11.07.2015 Views

Avaliação microscópica e bioquímica da resposta celular a enxertos ...

Avaliação microscópica e bioquímica da resposta celular a enxertos ...

Avaliação microscópica e bioquímica da resposta celular a enxertos ...

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Rev. FOBV.8, n. 1/2, p.1-10, jan./jun. 20001<strong>Avaliação</strong> <strong>microscópica</strong> e <strong>bioquímica</strong> <strong>da</strong><strong>resposta</strong> <strong>celular</strong> a <strong>enxertos</strong> de ossocortical bovino em subcutâneo de ratos.Efeito do tamanho <strong>da</strong> partículaMicroscopic and biochemical analysis of the cellular response to corticalbovine grafts implanted in rat subcutaneous. Effect of particle sizesCristina Miguel SICCARodrigo Cardoso de OLIVEIRAAlunos do Curso de Odontologia, FOB-USP.Thelma Lopes <strong>da</strong> SILVATânia Mary CESTARIBiólogas – Técnicas do Departamento de Ciências Biológicas, FOB-USP.Denise Tostes OLIVEIRAProfessora Doutora do Departamento de Estomatologia, FOB-USP.Marília Afonso Rabelo BUZALAFRumio TAGAEulázio Mikio TAGAJosé Mauro GRANJEIROProfessores Doutores do Departamento de Ciências Biológicas, FOB-USP.José Ricardo KINAProfessor Doutor do Departamento de Periodontia, UNESP-Araçatuba.Esse trabalho teve o propósito de avaliar comparativamente a reposta <strong>celular</strong> emsubcutâneo de ratos ao enxerto de osso cortical bovino desproteinizado a 100°C(Gen-Ox ® , Baumer S.A.), na forma microgranular (250-1000 mm) e macrogranular(1000-2000 mm). Após 10, 20, 30 e 60 dias <strong>da</strong> implantação dos materiais, os animaisforam sacrificados e as peças histológicas removi<strong>da</strong>s. A análise <strong>microscópica</strong> mostroupara ambos os materiais uma reação granulomatosa tipo corpo estranho de baixarenovação contendo macrófagos e células gigantes multinuclea<strong>da</strong>s em contato com omaterial. A partícula microgranular induziu uma <strong>resposta</strong> <strong>celular</strong> pouco mais exuberanteapós 10 dias <strong>da</strong> implantação, diferença que não foi mais observa<strong>da</strong> após 60 dias. Aanálise <strong>bioquímica</strong> não acusou diferenças substanciais entre os grupos testados; aativi<strong>da</strong>de específica <strong>da</strong> fosfatase áci<strong>da</strong> total foi mais acentua<strong>da</strong> no início do processoem <strong>resposta</strong> à forma microgranular, mas praticamente igualou-se ao grupomacrogranular depois de 60 dias. Podemos concluir que osso cortical bovinodesproteinizado a 100°C, quer macro ou microgranular promoveu <strong>resposta</strong> tecidualsemelhante à descrita para implantação subcutânea de osso autógeno ou alógenomineralizado, sugerindo que possa ser usado como material de preenchimentoosteosubstituto e como potencial carreador <strong>da</strong>s proteínas morfogenéticas do osso.Unitermos: Biomateriais; Enxerto ósseo; Fosfotirosina proteína fosfatase; Fosfataseáci<strong>da</strong>.


2SICCA, C. M.; OLIVEIRA, R. C. de; SILVA, T. L. <strong>da</strong>; CESTARI, T. M.; OLIVEIRA, D. T.; BUZALAF, M. A. R.; TAGA, R.; TAGA, E. M.;GRANJEIRO, J. M.; KINA, J. R.<strong>Avaliação</strong> <strong>microscópica</strong> e <strong>bioquímica</strong> <strong>da</strong> <strong>resposta</strong> <strong>celular</strong> a <strong>enxertos</strong> de osso cortical bovino em subcutâneo de ratos. Efeito do tamanho <strong>da</strong> partículaIntroduçãoNa busca de desenvolver substitutos biológicos pararestaurar, manter ou melhorar a função de diversostecidos, um novo campo interdisciplinar tem emergidocom intenso vigor: a Engenharia de Tecidos. Váriasestratégias têm sido utiliza<strong>da</strong>s nesse campo 27 , como: 1)reposição com material sintético; 2) <strong>enxertos</strong> xenogênicossubmetido à ligação cruza<strong>da</strong> para estabilização; 3) célulaspresas em câmaras de difusão, microcápsulas ou quecresceram sobre substratos reabsorvíveis; 4) substâncias,capazes de induzir células ou tecidos (fatores decrescimentos e morfogenes), destina<strong>da</strong>s e/ou implanta<strong>da</strong>sno local adequado.Um dos poucos tecidos de mamíferos capazes deregeneração é o tecido ósseo. Em grande parte isto sedeve a habili<strong>da</strong>de dos fatores de crescimento emdirecionar as células-tronco para as vias condrogênica eosteogênica, e ao papel <strong>da</strong>s forças mecânicas estimulandoa remodelação óssea.Contudo, grandes per<strong>da</strong>s ósseas ocasiona<strong>da</strong>s pordoenças ou acidentes simplesmente não reparam. Nasdéca<strong>da</strong>s recentes, temos aprendido a utilizar <strong>enxertos</strong> deoutros locais do corpo para seu tratamento. No entanto,em vários pacientes, a quanti<strong>da</strong>de e quali<strong>da</strong>de do ossoque poderia ser utilizado simplesmente sãoinsuficientes 35 . Com a finali<strong>da</strong>de de superar taislimitações, vários pesquisadores em todo mundo têmbuscado materiais alternativos para substituição doenxerto autógeno.As características deseja<strong>da</strong>s de um material ósseosubstitutosão: biocompatibili<strong>da</strong>de, previsibili<strong>da</strong>de eaplicação clínica sem riscos transoperatórios e seqüelaspós-operatórias mínimas, além de aceitação por parte dopaciente. Apesar de não se ter encontrado um materialque preencha todos esses requisitos, atualmente há umagrande varie<strong>da</strong>de de opções para <strong>enxertos</strong> ósseos,associa<strong>da</strong> a um avanço crescente no desenvolvimento eaperfeiçoamento de materiais para esse fim.Os materiais para enxerto ósseo podem serclassificados como osteogênicos, osteoindutores eosteocondutores. Os osteogênicos referem-se a materiaisorgânicos capazes de estimular a formação de ossodiretamente