strong>de</strong> andorinhõesnestas cavernas po<strong>de</strong> levar a uma diminuição no aporte <strong>de</strong> guano, e provavelmentecausar uma diminuição da fauna <strong>de</strong> invertebrados que sobrevivem nestes recursos. Alémdisto, impactos do pisoteamento po<strong>de</strong>m agravar ainda mais a situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pleção dafauna através da alteração <strong>de</strong> microhabitats.As relações <strong>de</strong> aumento da riqueza total com o aumento do tamanho <strong>das</strong>cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> em diferentes litologias <strong>de</strong>vem-se provavelmente a relação <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong>microhabitats e recursos alimentares para a fauna <strong>de</strong> invertebrados (Ferreira 2004).Comuni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> morcegos são mais ricas e abundantes em cavernas maiores,promovendo gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> guano (Brunet & Me<strong>de</strong>lin 2001). Gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>pósitos<strong>de</strong> guano po<strong>de</strong>m proporcionar alimento e microhabitats para um maior número <strong>de</strong>espécies <strong>de</strong> invertebrados (Ferreira et al 2007). Assim o aumento do tamanho <strong>das</strong>cavernas permite que mais morcegos possam colonizar. A presença <strong>de</strong> muitos morcegospo<strong>de</strong> aumentar a produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> guano. A produtivida<strong>de</strong> em ambientes <strong>de</strong> cavernas é91


um preditor <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> riqueza em <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados (Culver et al2006).Entretanto, cavernas em diferentes tipos <strong>de</strong> rochas mostraram relações distintas<strong>de</strong> aumento da riqueza com o aumento da extensão linear <strong>das</strong> mesmas. Cavernasferruginosas mostraram a mais forte tendência <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> espécies com o aumentoda projeção linear. Tal fato po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se às características micro-ambientaisheterogêneas <strong>de</strong>stas cavernas associa<strong>das</strong> à intricada malha <strong>de</strong> canalículos que sãoadicionados à extensão disponibilizada aos invertebrados nestas macrocavernas.Provavelmente, as macrocavernas ferruginosas possam funcionar con<strong>de</strong>nsando ouacumulando uma maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos orgânicos, além <strong>de</strong> potencialmentepo<strong>de</strong>rem se conectar a uma maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> canalículos (pelo aumento do volumesubterrâneo). Tal condição faz com que as macro-cavernas possam funcionar comoatratores <strong>de</strong> fauna (pela quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos alimentares), sendo queesta atração po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong> forma exponencial, isto é, pequenos aumentos no<strong>de</strong>senvolvimento linear po<strong>de</strong>m levar a um aumento exponencial <strong>de</strong> atrativida<strong>de</strong>,elevando <strong>de</strong> forma surpreen<strong>de</strong>nte a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies presentes, diferentemente doque ocorre para outras litologias, on<strong>de</strong> tais canalículos não são abundantes.Ao observar a inclinação <strong>das</strong> retas na figura 4 é possível fazer uma comparaçãodo número <strong>de</strong> espécies para cavernas com mesma extensão, mas <strong>de</strong> litologias diferentes.Para uma caverna <strong>de</strong> 100m em canga, espera-se encontrar um número <strong>de</strong> espécies muitomaior que se esperaria encontrar em uma caverna do mesmo tamanho nas <strong>de</strong>maislitologias. Assim, a extensão da caverna como um parâmetro <strong>de</strong> predição da riqueza <strong>de</strong>invertebrados <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> diretamente da litologia à qual a caverna se associa. Sendoassim, contrariando o postulado por Gnaspini-Neto e Trajano (1994), cavernasassocia<strong>das</strong> a diferentes litologias apresentam <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> com composição e estrutura,92


claramente distintas, tendo em vista a potencialida<strong>de</strong> diferenciada <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong>espécies que cada litologia apresenta.Espécies troglomórficasO maior número <strong>de</strong> espécies troglomórficas encontrado nas cavernasferruginosas e um fato incomum para as cavernas brasileiras. Entretanto, tal fato jáhavia sido evi<strong>de</strong>nciado (Ferreira 2005 e 2006). Segundo este autor, aspectos como asuperficialida<strong>de</strong> <strong>das</strong> cavernas, a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> canalículos e a severida<strong>de</strong> ambiental doshabitats externos em função da altitu<strong>de</strong> são os principais fatores a serem consi<strong>de</strong>radosquando se tem a intenção <strong>de</strong> discutir os mo<strong>de</strong>los evolutivos que levaram à formação<strong>de</strong>stes grupos relictos .A superficialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitas cavernas ferruginosas contribui para a evolução <strong>de</strong>grupos relictos <strong>de</strong> duas formas: cavernas mais superficiais são mais facilmentecoloniza<strong>das</strong> por organismos provenientes <strong>de</strong> microhabitats externos por outras vias quenão a entrada principal (macroscópica). Neste caso, <strong>de</strong>stacam-se também oscanalículos presentes na canga, muitos dos quais abertos para a superfície e que acabampor se tornarem em possibili<strong>da<strong>de</strong>s</strong> varia<strong>das</strong> <strong>de</strong> colonização. Além disso, talsuperficialida<strong>de</strong> também contribui para o acesso <strong>de</strong> raízes <strong>de</strong> plantas da vegetaçãoexterna, como documentado por Ferreira (2005 e 2006). Tais raízes, ao atingiremamplos espaços subterrâneos, acabam por <strong>de</strong>senvolver-se formando, muitas vezes,amplos sistemas radiculares que funcionam como recurso trófico para várias espécies <strong>de</strong>invertebrados. Desta forma, a superficialida<strong>de</strong> <strong>das</strong> cavernas contribui tanto para acolonização por invertebrados quanto para a manutenção <strong>de</strong> suas populações. Tal fato<strong>de</strong>ve-se à ocorrência <strong>de</strong> uma contínua produtivida<strong>de</strong> primária indireta (viacrescimento radicular) que leva à manutenção <strong>de</strong> um consi<strong>de</strong>rável volume <strong>de</strong> nutrientesno interior <strong>de</strong> muitas cavernas.93


A relativa severida<strong>de</strong> dos ambientes epígeos existentes sobre muitas <strong>de</strong>stascavernas contribui para a colonização ativa dos ambientes subterrâneos. Em cavernasassocia<strong>das</strong> a sistemas externos menos severos (como florestas), a colonização <strong>de</strong> muitosgrupos po<strong>de</strong> ocorrer aci<strong>de</strong>ntalmente. Além disso, a procura pelos habitats subterrâneosten<strong>de</strong> a ser menor, tendo em vista a qualida<strong>de</strong> ambiental do sistema externo. Gran<strong>de</strong>parte <strong>das</strong> cavernas ferruginosas associa-se a um sistema externo muito que experimentagran<strong>de</strong>s variações <strong>de</strong> temperatura e umida<strong>de</strong>.As formações vegetais mais abertas, além <strong>de</strong> se caracterizarem como sistemas <strong>de</strong>baixa produtivida<strong>de</strong>, permitem uma elevada exposição solar direta junto ao solo. Taiscaracterísticas levam muitas espécies a possuírem hábitos noturnos e conseqüentementese abrigarem, durante o dia, em microhabitas, como espaços sob rochas (Ferreira &Souza-Silva 2001). Muitos <strong>de</strong>stes espaços são conectados a canalículos, o que favoreceo acesso a habitats mais estáveis, levando a procura por sistemas subterrâneos. Aliadoa este fato está a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manutenção trófica do sistema subterrâneo, o quepo<strong>de</strong> atrair ainda mais espécies para estes compartimentos.Finalmente, a extensa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> canalículos certamente contribui para oestabelecimento <strong>de</strong> populações nos sistemas subterrâneos da área. Embora asmacrocavernas possuam extensões em geral reduzi<strong>das</strong>, o habitat <strong>de</strong> muitas espécies <strong>de</strong>invertebrados se esten<strong>de</strong> muito além dos limites da macrocaverna. Tal fato é confirmadopor espécies troglomórficas que foram encontra<strong>das</strong> em mais <strong>de</strong> uma caverna, situa<strong>das</strong> árelativa distância, o que vem a <strong>de</strong>monstrar o grau <strong>de</strong> conectivida<strong>de</strong> subterrânea <strong>de</strong>stessistemas.Merece menção, ainda, importância da altitu<strong>de</strong> como <strong>de</strong>terminante da evolução<strong>de</strong> grupos relictos. Cavernas associa<strong>das</strong> a topos <strong>de</strong> montanhas ocorrem em local cujaadversida<strong>de</strong> externa é ainda mais intensa, <strong>de</strong>vido às maiores amplitu<strong>de</strong>s térmica e94


mesmo aos ventos mais intensos que em locais mais rebaixados. Tal fato é perceptívelao observarmos que, em cavernas situa<strong>das</strong> em maiores altitu<strong>de</strong>s, concentra-se umamaior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies troglomórficas. O último fato surpreen<strong>de</strong>nte é acerca doelevado número médio <strong>de</strong> espécies troglomórficas em cavernas ferruginosas. Talproporção é comparável às proporções encontra<strong>das</strong> em regiões tempera<strong>das</strong>, on<strong>de</strong> váriascavernas possuem espécies troglóbias (Culver & Sket 2000). Ferreira (2004) mencionaque a proporção <strong>de</strong> espécies troglomórficas em cavernas tropicais ten<strong>de</strong> a ser menor queem cavernas tempera<strong>das</strong>, uma vez que, em seu trabalho, foram encontra<strong>das</strong> espéciestroglomórficas em apenas 20,56% <strong>das</strong> cavernas amostra<strong>das</strong> em território nacional. Éválido ressaltar que Ferreira (2004) inventariou principalmente cavernas calcárias. Destaforma, a proporção <strong>de</strong> espécies troglomórficas em cavernas ferruginosas é mais próxima<strong>das</strong> encontra<strong>das</strong> em cavernas presentes em regiões tempera<strong>das</strong> do que daquelasencontra<strong>das</strong> em cavernas <strong>de</strong> outras litologias (principalmente calcário) localiza<strong>das</strong> emregiões tropicais.Estrutura <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados e variáveis ambientaisReduções na riqueza <strong>de</strong> espécies em função <strong>das</strong> distâncias latitudinais a partir<strong>das</strong> regiões tropicais são bem documentados para muitos grupos taxonômicos.Entretanto, somente a variação da latitu<strong>de</strong> não é suficiente para explicar a redução nariqueza uma vez que inúmeros outros fatores variam com a latitu<strong>de</strong> (pluviosida<strong>de</strong>,produtivida<strong>de</strong>, temperatura, profundida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntre outros) (Rho<strong>de</strong> 1992, Gaston 2000).Em algumas regiões da Europa existem padrões <strong>de</strong> redução Norte e Sul nas riquezas <strong>de</strong>invertebrados endêmicos <strong>de</strong> cavernas. Entretanto, neste gradiente, locais <strong>de</strong> alta riquezada fauna subterrânea surgem associados provavelmente a zonas <strong>de</strong> alta produtivida<strong>de</strong>(Culver et al 2006).95


As cavernas ferruginosas mostraram uma relação <strong>de</strong> aumento da riqueza relativacom o aumento da latitu<strong>de</strong>, contrário ao esperado. Estas cavernas possuem uma pequenavariação latitudinal, po<strong>de</strong>ndo, este fator, ser pouco explicativo para o aumento dariqueza.A altitu<strong>de</strong> atua sobre a fauna <strong>de</strong> forma semelhante à latitu<strong>de</strong>. Desta forma, existeuma tendência à redução da riqueza com o aumento da altitu<strong>de</strong> (Gaston 2000). Osfatores explicativos da redução da riqueza (a partir da elevação da altitu<strong>de</strong>) seriam aredução na produtivida<strong>de</strong>, o aumento na umida<strong>de</strong> e a redução <strong>de</strong> temperatura (Gaston2000). Assim, a redução da riqueza externa com o aumento da altitu<strong>de</strong> po<strong>de</strong>provavelmente levar a uma redução na riqueza <strong>de</strong> potenciais colonizadores <strong>de</strong> cavernas(Rosenzweig 1968, Culver et al 2004b). Entretanto, nas cavernas silisiclásticas, situa<strong>das</strong>em locais mais elevados, havia <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> guano <strong>de</strong> morcegos e andorinhões e muitosbancos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos vegetais. Assim, nestas cavernas, parece haver um aumento nadisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos alimentares nas cavernas mais altas. É provável quealterações antrópicas possam estar influenciando na redução da produtivida<strong>de</strong> emcavernas em altitu<strong>de</strong>s menores. Como exemplo, temos o intenso turismo realizado nascavernas siliciclásticas situa<strong>das</strong> em altitu<strong>de</strong>s mais baixas (e.g Altinópolis, SP) que po<strong>de</strong>provavelmente, afugentar invertebrados, estimular a fuga <strong>de</strong> animais produtores <strong>de</strong>recursos alimentares (aves e morcegos) e possibilitar uma relação inversa <strong>de</strong> aumentono aporte <strong>de</strong> guano com a altitu<strong>de</strong>. Neste caso, as cavernas mais produtivas seriamaquelas em altitu<strong>de</strong>s eleva<strong>das</strong>.A maior produtivida<strong>de</strong> associada a uma menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alteraçõesantrópicas po<strong>de</strong>m provavelmente permitir uma fauna mais rica <strong>de</strong> vertebrados einvertebrados nas cavernas. Estudos empíricos com invertebrados bentônicos têmmostrado uma inversão na relação riqueza e altitu<strong>de</strong>, pelo fato <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> mais96


icas estarem associa<strong>das</strong> a riachos mais elevados, on<strong>de</strong> os impactos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>humana e poluição orgânica são menores. Neste caso, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> humana e o nível <strong>de</strong>poluentes são negativamente relacionados com a altitu<strong>de</strong> e a riqueza da fauna relacionasepositivamente com a altitu<strong>de</strong> (Lang & Reymond 2004).As relações positivas <strong>de</strong> aumento da riqueza e diversida<strong>de</strong> com estabilida<strong>de</strong>ambiental em cavernas po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ver-se provavelmente ao efeito indireto <strong>de</strong> aumento d<strong>ae</strong>stabilida<strong>de</strong> ambiental com o aumento do tamanho <strong>das</strong> cavernas. Cavernas maiores sãomais ricas e mais estáveis.As maiores diversi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> relativas observa<strong>das</strong> em cavernas siliciclásticas secasprovavelmente po<strong>de</strong>m estar relaciona<strong>das</strong> ao fato <strong>de</strong> que em cavernas secas, os recursosorgânicos transportados por animais, pelo vento ou gravida<strong>de</strong>, se acumulam,permanecendo disponíveis para a fauna por maiores períodos <strong>de</strong> tempo do que emcavernas siliciclásticas com corpos <strong>de</strong> água. O fluxo <strong>de</strong> água nas cavernas po<strong>de</strong> atuarlixiviando os recursos orgânicos para a fauna (Silva 2004). Assim, cavernas secaspo<strong>de</strong>m sustentar mais espécies <strong>de</strong> invertebrados pelo fato dos recursos orgânicos nãoserem freqüentemente removidos.Entretanto, a presença e movimentação <strong>de</strong> águas em cavernas carbonáticas sãoimportantes em vários aspectos geológicos e biológicos. Dentre os aspectos biológicos,a presença <strong>de</strong> água mantém habitats para espécies aquáticas, e também eleva os valores<strong>de</strong> umida<strong>de</strong> no interior <strong>de</strong> cavernas. A umida<strong>de</strong> elevada é importante para acelerarprocessos <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> matéria orgânica no interior <strong>de</strong> cavernas, favorecendo orápido fluxo <strong>de</strong> energia e a manutenção <strong>de</strong> muitas espécies e indivíduos (Humphreys1991)A maior abundância relativa, riqueza relativa e diversida<strong>de</strong> relativa em cavernascarbonáticas com regime <strong>de</strong> maré po<strong>de</strong>m provavelmente estar relaciona<strong>das</strong> à pequena97


extensão <strong>de</strong>stas cavernas e à presença <strong>de</strong> distúrbios em conseqüência <strong>das</strong> variações nonível da água. A pequena extensão <strong>das</strong> cavernas permite a entrada <strong>de</strong> luz (zonadisfótica), favorecendo o crescimento <strong>de</strong> algas nas pare<strong>de</strong>s e promovendo um gradientena disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos alimentares <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a entrada até o fundo. Estadisponibilida<strong>de</strong> recursos alimentares po<strong>de</strong> permitir <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> mais ricas eabundantes. Além disso, durante maré alta nas grutas intertidais estuda<strong>das</strong>, as pare<strong>de</strong>ssão parcialmente inunda<strong>das</strong> e em maré baixa, são forma<strong>das</strong> piscinas no piso pedregoso earenoso. Neste caso, o regime <strong>de</strong> maré possibilita a formação <strong>de</strong> microhabitats para osinvertebrados aquáticos, parcialmente aquáticos e não afeta aqueles terrestres. Nascavernas intertidais foram encontra<strong>das</strong> morfoespécies <strong>de</strong> invertebrados distribuídosnestes três habitats distintos: (1) Protozoa (Granuloreticulosa), Cnidária (Anthozoa:Zoantharia: Actiniaria) e Crustacea (Amphipoda) foram encontrados somente naspiscinas, sendo caracterizados como exclusivamente marinhos. (2) Lepidoptera(Tineid<strong>ae</strong>), Diptera (Ceratopogonid<strong>ae</strong>), Arane<strong>ae</strong> (Pholcid<strong>ae</strong>: Mesabolivar sp.,Scytodid<strong>ae</strong> e Theridiid<strong>ae</strong>) ocupam os habitats terrestres nas cavernas intertidais. (3)Mollusca (Gastropoda) Crustacea (Cirripedia, Decapoda e Ligia sp.) ocuparam osambientes terrestre e aquático <strong>das</strong> cavernas (pare<strong>de</strong>). A força <strong>das</strong> on<strong>das</strong> durante a maréalta impe<strong>de</strong> o acúmulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos no piso, altera periodicamente os microhabitats eremove <strong>de</strong>tritos <strong>de</strong>positados, evitando a dominância <strong>de</strong> espécies exclusivamenteterrestres ou exclusivamente marinhas.Uma vez que as cavernas com vegetação <strong>de</strong> restinga são as mesmas queapresentam regime <strong>de</strong> maré, espera-se as mesmas relações <strong>de</strong> maiores riqueza relativa,abundância relativa e diversida<strong>de</strong> relativa em cavernas carbonáticas em restinga. Assim,este efeito da vegetação se <strong>de</strong>ve na verda<strong>de</strong> ao efeito da maré atuando nas cavernasintertidais.98


Maiores riquezas, abundâncias e diversi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> em cavernas com pastagens noentorno, po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ver-se ao fato <strong>de</strong> o <strong>de</strong>smatamento reduzir drasticamente osmicrohabitats no sistema externo, forçando muitas espécies <strong>de</strong> mata a se abrigar nascavernas. Neste caso, organismos que necessitam <strong>de</strong> habitats sombreados e úmidos irãoa<strong>de</strong>ntrar nas cavernas, elevando a riqueza, abundância e diversida<strong>de</strong> da fauna hipógea.Ferreira (2004) observou uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> invertebradosombrófilos ocorrendo em cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> artificiais com o entorno <strong>de</strong>smatado. Tal fato<strong>de</strong>monstra a importância <strong>de</strong>stes habitats para a manutenção <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> taxa quenecessitam <strong>de</strong> sombreamento e umida<strong>de</strong> (e.g. Arane<strong>ae</strong>, Ensifera, Isopoda, Opilionida,Uropygi, etc). Tal associação se dá preferencialmente em áreas on<strong>de</strong> o <strong>de</strong>smatamento domeio externo é mais marcante. Todavia, em locais on<strong>de</strong> a cobertura vegetal ainda estápreservada, tais grupos po<strong>de</strong>m ser ainda encontrados sob troncos caídos no solo edistribuídos pela serrapilheira (Ferreira 2004). A ocorrência <strong>de</strong> uma incomumpopulação <strong>de</strong> Lasiodora sp. (Arane<strong>ae</strong>, Teraphosid<strong>ae</strong>) na caverna João Matias, emAtáleia, MG, <strong>de</strong>ve-se provavelmente às influências da substituição da Mata Atlântica noentorno da caverna por capim colonião, o que alterou as condições climáticas e tróficasdo meio epígeo. Tais alterações po<strong>de</strong>m ter levado os indivíduos <strong>de</strong> Lasiodora sp. e<strong>de</strong>mais invertebrados <strong>de</strong> solo a se refugiarem nesta caverna em busca <strong>de</strong> microhabitasmais estáveis (Bernardi et al 2007).Os poucos estudos realizados em cavernas não carbonáticas concluem que as<strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> são comparáveis às <strong>de</strong> cavernas calcárias situa<strong>das</strong> na mesma regiãogeográfica, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tipo <strong>de</strong> rocha em que a caverna se forme (Trajano & Moreira1991 Dessen et al. 1980, Trajano 2000). Entretanto, neste estudo são apresenta<strong>das</strong>importantes informações sobre a <strong>ecologi</strong>a <strong>de</strong> invertebrados em cavernas com litologiasdistintas que invalidam estas conclusões. Os tipos <strong>de</strong> rocha on<strong>de</strong> as cavernas estão99


inseri<strong>das</strong> <strong>de</strong>terminam claras diferenças na riqueza, abundância e diversida<strong>de</strong> <strong>das</strong><strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados. Cavernas ferruginosas revelam <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong>invertebrados com uma elevada riqueza, além <strong>de</strong> uma composição <strong>de</strong> fauna distinta <strong>das</strong><strong>de</strong>mais litologias. Assim, este estudo <strong>de</strong>monstra que as diferenças na composição eestrutura <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados em cavernas não é somente produto <strong>de</strong>variações biogeográficas, conforme postulado por Gnaspini-Neto & Trajano (1994).Além disto, o <strong>de</strong>senvolvimento linear <strong>das</strong> cavernas em diferentes litologias impõediferenças na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies encontra<strong>das</strong>. Desta forma, ao serem criadosatributos <strong>de</strong> valoração, o tamanho <strong>das</strong> cavernas <strong>de</strong>ve sempre vir relacionado à sualitologia, pelo fato <strong>de</strong> cavernas <strong>de</strong> mesmo tamanho associa<strong>das</strong> a litologias distintas,possuírem <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> com valores bastante diversos <strong>de</strong> riqueza. Deste modo, alitologia e extensão <strong>das</strong> cavernas são importantes parâmetros a serem consi<strong>de</strong>rados, emplanos e ações <strong>de</strong> conservação da fauna <strong>de</strong> invertebrados <strong>de</strong> cavernas.100


