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CRÔNICA DE TEMPOS AMARGOS - Adusp

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Outubro 2004ratório de genética de micro-organismos.Mas, em abril de 1969, foidemitido pelo AI-5, com cerca de70 outros professores da USP e deoutras instituições.Animado pela proposta doprofessor Mauricio Peixoto, diretordo CNPq, que se dispunha apatrocinar o retorno de uma dezenade exilados cientistas, antigosprofessores e pesquisadores da Faculdadede Medicina e do InstitutoButantã, financiando por quatroanos os laboratórios e salários dosexpulsos, Hildebrando tentou novamentevoltar ao Brasil. A USPrecusou a proposta do CNPq e ocientista reassumiu suas funçõesno Instituto Pasteur, onde ficouaté se aposentar em 1996.Segundo ele, a colônia de exiladosem Paris era extremamenteunida e bem informada. “Durantetoda a minha permanência emParis mantive-me muito ligadoao Brasil e desenvolvendo umamilitância ativa de luta contra aditadura militar. Com isso, merecimesmo um processo de cassaçãode nacionalidade brasileira queme foi movido em 1975-6 e só foiarquivado nos anos 1980”, enfatizao autor de O fio da meada (1991)e Crônicas de Nossa Época (2000),livros que abordam a repressão ea luta dos estudantes e intelectuaisno país e no exterior.Dividido entre Paris e Porto Velho,ele dirige o Instituto de Pesquisasem Medicina Tropical (Cepem),em Rondônia, que desenvolve programaspara investigar patologiascomo malária, arboviroses, hepatitese vetores de doenças infecciosastradicionais e emergentes.JOSÉ MARQUES <strong>DE</strong> MELOPERIGOSA APOSTILASOBRE A TÉCNICA DOLEADO alagoano José Marques deMelo, jornalista e professor universitário,chegou a São Paulo em1966, dois anos após o golpe militare a deposição do primeiro governode Miguel Arraes (PE), do qual fezparte, e ingressou na USP, tornando-seum dos fundadores da Escolade Comunicações Culturais — queem 1969 passaria a chamar-se Escolade Comunicações e Artes (ECA).Intimado a depor em InquéritosPoliciais-Militares (IPMs)no Recife, Melo resolvera deixaro ambiente “assaz opressivo” doNordeste e migrar para o Sudeste.Porém, teria agora de defrontar-secom as arbitrariedades cometidaspela Reitoria da USP.Desde 1967 à frente do recémcriado Departamento de Jornalismo,passou a sofrer intensa perseguiçãoa partir de 1970. “Tudo começouquando coordenei a II Semana deEstudos de Jornalismo, sobre o tema‘Censura e Liberdade de Imprensa’.Vivíamos então a ameaça de censuraprévia aos livros publicados em territórionacional, agravando o controleque o governo militar impusera aosjornais e revistas, depois da ediçãodo AI-5”, explica.A iniciativa foi comunicada ao diretorda ECA, Antonio GuimarãesFerri, “que a submeteu aos escalõessuperiores no âmbito da Reitoria”.Paralelamente, Marques envioutambém telegrama convidando oentão ministro da Justiça, AlfredoProfessor José Marques de MeloRevista <strong>Adusp</strong>Buzaid, para que explicasse as motivaçõesda legislação que restauravaa censura à edição de livros no país.“O ministro Buzaid enviou-metelegrama declinando do convite,mas desejando êxito ao seminário.Enquanto isso, o serviço de segurança,que funcionava sigilosamentena Reitoria da USP, chamou o diretorda ECA e recomendou o cancelamentoda Semana de Jornalismo.Mas, diante do telegrama recebidodo ministro da Justiça, o dr. Ferrilavou as mãos e transferiu ao Departamentode Jornalismo o ônusda sua manutenção”, completou.Segundo Marques, uma semanadepois de ocorrido o eventoele recebeu a visita de policiais,que requisitaram as fitas gravadas.“Fui advertido informalmentede que minha vida estavasendo vasculhada”.O desligamento arbitrário doprofessor Freitas Nobre iniciara umaonda de cassações e perseguições90

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