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ANEXO I - Repositório Institucional da ESEPF - Escola Superior de ...

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ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DEPAULA FRASSINETTIMESTRADO EM EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLARUM PERCURSO AO NÍVEL DAESCRITA VIVIDO COM UM GRUPODE 5 ANOSRelatório <strong>de</strong> Estágio apresentado à <strong>Escola</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> Educação<strong>de</strong> Paula Frassinetti para obtenção <strong>de</strong> grau <strong>de</strong> Mestre em EducaçãoPré-<strong>Escola</strong>rInês Isabel Gonçalves dos Reis Jardim BühlerOrientação: Mestre Maria Ivone Couto Monforte <strong>da</strong>s NevesPORTO2012


RESUMOO presente relatório apresenta uma <strong>de</strong>scrição sobre o processo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento pessoal e profissional experienciado enquanto estu<strong>da</strong>nte doMestrado em Educação Pré-<strong>Escola</strong>r, durante o estágio realizado nestavalência, no sentido <strong>de</strong> construir uma base <strong>de</strong> conhecimentos assentes naprática reflexiva e servir como alicerce à futura prática docente.Optou-se por um estudo qualitativo numa Instituição Particular <strong>de</strong>Soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> Social, on<strong>de</strong> se pretendia aprofun<strong>da</strong>r a importância <strong>da</strong>abor<strong>da</strong>gem à escrita num grupo <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> 5 anos. Para tal, recorremos àentrevista e a amostra consistiu na Educadora <strong>da</strong> sala e em três crianças.No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste percurso foram realiza<strong>da</strong>s várias pesquisas com oobjetivo <strong>de</strong> conhecer diversas opiniões <strong>de</strong> autores <strong>de</strong> referência ao nívelpe<strong>da</strong>gógico e que sustentassem to<strong>da</strong> a prática. Assim, todo o trabalho partiu <strong>da</strong>observação e foi completado através <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos obtidos com a revisão <strong>da</strong>literatura, com registo <strong>de</strong> observação e reflexões que foram realiza<strong>da</strong>s ao longodo ano letivo, que permitiram a<strong>de</strong>quar a prática educativa e ajudou a crescerem atitu<strong>de</strong>s e estratégias pe<strong>da</strong>gógicas.Os <strong>da</strong>dos apontam para que a linguagem seja a área fun<strong>da</strong>mental aestimular no jardim-<strong>de</strong>-infância uma vez que suporta e apoia to<strong>da</strong>s as outrasáreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. A linguagem seja oral ou escrita, é um meio <strong>de</strong>comunicação, <strong>da</strong>í que seja fun<strong>da</strong>mental as crianças do pré-escolar perceberemque o importante não é saber escrever mas sim perceber que esta tem umafuncionali<strong>da</strong><strong>de</strong>.PALAVRAS-CHAVE: Linguagem, Escrita


ABSTRACTThis report presents an overview of the process of personal andprofessional <strong>de</strong>velopment experienced as a stu<strong>de</strong>nt of Master in PreschoolEducation, during the training held in this valence. This experience should helpbuild a knowledge based on reflective practice and serve as a foun<strong>da</strong>tion thefuture teaching practice.A qualitative study in a Private Institution of Social Soli<strong>da</strong>rity was thechosen project. It was inten<strong>de</strong>d to <strong>de</strong>epen the importance of the approach towriting in a group of children aged 5 years. Therefore, we resorted to theinterview and the sample consisted of the Educator and three children.During this course several studies were performed in or<strong>de</strong>r to meetdifferent opinions of the authors of reference, at a pe<strong>da</strong>gogical level, andsustain the entire practice. Thus, the entire study was based on observation andwas supplemented by <strong>da</strong>ta obtained on the literature review. We recor<strong>de</strong>dobservations and reflections that were held throughout the school year and thatallowed a<strong>de</strong>quate educational practice and helped to improve teaching attitu<strong>de</strong>sand strategies.The <strong>da</strong>ta shows that language is a key area to stimulate the gar<strong>de</strong>n-careas it supports and endorses all other areas of <strong>de</strong>velopment. The language,whether oral or written, is a means of communication, so it is essential thatchildren from preschool realize that the most important thing is not knowing howto write but realizing that it is functionality.KEYWORDS: Language, Writing


AGRADECIMENTOSEste é o resultado <strong>de</strong> muito esforço e <strong>de</strong>dicação que perduraram aolongo <strong>de</strong>ste percurso. Este foi atravessado por dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s e obstáculos, on<strong>de</strong>enfrentei alguns <strong>de</strong>safios.Porém, não realizei esta longa caminha<strong>da</strong> sozinha, tive o apoio <strong>da</strong>família, dos amigos e <strong>de</strong> outras pessoas que me acompanharam ao longo<strong>de</strong>ste ano.Não podia <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer a todos aqueles que, direta ouindiretamente, cooperaram na concretização <strong>de</strong>ste relatório <strong>de</strong> estágio e essaspessoas são:A Mestre Ivone Neves por todo o apoio incondicional, pela partilha <strong>de</strong>saberes, experiências, i<strong>de</strong>ias e valores, pela sua atitu<strong>de</strong> exigente, crítica ecriativa e por nunca ter <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> acreditar em mim.A Mestre Cristina Alves e a Júlia Machado, pela disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, pelacolaboração e por me ensinarem muito do que eu sei hoje.A Instituição, especialmente a Diretora, pela oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> que me <strong>de</strong>u<strong>de</strong> crescer e apren<strong>de</strong>r.As crianças <strong>da</strong> sala dos 5 anos, que sempre me receberam com todo oamor que podiam <strong>da</strong>r, vou sentir muito a falta <strong>de</strong> todos eles.A minha mãe Isabel Reis, o meu pai Jorge Bühler e o meu irmão Diogo,por todo o seu amor, apoio, suporte e paciência, pois foram a base <strong>de</strong> todoeste processo. Obriga<strong>da</strong> pelas palavras e pela força!A minha avó Maria Cecília, que iniciou este longo percurso comigo, masembora já não esteja entre nós, ela esteve e está sempre comigo.A minha família, pelo apoio e entreaju<strong>da</strong>.O Jorge Félix, a Célia Silva, a Susana Ribeiro, o Rúben Leonel e a MariaPorto, por to<strong>da</strong> a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> e por todos os momentos passados e nãopresentes.E a todos os que aqui não foram referidos, o meu muito obriga<strong>da</strong>!


ÍNDICEINTRODUÇÃO ............................................................................................. 8CAPITULO 1 - ENQUADRAMENTO TEÓRICO .......................................... 91.1 – CONCEÇÃO SOBRE EDUCAÇÃO ..................................................... 91.2 – CONCEÇÃO SOBRE EDUCADOR ................................................... 101.3 – PERSPETIVAS PARA O FUTURO .................................................... 121.4 – PAPEL DO PROFESSOR INVESTIGADOR ..................................... 131.5 – METODOLOGIAS DE INTERVENÇÃO EDUCATIVA E PRINCÍPIOSPEDAGÓGICOS ................................................................................. 151.5.1 - Mo<strong>de</strong>lo High/Scope ................................................................... 161.5.2 – Metodologia <strong>de</strong> Trabalho <strong>de</strong> Projeto ........................................ 181.5.3 - Mo<strong>de</strong>lo Reggio Emilia ............................................................... 211.5.4 - Mo<strong>de</strong>lo Movimento <strong>Escola</strong> Mo<strong>de</strong>rna ......................................... 21CAPITULO 2 - METODOLOGIAS DE INVESTIGAÇÃO ............................ 232.1 - Opções Metodológicas ....................................................................... 232.2 - Pertinência do Tema ........................................................................... 242.3 - Instrumentos ....................................................................................... 252.4 - Amostra .............................................................................................. 272.5 - Procedimento ..................................................................................... 272.6 - Análise e Tratamento dos <strong>da</strong>dos ........................................................ 28CAPÍTULO 3 - CONTEXTO ORGANIZACIONAL ...................................... 313.1 - Caracterização <strong>da</strong> Instituição ............................................................. 313 1.1 – Projeto Educativo ..................................................................... 323.1.2 – Regulamento Interno ................................................................ 343.1.3 – Plano Anual <strong>de</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s........................................................ 353.2 - Caracterização <strong>da</strong>s famílias e <strong>da</strong>s crianças ....................................... 36


3.2.1 – Caracterização <strong>da</strong>s famílias ..................................................... 363.2.2 – Caracterização <strong>da</strong>s crianças .................................................... 373.3 - Traçado <strong>da</strong>s priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> intervenção conjunta ao nível <strong>da</strong> Instituiçãoe <strong>da</strong> Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> ............................................................................... 43CAPITULO 4 - INTERVENÇÃO E EXIGÊNCIAS PROFISSIONAIS .......... 454.1 – Prática Pe<strong>da</strong>gógica com o grupo <strong>de</strong> crianças .................................... 464.1.1 - Algumas vivências significativas ............................................... 484.2 – Algumas reflexões relativamente ao processo vivido ........................ 52CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 54BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 56LEGISLAÇÃO ............................................................................................ 58<strong>ANEXO</strong>S ..................................................................................................... 59


ÍNDICE DE <strong>ANEXO</strong>SAnexo I- Guião <strong>da</strong> Entrevista à EducadoraAnexo II- Guião <strong>da</strong> Entrevista às criançasAnexo III- Transcrição <strong>da</strong> Entrevista à EducadoraAnexo IV- Transcrição <strong>da</strong> Entrevista às criançasAnexo V- Análise Categorial <strong>da</strong> Entrevista à EducadoraAnexo VI- Análise Categorial <strong>da</strong> Entrevista às criançasAnexo VII- Projeto EducativoAnexo VIII- Regulamento InternoAnexo IX- Plano Anual <strong>de</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>sAnexo X- GráficosGráfico nº1- I<strong>da</strong><strong>de</strong> do PaiGráfico nº2- I<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> MãeGráfico nº3- Habilitações Académicas dos PaisGráfico nº4- Habilitações Académicas <strong>da</strong>s MãesGráfico nº5- Profissão do PaiGráfico nº6- Profissão <strong>da</strong> MãeGráfico nº7- Estado Civil dos PaisGráfico nº8- Número <strong>de</strong> Irmãos <strong>da</strong>s criançasGráfico nº9- Área <strong>de</strong> ResidênciaGráfico nº10- Género <strong>da</strong>s CriançasGráfico nº11- Mês em que completam 5 anosAnexo XI- Registos <strong>de</strong> Inci<strong>de</strong>nte CríticoAnexo XII- Registo <strong>de</strong> FotografiaAnexo XIII- Lista <strong>de</strong> VerificaçãoAnexo XV- Recolha <strong>de</strong> TrabalhoAnexo XVI- FotografiasAnexo XVII- Descrição <strong>de</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>Anexo XVIII- História “Á procura <strong>da</strong>s Estrelas”Anexo XIX- Grelha <strong>de</strong> Avaliação <strong>de</strong> Projetos Lúdicos


INTRODUÇÃOO presente relatório foi elaborado no âmbito <strong>da</strong> Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> CurricularEstágio, inseri<strong>da</strong> no Mestrado em Educação Pré-escolar e será alvo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesapública. Foi proposto um estágio com intervenção em Jardim-<strong>de</strong>-Infância, numasala <strong>de</strong> cinco anos, no ano letivo 2011/2012, sob a orientação <strong>da</strong> Mestre IvoneNeves, para a aquisição <strong>de</strong> experiência na prática profissional.A prática profissional tem como finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s perceber o funcionamento <strong>da</strong>Instituição, respeitando os seus i<strong>de</strong>ários e valores, otimizando a dinâmicainstitucional; aplicar <strong>de</strong> forma integra<strong>da</strong> os conhecimentos necessários para aconcretização <strong>da</strong> intervenção educativa, utilizando métodos e técnicasa<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s ao processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e aprendizagem <strong>da</strong>s crianças,respeitando os princípios <strong>da</strong> aprendizagem ativa e participativa; compreen<strong>de</strong>r<strong>de</strong> que forma se planifica, concretiza e avalia a intervenção educativa;participar em situações <strong>de</strong> envolvimento parental e ao nível <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> erecorrer a metodologias <strong>de</strong> investigação em educação para compreen<strong>de</strong>r eanalisar práticas educativas.O relatório está organizado por capítulos e subcapítulos. Inicialmente, fazseum enquadramento teórico, tendo como base perspetivas teóricas sobre ocontexto <strong>da</strong> Educação Pré-escolar. No segundo capítulo apresentam-se asquestões e os objetivos <strong>da</strong> investigação realiza<strong>da</strong>, bem como a metodologia eos procedimentos <strong>de</strong> recolha e análise dos <strong>da</strong>dos obtidos, que possibilitaramesclarecer a importância do estudo realizado, enquanto meio <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>conhecimentos. O terceiro capítulo é <strong>de</strong>stinado ao contexto organizacional,proce<strong>de</strong>ndo-se à análise dos documentos e <strong>da</strong> intervenção educativa, tendoem atenção as características <strong>da</strong>s famílias e <strong>da</strong>s crianças e traçou-se aspriori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> intervenção conjunta ao nível <strong>da</strong> instituição e <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.No último capítulo está evi<strong>de</strong>nciado a intervenção e as exigências profissionais,ou seja, a prática pe<strong>da</strong>gógica <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> ao longo do estágio, através doDomínio <strong>da</strong> Linguagem Oral e Abor<strong>da</strong>gem à Escrita.No relatório consta a caracterização do estágio vivenciado, a exposição<strong>da</strong> prática pe<strong>da</strong>gógica <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>, a observação <strong>da</strong>s crianças referente aesse trabalho, a planificação e avaliação <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.