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CAPÍTULO IIICONSERVAÇÃO DE INVERTEBRADOSCAVERNÍCOLASNA MATA ATLÂNTICA BRASILEIRAMarconi Souza Silva 1 ,Rodrigo Lopes Ferreira 2 & Rogério Parentoni Martins 11-Laboratório <strong>de</strong> Ecologia e Comportamento <strong>de</strong> Insetos, Departamento <strong>de</strong> Biologia Geral,Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.silvamar@icb.ufmg.br2-Departamento <strong>de</strong> Biologia/Setor <strong>de</strong> Zoologia Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Lavras.CP.3037, 37200-000 Lavras, MG, Brasil. drops@ufla.br104


Resumo - A Mata Atlântica ocupa gran<strong>de</strong>s extensões no território brasileiro e agrupaum gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> cavernas disjuntas e <strong>de</strong> litologias varia<strong>das</strong>. Tais condições po<strong>de</strong>mter influenciando na evolução <strong>de</strong> diferentes grupos, contribuindo para o surgimento <strong>de</strong>inúmeras espécies endêmicas. No entanto, este é o bioma mais ameaçado do país, einfelizmente não se conhece o real efeito dos impactos sobre as <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong>subterrâneas. Desta forma, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> metodologias capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar áreasprioritárias para a conservação da fauna subterrânea tem caráter emergencial. Utilizandodados históricos e atuais <strong>de</strong> 289 cavernas, o presente estudo buscou avaliar oconhecimento acerca da fauna cavernícola na Mata Atlântica, avaliar as principaisalterações antrópicas e propor uma metodologia <strong>de</strong> avaliação da relevância biológica evulnerabilida<strong>de</strong> <strong>das</strong> cavernas. A região da Mata Atlântica com o maior número <strong>de</strong>cavernas estuda<strong>das</strong> é o vale do Rio Ribeira, sul <strong>de</strong> São Paulo. Nesta região foramanalisa<strong>das</strong> aproximadamente 110 cavernas, <strong>de</strong>ntre as mais <strong>de</strong> 400 cataloga<strong>das</strong>. Existemdiferenças significativas entre os valores <strong>de</strong> riqueza encontrados neste estudo emcomparação a esforços amostrais empregados em outros trabalhos para um mesmoconjunto <strong>de</strong> cavernas. As cavernas apresentaram principalmente mata secundária (38%)e pastagens (34%) como vegetação <strong>de</strong> entorno. As principais alterações antrópicasforam o <strong>de</strong>smatamento (40%), mineração no entorno (15%), lixo inorgânico (13%),pisoteamento (12%), uso turístico (10%), construções (10%), pichações (8,5%),espécies exóticas (8,5%) e uso religioso (7,5 %). O grau <strong>de</strong> impactos mostrou-serelacionado <strong>de</strong> forma significativa e positiva com o <strong>de</strong>senvolvimento linear <strong>das</strong>cavernas (R=- 0,40, p


Abstract - The Atlantic Forest extends over great extensions of Brazilian territory. Italso inclu<strong>de</strong>s an array of caves presenting no connection and different litologies. Suchconditions may have influenced the evolution of different groups, contributing for theorigin of many en<strong>de</strong>mic species. This is the most endangered bioma of the country.Unfortunately, the real effect of many kinds of impacts over the un<strong>de</strong>rgroundcommunities is still unkown. Therefore, <strong>de</strong>fining methodologies capable of <strong>de</strong>terminingpriority areas for the conservation of un<strong>de</strong>rground fauna is of great importance. Throughhistoric and present data of 287 caves, the present study aimed to evaluate theknowledge on cave fauna of the Atlantic Forest, to evaluate the main antropic changes,and propose a methodology to evaluate the biological relevance and vulnerability ofcaves. The Atlantic Forest region presenting the largest number of studied caves isVale do Rio Ribeira , southern São Paulo (Brazil). Aproximetely 110 caves (from 400registered) have already been studied in this area. There were significant differences ofrichness values registered in this study when compared with the values obtained throughdifferent sampling techniques used in other studies, in the same group of caves. Thecaves are mainly surroun<strong>de</strong>d by secondary forest (38%) and pasture (34%). The mainantropic changes were: <strong>de</strong>forestation (40%), mining (15%), inorganic waste (13%),trample (12%), touristic usage (10%), constructions (10%), graffiti (8,5%), exoticspecies (8,5%) religious usage (7,5 %). The impact level related positively andsignificantly with linear progression of cave (R=- 0,40, p


INTRODUÇÃOBiodiversida<strong>de</strong> em ambientes <strong>de</strong> cavernas e sua fragilida<strong>de</strong> a impactosMuitos locais com cavernas no mundo são conhecidos por apresentaremsignificativa diversida<strong>de</strong> mesmo sendo esta ainda pouco conhecida (Myers et al 2000).Regiões com cavernas (paisagens cársticas) po<strong>de</strong>m exibir uma consi<strong>de</strong>rável diversida<strong>de</strong>baseada somente na fauna subterrânea. Alguns exemplos específicos incluem cavernasna América do Norte (USA), América Central (Bermu<strong>das</strong>), Europa (Itália, França,Romênia, Eslovênia), Oceania (Austrália) e Ásia Tropical (Tailândia, Indonésia,Sumatra, Sulawesi) (Culver & Sket 2000, Deharveng & Bedos 2000). No Brasil algunsestudos têm revelado uma elevada diversida<strong>de</strong> e en<strong>de</strong>mismos da fauna subterrânea(Pinto-da-Rocha 1995, Ferreira 2004, Trajano 2001, Trajano & Bichuette 2006).Os locais mais profundos nas cavernas são caracterizados pela ausência permanente<strong>de</strong> insolação, temperatura constante, umida<strong>de</strong> elevada e escassez <strong>de</strong> recursosalimentares (Culver et al 1982). Assim, os organismos que vivem em cavernasapresentam características ecológicas e evolutivas especiais, sendo categorizados emfunção <strong>de</strong> suas especializações ao ambiente em trogloxenos, troglófilos e troglóbios(Romero & Green 2005).Impactos naturais ou antrópicos que alteram as condições naturais dos ambientes <strong>de</strong>cavernas po<strong>de</strong>m ser bem mais prejudiciais a organismos hipógeos do que os ocorridosem sistemas externos (Ferreira & Horta 2001, Ferreira & Martins 2001, Elliott 2004).Muitas ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> humanas, como o <strong>de</strong>smatamento no entorno, poluição <strong>de</strong> rios,minerações ou exploração turística, po<strong>de</strong>m causar sérios danos à sua fauna subterrânea,em especial reduzindo o número <strong>de</strong> espécies (Ferreira & Martins 2001).107


Além da manutenção <strong>de</strong> uma biodiversida<strong>de</strong> peculiar e muitas vezes exclusiva,cavernas são importantes para os ecossistemas on<strong>de</strong> estão inseri<strong>das</strong> pelo fato <strong>de</strong>funcionarem como locais <strong>de</strong> recarga da drenagem subterrânea e abrigar espécies querealizam serviços nos ecossistemas externos (e.g. morcegos que realizam polinização,dispersão <strong>de</strong> sementes, predação <strong>de</strong> pragas <strong>de</strong> lavouras etc.) (Elliott 2004).Conservação <strong>das</strong> cavernas na Mata Atlântica BrasileiraO uso do patrimônio espeleológico brasileiro bem como as normas para suaproteção foi regulamentada pela Portaria do IBAMA N. 887 <strong>de</strong> 15/06/90 e o DecretoFe<strong>de</strong>ral N 0 . 99.556 <strong>de</strong> 01/10/90, e está sujeito ao controle e fiscalização pelo po<strong>de</strong>rpúblico. A resolução do CONAMA (Conselho Nacional <strong>de</strong> Meio Ambiente), N 0 005 <strong>de</strong>06 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1987, inclui os troglóbios na relação dos animais em perigo <strong>de</strong> extinçãoe que, como tal, <strong>de</strong>vem ser preservados juntamente com seus hábitats. Desta forma, oCONAMA resolve que seja estabelecido, em regime <strong>de</strong> urgência, através <strong>das</strong> CâmarasTécnicas pertinentes os critérios, diretrizes e normas <strong>de</strong> uso que permitam indicar asáreas do Patrimônio Espeleológico Nacional merecedoras <strong>de</strong> uma intervenção imediat<strong>ae</strong>specialmente aquelas cujo perigo <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição é iminente.Desta forma, quaisquer espécies troglóbias são automaticamente coloca<strong>das</strong> nostatus <strong>de</strong> ameaça<strong>das</strong>, <strong>de</strong>vido à distribuição restrita e elevado grau <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismo. Sendoassim, quaisquer cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> que possuam espécies troglóbias estão protegi<strong>das</strong> por lei,<strong>de</strong>vendo ser preservados seu habitat e adjacências (CONAMA 2008).A conservação <strong>de</strong> cavernas no Brasil apresenta uma ampla problemática notocante aos critérios e técnicas a serem usados para inventariar a fauna e monitorar suasalterações. Este fato é em parte dificultado por ser o ambiente <strong>de</strong> cavernasextremamente <strong>de</strong>sconhecido tanto no meio acadêmico quanto ao público em geral.Além disto, a distribuição temporal e espacial da diversida<strong>de</strong> subterrânea tem se108


mostrado altamente heterogênea entre cavernas e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma mesma caverna (Culver& Sket 2000, Culver & Sket 2002, Prous et al 2004, Ferreira 2005). Tal fato vem adificultar ainda mais o estabelecimento <strong>de</strong> critérios objetivos e que sejam aplicáveis aquaisquer cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong>. Além disso, existem variações impostas por diferenças litológicasentre cavernas (como tratado no capítulo anterior), o que dificulta ainda mais oestabelecimento <strong>de</strong> critérios <strong>de</strong> ampla aplicabilida<strong>de</strong>.Neste contexto, a conservação <strong>de</strong> cavernas no Brasil <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>finida segundoas premissas básicas <strong>de</strong> um planejamento <strong>de</strong> ação conservacionista. Tal planejamentosugere como passo primordial, a <strong>de</strong>terminação geral da diversida<strong>de</strong>, a partir dacompreensão dos padrões gerais <strong>de</strong> distribuição e abundância <strong>das</strong> espécies e suasrespectivas ameaças. Somente a partir daí é possível elencar áreas biológicasrepresentativas e temporalmente persistentes (Margules & Pressey 2000). Omapeamento da biodiversida<strong>de</strong> subterrânea tem sido uma ferramenta primordial para aconservação, manejo e monitoramento da fauna em regiões naturais ou altera<strong>das</strong> pelohomem (Trajano 2000, Culver & Sket 2000, Sessegolo et al. 2001, Culver & Sket 2002,Elliott 2005, Ferreira 2005).A Mata Atlântica ocupa gran<strong>de</strong>s extensões no território brasileiro e agrupa umgran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> cavernas disjuntas e <strong>de</strong> litologias varia<strong>das</strong>. Tais condições po<strong>de</strong>m terinfluenciado na evolução <strong>de</strong> diferentes grupos e contribuído para o surgimento <strong>de</strong>inúmeras espécies endêmicas. No entanto, este é o bioma mais ameaçado do país, einfelizmente não se conhece o real efeito <strong>de</strong> sua fragmentação sobre as <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong>subterrâneas presentes. A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> metodologias capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar áreasprioritárias para a conservação da fauna subterrânea da Mata Atlântica tem, <strong>de</strong>sta forma,caráter emergencial.109


Nesta perspectiva, o uso <strong>de</strong> metodologias que integrem aspectos do ambientefísico (e seu entorno) com aspectos biológicos como diversida<strong>de</strong>, rarida<strong>de</strong> e riqueza <strong>de</strong>espécies, po<strong>de</strong>m promover uma importante base para iniciar ações <strong>de</strong> conservação emanejo dos ambientes subterrâneos associados à Mata Atlântica Brasileira.Deste modo, o presente trabalho apresenta uma retrospectiva histórica dosinventários da fauna <strong>de</strong> invertebrados já realizados em cavernas na Mata Atlântica, além<strong>de</strong> fornecer dados inéditos acerca da diversida<strong>de</strong> subterrânea associada a este bioma.Além disso, propõe metodologia para valoração do estado <strong>de</strong> conservação <strong>das</strong><strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> cavernícolas <strong>das</strong> cavernas na Mata Atlântica Brasileira. Sendo assim, opresente trabalho teve como obetivo respon<strong>de</strong>r às seguintes questões:1. Qual o atual estado <strong>de</strong> conhecimento da fauna cavernícola na Mata Atlânticabrasileira?2. Quais os principais tipos <strong>de</strong> alterações antrópicas em cavernas na Mata Atlânticabrasileira?3. Como a riqueza <strong>de</strong> invertebrados, en<strong>de</strong>mismos e alterações antrópicas po<strong>de</strong>m serutilizados para <strong>de</strong>terminar a relevância biológica e vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>das</strong> cavernas naMata Atlântica Brasileira?4. As alterações antrópicas observa<strong>das</strong> nas cavernas estão relaciona<strong>das</strong> ao<strong>de</strong>senvolvimento linear <strong>das</strong> mesmas?5. A riqueza, abundância e diversida<strong>de</strong> <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados estãorelaciona<strong>das</strong> às alterações antrópicas nas cavernas?6. Quais são as áreas e ações prioritárias para a conservação da biodiversida<strong>de</strong> da fauna<strong>de</strong> invertebrados em cavernas na Mata Atlântica costeira?110


Área <strong>de</strong> estudoMETODOLOGIAPara realização <strong>de</strong>ste estudo foram amostra<strong>das</strong> 103 cavernas em diferenteslitologias inseri<strong>das</strong> nos domínios da Mata Atlântica brasileira, principalmente emregiões biogeográficas costeiras como corredores <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> da Serra do Mar,corredor Central e corredor Nor<strong>de</strong>ste (Galindo & Câmara 2005). Foram amostra<strong>das</strong>cavernas nos estados brasileiros <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (1 caverna), Santa Catarina (3caverna), Paraná (1 caverna), São Paulo (7 cavernas), Minas Gerais (52 cavernas), Rio<strong>de</strong> Janeiro (4 cavernas), Espírito Santo (15 cavernas), Bahia (11 cavernas), Sergipe (2cavernas), Alagoas (3 cavernas) e Ceará (4 cavernas) (veja procedimentos <strong>de</strong> coleta nocapítulo I).ProcedimentosObtenção dos dados da literatura sobre a fauna <strong>de</strong> cavernas da Mata AtlânticaDados históricos acerca da composição, riqueza e distribuição da fauna <strong>de</strong>invertebrados <strong>de</strong> cavernas na Mata Atlântica foram obtidos a paritr <strong>das</strong> principaispublicações disponíveis (Dessen 1980, Trajano 1987, Gnaspini-Neto & Trajano 1994,Pinto-da-Rocha 1995, Gnaspini-Neto et al 1998, Trajano 2000, Baptista & Giupponi2002, Bichuette & Trajano 2003, Ferreira 2004, Lourenço et al 2004, Bichuette &Trajano 2005, Gutiérrez 2005, Trajano & Bichuette 2006).Inventário biológico nas cavernas da Mata AtlânticaOs invertebrados presentes nas cavernas foram i<strong>de</strong>ntificados e tiveram alguns <strong>de</strong>seus espécimes coletados. Durante os inventários, cada indivíduo observado era plotadoem um croqui esquemático da caverna, segundo metodologia proposta por Ferreira(2004).Foram priorizados microhabitats como troncos, <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> guano, espaços sobrochas e locais úmidos. Nas coleções <strong>de</strong> água, corrente ou parada, os organismos foram111


coletados com auxílio <strong>de</strong> pinças e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mão. Espécimes não i<strong>de</strong>ntificados em campoeram levados ao laboratório on<strong>de</strong> se procedia a i<strong>de</strong>ntificação até o nível taxonômicopossível. Cada táxon foi separado em morfo-espécies a partir da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> tiposmorfológicos (morfótipos) e posteriormente reagrupados <strong>de</strong> acordo com as referências<strong>de</strong> campo (Oliver & B<strong>ae</strong>ttie 1996). Indivíduos imaturos foram consi<strong>de</strong>rados espéciesdistintas dos eventuais adultos, uma vez que era inviável, para todos os casos, aassociação entre formas imaturas (especialmente larvas) e formas adultas. A abundânciageral <strong>de</strong> cada morfoespécie foi obtida através da contagem dos indivíduos incluidos nocroqui. Usos e alterações ambientais (impactos) nas cavernas em distintas litologias erespectivos entornos foram avaliados com base nas fichas preenchi<strong>das</strong> durante as visitas(anexo I). Para as análises <strong>de</strong> impactos, as cavernas foram agrupa<strong>das</strong> <strong>de</strong> acordo com asquatro litologias principais observa<strong>das</strong>, a saber: carbonáticas (que englobaram aquelasinseri<strong>das</strong> em calcários, mármores, calcarenitos e conglomerados carbonáticos),magmáticas (inseri<strong>das</strong> em granitos e gnaisses), siliciclásticas (inseri<strong>das</strong> em quartzitos earenitos) e ferruginosas (inseri<strong>das</strong> em itabiritos, hematitas e contatos entre estesminérios e as crostas ferruginosas intemperiza<strong>das</strong> - cangas).Análise comparativa entre os dados da literatura e aqueles obtidos a partir dosinventários do presente trabalhoPara avaliar as diferenças entre os valores <strong>de</strong> riqueza obtidos por meio dosmétodos <strong>de</strong> coleta empregados neste trabalho com aqueles encontrados em outrosestudos (nas mesmas cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong>) foi utilizado o teste não paramétrico <strong>de</strong> Kruskal-Wallis.As diversi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> foram obti<strong>das</strong> através do índice <strong>de</strong> Shannon (Magurran 2004).Como a maioria <strong>das</strong> cavernas <strong>de</strong>ste estudo nunca haviam sido inventaria<strong>das</strong>, talcomparação somente pô<strong>de</strong> ser realizada em oito cavernas, presentes nos estados daBahia (gruta da pedra suspensa, gruta milagrosa e gruta califórnia), Ceará (gruta <strong>de</strong>112


Ubajara) e São Paulo (gruta do quarto patamar, gruta do itambé, gruta olho <strong>de</strong> cabra esítio da toca).Determinação <strong>das</strong> relevâncias biológicas, graus <strong>de</strong> impactos e vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>das</strong>cavernasPara avaliar o estado <strong>de</strong> ameaças à biodiversida<strong>de</strong> em cavernas da MataAtlântica costeira, foi utilizado um indicador aqui <strong>de</strong>nominado vulnerabilida<strong>de</strong>. Avulnerabilida<strong>de</strong> <strong>das</strong> cavernas foi medida através da sobreposição da sua relevânciabiológica e o peso <strong>de</strong> impactos ocorrentes. Tal sobreposição foi feita através <strong>de</strong> umíndice proposto neste trabalho. Este indicador é útil para monitorar variações nabiodiversida<strong>de</strong> cavernícola ao longo do tempo (em uma mesma caverna) e mesmo entrecavernas distintas em estudos <strong>de</strong> curta e longa duração. O índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> aquiapresentado possui vantagens pelo fato <strong>de</strong> ser aplicável a diferentes escalas espaciais,ser facilmente coompreendido e representar o produto entre medi<strong>das</strong> qualitativasbiológicas e alterações físicas do ecossistema cavernícola. A primeira variável do índicerepresenta a biodiversida<strong>de</strong> da caverna e a segunda o grau <strong>de</strong> ameaça aos quais as<strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> presentes estão submeti<strong>das</strong>.Para o cálculo da relevância biológica <strong>das</strong> cavernas foram utilizados trêscomponentes distintos: o primeiro refere-se à riqueza total <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> invertebrados(RT); o segundo refere-se à riqueza relativa (RR) <strong>das</strong> espécies (<strong>de</strong>terminada peloproduto entre a riqueza total observada e a projeção linear da caverna dividida pelalargura da entrada) e o terceiro refere-se à presença <strong>de</strong> populações troglomórficas (TR).As populações troglomórficas são consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> relevantes em função do statusevolutivo , insuficiência <strong>de</strong> conhecimento, distribuição restrita e fragilida<strong>de</strong> frente <strong>ae</strong>ventos casuais <strong>de</strong> alteração <strong>de</strong> seus habitats (Trajano 2000). A riqueza total é um fatorrelevante porque po<strong>de</strong> possibilitar processos e interações ecológicas complexas(Ferreira 2004). A riqueza relativa categoriza o número <strong>de</strong> espécies em função da113


extensão da caverna e a extensão <strong>das</strong> entra<strong>das</strong>. Assim, esta variável busca reduzir acontribuição excessiva <strong>de</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> para-epígeas ao consi<strong>de</strong>rar nesta análise <strong>ae</strong>xtensão da entrada. Espera-se que em cavernas com entra<strong>das</strong> extensas exista umagran<strong>de</strong> contribuição <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> para-epígeas em função do maior contato com oambiente externo. A riqueza relativa foi calculada a partir da seguinte fórmula:On<strong>de</strong> RR = riqueza relativa; RT = riqueza total; DL = <strong>de</strong>senvolvimento linear dacaverna (metros) e EE = extensão da entrada (metros).Foram <strong>de</strong>fini<strong>das</strong> quatro categorias <strong>de</strong> relevância biológica para as cavernas dopresente estudo: relevância especial, alta, média e baixa.A presença <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> espécies troglóbias eleva a caverna à categoria <strong>de</strong>relevância biologica especial, pelo fato <strong>de</strong>stas espécies apresentarem característicasespeciais, como <strong>de</strong>talhado no capítulo I.A maior riqueza total encontrada (107 espécies) serviu <strong>de</strong> base para a inclusão<strong>das</strong> cavernas nas categorias <strong>de</strong> riqueza alta, média e baixa. Pata tal, a maior riqueza foidividida por três, criando categorias com intervalos <strong>de</strong> 0 a 35 espécies (baixa riquezatotal); 36 a 70 espécies (média riqueza total) e 71 a 107 espécies (alta riqueza total).A maior riqueza relativa encontrada (2,37 spp) serviu <strong>de</strong> base para a inclusão <strong>das</strong>cavernas nas categorias <strong>de</strong> riqueza relativa alta, média e baixa. Pata tal a maior riquezarelativa foi dividida por três criando categorias com intervalos <strong>de</strong> 0 a 0,8 espécies (baixariqueza relativa); 0,9 a 1,6 espécies (média riqueza relativa) e 1,7 a 2,4 espécies (altariqueza relativa).Para as cavernas que não apresentaram populações <strong>de</strong> espécies troglomórficas, arelevância biológica final <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados foi consi<strong>de</strong>rada a partir <strong>das</strong>obreposição <strong>das</strong> categorias <strong>de</strong>fini<strong>das</strong> para a riqueza total e riqueza relativa.114