a partir de osteoblastos 25 . Os osteoindutoressão aqueles capazes de induzir a diferenciação de célulasmesenquimais indiferencia<strong>da</strong>s em osteoblastos oucondroblastos, aumentando a formação óssea no localou mesmo estimular a formação de osso em um sítioheterotópico 39,41 . Os materiais osteocondutores(geralmente inorgânicos) permitem a aposição de umnovo tecido ósseo na sua superfície, requerendo apresença de tecido ósseo pré-existente como fonte decélulas osteoprogenitoras 24 .Deste modo, diversos materiais têm sido empregadosna clínica odontológica em defeitos intra-ósseos, como:o enxerto alógeno mineralizado (FDBA) ou odesmineralizado liofilizado (DFDBA), e as cerâmicasbiocompatíveis como a de coral natural, fosfato de cálcioe hidroxiapatita sintética, vidros bioativos epolímeros 5,17,26,38,43,45, . Os derivados inorgânicos sintéticoscomo a hidroxiapatita e fosfato tricálcico, têm recebidogrande atenção como materiais de preenchimento,espaçadores e substitutos para os <strong>enxertos</strong> ósseos,principalmente devido a sua biocompatibili<strong>da</strong>de,bioativi<strong>da</strong>de e características de osteocondução emrelação ao tecido hospedeiro 1,2,3,7,9,12,15,28,20,37 . Contudo,Stephan 36 (1999) relatou que a hidroxiapatita sintéticapossui microestrutura e tamanho do cristal muitodiferente do osso natural, o que poderia produzir <strong>resposta</strong>biológica indeseja<strong>da</strong>. O osso cortical bovino é umahidroxiapatita natural de composição química,porosi<strong>da</strong>de, tamanho e forma semelhantes à humana, queparece ter um comportamento mais fisiológico durante aregeneração óssea.Durante o desenvolvimento de novos biomateriais apreocupação com a forma e o tamanho do materialutilizado tem sido uma preocupação constante. Ain<strong>da</strong> émuito controverso o real papel do tamanho de partículasna <strong>resposta</strong> <strong>celular</strong> e tecidual aos <strong>enxertos</strong> ósseos 10,33 .O papel de carreador dos fatores de indução ósseapotencialmente pode ser desempenhado pelo osso bovinocortical ou medular, macro ou microgranular,desproteinizado, como já foi demonstrado em estudosclínicos 43 . Além de fornecer uma estrutura de suporte eosteocondução, podem prover também um alto conteúdode cálcio e fósforo, essenciais para a neoformação dotecido ósseo 8,32 .Continuando o estudo sistemático sobre potenciaiscarreadores para fatores de crescimento ou materiais parapreenchimento ósseo 29 , objetivamos neste trabalhocomparar a <strong>resposta</strong> tecidual ao osso inorgânico corticalbovino desproteinizado a 100°C (Gen-Ox ® , BaumerS.A.), nas formas micro (250-1000 µm) e macrogranular(1000-2000 µm), implantados em tecido subcutâneo deratos. Foi avalia<strong>da</strong> a correlação entre as características<strong>microscópica</strong>s do tecido reacional com a ativi<strong>da</strong>deespecífica <strong>da</strong> fosfatase áci<strong>da</strong> de alta massa molecular (ummarcador lisossomal) e <strong>da</strong> fosfotirosina proteínafosfatase, uma classe de enzimas responsáveis pelocontrole do processo de proliferação e diferenciação<strong>celular</strong> 13,14 .


Rev. FOBV.8, n. 1/2, p.1-10, jan./jun. 20003Material e MétodoUm total de 60 ratos albinos <strong>da</strong> linhagem wistar(Rattus novergicus), machos adultos (160g), foramdivididos aleatoriamente em grupos de 5 animais ca<strong>da</strong>,os quais foram sacrificados 10, 20, 30 e 60 dias após aimplantação do material.Grupos ExperimentaisGrupo I: Controle, cápsulas de colágeno vazias;Grupo II: Partículas de osso cortical microgranular,0,1g (250-1000 µm), desproteiniza<strong>da</strong>s a 100°C (Gen-Ox ® , Baumer S.A., Registro MS nº 103.455.00001),acondiciona<strong>da</strong>s em cápsulas de colágeno;Grupo III: Partículas de osso cortical macrogranular,0,1g (1000-2000 µm), desproteiniza<strong>da</strong>s a 100°C (Gen-Ox ® , Baumer S.A., Registro MS nº 103.455.00001),acondiciona<strong>da</strong>s em cápsulas de colágeno.Preparo dos animais e procedimentos de implantaçãoCa<strong>da</strong> animal foi anestesiado dentro de uma campânulapor inalação de éter etílico, sendo mantidos neste estadopor todo o período operatório com o auxílio de umpequeno recipiente contendo algodão embebido em éter.Quando imóveis, foram colocados sobre um campoesterilizado e imobilizados para o ato operatório. Atricotomia e a assepsia com gaze embebi<strong>da</strong> em álcoolio<strong>da</strong>do foram realiza<strong>da</strong>s na região dorsal dos animais,na qual uma incisão reta (3cm, lâmina 10), no sentidocrânio-cau<strong>da</strong>l, expôs o tecido conjuntivo subcutâneo. Adivulsão do tecido conjuntivo, foi realiza<strong>da</strong> à direita e àesquer<strong>da</strong> <strong>da</strong> linha crânio-cau<strong>da</strong>l, suficientementedistantes para a acomo<strong>da</strong>ção de duas cápsulas decolágeno que continham o material. Suturas descontínuas(fio de se<strong>da</strong> 4.0) foram realiza<strong>da</strong>s para uma perfeitacoaptação <strong>da</strong>s bor<strong>da</strong>s, segui<strong>da</strong> de anti-sepsia com álcoolio<strong>da</strong>do e removi<strong>da</strong> após uma semana. Por todo o períodoexperimental os animais receberam dieta normal “adlibitum” composta de ração e água.Obtenção <strong>da</strong>s biópsias e preparo histotécnicoDecorridos os períodos experimentais, particulares aca<strong>da</strong> grupo de animal, estes foram novamenteanestesiados e submetidos à cirurgia, sendo osprocedimentos realizados de forma idêntica à fasecirúrgica inicial para a implantação dos materiais. Aspeças histológicas foram removi<strong>da</strong>s e os animaissacrificados pela inalação constante de éter etílico até apara<strong>da</strong> respiratória. Imediatamente