CAPITULO 1 - ENQUADRAMENTO TEÓRICO1.1 – CONCEÇÃO SOBRE EDUCAÇÃOO conceito <strong>de</strong> educação foi evoluindo ao longo dos séculos <strong>de</strong>vido a umasérie <strong>de</strong> fatores que contribuíram não só para o seu <strong>de</strong>senvolvimento, comotambém para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> Educação <strong>de</strong> Infância. Essa mu<strong>da</strong>nçaocorreu <strong>de</strong> acordo com as reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s económicas e socioculturais queenfrentávamos na nossa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Segundo a Lei - Quadro nº5/97, que surgena sequência dos princípios <strong>de</strong>finidos na Lei <strong>de</strong> Bases do Sistema Educativo eque consagra o or<strong>de</strong>namento jurídico <strong>da</strong> educação pré-escolar, está patenteque:“ a educação pré-escolar é a primeira etapa <strong>da</strong> educação básica no processo<strong>de</strong> educação ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, sendo complementar <strong>da</strong> acção educativa <strong>da</strong>família, com a qual <strong>de</strong>ve estabelecer estreita cooperação, favorecendo a formaçãoe o <strong>de</strong>senvolvimento equilibrado <strong>da</strong> criança, tendo em vista a sua plena inserçãona socie<strong>da</strong><strong>de</strong> como ser autónomo, livre e solidário.” (Lei nº 5/97 <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong>Fevereiro; Capítulo II; Artigo 2º).Ca<strong>da</strong> vez mais reconhece-se que a educação ten<strong>de</strong> a ser universal,dirigi<strong>da</strong> a to<strong>da</strong>s, não importando o grupo socioeconómico <strong>de</strong> pertença ou aorigem <strong>da</strong> sua cultura, uma vez que a educação é uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>generaliza<strong>da</strong> <strong>de</strong> preparar as crianças para a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> on<strong>de</strong> se criamcondições para que as crianças apren<strong>da</strong>m a apren<strong>de</strong>r. Isto remete-nos para oPrincípio VII dos Direitos <strong>da</strong> Criança, nomea<strong>da</strong>mente o Direito à EducaçãoGratuita e Infantil, que afirma que a criança tem direito a receber educaçãoescolar, ou seja, “uma educação que favoreça a sua cultura e que lhes permitaem condições <strong>de</strong> igual<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, <strong>de</strong>senvolver as suas aptidões ea sua individuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, o senso <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social e moral.” (DeclaraçãoUniversal dos Direitos <strong>da</strong> Criança – Unicef, 20 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1959)Não existe uma só palavra para <strong>de</strong>finir a educação. No entanto, educarpo<strong>de</strong> ser entendido através <strong>de</strong> duas vertentes: educare, que significa alimentar/ criar para que a possa ser e educere que significa extrair <strong>de</strong>/ trazer à luz ariqueza <strong>da</strong> pessoa. Assim, po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r a educação como um processo<strong>de</strong> formação pessoal <strong>de</strong> um indivíduo, uma vez que há o <strong>de</strong>senvolvimento


autónomo <strong>da</strong>s suas potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e tendências, orientado por outras pessoasque o aju<strong>de</strong>m a <strong>de</strong>scobrir e a <strong>de</strong>senvolver tais capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Segundo a Lei-Quadro (1997), os objetivos <strong>da</strong> Educação Pré-<strong>Escola</strong>rcontemplam não só as áreas do <strong>de</strong>senvolvimento pessoal e social <strong>da</strong> criança,mas também as do <strong>de</strong>senvolvimento intelectual, humano e expressivo. Nestenível educativo, a criança já é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como uma futura ci<strong>da</strong>dã e assim<strong>de</strong>ve realizar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo experiências <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>mocrática. Em suma, aeducação ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>ve tirar proveito <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>sofereci<strong>da</strong>s pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.Hoje em dia, a instituição assume um papel indispensável na socialização<strong>da</strong> criança e o educador surge como um elo integrador, no sentido <strong>de</strong> estimulare aju<strong>da</strong>r a criança a encontrar-se a si própria e a integrar-se na cultura e nasocie<strong>da</strong><strong>de</strong> em que vive, proporcionando um espaço afetivo e cativante <strong>de</strong>liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, on<strong>de</strong> a linguagem esteja sempre presente, uma vez que as crianças<strong>de</strong> hoje serão o futuro <strong>de</strong> amanhã.1.2 – CONCEÇÃO SOBRE EDUCADORAtualmente educar remete-nos para um conjunto <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>sdistintas, que vão consoli<strong>da</strong>ndo em experiência e saber ao longo do<strong>de</strong>senvolvimento profissional. Assim, o Educador tem um papel fulcral eessencial na aprendizagem, crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança.De acordo com o Decreto – Lei nº 241/2001, <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> Agosto, que aprovaos perfis específicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho profissional do educador <strong>de</strong> infância e doprofessor do 1º ciclo do ensino básico, na Educação Pré-<strong>Escola</strong>r, o Educadorconcebe e <strong>de</strong>senvolve o currículo, através <strong>da</strong> planificação, organização eavaliação do ambiente educativo, bem como <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e projetoscurriculares, tendo como finali<strong>da</strong><strong>de</strong> as aprendizagens integra<strong>da</strong>s. Deste modo,quanto à organização do ambiente educativo, o educador <strong>de</strong> infância <strong>de</strong>veorganizar o espaço e materiais; disponibilizar e utilizar materiais estimulantes,lúdicos e diversificados; ter uma organização do tempo <strong>de</strong> forma flexível.Quanto à observação, planificação e avaliação, o educador <strong>de</strong>ve observar ca<strong>da</strong>criança, em pequeno grupo ou gran<strong>de</strong> grupo, com vista a uma participação


ativa <strong>de</strong>sta na planificação, tendo em atenção os conhecimentos ecompetências que já adquiriram; planificar a intervenção educativacontemplando ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que contenham objetivos abrangentes e transversaise que proporcionem aprendizagens nos diversos domínios; avaliar a suaintervenção, o ambiente e os processos educativos adotados; avaliar o<strong>de</strong>senvolvimento e as aprendizagens adquiri<strong>da</strong>s individualmente e em grupo.Relativamente à relação e à ação educativa, o educador <strong>de</strong>ve criar condições<strong>de</strong> segurança, <strong>de</strong> acompanhamento e <strong>de</strong> bem-estar; promover o envolvimento<strong>da</strong> criança em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e projetos <strong>da</strong> iniciativa <strong>de</strong>sta, do grupo, do educadorou iniciativa conjunta; fomentar a cooperação entre estas; envolver as famíliase a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> nos projetos a <strong>de</strong>senvolver e estimular a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>criança pelo que a ro<strong>de</strong>ia.O Educador, para além <strong>de</strong> prosseguir os pressupostos educativos acima<strong>de</strong>scritos e <strong>de</strong> mobilizar “o conhecimento e as competências necessárias ao<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um currículo integrado, no âmbito <strong>da</strong> expressão e <strong>da</strong>comunicação e do conhecimento do mundo” (Decreto – Lei nº 241/2001, <strong>de</strong> 30<strong>de</strong> Agosto), <strong>de</strong>verá também ter em consi<strong>de</strong>ração, segundo as OrientaçõesCurriculares para a Educação Pré-<strong>Escola</strong>r, os objetivos gerais, a organizaçãodo ambiente, as áreas <strong>de</strong> conteúdo e as suas intencionali<strong>da</strong><strong>de</strong>s educativas.Segundo o Ministério <strong>da</strong> Educação, a educação pré-escolar “cria condições para o sucesso <strong>da</strong> aprendizagem <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as crianças, namedi<strong>da</strong> em que promove a sua auto-estima e auto-confiança e <strong>de</strong>senvolvecompetências que permitem que ca<strong>da</strong> criança reconheça as suas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s eprogressos.” (OCEPE, 1997: 18)Deste modo, acredita-se que a criança <strong>de</strong>sempenha um papel ativo naconstrução do seu próprio <strong>de</strong>senvolvimento, aprendizagem e conhecimento.Por isso, é importante partir sempre do que a criança sabe, respeitar e valorizaras características individuais e, para tal, o Educador tem que conhecer o grupo<strong>de</strong> crianças que está a acompanhar e a sua singulari<strong>da</strong><strong>de</strong>. É <strong>de</strong> igualimportância o saber escutar a criança, pois só assim é possível perceber assuas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e interesses, <strong>de</strong> forma a conseguirmos respeitá-las, umavez que ao observarmos conseguimos compreen<strong>de</strong>r as suas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s,interesses e obstáculos, adquirindo também informações sobre o contextofamiliar e o meio em que vivem. Assim, o educador tem a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>


compreen<strong>de</strong>r melhor as características individuais <strong>da</strong>s crianças e a<strong>de</strong>quar oprocesso educativo e as suas estratégias às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>stas.É tarefa fun<strong>da</strong>mental do educador educar crianças que apren<strong>da</strong>m a ser, afazer, a conhecer, a estar, a saber-fazer e que apren<strong>da</strong>m as regras <strong>da</strong>socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e a viver em comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> no jardim-<strong>de</strong>-infância, na sua família e nomundo que as ro<strong>de</strong>ia. Assim, conhecer, reconhecer, enriquecer e vivenciarvalores não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado, principalmente pelos educadores, comoalgo impossível <strong>de</strong> alcançar, mas sim como a razão principal <strong>da</strong>s suas tarefaseducativas e algo que está patente todos os dias enquanto mo<strong>de</strong>lo <strong>da</strong> criança..1.3 – PERSPETIVAS PARA O FUTUROA nossa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> é caracteriza<strong>da</strong> como a era <strong>da</strong>s tecnologias <strong>da</strong>informação e, como tal, é essencial aju<strong>da</strong>r as crianças a tornarem-se bonsci<strong>da</strong>dãos, pessoas críticas e conscientes do mundo em que vivemos, volta<strong>da</strong>spara a construção <strong>de</strong> valores educativos e morais, ativas no exercício <strong>da</strong>ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. Devemos formar indivíduos que reconheçam os seus direitos e<strong>de</strong>veres associados às suas responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e compromissos, e queprocurem a felici<strong>da</strong><strong>de</strong> e o bem-estar, <strong>de</strong> forma pessoal e coletiva.Formar educandos para a geração futura é <strong>da</strong>r condições <strong>de</strong> escolhercom responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> o seu futuro, é transmitir conhecimento e <strong>da</strong>r liber<strong>da</strong><strong>de</strong>,pois é fun<strong>da</strong>mental para melhorar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino, <strong>da</strong>ndo flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> enão impondo. Deste modo, ampliamos a aprendizagem dos indivíduos econseguimos <strong>da</strong>r resposta ao mundo em que vivemos, transmitindo valores àsnovas gerações, não nos limitando apenas ao que é tradicional, ou seja, àdimensão dos conteúdos intelectuais transmitidos através <strong>da</strong> docência,<strong>de</strong>stacando a importância dos valores serem vividos. Como futuraseducadoras, <strong>de</strong>vemos preparar as crianças para a cooperação, para acapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar em equipa e ser solidário, ter espírito <strong>de</strong> entreaju<strong>da</strong>,numa perspectiva social e multicultural, <strong>de</strong> reconhecimento e aceitação <strong>de</strong>diferenças. O educador é um dos elementos mais importantes na estimulaçãodo <strong>de</strong>senvolvimento social nas crianças, uma vez que tem que criar umambiente propício à socialização, para que as crianças tenham condições para


conviverem, fazerem opções e tomarem <strong>de</strong>cisões, no sentido <strong>de</strong> facilitarexperiências produtivas, satisfatórias e interessantes.Segundo o relatório para a UNESCO <strong>de</strong> Jacques Delors (2010), sãoquatro os pilares <strong>da</strong> educação, nomea<strong>da</strong>mente o apren<strong>de</strong>r a conhecer,combinando uma cultura geral com a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>r, isto é, apren<strong>de</strong>ra apren<strong>de</strong>r, para beneficiar <strong>da</strong>s oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s ofereci<strong>da</strong>s pela educação aolongo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>; o apren<strong>de</strong>r a fazer, on<strong>de</strong> se realça o comportamento social e aaptidão para o trabalho em equipa; o apren<strong>de</strong>r a conviver, formando indivíduosque <strong>de</strong>monstram a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicar, interagir, participar e valorizar asdiferenças e, por fim, o apren<strong>de</strong>r a ser, <strong>de</strong> forma a preparar-se para agir comautonomia, soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> e responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, aju<strong>da</strong>ndo a <strong>de</strong>spertar acuriosi<strong>da</strong><strong>de</strong> intelectual e o sentido crítico, tendo em consi<strong>de</strong>ração aspotenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s do indivíduo. Assim sendo, estes são os pilares pelos quais umeducador <strong>de</strong>ve guiar-se, <strong>de</strong> forma a educar bons ci<strong>da</strong>dãos que sejamautónomos, responsáveis, com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> crítica e reflexiva, competentes eque façam emergir competências sociais, cognitiva, pessoais, produtivas eafetivas.Roberto Carneiro afirma “educar para apren<strong>de</strong>r e apren<strong>de</strong>r a educar”(2003:113) e, no meu ponto <strong>de</strong> vista, esta expressão representa as linhasorientadoras para uma boa formação tanto ao nível do educador como ao níveldo educando.Atualmente, é importante que o educador tenha a consciência <strong>de</strong> que nasua vi<strong>da</strong> profissional exista uma construção dinâmica e que, apesar <strong>de</strong> saberensinar, ele <strong>de</strong>verá possuir conhecimentos sobre o que ensina e qual a melhorforma <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver nas crianças as competências essenciais para as formarcomo ci<strong>da</strong>dãos ativos e intervenientes.1.4 – PAPEL DO PROFESSOR INVESTIGADORO conceito <strong>de</strong> professor-investigador surgiu nos anos 60 e associa-se aStenhouse, que afirmava que todo o professor <strong>de</strong>veria assumir o papel <strong>de</strong>aprendiz, visto que quem mais precisa <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r é aquele que ensina.