Cavernas com riqueza total alta receberam peso 6. Para aquelas cuja riquezatotal foi média, foi atribuído o peso 4. Finalmente, para aquelas cuja riqueza total foibaixa, foi atribuído o peso 2.Para as cavernas consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> <strong>de</strong> alta riqueza relativa, foi atribuído o peso 3.Para aquelas <strong>de</strong> riqueza relativa média foi atribuído o peso 2. Finalmente, para ascavernas consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> <strong>de</strong> riqueza relativa baixa foi dado o peso 1.Definiu-se que a riqueza total <strong>de</strong>veria receber o dobro <strong>de</strong> peso da riquezarelativa, tendo em vista sua importância real e direta do número absoluto <strong>de</strong> espéciesenquanto parâmetro <strong>de</strong> preservação <strong>de</strong> um dado sistema. Caso fosse utilizada somente ariqueza relativa, cavernas reduzi<strong>das</strong>, mas com um número relativamente alto <strong>de</strong> espécies(em função da sua reduzida extensão), po<strong>de</strong>riam ser preserva<strong>das</strong> em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong>cavernas extensas e com elevada riqueza absoluta.A relevância biológica final para cada caverna foi conseguida através <strong>das</strong>omatória <strong>de</strong> pesos da riqueza total e riqueza relativa.Novamente, a maior relevância biológica final (9) serviu <strong>de</strong> base para a inclusão<strong>das</strong> cavernas nas categorias <strong>de</strong> relevância alta, média e baixa. Pata tal, a relevânciabiológica máxima foi dividida por 3 criando categorias com intervalos <strong>de</strong> 1-3 (baixarelevância biológica final); 4-6 (média relevância biológica final) e 7-9 (alta relevânciabiológica final).Riqueza total (RT)Riqueza relativa (RR)Relevância biológica (RB)RT Peso RR Peso RBF RBT+ RBRAlta 6 Alta 3 Alta 9Média 4 Média 2 Média 6Baixa 2 Baixa 1 Baixa 3115


Alterações ambientais (impactos) foram <strong>de</strong>fini<strong>das</strong> para cada caverna em funçãoda presença ou ausência <strong>de</strong> modificações no ambiente interno e externo <strong>das</strong> mesmas,utizando fichas <strong>de</strong> campo e posteriormente tabula<strong>das</strong> em Excel 2003.Um impacto se refere ao nível em que <strong>de</strong>terminada pressão po<strong>de</strong>r afetar, diretaou indiretamente, a estrutura <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados presentes em cadacaverna (Tercafs 1992, Willians 1993, Gillieson 1996, Wilkens et al 2000, Elliot 2004).As alterações levanta<strong>das</strong> neste estudo foram categoriza<strong>das</strong> em relação a usos eimpactos. Ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> turísticas e religiosas foram consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> usos, sendo impactos opisoteio, a iluminação e as construções <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>stas ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong>.A partir da i<strong>de</strong>ntificação <strong>das</strong> alterações antrópicas nas cavernas proce<strong>de</strong>u-se auma análise concernente à categorização dos impactos perceptíveis visualmente <strong>de</strong>pequena magnitu<strong>de</strong> versus impactos que pu<strong>de</strong>ssem afetar consi<strong>de</strong>ravelmente a fauna(impactos biológicos). Na categoria <strong>de</strong> impactos visuais foram consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> aquelasalterações pontuais <strong>de</strong> baixíssima magnitu<strong>de</strong> que <strong>de</strong>vem afetar mais a parte física dacaverna do que as <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> biológicas (e.g. <strong>de</strong>predação <strong>de</strong> espeleotemas oupichações em pequena escala). Estes impactos visuais trazem menores alterações àfauna <strong>de</strong> invertebrados cavernícolas quando comparados às alterações <strong>de</strong>enriquecimento ou <strong>de</strong>pleção tróficas ou modificações na estrutura dos habitats nacaverna (impactos biológicos).Assim, nas <strong>de</strong>finições dos impactos biológicos, foram consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong>modificações que po<strong>de</strong>riam levar à <strong>de</strong>pleção, enriquecimento ou alteração nos recursosorgânicos e/ou na fauna <strong>das</strong> cavernas. Enten<strong>de</strong>-se por <strong>de</strong>pleção a redução <strong>de</strong> recursostróficos ou da fauna em função <strong>das</strong> ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> antrópicas. Impactos <strong>de</strong> enriquecimentosão ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> antrópicas que promovem o aumento na disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursosorgânicos para a fauna. Este tipo <strong>de</strong> alteração po<strong>de</strong> ser positiva se realizado <strong>de</strong> forma116


tênue (e.g. os recursos tróficos adicionais po<strong>de</strong>m manter as <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong>invertebrados <strong>de</strong> cavernas mais ricas e mais abundantes) (Ferreira 2004). Impactos dotipo alteração são aqueles que modificam espacial e temporalmente a estrutura física <strong>de</strong>habitats ou microhabitas nas cavernas. Cada um <strong>de</strong>stes três tipos <strong>de</strong> impactos biológicos(<strong>de</strong>pleção, enriquecimento e alteração) foi classificado em intenso (potencialmentecausador <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s alterações sobre a fauna - peso 2) ou tênue (potencialmentecausador <strong>de</strong> alterações reduzi<strong>das</strong> sobre a fauna - peso 1).Uma segunda classificação adicionada à valoração dos impactos biológicos dizrespeito à permanência dos mesmos. A permanência refere-se ao intervalo <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong>persistência do impacto sobre as <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> da caverna. Desta forma, os impactosconsi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> curta duração receberam peso 1 e os contínuos receberam peso 3.Impactos antrópicos tênues <strong>de</strong> curta duração e baixa freqüência po<strong>de</strong>m permitir umarecuperação rápida da fauna <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cessada a intervenção antrópica.A terceira classificação <strong>de</strong> impactos biológicos refere-se à abrangência doimpacto na caverna. Impactos pontuais ou restritos à entrada <strong>de</strong>vem receber peso 1,enquanto aqueles que acorrem em uma gran<strong>de</strong> extensão da caverna <strong>de</strong>vem receber peso2.117


Exemplo da classificação e pontuação (peso) <strong>de</strong> impactos biológicos emcavernas da Mata Atlântica utilizados neste estudo.Alterações Tipo Grau Permanência AbrangênciaPoluição <strong>de</strong> drenagem c Intenso (2) Continua (3) Ampla (2)Esgoto doméstico b+c Intenso (2+2) Continua (3) Ampla (2)Pequenas <strong>de</strong>tonações c Tênue (1) Curta (1) Pontual (1)Pisoteamento c Intenso (2) Continua (3) Ampla (2)Construções c Intenso (2) Curta (1) Pontual (1)Lixo inorgânico c Intenso (2) Continua (3) Ampla (2)Exploração <strong>de</strong> drenagem a Intenso (2) Continua (3) Pontual (1)Coleta <strong>de</strong> água em espeleotemas a Tênue (1) Curta (1) Pontual (1)Iluminação artificial b Intenso (2 ) Continua (3) Ampla (2)Desmatamento a Tênue (1) Curta (1) Ampla (2)Formigas no guano a+ c Intenso (2+ 2) Curta (1) Pontual (1)Desabamento interno c Tênue (1) Curta (1) Pontual (1)Destruição <strong>de</strong> condutos c Intenso (2) Curta (1) Pontual (1)Assoreamento c Intenso (2) Continua (3) Pontual (1)Vibrações c Intenso (2) Continua (3) Ampla (2)Escavação da entrada c Intenso (2) Continua (3) Pontual (1)Estra<strong>das</strong> no entorno c Tênue (1) Continua (3) Pontual (1)Mineração no entorno a + c Intenso (2+ 2) Continua (3) Ampla (2)Matança <strong>de</strong> morcegos a + c Intenso (2+ 2) Curta (1) Pontual (1)Obs: Impacto intenso (peso 2), tênue (peso 1)+ permanência curta (peso 1),permanência contínua (peso 3) + abrangência pontual (peso 1), abrangência ampla (peso2)A or<strong>de</strong>nação <strong>das</strong> cavernas quanto ao peso <strong>de</strong> impactos foi feita apartir da somados pontos obtidos por cada caverna em função da gama <strong>de</strong> alterações observa<strong>das</strong>(quantida<strong>de</strong>, grau, permanência e abrangência).A maior somatória <strong>de</strong> impactos serviu <strong>de</strong> base para a separação <strong>das</strong> cavernasquanto ao peso <strong>de</strong> impactos. Desta forma, o grau <strong>de</strong> impacto foi <strong>de</strong>finido como extremo,alto, médio e baixo. Neste caso, a partir do maior valor <strong>de</strong> impactos observado nesteestudo (40 pontos), foram cria<strong>das</strong> 4 classes <strong>de</strong> valores com intervalos <strong>de</strong> 1-5 pontos118


(baixo grau <strong>de</strong> impactos); 6-10 pontos (médio grau <strong>de</strong> impactos) e 10-20 pontos (altograu <strong>de</strong> impactos), acima <strong>de</strong> 20 pontos (grau extremo <strong>de</strong> impacto).O <strong>de</strong>smatamento no entorno <strong>das</strong> cavernas (resolução CONAMA 347 <strong>de</strong> 2004que <strong>de</strong>fine a área <strong>de</strong> entorno com raio <strong>de</strong> 250 metros) foi consi<strong>de</strong>rado um impacto <strong>de</strong><strong>de</strong>pleção tênue <strong>de</strong> recursos ou da fauna (peso 1). Tal consi<strong>de</strong>ração foi feita pelo fato do<strong>de</strong>smatamento representar um impacto externo. Atualmente é impossível avaliar osefeitos reais <strong>de</strong>sta intervenção sobre as <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> cavernícolas, uma vez que nãoexistem estudos <strong>de</strong>talhados sobre esta temática em cavernas tropicais. Sendo assim,optou-se por consi<strong>de</strong>rar esta intervenção como <strong>de</strong> impacto tênue, até que se conheçamefetivamente os seus efeitos sobre <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> subterrâneas mais isola<strong>das</strong> presentes emregiões profun<strong>das</strong> <strong>de</strong> cavernas. No entanto, é perceptível o risco <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> alteraçãosobre <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> cavernícolas. Como o alimento vem <strong>de</strong> fora da caverna, o<strong>de</strong>smatamento po<strong>de</strong> vir a intensificar o quadro <strong>de</strong> oligotrofia <strong>das</strong> cavernas, o que po<strong>de</strong>alterar significativamente a estrutura e composição <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> presentes. Alémdisso, a modificação da vegetação no entorno <strong>das</strong> entra<strong>das</strong> <strong>de</strong> cavernas po<strong>de</strong> <strong>de</strong>gradar ohabitat <strong>de</strong> espécies para-epigeas (Richter et al 1993; Prous et al 2004).No presente estudo, formigas foram consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> agentes impactantes somentequando se encontravam associa<strong>das</strong> a <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> guano, claramente predando outrosorganismos ou explotando intensamente o recurso.O grau <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados <strong>de</strong> cavernas foiconsi<strong>de</strong>rado a partir da associação <strong>das</strong> relevâncias biológicas finais com os pesos <strong>de</strong>impactos presentes em cada caverna. Neste caso, foram <strong>de</strong>finidos pesos para ascategorias <strong>de</strong> impactos: extremo (4), alto (peso 3), médio (peso 2) e baixo (peso 1) epara as categorias <strong>de</strong> relevância biológica final: especial (4), alta (peso 3), média (peso119


2) e baixa (peso 1). A vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada caverna foi obtida através da somatóriados pesos dos impactos e da relevância biológica.Relevância biológicafinal Peso Impactos PesoEspecial 4 Extrema 4Alta 3 Alto 3Média 2 Médio 2Baixa 1 Baixo 1A vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> foi categorizada em extrema, alta, média ebaixa. Utilizando o mesmo procedimento <strong>de</strong>scrito anteriormente, foram cria<strong>das</strong> 4classes <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> basea<strong>das</strong> no maior valor encontrado(correspon<strong>de</strong>nte a 8). Tais classes compreen<strong>de</strong>ram os intervalos <strong>de</strong> 1-2 (baixavulnerabilida<strong>de</strong>); 3-4 (média vulnerabilida<strong>de</strong>) e 5-6 (alta vulnerabilida<strong>de</strong>) e 7- 8(extrema vulnerabilida<strong>de</strong>).Análises <strong>de</strong> regressão linearA análise <strong>de</strong> regressão linear foi utilizada para <strong>de</strong>tectar possíveis relações entreas abundâncias relativas, riquezas relativas e diversi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> relativas com o peso <strong>das</strong>alterações antrópicas (Zar 1984). A regressão foi utilizada também para observar aseventuais relações ocorrentes entre alterações antrópicas, <strong>de</strong>senvolvimento linear eextensão <strong>das</strong> entra<strong>das</strong> (Zar 1984).Definição <strong>de</strong> ações prioritárias para a conservação <strong>das</strong> cavernas da Mata AtlânticaA partir do levantamento e análise dos dados publicados anteriormente a esteestudo, somado às informações obti<strong>das</strong> neste trabalho, foram sugeri<strong>das</strong> áreas e cavernasque necessitam <strong>de</strong> ações emergenciais <strong>de</strong> conservação e manejo. Para a sugestão <strong>das</strong>áreas foram levados em consi<strong>de</strong>ração a presença <strong>de</strong> organismos troglomórficos,ocorrência <strong>de</strong> processos especias (bat cave), alto grau <strong>de</strong> relevância biológica,120


insuficiência <strong>de</strong> conhecimento e grau extremo <strong>de</strong> impactos. Para tal, foram sobrepostasinformações espeleológicas e biológicas publica<strong>das</strong> por enti<strong>da<strong>de</strong>s</strong> espeleológicas epesquisadores (Dessen 1980, Trajano 1987, Gnaspini-Neto & Trajano 1994, Pinto-da-Rocha 1995, Gnaspini-Neto, et al 1998, Trajano 2000, Auler et al 2001, Baptista &Giupponi 2002, Bichuette & Trajano 2003, Ferreira 2004, Lourenço et al 2004,Bichuette & Trajano 2005, Gutiérrez 2005, Trajano & Bichuette 2006, CECAV, 2008,SBE 2008, REDESPELEO 2008).Foram sugeri<strong>das</strong> ações <strong>de</strong> conservação apenas para 4 cavernas inventaria<strong>das</strong>neste estudo. Para tal, foram consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> as categorias <strong>de</strong> cavernas com grau <strong>de</strong>vulnerabilida<strong>de</strong> extremo, alto ou médio. A realização <strong>de</strong> plano <strong>de</strong> manejo foi sugeridapara as cavernas <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> alta ou extrema e que apresentam tradição oupotencial <strong>de</strong> uso turístico ou religioso. A criação <strong>de</strong> reserva no entorno foi sugerido paracavernas com entorno vegetado, que possuem espécies troglomórficas e sofrem algumtipo <strong>de</strong> impacto antrópico. Para as cavernas sem vegetação no entorno e com alta emédia vulnerabilida<strong>de</strong> foi sugerida a recuperação da vegetação. Para as cavernas comvulnerabilida<strong>de</strong> extrema e com espécies troglomórficas potencialmente ameaça<strong>das</strong> foisugerida a interdição. A restauração foi sugerida para as cavernas totalmente<strong>de</strong>scaracteriza<strong>das</strong> por impacto antrópicos.RESULTADOSCaracterísticas gerais <strong>das</strong> cavernas amostra<strong>das</strong>As cavernas apresentaram uma gran<strong>de</strong> varição <strong>de</strong> extensão (7m nas cavernasintertidais até 1.120m na gruta <strong>de</strong> ubajara), altitu<strong>de</strong> (0m nas cavernas intertidais até1.710m na gruta ponte <strong>de</strong> pedra), estabilida<strong>de</strong> ambiental (-0,8 na gruta da vaca paridaaté 12 na gruta <strong>de</strong> ubajara) O número <strong>de</strong> entra<strong>das</strong> variou <strong>de</strong> cavernas com uma entradaaté cavernas com 6 entra<strong>das</strong> (anexo II).121


Das cavernas avalia<strong>das</strong>, 67% encontram-se fora <strong>de</strong> uni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> conservação,12% em Parques Estaduais, 10% em Áreas <strong>de</strong> Proteção Ambiental, 4% em ParquesMunicipais, 4% em Reserva Indígena e 3% em Parques Nacionais.Exceto para cavernas ferruginosas on<strong>de</strong> predomina raízes, os recursos tróficosmais representativos foram diversos tipos <strong>de</strong> guano (morcegos, andorinhões). Nascavernas localiza<strong>das</strong> no estado <strong>de</strong> Sergipe o guano revestia todo o piso da caverna.Nestes, locais se concentravam incontáveis populações <strong>de</strong> baratas, grilos, ácaros,besouros, etc. Nestas cavernas se torna impossível usar a metodologia <strong>de</strong> contagem dafauna e plotagens em croqui.Análise comparativa dos inventários da fauna <strong>de</strong> invertebrados em cavernas da MataAtlânticaHistoricamente a região espeleológica da Mata Atlânca com o maior número <strong>de</strong>cavernas biologicamente estuda<strong>das</strong> é o carste do Vale do Rio Ribeira, localizado noextremo Sul do estado <strong>de</strong> São Paulo e regiões do Nor<strong>de</strong>ste do Paraná (grupo carbonáticoAçungui). Ali, em mais <strong>de</strong> 15 anos <strong>de</strong> estudos sistemáticos, foram analisa<strong>das</strong>aproximadamente 110 cavernas, <strong>de</strong>ntre as mais <strong>de</strong> 300 cataloga<strong>das</strong> (Trajano 1987,Pinto-da-Rocha 194, Pinto-da-Rocha 1995, Trajano 2000, Pellegatti-Franco 2004,Pinto-da-Rocha et al 2001, Sessegolo et al. 2001). Outras quatro cavernas presentes naprovíncia calcária do Rio Pardo (no extremo sul da Bahia) também foram avalia<strong>das</strong>(Trajano 2000). Estudos da distribuição da fauna <strong>de</strong> vertebrados e invertebrados foramrealizados em 9 cavernas areníticas situa<strong>das</strong> no município <strong>de</strong> Altinópolis, em São Paulo(Zeppelini Filho et. al 2003). Doze cavernas em rochas ferruginosas foram estuda<strong>das</strong> naMata Atlântica, sendo sete no município <strong>de</strong> Nova Lima (MG), uma no município <strong>de</strong>Brumadinho (MG), três no município <strong>de</strong> Belo Horizonte (MG) e uma no município <strong>de</strong>Ouro Preto (MG) (Ferreira 2005). Outras publicações relativas a coletas esporádicas da122


fauna foram realiza<strong>das</strong> em cavernas calcárias do Parque Nacional <strong>de</strong> Ubajara (Ceará) ecavernas graníticas e areníticas em São Paulo (Gnaspini-Neto & Trajano 1994).Atualmente, existem para a Mata Atlântica costeira, informações publica<strong>das</strong> acerca <strong>das</strong><strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados <strong>de</strong> aproximadamente 187 cavernas (anexo III). O númeromáximo <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> invertebrados encontra<strong>das</strong> em cavernas correspon<strong>de</strong> a 118espécies, coleta<strong>das</strong> no complexo <strong>de</strong> cavernas <strong>de</strong>nominado Areias, no sul do estado SãoPaulo durante anos <strong>de</strong> pesquisas (Pacca et al 2007). O número máximo <strong>de</strong> espéciesencontra<strong>das</strong> neste trabalho correspon<strong>de</strong> a 107 espécies <strong>de</strong> invertebrados, coleta<strong>das</strong> nacaverna Lapão <strong>de</strong> Santa Luzia (BA) em uma única visita (anexo II). As figuras 1 e 2mostram as diferenças entre os valores <strong>de</strong> riqueza encontrados neste estudo emcomparação a esforços amostrais empregados em outros trabalhos para um mesmoconjunto <strong>de</strong> cavernas na Mata Atlântica Brasileira.123


Figura 1. Comparação da acurácia na riqueza da fauna <strong>de</strong> cavernas obtida utilizandometodologias e esforços amostrais distintos (dados retirados <strong>de</strong> Trajano 1987, Gnaspini-Neto & Trajano 1994, Trajano 2000 e Zeppelini-Filho et. al 2003).80706050Riqueza403020100Outros estudosNeste estudoMean±SDMin-MaxFigura 2. Diferenças na riqueza média da fauna <strong>de</strong> 8 cavernas obtida utilizando esforçosamostrais distintos (dados retirados <strong>de</strong> Gnaspini-Neto & Trajano 1994, Trajano 2000 eZeppelini Filho et. al 2003).124


Alterações antrópicas nas cavernas da Mata AtlânticaAs cavernas apresentam principalmente mata secundária (38%) e pastagens(34%) como vegetação <strong>de</strong> entorno (fig. 3). Os principais usos e alterações antrópicasforam o <strong>de</strong>smatamento (40%), mineração no entorno (15%), lixo inorgânico (13%),pisoteamento (12%), uso turístico (10%), construções pontuais (10%), pichações(8,5%), formigas no guano (8,5%) e uso religioso (7,5 %) (Figs. 4). Para as cavernas emrochas magmáticas o <strong>de</strong>smatamento (69%) e as construções <strong>de</strong> pequenas represas ealtares (13%) foram as alterações antrópicas mais freqüentes. Nas cavernas carbonáticasos <strong>de</strong>smatamentos (48%) e o lixo (22%) foram às alterações antrópicas mais freqüentes.Em cavernas siliciclásticas houve a predominância do uso turístico e o pisoteamentooriundo <strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong> (35% para ambos). Nas cavernas ferruginosas, os impactospredominantes foram minerações, <strong>de</strong>sabamento <strong>de</strong> condutos, assoreamentos e vibrações(29%) (figs. 5, 6 e 7).Riqueza total <strong>das</strong> espécies troglomórficas nas cavernas da Mata Atlântica.Foram encontra<strong>das</strong> 93 morfoespécies <strong>de</strong> invertebrados com característicastroglomórficas em 41 cavernas amostra<strong>das</strong>. Tais espécies distrubuíram-se pelosseguintes taxa: Arane<strong>ae</strong> (20 spp.), Coleoptera (14 spp.), Collembola (9 spp.),Zygentoma (8 spp.), Diplopoda (7 spp.), Isopoda (6 spp.), Diplura (6 spp.), Chilopoda(6 spp.), Opiliones (5 spp.), Acari (2 spp.), Palpigradi (2 spp.), Dictyoptera (2 spp.),Homoptera (2 spp.), Nematomorpha (2 spp.), Platyhelminthes (1sp.) ePseudoescorpiones (1 sp.). As cavernas locoaliza<strong>das</strong> nas proximi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> BeloHorizonte em rochas ferruginosas foram as que apresentaram a maior riqueza <strong>de</strong>invertebrados troglomórficos por caverna amostrada (entre 1 e 15 spp/caverna) (tab. 1,cap I, fig. 7).125