após a remoção <strong>da</strong>speças, estas foram imersas em formalina tampona<strong>da</strong> a10% por um período de 24 horas para a fixação dostecidos e, em segui<strong>da</strong>, lava<strong>da</strong>s em água corrente por 5horas. Ca<strong>da</strong> peça cirúrgica foi corta<strong>da</strong> no sentido do longoeixo e submeti<strong>da</strong> a processamento para inclusão emParaplast. Cortes de 6 µm de espessura foram obtidos ecorados pela técnica <strong>da</strong> hematoxilina-eosina.Microscopia (análise qualitativa)A morfologia e a regulari<strong>da</strong>de superficial <strong>da</strong>spartículas dos materiais empregados no estudo, assimcomo a <strong>resposta</strong> biológica do tecido subcutâneo a essesmateriais foi analisa<strong>da</strong> ao microscópio óptico (Zeiss).Determinação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de enzimáticaA outra peça cirúrgica removi<strong>da</strong> foi homogeneiza<strong>da</strong>em tampão acetato 100 mM, pH 5, contendo EDTA e b-mercaptoetanol 1 mM, segui<strong>da</strong> de centrifugação a 20.000rpm durante 30 minutos. O sobrena<strong>da</strong>nte constituiu oextrato utilizado para a quantificação de proteína, <strong>da</strong>fosfatase áci<strong>da</strong> total e <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de fosfotirosina proteínafosfatase, através <strong>da</strong> inibição diferencial por tartarato,fluoreto, e p-hidroxidomercuribenzoato (pHMB), comodescrito anteriormente 4,13,14 .Uma uni<strong>da</strong>de de ativi<strong>da</strong>de enzimática (UE) é defini<strong>da</strong>como a quanti<strong>da</strong>de de enzima necessária para produzir 1µmol de p-Nitrofenol por minuto.A ativi<strong>da</strong>de enzimática específica (AE) é expressacomo uni<strong>da</strong>de de ativi<strong>da</strong>de enzimática por miligrama deproteína (AE=UE/mg).Determinação do p-nitrofenol (Fosfatase Áci<strong>da</strong> Total,FAT)Para um volume final de 1,0 ml, a reação foi inicia<strong>da</strong>pela adição de 0,05 ml do extrato a um meio contendo100 mM de tampão acetato de sódio, pH 5,0 e 5 mM dosubstrato pNPP (p-nitrofenil fosfato). A paralisaçãoocorreu pela adição de 1,0 ml de NaOH 1,0 M, apósincubação por 10 minutos a 37°C. No controle, a enzimafoi adiciona<strong>da</strong> após a colocação do NaOH. A medi<strong>da</strong> <strong>da</strong>absorção foi feita a 405nm, e=18000 M -1 cm -1 ,(espectrofotômetro Ultrospec II, Pharmacia).Determinação <strong>da</strong> Fosfatase Áci<strong>da</strong> Lisossomal (FAL)A ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Fosfatase Áci<strong>da</strong> Lisossomal (FAL) foidetermina<strong>da</strong> como descrito acima, exceto pela adição depHMB 1 mM, um potente inibidor <strong>da</strong> fosfatase áci<strong>da</strong> debaixa massa molecular relativa (FABMr). A diferençaentre a ativi<strong>da</strong>de específica <strong>da</strong> FAT e a FAL resulta naativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> FABMr.Determinação <strong>da</strong> tirosina (Tyr-P)A ativi<strong>da</strong>de sobre a tirosina fosfato (Tyr-P) foirealiza<strong>da</strong> nas mesmas condições descritas acima, pelo


4SICCA, C. M.; OLIVEIRA, R. C. de; SILVA, T. L. <strong>da</strong>; CESTARI, T. M.; OLIVEIRA, D. T.; BUZALAF, M. A. R.; TAGA, R.; TAGA, E. M.;GRANJEIRO, J. M.; KINA, J. R.<strong>Avaliação</strong> <strong>microscópica</strong> e <strong>bioquímica</strong> <strong>da</strong> <strong>resposta</strong> <strong>celular</strong> a <strong>enxertos</strong> de osso cortical bovino em subcutâneo de ratos. Efeito do tamanho <strong>da</strong> partículamétodo direto, exceto pela utilização <strong>da</strong> tirosina fosfato(5 mM) como substrato e pela presença de 10 mM deNaF e Tartarato (inibidores <strong>da</strong> fosfatase áci<strong>da</strong> lisossomal).A quantificação do produto formado (tirosina) 14 foi <strong>da</strong><strong>da</strong>pela leitura <strong>da</strong> absorbância em 293nm, e=2411 M -1 cm -1 .Determinação de proteínaA proteína foi quantifica<strong>da</strong> pelo método de Lowrycomo descrito anteriormente 16 , utilizando o reagente deFolin-Ciocalteau. A leitura <strong>da</strong> Absorbância foi realiza<strong>da</strong>a 660 nm após 30 minutos de espera a temperaturaambiente. A albumina de soro bovino foi utiliza<strong>da</strong> comopadrão.ResultadosEm mamíferos, a fosfatase áci<strong>da</strong> solúvel pode serdividi<strong>da</strong> em 3 grandes classes: fosfatase áci<strong>da</strong> de altamassa molecular relativa (Mr), de Mr intermediária e debaixa Mr. A fosfatase de alta Mr é também conheci<strong>da</strong>como um clássico marcador lisossomal e encontra-sesempre eleva<strong>da</strong> nos quadros inflamatórios ou infecciosos,durante o remodelamento <strong>celular</strong> ou tecidual e emalgumas patologias. A de baixa Mr é reconheci<strong>da</strong> hojecomo uma proteína tirosina fosfatase relaciona<strong>da</strong> com ocontrole do processo de proliferação, diferenciação etransformação <strong>celular</strong> 13,30 . A isoforma de Mrintermediária, nos ossos, está relaciona<strong>da</strong> à reabsorçãoóssea. Em outros tecidos sua função ain<strong>da</strong> é obscura,embora tenha seus níveis aumentados em algumaspatologias como a leucemia retículo endotelial 22 .A FAT é a ativi<strong>da</strong>de obti<strong>da</strong> em pH 5,0 utilizando opNPP como substrato. Quando esta reação é realiza<strong>da</strong>na presença de pHMB, to<strong>da</strong> a ativi<strong>da</strong>de fosfotirosinafosfatase e FABMr é inibi<strong>da</strong>, restando apenas a ativi<strong>da</strong>de<strong>da</strong> FAL. A isoforma de Mr intermediária tem baixaativi<strong>da</strong>de no tecido