Assim, Stenhouse foi pioneiro ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r que o ensino mais eficaz é baseadona pesquisa e na <strong>de</strong>scoberta.Como sabemos, o Educador é o pilar <strong>da</strong> Educação e cabe a este refletirsobre a sua ação enquanto profissional ativo. No entanto, esta reflexão não éunicamente para planear e avaliar a sua prática mas também para melhorá-la,enriquecendo-a e proporcionando melhores aprendizagens ao grupo. Assimsendo, o Educador tem que investigar, estar em constante atualização, visto ainvestigação ser um processo essencial <strong>de</strong> construção e troca <strong>de</strong>conhecimentos e permite reformular ou <strong>de</strong>linear os seus objetivos e as suasações.Alarcão afirma que “ser professor - investigador é, pois, primeiro que tudoter uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> estar na profissão como intelectual que criticamentequestiona e se questiona” (2001:6). Na mesma linha <strong>de</strong> pensamentoencontrava-se John Dewey, pois consi<strong>de</strong>rava os professores como “estu<strong>da</strong>ntes<strong>de</strong> ensino” (Ibi<strong>de</strong>m: 2). Para estes, o bom professor tem <strong>de</strong> ser tambéminvestigador, <strong>de</strong>senvolvendo uma investigação relacionado com a sua função<strong>de</strong> professor, <strong>de</strong> forma a contribuir para o crescimento do seu conhecimentosobre a educação, adquirindo dinâmicas próprias.No professor - investigador <strong>de</strong>ve existir a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> educação, ainvestigação, o <strong>de</strong>senvolvimento profissional e institucional e a inovação, umavez que a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> educação é o objetivo que presi<strong>de</strong> a formação <strong>de</strong>professores e é a razão <strong>de</strong> se ser um bom professor. Nessa formação, <strong>de</strong>veestar vinculado o “crescimento e melhoria <strong>da</strong>s pessoas, não se limitando amera aquisição <strong>de</strong> conhecimentos ou ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>strezas”(Neves, I. 2007:85). Como Alarcão afirma, “os futuros professores apren<strong>de</strong>m ainvestigar com os investigadores” (2001:12), que remete para a vivência emcomuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagens que são marca<strong>da</strong>s pelo espírito <strong>de</strong>investigação, uma vez que constitui ambientes favoráveis ao <strong>de</strong>senvolvimentodo espírito <strong>de</strong> pesquisa.O professor - investigador <strong>de</strong>verá ter espírito aberto e divergente;compromisso e perseverança; respeito pelas i<strong>de</strong>ias do outro; autoconfiança;capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se sentir questionado; sentido <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> e espírito <strong>de</strong>


aprendizagem. Relativamente às competências <strong>de</strong> ação, <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>cisivo no<strong>de</strong>senvolvimento, na execução e na avaliação dos projetos; <strong>de</strong>ve ser capaz <strong>de</strong>trabalhar em conjunto. Quanto a competências metodológicas, <strong>de</strong>ve observar;levantar hipóteses; formular questões <strong>de</strong> pesquisa; <strong>de</strong>limitar as questões apesquisar, <strong>de</strong> forma a analisá-las e sistematizá-las.Um professor - investigador só é consi<strong>de</strong>rado como bom professor –investigador, quando comunicar com clareza, utilizando o diálogoargumentativo e interpretativo, realçando os aspetos que contribuem para oconhecimento ou resolução <strong>de</strong> problemas. Segundo Alarcão, “Ser professorinvestigadoré ser capaz <strong>de</strong> se organizar para, perante uma situaçãoproblemática, se questionar intencional e sistematicamente com vista à suacompreensão e posterior solução” (2001:6).O papel do professor como investigador <strong>de</strong>ve estar intimamenterelacionado com o papel do professor como professor. É <strong>de</strong> realçar que oeducador que reflete e que sente necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> disso é um investigador e a suainvestigação está relacionado com a sua função. Assim, é também umprofessor reflexivo, que procura o equilíbrio entre a ação e o pensamento, <strong>da</strong>í aque uma nova prática implique uma reflexão sobre a sua experiência, sobre oque ensina e as metodologias que utiliza, seleccionando a melhor estratégia <strong>de</strong>aprendizagem para as suas crianças.1.5 – METODOLOGIAS DE INTERVENÇÃO EDUCATIVA EPRINCÍPIOS PEDAGÓGICOSNa sua prática, o educador tem que utilizar os mo<strong>de</strong>los curriculares que oapoiam na dinamização <strong>da</strong> ação educativa, tornando-a intencional, para que ascrianças adquiram mais conhecimentos e aprendizagens. O educador sabe quea sua ação marca a diferença na pe<strong>da</strong>gogia, uma vez que <strong>de</strong>monstra aperceção <strong>de</strong> que existe “ […] inter<strong>de</strong>pendência entre criança/aluno que apren<strong>de</strong>e o contexto <strong>de</strong> aprendizagem” (Oliveira-Formosinho, 2002:6).Segundo Spo<strong>de</strong>k, “um mo<strong>de</strong>lo curricular é uma representação i<strong>de</strong>al <strong>de</strong>premissas teóricas, políticas administrativas e componentes pe<strong>da</strong>gógicas <strong>de</strong>um contexto que visa obter um <strong>de</strong>terminado resultado educativo” (2010: 194).


Por outras palavras, um mo<strong>de</strong>lo curricular <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> teorias que explicam comoas crianças apren<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>senvolvem-se e qual a melhor forma <strong>de</strong> organizar osrecursos e as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem, auxiliando na dinamização <strong>da</strong>ação educativa.A prática pe<strong>da</strong>gógica <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> neste estágio profissionalizante foiapoia<strong>da</strong> pelos teóricos, vinculando-se na perspetiva construtivista, os quaisconstituíram o suporte <strong>da</strong> ação propostos por Hohmann e Weikart (2009),proporcionando a abor<strong>da</strong>gem High/Scope; Vasconcelos (2011) e Katz (2009),referentes ao Trabalho <strong>de</strong> Projeto. Em <strong>de</strong>terminados aspetos, surgiu ocontributo do Mo<strong>de</strong>lo Curricular <strong>de</strong> Reggio Emilia, instituído por Malaguzzi e oMo<strong>de</strong>lo Curricular do Movimento <strong>da</strong> <strong>Escola</strong> Mo<strong>de</strong>rna, apoiado pelas técnicas<strong>de</strong> Freinet. Serão explicados os contributos e os pontos fun<strong>da</strong>mentais utilizados<strong>de</strong>stas abor<strong>da</strong>gens pe<strong>da</strong>gógicas na intervenção <strong>de</strong> estágio.1.5.1 - Mo<strong>de</strong>lo High/ScopeNa abor<strong>da</strong>gem High/Scope, crianças e adultos partilham o controlo, mas “[…] o po<strong>de</strong>r para apren<strong>de</strong>r resi<strong>de</strong> na criança, o que justifica o foco nas práticas<strong>de</strong> aprendizagem através <strong>da</strong> ação […]” (Hohmann & Weikart, 2009: 1). O adultotem a função <strong>de</strong> apoiar e guiar as crianças nas experiências que integram aaprendizagem pela ação (Ibi<strong>de</strong>m).Este mo<strong>de</strong>lo propõe também a manipulação e exploração <strong>de</strong> novasexperiências e apresenta a criança com um papel ativo na construção do seuconhecimento, isto é, as vivências que as crianças têm diariamente. Estaconstrução não é estática mas efetua-se através <strong>de</strong> ações que <strong>de</strong>vem serinterpreta<strong>da</strong>s com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s estruturas mentais, através <strong>da</strong>interação social, visto a criança apren<strong>de</strong>r fazendo e experimentando, portanto ocontexto educacional <strong>de</strong>ve centrar-se na ação <strong>da</strong> criança.Hohmann e Weikart afirmam que “a aprendizagem ativa ocorre <strong>de</strong> formamais eficaz em contextos que provi<strong>de</strong>nciam oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagema<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s do ponto <strong>de</strong> vista do <strong>de</strong>senvolvimento” (2009:19). Segundo asobservações realiza<strong>da</strong>s neste estágio comprova-se que a criança explora,manipula, investiga e <strong>de</strong>scobre os objetos que são do seu interesse,transformando-se em sujeitos ativos <strong>da</strong> construção do conhecimento.


A aprendizagem ativa é assim um processo dinâmico, on<strong>de</strong> as criançasparticipam ativamente na sua aprendizagem, exploram, <strong>de</strong>scobrem, tratam eaplicam a informação, dialogando, ouvindo e refletindo no <strong>de</strong>correr <strong>da</strong>sativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que contêm a resolução dos problemas, a análise, a síntese e aavaliação. A aprendizagem resulta <strong>da</strong> relação entre o sujeito com o meio, noqual o centro <strong>de</strong> aprendizagem é a criança, para que estas apren<strong>da</strong>m a li<strong>da</strong>rcom situações complexas. O sócio construtivismo propõe assim construir oconhecimento baseado nas relações <strong>da</strong>s crianças com a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, valorizandoe aprofun<strong>da</strong>ndo o conhecimento.Outro dos princípios básicos é a interação adulto-criança, que estápatente <strong>de</strong> forma positiva uma vez que se apoiam nas conversas ebrinca<strong>de</strong>iras. O adulto centra-se no escutar com atenção para <strong>de</strong>pois colocarcomentários e observações pertinentes, já que este tipo <strong>de</strong> interação “permite àcriança expressar com liber<strong>da</strong><strong>de</strong> e confiança os seus pensamentos esentimentos, <strong>de</strong>cidir acerca <strong>da</strong> direcção e conteúdo <strong>da</strong> conversa eexperimentar uma partilha ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira <strong>de</strong> diálogo” (Ibi<strong>de</strong>m:7). Isto reflete otrabalho do adulto em orientar e apoiar as crianças na sua própriacompreensão do mundo, <strong>da</strong>ndo-lhes oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> escolha, <strong>de</strong> autonomiae encorajando-as a aproveitar as suas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Relativamente ao processo <strong>de</strong> avaliação, este permite averiguar o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança, o processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem e a relaçãocom a família, sendo imprescindível observar, participar, recolher <strong>da</strong>dos erefletir. É importante ain<strong>da</strong> planificar com as crianças porque as estimula aarticularem as suas i<strong>de</strong>ias, escolhas e <strong>de</strong>cisões, promovendo a auto-confiançae o seu sentido <strong>de</strong> controlo e responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Optou-se também pelarealização <strong>de</strong> portfólio <strong>da</strong> criança, permitindo retirar conclusões e obtendorespostas sobre a evolução <strong>da</strong>s crianças referente às áreas <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento. A divulgação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos trabalhos envolve-as também“na avaliação do seu próprio trabalho e que permite revisitar experiências erefletir sobre elas” (Shores e Grace, 2001:78)Para que haja uma aprendizagem ativa por parte <strong>da</strong>s crianças, o espaçoé fulcral e <strong>de</strong>ve exigir investigação e investimento por parte <strong>da</strong> equipa


pe<strong>da</strong>gógica que manteve <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o inicio a preocupação <strong>de</strong> criar um ambienteestimulante e <strong>de</strong>safiador, organizando o espaço por áreas, <strong>de</strong> forma aproporcionar interesses e oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração. As crianças sãoresponsáveis pela organização e separavam os materiais <strong>de</strong> acordo com ca<strong>da</strong>área, o que <strong>de</strong>monstra interação e conhecimento do espaço (Portfólio Reflexivo– Reflexão sobre Espaço e Materiais, do dia 23 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2011).A área <strong>da</strong> escrita é um espaço que tem suscitado interesses, <strong>de</strong>safios eprocura por parte <strong>da</strong>s crianças, pois o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> realizar ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s nesta áreasurge <strong>de</strong> forma espontânea. O jardim-<strong>de</strong>-infância representa um espaçoprivilegiado para aprendizagens estruturantes e <strong>de</strong>cisivas no <strong>de</strong>senvolvimento<strong>da</strong> criança. Assim, é inquestionável o papel e a importância <strong>da</strong> linguagem,como veículo <strong>de</strong> comunicação e <strong>de</strong> acesso ao conhecimento. Nos próximoscapítulos, esta temática alusiva à linguagem oral e escrita será aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> eestu<strong>da</strong><strong>da</strong>, <strong>de</strong>scobrindo a sua importância num grupo <strong>de</strong> crianças com 5 anos.A rotina apoia a aprendizagem ativa, proporcionando uma sequência <strong>de</strong>planear-fazer-rever, permitindo às crianças expressarem as suas intenções, pôlasem prática e refletirem. Este processo aju<strong>da</strong> a criança na exploração,planeamento, execução <strong>de</strong> projetos e na toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões, proporcionando“a segurança <strong>de</strong> sequências predizíveis <strong>de</strong> acontecimentos, transições suaves”(Hohmann e Weikart, 2009:226). No momento <strong>de</strong> acolhimento é disponibilizadotempo para as crianças falarem <strong>de</strong> assuntos do seu interesse e planificarem assuas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s diárias.1.5.2 – Metodologia <strong>de</strong> Trabalho <strong>de</strong> ProjetoWilliam Kilpatrick (1871-1956) através dos princípios <strong>de</strong> Jonh Dewyformou o método <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> projeto e tinha como objetivo tornar a filosofia<strong>de</strong> mestre acessível a todos. Kilpatrick valorizava as relações professor - aluno;as aprendizagens negocia<strong>da</strong>s; as <strong>de</strong>cisões partilha<strong>da</strong>s e assumi<strong>da</strong>s emconjunto; a cooperação; a família e a atenção profun<strong>da</strong> ao meio físico e culturalenvolvente <strong>da</strong> escola. Para Kilpatrcik, era fun<strong>da</strong>mental a educação em atosintencionais e os projetos po<strong>de</strong>riam favorecer a função estética, a resolução <strong>de</strong>problemas e a aquisição <strong>de</strong> competências e aprendizagens.