Figura 3. Vegetação predominante no entorno <strong>de</strong> 103 cavernas avalia<strong>das</strong> na MataAtlântica.Figura 4 - Impactos i<strong>de</strong>ntificados para 103 cavernas da Mata Atlântica Brasileira.126


Ferruginosas% <strong>de</strong> cavernas40%35%30%25%20%15%10%5%0%Siliciclásticas% <strong>de</strong> cavernas35%30%25%20%15%10%5%0%% <strong>de</strong> cavernas60%50%40%30%20%10%0%Carbonatos% <strong>de</strong> cavernas80%70%60%50%40%30%20%10%0%MagmáticasFigura 5. Impactos i<strong>de</strong>ntificados para 103 cavernas em diferentes litologias na da MataAtlântica Brasileira127


Figura 6. Alguns usos e alterações antrópicas em cavernas da Mata Atlântica brasileira. (a) Altar repleto<strong>de</strong> imagens na gruta do Posto em Sombrio, SC. (B) Altar religioso na gruta do Itambé, Altinópolis, SP.(C) Objetos <strong>de</strong> rituais indígenas na gruta Milagrosa, Pau Brasil, BA. (D) Teleférico <strong>de</strong> acesso à gruta <strong>de</strong>Ubajara, Ubajara, CE. (E) Depósito <strong>de</strong> materiais na gruta do Aldo Canal, Vargem alta, ES. (F) Uso <strong>de</strong>caverna como curral, Eucli<strong>de</strong>lândia, RJ. (G) Eutrofização da caverna Ponte <strong>de</strong> Pedra por esgoto da cida<strong>de</strong><strong>de</strong> Ouro Preto, MG. (H) Grafismo por picoteamento <strong>das</strong> pare<strong>de</strong>s da gruta Itambé em Altinópolis, SP. (I)Panorama <strong>de</strong> mineração em área on<strong>de</strong> ocorrem cavernas ferruginosas (Itabirito, MG).128


Relevâncias biológicas, impactos e vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>das</strong> cavernasCavernas <strong>de</strong> relevância biológica especial correspon<strong>de</strong>ram a 36,4 % <strong>das</strong> 98cavernas amostra<strong>das</strong>, sendo que as <strong>de</strong>mais estão dividi<strong>das</strong> entre as categorias alta 3%,média 24% e baixa 36,4% (fig. 7). O grau <strong>de</strong> impactos foi consi<strong>de</strong>rado extremo para6,25% <strong>das</strong> cavernas, sendo alto para 18,75%, médio para 7% e baixo para 70,8% <strong>das</strong>cavernas (fig. 8).O grau <strong>de</strong> impactos mostrou-se relacionado <strong>de</strong> forma significativa e positivacom o <strong>de</strong>senvolvimento linear <strong>das</strong> cavernas (R=- 0,40, p


Figura 7. Mapa <strong>de</strong> relevância biológica em 98 cavernas na Mata Atlântica.130


Figura 8. Mapa representando o grau <strong>de</strong> impactos em 98 cavernas na Mata Atlântica.131


50504040Peso <strong>de</strong> impactos302010Peso <strong>de</strong> impactos30201000Diversida<strong>de</strong> relativa-10-200 0 200 400 600 800 1000 1200Desenvolvimento linear (m)0,200,180,160,140,120,100,080,060,040,020,00-0,02-0,04-10 0 10 20 30 40 50Peso <strong>de</strong> impactosRiqueza relativa-10-10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90Extensão <strong>das</strong> entra<strong>das</strong> (m)2,602,402,202,001,801,601,401,201,000,800,600,400,200,00-0,20-0,40-10 0 10 20 30 40 50Peso <strong>de</strong> impactosFigura 9. Relação positiva e significativa entre e o grau <strong>de</strong> impactos e <strong>de</strong>senvolvimentolinear <strong>das</strong> cavernas, entre a extensão da entrada <strong>das</strong> cavernas e o grau <strong>de</strong> impactos erelação negativa e significativa entre a riqueza relativa <strong>de</strong> espécies e diversida<strong>de</strong> relativacom o grau <strong>de</strong> impactos nas cavernas.132


Figura 10. Vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados em 98 cavernas na MataAtlântica.133


Tabela 1. Diretrizes para a conservação em cavernas na Mata Atlântica. Litotologia(LT), Carbonato (C), Magmática (Ma) Siliciclásticas (S), Ferruginosa (F),Vulnerabilida<strong>de</strong> (VL), Extrema (E), Alta (A), Média (M).Estado Caverna Município LT VL Priorida<strong>de</strong>BA Gruta do Corrego Ver<strong>de</strong> Pau Brasil C A Recuperação do entornoBA Pedra do Sino Santa luzia C A Criação <strong>de</strong> reserva no entornoBA Lapão Santa luzia C A Plano <strong>de</strong> ManejoBA California Pau Brasil C A Recuperação do entornoBA Toca dos Morcegos Pau Brasil C A Recuperação do entornoBA Milagrosa Pau Brasil C E Plano <strong>de</strong> ManejoBA Gruta da Pedra Suspensa Pau Brasil C M Criação <strong>de</strong> reserva no entornoCE Gruta <strong>de</strong> Ubajara Ubajara C E Plano <strong>de</strong> ManejoES Gruta da Santa Bárbara Venda N. dos Imigrantes Ma A Plano <strong>de</strong> ManejoES Gruta do Huschi Santa Tereza Ma A Criação <strong>de</strong> reserva no entornoES Archimi<strong>de</strong>s Panssini Vargem alta C E Plano <strong>de</strong> ManejoES Gruta do Rio Itaúnas Pedro Canário Ma E Plano <strong>de</strong> ManejoES Gruta do Limoeiro Conceição <strong>de</strong> castelo C E Plano <strong>de</strong> ManejoES Lapa da Faz do Dr Saulo Ecoporanga Ma M Recuperação do entornoES Henrique Altoé Jaciguá Ma M Recuperação do entornoMG Gruta dos Coelhos Lima Duarte S A Plano <strong>de</strong> manejoMG Caverna Boa Vista Padre Paraíso Ma A Recuperação do entornoMG Mina do pico 08 Itabirito F A Criação <strong>de</strong> reserva no entornoMG Mina do pico 11 Itabirito F A Criação <strong>de</strong> reserva no entornoMG Mina do pico 09 Itabirito F A Criação <strong>de</strong> reserva no entornoMG Mina do pico 13 Itabirito F A Criação <strong>de</strong> reserva no entornoMG Mina do pico 07 Itabirito F A Criação <strong>de</strong> reserva no entornoMG Serra da Moeda Sul-31 Itabirito F A Criação <strong>de</strong> reserva no entornoMG Serra da Moeda Sul-29 Itabirito F A Criação <strong>de</strong> reserva no entornoMG Serra da Moeda Sul-04 Itabirito F A Criação <strong>de</strong> reserva no entornoMG Mina do pico 12 Itabirito F A Criação <strong>de</strong> reserva no entornoMG Serra da Moeda Sul-25 Itabirito F A Criação <strong>de</strong> reserva no entornoMG Mina do pico 04 Itabirito F A Criação <strong>de</strong> reserva no entornoMG Mina do pico 10 Itabirito F A Criação <strong>de</strong> reserva no entornoMG Mina do pico 02 Itabirito F A Criação <strong>de</strong> reserva no entornoMG Mina do pico 03 Itabirito F A Criação <strong>de</strong> reserva no entornoMG Mina do pico 01 Itabirito F M Criação <strong>de</strong> reserva no entornoMG Gruta dos Sete Salões Santa Rita do Itueto S A Plano <strong>de</strong> ManejoMG Gruta <strong>das</strong> Bromélias Lima Duarte S A Plano <strong>de</strong> ManejoMG Cavernas <strong>das</strong> Casas Lima Duarte S A Plano <strong>de</strong> ManejoMG Gruta dos Palhares Sacramento S A Plano <strong>de</strong> ManejoMG Gruta da Ponte <strong>de</strong> pedra Ouro Preto S A Restauração da cavernaMG Gruta do Pião Lima Duarte S E Proibir entrada <strong>de</strong> turistasMG Gruta dos Moreiras Lima Duarte S E Plano <strong>de</strong> ManejoMG Gruta da Vaca Parida Teofilo Otoni Ma M Recuperação do entornoMG Lapa do Corr. dos Vieira Padre Paraíso Ma M Recuperação do entornoMG Gruta do Rio Suaçui Santa Maria do Suaçiu Ma M Recuperação do entornoRJ Gruta da Pedra Riscada Lumiar Ma A Criação <strong>de</strong> reserva no entornoRJ Gruta <strong>das</strong> Furnas Cambuci C A Recuperação do entornoRJ Gruta dos Pirozzi Varre e Sai Ma M Recuperação do entornoSP Gruta Itambé Altinópolis S A Plano <strong>de</strong> ManejoPR Gruta da água boa Almirante Tamandaré C E Criação <strong>de</strong> reserva no entornoObs: a tabela 2 mostra áreas seleciona<strong>das</strong> neste estudo como prioritárias para ações <strong>de</strong> conservação da fauna cavernícola naMata Atlântica costeira.134


A região da Chapada <strong>de</strong> Ibiapada, Norte do Ceará apresenta mais <strong>de</strong> 11cavernas calcárias, a maioria não inventaria<strong>das</strong>. Uma caverna estudada na áreaapresenta espécies endêmicas (gruta <strong>de</strong> ubajara com 1.120m). Apesar <strong>de</strong> esta cavern<strong>ae</strong>star situada em um Parque Nacional, sofre intenso turismo <strong>de</strong> massa e não apresentaplano específico <strong>de</strong> manejo bioespeleológico. Em Sergipe, as cavernas na MataAtlântica situam-se no município <strong>de</strong> Laranjeiras, próximas a Aracaju. Tais cavernas sãobastante peculiares, pois possuem características euguanotróficas (guano abundante)<strong>de</strong>corrente <strong>das</strong> enormes populações <strong>de</strong> morcegos que as habitam. A gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> recursos presentes, por sua vez, <strong>de</strong>termina a presença <strong>de</strong> populações <strong>de</strong>scomunais <strong>de</strong>muitos invertebrados, como observado principalmente nas chama<strong>das</strong> bat caves,aparentemente incomuns na região Neotropical. Estas cavernas infelizmente encontramseameaça<strong>das</strong> por <strong>de</strong>smatamento do entorno e lixo, além <strong>de</strong> carecerem <strong>de</strong> conhecimentoacerca <strong>de</strong> suas características geológicas e biológicas.As regiões da Chapada Diamantina e Serra do Ramalho na Bahia apresentamcavernas calcárias com espécies endêmicas e insuficiência <strong>de</strong> conhecimento da fauna<strong>das</strong> cavernas.Na região Norte <strong>de</strong> Minas Gerais, <strong>de</strong>stacam-se por possuir espécies endêmicasem cavernas calcárias no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu e arredores. Entretantooutras áreas carsticas próximas com elevado potencial espeleológico permanecem cominsuficiência <strong>de</strong> conhecimento (municípios <strong>de</strong> Manga, Montalvânia, Januária etc).A região do Sul da Bahia (municípios <strong>de</strong> Pau Brasil, Santa Luzia, Mascote e aIlha <strong>de</strong> Boipeba), <strong>de</strong>staca-se em função da presença <strong>de</strong> espécies endêmicas, altarelevância biológica, inúmeros impactos sofridos e alta vulnerabilida<strong>de</strong>.As regiões Norte e Sul do Espírito Santo (municípios <strong>de</strong> Pedro Canário,Ecoporanga, Vargem Alta, Conceição <strong>de</strong> Castelo, Cachoeiro do Itapemirim e Santa135


Teresa) <strong>de</strong>stacam-se em função da relevância biológica, en<strong>de</strong>mismos e alto grau <strong>de</strong>impactos sofridos (<strong>de</strong>smatamento e mineração). Algumas regiões do Nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> MinasGerais (municípios <strong>de</strong> Novo Oriente <strong>de</strong> Minas, Teófilo Otoni e Ataléia) <strong>de</strong>stacam-se porapresentarem cavernas em rochas graníticas sob ação <strong>de</strong> impactos antrópicos. Apesardos estudos realizados neste trabalho, esta região certamente ainda mostra insuficiência<strong>de</strong> conhecimento biológico e espeleológico.Existem três regiões no Sul <strong>de</strong> Minas Gerais (região <strong>de</strong> Ouro Preto, região <strong>de</strong>Luminárias, Carrancas e região <strong>de</strong> Lima Duarte), que se <strong>de</strong>stacam por que a maioria <strong>das</strong>cavernas estuda<strong>das</strong> apresentarem uma média importância biológica, entretanto algumascavernas colecionam muitas espécies endêmicas (e.g. P.E. Ibitipoca). A região apresentamuitas cavernas quartzíticas e também insuficiência <strong>de</strong> conhecimento.No Su<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Minas Gerais, a região do quadrilátero ferrífero localiazada emgran<strong>de</strong> parte nos municípios <strong>de</strong> Itabirito, Nova Lima e Belo Horizonte, apresent<strong>ae</strong>levado grau <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismos e inúmeras cavernas sem inventários biológicosNo Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>stacam-se as regiões <strong>de</strong> Lumiar, Cantagalo, Cambuci eItaocara, que apresentam cavernas graníticas, calcárias e em mármore. Algumas <strong>de</strong>stascavernas possuem espécies endêmicas e outras ainda não foram inventaria<strong>das</strong>. Asprincipais ameaças na área são o <strong>de</strong>smatamento e o tusimo.No extremo Sul do Corredor <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> da Serra do Mar (São Paulo eParaná) ocorrem áreas com cavernas calcárias <strong>de</strong> relevância biológica especial relatadana literatura (Pinto-da-Rocha 1995, Trajano 2000, Sessegolo et al 2006). Partes <strong>de</strong>stasáreas estão inseri<strong>das</strong> em uni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> conservação como o Parque Estadual <strong>de</strong> Intervales,Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR), Parque Estadual <strong>de</strong> Jacupiranga,Parque Estadual <strong>das</strong> Lauráceas, <strong>de</strong>ntre outros. Entretanto, muitas cavernas estão fora <strong>de</strong>UC s. Nas uni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> conservação, estudos biológicos já revelaram o alto grau <strong>de</strong>136


en<strong>de</strong>mismos e impactos do turismo nestes locais, apesar <strong>de</strong> ainda existir uma gran<strong>de</strong>lacuna <strong>de</strong> conhecimento biológico uma vez que ocorrem mais <strong>de</strong> 500 nas cavernasnestas áreas. No Paraná ocorrem extensas áreas calcárias que englobam os municípios<strong>de</strong> Curitiba, Colombo, Almirante Tamandaré, Dr. Ulysses, Cerro Azul, Adrianópolis,Bocaiúva do Sul, Campo Largo, <strong>de</strong>ntre outros. Cavernas areníticas ocorremprincipalmente no município <strong>de</strong> Ponta Grossa. Nos carbonatos ocorrem extensascavernas que apresentam en<strong>de</strong>mismos, alta relevância biológica e insuficiência <strong>de</strong>conhecimento.No estado <strong>de</strong> Santa Catarina os carbonatos ocorrem principalmente nosmunicípios <strong>de</strong> Botuverá, Brusque e Vidal Ramos. Ali as pouquíssimas cavernasconheci<strong>das</strong> e estuda<strong>das</strong> apresentam en<strong>de</strong>mismos, alta relevância biológica einsuficiência <strong>de</strong> conhecimento e também sofrem uso turístico e impacto <strong>de</strong> mineração.O estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul não apresenta cavernas calcárias conheci<strong>das</strong>,nem mesmo informações publica<strong>das</strong> sobre a biologia <strong>de</strong> cavernas. Estão ca<strong>das</strong>tra<strong>das</strong>somente 8 cavernas, sendo 3 em granito (20m), 1 em arenito (50m) e as <strong>de</strong>mais seminformações <strong>de</strong> litologias. A maior caverna do estado localiza-se no Município <strong>de</strong>Farroupilha e possui 250 metros.Atualmente, as áreas que apresentam maior expressivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cavernasamostra<strong>das</strong> são as regiões do Sul do Estado da Bahia, o Espírito Santo, Nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong>Minas Gerais, a região do Quadrilátero Ferrífero (próximo à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte,MG), quartzitos do Parque Estadual <strong>de</strong> Ibitipoca (Sul <strong>de</strong> Minas Gerais), arenitos <strong>de</strong>Altinópolis, (São Paulo) e as regiões carbonáticas do Sul <strong>de</strong> São Paulo e o Nor<strong>de</strong>ste doParaná (Figs 11, 12, 13, 14). Tais áreas foram consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> expressivas a partir douniverso <strong>de</strong> cavernas inventaria<strong>das</strong> na Mata Atlântica Brasileira, que são pouquíssimasquando compara<strong>das</strong> ao total <strong>de</strong> cavernas existentes neste domínio. Desta forma, tal137


expressivida<strong>de</strong> não indica necessariamente suficiência <strong>de</strong> conhecimento. To<strong>das</strong> estasáreas ainda apresentam muitas cavernas sem inventários bioespeleológicos e subestimativas<strong>de</strong> espécies realiza<strong>das</strong> por outros pesquisadores em função <strong>das</strong> metodologias<strong>de</strong> coleta emprega<strong>das</strong>.Ubajara/CETabela 2. Áreas prioritárias para ações <strong>de</strong> conservação da fauna cavernícola na Mata Atlânticacosteira.LOCALIDADE CRITÉRIOS DE INDICAÇÃO PRINCIPAIS AMEAÇAS RECOMENDAÇÕESPARNA <strong>de</strong> Ubajara na chapada <strong>de</strong> Turismo em massa na Inventários biológicos,Ibiapaba. Apresenta cavernas caverna Ubajara com 1.120m nas cavernas,calcárias com espécies endêmicas, e diversos microhabitats. proposição e execuçãoinsuficiência <strong>de</strong> conhecimento.<strong>de</strong> plano <strong>de</strong> manejo nagruta ubajara e açõesLaranjeiras/SEChapada Diamantina/BASerra do Ramalho/BAPau Brasil/ Santa Luzia/Mascote/BACastelo/Vargem Alta/Cachoeiro doItapemirim/ESSanta Teresa/ESPedro Canário/Ecoporanga/ESItacarambi/Manga/Januària/MGNovo Oriente <strong>de</strong> Minas/TeófiloOtoni/Ataléia/MGRegião com cavernas calcárias quepossui populações <strong>de</strong> morcegos einvertebrados compostas pormilhares <strong>de</strong> indivíduos (Bat caves)e insuficiência <strong>de</strong> conhecimento.Apresenta cavernas calcárias comespécies endêmicas, insuficiência<strong>de</strong> conhecimento.Apresenta cavernas calcárias comespécies endêmicas, insuficiência<strong>de</strong> conhecimento.Região com cavernas calcárias queapresentam e alta relevânciabiológicaRegião com cavernas calcárias emármore que apresent<strong>ae</strong>n<strong>de</strong>mismos.Região com cavernas graníticasque apresentam en<strong>de</strong>mismos.Região com cavernas graníticasque apresentam alta relevânciabiológica e en<strong>de</strong>nismos.Apresenta cavernas calcárias comespécies endêmicas, insuficiência<strong>de</strong> conhecimento.Região com cavernas graníticasque apresentam insuficiência <strong>de</strong>Desmatamento e lixoTurismoMineraçãoDesmatamentoAgriculturaMineraçao potencialDesmatamentoAgropecuáriaTurismoDesmatamentoMineraçãoDesmatamentoAgropecuáriaDesmatamentoAgropécuariaTurismoDesmatamentoAgropecuáriaDesmatamentoUsos antrópicos<strong>de</strong> educação ambiental.Inventários biológicos,recuperação do entornoe criação <strong>de</strong> uni<strong>da<strong>de</strong>s</strong><strong>de</strong> conservação noentorno <strong>das</strong> cavernasInventáriosbioespeleológicos,educação ambientalPlanos <strong>de</strong> ManejoInventáriosbioespeleológicos,Criação <strong>de</strong> APAemergêncialInventáriosbioespeleológicos,recuperação do entornoe criação <strong>de</strong> uni<strong>da<strong>de</strong>s</strong><strong>de</strong> conservação.Inventáriosbioespeleológicos,recuperação doentorno, manejo ecriação <strong>de</strong> uni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong>conservação.Inventáriosbioespeleológicos,recuperação doentorno.Inventáriosbioespeleológicos,recuperação doentorno.Inventáriosbioespeleológicos,?Inventáriosbioespeleológicos,138


