Revista <strong>Adusp</strong>Turra, líder estudantil: fichadoReprodução: Daniel GarciaOutubro 2004fichados pelo “crime” de carregarpanfletos da campanha da Libelu.Por outro lado, os arquivosdo Dops registram que um certoMovimento Acadêmico Renovado(M.A.R.) armou “fogueiras dematerial eleitoral” no pátio da FaculdadeSão Francisco.Pode-se vislumbrar um poucoda mentalidade policial no seguintetrecho de documento de1976, de autoria de Sílvio PereiraMachado, um dos delegados doDops: “os dirigentes do DCE voltarãoa encontrar motivos para aagitação, contestação e até mesmosubversão, como a ocupaçãoviolenta e arbitrária do Centrode Vivência para a instalação dasede desta entidade espúria, querepresenta não o corpo discenteda Universidade de São Paulo,mas uma insignificante minoriade estudantes, adeptos e inocentesúteis dos interesses marxistasem nossa terra.”O Dops foi extinto em 1983. ODCE-Livre Alexandre VannuchiLeme da USP, instalado no Centrode Vivência e independenteda opinião do delegado Machado,existe até hoje.tônoma, ágil e politicamente desvinculadados problemas que secolocavam para as humanidades.Os argumentos que apareciameram administrativos e ligados àquestão de verba. Os institutos quenecessitavam de grandes investimentosem laboratórios e equipamentosviam, na formação de institutosseparados, a possibilidade decontemplar essa demanda.Qual era a opinião dos estudantessobre a separação?Em geral, não concordavam,pois a separação representava umenfraquecimento político. Na época,eu também era contra. Via naseparação uma perda para o idealformativo da USP e um passo parao retorno tecnicista.Como foi a mudança para ocampus?Mudamos em regime de urgênciadepois da invasão. Masfoi quase simbólico, não haviacondições de estudar. Cederamalgumas salas do prédio da História,que já estava pronto, mas eramuita gente. Os barracões foramconstruídos nas férias. Foram paralá os cursos que sobraram: Letras,Filosofia, Psicologia e Sociais.Como a separação em institutose a mudança para a CidadeUniversitária afetou o movimentoestudantil?O primeiro prejuízo foi a perdada visibilidade urbana. A MariaAntonia era no centro e a CidadeUniversitária era quase na zonarural. Mas a distância não diminuiua vigilância e a repressão. A separaçãoem vários prédios também foiproblemática. Nesse caso, o problemanão é a separação física, e sima assimilação de uma mentalidadede separação. Na minha geração, aseparação não foi assimilada, buscávamoso convívio, mas nas geraçõesseguintes isso aconteceu.A separação também afetou aorganização. Na FFLC, o Grêmioagregava todos os centros acadêmicose era muito poderoso politicamente.A direção do Grêmiosignificava, praticamente, a direçãodo movimento em São Paulo.No campus, cada Instituto tinhaseu CA e as alianças dependiamde ligações pessoais. Com isso,ficou mais difícil dar direção aomovimento.Como o movimento estudantillidou com a separação?Em 1968, por causa do AI-5, aslideranças foram dizimadas, entãohouve um refluxo. Nos dois anosque vivi, como aluno, no campus,toda a energia era canalizada paraa reorganização.Hoje, como você avalia a formaçãodos institutos?Era algo inevitável. Do pontode vista histórico, econômico e político,o antigo formato não poderiaser mantido. As ciências tinham quese separar para cumprir as tarefaspolíticas e da pesquisa científica.73
Outubro 2004Revista <strong>Adusp</strong>Reprodução: Fernando Braga/Acervo do Arquivo do Estado“OPERAÇÃO PIRA”,OU COMO O REGIMEEM AGONIA ESPIONOUO CONGRESSO DA UNEBeatriz EliasJornalistaMapas que identificam os locais ondeforam instaladas centrais militares deinteligência em Piracicaba, em 198274