O trabalho <strong>de</strong> projeto surge na necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver umametodologia <strong>de</strong> trabalho pe<strong>da</strong>gógico, que valorize a participação <strong>da</strong>s crianças edo educador no processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem, tornando todos oselementos responsáveis pela planificação, elaboração e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ca<strong>da</strong> projeto <strong>de</strong> trabalho. Desta forma, o Trabalho <strong>de</strong> Projeto “assume que auni<strong>da</strong><strong>de</strong> base <strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia é o ato intencional, e este nasce <strong>de</strong> uma pessoaenfrentando uma situação, perante a qual age <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>libera<strong>da</strong> e planea<strong>da</strong>”(Gambôa; 2011:55). O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s crianças é promovido através doenvolvimento <strong>da</strong>s suas mentes, pois faz com que estas tenham que pensar,agir, <strong>de</strong>senvolver ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, tirar conclusões, adquirindo novos conhecimentos.Esta metodologia é utiliza<strong>da</strong> como uma abor<strong>da</strong>gem à educação préescolar,pois refere-se a uma forma <strong>de</strong> ensino e aprendizagem, assim como aoconteúdo que é ensinado e aprendido. Esta abor<strong>da</strong>gem dá ênfase ao papel doeducador, que cria o contexto educativo a<strong>de</strong>quado, assegurando não só ainiciativa e participação <strong>da</strong>s crianças, bem como a mobilização cui<strong>da</strong>dosa epertinente dos diferentes elementos <strong>da</strong> relação pe<strong>da</strong>gógica, reconstruindoassim “os sentidos do que “fazemos e pensamos”, pela apropriação dossignificados em contexto” (Ibi<strong>de</strong>m: 60). As crianças esforçam-se porcompreen<strong>de</strong>r as suas experiências e isto incentiva-as no emprego <strong>de</strong> questões,na resolução <strong>de</strong> problemas, aumentando o seu conhecimento.O trabalho <strong>de</strong> projeto encontra-se dividido por fases que diferemconsoante os autores, nomea<strong>da</strong>mente Kilpatrick, Teresa Vasconcelos (1998) eLilian Katz e Sylvia Chard (2009), que apresentaram apenas três fases.Segundo estas autoras, na Fase I (Planeamento e Início) cria-se umabase <strong>de</strong> trabalho comum entre as crianças, partilhando informações, i<strong>de</strong>ias eexperiências que estas já têm sobre o que vão trabalhar. Nesta fase, oeducador funciona como uma fonte <strong>de</strong> sugestões e aju<strong>da</strong> as crianças aconstruir uma perspetiva comum e a formularem um conjunto <strong>de</strong> questões queserão o fio condutor <strong>da</strong> sua investigação. As crianças, juntamente com oeducador, incrementam planos <strong>de</strong> forma a conduzir a investigação, planeiamvisitas e <strong>de</strong>senvolvem questões iniciais às quais as investigações realiza<strong>da</strong>sirão <strong>da</strong>r resposta. Os pais po<strong>de</strong>m ser informados do projeto que está a ser


<strong>de</strong>senvolvido e convi<strong>da</strong>dos a participar e as crianças trazem <strong>de</strong> casa objetosrelevantes e recolhem materiais para as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.A Fase II refere-se à execução e o principal objetivo do educador é“permitir que as crianças adquiram novas informações e conhecimentos” (Katze Chard; 2009:104). Isto é feito através <strong>da</strong> organização <strong>de</strong> Visitas <strong>de</strong> Estudo,através <strong>de</strong> um convi<strong>da</strong>do ou reunindo livros, fotografias, objetos. Apossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> existir um acontecimento partilhado fornece um meio comum<strong>de</strong> experiências. As crianças conseguem ain<strong>da</strong> explorar novas fontes <strong>de</strong>informação, assimilar novos conhecimentos e experimentarem outros tipos <strong>de</strong>interação com os colegas e o Educador. Este tem um papel fulcral, pois <strong>de</strong>veincentivar as crianças à utilização in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong>s capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s que já fruem.O educador está atento ao fortalecimento <strong>da</strong>s predisposições <strong>da</strong>s crianças para<strong>de</strong>scobrirem e levarem a cabo o que lhes interessa.Por fim, a Fase III <strong>de</strong>stina-se às reflexões e conclusões, tendo comoobjetivo principal o <strong>de</strong> “aju<strong>da</strong>r as crianças a concluir o projecto através dotrabalho <strong>de</strong> grupo e individual, e fazer um resumo do que apren<strong>de</strong>ram” (Ibi<strong>de</strong>m105), uma vez que as crianças partilham uma compreensão e têm em comumum entendimento completo e aprofun<strong>da</strong>do do projeto. A aprendizagem <strong>da</strong>scrianças <strong>de</strong>ve ter uma interpretação que seja fortifica<strong>da</strong> e individualiza<strong>da</strong>,exprimindo os conhecimentos adquiridos. Nesta fase, é necessário a “<strong>de</strong>scriçãopormenoriza<strong>da</strong> do percurso <strong>de</strong> aprendizagem <strong>da</strong>s crianças, para que o projetorepresente para ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>las uma mais-valia e uma experiência muitoprópria” (ibi<strong>de</strong>m). Deve-se ain<strong>da</strong> organizar uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> em que as criançaspossam apresentar o que apren<strong>de</strong>ram às outras salas do jardim-<strong>de</strong>-infância e àcomuni<strong>da</strong><strong>de</strong> envolvente. A avaliação não é feita apenas no final do projeto,pelo contrário, “é um procedimento, uma atitu<strong>de</strong> transversal a to<strong>da</strong>s as fases doprojeto” (Gambôa, 2011:57).No Trabalho <strong>de</strong> Projeto, o espaço é um lugar <strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, invenção,repleto <strong>de</strong> interações abertas e <strong>de</strong> múltiplas relações, on<strong>de</strong> os protagonistasconstroem e recriam uma pe<strong>da</strong>gogia em participação, que partilha lugar com aaprendizagem. Uma <strong>da</strong>s vantagens do trabalho <strong>de</strong> projeto é que engloba ainterdisciplinari<strong>da</strong><strong>de</strong> latente entre to<strong>da</strong>s as áreas e domínios <strong>de</strong> conteúdo.


1.5.3 - Mo<strong>de</strong>lo Reggio EmiliaO mo<strong>de</strong>lo pe<strong>da</strong>gógico <strong>de</strong> Reggio Emilia <strong>de</strong>senvolve-se em torno <strong>da</strong>construção <strong>da</strong> imagem <strong>da</strong> criança que, na perspetiva pe<strong>da</strong>gógica, éconceptualiza<strong>da</strong> como um sujeito <strong>de</strong> direitos, competente, aprendiz ativo queconstrói e testa teorias acerca <strong>de</strong> si próprio. Este mo<strong>de</strong>lo tem como base avalorização <strong>da</strong>s diferentes linguagens <strong>da</strong>s crianças, a organização do espaço,o trabalho colaborativo entre equipa <strong>de</strong> profissionais <strong>da</strong> escola e a participaçãoativa dos pais. O espaço é consi<strong>de</strong>rado o 3º educador e tal como Rinaldi (1993)afirma “as crianças precisam <strong>de</strong> sentir que to<strong>da</strong> a escola, incluindo o espaço,materiais e projectos, a apoiam e valorizam a interacção e a comunicação”(Oliveira-Formosinho, 2007:107). Este mo<strong>de</strong>lo incentiva o <strong>de</strong>senvolvimentointelectual <strong>da</strong>s crianças por meio <strong>de</strong> um foco sistemático sobre a representaçãosimbólica. As crianças são encoraja<strong>da</strong>s a explorar o seu ambiente e aexpressarem-se através <strong>da</strong>s suas “cem linguagens”.A principal mensagem <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo é que em cooperação todos osobjetivos po<strong>de</strong>m ser alcançados. Um dos pilares <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo é o sentimentoe a vivência <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> educativa, on<strong>de</strong> os educadores e as famíliasconstituem uma equipa <strong>de</strong> trabalho, cooperando e colaborando para conseguirum <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competências <strong>de</strong> melhor quali<strong>da</strong><strong>de</strong> nas crianças.A aprendizagem processa-se <strong>de</strong> forma recíproca e bilateral entre ascrianças, professores e famílias, em que todos apren<strong>de</strong>m com todos. Nainstituição, reconhece-se a importância do hall <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> e <strong>da</strong>s pare<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong>estão expostos os trabalhos e registos <strong>da</strong>s crianças, revelando às famílias ostrabalhos elaborados pelas crianças, permitindo <strong>da</strong>r visibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, obter a reaçãodos pais e possibilitar às crianças uma memória do que fizeram e disseram.Daí que Loris Malaguzzi (1994) afirme que “as nossas pare<strong>de</strong>s falam,documentam…” (Ibi<strong>de</strong>m: 110).1.5.4 - Mo<strong>de</strong>lo Movimento <strong>Escola</strong> Mo<strong>de</strong>rnaO Mo<strong>de</strong>lo Curricular MEM associou-se à Fe<strong>de</strong>ração Internacional dosMovimentos <strong>da</strong> <strong>Escola</strong> Mo<strong>de</strong>rna, no ano <strong>da</strong> morte <strong>de</strong> Célestin Freinet (1966) efoi evoluindo “para uma perspectiva <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> aprendizagens,


através <strong>de</strong> uma interacção sociocentra<strong>da</strong>, radica<strong>da</strong> na herança sociocultural are<strong>de</strong>scobrir com o apoio dos pares e dos adultos” (Ibi<strong>de</strong>m: 139). Trabalharsegundo o MEM implica uma dinâmica <strong>de</strong> organização na sala, on<strong>de</strong> os adultose as crianças são os próprios agentes educativos <strong>da</strong>s aprendizagens.Neste mo<strong>de</strong>lo, a criança é vista como parte integrante <strong>de</strong> um grupo, queimporta conhecer e respeitar, reconhecendo a criança como construtora <strong>de</strong>saberes com os outros. A vi<strong>da</strong> do grupo organiza-se em torno <strong>de</strong> umaexperiência <strong>de</strong>mocrática, on<strong>de</strong> se privilegia a comunicação, negociação e acooperação. O diálogo é outro aspeto importante, uma vez que na procura <strong>de</strong>consensos faz sobressair o respeito atribuído a todos os indivíduos envolvidosno processo educativo e social.Na sala, é possível observar um conjunto <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> organização<strong>de</strong> forma a facilitar o dia-a-dia, nomea<strong>da</strong>mente a tabela <strong>de</strong> presenças, osplanos individuais <strong>da</strong>s áreas, o calendário anual e dos aniversários e o diário<strong>de</strong> sala. Estes instrumentos têm a função <strong>de</strong> organizar <strong>de</strong> forma social otrabalho e a vi<strong>da</strong> do grupo, sendo manipulados pelas crianças. Nasassembleias semanais, as crianças avaliam a semana que termina e com autilização do diário referem o que gostaram ou não nessa semana, o quefizeram e o que querem fazer, <strong>de</strong> forma a planificaram a semana seguinte.No dia-a-dia crianças e educadores planeiam o seu dia <strong>de</strong> trabalho,trocam experiências e organizam o projeto e têm momentos <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s,escolhidos pelas crianças e que pressupõe um compromisso eresponsabilização por parte <strong>de</strong>stas, quando trabalham em áreas <strong>da</strong> sala ou<strong>de</strong>senvolvem um trabalho <strong>de</strong> grupo. Esta organização, espacial e funcional,permite que as crianças estejam a trabalhar sozinhas nas diferentes áreas <strong>da</strong>sala, <strong>de</strong>senvolvendo assim a sua autonomia em relação ao adulto eestimulando o seu empenho nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que estão a <strong>de</strong>senvolver.Deste mo<strong>de</strong>lo, prevalece a importância do envolvimento entre ainstituição, os pais e a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, para que a interação <strong>da</strong>s crianças sejaalarga<strong>da</strong> às pessoas do meio, à socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em geral e o jardim-<strong>de</strong>-infânciapossa cumprir “o seu papel <strong>de</strong> mediador e <strong>de</strong> promotor <strong>da</strong>s expressõesculturais” (Oliveira-Formosinho, 2007:156).