Ouro Preto/Luminárias/Carrancas/LimaDuarte (Parque Estadual <strong>de</strong>Ibitipoca)/MGItabirito/NovaHorizonte/MGSacramento/MGLima/BeloCambuci/Itaocara/Cantagalo/Lumiar/RJParque Estadual Jacupiranga /ParqueEstadual <strong>de</strong> Intervales/ Parque EstadualTurístico do Alto Ribeira (PETAR)/SPCuritiba/Colombo/AlmiranteTamandaré/Dr Ulysses/CerroAzul/Adrianópolis/Bocaiúva doSul/CampoLargo/PontaGrossa/Castro/PRBotuverá/Brusque/Vidal Ramos/SCconhecimento.Região com cavernas quartziticasque apresentam en<strong>de</strong>mismos,relevância biológica einsuficiência <strong>de</strong> conhecimento.Região com cavernas ferruginosasque apresentam en<strong>de</strong>mismos,relevância biológica einsuficiência <strong>de</strong> conhecimentoCaverna arenítica com turismo <strong>de</strong>massaRegião com cavernas calcárias queapresentam en<strong>de</strong>mismos,relevância biológica einsuficiência <strong>de</strong> conhecimento. EmLumiar existe uma cavernagranítica com espécietroglomórfica (Pselaphid<strong>ae</strong>).Região com cavernas calcárias queapresentam en<strong>de</strong>mismos, altarelevância biológica einsuficiência <strong>de</strong> conhecimento.Região com extensas cavernascalcárias que apresentamen<strong>de</strong>mismos, alta relevânciabiológica e insuficiência <strong>de</strong>conhecimento. Cavernas areníticascom insuficiência <strong>de</strong>conhecimento.Região com cavernas calcárias queapresentam en<strong>de</strong>mismos, altarelevância biológica einsuficiência <strong>de</strong> conhecimento.TurismoDesmatamentoPoluiçãoMineraçãoTurismo/<strong>de</strong>scaracterizaçãoAmbientalTurismoDesmatamentoTurismo/mineraçãoTurismo/mineração/ocupaçãoantrópicaTurismo/mineraçãorecuperação doentorno.Inventáriosbioespeleológicos,recuperação doentorno, manejo ecriação <strong>de</strong> uni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong>conservação.Inventáriosbioespeleológicos,manejo e criação <strong>de</strong>uni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong>conservação.Recuperação tróficada cavida<strong>de</strong>, educaçãoambientalInventáriosbioespeleológicos,recuperação do entornoe criação <strong>de</strong> uni<strong>da<strong>de</strong>s</strong><strong>de</strong> conservação.Inventáriosbioespeleológicos,?Inventáriosbioespeleológicos?Inventáriosbioespeleológicos?139


Cavernas ca<strong>das</strong>tra<strong>das</strong> pelo CECAV/IBAMACavernas inventaria<strong>das</strong> neste estudoCavernas inventaria<strong>das</strong> por outros estudosÁreas espeleólógicas com expressivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudosFigura 11. Mapa síntese <strong>das</strong> cavernas cataloga<strong>das</strong> para os domínios da Mata AtlânticaBrasileira, cavernas com inventários bioespeleológicos e áreas espeleológicas comexpressivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudos.140


Cavernas ca<strong>das</strong>tra<strong>das</strong> pelo CECAV/IBAMACavernas inventaria<strong>das</strong> neste estudoCavernas inventaria<strong>das</strong> por outros estudosFigura 12. Mapa síntese <strong>das</strong> cavernas cataloga<strong>das</strong> e cavernas com inventáriosbioespeleológicos na Mata Atlântica no nor<strong>de</strong>ste brasileiro141


Cavernas ca<strong>das</strong>tra<strong>das</strong> pelo CECAV/IBAMACavernas inventaria<strong>das</strong> neste estudoCavernas inventaria<strong>das</strong> por outros estudosFigura 13. Mapa síntese <strong>das</strong> cavernas cataloga<strong>das</strong> e cavernas com inventáriosbioespeleológicos na Mata Atlântica no Sul e Su<strong>de</strong>ste Brasileiro142


Cavernas ca<strong>das</strong>tra<strong>das</strong> pelo CECAV/IBAMACavernas inventaria<strong>das</strong> neste estudoCavernas inventaria<strong>das</strong> por outros estudosFigura 14. Mapa síntese <strong>das</strong> cavernas cataloga<strong>das</strong> e cavernas com inventáriosbioespeleológicos na Mata Atlântica nos estados <strong>de</strong> Minas Gerais, São Paulo eParaná.143


DISCUSSÃOInventários da fauna <strong>de</strong> cavernas na Mata AtlânticaOs primeiros estudos relativos à biologia <strong>de</strong> cavernas na Mata Atlânticabrasileira foram iniciados em 1907 em Iporanga (SP), com a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> uma espécietroglóbia <strong>de</strong> bagre cego (Pimelo<strong>de</strong>lla kronei) (Ribeiro 1907). Entretanto, as <strong>de</strong>scrições<strong>de</strong> novas espécies da fauna <strong>de</strong> cavernas neste bioma só tiveram início em meados <strong>de</strong>1930 (Costa-Lima & Costa-Leite 1953). Até o final <strong>de</strong> 1970 os estudos ainda eram <strong>de</strong>cunho taxonômico e restrito a poucas cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> no Sul <strong>de</strong> São Paulo. Somente a partirda década <strong>de</strong> 80, que Eliana Dessen e seus colaboradores publicaram levantamentos dafauna <strong>de</strong> invertebrados cavernícolas na Mata Atlântica Brasileira (28 cavernas visita<strong>das</strong>,sendo 19 na Mata Atlântica) (Dessen et al 1980). Entretanto, estudos subseqüentes <strong>de</strong>invertebrados cavernícolas na Mata Atlântica continuaram, mas quase exclusivamenterestritos ao Vale do Ribeira no extremo Sul <strong>de</strong> São Paulo e Nor<strong>de</strong>ste do Paraná (Pintoda-Rocha1995).Trajano e Bichuette (2006), apesar <strong>de</strong> não apresentarem referências e/oumetodologia, estimam que existam informações publica<strong>das</strong> em periódicos <strong>de</strong> mais <strong>de</strong>1.200 táxons <strong>de</strong> animais para cavernas brasileiras. As duas autoras advertem que estariqueza é tratada em nível <strong>de</strong> gêneros, famílias e or<strong>de</strong>ns, sendo que um <strong>de</strong>talhamento anível específico po<strong>de</strong> aumentar a biodiversida<strong>de</strong> publicada. Entretanto, a <strong>de</strong>terminação<strong>de</strong> morfoéspécies por autores não especialistas, inclusão <strong>de</strong> espécies aci<strong>de</strong>ntais e par<strong>ae</strong>pígeanas amostras, com o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar padrões <strong>de</strong> riqueza da fauna sãoferramentas não aceitáveis e que ajudam a superestimar o real número <strong>de</strong> espécies dafauna cavernícola (Trajano & Bichuette 2006).Entretanto, as informações sobre a riqueza e ocorrência <strong>de</strong> invertebrados emtodo o mundo são escassas, principalmente para regiões tropicais e ambientes <strong>de</strong>144


cavernas. Além disto, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> taxonomistas especializados em invertebrados <strong>de</strong>cavernas é ainda menor. Desta forma, a utilização <strong>de</strong> morfoespécies surge como umaalternativa rápida e segura na avaliação <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>, planos <strong>de</strong>monitoramento e conservação (Oliver & Beattie 1996). O uso <strong>de</strong> parataxonomistastreinados é altamente viável no conhecimento da biodiversida<strong>de</strong> com finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>monitorar e conservar ecossistemas (Kremen et al. 1993).Compreen<strong>de</strong>-se a importância <strong>de</strong> um refinamento taxonômico quando sepreten<strong>de</strong> registrar, com confiabilida<strong>de</strong>, as espécies presentes em uma dada área. Noentanto, no caso <strong>das</strong> cavernas brasileiras, a única opção atual, pelo menos para muitosgrupos <strong>de</strong> invertebrados, é trabalhar com a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> morfo-espécies, tendo emvista a inexistência <strong>de</strong> especialistas para certos taxa, tanto no Brasil como no exterior.Trajano e Bichuette (2006), embora critiquem a utilização <strong>de</strong> morfo-espécies eminventários gerais <strong>de</strong> fauna subterrânea, recorrem a esta prática (Bichuette & Santos1998, Gnaspini-Neto & Trajano 1994, Trajano 1987, Trajano & Gnaspini-Neto 1991).A inclusão <strong>das</strong> espécies aci<strong>de</strong>ntais em inventários <strong>de</strong> fauna <strong>de</strong> cavernasrealmente <strong>de</strong>ve ser evitada, uma vez que tais espécies não fazem parte da composiçãoda <strong>comuni</strong>da<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>nte <strong>das</strong> cavernas (Trajano & Bichuette, 2006). No entanto, taisespécies <strong>de</strong>vem ser incluí<strong>das</strong> como componente trófico do sistema.Pelo fato <strong>de</strong> não apresentarem pré-adaptações ao ambiente <strong>de</strong> cavernas,organismos aci<strong>de</strong>ntais acabam morrendo e servindo <strong>de</strong> alimento para outras espécies.Cabe mencionar, entretanto, a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>finir, muitas vezes, um<strong>ae</strong>spécie enquanto aci<strong>de</strong>ntal em função do gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconhecimento <strong>das</strong> morfologias,comportamentos e fisiologias pré-adaptativas as condições ambientais <strong>de</strong> cavernas.A dificulda<strong>de</strong> para a inclusão <strong>de</strong> uma espécie na categoria <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntal é maiorainda quando se consi<strong>de</strong>ra as espécies para-epígeas como componentes do ambiente145


cavernícolas. Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finir um aci<strong>de</strong>ntal pela baixa abundância e/ou distribuiçãorestrita. Além disso, as características pré-adaptativas po<strong>de</strong>m ser fisiológicas oucomportamentais, não sendo possíveis <strong>de</strong> se <strong>de</strong>tectar em uma única coleta. Desta forma,o mais seguro é consi<strong>de</strong>rar todo o elenco <strong>de</strong> espécies em inventários, principalmentenaqueles pontuais.No entanto, a não aprovação da inclusão <strong>de</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> regiões <strong>de</strong> entrada<strong>de</strong> cavernas (<strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> para-epígeas) nos inventários <strong>de</strong> fauna cavernícola porTrajano e Bichuette (2006) é o mesmo que assumir que não se <strong>de</strong>ve incorporar tambémos trogloxenos que buscam as cavernas como abrigos. As <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> para-epígeas sãocompostas por organismos pré-adaptados ao ambiente <strong>de</strong> cavernas, e que provavelmenteocupam tais locais da caverna pelo fato <strong>de</strong> necessitarem <strong>de</strong> condições especiais <strong>de</strong>estabilida<strong>de</strong> ambiental e abundância <strong>de</strong> recursos alimentares. Cavernas são ambientesaltamente restritivos para as muitas espécies <strong>de</strong> invertebrados em função da ausênciapermanente <strong>de</strong> luz, e baixa disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos alimentares (Culver 1982).Entretanto, as zonas <strong>de</strong> entra<strong>das</strong>, apesar <strong>de</strong> estarem sujeitas a variações climáticas doambiente externo, são mais estáveis que ambientes epígeos expostos a insolação direta.A incidência <strong>de</strong> luz <strong>de</strong> forma direta, e até mesmo refletida, permite a presença <strong>de</strong>organismos fotossintetizantes nas entra<strong>das</strong> <strong>das</strong> cavernas (Pentecost & Zhaohui 2001). Amaior concentração <strong>de</strong> matéria orgânica transportada por vento ou enxurrada (folhas,troncos etc.) somada aos organismos fotossintetizantes, faz <strong>das</strong> entra<strong>das</strong> áreas commaior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos alimentares quando compara<strong>das</strong> a regiões mais interiores.Estas características fazem <strong>das</strong> entra<strong>das</strong> regiões <strong>de</strong> transição entre o ambiente epígeo ehipógeo, po<strong>de</strong>ndo ser caracteriza<strong>das</strong> como ecótones (Prous et al. 2004, Culver& White2004), on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> encontrar tanto elementos dos ambientes adjacentes quantoelementos exclusivos. As <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> presentes nas entra<strong>das</strong> <strong>de</strong> cavernas são o146


principal componente dos ecótones entre os ambientes epígeos e hipógeos. Além disso,o contato entre os organismos provenientes <strong>de</strong>stes dois ambientes ocorre nas zonas <strong>de</strong>entrada. Nestas áreas existe um vasto elenco <strong>de</strong> variáveis físicas e biológicas quefuncionam como um filtro <strong>de</strong> permeabilida<strong>de</strong> seletiva, que atuam sobre diferentesorganismos, permitindo ou não a colonização e fixação <strong>de</strong> populações nos ambientessubterrâneos. Assim, para uma boa compreenção da estrutura e funcionamento <strong>das</strong>zonas profun<strong>das</strong> <strong>das</strong> cavernas, é primordial a compreensão da estrutura e dinâmica <strong>das</strong><strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> associa<strong>das</strong> às entra<strong>das</strong> <strong>das</strong> cavernas (Prous 2005).O maior número <strong>de</strong> espécies obtido no presente trabalho em comparação aoutros estudos para uma mesma caverna, não reflete super-estimativas, mas sim umabaixa acurácia nas estimativas históricas da biodiversida<strong>de</strong> cavernícola brasileira(Dessen et al, 1980, Trajano 1987, Gnaspini-Neto & Trajano 1994, Trajano 2000 eZeppelini Filho et. al 2003). A baixa acurácia <strong>de</strong>ve-se ao uso <strong>de</strong> metodologiasina<strong>de</strong>qua<strong>das</strong> para obter dados confiáveis acerca da biodiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> invertebrados <strong>de</strong>cavernas, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração da fauna <strong>de</strong> entrada <strong>de</strong> cavernas (para-epígea), e o uso <strong>de</strong>dados oriundos <strong>de</strong> coletas pouco efetivas que comprometem seriamente o estudo dabiodiversida<strong>de</strong> e as ações <strong>de</strong> conservação da fauna <strong>de</strong> cavernas no Brasil.Inventários e mapeamentos geográficos da biodiversida<strong>de</strong> cavernícola sãoimportantes ferramentas para enten<strong>de</strong>r e conservar a fauna frente a ameaças antrópicas(Culver et al 2004). Segundo Ferreira (2005), para a maioria dos inventários feitos emcavernas brasileiras, existe um quadro <strong>de</strong> sub-estimativa <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> presentes emfunção do baixo esforço amostral <strong>de</strong>sempenhado ou <strong>de</strong> métodos ina<strong>de</strong>quados <strong>de</strong> coleta(e.g. armadilhas <strong>de</strong> queda). Por ser a atmosfera <strong>de</strong> cavernas um ambiente <strong>de</strong> elevadaumida<strong>de</strong>, acreditava-se que os invertebrados não necessitavam selecionar microhabitatspara se protegerem da <strong>de</strong>ssecação. Entretanto, as micro-condições e a distribuição <strong>de</strong>147


ecursos na caverna po<strong>de</strong>m ser altamente heterogêneas. Assim, metodologias <strong>de</strong> coleta<strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>talha<strong>das</strong> e priorizar microhabitats como troncos, <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> guano,espaços sob rochas e locais úmidos. A ineficiência <strong>das</strong> metodologias se <strong>de</strong>veprincipalmente ao fato da não vistoria cuidadosa <strong>de</strong>stes microhabitas e recursosorgânicos nas cavernas. Muitos artrópo<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reduzido tamanho utilizam-se <strong>de</strong>ambientes que apresentam microhabitas distintos da atmosfera cavernícola tanto emcondições quanto recursos. Neste estudo a coleta manual em microhabitats se mostrouextremamente eficiente para inventariar a biodiversida<strong>de</strong>, exceto para cavernaseutrofiza<strong>das</strong> por gran<strong>de</strong>s acúmulos <strong>de</strong> guano <strong>de</strong> morcegos.Para corroborar tal fato, um estudo pontual realizado por Ferreira (2005) em 13cavernas ferruginosas, utilizando somente coleta manual, obteve 334 espécies <strong>de</strong>invertebrados, ou seja, 93% do número <strong>de</strong> espécies observa<strong>das</strong> em aproximadamente110 cavernas durante 15 anos <strong>de</strong> estudos no sul do estado <strong>de</strong> São Paulo (Pinto-da-Rocha1995, Trajano 2000).Inventários geralmente são caros, mas po<strong>de</strong>m facilmente per<strong>de</strong>r o seu valor paraa conservação quando adquiridos casualmente sem procedimentos efetivos par<strong>ae</strong>stimativas da fauna (Samways 2005). Amostragens incompletas po<strong>de</strong>m levar àinterpretações errôneas acerca dos padrões existentes na estrutura <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> erarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies. Como conseqüência <strong>de</strong> amostragens incompletas, nem to<strong>das</strong> asespécies serão representa<strong>das</strong>, permitindo uma sub-estimativa da riqueza, o que po<strong>de</strong>levar a <strong>de</strong>cisões equivoca<strong>das</strong> ou pouco convincentes em planos <strong>de</strong> conservação emanejo (Samways 2005). A riqueza <strong>de</strong> espécies tem sido sub-estimada em muitascavernas no mundo, baseado na extrapolação <strong>de</strong> um pequeno número <strong>de</strong> amostragensem função do fácil acesso às cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> e seus microhabitas (Schnei<strong>de</strong>r & Culver 2004).148


Alterações antrópicas nas cavernas da Mata AltânticaAmbientes cársticos são extremamente vulneráveis à <strong>de</strong>gradação e poluição,sendo que as ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> humanas nestes locais po<strong>de</strong>m gerar impactos nos ecossistemas<strong>de</strong> superfície e nos ecossistemas subterrâneos (Van-Beynen & Townsend, 2005, Calo &Parise 2006).Os índices <strong>de</strong> impactos e vulnerabilida<strong>de</strong> aplicados para as cavernas da MataAtlântica mostram que mais <strong>de</strong> 27% <strong>das</strong> cavernas amostra<strong>das</strong> encontram-se sob forteação <strong>de</strong> impactos e mais <strong>de</strong> 70% estão vulneráveis em função da exposição dabiodiversida<strong>de</strong> ao stress <strong>das</strong> alterações antrópicas. Alguns componentes do ambientecárstico estão sob forte pressão antrópica (vegetação no entorno, impactos <strong>de</strong>mineração, lixo, solo compactado por uso turístico, religioso e construções, <strong>de</strong>pleção <strong>de</strong>guano por formigas, etc). Percebe-se, <strong>de</strong>sta forma, que as alterações gera<strong>das</strong>historicamente na Mata Atlântica estão incidindo <strong>de</strong> forma direta ou indireta sobregran<strong>de</strong> parte dos ecossistemas subterrâneos associados.Apesar <strong>de</strong> inúmeras alterações antrópicas terem sido observa<strong>das</strong> nas cavernas daMata Atlântica, existe gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> em avaliar os efeitos <strong>de</strong>stes impactos sobre afauna. A maneira efetiva <strong>de</strong> se <strong>de</strong>tectar a existência <strong>de</strong> alterações na fauna seria o prévioconhecimento <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> associa<strong>das</strong> a estas cavernas antes do estabelecimento<strong>das</strong> alterações. Entretanto, na ausência <strong>de</strong>sta possibilida<strong>de</strong>, comparações po<strong>de</strong>m serfeitas com <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> presentes em cavernas próximas e não altera<strong>das</strong>antropicamente. Enfatiza-se, no entanto, que tais análises po<strong>de</strong>m não refletir a naturezaou magnitu<strong>de</strong> <strong>das</strong> alterações, já que, mesmo em cavernas próximas e preserva<strong>das</strong>, as<strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> po<strong>de</strong>m mostrar significativas diferenças em função <strong>das</strong> condiçõesambientais e tróficas.149


As diferenças encontra<strong>das</strong> nas alterações antrópicas observa<strong>das</strong> nas cavernaspo<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ver-se às variações nas ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> econômicas predominantes no entorno <strong>de</strong>cada caverna. A ampla área geográfica amostrada associada às características inerentesà cada caverna (como o <strong>de</strong>senvolvimento linear e a extensão <strong>das</strong> entra<strong>das</strong>) po<strong>de</strong>m levar<strong>de</strong>termina<strong>das</strong> cavernas a colecionarem um maior número <strong>de</strong> impactos (principalmenteaquelas próximas a gran<strong>de</strong>s centros e com características que permitam o turismo <strong>de</strong>massa).A relação <strong>de</strong> aumento do grau <strong>de</strong> impactos com o aumento do tamanho <strong>das</strong>cavernas e <strong>de</strong> suas entra<strong>das</strong> po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se ao fato <strong>de</strong> que gran<strong>de</strong>s cavernas (com gran<strong>de</strong>sentra<strong>das</strong>) favorecem o uso turístico ou religioso pela beleza cênica que proporcionam epelo espaço disponibilizado aos visitantes nestas áreas. Além disso, as gran<strong>de</strong>s entra<strong>das</strong>,em geral, favorecerem o acesso dos visitantes à própria caverna.A relação entre o grau <strong>de</strong> impactos e a extensão <strong>das</strong> cavernas e suas entra<strong>das</strong>po<strong>de</strong> eventualmente atuar reduzindo a diversida<strong>de</strong> cavernícola na Mata Atlântica.Entra<strong>das</strong> <strong>de</strong> cavernas naturalmente sofrem mais variações diárias e anuais <strong>de</strong>temperatura, umida<strong>de</strong> e disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos alimentares do que ambientesafóticos <strong>de</strong> cavernas. A incidência <strong>de</strong> luz <strong>de</strong> forma direta e até mesmo refletida permitea presença <strong>de</strong> organismos fotossintetizantes nas entra<strong>das</strong> <strong>das</strong> cavernas. Desta forma,existe nas entra<strong>das</strong> <strong>de</strong> cavernas uma maior concentração <strong>de</strong> matéria orgânica importadado entorno epígeo (folhas, troncos etc.). Estas características fazem <strong>das</strong> entra<strong>das</strong>ambientes com maior disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> microhabitats, recursos alimentares e atémesmo riqueza <strong>de</strong> invertebrados quando compara<strong>das</strong> ao ambiente cavernícola afótico.Assim, impactos concentrados nas entra<strong>das</strong> <strong>de</strong> cavernas (e.g. turismo) po<strong>de</strong>m levar aalterações físicas (compactação, erosão, recursos tróficos nãoconvencionais ) ebiológicas (alteração na composição e abundância <strong>das</strong> espécies) (Gillieson 1996).150


