34 Sobre o uso <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aves à fragmentação florestal na avaliação da Integrida<strong>de</strong> Biótica:um estudo <strong>de</strong> caso no norte do Estado do Paraná, sul do BrasilLuiz dos Anjos, Gabriela Menezes Bochio, João Vitor Campos, Gabriel B. McCrate e Fernando Palominoalto número <strong>de</strong> espécies também apresentam uma gran<strong>de</strong>percentagem <strong>de</strong> espécies sensíveis (Anjos 2006), o queaumenta o valor do Índice. A vantagem <strong>de</strong> utilizar o IIBao invés da riqueza <strong>de</strong> espécies do fragmento para caracterizaçãoda Integrida<strong>de</strong> Biótica está na maior facilida<strong>de</strong><strong>de</strong> treinamento <strong>de</strong> pessoal na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> um menornúmero <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> aves. No presente estudo foram relacionadas30 espécies <strong>de</strong> aves, <strong>de</strong>ntre a cerca <strong>de</strong> 250 queocorrem no conjunto dos fragmentos. Um programa <strong>de</strong>monitoramento po<strong>de</strong> ser implantado, por exemplo, comum treinamento específico para i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> poucasespécies <strong>de</strong> aves, as quais não são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>para registro em campo.O esforço amostral é uma importante variável a serconsi<strong>de</strong>rada para obtenção do IIB. Em estudo anterior noPG, <strong>de</strong>monstrou-se que quatro manhãs <strong>de</strong> amostragem,utilizando o método por pontos, é eficiente para o registro<strong>de</strong> uma consi<strong>de</strong>rável proporção <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> aves (Anjos2007). Em Anjos (2007) <strong>de</strong>monstrou-se que uma das espéciesrelacionadas neste estudo, Aratinga auricapillus, foiregistrada em todos os quatro dias <strong>de</strong> amostragem, a qualpo<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> ocorrência regular e uma importanteindicadora biológica. Assim, consi<strong>de</strong>ra-se que quatromanhãs <strong>de</strong> amostragem são necessárias para a composiçãodo IIB. Sugere-se que as amostragens <strong>de</strong>vem ser realizadasna primavera/verão on<strong>de</strong> a ativida<strong>de</strong> das aves é alta. Devidoà ativida<strong>de</strong> vocal <strong>de</strong> certas espécies estar concentradano amanhecer, como por exemplo, em Tinamus solitarius eCrypturellus undulatus (Sick 1997), sugere-se que as amostragens<strong>de</strong>vam começar logo com o nascer do sol. Uma ferramentaque po<strong>de</strong>ria aumentar a <strong>de</strong>tecção das espécies <strong>de</strong>aves e assim melhorar a potencialida<strong>de</strong> das amostragens é agravação do som das espécies. Isto é, utilizar gravações dasespécies selecionadas na composição do IIB para estimulara manifestação vocal das aves e facilitar o registro <strong>de</strong>las,um procedimento aplicado por Boscolo et al. (2006).Além da avaliação entre fragmentos, o IIB po<strong>de</strong>ser usado no monitoramento ambiental, po<strong>de</strong>ndo atuarcomo um indicador <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação ou recuperação. Alteraçõessignificativas no valor do IIB, as quais refletiriamem alterações na comunida<strong>de</strong> ao longo do tempo,po<strong>de</strong>riam ser compreendidas como sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradaçãoflorestal (<strong>de</strong>gradação do habitat que leva a alterações naestrutura da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado local com perda<strong>de</strong> espécies) ou <strong>de</strong> recuperação (no caso <strong>de</strong> uma matasecundária ou <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong>gradada colonizada por espécies<strong>de</strong> aves florestais).Na elaboração do IIB para comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> peixesem