CAPITULO 2 - METODOLOGIAS DE INVESTIGAÇÃO2.1 - Opções MetodológicasA experiência e vivência que a criança faz do processo <strong>de</strong> socialização nojardim-<strong>de</strong>-infância é <strong>de</strong>terminante, não sendo possível elaborar nenhum estudo<strong>de</strong> caratér pe<strong>da</strong>gógico nem investigar, sem se conhecer o campo on<strong>de</strong> sepreten<strong>de</strong> intervir. O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho está centrado na investigação <strong>da</strong>construção <strong>da</strong> criança como ser autónomo, espontâneo e motivado naconstrução do conhecimento no universo <strong>da</strong> leitura e <strong>da</strong> escrita, on<strong>de</strong> sepontua a importância <strong>da</strong> escrita para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança <strong>de</strong> 5 anos.Assim, surgiu a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer o trabalho <strong>de</strong>senvolvido pelaequipa pe<strong>da</strong>gógica <strong>da</strong> sala, compreen<strong>de</strong>ndo a perceção <strong>da</strong> Educadora, <strong>da</strong>scrianças e a influência que os projetos e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s têm no seu<strong>de</strong>senvolvimento, tendo sempre presente como contexto a instituição on<strong>de</strong><strong>de</strong>correu o estágio. Recorreu-se à análise dos documentos <strong>da</strong> instituição e doMinistério <strong>da</strong> Educação, bem como à revisão bibliográfica.Um profissional que trabalha em educação <strong>de</strong>ve recorrer a váriosinstrumentos <strong>de</strong> observação, <strong>de</strong> modo a facilitar a visão que tem <strong>de</strong> ca<strong>da</strong>criança para que possa perceber e compreen<strong>de</strong>r ca<strong>da</strong> uma, bem como as suasdificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s, interesses e metas alcança<strong>da</strong>s ao longo do ano.Aten<strong>de</strong>ndo aos objetivos <strong>de</strong> estudo, foi necessário recorrer a um estudo<strong>de</strong> caso, ao método <strong>de</strong> análise intensiva, possibilitando uma abor<strong>da</strong>gemqualitativa <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> observa<strong>da</strong>. Assim, foi possível estu<strong>da</strong>r uma amostraparticular, seleciona<strong>da</strong> <strong>de</strong> acordo com um <strong>de</strong>terminado objetivo, organizandoos resultados obtidos <strong>de</strong> maneira a preservar o seu carácter unitário. O estudo<strong>de</strong> caso caracteriza-se por permitir uma gran<strong>de</strong> flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> ao nível <strong>da</strong> seleção<strong>da</strong>s técnicas a utilizar e pela profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> do estudo que é possível obter.Segundo Merriam (1998) “o estudo <strong>de</strong> caso consiste na observação<strong>de</strong>talha<strong>da</strong> <strong>de</strong> um contexto, ou indivíduo, <strong>de</strong> uma única fonte <strong>de</strong> documentos ou<strong>de</strong> um acontecimento específico” (citado por Bog<strong>da</strong>n & Biklen, 2010: 89). Porsua vez, Stake (1998), <strong>de</strong>fine estudo <strong>de</strong> caso como um estudo <strong>de</strong>


complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um caso singular. A ênfase está na especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>, ou seja,na i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> do caso (citado por Neves, Ivone 2005: 120).É <strong>de</strong> realçar que a teoria <strong>de</strong>sempenha um papel centralizador dos váriosmomentos <strong>da</strong> investigação, impedindo divisões dissimula<strong>da</strong>s entre conceção eexecução. Assim, Quivy & Campenhoudt realçam a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> explorar asteorias “<strong>de</strong> ler e <strong>de</strong> reler as investigações exemplares […] e <strong>de</strong> adquirir o hábito<strong>de</strong> refletir antes <strong>de</strong> se precipitarem sobre o terreno ou sobre os <strong>da</strong>dos, ain<strong>da</strong>que seja com as técnicas <strong>de</strong> análise mais sofistica<strong>da</strong>s” (1998:50).Consi<strong>de</strong>rando o contexto, este estudo tem como principais objetivosverificar qual a importância <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem à escrita num grupo <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> 5anos; perceber qual a posição <strong>da</strong> educadora quanto à prática <strong>de</strong> estimular ascrianças neste domínio e perceber a opinião <strong>da</strong>s crianças relativamente àescrita e à sua funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>.2.2 - Pertinência do Tema“Ao mesmo tempo que se tornam seres que falam, escrevem e lêem, ascrianças tornam-se também seres que produzem significado – <strong>da</strong>ndo sentidoao que as ro<strong>de</strong>ia” (Spo<strong>de</strong>k, 2010:265). A aquisição <strong>da</strong> linguagem pela criança éfruto <strong>de</strong> uma condição necessária a estímulos que a mesma apren<strong>de</strong> do meiocircun<strong>da</strong>nte e <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, configurando-se assim, a linguagem como umaver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira construção social. Segundo Rebelo (1990), “o ambiente on<strong>de</strong>ocorrem as primeiras vivências escolares é importante para [a criança] e irácondicionar to<strong>da</strong>s as suas aquisições” (Horta, 2007:20).As crianças usam a língua fala<strong>da</strong> e escrita para construírem ou reagirema histórias, para explorarem ou adquirirem informação sobre o mundo e parapassar informação aos outros. Uma vez que as crianças “usam a língua parainteragir com outras pessoas em activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s com uma finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>”(Spo<strong>de</strong>k, 2010:267), <strong>de</strong>vemos ajudá-las <strong>de</strong> forma a torná-las mais competentessob o ponto <strong>de</strong> vista comunicacional, para que consigam dominar o uso <strong>da</strong>língua fala<strong>da</strong> e <strong>da</strong> língua escrita.Para Vygotsjy, e citando Fontes e Freixo (2004), a linguagem é


“a ferramenta mais importante, um instrumento com imenso po<strong>de</strong>r, e funcionacomo um mediados que surge primeiro como uma forma <strong>de</strong> comunicação entre acriança e os outros e permite <strong>de</strong>pois organizar o pensamento <strong>da</strong> criança. Alinguagem é pois, fun<strong>da</strong>mental entre aprendizagem e <strong>de</strong>senvolvimento” (Horta,2007: 43)Através <strong>da</strong> linguagem comunicamos, realizamos aprendizagens,exprimimos emoções e organizamos e reorganizamos o pensamento. Noentanto, através <strong>da</strong> linguagem escrita também comunicamos, registamos,partilhamos informação, avaliamos, logo a linguagem escrita e oral sãocomplementares uma à outra (Portfólio Reflexivo - Reflexão “ Linguagem Oral ea Linguagem Escrita no Pré-<strong>Escola</strong>r” do dia 3 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2012).A abor<strong>da</strong>gem à escrita na educação pré-escolar tem como finali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong>stacar a “importância <strong>de</strong> tirar partido do que a criança já sabe, permitindo-lhecontactar com as diferentes funções do código escrito” (OCEPE, 2007:65).2.3 - InstrumentosPara a realização <strong>de</strong>ste estudo, foi necessário realizar inicialmente umaanálise documental e elaborar caracterizações do grupo que permitissemverificar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s crianças. A elaboração <strong>de</strong> reflexões econsequente construção <strong>de</strong> um portfólio reflexivo aju<strong>da</strong>ram nas planificações ea reformular a ação <strong>da</strong> prática pe<strong>da</strong>gógica.Segundo Quivy & Campenhoudt, a questão <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> tem o intuito <strong>de</strong>clarificar o que se quer investigar, <strong>de</strong> forma a compreen<strong>de</strong>r os fenómenos e osacontecimentos observáveis. Esta <strong>de</strong>ve ser clara, exequível e pertinente, umavez que tenta “exprimir o mais exatamente possível o que procura saber,eluci<strong>da</strong>r, compreen<strong>de</strong>r melhor” (1998: 32). Uma vez que a pergunta <strong>de</strong> parti<strong>da</strong>é o “fio condutor do trabalho”, <strong>de</strong>ve estar a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> aos recursos pessoais,materiais e técnicos e não <strong>de</strong>ve cair em juízos <strong>de</strong> valor ou moralismos,auxiliando à rutura <strong>de</strong> preconceitos. Deste modo, e aten<strong>de</strong>ndo ao objetivo emestudo, formulou-se a pergunta <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> – “Qual a importância <strong>da</strong> escrita parao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança <strong>de</strong> 5 anos?”.Para esta pergunta ser respondi<strong>da</strong>, os instrumentos que irão serutilizados serão as entrevistas e a sua análise, complementando essa


investigação através <strong>de</strong> registos <strong>de</strong> observação, tais como registos <strong>de</strong>inci<strong>de</strong>ntes críticos, consistindo em “breves relativos narrativos que <strong>de</strong>screvemum inci<strong>de</strong>nte ou comportamento consi<strong>de</strong>rado importante para ser observado eregistado […] que permitem ao observador captar e preservar alguma <strong>da</strong>essência do que está a acontecer” (Parente, C; 2002: 181); registo contínuo,que é “um relato narrativo e <strong>de</strong>talhado <strong>de</strong> um comportamento ou acontecimentoregistado sequencialmente tal como ocorrem […] apenas <strong>de</strong>screvem factos,tendo o observador cui<strong>da</strong>do em não realizar quaisquer interpretações oucomentários” (Ibi<strong>de</strong>m:183) e listas <strong>de</strong> verificação, isto é, “listas <strong>de</strong> traçosespecíficos ou comportamentos agrupados numa or<strong>de</strong>m lógica” (Ibi<strong>de</strong>m: 187)nas quais há comportamentos específicos a serem observados. Será tambémutiliza<strong>da</strong> a grelha <strong>de</strong> projetos lúdicos e <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s relaciona<strong>da</strong>scom o domínio <strong>da</strong> escrita e sejam essenciais para fun<strong>da</strong>mentar o relatório final.A observação “permite o conhecimento directo dos fenómenos tal comoeles acontecem num <strong>de</strong>terminado contexto” (Máximo-Esteves, 2008:87). Estacontribui para conhecer e avaliar as crianças e essa informação obti<strong>da</strong> tem avantagem <strong>de</strong> ser exata, precisa e significativa para os educadores. Ainformação po<strong>de</strong> “servir como feedback para o educador ir modificando oambiente e o programa, <strong>de</strong> forma a melhor correspon<strong>de</strong>r às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>scrianças”. (Parente, C; 2002: 180)A entrevista é outro instrumento a ser utilizado e distingue-se pelaaplicação <strong>de</strong> processos fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> comunicação e interação humanautilizados na forma <strong>de</strong> comunicação verbal. É “um método <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong>informações que consiste em conversas orais, individuais ou <strong>de</strong> grupos […]cujo grau <strong>de</strong> pertinência, vali<strong>da</strong><strong>de</strong> e fiabili<strong>da</strong><strong>de</strong> é analisado na perspetiva dosobjetivos <strong>da</strong> recolha <strong>de</strong> informações” (Ketele & Roegiers, 1999:18).A opção pela entrevista semi-estrutura<strong>da</strong> <strong>de</strong>ve-se por ter como “ponto <strong>de</strong>parti<strong>da</strong> um guião mais estruturado, que versa um leque <strong>de</strong> tópicos previamente<strong>de</strong>finidos pelo entrevistador” (Máximo-Esteves, 2008: 96) e valorizar apresença do investigador oferecendo to<strong>da</strong>s as perspetivas possíveis para que oentrevistado tenha a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r <strong>de</strong> modo espontâneo.


2.4 - AmostraNo presente estudo, solicitou-se a colaboração <strong>de</strong> uma <strong>da</strong>s profissionais<strong>da</strong> Instituição on<strong>de</strong> se realizou a prática pe<strong>da</strong>gógica, nomea<strong>da</strong>mente aEducadora <strong>da</strong> sala dos 5 anos, que realizou a Licenciatura na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> doMinho e exerce a função <strong>de</strong> Educadora <strong>de</strong> Infância à <strong>de</strong>zanove anos. Paracompletar esta investigação, irão ser entrevista<strong>da</strong>s três crianças, <strong>de</strong> um grupo<strong>de</strong> nove rapazes e onze meninas que serão seleciona<strong>da</strong>s <strong>de</strong> modo aleatório.Como a investigação é referente a este grupo <strong>de</strong> crianças e ao interesseque estes têm <strong>de</strong>monstrado sobre a aprendizagem <strong>da</strong> linguagem escrita, aamostra escolhi<strong>da</strong> envolve os elementos principais para a aquisição <strong>de</strong>stesconhecimentos, ou seja, as crianças e a Educadora.2.5 - ProcedimentoEncarando o propósito do estudo, consi<strong>de</strong>rou-se os objetivos e <strong>de</strong>limitouseum estudo <strong>de</strong> caso, passando à recolha e análise <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos.Numa primeira fase, proce<strong>de</strong>u-se essencialmente ao enquadramentoteórico. Na segun<strong>da</strong> fase passou-se à investigação que se caracterizou pelaconstrução <strong>da</strong> pergunta <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> e pela realização <strong>da</strong>s entrevistas, uma àeducadora e três às crianças. Realizado o guião <strong>da</strong> entrevista que tinha comoobjetivo geral conhecer a importância que a escrita tem num grupo <strong>de</strong> criançascom 5 anos que apresentava questões abertas, passou-se à realização <strong>da</strong>sentrevistas e ao levantamento e análise dos <strong>da</strong>dos. Nesta fase, exploramos ainformação recolhi<strong>da</strong> e teve-se em consi<strong>de</strong>ração o enquadramento teórico, osobjetivos <strong>da</strong> investigação e o respeito pela própria natureza <strong>da</strong> informação.Posteriormente, confrontou-se as informações obti<strong>da</strong>s com a revisão teórica.Para a realização <strong>da</strong>s entrevistas (cfr. Anexo I- Guião <strong>de</strong> entrevista àEducadora e Anexo II- Guião <strong>de</strong> entrevista às crianças), recorremos àsrecomen<strong>da</strong>ções <strong>de</strong> Quivy & Campenhoudt (1998), uma vez que a técnica <strong>de</strong>realização foi emprega<strong>da</strong> <strong>de</strong> modo a realizar o mínimo <strong>de</strong> perguntas possíveis,para que se pu<strong>de</strong>sse intervir <strong>de</strong> forma mais aberta, permitindo que osentrevistados apresentassem as suas opiniões.