Tal fato po<strong>de</strong> ser visualizado nas relações <strong>de</strong> redução da riqueza e diversida<strong>de</strong>com o aumento do grau <strong>de</strong> impatos. Esta relação negativa revela a influência <strong>das</strong>alterações antrópicas sobre as <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> cavernícolas da Mata Atlântica. SegundoFerreia e Horta (2001), distúrbios naturais <strong>de</strong>correntes da evolução natural <strong>das</strong> cavernas(<strong>de</strong>sabamentos, aberturas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s entra<strong>das</strong> e enchetes) e distúrbios antrópicos(turismo, <strong>de</strong>smatamento, presença <strong>de</strong> animais domésticos) po<strong>de</strong>m causar mudanças nacomposição e estrutura <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> invertebrados em cavernas. Entretanto,impactos antrópicos são mais freqüentes e po<strong>de</strong>m afetar <strong>de</strong> forma irreversível a estrutura<strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> (Ferreira & Horta 2001). Ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> humanas <strong>de</strong> efeito indireto sobreas cavernas (<strong>de</strong>smatamento ou a poluição <strong>de</strong> rios), ou <strong>de</strong> efeito direto (minerações <strong>de</strong>calcário ou exploração turística) po<strong>de</strong>m causar sérios danos à sua fauna, em especialreduzindo o número <strong>de</strong> espécies (Ferreira & Martins 2001).Apesar <strong>de</strong> se obsevar uma predominância <strong>de</strong> vegetação <strong>de</strong> mata no entorno <strong>das</strong>cavernas, estas eram secundárias e representavam pequenas extensões. Além disso, 60%<strong>das</strong> cavernas com mata no entorno estão inseri<strong>das</strong> em uni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> conservação. As<strong>de</strong>mais cavernas com mata no entorno possuem nascentes ou estão em locaisaci<strong>de</strong>ntados e imprópios para a agropecuária.A gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>smata<strong>das</strong> para a implantação <strong>de</strong> pastagens emonoculturas no entorno <strong>de</strong> cavernas graníticas e calcárias po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se à tradiçãoagropastoril, presente, já há algumas déca<strong>das</strong>, em extensas áreas no corredor central (sulda Bahia, nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Minas Gerais, Espírito Santo e Rio <strong>de</strong> janeiro). Tal região foiintensamente estudada no presente trabalho, o que resultou em um maior número <strong>de</strong>cavernas nestas litologias. A manutenção da vegetação natural no entorno <strong>de</strong>stascavernas é importante uma vez que esta retém, através <strong>das</strong> suas raízes, o transporte <strong>de</strong>sedimento fino para o interior <strong>das</strong> cavernas durante chuvas fortes (Hardwick & Gunn151


1993, Williams 1993 Bárány-Kevei 2003). Além disso, a vegetação do entorno é umimportante produtor <strong>de</strong> recursos alimentares para troglóxenos (flores e frutos) e <strong>de</strong>serrapilheira que se acumula no solo sendo transportada para o interior <strong>das</strong> cavernaspelo vento ou pela a água, garantindo o aporte <strong>de</strong> energia para as cavernas (Souza-Silva2003). A vegetação no entorno <strong>das</strong> entra<strong>das</strong> po<strong>de</strong> promover a diminuição na incidênciadireta <strong>de</strong> luz, diminuir a temperatura, manter a umida<strong>de</strong>, o sombreamento edisponibilizar microhabitats para as <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> para-epígeas, possibilitando um maiornúmero <strong>de</strong> espécies nestes ambientes em relação àqueles ro<strong>de</strong>ados por pastagens noentorno (Prous et al 2004).Para as cavernas ferruginosas, a localização no quadrilátero ferrífero, importanteárea <strong>de</strong> mineração em Minas Gerais, justifica a predominância <strong>de</strong> impactos oriundos<strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong>. Alterações por ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> mineração foram registra<strong>das</strong> na grutacalcária do Tião Lima no município <strong>de</strong> Poté, MG. Embora poucas cavernas, <strong>de</strong>ntre asinventaria<strong>das</strong> neste estudo, tenham sofrido com ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> mineração, não se <strong>de</strong>ve<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar tal impacto, pois esta ativida<strong>de</strong> é especialmente danosa em várias áreascársticas e pseudocársticas do país. Nestas áreas, muitas vezes, a maioria <strong>das</strong> cavernasestão em risco real ou potencial da ação <strong>de</strong> mineradoras, especialmente por que estasáreas apresentam gran<strong>de</strong> vocação litológica para estas ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> (Trajano 2000,Cleyton-Lino 2001, Ferreira 2004, Auler & Piló 2005, Sessegolo 2001). Deste modo, abaixa representativida<strong>de</strong> do impacto <strong>de</strong> mineração nesta amostra provavelmente é<strong>de</strong>corrente do fato <strong>de</strong> muitas cavernas não serem carbonáticas ou ferruginosas, além dofato <strong>de</strong> muitas <strong>de</strong>las estarem inseri<strong>das</strong> em algum tipo <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação.Como exemplo do anteriormente citado, Ferreira (2004) ao estudar a fauna <strong>de</strong>invertebrados em cavernas carbonáticas da região Centro-Oeste <strong>de</strong> Minas Geraisobservou que mais <strong>de</strong> 60% <strong>das</strong> cavernas estavam sobre os impactos <strong>de</strong> mineração.152


Por outro lado, as cavernas em rochas siliciclásticas amostra<strong>das</strong> localizam-sepreferencialmente em importantes pontos turísticos, fato que acarretou napredominância <strong>de</strong>sta modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso nesta litologia (Parques Estaduais eMunicipais). Além disso, em <strong>de</strong>corrência da <strong>de</strong>manda turística, muitas <strong>de</strong>stas cavernasapresentaram o entorno vegetado, provavelmente pelo fato da vegetação representar umimportante atributo cênico.A visitação humana ocasional em cavernas traz muitas vezes riscos para fauna,uma vez que a maior parte <strong>das</strong> espécies compreen<strong>de</strong> invertebrados <strong>de</strong> pequeno porte quegeralmente ocorrem associados a recursos orgânicos. Desta forma, estes invertebradosse tornam altamente susceptíveis ao pisoteio. Existe, também, a possibilida<strong>de</strong> dosvisitantes matarem ou afugentarem espécies <strong>de</strong> morcegos, importantes para a dinâmicatrófica <strong>das</strong> cavernas (Thomas 1995). O uso turístico freqüente po<strong>de</strong> trazer impactosainda mais graves, como compactação do solo, aquecimento da atmosfera cavernícola,alteração no fluxo <strong>de</strong> ar com conseqüente redução da umida<strong>de</strong>, aumento da emissão <strong>de</strong>dióxido <strong>de</strong> carbono (o que po<strong>de</strong> comprometer a precipitação <strong>de</strong> minerais e crescimento<strong>de</strong> espeleotemas), criação <strong>de</strong> um fotoperíodo, favorecendo o crescimento <strong>de</strong> plantas,<strong>de</strong>ntre outros. To<strong>das</strong> estas alterações oriun<strong>das</strong> do uso antrópico alteram microhabitatspara invertebrados no interior <strong>das</strong> cavernas, modificando a hidrologia e o fluxo <strong>de</strong>recursos alimentares. Além disso, tais alterações po<strong>de</strong>m levar à introdução <strong>de</strong> espéciesexóticas em cavernas (Elliott 2000). Muitas <strong>de</strong>stas espécies, em especial <strong>de</strong> certasformigas, passam a utilizar recursos alimentares trazidos pelos turistas (Gillieson 1996,Picker & Samways 1996, Ferreira 2005).Embora a presença <strong>de</strong> formigas possa ser freqüente em cavernas, algumasespécies po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> exóticas ao ambiente <strong>de</strong> cavernas (Elliot 1988).153


Neste estudo, merece menção a intensa predação <strong>de</strong> larvas <strong>de</strong> Tineid<strong>ae</strong>(Lepidoptera) e sementes por formigas em guano <strong>de</strong> morcegos frugívoros na grutaCalifórnia (Bahia). Tal ataque às larvas <strong>de</strong> lepidópteros e o consumo excessivo doguano certamente não <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado convencional, o que gera certa preocupaçãocom relação à presença <strong>de</strong> formigas nos recursos tróficos <strong>das</strong> cavernas.A implantação <strong>de</strong> pastagens ou outras monoculturas após o <strong>de</strong>smatamento doentorno <strong>de</strong> cavernas po<strong>de</strong>m provavelmente provocar impactos na fauna. Monoculturasmecaniza<strong>das</strong> po<strong>de</strong>m provocar instabilida<strong>de</strong> no solo favorecendo erosão e transporte <strong>de</strong>sedimentos para ambientes terrestres e aquáticos subterrâneos (Gams et al 1993, Gunnet al. 2000). Junto aos sedimentos po<strong>de</strong> ocorrer também a veiculação <strong>de</strong> fertilizantes (N,P, K) que se <strong>de</strong>positam em ambientes terrestres e aquáticos alterando a qualida<strong>de</strong> daágua, promovendo eutrofização e conseqüentemente afetando a estrutura <strong>das</strong><strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> e a dinâmica trófica <strong>de</strong> ambientes subterrâneos (Simon & Buikema 1997,Gunn et al. 2000, Neil et al 2004).A presença do lixo, aparentemente <strong>de</strong>positado em função <strong>de</strong> visitação e ouconstruções, po<strong>de</strong> ser benéfica ou maléfica à fauna. Lixo e construções são elementosestranhos ao ambiente e aos organismos que vivem nas cavernas. Pequenos pedaços <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira não são prejudiciais à fauna, pois po<strong>de</strong>m ser utilizados como alimento.Entretanto, o lixo inorgânico, como restos <strong>de</strong> ferro e cimento, garrafas com óleo, pneus,sacolas plásticas e lixo doméstico, além <strong>de</strong> afetar a beleza cênica <strong>das</strong> cavernas tambémpo<strong>de</strong> conter elementos tóxicos e contaminantes da água, sendo altamente prejudiciais àfauna <strong>das</strong> cavernas (Gunn et al. 2000, Oliveira & Timo 2005).Outros impactos foram pouco freqüentes, embora possam potencialmenteprovocar fortes alterações nas cavernas. Como exemplo po<strong>de</strong>-se citar a compactação dosolo que ocorre em função do pisoteamento intenso <strong>de</strong> visitantes <strong>de</strong> cavernas,154


principalmente aquelas turísticas; a construção <strong>de</strong> pequenas barragens nas drenagenssubterrâneas para contenção e exploração da água; construção <strong>de</strong> altares, bancos eiluminação artificial em cavernas com uso religioso, e até mesmo o uso <strong>de</strong> explosivosno interior da gruta do Limoeiro (ES), com o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrubar uma pare<strong>de</strong> da cavern<strong>ae</strong> facilitar o trânsito <strong>de</strong> turistas. Nesta mesma gruta existe fiação elétrica exposta comriscos <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes para os visitantes. Outra ativida<strong>de</strong> observada consiste na queima <strong>de</strong>pneus no interior <strong>de</strong> cavernas, usada para afugentar e matar morcegos. Neste caso,segundo relatos locais, o número <strong>de</strong> morcegos na caverna afetada diminuiudrasticamente. A poluição da drenagem foi constatada na a gruta Ponte <strong>de</strong> Pedra (OuroPreto, MG), que recebe esgoto doméstico e lixo <strong>de</strong> parte da cida<strong>de</strong>. A coleta <strong>de</strong> águaque goteja <strong>de</strong> espeleotemas, com a finalida<strong>de</strong> religiosa (água benta) foi constata<strong>das</strong>omente na Lapa do Sino em Santa Luzia, BA. Muitos <strong>de</strong>stes impactos po<strong>de</strong>m causaralterações ou reduções <strong>de</strong> microhabitats, erosão e modificações no regime hidrológico<strong>de</strong>ntro <strong>das</strong> cavernas (Gunn et al. 2000). Uso e alterações como pequenos altares,pichações discretas, coleta <strong>de</strong> água em espeleotemas, <strong>de</strong>ntre outras, são impactos poucosignificativos, pois quase não modificam o ambiente <strong>de</strong> cavernas uma vez que sãopontuais e pouco frequentes. Entretanto, outras alterações modificam completamente acondição supostamente original do ambiente <strong>de</strong> cavernas (e.g. o esgoto <strong>de</strong>ntro da grutaPonte <strong>de</strong> Pedra, que fez com que a <strong>comuni</strong>da<strong>de</strong> fosse completamente substituídaver<strong>de</strong>ndrograma <strong>de</strong> similarida<strong>de</strong> com as <strong>de</strong>mais cavernas no capítulo 1). Existem algumasativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> humanas nas cavernas que po<strong>de</strong>m levar à criação <strong>de</strong> novas condiçõespermanentes (construções, represamento, eutrofização, etc), às quais as <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong><strong>de</strong>vem se a<strong>de</strong>quar por meio <strong>de</strong> mudanças na estrutura e composição <strong>de</strong> espécies. Taisalterações po<strong>de</strong>m facilitar a colonização e permanência <strong>de</strong> novas <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> nascavernas (Ferreira 2004).155


Os impactos i<strong>de</strong>ntificados preliminarmente nas cavernas da Mata Atlântica<strong>de</strong>monstram que as alterações antrópicas <strong>de</strong>correntes dos diferentes usos e ocupações dosolo estão resultando em mudanças negativas para a fauna <strong>das</strong> cavernas, em escala locale regional. A presença <strong>de</strong> ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> turísticas, agropecuárias e minerarias, além daproximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> centros urbanos parecem ser os principais geradores <strong>de</strong> impactos nascavernas avalia<strong>das</strong>. Assim, é evi<strong>de</strong>nte e urgente a necessida<strong>de</strong> da elaboração <strong>de</strong> planos<strong>de</strong> reabilitação e conservação <strong>de</strong>stes ambientes, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manter suaintegrida<strong>de</strong> e sustentabilida<strong>de</strong>.A vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>das</strong> cavernas na Mata AtlânticaSistemas cársticos, como outros ambientes ao longo do mundo, têmexperimentado impactos em função do aumento da população humana em seusarredores. Estas pressões têm gerado a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliar e monitorar a extensão<strong>de</strong>stes impactos (Hamilton-Smith 2006). O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> índices <strong>de</strong> valoraçãocomo o apresentado neste trabalho vem a aten<strong>de</strong>r em parte esta necessida<strong>de</strong>. Apesar <strong>de</strong>usar medi<strong>das</strong> qualitativas, o índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> proposto procura avaliarcomponentes bióticos e abióticos <strong>de</strong> sistemas cársticos e pseudocársticos. Além disso, oíndice po<strong>de</strong> ser usado para valorar cavernas em quaisquer litologias e novoscomponentes do ambiente po<strong>de</strong>m ser adicionados à análise, promovendo o seurefinamento. A construção e uso do índice proposto representam a utilização pioneira <strong>de</strong>uma ferramenta capaz <strong>de</strong> medir, <strong>de</strong> forma holística e rápida, os distúrbios em cavernasda Mata Atlântica Brasileira. Salienta-se, no entanto, que a avaliação efetiva dosdistúrbios em cavernas resultará da combinação <strong>de</strong> indicadores qualitativos equantitativos dos componentes epígeos e hipógeos dos relevos cársticos, que geralmenteexigem estudos <strong>de</strong> longa duração.156


A alta vulnerabilida<strong>de</strong> encontrada para a maioria <strong>das</strong> cavernas já era esperada.Uma vez que estes ambientes caracterizam-se por possuir uma elevada estabilida<strong>de</strong>,acabam tornando-se altamente susceptíveis a impactos, já que esta condição <strong>de</strong>estabilida<strong>de</strong> muitas vezes po<strong>de</strong> ser facilmente alterada (Ferreira & Horta 2001,Hamilton-Smith 2006, Beynen & Tonwsend 2005, Beynen et al 2007). Por este fato,quaisquer impactos diretos ou indiretos nas cavernas po<strong>de</strong>m causar sérios danos à faun<strong>ae</strong> à integrida<strong>de</strong> física <strong>de</strong>stes ambientes (Ferreira & Martins 2001).Cavernas, durante a sua evolução geológica, passam por alterações naturaisoriun<strong>das</strong> da sua gênese (dissolução da rocha, inundações, abatimentos <strong>de</strong> blocos no tetocom abertura <strong>de</strong> entra<strong>das</strong> verticais e entrada <strong>de</strong> luz), que modificam as condiçõesvigentes em <strong>de</strong>terminados períodos <strong>de</strong>sta evolução. Estas alterações naturais, quandointensas, po<strong>de</strong>m provocar modificações nas <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> subterrâneas. O tempo<strong>de</strong>corrido entre estes impactos (em geral extremamente elevado), permite uma rea<strong>de</strong>quação<strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> às novas condições estabeleci<strong>das</strong> após o impacto (Ferreira& Horta 2001, Calo & Parise 2006). Entretanto, impactos antrópicos são alteraçõesintensas e persistentes no ambiente <strong>de</strong> cavernas, além <strong>de</strong> ocorrerem com uma freqüênciamuitas vezes elevada. A intensida<strong>de</strong> e o tempo <strong>de</strong> permanência <strong>de</strong>stes impactos po<strong>de</strong>mafetar organismos <strong>de</strong> baixa plasticida<strong>de</strong> adaptativa resultando em extinções locais emfunção da não re-a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> muitas populações à nova condição estabelecida após oimpacto. Em geral, impactos que produzem alterações rápi<strong>das</strong>, mas intensas, po<strong>de</strong>mcausar distúrbios mais sérios, inclusive levando à extinção <strong>de</strong> algumas espécies. Aintensida<strong>de</strong> do impacto tem, portanto, maior influência sobre a vulnerabilida<strong>de</strong> e acapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reestruturação <strong>de</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> cavernícolas do que o tempo <strong>de</strong>corrido<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a ocorrência <strong>de</strong>sse impacto (Ferreira & Horta, 2001).157


Conservação <strong>das</strong> cavernas na Mata Atlântica BrasileiraOs primeiros pesquisadores a discutir os impactos e a conservação <strong>de</strong> cavernasno Brasil relatam a ocorrência <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada <strong>de</strong> ações antrópicas em regiões carbonáticasbrasileiras associa<strong>das</strong> a ambientes com alta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional e forte pressão <strong>de</strong>mineração, <strong>de</strong>smatamento e turismo, como no estado do Paraná e sul <strong>de</strong> São Paulo(Lino & Allievi 1980, Trajano 2000, Sessegolo et al 2006, Trajano e Bichuette 2006).Segundo Trajano (2000) ecossistemas subterrâneos apresentam problemas especiaispara a sua conservação <strong>de</strong>vido a sua intrínseca fragilida<strong>de</strong> ambiental (estabilida<strong>de</strong>térmica, elevada umida<strong>de</strong> e escassez <strong>de</strong> alimentos para a fauna) além <strong>das</strong> formasecológicas, comportamentais e evolutivas distintas que ocorrem nas <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong>cavernícolas (trogloxenos, troglófilos e troglóbios).As medi<strong>das</strong> <strong>de</strong> conservação freqüentemente sugeri<strong>das</strong> pelos autores acima são ainterdição <strong>de</strong> visitação a cavernas com espécies ameaça<strong>das</strong>, criação <strong>de</strong> uni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong>conservação basea<strong>das</strong> na ocorrência <strong>de</strong> espécies endêmicas e na biodiversi<strong>da<strong>de</strong>s</strong>ubterrânea, melhoria da legislação e ações <strong>de</strong> educação ambiental. Entretanto, todosestes autores avaliam somente cavernas calcárias, sendo que outras litologias como ogranito, o quartzito e o minério <strong>de</strong> ferro não foram trata<strong>das</strong>. Além disso, nenhum <strong>de</strong>stesautores consi<strong>de</strong>ra o quadro <strong>de</strong> amplo <strong>de</strong>sconhecimento sobre a efetiva biodiversida<strong>de</strong>, ostress <strong>de</strong> impactos e o status <strong>de</strong> conservação <strong>das</strong> cavernas da Mata Atlântica brasileira.Outro fator não sugerido é a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> manejo para cavernas atualmenteimpacta<strong>das</strong>.A situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconhecimento é bem evi<strong>de</strong>nte, principalmente ao se constatarque aproximadamente 290 cavernas já foram visita<strong>das</strong> na Mata Atlântica parainventários biológicos em um universo <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 1650 (menos <strong>de</strong> 18%). Além disso,as 1650 cavernas conheci<strong>das</strong> certamente representa uma subestimativa. O número real158


<strong>de</strong> cavernas presentes na Mata Atlântica é bem maior, uma vez que as estimativas sãobasea<strong>das</strong> principalmente em áreas com cavernas calcárias, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando outraslitologias que possuem cavernas (canga ferruginosa, quartzitos, granitos, etc). Somenteneste estudo são apresenta<strong>das</strong> 38 cavernas, <strong>de</strong> fácil acesso, que não se encontramca<strong>das</strong>tra<strong>das</strong> ou sequer foram cataloga<strong>das</strong> por espeleólogos. A maioria <strong>de</strong>stes registrosnovos <strong>de</strong> cavernas ocorreu em rochas graníticas e ferruginosas. Desta forma, cavernaspresentes na Mata Atlântica que foram inventaria<strong>das</strong>, correspon<strong>de</strong>m a muito menos que18% do potencial espeleológico do bioma. Além disso, a total falta <strong>de</strong> padronização dosdiferentes inventários agrava ainda mais o quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconhecimento dabiodiversida<strong>de</strong> subterrânea <strong>de</strong>ste bioma.Deste modo, áreas consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> expressivas a partir do universo <strong>de</strong> cavernasinventaria<strong>das</strong> não indicam necessariamente suficiência <strong>de</strong> conhecimento. To<strong>das</strong> estasáreas ainda apresentam muitas cavernas sem inventários bioespeleológicos esubestimativas da riqueza <strong>de</strong> espécies.Inúmeras áreas com cavernas já ca<strong>das</strong>tra<strong>das</strong> e outras <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> potencialespeleológico ainda não foram suficientemente amostra<strong>das</strong> (Sul da Bahia, EspíritoSanto, Rio <strong>de</strong> Janeiro, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, etc). Deste modo, existe a claranecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se inventariar um número maior <strong>de</strong> cavernas para que se possa acessar areal biodiversida<strong>de</strong> na Mata Atlântica com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propor planos abrangentes <strong>de</strong>conservação e manejo da fauna nas distintas litologias on<strong>de</strong> ocorrem cavernas.Os dados obtidos no presente trabalho, associados àqueles provenientes <strong>de</strong>outros estudos, <strong>de</strong>monstram claramente que a Mata Atlântica possui muitas cavernascom uma rica fauna <strong>de</strong> invertebrados. Além disso, algumas regiões se <strong>de</strong>stacam emfunção da concentração <strong>de</strong> espécies endêmicas (troglomórficos). Nesta perspectiva,<strong>de</strong>stacam-se as cavernas ferruginosas localiza<strong>das</strong> próximas a Belo Hozinte, MG. Muitas159