córregos da América do Norte utilizou-se um total <strong>de</strong>12 parâmetros biológicos (Karr 1981). No presente estudoutilizou-se apenas um parâmetro, o da sensibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> aves à fragmentação florestal; consi<strong>de</strong>ra-se, entretanto,que esta sensibilida<strong>de</strong> é o resultado do conjunto <strong>de</strong> fatoresbióticos e abióticos limitantes, sendo uma expressão doconjunto <strong>de</strong> parâmetros apresentados por Karr (1981).Embora o IIB apresentado tenha sido <strong>de</strong>senvolvidopara a região <strong>de</strong> Londrina, sua aplicabilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> sermais ampla englobando a região norte do Paraná; acredita-seque, neste caso, a sensibilida<strong>de</strong> das espécies sejasimilar. Para que seja aplicado a<strong>de</strong>quadamente em outraspaisagens fragmentadas, entretanto, é necessário queseja <strong>de</strong>terminado previamente o nível <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> àfragmentação florestal das espécies <strong>de</strong> aves na região emquestão. Tal procedimento é crítico porque o nível <strong>de</strong>sensibilida<strong>de</strong> das espécies <strong>de</strong> aves à fragmentação florestalpo<strong>de</strong> ser diferente em diferentes regiões, como <strong>de</strong>monstradoem Anjos (2006), quando as paisagens fragmentadasdas regiões <strong>de</strong> Londrina (Paraná) e <strong>de</strong> Viçosa (MinasGerais) foram comparadas. Para avaliar a aplicabilida<strong>de</strong>do procedimento sugerido no presente estudo, foi obtidoo IIB <strong>de</strong> um fragmento florestal <strong>de</strong> 1.451 ha (22°45’S e48°09’O), localizado na Fazenda Barreiro Rico no município<strong>de</strong> Anhembi, São Paulo, que está relativamentedistante do norte do Paraná, utilizando a lista <strong>de</strong> espéciesapresentada em Antunes (2005). Por ser <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porteo valor do IIB <strong>de</strong>veria ser alto, o que não se confirmou,atingindo apenas 0,47. A explicação po<strong>de</strong> ser justamenteo fato <strong>de</strong> tratar-se <strong>de</strong> uma outra paisagem fragmentada,eventualmente com processos evolutivos distintos, on<strong>de</strong>as sensibilida<strong>de</strong>s das espécies à fragmentação florestal sãoprovavelmente diferentes daquelas a elas atribuídas nonorte do Paraná. Uma explicação alternativa seria o histórico<strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação ambiental da Fazenda Barreiro Rico, aqual é <strong>de</strong>scrita em Antunes (2005). Assim, os dados apresentadosno presente estudo sugerem a importância doIIB, porém recomendam cautela em sua utilização.AgradECIMEntOSO Instituto Ambiental do Paraná (IAP) permitiu e apoiouo presente estudo nas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, especialmenteno Parque Estadual Mata dos Godoy (permissões 36/07; 51/07).Agra<strong>de</strong>cemos também aos proprietários rurais on<strong>de</strong> se situam osoutros fragmentos florestais estudados. O primeiro autor recebe Bolsa<strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> em pesquisa do CNPq (processo 302556/2004‐4).Sugestões <strong>de</strong> dois revisores anônimos melhoraram substancialmente aversão final <strong>de</strong>ste manuscrito.ReferênCIASAnjos, L. dos. (2001a). Birds communities in five Atlantic forestfragments in Southern Brazil. <strong>Ornitologia</strong> Neotropical, 12:11‐27.Anjos, L. dos. (2001b). Comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aves florestais: implicaçõesna conservação, p. <strong>17</strong>‐37. Em: J. L. B. Albuquerque, J. F. CândidoJr.; F. C. Straube e A. L. Roos (eds.). <strong>Ornitologia</strong> e Conservação: daCiência às estratégias. Tubarão: Unisul.Anjos, L. dos. (2002). Forest bird communities in the Tibagi RiverHydrographic Basin, Southern Brazil. Ecotropica, 8:67‐79.Anjos, L. dos. (2006). Bird species sensitivity in a fragmentedlandscape of the Atlantic forest in southern Brazil. Biotropica,38:229‐234.Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Ornitologia</strong>, <strong>17</strong>(1), 2009