2.6 - Análise e Tratamento dos <strong>da</strong>dosVisto a investigação incidir sobre a importância <strong>da</strong> escrita num grupo <strong>de</strong>criança com 5 anos, mais concretamente o grupo <strong>de</strong> crianças on<strong>de</strong> foi efetuadoo estágio profissionalizante, houve a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recorrer à utilização <strong>de</strong>análise qualitativa, nomea<strong>da</strong>mente na análise <strong>da</strong>s entrevistas.Segundo Berelson (1952), a análise <strong>de</strong> conteúdo é uma técnica <strong>de</strong>investigação que permite “a <strong>de</strong>scrição objectiva, sistemática e quantitativa doconteúdo manifesto <strong>da</strong> comunicação” (Vala, J; 1987:103). Para ser objetiva,tem que estar dividi<strong>da</strong> por categorias, para ser sistemática, todo o conteúdo<strong>de</strong>ve ser analisado e relacionado com as categorias e ao ser quantitativa, vaipermitir informações mais <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>s e objetivas. Assim, realizou-se a análise<strong>de</strong> conteúdo relativamente à entrevista <strong>da</strong> educadora e <strong>da</strong>s crianças.Para <strong>da</strong>r resposta ao objetivos <strong>de</strong> estudo, surge a aplicação <strong>de</strong>procedimentos metodológicos e os resultados obtidos, que permitem concluirque a escrita é importante na educação pré-escolar para que a criança percebaque esta tem uma funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>. A Educadora salienta “a importância <strong>de</strong> acriança perceber que a escrita tem uma funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> e que a criança estejacuriosa em utilizar essa função”, acrescentando ain<strong>da</strong> que “não interessa queas crianças apren<strong>da</strong>m a escrever mas que já comecem a utilizar a escrita parauma forma prática.” (cfr. Anexo III – Transcrição <strong>da</strong> Entrevista à Educadora) Talcomo refere o Ministério <strong>da</strong> Educação, “Se a escrita e a leitura fazem parte doquotidiano familiar <strong>de</strong> muitas crianças, que assim apren<strong>de</strong>m para que serve lere escrever, to<strong>da</strong>s as crianças <strong>de</strong>verão ter estas experiências na educação préescolar”(OCEPE, 1997:69).Questiona<strong>da</strong> sobre as razões que melhor justificam a abor<strong>da</strong>gem à escritana sua prática educativa, a Educadora refere que não lhe preocupa apreparação para o primeiro ciclo, mas sim que compreen<strong>da</strong>m que esta énecessária, incentivando-as a terem a sua própria escrita, <strong>de</strong>spertando ointeresse e a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> (cfr. Anexo V – Análise <strong>de</strong> conteúdo, quadro nº3).Quando questiona<strong>da</strong> sobre o que é que as crianças pensam sobre aescrita e a sua utili<strong>da</strong><strong>de</strong>, a entrevista<strong>da</strong> afirma que as crianças têm curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>e que o facto <strong>de</strong> algumas terem irmãos mais velhos também aju<strong>da</strong> a que estas


queiram saber mais, porque “vêm os irmãos a escrever e também queremcopiar os trabalhos <strong>de</strong> casa, copiar a forma <strong>de</strong> estar. Eles pensam que o facto<strong>de</strong> escrever quer dizer que eles já são crescidos” (cfr. Anexo III – Transcrição<strong>da</strong> Entrevista à Educadora).Nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que propõe, a Educadora afirma que tenta “executarativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que vão ao encontro <strong>da</strong>queles objetivos, <strong>da</strong>quelas competênciasque a criança <strong>de</strong>verá adquirir”, <strong>da</strong>í que as Orientações Curriculares a primeirabase para organizar as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, completando que os documentos doMinistério <strong>da</strong> Educação são uma mais-valia porque valorizam a linguagemescrita como forma <strong>de</strong> expressão <strong>da</strong> criança (cfr. Anexo V – Análise <strong>de</strong>conteúdo, quadro nº8).Quando questiona<strong>da</strong> sobre as razões que suscitaram o interesse <strong>da</strong>escrita no grupo (cfr. Anexo V – Análise <strong>de</strong> conteúdo, quadro nº10), aentrevista<strong>da</strong> refere aspetos que julga serem importantes para este estudo, eque po<strong>de</strong>m ser confrontados no capítulo 4, acrescentando que este grupo<strong>de</strong>monstrou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo, a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> pela escrita e “talvez por ter irmãosmais velhos e por <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequeninos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os dois anos, que faziamportefólios e <strong>de</strong>pois viam lá registos escritos, a parti<strong>da</strong> era um grupo muitointeressado nessa área” (cfr. Anexo III – Transcrição <strong>da</strong> Entrevista àEducadora). Confrontando com os referentes teóricos, estes sublinham que ascrianças que:“<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo estão envolvi<strong>da</strong>s na utilização <strong>da</strong> linguagem escrita, e quevêem outros a ler e a escrever, vão <strong>de</strong>senvolvendo a sua perspectiva sobre o queé a leitura e a escrita e simultaneamente vão <strong>de</strong>senvolvendo capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s evonta<strong>de</strong> para participarem em acontecimentos <strong>de</strong> leitura e escrita.” (Mata,2008:14)Através <strong>de</strong>sta análise foi possível perceber o ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> educadoraquanto a esta temática, respon<strong>de</strong>ndo assim à pergunta <strong>de</strong> parti<strong>da</strong>. De igualmodo, os objetivos selecionados foram também analisados, visto que focaramno <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> entrevista o papel <strong>da</strong> escrita e a sua importância na educaçãopré-escolar.Para completar este estudo, foi importante perceber a opinião <strong>de</strong> trêscrianças <strong>de</strong>ste grupo, no que se refere à abor<strong>da</strong>gem à escrita (cfr. Anexo IV –Transcrição <strong>da</strong> Entrevista às crianças), uma vez que “é importante que ponham


hipóteses sobre o escrito que as ro<strong>de</strong>ia, sobre as funções, as suascaracterísticas formais, as suas relações com a linguagem oral” (Martins &Santos, 2005: 60).Através <strong>da</strong> análise <strong>da</strong> questão sobre on<strong>de</strong> vêm a escrita e, no que serefere à sua funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>, é possível perceber que as crianças reconhecem alinguagem escrita em situações diversifica<strong>da</strong>s, uma vez que afirmam que vêmpalavras escritas, nas folhas, nos livros, nos posters, nos recados, nos jornais,(cfr. Anexo VI – Análise <strong>de</strong> conteúdo, quadro nº4) Uma criança completou quea escrita “serve para comunicar” e outra acrescentou que “serve paraescrevermos, para apren<strong>de</strong>r, para comunicar e as letras dão informações”, umavez que assim ao lermos percebemos “o que está escrito” (cfr. Anexo IV –Transcrição <strong>da</strong> Entrevista às crianças). Assim, no que diz respeito àscaraterísticas formais <strong>da</strong> escrita, as crianças familiarizam-se “com ascaraterísticas formais do acto <strong>de</strong> leitura, com as diferenças entre olhar e ler”(Ibi<strong>de</strong>m). Para uma criança escrever também é <strong>de</strong>senhar, compreen<strong>de</strong>ndoassim que o <strong>de</strong>senho é escrita, uma forma <strong>de</strong> comunicar e transmitirinformação (cfr. Anexo VI – Análise <strong>de</strong> conteúdo, quadro nº2).Com a realização <strong>da</strong>s entrevistas, foi possível constatar que as criançasconhecem as caraterísticas e convenções do universo gráfico, uma vez quedistinguem letras, <strong>de</strong> números, <strong>de</strong> palavras “No foguetão trabalhamos tambéma escrita, porque uns fizeram <strong>de</strong>senhos, outros fizeram letras, outros números”ou “ca<strong>da</strong> vez que experimentamos coisas novas, escrevíamos palavras e osnúmeros” (cfr. Anexo IV – Transcrição <strong>da</strong> Entrevista às crianças). As opiniões<strong>da</strong>s crianças permitem ain<strong>da</strong> concluir que estas aplicam corretamente ostermos técnicos utilizados no ensino <strong>da</strong> leitura e <strong>da</strong> escrita.Quanto às ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que foram realiza<strong>da</strong>s e que abor<strong>da</strong>ram o domínio <strong>da</strong>escrita (cfr. Anexo VI – Análise <strong>de</strong> conteúdo, quadro nº1), as crianças referiramaquelas que foram mais significativas e as mais recentes, ou seja, o diálogo<strong>da</strong>s letras maiúsculas e minúsculas, a consequente elaboração do alfabetoilustrado e ain<strong>da</strong> os recados que fizeram através <strong>da</strong> cópia <strong>de</strong> palavras.Relacionaram também a escrita com as algumas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que realizaram noprojeto lúdico “O Foguetão”, e que vão ser aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong>s no capítulo 4.


Relativamente à questão que engloba a relação <strong>de</strong> linguagem escrita coma linguagem oral, as crianças entrevista<strong>da</strong>s compreen<strong>de</strong>m que tudo o que sediz po<strong>de</strong> escrever. Porém, uma criança afirma que “alguns sons não se po<strong>de</strong>mimitar e escrever, mas as conversas po<strong>de</strong>-se escrever porque se ouve”. Outracriança <strong>de</strong>staca ain<strong>da</strong> que “escrever não é estar a falar. Escrever é só estarcom a caneta” (cfr. Anexo IV – Transcrição <strong>da</strong> Entrevista às crianças).A análise <strong>da</strong>s entrevistas realiza<strong>da</strong>s à Educadora e às crianças vão <strong>de</strong>encontro às afirmações <strong>de</strong> Martins e Santos, uma vez que “ as formas como ascrianças se apropriam <strong>da</strong>s utilizações <strong>da</strong> linguagem escrita, os modos comoapren<strong>de</strong>m as suas características formais, as formas como concebem asrelações entre linguagem escrita e linguagem oral” (2005: 60) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>da</strong>natureza <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que a equipa pe<strong>da</strong>gógica proporciona ao grupo.CAPÍTULO 3 - CONTEXTO ORGANIZACIONAL3.1 - Caracterização <strong>da</strong> InstituiçãoA Instituição on<strong>de</strong> <strong>de</strong>correu o estágio profissionalizante, inserido noMestrado em Educação Pré-<strong>Escola</strong>r, alberga <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1982 as valências <strong>de</strong>creche, jardim-<strong>de</strong>-infância e A.T.L. Ao longo dos anos, foi sofrendo alteraçõesna sua estrutura, sendo agora uma IPSS (Instituição Particular <strong>de</strong>Soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> Social). Atualmente acolhe cerca <strong>de</strong> 170 crianças, dos 5 mesesaos 10 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, pertencentes a um nível sócio-económico médio-alto.A Instituição localiza-se na freguesia <strong>de</strong> Bonfim, concelho do Porto. Esta éa mais recente freguesia do Porto e conta com cerca <strong>de</strong> 35 mil habitantes.Situa-se numa <strong>da</strong>s principais artérias <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, estando localiza<strong>da</strong> numa área<strong>de</strong> ocupação predominantemente resi<strong>de</strong>ncial e <strong>de</strong> comércio tradicional, poisestá ro<strong>de</strong>a<strong>da</strong> por edifícios habitacionais e outros do setor terciário, permitindoassim às crianças um contacto direto com ambientes do quotidiano. É umazona com boa acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, bem provi<strong>da</strong> ao nível dos transportes públicos,


tendo nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s espaços ver<strong>de</strong>s, uma re<strong>de</strong> diversa <strong>de</strong> bibliotecas,parques públicos e escolas do pré-escolar e primeiro ciclo.Segundo o Ministério <strong>da</strong> Educação, o meio social envolvente “<strong>de</strong> on<strong>de</strong>provêm as crianças que frequentam um <strong>de</strong>terminado estabelecimento <strong>de</strong>educação pré-escolar, a própria inserção geográfica <strong>de</strong>sse estabelecimento -tem também influência, embora indirecta, na educação <strong>da</strong>s crianças” (OCEPE,1997:33), ou seja, o meio envolvente influencia, condiciona e propicia as ações,posturas, acessos e acontecimentos apresentando-se com particulari<strong>da</strong><strong>de</strong>sdistintas que lhe são inerentes, sendo assim, um contexto familiar. Recorrendoao Projeto Educativo <strong>da</strong> Instituição, “o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um é resultado<strong>da</strong>s vivências e relações com os outros e com o meio envolvente”. (2008:10).Esta Instituição consi<strong>de</strong>ra-se como uma “Instituição Aberta”, poisestabelece parcerias e dilata projetos com outras Instituições. Esta interação eintercâmbio com as famílias resultam em momentos <strong>de</strong> prazer e cumplici<strong>da</strong><strong>de</strong>.Para obter um bom funcionamento <strong>da</strong> Instituição, é indispensável aexistência <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> elementos humanos, físicos e materiais. Destaforma, é apoia<strong>da</strong> pelo Corpo Docente, Técnicas Auxiliares, Funcionários <strong>de</strong>Cozinha e Limpeza, Funcionários Administrativos e Médica. A DiretoraPe<strong>da</strong>gógica e os Encarregados <strong>de</strong> Educação também contribuemsignificativamente para o <strong>de</strong>senvolvimento integral <strong>da</strong>s crianças (cfr. Anexo VII– Projeto Educativo). A funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> e a<strong>de</strong>quação dos espaços, bem comoos materiais e a sua organização, são fun<strong>da</strong>mentais para proporcionar asmelhores condições para o <strong>de</strong>senvolvimento do trabalho.Esta Instituição é <strong>de</strong>tentora <strong>de</strong> um Projeto Educativo, um RegulamentoInterno, um Plano Anual <strong>de</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, visto serem estes os instrumentos <strong>de</strong>ação indispensáveis <strong>de</strong> uma instituição.3 1.1 – Projeto EducativoO Projeto Educativo constitui um dos instrumentos do processo <strong>de</strong>autonomia <strong>da</strong>s escolas, o qual“[…] consagra a orientação educativa <strong>da</strong> escola elaborado e aprovadopelos seus órgãos <strong>de</strong> administração e gestão para um horizonte <strong>de</strong> três anos, noqual se explicam os princípios, os valores, as metas e as estratégias segundo os