subcutâneo e é parcialmente inibi<strong>da</strong>por pHMB, sendo possível desprezar sua ativi<strong>da</strong>deresidual. A ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> FABMr é obti<strong>da</strong>, então, a partir<strong>da</strong> função entre FAT e FAL (FABMr=FAT-FAL).Resultado <strong>da</strong>s análises enzimáticasOs resultados <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de específica de ca<strong>da</strong> enzimaforam comparados entre os grupos e entre os períodosexperimentais, sendo mostrados na Tabela 1.No grupo controle, observou-se que a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>fosfatase áci<strong>da</strong> total (FAT) foi de 15,8 nmol/min mg,mantendo-se em torno deste valor até o final doexperimento, similarmente à ativi<strong>da</strong>de específicadetermina<strong>da</strong> para a fosfatase áci<strong>da</strong> de baixa massamolecular relativa (FABMr) nos períodos de 20 e 60 dias.A ativi<strong>da</strong>de específica <strong>da</strong> fosfatase áci<strong>da</strong> lisossomal(FAL) foi de 9,0 nmol/min mg no período de 10 e 30dias, zerando nos outros períodos. Em contraposição, aativi<strong>da</strong>de tirosina fosfatase (Tyr-P) foi máxima nosperíodos de 20 e 60 dias, 7,0 nmol/min mg, masdesprezível nos períodos de 10 e 30 dias.Comparando-se a ativi<strong>da</strong>de específica <strong>da</strong> FAT dogrupo controle com os grupos que receberam osso corticalbovino macro ou microgranular desproteinizado a 100°C,notou-se um aumento de cerca de 3 vezes no período de10 dias. Destaca-se que a ativi<strong>da</strong>de enzimática no grupomicrogranular foi maior que no grupo macrogranular.Outra diferença reside na clara diminuição <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>deespecífica <strong>da</strong> FAT e <strong>da</strong> FABMr em função do tempo,mais acentua<strong>da</strong> no grupo macrogranular.Com 20 dias, a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> FABMr no grupomacrogranular foi cerca de 80% menor que no períodode 10 dias, mantendo-se constante até o final doexperimento. Porém no grupo microgranular, a ativi<strong>da</strong>de<strong>da</strong> FAT e FABMr diminuíram mais lentamente,apresentando ativi<strong>da</strong>de específica de 25,4 e 10,0 nmol/min mg, respectivamente, 60 dias após a cirurgia.A ativi<strong>da</strong>de específica para a FAL também apresentouresultados diferentes para os 3 grupos estu<strong>da</strong>dos. Aativi<strong>da</strong>de específica no período de 10 dias do grupomacrogranular foi de 14,9 nmol/min mg, diminuindopaulatinamente até o valor de 8,7 nmol/min mg após 60dias. Para o grupo microgranular, houve um pequenoaumento na ativi<strong>da</strong>de específica no período de 20 dias(24,5 nmol/min mg) mantendo-se, após 60 dias, no valorde 15,4 nmol/min mg.É importante ressaltar o perfil <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de tirosinafosfatase nos diferentes grupos. Enquanto no controlehouve um aumento na ativi<strong>da</strong>de específica tirosinafosfato, nos grupos macro e microgranular ocorreu oinverso, houve diminuição. A ativi<strong>da</strong>de tirosinafosfatásica foi máxima no período de 10 dias: 15,7 e 12,6nmol/min mg nos grupos macro e microgranularrespectivamente, zero no período de 30 dias no grupomacrogranular e 0,5 nmol/min mg no microgranular.As proteínas tirosina fosfatases (PTP) constituem umasuperfamília dividi<strong>da</strong> em 4 subclasses: PTP Específica,Tipo VH1, PTP de BMr (= FABMr) e a cdc25. Destas,apenas a última está associa<strong>da</strong> à entra<strong>da</strong> na fase mitótica(M) do ciclo <strong>celular</strong>. As outras três atuam contrapondoseà ativi<strong>da</strong>de tirosina quinase, ou seja, inibindo aproliferação e diferenciação <strong>celular</strong>. A PTP de BMr erainicialmente conheci<strong>da</strong> como uma fosfatase áci<strong>da</strong> deBMr, e a diminuição de sua AE também pode indicaruma maior proliferação <strong>celular</strong> a partir de 30 dias, poisestá especificamente relaciona<strong>da</strong> ao controle negativo <strong>da</strong>


Rev. FOBV.8, n. 1/2, p.1-10, jan./jun. 20005TABELA 1- Determinação <strong>da</strong> Ativi<strong>da</strong>de Específica <strong>da</strong> Fosfatase Áci<strong>da</strong> e Tirosina Fosfatase nos Extratos de Tecido Subcutâneode RatoAtivi<strong>da</strong>dePeríodos Experimentais (dias)Enzimática 10 20 30 60Ctrl 1 II III Ctrl II III Ctrl II III Ctrl II IIIFAT 15,8 * 45,9 52,4 18,4 19,0 40,1 19,2 17,1 17,6 17,3 14,3 25,4(0,4) (1,1) (0,2) (0,3) (0,3) (0,5) (0,1) (1,7) (0,6) (2,3) (0,1) (0,4)FABMr 6,8 30,9 35,6 18,4 6,4 16,3 10,3 6,9 8,2 17,2 5,3 10,0(0,3) (1,5) (1,8) (0,9) (0,3) (0,8) (0,5) (0,3) (0,4) (0,9) (0,3) (0,5)FAL 9,0 14,9 16,9 0,0 12,6 24,5 8,9 10,2 9,4 0,0 8,7 15,4(0,4) (0,6) (0,9) (0,0) (0,5) (0,1) (0,3) (0,6) (0,2) (0,0) (0,1) (0,4)Tyr-P 0,4 15,7 12,2 7,0 16,1 10,5 0,4 0,0 0,5 7,0 9,7 2,6(0,03) (1,9) (1,3) (0,2) (0,4) (2,0) (0,7) (0,0) (0,3) (1,1) (1,4) (0,6)1Ctrl = Grupo Controle II = Grupo II(Microgranular) III = Grupo III (Macrogranular)*Ativi<strong>da</strong>de Específica (nmol/min mg) e, entre parêntesis, erro padrão <strong>da</strong>s determinações realiza<strong>da</strong>s em triplicata para n=5.proliferação <strong>celular</strong> 30 .Resultado <strong>da</strong>s análises <strong>microscópica</strong>sOs resultados referentes à análise <strong>microscópica</strong> dosdiferentes materiais (Grupos I, II e Grupo III) nosdiferentes períodos são descritos a seguir.Período de 10 diasObservamos no Grupo I (Figura 1A) áreas focais comgrande <strong>celular</strong>i<strong>da</strong>de, caracteriza<strong>da</strong>s por células volumosascontendo material no citoplasma, sugestivas demacrófagos contendo parte <strong>da</strong> cápsula de colágenoimplanta<strong>da</strong>.Neste período notou-se a presença de um intensoinfiltrado inflamatório crônico rico em macrófagos ecélulas gigantes multinuclea<strong>da</strong>s inflamatórias (CGMIs)circunscrevendo as partículas de osso cortical bovinotanto do Grupo II (Figura 2A) como do Grupo III (Figura3A), bem como interagindo com fragmentos <strong>da</strong> cápsulade colágeno presentes. Este processo inflamatórioencontrava-se organizado como um granulomacircunscrito perifericamente por um discretofibrosamento tecidual. Na região central do granulomaformado, os fenômenos inflamatórios agudos como apresença do exsu<strong>da</strong>to e do infiltrado inflamatório ricoem polimorfonucleares eram observados ao redor <strong>da</strong>spartículas. As proliferações fibroblástica e angioblásticaforam intensas, refletindo as necessi<strong>da</strong>des metabólicasdo granuloma. Os aspectos microscópicos foramsemelhantes entre os Grupo II e Grupo III, exceto pelapresença de uma maior <strong>celular</strong>i<strong>da</strong>de no granulomainduzido pelos implantes do Grupo II.Período de 20 dias:O grupo I já apresentava um infiltrado inflamatóriomenos intenso que no período anterior, com umamodera<strong>da</strong> proliferação de vasos sangüíneos efibroblastos. Em algumas regiões notavam-se pequenosfocos com macrófagos contendo material sugestivo defagocitose <strong>da</strong> cápsula de colágeno.Com 20 dias as características <strong>microscópica</strong>s eramsemelhantes entre os Grupos II e III. Caracterizavam-sepor uma maior intensi<strong>da</strong>de do infiltrado inflamatórioassociado a um maior fibrosamento do granuloma,quando comparados com o período anterior. Fragmentos<strong>da</strong> cápsula de colágeno em franco processo de absorçãopelos macrófagos e CGMIs também foram observados.As proliferações fibroblástica e angioblástica erammodera<strong>da</strong>s e inúmeros capilares sanguíneos neoformadospodiam ser observados entre as partículas implanta<strong>da</strong>s.


6SICCA, C. M.; OLIVEIRA, R. C. de; SILVA, T. L. <strong>da</strong>; CESTARI, T. M.; OLIVEIRA, D. T.; BUZALAF, M. A. R.; TAGA, R.; TAGA, E. M.;GRANJEIRO, J. M.; KINA, J. R.<strong>Avaliação</strong> <strong>microscópica</strong> e <strong>bioquímica</strong> <strong>da</strong> <strong>resposta</strong> <strong>celular</strong> a <strong>enxertos</strong> de osso cortical bovino em subcutâneo de ratos. Efeito do tamanho <strong>da</strong> partículaABFIGURA 1- Aspecto microscópico dos implantes de cápsulas de colágeno vazias no grupo controle (A, 10 dias; B, 60 dias).Notamos a diminuição do infiltrado inflamatório após o período de 60 dias. Aumento Original: 10x. Coloração H.E.ABFIGURA 2- Aspecto microscópico dos implantes <strong>da</strong>s partículas do Grupo II-100 (A, 10 dias; B, 60 dias). Encontramos partículasdo osso cortical microgranular (MI) em A e B. Aumento Original: 10x. Coloração H.E.ABFIGURA 3- Aspecto microscópico dos implantes <strong>da</strong>s partículas do Grupo III-100 (A, 10 dias; B, 60 dias). Encontramos partículasdo osso cortical macrogranular (MA) em A e B. Aumento Original: 10x. Coloração H.E.Período de 30 dias:No Grupo I notou-se um maior fibrosamento além<strong>da</strong> presença de inúmeros capilares sangüíneos em relaçãoaos períodos anteriores. O infiltrado inflamatório crônicoera discreto porém existiam alguns focos contendomacrófagos como visto nos períodos anteriores.Poucas diferenças <strong>microscópica</strong>s foram observa<strong>da</strong>sno granuloma do Grupo II em relação ao grupoexperimental de 20 dias. No Grupo III o grau defibrosamento era maior em relação ao período anterior ealgumas partículas de osso cortical bovino já se


Rev. FOBV.8, n. 1/2, p.1-10, jan./jun. 20007encontravam circunscrita por fibras colágenas bemorganiza<strong>da</strong>s. Os fragmentos <strong>da</strong> cápsula de colágeno erampouco perceptíveis neste período.Período de 60 diasNo Grupo I (Figura 1B) havia focos de célulasinflamatórias crônicas na região subcutânea dos animais.Porém, o tecido de granulação era discreto, mas rico emvasos sangüíneos e fibroblastos.Aos 60 dias, as partículas de osso cortical bovino(Grupos II e III), implanta<strong>da</strong>s na região subcutânea,apresentavam-se circunscritas ora por fibras colágenasbem organiza<strong>da</strong>s, ora por células gigantes multinuclea<strong>da</strong>sinflamatórias e alguns macrófagos. Neste período, osaspectos microscópicos eram muito similares entre osdois grupos. Pequenas partículas <strong>da</strong> cápsula de colágenoain<strong>da</strong> estavam presentes neste período.DiscussãoA identificação <strong>bioquímica</strong> <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de enzimáticados diferentes tipos de fosfatase áci<strong>da</strong> não é comum naliteratura, contudo, é possível verificar alterações naativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s fosfatases áci<strong>da</strong>s em diversas situações. Oexato papel de ca<strong>da</strong> uma delas permanece ain<strong>da</strong> sobinvestigação, porém é possível correlacionar a maiorativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> FAL com o grau de mobilização <strong>da</strong>s célulasde defesa (polimorfonucleares e macrófagos), uma vezque estas células são ricas em lisossomos.Recentemente, Oliveira et al. 29 demonstraram que atemperatura de desproteinização do osso cortical bovinomineralizado (100 ou 1000ºC) não afetou a <strong>resposta</strong><strong>celular</strong> quando implanta<strong>da</strong> em subcutâneo de ratos, queratravés de análises <strong>bioquímica</strong>s ou <strong>microscópica</strong>s.A implantação subcutânea ou intramuscular de matrizóssea desvitaliza<strong>da</strong> e