Sobre o uso <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aves à fragmentação florestal na avaliação da Integrida<strong>de</strong> Biótica:um estudo <strong>de</strong> caso no norte do Estado do Paraná, sul do BrasilLuiz dos Anjos, Gabriela Menezes Bochio, João Vitor Campos, Gabriel B. McCrate e Fernando Palomino35Anjos, L. dos. (2007). A eficiência do método <strong>de</strong> amostragem porpontos <strong>de</strong> escuta na avaliação da riqueza <strong>de</strong> aves. Revista <strong>Brasileira</strong><strong>de</strong> <strong>Ornitologia</strong>, 15(2):239‐243.Anjos, L. dos.; Zanette, L. e Lopes, E. D. (2004). Effects offragmentation on the bird guilds of Brazilian Atlantic Forestin the north Paraná, southern Brazil. <strong>Ornitologia</strong> Neotropical,15(Suppl):137‐144.Antongiovanni, M. e Metzger, J. P. (2005). Influence of matrix onthe ocurrence of insectivorous bird species in Amazonian forestfragments. Biological Conservation, 122:441‐451.Antunes, A. Z. (2005). Alterações na composição das comunida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> aves ao longo do tempo em um fragmento florestal no su<strong>de</strong>stedo Brasil. Ararajuba, 13:47‐61.Bierregaard, R. O. e Stouffer, P. C. (1997). Un<strong>de</strong>rstory birds anddynamic habitat mosaics in Amazonian rainforests, p. 138‐155.Em W. E. Laurance e R. O. Bierregaard Jr. (eds) Tropical forestsremnants: ecology, management, and conservation of fragmentedcomunities. University of Chicago Press, Chicago.Boscolo, D.; Metzger, J. P. e Vielliard, J. M. E. (2006). Efficientof playback for assessing the occurrence of five bird species inBrazilian Atlantic Forest fragments. Anais da Aca<strong>de</strong>mia <strong>Brasileira</strong><strong>de</strong> Ciências, 78:629‐644.Bryce, S. A. (2006). Development of a Bird Integrity In<strong>de</strong>x: MeasuringAvian response to disturbance in the Blue Mountains of Oregon,USA. Environmental Management, 38:470‐486.Bryce, S. A. e Hughes, R. M. (2002). Development of a BirdIntegrity In<strong>de</strong>x: Using Bird Assemblages as Indicators of RiparianCondition. Environmental Management, 30:294‐310.CBRO – Comitê Brasileiro <strong>de</strong> Registros Ornitológicos. (2008).Lista das aves do Brasil. Versão 05/10/2008. www.cbro.org.br(Acesso em 04/04/2009).Debinski, D. M. e Holt, R. D. (2000). A survey and overviewof habitat fragmentation experiments. Conservation Biology,14:342‐355.Fahrig, L. (2003). Effects of habitat fragmentation on biodiversity.Annaul Review of Ecology, Evolution and Systematics, 34:487‐515.Henle, K.; Davies, K. F.; Kleyer, M.; Margulis, C. e Settele,J. (2004). Predictors of species sensitivity to fragmentation.Biodiversity Conservation, 13:207‐251.Karr, J. R. (1981). Assessment of biotic integrity using fishcommunities. Fisheries, 6:21‐27.Karr, J. R. (1982). Avian extinction on Barro Colorado island,Panama: a reassessment. American Naturalist, 119:220‐239.Karr, J. R. e Dudley, D. R. (1981). Ecological perspective on waterquality. Environmental Management, 5:55‐68.Kay, J. J. (1991). A non-equilibrium thermodynamic frameworkfor discussing ecosystem integrity. Environmental Management,15:483‐495.Lee, A. C. e Peres, C. A. (2008). Conservation value of remnantriparian Forest corridors of varying quality for Amazonian birdsand mammals. Conservation Biology, 22:439‐449.Lyons, J.; Navarro-Perez, N.; Cochran, P. A.; Santana, E. eGuzmán-Arroyo, M. (1995). In<strong>de</strong>x of biotic integrity basedon fish assemblages for the conservation of streams and rivers inWest-central Mexico. Conservation Biology, 9:569‐584.Maack, R. (1981). Geografia física do Estado do Paraná. Curitiba:Secretaria da Cultura e do Esporte.Martensen, A. C.; Pimentel, R. C. e Metzger, J. P. (2008). Relativeeffects of fragment