quais a escola se propõe cumprir a sua função educativa […]” (Decreto-Lei nº115A/98 <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> Maio).Ca<strong>da</strong> escola constrói o seu Projeto Educativo, tornando-o num documentoúnico que materializa o seu retrato e i<strong>de</strong>ntificação. Devido à sua importânciacomo instrumento fun<strong>da</strong>mental <strong>de</strong> gestão escolar, o Projeto Educativo foiimplementado no prosseguimento <strong>da</strong> Lei <strong>de</strong> Bases, através do Decreto-Leinº43/89, como um documento que exprime a vonta<strong>de</strong> e os objetivos <strong>de</strong> umaescola. Assim, o Projeto Educativo <strong>de</strong>sta Instituição remete-nos para umaescola inovadora, aberta para a Arte e para o Mundo, que pensa e elegehábitos <strong>de</strong> auto-reflexão.O Projeto Educativo é remo<strong>de</strong>lado, <strong>de</strong> três em três anos, aten<strong>de</strong>ndo àsnecessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s crianças e <strong>da</strong> Instituição, para que seja possível <strong>da</strong>r respostaà evolução natural dos tempos e dos mecanismos educacionais. Segundo oMinistério <strong>da</strong> Educação “o projecto educativo […] é um instrumento dinâmicoque evolui e se a<strong>da</strong>pta às mu<strong>da</strong>nças <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, por isso este projecto<strong>de</strong>verá ir sendo repensado e reformulando, num processo que implica umaavaliação e reflexão realiza<strong>da</strong> por todos os intervenientes” (OCEPE 1997:44).O Projeto Educativo <strong>de</strong>sta Instituição é elaborado em equipa, o quepermite uma participação ativa <strong>de</strong> todos os intervenientes no processo,segundo uma perspetiva integral, interventiva e participativa, <strong>de</strong>senvolvendouma dinâmica <strong>de</strong> gestão própria, autónoma, gratificante e <strong>de</strong>mocrática (cfr.Anexo VII – Projeto Educativo). Luís Santos Gra<strong>de</strong> afirma que importa“envolver <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fase inicial <strong>de</strong> reflexão sobre o projecto educativo, todos osactores em presença, ou seja, to<strong>da</strong> a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> educativa” (2008:120).O lema <strong>de</strong>sta Instituição é “Para apren<strong>de</strong>r é preciso saber viver. Paracrescer é preciso apren<strong>de</strong>r a mu<strong>da</strong>nça”, e é assim que esta Instituição se<strong>de</strong>fine, <strong>de</strong> forma a respon<strong>de</strong>r “às exigências actuais <strong>da</strong> novacontemporanei<strong>da</strong><strong>de</strong> […]” (Projeto Educativo: 2008:16). Promove uma dinâmica<strong>de</strong> inovação, <strong>de</strong>senvolvendo um movimento contínuo e uma ligação constantecom o meio envolvente. No entanto, esta mu<strong>da</strong>nça só é exequível, pelo facto<strong>de</strong> o Projeto Educativo ser “o eixo fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> administração e gestão <strong>da</strong>escola, capaz <strong>de</strong> imprimir mu<strong>da</strong>nças estruturais, organizacionais e culturais <strong>de</strong>forma consistente” (Gra<strong>de</strong>, 2008:120).


Desta forma, o Projeto Educativo visa respon<strong>de</strong>r à inovação educativa,associando os conceitos <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> educativa, possibilitando o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> aprendizagens significativas e <strong>de</strong>mocráticas, partindosempre do respeito pelas características individuais, culturais e sociais <strong>de</strong> ca<strong>da</strong>criança. A principal finali<strong>da</strong><strong>de</strong> é “favorecer a formação e <strong>de</strong>senvolvimentoequilibrado <strong>da</strong> criança, tendo em vista a plena inserção na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, como serautónomo, livre e responsável” (cfr. Anexo VII – Projeto Educativo).A família assume um papel <strong>de</strong>cisivo como parceira e interlocutora, com aqual se partilham projetos. O seu envolvimento é, também, uma estratégia parapromover através <strong>de</strong>sta partilha, afetos, responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e interesses.Concluindo, po<strong>de</strong>-se afirmar que o Projeto Educativo supõe uma“intenção colectiva, um trabalho <strong>de</strong> equipa no qual o <strong>de</strong>bate e a pesquisa sobreos diferentes aspectos que temos que consi<strong>de</strong>rar são a via <strong>de</strong> eleição para queeste documento resulte num instrumento válido e apropriado por to<strong>da</strong> acomuni<strong>da</strong><strong>de</strong> educativa” (Berény, 2011: 67). Segundo Foutoura, o ProjetoEducativo <strong>da</strong> escola “tem um carácter globalizador e multidimensional, queabrange todos os domínios <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> escola […]” (2006:67).3.1.2 – Regulamento InternoO Regulamento Interno é, segundo Costa, um documento:“jurídico-administrativo, elaborado pela Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, que com carácter estável enormativo contém as regras ou preconceitos referentes à estrutura orgânica,pe<strong>da</strong>gógica, administrativa e económica, que regulam a organização interna docentro” (1994:31).No Regulamento Interno constam to<strong>da</strong>s as regras que <strong>de</strong>verão serpreza<strong>da</strong>s na Instituição, ou seja, segundo o Decreto-Lei nº115 A/98 <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong>Maio, Capítulo1, Artigo 3º Autonomia, ponto 2, alínea B. “ <strong>de</strong>fine o regime <strong>de</strong>funcionamento <strong>da</strong> Instituição, <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um dos seus órgãos <strong>de</strong> administração egestão, <strong>da</strong>s estruturas <strong>de</strong> orientação, dos objectivos em questão, bem como osdireitos e <strong>de</strong>veres dos membros <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> escolar”.Este é composto por diversos capítulos (cfr. Anexo VIII- RegulamentoInterno), estando neles <strong>de</strong>scritos os objetivos e princípios gerais <strong>da</strong> EducaçãoPré-<strong>Escola</strong>r e normas <strong>de</strong> funcionamento <strong>da</strong> Instituição, ou seja, mensali<strong>da</strong><strong>de</strong>s,horário <strong>de</strong> atendimento, reunião <strong>de</strong> pais e equipamento <strong>da</strong> Instituição. É ain<strong>da</strong>


consi<strong>de</strong>rado a organização educacional, on<strong>de</strong> são abor<strong>da</strong>dos os objetivospe<strong>da</strong>gógicos, o calendário escolar e os horários, as saí<strong>da</strong>s do recinto escolar eas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s extra-curriculares. Neste documento surge ain<strong>da</strong> um capítulo querefere a gestão e administração e outro aos direitos e <strong>de</strong>veres.Deste modo, po<strong>de</strong>mos constatar que o Regulamento Interno <strong>de</strong>staInstituição vai do encontro às afirmações <strong>de</strong> Jorge A<strong>de</strong>lino <strong>da</strong> Costa pois, talcomo este refere, é constituído por generali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, organização funcional eadministrativa <strong>da</strong> instituição. O Regulamento Interno <strong>de</strong>sta Instituição <strong>de</strong>staca asua Missão e Natureza, sendo um “estabelecimento <strong>de</strong> educação vocacionadopara proporcionar às crianças activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s lectivas e activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio àfamília”.3.1.3 – Plano Anual <strong>de</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>sO Plano Anual <strong>de</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> Instituição é um documento quecalen<strong>da</strong>riza e assinala os diferentes momentos no ano, on<strong>de</strong> são apresenta<strong>da</strong>sas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s a realizar pela instituição, que terão ou lugar na Instituição ou fora<strong>de</strong>sta, <strong>de</strong> forma a promover a interação com o exterior e com a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.Segundo Costa, é um “instrumento <strong>de</strong> planificação <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong><strong>de</strong>sescolares para o período <strong>de</strong> um ano lectivo consistindo, basicamente, na<strong>de</strong>cisão sobre os objectivos a alcançar e na previsão e organização <strong>da</strong>sestratégias, meios e recursos para os implementar” (1994:27).Ao analisar este documento, verifica-se que se estabelecem parceriascom a Quinta do Covelo, a Fun<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> Serralves e a Casa <strong>da</strong> Música e queexiste uma interação com as pessoas que se apresentam na instituição pararealizar palestras e espetáculos (cfr. Anexo IX- Plano Anual <strong>de</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s).Este Plano Anual <strong>de</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s correspon<strong>de</strong> à materialização operativaanual do Projeto Educativo. Isto permite uma coerência entre as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>sproduzi<strong>da</strong>s e os princípios pe<strong>da</strong>gógicos em que assenta. No entanto, carece <strong>de</strong>objetivos e estratégias, constituído apenas pelas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s a serem realiza<strong>da</strong>s.É ain<strong>da</strong> um documento orientador e organizador do ano letivo, e po<strong>de</strong> sofreralterações sempre que a equipa docente consi<strong>de</strong>rar necessário.


Segundo o Decreto-Lei nº115 A/98 <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> Maio, Capítulo1, Artigo 3ºAutonomia, ponto 2, alínea C, o Plano Anual <strong>de</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s é outro documentoque constitui instrumento do processo <strong>de</strong> autonomia <strong>da</strong>s escolas, e é entendidocomo um “planeamento, elaborado e aprovado pelos órgãos <strong>de</strong> administraçãoe gestão <strong>da</strong> escola, que <strong>de</strong>fine, em função do projecto educativo, os objectivos,as formas <strong>de</strong> organização e <strong>de</strong> programação <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e que proce<strong>de</strong> ài<strong>de</strong>ntificação dos recursos envolvidos” (Decreto-Lei nº115 A/98 <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> Maio).3.2 - Caracterização <strong>da</strong>s famílias e <strong>da</strong>s crianças3.2.1 – Caracterização <strong>da</strong>s famíliasPara que se possa compreen<strong>de</strong>r o meio familiar em que as crianças estãoinseri<strong>da</strong>s, é primordial que seja efetua<strong>da</strong> uma pesquisa sobre o enquadramentodo lar, com vista a perspetivar como funciona o micro sistema on<strong>de</strong> a criançase insere, ou seja, a sua relação com os pais e outros familiares.Constatou-se que a maioria dos pais situa-se entre os trinta e seis anosem ambos os géneros, masculino e feminino. No entanto, através <strong>da</strong>visualização dos gráficos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>s po<strong>de</strong>-se verificar que, apesar <strong>de</strong> a i<strong>da</strong><strong>de</strong>média dos pais e <strong>da</strong>s mães ser a mesma, existe uma percentagem significativa<strong>de</strong> mães mais novas que os pais. Po<strong>de</strong>-se ain<strong>da</strong> verificar que existe pais emães com quarenta e seis ou mais anos (cfr. Anexo X, Gráficos nº1 e nº2).Relativamente à análise dos gráficos <strong>da</strong>s habilitações académicas,verificou-se que tanto as mães como os pais possuem na sua maioria o grauacadémico <strong>de</strong> Licenciatura. O grau académico que os pais <strong>de</strong>têm menos é o 2ºCiclo e o Secundário e no caso <strong>da</strong>s mães não existe nenhuma que tenhaapenas o 2º Ciclo (cfr. Anexo X, Gráficos nº3 e nº4).Quanto às profissões dos pais e <strong>da</strong>s mães, a maioria é professor/a. Noentanto, nos pais existe uma percentagem gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>legados <strong>de</strong> informaçãomédica, engenheiros, bancário, entre outros. Um número significativo <strong>de</strong> mãesé bancária e economista. (cfr. Anexo X, Gráficos nº5 e nº6)


Através <strong>da</strong> observação e do contacto diário com os pais, po<strong>de</strong>-seconstatar que estes pais são compreensivos, interessados e colaboram com aEducadora e com a Instituição sempre que solicitados e possibilitam aoseducandos a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> participem em to<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s propostasdurante o ano letivo, sejam elas realiza<strong>da</strong>s no interior <strong>da</strong> Instituição ou noexterior ou nas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s extra-curriculares.Quanto à estrutura familiar, a maioria dos pais têm como estado civilcasados, tendo um filho único ou dois filhos (cfr. Anexo X, Gráficos nº7 e nº8).A maior parte <strong>da</strong>s crianças moram no concelho do Porto. Assim, constataseque as crianças moram perto <strong>da</strong> Instituição, não tendo que percorrer muitosquilómetros para chegar à mesma. No entanto, existe uma ou outra criança quemora mais longe <strong>da</strong> Instituição (cfr. Anexo X, Gráfico nº9).O meio <strong>de</strong> transporte utilizado quase pela maioria dos pais e <strong>da</strong>s criançaspara irem <strong>da</strong> habitação para a Instituição e vice-versa é o automóvel. Pormotivos profissionais e compatibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> horários, uma gran<strong>de</strong> parte dosencarregados <strong>de</strong> educação tem a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> trazer e ir buscar o seueducando à Instituição. Quando isso não é possível, as crianças sãoacompanha<strong>da</strong>s pelos avós ou por um outro familiar.3.2.2 – Caracterização <strong>da</strong>s criançasA sala dos 5 anos é composta por vinte e uma crianças, sendo doze dosexo feminino e nove do sexo masculino, a sua maioria provém <strong>de</strong> um meiosocioeconómico médio-alto. O grupo é bastante dinâmico, autónomo emanifesta curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r. É exigente, gosta <strong>de</strong> se manterocupado, estando sempre pronto a trabalhar e não possui dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>assimilação dos conteúdos. Mostra uma gran<strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta dospormenores e para eles, tudo tem um sentido e po<strong>de</strong> ser aproveitado parafazer construções. A maioria <strong>da</strong>s crianças que constitui este grupo já frequentaa Instituição <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o berçário, estando assim familiariza<strong>da</strong>s com to<strong>da</strong> ainstituição.


