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pouca coisa, pelo visto), sobre cristais, as profecias de Nostradamus,astrologia, o sudário de Turim... Ele introduzia cada um desses assuntosportentosos com um entusiasmo eufórico. E tive de desapontá-lo todas asvezes.– As evidências são precárias – eu repetia. – Existe uma explicaçãomuito mais simples.De certa maneira, ele era bem informado. Conhecia as váriasnuanças especulativas sobre, digamos, os “continentes afundados” deAtlântida e Lemuria. Sabia na ponta da língua as expedições submarinas quedeviam estar partindo para descobrir as colunas derrubadas e os minaretesquebrados de uma outrora grande civilização, cujas ruínas só eram visitadasatualmente por peixes luminescentes do fundo do mar e por gigantescosmonstros marinhos. Só que... embora o oceano contenha muitos segredos, eusabia que não existe nenhum sinal de confirmação oceanográfica ou geofísicapara Atlântida e Lemuria. Pelo que a ciência pode afirmar, esses continentesjamais existiram. Já um pouco relutante a essa altura, eu lhe passei ainformação.Enquanto rodávamos pela chuva, podia vê-lo se tornar cada vezmais soturno. Eu não estava apenas negando alguma doutrina falsa, mas umafaceta preciosa de sua vida interior.Porém, tanta coisa na ciência verdadeira é igualmente emocionante,mais misteriosa, um estímulo intelectual muito maior – além de estar bemmais perto da verdade. Ele sabia dos tijolos moleculares da vida que existemlá fora, no gás frio e rarefeito entre as estrelas? Tinha ouvido falar sobre aspegadas de nossos antepassados que foram encontradas em cinza vulcânicade 4 milhões de anos? E que dizer do Himalaia se erguendo quando a Índiase espatifou contra a Ásia? Ou da maneira pela qual os vírus, construídoscomo seringas hipodérmicas, introduzem furtivamente o seu DNA pelasdefesas do organismo hospedeiro e subvertem o mecanismo reprodutivo dascélulas?; ou da procura de inteligência extraterrestre pelo rádio?; ou darecém-descoberta antiga civilização de Ebla que alardeava as virtudes dacerveja Ebla? Não, ele não tinha ouvido falar. Como também não conhecia,nem mesmo vagamente, a indeterminação quântica, e reconhecia DNAapenas como três letras maiúsculas que freqüentemente aparecem juntas.O sr. “Buckley” – bom papo, inteligente, curioso – não tinha ouvidovirtualmente nada sobre a ciência moderna. Ele tinha um apetite naturalpelas maravilhas do Universo. Queria conhecer a ciência. O problema é quetoda a ciência se perdera pelos filtros antes de chegar até ele. Os nossos temasculturais, o nosso sistema educacional, os nossos meios de comunicaçãohaviam traído esse homem. O que a sociedade permitia que se escoasse pelosseus canais era principalmente simulacro e confusão. Nunca lhe ensinara

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