desmineraliza<strong>da</strong> podem induzir aosteogênese ectópica 31,40 . Por outro lado, a implantaçãode matriz óssea desvitaliza<strong>da</strong> e mineraliza<strong>da</strong> no tecidosubcutâneo ou intramuscular inibe esta capaci<strong>da</strong>deindutiva 40 . Reddi e Huggins 31 identificaram célulasgigantes multinuclea<strong>da</strong>s, ricas em ácidos orgânicospresumivelmente para dissolução mineral, no sítio deimplantação de matriz mineraliza<strong>da</strong>. Eles propuseram quea presença de matriz mineraliza<strong>da</strong> sozinha ou emcombinação com matriz desmineraliza<strong>da</strong>, inibia aosteogênese. A natureza <strong>da</strong>s CGMIs recruta<strong>da</strong>s nos<strong>enxertos</strong> subcutâneos de partículas mineraliza<strong>da</strong>s é ain<strong>da</strong>motivo de controvérsia na literatura.Kelly e Schneider 21 implantaram matrizdesmineraliza<strong>da</strong>, mineraliza<strong>da</strong> e a combinação de ambas,na região subcutânea dorsal de ratos adultos jovens. Elesverificaram nos implantes mineralizados a presença deCGMIs que não possuíam ativi<strong>da</strong>de fosfatase tartaratoresistente (TRAP) nem morfologia similar a osteoclastos.No implante de matriz desmineraliza<strong>da</strong>, a maioria <strong>da</strong>sCGMIs demonstrou uma expressão significativa <strong>da</strong>TRAP e morfologia similar a osteoclastos, enquanto quea implantação combina<strong>da</strong> dos materiais proporcionou apresença desses dois tipos de CGMIs.Acredita-se 11,21 hoje que existam dois tipos de célulasmultinuclea<strong>da</strong>s ao redor do implante de partículasminerais de osso desvitalizado, um tipo com aspectomicroscópico e estrutural típico de CGMIs com evidênciade degra<strong>da</strong>ção óssea, e um outro tipo, em menorquanti<strong>da</strong>de, e com aparência <strong>microscópica</strong> deosteoclastos mas sem a bor<strong>da</strong> em escova característica.Para estes autores a reabsorção pode ocorrer tanto porCGMIs como por osteoclastos. No presente estudo,utilizando microscopia óptica, não notamos bor<strong>da</strong> emescova nas CGMIs em volta dos materiais implantados,em qualquer período experimental. A ausência de lacunasde Howship e a aparente regulari<strong>da</strong>de de contorno <strong>da</strong>spartículas sugerem que as CGMIs observa<strong>da</strong>s não sãodo tipo osteoclasto 42 .O implante do osso cortical bovino micro emacrogranular desproteinizado (Gen-Ox) induziu naregião subcutânea (Figuras 2B e 3B) um granuloma dotipo corpo estranho similar ao desencadeado porpartículas inertes que atraem macrófagos mas sãoincapazes de ativar o sistema imune 6 . Neste trabalhoprovavelmente isto ocorreu porque a eliminação <strong>da</strong> parteorgânica protéica do osso bovino permitiu que o materialapresentasse um comportamento biológico semelhanteao de uma partícula inerte, sem interação com as célulasde defesa macrofágicas atraí<strong>da</strong>s para o local. A ausênciade uma maior ativação dos macrófagos pelas partículasdos materiais testados pode ser confirma<strong>da</strong>, ao longo dotempo, pelo aumento do fibrosamento do granulomaformado e também por uma diminuição <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>FAT entre o período experimental de 10 dias e o de 60dias.O tamanho de partículas dos diferentes tipos dematerial para enxerto é fator importante para o sucessodo reparo ósseo. Zaner e Yukna 44 e Shapoff et al. 34advogaram o uso de partículas menores que 0,5 mm parao tratamento de defeitos periodontais. Higashi eOkamoto 18,19 determinaram que a formação de barreiradentinária se tornava inviável com o uso de partículasmenores que 40µm, mas resultava em barreiramineraliza<strong>da</strong> em 11 de 17 espécimes quando a partículatinha ao redor de 300µm. Contudo, ain<strong>da</strong> não há umadefinição clara de qual tamanho de partícula é adequado


8SICCA, C. M.; OLIVEIRA, R. C. de; SILVA, T. L. <strong>da</strong>; CESTARI, T. M.; OLIVEIRA, D. T.; BUZALAF, M. A. R.; TAGA, R.; TAGA, E. M.;GRANJEIRO, J. M.; KINA, J. R.<strong>Avaliação</strong> <strong>microscópica</strong> e <strong>bioquímica</strong> <strong>da</strong> <strong>resposta</strong> <strong>celular</strong> a <strong>enxertos</strong> de osso cortical bovino em subcutâneo de ratos. Efeito do tamanho <strong>da</strong> partículapara ca<strong>da</strong> tecido ou condição clínica, uma vez que ascaracterísticas físico-químicas de ca<strong>da</strong> material e/ou dodefeito ósseo também afetam a <strong>resposta</strong> tecidual aoenxerto. Partículas grandes, mas friáveis, resultam emfragmentos pequenos que intensificam a <strong>resposta</strong>inflamatória 19 . Fucini et al. 10 não encontraram diferençaestatisticamente significante no tratamento de defeitosósseos periodontais de pacientes utilizando DFDBA dediferentes tamanhos (250-500 e 850-1000µm).Certamente, estudos padronizados serão ain<strong>da</strong>necessários para se estabelecer a correta relação entre otamanho e características do material com o tipo e localdo defeito ósseo.A matriz inorgânica deriva<strong>da</strong> de osso cortical bovinoé uma hidroxiapatita xenogênica, microporosa e natural,cujo similar nos Estados Unidos está aprovado pela “Foo<strong>da</strong>nd Drug Administration” para uso como material depreenchimento 43 . Neste trabalho, as partículas de ossocortical bovino, micro ou macrogranulares, produzi<strong>da</strong>sno Brasil, proporcionaram uma <strong>resposta</strong> tecidual nosubcutâneo de ratos similar àquela descrita para o enxertoalógeno mineralizado nas mesmas condições 21 ,confirmando que o osso bovino pode ser utilizadoadequa<strong>da</strong>mente como material de preenchimento.Resultados positivos relacionados com a utilizaçãode osso inorgânico