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anho. Fiquei desconsolado. Eu tinha que chegar a mil. Mediador durantetoda a sua vida, meu pai interveio: seu eu me submetesse de bom grado aobanho, ele continuaria a seqüência. Fiquei superfeliz. Quando saí do banho,ele estava se aproximando de novecentos, e eu consegui chegar a mil só umpouquinho depois da minha hora habitual de dormir. A magnitude dosnúmeros grandes nunca deixou de me impressionar.Foi também em 1939 que meus pais me levaram à Feira Mundial deNova York. Ali me foi oferecida a visão de um futuro perfeito que a ciência ea alta tecnologia tornavam possível. Uma cápsula do tempo foi enterrada,cheia de artefatos de nossa época, para o proveito dos seres no futuro distante- que, espantosamente, poderiam não saber muita coisa sobre as pessoas de1939. O "Mundo de Amanhã" seria luzidio, limpo, aerodinâmico e, pelo queeu podia perceber, não teria nem sinal de pessoas pobres."Veja o som" era o comando fantástico de uma das exposições. Eefetivamente, quando o diapasão era atingido pelo martelinho, uma belaonda senoidal passava pela tela do osciloscópio. "Escute a luz", exortavaoutro cartaz. E efetivamente, quando a lanterna brilhava sobre a célulafotoelétrica, eu conseguia escutar algo parecido com a estática de nossoaparelho de rádio Motorola, sempre que o mostrador ficava entre as estações.Estava claro que o mundo continha maravilhas que eu jamais imaginara.Como é que um tom podia se tornar imagem e a luz se tornar ruído?Meus pais não eram cientistas. Não sabiam quase nada sobreciência. Mas, ao me apresentar simultaneamente ao ceticismo e à admiração,me ensinaram as duas formas de pensar, de tão difícil convivência, centraispara o método científico. Estavam a apenas um passo da pobreza. Masquando anunciei que queria ser astrônomo, recebi apoio incondicional -mesmo que eles (como eu) só tivessem uma idéia muito rudimentar daprofissão de astrônomo. Nunca sugeriram que, consideradas ascircunstâncias, talvez fosse melhor eu ser médico ou advogado.Gostaria de poder lhes contar sobre professores de ciênciainspiradores nos meus tempos de escola primária e secundária. Mas, quandopenso no passado, não encontro nenhum. Lembro-me da memorizaçãoautomática da tabela periódica dos elementos, das alavancas e dos planosinclinados, da fotossíntese das plantas verdes, e da diferença entre antracito ecarvão betuminoso. Mas não me lembro de nenhum sentimento sublime dedeslumbramento, de nenhum indício de uma perspectiva evolutiva, nem decoisa alguma sobre idéias errôneas em que outrora todos acreditavam. Noscursos de laboratório na escola secundária, havia uma resposta quedevíamos obter. Ficávamos marcados, se não a conseguíamos. Não havianenhum encorajamento para seguir nossos interesses, intuições ou errosconceituais. Nas páginas finais dos livros didáticos, havia material

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