XI SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004conjunto de informações associadas à experiência, à intuição e aos valores (Fleury e OliveiraJr., 2001).É possível distinguir <strong>do</strong>is tipos de conhecimento: o explícito e o tácito. O conhecimentoexplícito, ou codifica<strong>do</strong>, refere-se ao conhecimento transmissível em linguagem formal,sistemática, enquanto o conhecimento tácito possui uma qualidade pessoal, tornan<strong>do</strong>-se maisdifícil de ser formaliza<strong>do</strong> e comunica<strong>do</strong>: “O conhecimento tácito é profundamente enraiza<strong>do</strong>na ação, no comprometimento e no envolvimento em um contexto específico” (Nonaka,1994).O conhecimento tácito, segun<strong>do</strong> Nonaka, consiste em parte de habilidades técnicas, o tipo dedestreza informal e de difícil especificação incorpora<strong>do</strong> ao termo know-how (Nonaka, 2001).Na visão de Spender (2001), tácito não significa conhecimento que não pode ser codifica<strong>do</strong>,mas que ainda não foi explica<strong>do</strong>. O autor menciona que o conhecimento tácito, no local detrabalho, apresenta três componentes:• Consciente: facilmente codificavel, pois o indivíduo consegue entender e explicar o queestá fazen<strong>do</strong>.• Automático: o indivíduo não tem a consciência de que o está aplican<strong>do</strong>.• Coletivo: conhecimento desenvolvi<strong>do</strong> pelo indivíduo e compartilha<strong>do</strong> com outros; éresulta<strong>do</strong> da formação aprendida em um contexto social específico.Pode-se distinguir diversos níveis de interação social através <strong>do</strong>s quais se cria conhecimentona organização. É importante que a organização seja capaz de integrar aspectos relevantes <strong>do</strong>conhecimento desenvolvi<strong>do</strong> a partir dessas interações. A fim de apresentar uma compreensãomelhor de como o conhecimento é cria<strong>do</strong> e de como a criação <strong>do</strong> conhecimento pode sergerenciada, Nonaka e Takeuchi (1995) propõem um modelo de conversão de conhecimento,pressupon<strong>do</strong> quatro formas de conversão de conhecimento descritas no quadro 1.ParaConhecimento TácitoParaConhecimento ExplícitoDe:Conhecimento Tácito Socialização ExternalizaçãoDe:Conhecimento Explícito Internalização CombinaçãoQuadro 1 – Transformação <strong>do</strong> conhecimento.Fonte: Nonaka e Takeuchi (1995, p.62).Os tipos de transformação <strong>do</strong> conhecimento são descritos por Nonaka e Takeuchi (1995, p.62)como:• socialização os autores entendem a conversão que surge da interação <strong>do</strong> conhecimentotácito entre indivíduos, principalmente através da observação, imitação e prática. Achave para adquirir conhecimento desse mo<strong>do</strong> é a experiência compartilhada. Umindivíduo pode adquirir conhecimento tácito diretamente de outros, sem usar alinguagem. Os aprendizes trabalham com seus mestres e aprendem sua arte não atravésda linguagem, mas sim através da observação, imitação e prática (Nonaka e Takeuchi -1995);• combinação é uma forma de conversão que envolve diferentes conjuntos deconhecimento explícito controla<strong>do</strong>s por indivíduos. A combinação é um processo desistematização de conceitos em um sistema de conhecimento. As pessoas trocam e
XI SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004combinam conhecimento através de meios como <strong>do</strong>cumentos, reuniões, conversas,redes de comunicação computa<strong>do</strong>rizadas, etc. A reconfiguração das informaçõesexistentes através da classificação, <strong>do</strong> acréscimo, da combinação e da categorização <strong>do</strong>conhecimento explícito pode levar a novos conhecimentos. O treinamento formal nasescolas normalmente assume essa forma;• Internalização é a conversão de conhecimento explícito em conhecimento tácito, no qualos autores identificam alguma similaridade com a noção de “aprendizagem”, estáintimamente