bovino foram relatados anteriormente.Stephan 36 sugere o grande potencial deste tipo de materialquanto a seu emprego como carreador de proteínas efatores de crescimento, devido à capaci<strong>da</strong>de deosteoblastos em culturas crescerem aderidos à suasuperfície. Yukna 43 e colaboradores relataram que o ossoinorgânico bovino em combinação com um peptídeorecombinante de 15 aminoácidos derivado do colágenoTipo I proporcionou resultados clínicos melhores que oDFDBA ou o retalho total, para o tratamento de defeitosósseos periodontais em humanos.Recentemente, Mankani et al 23 relataram que aextensão e quali<strong>da</strong>de do osso formado por células doestroma de medula óssea humana é fortementedependente <strong>da</strong> matriz carreadora dessas células. Nesteestudo demonstraram que partículas de hidroxiapatita/fosfato de cálcio com 0,1-0,25 mm de tamanhoresultavam na maior formação de osso.Nossos resultados mostram, tanto bioquimicamentequanto microscopicamente, que a <strong>resposta</strong> <strong>celular</strong> ao ossocortical bovino inorgânico desproteinizado a 100º C(Gen-Oxâ) é independe do tamanho <strong>da</strong> partícula emorfologicamente similar ao observado em <strong>enxertos</strong>alógenos em subcutâneo de ratos.ConclusãoA implantação de matriz óssea mineraliza<strong>da</strong> edesproteiniza<strong>da</strong> no tecido subcutâneo de ratos induz aformação de um granuloma tipo corpo estranho comrecrutamento de macrófagos e CGMIs. Os resultadosobtidos neste trabalho mostraram que o osso mineralizadobovino desproteinizado a 100°C quer micro (250-1000µm) ou macrogranular (1000-2000 µm), promove uma<strong>resposta</strong> tecidual semelhante à implantação subcutâneade osso autógeno ou alógeno mineralizado. Isto nossugeriu que os materiais testados podem ser usados comomaterial de preenchimento osteosubstitutos e comopotenciais candi<strong>da</strong>tos a carreadores <strong>da</strong>s proteínasmorfogenéticas do osso.AgradecimentosOs autores agradecem os servidores <strong>da</strong> FOB-USP,Ovídio dos Santos Sobrinho, Gilmar Vicente <strong>da</strong> Silva,Luiz Carlos <strong>da</strong> Silva, Erasmo Gonçalves <strong>da</strong> Silva, DanieleSanti Ceolin, pelo auxílio técnico prestado durante aexecução deste trabalho. Este trabalho foi financiado pelaFAPESP, PIBIC/CNPq, FOB-USP, PRP-USP.AbstractThe aim of this study was to investigate the cellularresponse upon implantation of micro (250-1000 µm) ormacrogranular (1000-2000 µm) particles of mineralizedbone graft produced from bovine cortical bonesdevitalized at 100ºC (Gen-Ox ® , Baumer S.A.). Particulatebone grafts were implanted at dorsal rat subcutaneouspocket and, after 10, 20, 30 and 60 <strong>da</strong>ys postimplantation,the reaction tissues were removed andprocessed for morphological and biochemical analysis.Morphologically, mono and multi-nucleated giant cellswere found in close apposition to the particles, resemblinga foreign body reaction, similarly to subcutaneousresponse to implants of autogenous bone or allografts.Despite the initial more intensive reaction induced bymicrogranular particles, after 60 <strong>da</strong>ys no significantdifferences were observed even by microscopic orbiochemical analysis. We conclude that bovine corticalbones devitalized at 100ºC could be used as bonereplacement graft materials and/or potential carriers forbone morphogenic proteins.Uniterms: Biomaterials; Bone graft; Phosphotyrosineprotein phosphatase; Acid phosphatase.


Rev. FOBV.8, n. 1/2, p.1-10, jan./jun. 20009Referências bibliográficas1- ARAGONÊS, A. et al. Uso de Hidroxiapatita microgranular empulpotomia. Rev. gaucha Odont., v.40, n.6, p.349-50,1992.2- BONACHELLA, W.C. et al. Manutenção do Rebordo Alveolarcom Hidroxiapatita Microgranular. Rev. gaucha Odont.,v.40, n.3, p.212-14, 1992.3- BURSTEIN, F.D. et al. The use of porous granularhydroxyapatite in secon<strong>da</strong>ry orbitocranial reconstruction.Plast. Reconstr. Surg., v.100, n.4, p.869-74, 1997.4- BUZALAF. M.A.R. et al. Kinetic characterization of bovinelung low-molecular-weight protein tyrosine phosphatase.Exp. Lung. Res., v.24, n.3, p.269-72, 1998.5- CIRELLI, J.A. et al. Evaluation of anionic collagen membranesin the treatment of class II furcation lesions: na histometricanalysis in dog. Biomaterials, v.18, n.18, p.1227-34, 1997.6- COTRAN, R.S.; KUMAR, V.; COLLINS, T. Robbinspathologic basis of disease. 6 ed. Philadelphia, Saunders1999. p.50-88.7- DAMIEN, C.J.; PARSONS, J.R. Bone graft and bone graftsubstitutes: a review of current technology an<strong>da</strong>pplications. J. Appl. Biomater., v.2, n.3, p.187-208, 1991.8- DAMIEN, C.J. et al. Effect of demineralized bone matrix onbone growth within a porous HA material: a histologicand histometric study. J. Biomater. Appl., v.9, n.3, p.275-88, 1995.9- DE GROOT, K. Bioceramics consisting of calcium phosphatesalts. Biomaterials, v.1, n.1, p.47-50, 1980.10- FUCINI, S.E. et al. Small versus large particles ofdemineralized freeze-dried bone allografts in humanintrabony periodontal defects. J. Periodont., v.64, n.9,p.844-7, 1996.11- GLOWACKI, J. Osteoclastic Feature of Cells that Resorb BoneImplants in Rats. Calcif. Tissue Int., v.39, n.2, p.327-31,1986.12- GRANJEIRO, J.M. et al. Características físico-químicas deHidroxiapatita para uso clínico. Rev. gaucha Odont., v.40,n.2, p.130-4, 1992.13- GRANJEIRO, J.M. et al. Purification and characterization ofa low-molecular-weight bovine kidney acid phosphatase.An. Acad. bras. Cirurg., v.69, n.4, p.451-60, 1997.14.