size and connectivity on bird community inthe Atlantic rain Forest: implications for conservation. BiologicalConservation, 141:2184‐2192.Parker III, T. A. (1996). Birds and Vegetation Distribution andThreat. Em: D. F. Stotz, T. A. Parker III, J. N. Fitzpatrick, D. K.Moskovits Neotropical Birds: Ecology and Conservation. ChicagoUniversity of Chicago Press.Purvis, A.; Jones, K. E. e Mace, G. M. (2000). Extintion BioEssays,22:1123‐1133.Ribon, R.; Simon, J. E. e Mattos, G. T. (2003). Bird extinctions inAtlantic forest fragments of the Viçosa region, southeastern Brazil.Conservation Biology, <strong>17</strong>:1827‐1839.Sick, H. (1997). <strong>Ornitologia</strong> <strong>Brasileira</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro Editora NovaFronteira.Stratford, J. A. e Stroffer, P. (1999). Local extintions of terrestrialinsectivorous birds in a fragmented landscape near Manaus,Brazil. Conservation Biology, 13:1416‐1423.Uezu, A.; Metzger, J. P. e Vielliard, J. M. E. (2005). Effects ofstructural and functional connectivity and pacth size on theabundance of seven Atlantic Forest bird species. BiologicalConservation, 123:507‐519.Watling, J. I. e Donelly, M. A. (2006). Fragments as islands: asynthesis of faunal responses to habitat patchiness. ConservationBiology, 20:1016‐1025.Willis, E. O. (1979). The composition of avian communities inremanescent woodlots in southern Brazil. Papéis Avulsos <strong>de</strong>Zoologia, 33:1‐25.Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Ornitologia</strong>, <strong>17</strong>(1), 2009
- Page 1 and 2: Revista Brasileirade OrnitologiaISS
- Page 3 and 4: Revista Brasileirade OrnitologiaISS
- Page 5: Revista Brasileira de OrnitologiaVo
- Page 8: 2 Where is the symbol of Brazilian
- Page 11 and 12: Where is the symbol of Brazilian Or
- Page 13 and 14: Where is the symbol of Brazilian Or
- Page 15 and 16: Where is the symbol of Brazilian Or
- Page 17 and 18: Where is the symbol of Brazilian Or
- Page 19 and 20: Where is the symbol of Brazilian Or
- Page 21 and 22: Where is the symbol of Brazilian Or
- Page 23 and 24: Where is the symbol of Brazilian Or
- Page 25 and 26: Where is the symbol of Brazilian Or
- Page 28 and 29: 22 Dinâmica de um dormitório comu
- Page 30 and 31: 24 Dinâmica de um dormitório comu
- Page 32 and 33: 26 Dinâmica de um dormitório comu
- Page 34 and 35: Revista Brasileira de Ornitologia,
- Page 36 and 37: 30 Sobre o uso de níveis de sensib
- Page 38 and 39: 32 Sobre o uso de níveis de sensib
- Page 42 and 43: 36 Sobre o uso de níveis de sensib
- Page 44 and 45: 38 The use of playbacks can influen
- Page 46 and 47: 40 The use of playbacks can influen
- Page 48 and 49: 42 Etnoecologia, etnotaxonomia e va
- Page 50 and 51: 44 Etnoecologia, etnotaxonomia e va
- Page 52 and 53: 46 Etnoecologia, etnotaxonomia e va
- Page 54 and 55: 48 Etnoecologia, etnotaxonomia e va
- Page 56 and 57: 50 Etnoecologia, etnotaxonomia e va
- Page 58 and 59: 52 Etnoecologia, etnotaxonomia e va
- Page 60 and 61: 54 Revisão da distribuição e dad
- Page 62 and 63: 56 Revisão da distribuição e dad
- Page 64 and 65: 58 Revisão da distribuição e dad
- Page 66 and 67: 60 Utilização de recursos aliment
- Page 68 and 69: 62 Utilização de recursos aliment
- Page 70 and 71: 64 Utilização de recursos aliment
- Page 72 and 73: 66 Dados biológicos de Puffinus lh
- Page 74 and 75: 68 Dados biológicos de Puffinus lh
- Page 76 and 77: Revista Brasileira de Ornitologia,
- Page 78 and 79: 72 Reprodução de Fluvicola nenget
- Page 80 and 81: 74 Novos registros ornitológicos p
- Page 82 and 83: 76 Novos registros ornitológicos p
- Page 84 and 85: 78 Predação pelo bem-te-vi Pitang
- Page 86 and 87: 80 Registro de nidificação de Den
- Page 88 and 89: Revista Brasileira de Ornitologia,
- Page 90 and 91:
Revista Brasileira de Ornitologia,
- Page 93 and 94:
IINSTRUÇÕES AOS AUTORESA Revista
- Page 95 and 96:
IIIINSTRUCCIONES A LOS AUTORESLa Re
- Page 97 and 98:
VINSTRUCTIONS TO AUTHORSThe Revista
- Page 99 and 100:
Continuação do Sumário...Novos r