<strong>de</strong>stas cavernas encontram-se sobre intensa pressão antrópica (mineração) e as espéciessob o mais alto grau <strong>de</strong> ameaça. Até mesmo as cavernas em minério <strong>de</strong> ferro inseri<strong>das</strong>em uni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> conservação encontram-se sob risco <strong>de</strong> visitação.A inclusão <strong>de</strong> cavernas em uni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> conservação teoricamente sugere umamaior proteção para as mesmas. Entretanto, no atual estado <strong>de</strong> irregulari<strong>da<strong>de</strong>s</strong> que seencontram inúmeras uni<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> conservação brasileiras, os impactos antrópicos nascavernas em UC s também ocorrem (Lobo 2008). Como exsmplos, po<strong>de</strong>-se citar ascavernas inseri<strong>das</strong> em uma reserva indígena no Sul da Bahia, para as quais foramconstata<strong>das</strong> ações <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento do entorno e uso religioso. A caverna calcária doLimoeiro (Castelo, ES), patrimônio cultural, recebe impactos <strong>de</strong> uso turístico ereligioso. As cavernas inseri<strong>das</strong> no Parque Estadual do Ibitipoca (no Sul <strong>de</strong> MinasGerais) sofrem com intensa visitação turística, mesmo aquelas com espéciestroglomórficas. A gruta <strong>de</strong> Ubajara no Parque Nacional <strong>de</strong> Ubajara (Ceará) éparcialmente iluminada e apresenta intenso uso turístico. A caverna arenítica <strong>de</strong> Itambéno Parque Municipal <strong>de</strong> Altinópolis, SP recebe inúmeros turistas e sofre com asalterações <strong>de</strong> contrução <strong>de</strong> altar e pichações. A Caverna Arenítica <strong>de</strong> Palhares no Parquemunicipal <strong>de</strong> Sacramento, MG teve sua entrada totalmente alterada para o turismo emmassa. As cavernas carbonáticas no Parque Estadual turístico do Alto Ribeira (PETAR),Parque estadual <strong>de</strong> Jacupiranga e Parque estadual <strong>de</strong> intervales recebem muitosvisitantes que promovem inúmeras alterações como poluição da água e atmosfera <strong>das</strong>cavernas, elevando muitas <strong>das</strong> populações troglóbias locais ao grau <strong>de</strong> ameaça<strong>das</strong>(Trajano 2000, Lobo 2005 e 2008).As cavernas amostra<strong>das</strong> até o momento mostram condições ecológicasheterogêneas, tanto em termos <strong>de</strong> estrutura trófica, en<strong>de</strong>mismos, número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>invertebrados e no âmbito dos impactos <strong>de</strong>tectados (uso religioso, turismo,160


<strong>de</strong>smatamento do entorno, retirada <strong>de</strong> água, atos <strong>de</strong> afugentar e matar morcegos, etc).Tal fato justifica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> estudos emergenciais e <strong>de</strong>talhados nomaior número possível <strong>de</strong> cavernas na Mata Atlântica a fim <strong>de</strong> se evi<strong>de</strong>nciar abiodiversida<strong>de</strong> subterrânea, subsidiar planos <strong>de</strong> usos e ações <strong>de</strong> manejo e conservação.Entretanto, inúmeros fatores dificultam o conhecimento da fauna <strong>de</strong> cavernasbrasileiras, a saber: o número <strong>de</strong> organizações e pesquisadores que trabalham cominventários <strong>de</strong> fauna em cavernas é restrito; a metodologia historicamente utilizada nãoé eficiente; não existem fundos <strong>de</strong> pesquisa específicos disponíveis para estudos <strong>de</strong>cavernas no Brasil; inúmeros taxa <strong>de</strong> invertebrados possuem poucos ou nenhumtaxonomista, <strong>de</strong>ntre outros fatores.É impossível <strong>de</strong>terminar se houve perda <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> invertebrados frente àsalterações ambientais sofri<strong>das</strong> uma vez que não se conhecem as condições originais <strong>das</strong><strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> associa<strong>das</strong> às cavernas inventaria<strong>das</strong>. Entretanto, para que sejamminimiza<strong>das</strong> per<strong>das</strong> futuras, to<strong>das</strong> as cavernas <strong>de</strong> importância biológica especial e alta,com alto grau <strong>de</strong> impactos e com alta vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong>vem receberatenção emergencial em relação às ações <strong>de</strong> proteção, manejo e conservação. Tal fatonão exclui a necessida<strong>de</strong> da conservação <strong>das</strong> <strong>de</strong>mais cavernas que também <strong>de</strong>verãopossuir planos <strong>de</strong> recuperação, manejo e/ou conservação coor<strong>de</strong>nados pelos órgãos <strong>de</strong>fiscalização ambiental.Frente às condições encontra<strong>das</strong> até o momento nas cavernas amostra<strong>das</strong>,recomenda-se, principalmente:Atenção emergencial em relação às ações <strong>de</strong> proteção, manejo e conservação <strong>das</strong>cavernas <strong>de</strong> importância biológica especial e alta, com alto grau <strong>de</strong> impactos ecom alta vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> frente aos impactos;161


Intensificar os estudos espeleológicos e levantamentos faunísticos, uma vez queextensas áreas na Mata Atlântica com potencialida<strong>de</strong> para ocorrência <strong>de</strong>cavernas ainda não foram estuda<strong>das</strong>;Proce<strong>de</strong>r ao reflorestamento <strong>de</strong> no mínimo 250 metros no entorno <strong>das</strong> cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong>que estiverem com ertorno <strong>de</strong>smatado, utilizando mo<strong>de</strong>los agroflorestais ou <strong>de</strong>espécies nativas;Intervir e manejar o interior <strong>das</strong> cavernas que receberam ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> antrópicascomo turismo, uso religioso e <strong>de</strong> <strong>de</strong>scaracterização dos condutos interiores;Executar planos <strong>de</strong> informação e conscientização dos usuários <strong>das</strong> cavernasturísticas e <strong>de</strong> uso religioso, com acompanhamento <strong>de</strong> fiscais doIBAMA/CECAV nos períodos da celebração <strong>de</strong> missas e festas e romarias;Exigir a realização <strong>de</strong> plano <strong>de</strong> manejo para to<strong>das</strong> as cavernas on<strong>de</strong> houverintenção <strong>de</strong> se implantar o turismo;Estimular a criação <strong>de</strong> RPPNS no entorno <strong>das</strong> cavi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> com espécies troglóbias,vegetação natural ou em recuperação.162


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CAPÍTULO IVA AVENTURA DA VIDA NAS CAVERNASMarconi Souza Silva 1 ,Flávio Túlio M. C. Gomes 2 &Rodrigo Lopes Ferreira 31-Laboratório <strong>de</strong> Ecologia e Comportamento <strong>de</strong> Insetos, Departamento <strong>de</strong> Biologia Geral,Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.silvamar@icb.ufmg.br2- IBAMA/CECAV.3-Departamento <strong>de</strong> Biologia/Setor <strong>de</strong> Zoologia Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Lavras.CP.3037, 37200-000 Lavras, MG, Brasil. drops@ufla.br167


APRESENTAÇÃOCavernas são ambientes que <strong>de</strong>spertam interesse nos seres humanos em função<strong>das</strong> suas belezas naturais, mistérios e len<strong>das</strong>. Por isso são explora<strong>das</strong> turisticamente noBrasil há mais <strong>de</strong> 40 anos. Muitas <strong>de</strong>stas cavernas turísticas localiza<strong>das</strong> próximas acentros urbanos e com fácil acesso recebem milhares <strong>de</strong> visitantes durante um ano.Existem incentivos do governo, acadêmicos e da socieda<strong>de</strong>, no intuito <strong>de</strong> promover umamaior difusão <strong>das</strong> ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> turísticas no ambiente <strong>de</strong> cavernas em todo o Brasil. Poroutro lado, o interesse pelo estudo mais <strong>de</strong>talhado <strong>das</strong> cavernas é um tópicoextremamente novo no meio acadêmico. Existem poucos trabalhos acerca dos prováveisimpactos causados pelo turismo em cavernas. Planos que visem a limitação <strong>de</strong>alterações provoca<strong>das</strong> por estas ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> não existem. A falta <strong>de</strong> profissionaiscapacitados a exercerem e coor<strong>de</strong>narem ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> turísticas, <strong>de</strong> forma sustentável, emambientes cavernícolas é evi<strong>de</strong>nte. Assim a criação <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> visitação a cavernassão essenciais para que o visitante possa extrair uma maior quantida<strong>de</strong> possível <strong>de</strong>informações é entenda a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reduzir as <strong>de</strong>predações ou alterações oriun<strong>das</strong><strong>de</strong> inúmeras ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> antrópicas. Neste contexto a educação ambiental surge comouma importante prática para formação <strong>de</strong> visitantes conscientes <strong>das</strong> necessi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong>preservação e minimização <strong>de</strong> impactos em cavernas. Como uma prática <strong>de</strong> formação einformação orientada para o <strong>de</strong>senvolvimento da consciência critica sobre questõesambientais e <strong>de</strong> ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> que levem a participação <strong>das</strong> <strong>comuni</strong><strong>da<strong>de</strong>s</strong> na preservação doambiente <strong>de</strong> cavernas à educação ambiental po<strong>de</strong> tornar as visitas mais instrutivas. Talprática po<strong>de</strong>rá fornecer à população ativi<strong>da<strong>de</strong>s</strong> que articulem seus conhecimentos emconjunto, construindo, em cada um, uma visão completa <strong>de</strong>ste ambiente e, com isto,<strong>de</strong>spertando o interesse por sua conservação.168


Neste contexto, é apresentado abaixo um material informativo sobre ambiente <strong>das</strong>cavernas e os impactos po<strong>de</strong>m atuar sobre o mesmo. O cenário e os personagens foramelaborados tomando como base os dados apresentados nos capítulos I, II e III.169


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ANEXOSAnexo I. Ficha <strong>de</strong> caracterização <strong>de</strong> cavernas na Mata Atlântica.CAVERNA:UF:COORDENADAS UTM:EXTENSÃO DA CAVIDADE:AGLOMERAÇÃO URBANA MAIS PROXIMA:DATA:MUNICÍPIO:LOCALIZAÇÃO TOPOGRAFICA : Topo Encosta Superior Encosta inferior BaseINCLINAÇÃO GERAL:Plano (0 a 4%) Suave (4 a 8%) Média (8 a 30%) Forte (30 a 60%) Vertical (> 60%)DIMENSÃO E FORMA DA(S) ENTRADA(S):VEGETAÇÃO NO ENTORNO : <strong>de</strong>screver brevemente (altura da vegetação, extensão)PrimáriaSecundáriaUSO DO ENTORNO (~250m)Agricultura 1 Pastagem 4 Estudo científicoIrrigação 2 Equipamentos 5 <strong>de</strong>screver ArqueológicoEdificações 3 Ativida<strong>de</strong> extrativista 6 PaleontológicoOutrosUSO DO INTERIORPré-histórico Arte rupestre Sedimento cultural (potencial)Histórico Extração <strong>de</strong> salitre Manifestação religiosaGrafismoOutros:Atual Visitação turística Estudo científicoVisitação espeleológicaArqueológicoEquipamentosPaleontológicoCurralEspeleológicoOutros:IMPACTOS REAIS NA ÁREA DO ENTORNO (~250m)Lixo / entulho Sim Não Área <strong>de</strong> queimada Sim NãoSolo <strong>de</strong>snudo Sim Não Vestígios <strong>de</strong> fogo na vegetação Sim NãoTrilha Sim Não Desmatamento Sim NãoProcessos erosivos Sim Não Corte seletivo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira Sim NãoAssoreamento Sim Não Ativida<strong>de</strong> extrativista Sim NãoMineração Sim Não Poluição <strong>de</strong> drenagem Sim NãoOutros:IMPACTOS REAIS NO INTERIOR DA CAVERNA (S=Significativo M=Médio D=Desprezível A=Ausente)Depredação <strong>de</strong> espeleotemas S M D A Pichações S M D AAssoreamento da drenagem S M D A Pisoteamento S M D APoluição <strong>de</strong> drenagem S M D A Construções S M D AColapso por <strong>de</strong>tonações S M D A Lixo S M D AOutros:IMPACTOS POTENCIAISENTORNOINTERIORGarimpo / mineração Sim Não Sim NãoExplotação <strong>de</strong> recursos hídricos Sim Não Sim NãoPoluição do curso d água Sim Não Sim NãoVisitação intensa Sim Não Sim NãoTurismo Sim Não Sim NãoOutros:OBS:207


Anexo II. Características físicas e biológicas <strong>de</strong> 103 cavernas avalia<strong>das</strong> na Mata Atlântica costeira do Brasil no presente estudo.(ALT = altitu<strong>de</strong>, HIDR = corpo <strong>de</strong> água, LITO= litologia, IEA = índice <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> ambiental, EA = extensão amostrada, SE = soma <strong>das</strong> entra<strong>das</strong>, NE = número <strong>de</strong>entra<strong>das</strong>, VE = vegetação no entono, I = impactos, RB = relevância biológica, VU = vulnerabilida<strong>de</strong>, TR = troglomórficos, RT = riqueza total, AB = abundância, DM =Dominância, H = diversida<strong>de</strong>, E = equitabilida<strong>de</strong>). Litologias (Gr=granito; Cr= calcarenito; Cl= calcário; Cn = Conglomerado, Ma= mármore; Gn= gnaisse; Fe=ferruginosso; Ar= arenito; Qr= quartzito). Hidrologia (S = seco, M = maré, Rt = riacho temporário, RP= riacho perene, F = freático). Vegetação do entorno (P = pastagem,MS = mata secundária, C = campo, M = monocultura, R = restinga). Impactos, relevância, vulnerabilida<strong>de</strong> (E = especial, EE = extremo, A = alta, M = Média, B = baixa),Po = posto <strong>de</strong> gasolina..Caverna Municipio ALT HIDR LITO IEA EA SE NE VE I R VU TR RT AB DM H EBAL Buraco do Cão Murici 390 S Gr 1,39 20 5 1 P B B B 31 365 0,15 2,37 0,69AL Gruta da Toca da Raposa 2 Murici 264 S Gr 0,63 15 8 1 P B B B 30 187 0,09 2,83 0,83AL Gruta da Toca da Raposa Murici 242 S Gr 0,69 10 5 1 P B M M 51 443 0,09 3,04 0,77BA Gruta do Corrego Ver<strong>de</strong> Pau Brasil 177,6 S Cl 2,3 100 10 1 P A M A 50 2705 0,24 1,94 0,5BA Gruta California Pau Brasil 242,3 S Cl 4,58 195 2 1 P B E A 5 63 5364 0,34 1,84 0,44BA Lapão <strong>de</strong> Santa Luzia Santa luzia 329,4 Rt Cn 3,51 500 15 1 MS B E A 3 107 4353 0,2 2,29 0,49BA Toca dos Morcegos Pau Brasil 300,8 S Cl 3,69 200 5 1 P B E A 1 81 3607 0,15 2,54 0,58BA Pedra do Sino Santa luzia 146,1 F Cn 3,51 100 3 1 MS B E A 4 74 609 0,08 3,08 0,72BA Cova da Onça II Cairu - ilha <strong>de</strong> Biopeba 10 S Cr 2,81 25 1,5 1 R B B B 28 182 0,18 2,33 0,7BA Gruta Milagrosa Pau Brasil 306 S Cl 8,37 305 12 3 P A E EE 1 65 1714 0,18 2,39 0,57BA Gruta da praia da Cueira I Cairu - ilha <strong>de</strong> Biopeba 0 M Cr 2,08 8 1 1 R B M M 19 3757 0,53 0,96 0,33BA Gruta da Pedra Suspensa Pau Brasil 186 S Cl 2,94 113 6 1 MS B E M 3 76 7146 0,23 1,91 0,44BA Cova da Onca I Cairu - ilha <strong>de</strong> Biopeba 10 S Cn 0,34 7 5 1 R B M M 38 640 0,16 2,27 0,62BA Gruta da praia da Cueira II Cairu - ilha <strong>de</strong> Biopeba 0 M Cr 2,08 8 1 1 R B M M 7 524 0,27 1,43 0,74CE Gruta dos Mocós Ubajara 521 S Cl 4,06 116 2 1 MS B B B 24 320 0,22 1,95 0,61CE Gruta <strong>de</strong> Ubajara Ubajara 521 RP Cl 11,96 1120 5 4 MS E E EE 1 74 3711 0,1 2,65 0,62ECE Gruta dos Farias Arajara 804 RP Ar 3,56 70 2 1 MS A B M 35CE Gruta do Morcego Branco Ubajara 521 S Cl 4,92 274 2 1 MS B M M 54 552 0,06 3,15 0,79ES Gruta da Santa Bárbara Venda Nova dos Imigrantes 1116 F Gr 3 80 4 1 M A M A 61 617 0,08 2,96 0,72ES Gruta do André Ruschi Santa Tereza 671,6 Rt Gr 2,3 30 3 1 MS B E A 2 79 462 0,1 3,13 0,72ES Gruta da Represa Santa Teresa 626 RP Gr 5,38 25 18 2 P B E A 43 297 0,1 2,86 0,76208


ES Casa Branca Itaimbe- itaguaçu 160 S Gr 0 15 15 1 P E M A 41 183 0,2 2,36 0,64EES Gruta do João Buteco Ecoporanga 250 S Gr 2,53 25 2 1 P B B B 17 646 0,16 2,17 0,77ES Gruta do evald Domingos Martins 705 S Gr 2,04 23 3 1 M B B B 17 50 0,19 2,23 0,79ES Gruta do Rio Itaúnas Pedro Canario 300,5 RP Gr 1,41 41 10 1 P A E EE 1 49 9029 0,13 2,28 0,59ES Archimi<strong>de</strong>s Panssini Vargem alta 450 RP Cl 4,61 300 3 1 M A E EE 3 66 760 0,08 2,99 0,71ES Gruta do Limoeiro Conceição <strong>de</strong> castelo 502,8 S Cl 4,09 600 10 1 P E A EE 1 78 4074 0,2 2,38 0,55EES Gruta do Mirante Vargem alta 650 RP Mr 6,44 30 8 3 MS B M M 45 1920 0,2 2,11 0,55ES Lapa da Faz Paraiso Ecoporanga 338 S Gr 1,47 13 3 1 MS B M M 1 40 797 0,18 2,12 0,57ES Henrique Altoé Jaciguá 600 RP Gr 3,11 90 4 1 P B M M 50 854 0,15 2,44 0,63ES Gruta da Michele Pancas 97 RP Gr 6,68 60 10 3 P B A M 73 245 0,06 3,48 0,81ES Caverna do Didi Vieira Afonso Claudio 662 S Gn 8,27 79 8 2 MS B M M 64 231 0,06 3,52 0,85ES Lapa da Faz do Dr Saulo Ecoporanga 223 RP Gr 1,79 60 10 1 P M M M 1 46 1162 0,11 2,61 0,68MG Caverna Boa Vista Padre Paraiso 1071 RP Gr 1,9 80 12 1 P A M A 48 1725 0,76 0,79 0,2MG Gruta dos Coelhos Lima Duarte 1380 Rt Qr 9,46 80 10 2 MS A M A 66 487 0,06 3,25 0,78MG Mina do pico 04 Itabirito 1380 S Fe 7,78 60 3 2 C B E A 4 43 2441 0,71 0,89 0,24MG Mina do pico 03 Itabirito 1382 S Fe 1,03 14 5 1 C B E A 5 18 781 0,44 1,29 0,44MG Serra da Moeda Sul-04 Itabirito 1393 S Fe 2,83 34 2 1 C B E A 3 58 1437 0,23 2,12 0,52MG Bromélias Lima Duarte 1475 Rt Qr 10,93 500 10 3 MS B E A 3 96 2868 0,21 2,39 0,52MG Mina do pico 10 Itabirito 1410 S Fe 2,77 64 4 1 C B E A 9 39 780 0,23 1,99 0,54MG Gruta dos Sete Salões Santa Rita do Itueto 500 Rt Qr 3,06 150 7 1 MS B E A 1 49 1701 0,17 2,22 0,57MG Mina do pico 12 Itabirito 1462 S Fe 8,14 37 2 2 C B E A 5 37 312 0,27 2,22 0,61MG Cavernas <strong>das</strong> Casas Lima Duarte 1350 RP Qr 4,53 650 7 1 MS B E A 3 47 249 0,19 2,58 0,67MG Mina do pico 02 Itabirito 1372 S Fe 2,3 20 2 1 C B E A 2 20 144 0,22 2,04 0,68MG Serra da Moeda Sul-29 Itabirito 1375 S Fe 5,58 23 5 2 C B E A 14 75 492 0,07 3,27 0,76MG Serra da Moeda Sul-25 Itabirito 1381 S Fe 2,67 58 4 1 C B E A 12 57 414 0,07 3,11 0,77MG Serra da Moeda Sul-31 Itabirito 1371 S Fe 4,59 15 2 4 C B E A 7 40 205 0,1 2,89 0,78MG Gruta da Ponte <strong>de</strong> pedra Ouro Preto 1170 RP Qr 167 7 2 P E B A 29EMG Gruta dos Palhares Sacramento 900 RP Ar 0,92 50 20 1 M EEB A 21 978 0,39 1,42 0,47209


