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Freud hoje - Cebrap

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ENTREVISTARevista 18: 150 anos depois do nascimentode <strong>Freud</strong>, como o Sr. avalia aimportância de seu pensamento nomundo contemporâneo ? A validade dapsicanálise freudiana ainda se sustenta?Fábio Landa: Talvez mais do que nunca,eu diria enfaticamente: sim, 150 anosdepois do nascimento de <strong>Freud</strong>, nomundo contemporâneo, a psicanálise nãosó é válida como tem um imenso papel adesempenhar. Justificaria isso dizendoque, do meu ponto de vista, a psicanálise<strong>hoje</strong> talvez seja o último espaço laico,absolutamente laico, em que algo comoum diálogo, mesmo que seja um diálogoimpossível, como talvez seja todo diálogo,possa ter lugar. Num mundo com asdeterminantes que podemos pressentir,com espanto e perplexidade, num mundoem que se observa um ressurgimentoagressivo da atuação das "ideologias", apsicanálise torna-se mais importante doque nunca. Hannah Arendt deu umsentido agora clássico ao termo “ideologias”,destacando que estas têm apretensão de explicar tudo, pois consideramque o encadeamento dos eventosobedece à mesma “lei” que rege o encadeamentode idéias. Talvez se encontre aí aarrogância dos ideólogos que pretendemdominar tudo pelo seu pensamento,pretendendo mesmo controlar seupróprio pensamento. E <strong>hoje</strong> essas ideologiasvoltam a atuar de maneira agressivapor meio de todos os recursos queconhecemos: o apavoramento de grandesmassas humanas, os meios mais intensosde propaganda, que impõem um comportamentoextremamente primitivo calcadona violência sem limites. Aquilo queparecia ter sido solidamente conquistadonão o foi. As “ideologias” totalitárias, odiscurso totalitário com suas ramificaçõese até mesmo seus núcleos exterminadorese genocidas ressurgem. A mentiraabsoluta, de que falava Hannah Arendt,faz sua reaparição. Então, mais do nunca,a psicanálise surge como esse espaço antitotalitário.E como esse espaço de diálogo– possível e comprometido e ao mesmotempo impossível – a psicanálise torna-sealvo, um dos alvos prediletos inclusive, dodesprezo, do pouco caso, da tentativa debanimento. Este fenômeno é tambémfosse um balão de ensaio daquilo quePágina do New York Times, de 1937, com artigo sobre o criador da psicanáliseem seu 80º aniversário: psicanálise como resistência às simplificaçõesgrosseiras e ao materialismo crasso que caracterizam boa parte do século 20pode vir a ser, do aniquilamento daopinião pessoal, da realidade interna daspessoas em prol do que Primo Leviapontava como uma sociedade governadapelos privilégios obtidos pela violência emantidos pela violência. A ambiçãototalitária tende a apagar as fronteiras queconhecemos como esquerda ou direitanuma busca aflita por privilégios. HojeFotos: reproduçãoem dia, os discursos totalitários, aambição totalitária, são mais do quenunca presentes, e portanto, mais donunca, eu tenderia a afirmar a validade, aatualidade e sobretudo a necessidade dopensamento psicanalítico.18: O projeto teórico de <strong>Freud</strong> explicaa psique inconsciente como umRevista 18 5

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