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Hermes Renato Hildebrand - anpap

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3637Comecemos então, muito simplificadamente, retomando as categoriasfenomenológicas de Peirce. Para ele, a observação dos fenômenos deve-se munirdestas três faculdades. A primeiridade é tudo que está presente na consciência deuma mente interpretante, num determinado momento. É tudo que está nesta mente,num lapso de tempo. É um fenômeno instantâneo que não pode ser capturado.Quando argumentamos sobre ele, ele se foi. O presente pode ser dito, mas nãopermanece. Quando pensamos no presente estamos em outro momento que setransforma e, neste novo instante, ele modifica-se. A primeiridade é um sentimentode qualidade.Na segundidade há um mundo real, reativo, um mundo sensual, independentedo pensamento e, no entanto, pensável e que se caracteriza pela ação e reação.Estamos continuamente esbarrando em fatos que nos são externos, tropeçando emobstáculos e coisas reais. O simples fato de estarmos vivos, existindo, significa atodo momento a consciência reagindo em relação ao mundo. Existir é só estar numarelação, resistir e reagir, ocupar um tempo e espaço particulares, confrontar-se comoutros corpos. Por fim, a terceiridade “aproxima um primeiro e um segundo numasíntese intelectual, corresponde à camada de inteligibilidade, ou pensamento emsignos, através da qual representamos e interpretamos o mundo”. (SANTAELLA,1983).No entanto, Peirce leva a noção de signo tão longe a ponto de que um signonão tenha necessariamente de ser uma representação mental, mas podeser uma ação ou experiência, ou mesmo uma mera qualidade deimpressão. (SANTAELLA, 1984, p.72)Parece-nos inevitável relacionar a primeiridade, segundidade e terceiridade,em Peirce, com os movimentos do ritornelo em Deleuze e Guattari. Originariamenteo conceito de ritornelo é oriundo de um procedimento na música dos séculos XIV aXVI e exprime a ação de retorno que é aplicado em circunstâncias musicais. Otermo é utilizado para designar o refrão de madrigais, estribilhos, repetiçõesinstrumentais e em composições vocais onde as repetições se apresentam. Noentanto, Gilles Deleuze e Félix Guattari (1997) se apropriam do termo e o utiliza paraa formação de um agenciamento territorial, ora em direção a ele, ora se instalandonele e consolidando seus componentes, ora dando conta de esvaziá-lo, de secolocar o território em fuga.

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