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Axum do século I ao século IV: economia, sistema político e cultura415etíope e em grego. Numa delas, em que Ezana relata em detalhe sua campanhana Núbia, atinge -se o ápice do estilo epigráfico 46 . O texto revela eloquência esentimentos religiosos autênticos e liberdade no uso de conceitos complexos. Asideias básicas subjacentes são a glorificação de um monarca poderoso, invencível,cuja ira seria loucura provocar, e a exaltação do deus, cuja proteção especial epermanente o monarca desfruta. Evocam -se argumentos bastante pertinentespara justificar as campanhas axumitas na Núbia e outras represálias. O rei Ezanaé representado como sendo de uma honestidade e de uma magnanimidadeirrepreensíveis. Essa inscrição pode ser justificadamente considerada como umaobra literária, apresentando semelhanças com a poesia popular e a literaturaetíopes de época mais recente.Evolução análoga tiveram os motes na cunhagem axumita. As moedas, doséculo III até a metade do IV, ostentam o epíteto étnico particular de cadamonarca, formado pela palavra be’esi (“homem”) e um etnônimo correspondenteao nome de um dos “exércitos” axumitas. De alguma forma, esse sobrenome seassociava à estrutura tribal e militar do Estado axumita e provavelmente tinhaorigem na democracia militar da Etiópia antiga. A moeda corrente na época deEzana e de seus sucessores trazia o mote grego “Que o país esteja satisfeito!”.É evidente que esse artifício demagógico reflete uma doutrina oficial, cujosprimeiros indícios se podem discernir nas inscrições de Ezana 47 . Sem dúvida, orei desejava fazer‐-se popular ante a nação, propósito que condizia com a naturezade um poder que se ia transformando em monarquia. Mais tarde, as versõesgrega e etíope desse mote foram substituídas por fórmulas cristãs piedosas.A evolução das legendas nas moedas e das inscrições reais de Axum permitemdiscernir duas tendências opostas na ideologia da administração axumita: aideia monárquica ligada à unidade cristã e a noção demagógica originária dastradições locais.Com a ideia de império, o colossal introduz -se na arquitetura e nas artesfigurativas. São exemplos: as gigantescas estelas monolíticas de 33,5 m dealtura, erigidas sobre plataforma de 114 m de comprimento; a laje monolíticade basalto medindo 17,3 m X 6,7 m X 1,12 m; as imensas estátuas de metal (abase de apenas uma delas se preservou, mas as inscrições nos dão as dimensõesdas outras); os enormes palácios dos reis de Axum, Enda‐-Michael e Enda-‐Simon; e, particularmente, o conjunto de edifícios reais, o Taakha Maryam,cobrindo uma área de 120 m por 80 m – não há nada comparável na África46 DAE, n. 11.47 DAE, n. 7: 24; DAE, n. 11: 48.

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