- GRANJEIRO, J.M. et al. Bovine kidney low molecular weightacid phosphatase: FMN-dependent kinetics. Biochem.Mol. Biol. Int., v.41, n.6, p.1201-6, 1997.15- GREGHI, S.L.A.; CAMPOS JUNIOR, A. Estudo comparativo<strong>da</strong> biocompatibili<strong>da</strong>de de materiais cerâmicos diversos emtecido subcutâneo de ratos. Rev. FOB, v.2, n.4, p.73-81,1994.16- HARTREE, E.F. Determination of proteins: a modification ofthe Lowry method that give a linear photometric response.Anal. Biochem., v.48, n.2, p.422-7, 1972.17- HERCULIANI, P. P. et al. Tratamento de defeito ósseo pereneem calvária de cobaia com membrana de cortical ósseabovina liofiliza<strong>da</strong> associa<strong>da</strong> ou não a enxerto ósseo bovinodesmineralizado. Rev. bras. Implant. v.7, n. 2, p.7-14,2000.18- HIGASHI, T., OKAMOTO, H. Influence of particle size ofcalcium phosphate ceramics as a capping agent on theformation of a hard tissue barrier in amputated dental pulp.J. Endod., v. 22, n. 6, p.281-3, 1996.19- HIGASHI, T., OKAMOTO, H. Influence of particle size ofhydroxyapatite as a capping agent on cell proliferation ofcultured fibroblasts. J. Endod., v. 22, n. 5, p.236-9, 1996.20- JARCHO, M. Calcium phosphates ceramics as hard tissuesprosthetics. Clin. Orthop. Rel. Res., v.157, p.259-78,1981.21- KELLY, J.D.; SCHNEIDER, G.B. Morphological andhistochemical comparison of cells elcitedby ectopic bonéimplants and tibial osteoclasts. Amer. J. Anat., v.192, n.3,p.45-54, 1991.22- KETCHAM, C.M. et al. The type 5, acid phosphatase fromspleen of humans with hairy cell leukemia. J. Biol. Chem.,v.260, p.5768-76, 1985.23- MANKANI, M.H. et al. In vivo bone formation by humanbone marrow stromal cells: effect of carrier particle sizeand shape. Biotechn. Bioeng., v. 72, n. 1, p.96-107, 2001.24- MASTERS, D.H. Implants. Bone and bone substitutes. Calif.dent. Ass. J., v.16, n.1, p.56-65, 1988.25- MARX, R.E.; SAUNDERS, T.R. Reconstruction andrehabilitation of cancer patients. In: FONSECA, R.J.;DAVIS, W.H. Reconstructive preprosthetic oral andmaxillofac. Surgery. Philadelphia, saunders, 1986. p.347-428.26- MARZOLA, C. et al. Implantes de biohapatita + osseobond +membrana reabsorvível dentoflex + aglutinante dentoflex.Apresentação de casos clínicos. Rev. Bras. Cienc. Estomat.,v.1, n.2, p.51-63, 1996.27- NIMNI, M.E. Polypeptide growth factors: targeted deliverysystems. Biomaterials, v18, n.18, p.1201-25, 1997.28- OLIVEIRA, D.T. et al. Hidroxiapatita microgranular:comportamento biológico em tecido subcutâneo de ratos.Rev. Odont. UNESP, v.22, n.2, p.1997-202, 1993.29- OLIVEIRA, R.C., et al. Efeito <strong>da</strong> temperatura dedesproteinização no preparo de osso cortical bovinomicrogranular. <strong>Avaliação</strong> <strong>microscópica</strong> e <strong>bioquímica</strong> <strong>da</strong><strong>resposta</strong> <strong>celular</strong> em subcutâneo de ratos. Rev. FOB, v. 7,n.3/4, p.85-93, 1999.30- RAMPONI, G.; STEFANI, M. Structural, catalytic, andfunctional properties of low Mr phosphotyrosine proteinphosphatases. Evidence of a long evolutionary history. Int.J. Biochem. Cell. Biol., v.29, n.2, p.279-92, 1997.


10SICCA, C. M.; OLIVEIRA, R. C. de; SILVA, T. L. <strong>da</strong>; CESTARI, T. M.; OLIVEIRA, D. T.; BUZALAF, M. A. R.; TAGA, R.; TAGA, E. M.;GRANJEIRO, J. M.; KINA, J. R.<strong>Avaliação</strong> <strong>microscópica</strong> e <strong>bioquímica</strong> <strong>da</strong> <strong>resposta</strong> <strong>celular</strong> a <strong>enxertos</strong> de osso cortical bovino em subcutâneo de ratos. Efeito do tamanho <strong>da</strong> partícula31- REDDI, A.H.; HUGGINS, C. Biochemical sequences in thetransformation of normal fibroblasts in adolescent rats.Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A., v.69, p.1601-5, 1972.32- SCIADINI, M.F. et al. Evaluation of bovine-derived boneprotein with a natural coral carrier as a bone-graft substitutein a canine segmental defect model. J. Orthop. Res., v.15,n.6, p.844-57, 1997.33- SCHAWRTZ, Z., et al. Ability of commercial demineralizedfreeze-dried bone allograft to induce new bone formation.J. Periodont., v. 67, n. 9, p.918-26, 1993.34- SHAPOFF, C.A., et al. The effect of particle size on theosteogenic activity of composite grafts of allogeneic freezedriedbone and autogenous marrow. J. Periodontol., v.51, n. 11, p.625-30, 1980.35- SERVICE, R.F. Tissue Engineers build new bone. Science, v.289, n. 5484, p.1498-500, 2000.36- STEPHAN, E.B. Anorganic bovine bone supports osteoblasticcell attachment and proliferation. J. Periodont., v.70, n.4,p.364-9, 1999.37- TAGA, E.M. Biomateriais para uso em clínica médicoodontológica.Rev. bras. Cirurg. Implant., v.3, p.29-68,1996.38- TAGA, R.; et al. Evolução de <strong>enxertos</strong> ósseos autógenos ealógenos colocados em defeitos ósseos de tamanho críticoem calvária de cobaias. Rev. bras. Cirurg. Implant., v.7,n.27, p.37-44, 2000.39- URIST, M.R. Bone: formation by autoinduction. Science,v.150, n.698, p.893-9, 1965.40- URIST, M.R.; STRATES, E.S. Bone formation in implants ofpartially and wholly demineralized bone matrix. Clin.Orthop. Rel. Res., v.71, p.271-8, 1970.41- URIST, M.R. Bone transplants and implants. In: Fun<strong>da</strong>mentaland clinical bone physiology. Lippincontt, Ed. PhiladelphiaJ.B., 1980, p.331-68.42- YOUNG, C. et al. A comparative study of anorganic xenogenicbone and autogenous bone implants for bone regenerationin rabbits. Int. J. Oral Maxillofac. Implants, v.14, n.1,p.72-6, 1999.43- YUKNA, R. A. et al. Multi-center clinical evaluation ofcombination anorganic bovine-derived hidroxyapatitematrix (ABM)/Cell Binding Peptide (P-15) as a bonereplacement graft material in human periodontal osseusdefects. 6-month results. J. Periodont., v.69, n.6, p.655-63, 1998.44- ZANER, D.J., YUKNA, R.A. Particle size of periodontal bonegrafting materials. J. Periodont., v. 55, n. 7, p.406-9, 1984.45- ZITZMANN, N.U. et al. Resorbable versus nonresorbablemembranes in combination with Bio-Oss for guided boneregeneration. Int. J. Oral Maxillofac. Implants, v.12, n.6,p.844-52, 1997.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!