relacionada ao “aprender fazen<strong>do</strong>”. As experiências, incluin<strong>do</strong> aquelasadquiridas nos outros mo<strong>do</strong>s de conversão, são internalizadas no conhecimento tácito<strong>do</strong>s indivíduos sob a forma de modelos mentais ou conhecimentos técnicos. Nainternalização, faz-se necessária uma verbalização e diagramação <strong>do</strong> conhecimento sobforma de <strong>do</strong>cumentos, manuais, histórias orais, vídeos, etc. Adquirir novosconhecimentos não é uma questão apenas de instruir-se com os outros ou com livros,mas também aprender através da prática, da experimentação, da interação intensivaentre o sujeito e seu objeto de estu<strong>do</strong>. Esta forma de aquisição de conhecimento podeser representada pela simulação de sistemas, onde o conhecimento e respeito dedetermina<strong>do</strong> sistema são adquiri<strong>do</strong>s através da análise de diversos cenários.• Externalização é um processo no qual o conhecimento tácito se torna explícito, expressona forma de modelos, metáforas, analogias, conceitos ou hipóteses, apesar de este nãoser um conceito bem desenvolvi<strong>do</strong>, de acor<strong>do</strong> com os autores.A abordagem de criação de conhecimento de Nonaka (1994) e Nonaka e Takeuchi (1995)estabelece importantes nexos com o trabalho de Brown e Duguid (1991): “Tentativas deresolver problemas práticos freqüentemente geram relações entre indivíduos que podemproporcionar informação útil. A troca e desenvolvimento de informação dentro dessascomunidades em amadurecimento facilitam a criação de conhecimento, estabelecen<strong>do</strong> umarelação entre as dimensões rotineiras <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> dia-a dia e aprendizagem e inovaçãoativas” (Nonaka, 1994). Essas comunidades representam, portanto, um papel-chave noprocesso de socialização apresenta<strong>do</strong> por Nonaka e Takeuchi, no qual o conhecimento tácitoentre indivíduos é integra<strong>do</strong>, passo importante para o desenvolvimento de conhecimentocoletivo na empresa.Nonaka (!994) e Nonaka e Takeuchi (1995) afirmam que os quatro mo<strong>do</strong>s de conversão deconhecimento devem ser gerencia<strong>do</strong>s de forma articulada e cíclica e denominam o conjunto<strong>do</strong>s quatro processos de “espiral de criação de conhecimento”. Nessa espiral, o conhecimentocomeça no nível individual, move-se para o nível grupal e então para o nível da empresa. Àmedida que a espiral de conhecimento sobe na empresa, ela pode ser enriquecida e estendida,seguin<strong>do</strong> a interação <strong>do</strong>s indivíduos uns com os outros e com suas organizações. A criação deconhecimento <strong>organizacional</strong> requer a partilha e a disseminação de experiências individuais.Em alianças entre empresas, cada processo deve proporcionar um caminho para que gerentesestejam expostos a conhecimento e a idéias fora <strong>do</strong>s limites tradicionais da organização.Nonaka (1994) explica que existem diversos gatilhos que induzem os mo<strong>do</strong>s de conversão deconhecimento. A socialização normalmente se inicia com a construção de um time ou campode interação, o que facilita a troca de perspectivas e de experiências entre seus membros. Aexternalização pode ser iniciada com sucessivas rodadas de diálogo, em que a utilização demetáforas pode ser estimulada para ajudar os membros <strong>do</strong> grupo a articular suas perspectivase a revelar conhecimento tácito. A combinação é facilitada pela coordenação entre membros<strong>do</strong> time e outras áreas da organização e pela <strong>do</strong>cumentação <strong>do</strong> conhecimento existente. Ainternalização pode ser estimulada por processos de aprender fazen<strong>do</strong> (learning by <strong>do</strong>ing), emque os indivíduos passam pela experiência de compartilhar conhecimento explícito
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