MG Mina do pico 13 Itabirito 1440 S Fe 3,05 13 2 6 C M E A 1 17 146 0,31 1,72 0,61MG Mina do pico 09 Itabirito 1445 S Fe 3,6 21 3 2 C M E A 8 37 267 0,14 2,43 0,66MG Mina do pico 11 Itabirito 1473 S Fe 2,48 30 2,5 1 C M E A 8 46 427 0,11 2,74 0,71MG Mina do pico 08 Itabirito 1445 S Fe 6,68 128 20 6 C M E A 15 78 735 0,09 3,14 0,72MG Mina do pico 07 Itabirito 1442 S Fe 7,43 39 5 3 C M E A 1 26 126 0,11 2,61 0,8MG Gruta do João Matias Ataleia 247 Rt Gr 3,4 180 6 1 P B B B 19 601 0,79 0,62 0,21MG Toca do Zé Branco Novo Oriente <strong>de</strong> Minas 298 RP Gr 0,51 50 30 1 MS B B B 30 282 0,51 1,42 0,42MG Toca do Ribeirão do Anastácio Novo Oriente <strong>de</strong> Minas 298 RP Gr 3,91 10 5 2 MS B B B 22 132 0,45 1,48 0,48MG Gruta da cachoeira do Reinaldo 2 Felisburgo 638 RP Gr 0,98 8 3 1 P B B B 5 68 0,57 0,91 0,51MG Gruta da lavras do Cristal Teofilo Otoni 334 S Gr 3,44 10 8 2 P B B B 23 320 0,33 1,6 0,51MG Mina do pico 17 Itabirito 1354 S Fe 1,9 10 1,5 1 C B B B 12 162 0,33 1,58 0,61MG Gruta da Manga da Pedra Nacip Raydan 500 S Gr 0,69 20 10 1 P B B B 10 54 0,37 1,43 0,62MG Toca da Serra do Jardim Novo Oriente <strong>de</strong> Minas 305 RP Gr 2,89 90 5 1 MS B B B 23 442 0,19 2,04 0,65MG Gruta da cachoeira do Reinaldo 1 Felisburgo 638 RP Gr 5,13 15 5 2 P B B B 23 95 0,2 2,2 0,7MG Gruta do MartinianoI Lima Duarte 1300 S Qr 2,3 40 4 1 MS B B B 22 104 0,19 2,2 0,71MG Gruta dos Viajantes Lima Duarte 1500 S Qr 9,5 440 50 2 MS B B B 33 333 0,13 2,5 0,72MG Mina do pico 16 Itabirito 1348 S Fe 2,08 16 2 1 C B B B 15 103 0,19 2,04 0,74G Baixada dos Crioulos I Itambé do Mato Dentro 680 RP Qr 6,44 50 30 2 P B B B 26 92 0,13 2,61 0,8MG Gruta do Martiniano II Lima Duarte 1300 S Qr 2,53 50 4 1 MS B B B 18 96 0,12 2,4 0,83MG Gruta da Cab Corr. da americ Novo Oriente <strong>de</strong> Minas 430 RP Gr 2,17 70 8 1 MS B B B 32 113 0,07 2,97 0,86MG Gruta dos Moreiras Lima Duarte 1550 RP Qr 9,33 600 80 6 MS A E EE 2 75 3735 0,13 2,57 0,6MG Gruta do Pião Lima Duarte 1610 RP Qr 3,45 126 4 1 MS A E EE 1 34 270 0,14 2,56 0,73MG Fugitivos Lima Duarte 1550 RT Qr 7,45 166 80 4 MS A B M 34 842 0,19 2 0,57MG Tiào Lima Poté 594 S Cl 0,41 15 10 1 P A B M 22 242 0,23 1,99 0,64MG Gruta do Monjolinhos Lima Duarte 1550 S Qr 1,44 21 5 1 MS A B M 22 39 0,08 2,81 0,91MG Gruta da Fonte Samuel São Sebastião do Paraíso 940 RP Ar 2,3 80 8 1 MS B M M 57 1891 0,35 1,66 0,41MG Lapa do Corrego dos Vieira Padre Paraiso 1000 RP Gr 8,02 90 10 4 P B M M 48 325 0,36 1,96 0,51MG Gruta da Vaca Parida Teofilo Otoni 287 S Gr -0,81 12 27 1 P B M M 39 275 0,24 2,21 0,61MG Baixada dos Crioulos II Itambé do Mato Dentro 680 RP Qr 9,43 200 30 4 P B A M 79 2087 0,13 2,78 0,64210


MG Gruta do Rio Suaçui Santa Maria do Suaçiu 300 RP Gr 2,53 100 8 1 P B M M 36 1108 0,15 2,32 0,65MG Mina do pico 01 Itabirito 1396 S Fe 1,67 8 1,5 1 C B M M 11 39 0,3 1,7 0,71MG SMS 19 Itabirito 1375 S Fe C 16 91MG Rola Moça 33 Itabirito S Fe C 12 57 57MG MP14 Itabirito 1380 S Fe C 2 8MG MP 5 Itabirito S Fe C 1 23 236 0,2 2 0,6MG Mina do Pico 15 Itabirito S Fe C 2 22 118 0,3 2 0,7PR Gruta da água boa Almirante tamandare/PR/C S Cl P A E EE 3 44RJ Gruta <strong>das</strong> Furnas Cambuci 130 RP Mr 2,81 100 6 1 P B E A 1 71 899 0,07 3,04 0,71RJ Gruta da Pedra Riscada Lumiar 904 RP Gr 1,61 40 8 1 MS B E A 1 35 147 0,1 2,81 0,79RJ Gruta da Pedra Santa Cantagalo 273 S Cl 4,32 150 2 1 MS B B B 31 1200 0,19 2,14 0,62RJ Gruta dos Pirozzi Varre e Sai 887,6 S Gr 1,76 35 6 1 P B M M 56 462 0,07 3,06 0,76RS Furna da Lagoa Itapeva Dom Pedro <strong>de</strong> Alcântara S Ar P A B B 35SC Gruta do cinema Vidal Ramos/SC/C S Cl P A B BSC Gruta do posto 1 Sombrio S Ar Po A BSC Gruta do posto 2 Sombrio S Ar Po A BSE Gruta do Urubu Laranjeiras 30 S Cl 1,32 30 8 1 P B B B 12SE Gruta da Pedra Branca Laranjeiras 20 S Cl 3,51 100 3 1 P B B B 24SP Gruta do Quarto Patamar Santo André 993 S Gr 3,91 150 3 1 MS B E A 5 56 1407 0,43 1,55 0,38SP Gruta Paraná Altinopolis 630 RP Ar 2,71 150 10 1 MS B E A 1 49 987 0,12 2,58 0,66SP Gruta Itambé Altinopolis 650 RP Ar 2,88 355 20 1 MS E M A 59 1242 0,09 2,83 0,69ESP Gruta do Edgar Altinopolis 651 RP Ar 0,69 30 15 1 MS B B B 26 161 0,44 1,55 0,48SP Gruta da Toca Itirapina 780 RP Ar 2,85 345 20 1 M B B B 27 2420 0,28 1,6 0,49SP Gruta da Serraria Ilha Bela 10 M Gn 2,94 190 10 1 MS B B B 29 476 0,13 2,38 0,71SP Gruta Olho <strong>de</strong> Cabra Altinopolis 640 S Ar 3,87 721 15 3 MS B M M 58 1598 0,19 2,25 0,55211


Anexo IIICavernas com inventários biológicos realizados por outros autores na MataAtlântica costeira do Brasil.Referência Nome Município Troglobios.Ba-53 Gruta da Represa Canápolis simBa Gruna do Zé Bastos, Carinhanha simBa Gruna do Enfurnado Coribe simBa Gruta da Torrinha Iraquara simBa -69 Gruta azul Iraquara simBa-BOD Gruta do Bo<strong>de</strong> It<strong>ae</strong>te simBa-POÇ Gruta do Poço encantado It<strong>ae</strong>te simBa-Nat Gruta natal It<strong>ae</strong>tê simBa Gruta Lapão Lençois simBa Buraco do Galindo Mascote SimBa Gruta Califórnia Pau Brasil SimBa Gruta Milagrosa Pau BrasilBa Pedra Suspensa Pau Brasil SimBa 52 Gruta do Padre Santa Maria da Vitória simBa -66 Gruta da bananeira Santa Maria da Vitória simCE-001 Gruta <strong>de</strong> Ubajara UbajaraCE-002 Gruta do Morcego Branco UbajaraCE-006 Gruta da Lagoa dos Morcegos TianguáMG Gruta da Mangabeira Belo HorizonteMG Gruta da Toca CarrancasMG Gruta brejal Itacamrambi simMG Gruta Caboclos Itacamrambi simMG Gruta Janelão Itacamrambi simMG-288 Gruta Olhos d´água Itacamrambi simMG Gruta <strong>de</strong> Santo Antônio ItumirimMG-127 Gruta <strong>das</strong> Dobras Lima DuarteMG-429 Gruta dos Viajantes Lima DuarteMG Capão Xavier 1 Nova Lima SimMG Capão Xavier 2 Nova Lima SimMG Capão Xavier 3 Nova Lima SimMG Capão Xavier 4 Nova Lima SimMG Capão Xavier 5 Nova Lima SimMG Capão Xavier 6 Nova Lima SimMG Rola Moça 1 Nova Lima SimMG Rola Moça 2 Nova Lima SimMG Rola Moça 3 Nova Lima SimMG Rola Moça 4 Nova Lima SimMG Caverna do Manso Ouro PretoMG-186 Gruta da Igrejinha Ouro PretoMG-161 Gruta do Fugitivo Santa Rita do IbitipocaMG-403 Gruta dos Três Arcos Santa Rita do IbitipocaMG Gruta do carimbado São Tomé <strong>das</strong> LetrasMG Gruta do sobradinho São Tomé <strong>das</strong> LetrasPR-0159 Abismo do quase Adrianópolis SimPR-0220 Gruta do leão Adrianópolis SimPR-0247 Gruta do pimentas Adrianópolis simPR-106 Gruta do Rocha Adrianópolis SimPR-108 Gruta Ermida Paiol do Alto Adrianópolis SimPR-127 Gruta do Calixto AdrianópolisPR-128 Buraco dos Seiscentos Adrianópolis SimPR-131 Gruta do Taborda Adrianópolis212


PR-132 Abismo do Leão AdrianópolisPR-136 Abismo da Paz III AdrianópolisPR-137 Ermida do Maciel AdrianópolisPR-138 Gruta Mina do Paqueiro Adrianópolis SimPR-São Gruta São Jão AdrianópolisPR Gruta da Água Boa Almirante Tamandaré SimPR-0031 Gruta da Erminda Almirante TamandaréPR-015 Gruta <strong>de</strong> Terra Boa Almirante Tamandaré SimPR-009 Conjunto Fa<strong>das</strong>\Jesuítas Bocaiúva do Sul SimPE-onç Furna <strong>das</strong> Onças BuiquePR-045 Gruta do Pai Darci Castro SimPR-047 Gruta <strong>de</strong> Pinheiro Seco Castro SimPR-050 Gruta Olhod d´Água Castro SimPR-118 Gruta do Bom Sucesso Cerro Azul SimPR-123 Gruta Paiol <strong>de</strong> Capim Cerro Azul SimPR-144 Gruta da Mina da Rocha Cerro AzulPR-003 Gruta do Bac<strong>ae</strong>tava ColomboPR-006 Gruta da Lancinha Rio Branco do Sul SimPR-007 Gruta <strong>de</strong> Itaperussu Rio Branco do SulPR-0100 Gruta primeiro <strong>de</strong> abril Rio Branco do SulPR-0124 Gruta do edifício Rio Branco do SulPR-014 Gruta da Toca Rio Branco do SulPR-018 Gruta do Itacolombo Rio Branco do SulPR-020 Gruta <strong>de</strong> Toquinhas Rio Branco do SulPR-023 Gruta do Pinheirinho Rio Branco do Sul SimPR-027 Gruta <strong>de</strong> Bromados I Rio Branco do Sul SimSP Caverna águas virtuosas AltinópolisSP Caverna da prata AltinópolisSP Caverna Duas bocas AltinópolisSP-178 Gruta Olho <strong>de</strong> Cabra AltinópolisSP-179 Gruta Itambé AltinópolisSP-180 Gruta Sertãozinho <strong>de</strong> Cima AltinópolisSP-181 Gruta Sertãozinho <strong>de</strong> Baixo AltinópolisSP-183 Gruta Tunel Fradinhos AltinópolisSP-184 Gruta Cinco Bocas AltinópolisSP-095 Gruta da Toca AnalândiaSP-010 Gruta da Pescaria Apiaí SimSP-013 Gruta do Chapéu Apiaí SimSP-038 Gruta do Morcego ApiaíSP-039 Gruta dos Vieira ApiaíSP-113 Gruta <strong>das</strong> Aranhas Apiaí SimSP-124 Gruta da Onça ApiaíSP-142 Gruta do Calcário Branco Apiaí SimSP-515 Gruta da canhabura I BertiogaSP-525 Gruta da canhabura II BertiogaSC 001 Gruta <strong>de</strong> Botuverá I BotuveráSC 001 Gruta <strong>de</strong> Botuverá II Botuverá SimSP-333 Gruta dos Crioulos Campos do Jordão SimSP-002 Gruta da Tapagem Eldorado Paulista SimSP-315 Gruta da Casa <strong>de</strong> Pedra Guapiara SimSP-316 Toca do Rio Preto I GuapiaraSP-317 Toca do Rio Preto II GuapiaraSP-318 Toca do Rio Preto III GuapiaraSP-319 Toca do Rio Preto IV Guapiara213


SP-320 Toca do Rio Preto V GuapiaraSP-321 Toca do Rio Preto VI Guapiara SimSP-322 Gruta dos Pianos Guapiara SimSP-170 Gruta do Fazendão IpeúnaSP-PAR Gruta dos Paredão IpeúnaSP-VIS Gruta Vista da Cachoeira Ipeúna SimSP-003 Gruta do Monjolinho Iporanga SimSP-004 Gruta da Arataca Iporanga SimSP-009 Gruta da Casa <strong>de</strong> Pedra Iporanga SimSP-011 Gruta do Alambari <strong>de</strong> Cima Iporanga SimSP-012 Gruta do Alambari <strong>de</strong> Baixo Iporanga SimSP-016 Ressurgência <strong>das</strong> Areias Iporanga SimSP-018 Ressurg. <strong>das</strong> Areias <strong>de</strong> Cima Iporanga SimSP-019 Ressurg. <strong>das</strong> Areias <strong>de</strong> Baixo Iporanga SimSP-020 Caverna do Morro do Couto Iporanga SimSP-021 Gruta do Morro do Preto I Iporanga SimSP-025 Gruta da Água Suja Iporanga SimSP-026 Gruta do Corrego Gran<strong>de</strong> I IporangaSP-030 Gruta da Lage Branca Iporanga SimSP-036 Abismo da Gurutuva Iporanga SimSP-041 Caverna <strong>de</strong> Santana Iporanga SimSP-042 Gruta dos Paiva Iporanga SimSP-043 Gruta Figueira Iporanga SimSP-044 Abismo da Passoca IporangaSP-045 Gruta do Zero IporangaSP-046 Gruta d Grilo Iporanga SimSP-047 Gruta Bethary <strong>de</strong> Baixo Iporanga SimSP-049 Gruta do Corrego Seco Iporanga SimSP-050 Gruta da Marreca IporangaSP-052 Gruta do Sítio Novo IporangaSP-053 Gruta do Jeremias Iporanga SimSP-054 Gruta do Ouro Grosso IporangaSP-058 Gruta <strong>das</strong> Pérolas IporangaSP-061 Gruta do Temimina II Iporanga SimSP-070 Abismo Tobias Iporanga SimSP-072 Gruta Espírito Santo Iporanga SimSP-089 Abismo do Caramujo IporangaSP-121 Abismo da Rolha IporangaSP-129 Gruta Colorida Iporanga SimSP-133 Abismo <strong>das</strong> Ossa<strong>das</strong> IporangaSP-134 Abismo da Hipotenusa IporangaSP-209 Gruta da Santa IporangaSP-210 Gruta da Aegla Iporanga SimSP-211 Gruta do Zé Maneco IporangaSP-233 Gruta do Tatu Iporanga SimSP-234 Abismo da Chuva Iporanga SimSP-236 Gruta do Fogo IporangaSP-237 Gruta Jane Mansfield IporangaSP-239 Gruta do Fendão Iporanga SimSP-241 Gruta do Bocão IporangaSP-246 Gruta do Fóssil Desconhecido IporangaSP-247 Gruta do Minotauro Iporanga SimSP-248 Caverna do Tufo IporangaSP-258 Gruta do Queijo Suíço Iporanga214


SP-260 Gruta do Floido Iporanga SimSP-261 Gruta da Cabeça <strong>de</strong> Paca Iporanga SimSP-263 Gruta do Jair Iporanga SimSP-264 Gruta do Moquém IporangaSP-271 Gruta Barra Bonita Iporanga SimSP-309 Gruta Sítio <strong>das</strong> Cavernas I Iporanga SimSP-310 Gruta Sítio <strong>das</strong> Cavernas II Iporanga SimSP-BER Toca Berta Funda IporangaSP-BOM Ressurgência <strong>das</strong> Bombas IporangaSP-COR Toca do Córrego Gran<strong>de</strong> IporangaSP-DAV Sumidouro do David IporangaSP-GRA Toca do Graxim IporangaSP-MAC Gruta dos Macaquinhos 1 IporangaSP-MAQ Gruta dos Macaquinhos 2 IporangaSP-155 Gruta da Capelinha JacupirangaSP-137 Abismo do Tira Prosa RibeiraSP-169 Toco do Porco RibeiraSP-274 Gruta do Tigre RibeiraSP-275 Gruta do Tocão Ribeira SimSP-215 Gruta da Quarta Divisão Ribeirão Pires SimSP-290 Gruta Quarto Patamar Santo André SimSP-PER Gruta da Peroba São PedroSP-VAL Gruta Valinhos Valinhos sim215


Anexo IV. Lista da fauna troglomórfica levantada historicamente em cavernas da Mata Atlântica costeira do Brasil (dados retirados <strong>de</strong> Pinto-da-Rocha1995, Trajano 2000, Ferreira 2004, Ferreira 2005, Trajano 2007).1 Amphipoda Spel<strong>ae</strong>ogamarus bahiensis 35 Collembola Entomobryid<strong>ae</strong> sp7 69 Diplura Anajaygid<strong>ae</strong> sp1 103 Pseudoescorpiones Progarypus sp2 Amphipoda Speleogamarus spinilacertus 36 Collembola Folsomia sp 70 Diplura Japygid<strong>ae</strong> sp1 104 Pseudoescorpiones Pseudochthonius strinatii3 Amphipoda Hyalella aff. Pernixc<strong>ae</strong>ca 37 Collembola Isotomid<strong>ae</strong> sp1 71 Diplura Japygid<strong>ae</strong> sp2 105 Siluriforme Pimelo<strong>de</strong>lla kronei4 Amphipoda Hyalella c<strong>ae</strong>ca 38 Collembola Isotomid<strong>ae</strong> sp2 72 Diplura Oncinocampa cf. trajano<strong>ae</strong> 106 Siluriforme Rhamdia enfurnada5 Amphipoda Hyalella sp. 39 Collembola Isotomid<strong>ae</strong> sp4 73 Dyctioptera Litoblatta camargoi 107 Siluriforme Trichomycterus itacarambiensis6 Amblypygi Charinus eleonor<strong>ae</strong> 40 Collembola Onychiurid<strong>ae</strong> sp1 74 Escorpiones Troglorhopalurus translucidus 108 Zygentoma Nicoletiid<strong>ae</strong> sp17 Amblypygi Charinus troglobius sp. n. 41 Collembola Paronellid<strong>ae</strong> 75 Heteroptera Enicocephalid<strong>ae</strong> sp18 Aran<strong>ae</strong> Diplurid<strong>ae</strong> sp1 42 Collembola Paronellid<strong>ae</strong> sp2 76 Homoptera Cixiid<strong>ae</strong> sp59 Arane<strong>ae</strong> Oonopid<strong>ae</strong> sp3 43 Collembola Paronellid<strong>ae</strong> sp3 77 Homoptera Ortheziid<strong>ae</strong> sp110 Arane<strong>ae</strong> Anapistula sp 44 Collembola Paronellid<strong>ae</strong> sp4 78 Isopoda Benthana iporangensis11 Arane<strong>ae</strong> Tetrablemid<strong>ae</strong> 45 Collembola Paronellid<strong>ae</strong> sp6 79 Isopoda Benthana sp12 Chilopoda Geophilid<strong>ae</strong> 46 Collembola Troglobius sp1 80 Isopoda cf. Cordioniscus sp13 Chilopoda Lithobiomorpha sp1 47 Collembola Trogolaphysa <strong>ae</strong>lleni 81 Isopoda Isopoda sp114 Coleoptera Arthmius sp 48 Collembola Trogolaphysa hauseri 82 Isopoda Philosciid<strong>ae</strong> sp115 Coleoptera Brachyglutini 49 Decapoda Aegla cavernícola 83 Isopoda Platyarthrid<strong>ae</strong> sp16 Coleoptera Coarazuphium sp.n 50 Decapoda Aegla leptochela 84 Isopoda Stlyloniscid<strong>ae</strong> sp417 Coleoptera Coarazuphium tessai 51 Decapoda Aegla microphthalma 85 Isopoda Styloniscid<strong>ae</strong>18 Coleoptera Elmid<strong>ae</strong> sp 52 Decapoda Aegla sp 86 Isopoda Styloniscid<strong>ae</strong> sp119 Coleoptera Oxydrepanus sp 53 Decapoda Aegla sp1 87 Isopoda Styloniscid<strong>ae</strong> sp220 Coleoptera Pselaphid<strong>ae</strong> sp1 54 Diplopoda Poly<strong>de</strong>smida sp2 88 Isopoda Styloniscid<strong>ae</strong> sp321 Coleoptera Pselaphyd<strong>ae</strong> sp2 55 Diplopoda Poly<strong>de</strong>smida spx 89 Isopoda Taylandoniscus sp122 Coleoptera Schizogenius cf ocellatus 56 Diplopoda Katanto<strong>de</strong>smus sp 90 Isopoda Taylandoniscus sp23 Coleoptera Strombopsis sp. 57 Diplopoda Onisco<strong>de</strong>smid<strong>ae</strong> sp1 91 Isopoda Trichorhina sp24 Coleoptera Syrbatus sp 58 Diplopoda Onisco<strong>de</strong>smid<strong>ae</strong> sp2 92 Isopoda Trichorhina spx25 Coleoptera Tenebrionid<strong>ae</strong> sp1 59 Diplopoda Onisco<strong>de</strong>smid<strong>ae</strong> sp3 93 Isopoda Trichorhina sp226 Collembola Acheronti<strong>de</strong>s aff. eleonor<strong>ae</strong> 60 Diplopoda Paradoxosomatid<strong>ae</strong> 94 Mollusca Potamolithus sp227 Collembola Acheronti<strong>de</strong>s eleonor<strong>ae</strong> 61 Diplopoda Yporangiella stygius 95 Mollusca Potamolithus troglobius28 Collembola Acheronti<strong>de</strong>s sp 62 Diplopoda Aloco<strong>de</strong>smus yporang<strong>ae</strong> 96 Opiliones Pachylospeleus strinatii29 Collembola Arrhopalites sp1 63 Diplopoda Crypto<strong>de</strong>smid<strong>ae</strong> sp2 97 Opiliones Giupponia chagasi30 Collembola Chypho<strong>de</strong>rid<strong>ae</strong> sp3 64 Diplopoda Crypto<strong>de</strong>smid<strong>ae</strong> sp1 98 Opiliones Iandumoema uai31 Collembola Collembola sp4 65 Diplopoda Peridonto<strong>de</strong>smella Alba 99 Opiliones Zalmoxid<strong>ae</strong>32 Collembola Chypho<strong>de</strong>rid<strong>ae</strong> sp2 66 Diplopoda Leo<strong>de</strong>smus yporang<strong>ae</strong> 100 Palpigradi Eukoenenia sp33 Collembola Entomobryid<strong>ae</strong> sp 67 Diplopoda Crypturo<strong>de</strong>smus 101 Pseudoescorpiones Cthoniid<strong>ae</strong> sp134 Collembola Entomobryid<strong>ae</strong> sp2 68 Diplopoda Diplopoda sp1 102 Pseudoescorpiones Spel<strong>ae</strong>obochica muchmorei216


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