Neste grupo, verifica-se uma heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong> por parte <strong>da</strong>s crianças. Noentanto, não po<strong>de</strong>mos esquecer que ca<strong>da</strong> criança é única e que,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, as crianças têm características próprias.As fichas individuais <strong>da</strong>s crianças forneci<strong>da</strong>s pela Educadora Cooperante,foram um suporte indispensável para conhecer e caracterizar este grupo. Destemodo, a realização <strong>de</strong> gráficos que se encontram em anexo foram o ponto <strong>de</strong>parti<strong>da</strong> para a caracterização <strong>da</strong>s crianças e famílias.Quanto à i<strong>da</strong><strong>de</strong>, o grupo é homogéneo (cfr. Anexo X, Gráficos nº10 enº11). Para fazer uma caracterização mais pormenoriza<strong>da</strong> <strong>de</strong>ste grupo,abrangemos o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança ao nível cognitivo, linguístico, sócioafetivoe motor. Isto reflete-se na afirmação <strong>de</strong> que “uma <strong>da</strong>s razões para acomplexi<strong>da</strong><strong>de</strong> do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança é que a mu<strong>da</strong>nça e continui<strong>da</strong><strong>de</strong>ocorrem em vários aspectos do self” (Papalia, Olds, Felman, 2011:8).Esta caracterização ocorreu <strong>de</strong> setembro a novembro <strong>de</strong> 2011 e tevecomo suporte <strong>de</strong> análise as observações realiza<strong>da</strong>s durante o estágio, quetinha como finali<strong>da</strong><strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mentar esta análise sobre o grupo <strong>de</strong> crianças.3.2.2.1 - Desenvolvimento CognitivoQuanto ao <strong>de</strong>senvolvimento cognitivo, “ca<strong>da</strong> criança é semelhante àsoutras em alguns aspectos, mas é única em outros aspectos” (Ibi<strong>de</strong>m: 9).Assim sendo, nunca nos <strong>de</strong>vemos esquecer que a criança é um ser individual,com caraterísticas próprias, a quem <strong>de</strong>vemos proporcionar ambientes eexperiências que <strong>de</strong>senvolvam o seu <strong>de</strong>senvolvimento global.O grupo <strong>de</strong> 5 anos enquadra-se, segundo Piaget, no estádio Pré-Operatório, fase em que as “crianças tornam-se mais sofistica<strong>da</strong>s no uso dopensamento simbólico, mas só pensam logicamente no estádio <strong>da</strong>s operaçõesconcretas” (Ibi<strong>de</strong>m:312).A criança <strong>de</strong>ste estádio assume um pensamento intuitivo que a aju<strong>da</strong> aausentar-se <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, entrando num mundo imaginário on<strong>de</strong> as estruturasmentais são livres (cfr. Anexo XI- Registo <strong>de</strong> Inci<strong>de</strong>nte Crítico nº1).Neste grupo, as crianças evi<strong>de</strong>nciam a função simbólica através <strong>da</strong>imitação diferi<strong>da</strong>, isto é, a repetição <strong>de</strong> uma ação observa<strong>da</strong> num momentoanterior (cfr. Anexo XI – Registo <strong>de</strong> Inci<strong>de</strong>nte Critico nº2). Isto também se


verifica com o jogo simbólico, ou seja, as crianças fazem com que um objetosimbolize outra coisa. Deste modo, no geral todo o grupo tem uma imitaçãointerioriza<strong>da</strong>, mas que não é representa<strong>da</strong> como um papel mas sim realiza<strong>da</strong>mentalmente.Nesta faixa etária, as crianças recor<strong>da</strong>m acontecimentos e momentosimportantes, transmitindo esse conteúdo <strong>de</strong> forma correta. No entanto, o seupensamento é fragmentado e constituído por acontecimentos sobrepostos, <strong>de</strong>acordo com o significado e importância que essas experiências têm. Isto vai aoencontro <strong>de</strong> Borges, que afirma que esta fase é caracteriza<strong>da</strong> pela“concentração <strong>da</strong> criança sobre a aparência <strong>da</strong>s coisas e pela ausência <strong>de</strong>raciocínio lógico” (Borges, 1987:87).Outro aspeto do pensamento pré-operacional que se visualiza nestegrupo é, como refere Piaget, a compreensão do número, ou seja, a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> contar e li<strong>da</strong>r com quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s, apresentando assim alguma <strong>de</strong>strezamental (Papalia, Olds, Felman, 2011:312) (cfr. Anexo XI - Registo <strong>de</strong> Inci<strong>de</strong>nteCrítico nº3). As crianças interessam-se pelos números e gostam <strong>de</strong> realizaroperações simples com material concreto, não sendo uma ação toma<strong>da</strong> porintuição ou por memorização <strong>da</strong> sequência numérica. Contudo, isto não severifica em to<strong>da</strong>s as crianças sendo, por isso, um factor a ter em conta no<strong>de</strong>correr <strong>da</strong> intervenção.Este grupo apresenta outra forma <strong>de</strong> raciocínio que, segundo Piaget, é acapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> classificar. Esta percepção foi possível observar no tratamento<strong>de</strong> <strong>da</strong>dos sobre os brinquedos e brinca<strong>de</strong>iras preferi<strong>da</strong>s dos pais. As criançasconseguem também classificar utilizando mais <strong>de</strong> dois critérios, como foipossível constatar com a activi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos blocos lógicos (cfr. Anexo XII – Registo<strong>de</strong> Fotografia nº1).“O egocentrismo é a incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para ver as coisas <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong>vista que não o próprio. Não é egoísmo, mas sim compreensão centra<strong>da</strong> noself”, (Ibi<strong>de</strong>m: 316) Segundo Piaget, o estádio Pré-Operatório é tambémcaracterizado pelo egocentrismo / centração <strong>da</strong> criança.Observa-se que a maioria <strong>da</strong>s crianças brinca em grupo, embora algumasnecessitem dos adultos para solucionar conflitos relacionados com a partilha <strong>de</strong>


inquedos. Isto foi possível constatar quando três crianças estavam a realizaruma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o Geoplano na Área dos Jogos e apenas uma estava acolocar os elásticos, não <strong>de</strong>ixando as outras duas jogar. Sendo assim, este éum aspeto no qual a equipa pe<strong>da</strong>gógica interviu.Neste grupo, a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> concentração e <strong>de</strong> memorizaçãoaumentam. As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que são planifica<strong>da</strong>s com as crianças ou até mesmopropostas por elas relevam um maior interesse e motivação na sua realização.Dá-lhes gosto trabalhar em grupo e discutem i<strong>de</strong>ias. Este grupo gosta <strong>de</strong> ouvire criar histórias e consegue recontá-las com muitos pormenores. Gosta <strong>de</strong><strong>de</strong>corar rimas, canções e lengalengas.3.2.2.2 - Desenvolvimento LinguísticoNo que diz respeito ao <strong>de</strong>senvolvimento linguístico, a linguagem oral éusa<strong>da</strong> nesta i<strong>da</strong><strong>de</strong> como um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro meio <strong>de</strong> comunicação. Deste modo,outro foco <strong>de</strong> intervenção neste grupo concentra-se no domínio <strong>da</strong> linguagem.Po<strong>de</strong>-se observar que nem to<strong>da</strong>s as crianças se encontram no mesmo nível <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento, pois algumas apresentam um vocabulário mais expressivo ediferenciado. Todos os dias, na reunião <strong>da</strong> manhã, assiste-se ao relato <strong>de</strong>acontecimentos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> familiar, em que algumas crianças gostam <strong>de</strong> partilharinformação com os colegas, utilizando uma linguagem mais elabora<strong>da</strong>.To<strong>da</strong>s as crianças já conseguem escrever o seu nome e <strong>da</strong>ta. Na sala,temos na área <strong>da</strong> escrita placas com o nome <strong>da</strong> ca<strong>da</strong> uma, o que suscitouinteresse pela escrita, pois as crianças procuram saber escrever o seu últimonome. No entanto, algumas crianças ain<strong>da</strong> trocam o sentido e direção <strong>da</strong> letra,pois a laterali<strong>da</strong><strong>de</strong> ain<strong>da</strong> não está <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>. Por vezes, reconhecem algumasletras que vêm “Começa por M. Depois um E, um T e um A”, ao dizer a palavraescrita no jogo <strong>da</strong>s caricas (cfr. Anexo XI - Registo <strong>de</strong> Inci<strong>de</strong>nte Critico nº4).A curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> é outra característica <strong>de</strong>ste grupo, visto questionarem tudo.Quando aparece uma palavra nova, questionam o seu significado ou começama dizer as letras que a formam. Isto remete para o interesse <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong>novos vocábulos e para o domínio <strong>de</strong> linguagem escrita.


A maneira como as crianças empregam e compreen<strong>de</strong>m a linguagem éinfluencia<strong>da</strong> pela forma como as pessoas ao seu redor comunicam e, nestesentido, é notório a preocupação e o cui<strong>da</strong>do dos pais. As crianças expressamseutilizando frases longas, complexas e vocabulário rico, tornando a sualinguagem mais clara. Isto promove uma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> argumentação, on<strong>de</strong>as crianças conseguem emitir juízos <strong>de</strong> valor e <strong>da</strong>r a sua opinião.É <strong>de</strong> realçar que isto implica muito trabalho e só é possível visto que acomunicação linguística está presente nos diálogos <strong>de</strong>ntro e fora <strong>da</strong> sala, comonas reuniões <strong>da</strong> manhã e <strong>da</strong> tar<strong>de</strong>, na participação <strong>da</strong>s crianças na planificaçãoe na partilha <strong>de</strong> conhecimentos, experiência e trabalhos.Quanto à sintaxe, revelam facili<strong>da</strong><strong>de</strong> em elaborar frases simples ecomplexas, <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente organiza<strong>da</strong>s, obe<strong>de</strong>cendo à or<strong>de</strong>m básica econcordância. Respon<strong>de</strong>m às perguntas, iniciando ou completando a frase coma oração subordina<strong>da</strong> causal “porque” e utilizam como forma <strong>de</strong> ligação acopulativa “e”, assim como, o articulador <strong>de</strong> discurso “<strong>de</strong>pois”.Quanto à utilização dos verbos, verifica-se que a maioria <strong>da</strong>s criançasemprega o tempo verbal correto.Ao nível <strong>da</strong> sequência lógica <strong>da</strong> narrativa, o grupo <strong>de</strong>monstra agili<strong>da</strong><strong>de</strong> econsegue recontar histórias, mesmo que estas não sejam ilustra<strong>da</strong>s. Quandosão as próprias a recriar e inventar uma história são bastante críticas e<strong>de</strong>screvem aspetos <strong>de</strong> narração com precisão, relacionando com situações <strong>de</strong>aprendizagem ou com a sua vi<strong>da</strong> quotidiana.3.2.2.3 - Desenvolvimento MotorQuanto ao <strong>de</strong>senvolvimento motor, as crianças apresentam um bom<strong>de</strong>senvolvimento a nível <strong>de</strong> equilíbrio e <strong>de</strong>monstram bastante interesse pelasativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, “<strong>da</strong>do que o movimento constitui um dos primeiros modos <strong>de</strong>comunicação <strong>da</strong> criança, os adultos necessitam <strong>de</strong> apoiar este meio <strong>de</strong>expressão natural nos anos pré-escolares” (Hohmann e Weikart, 2007: 625).O grupo <strong>de</strong> 5 anos é dinâmico, uma vez que está sempre a correr, asaltar, a <strong>da</strong>nçar. Durante as sessões <strong>de</strong> expressão motora, as criançaspreferem realizar jogos <strong>de</strong> movimento ou percursos. Contudo, no <strong>de</strong>correr <strong>da</strong>ssessões revelaram dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s no relaxamento, sendo um aspeto a trabalhar.


A maioria <strong>da</strong>s crianças já executa movimentos com coor<strong>de</strong>nação motora(cfr. Anexo XIII - Listas <strong>de</strong> Verificação nº1) e movimentos globais e <strong>de</strong> equilíbrio(cfr. Anexo XIII - Listas <strong>de</strong> Verificação nº2).Relativamente à motrici<strong>da</strong><strong>de</strong> fina, a maioria <strong>da</strong>s crianças já conseguerecortar correctamente em linha recta e curva, sendo que nesta a linha tem queestar <strong>de</strong>limita<strong>da</strong> a negro. No inicio do ano não apresentavam uma laterali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong>fini<strong>da</strong>, no entanto, isso já não se verifica. A maioria já consegue distinguir aesquer<strong>da</strong> <strong>da</strong> direita e to<strong>da</strong>s as crianças têm o seu lado dominante.Relativamente ao <strong>de</strong>senvolvimento motor, é <strong>de</strong> extrema importânciareferir que quando se fala <strong>de</strong> movimento e <strong>de</strong> motrici<strong>da</strong><strong>de</strong>, não se mencionasomente os movimentos globais, como também a motrici<strong>da</strong><strong>de</strong> fina, que écaracteriza<strong>da</strong> por movimentos que envolvem pequenos músculos e acoor<strong>de</strong>nação óculo-manual, <strong>de</strong> modo a permitir que ca<strong>da</strong> uma apren<strong>da</strong> autilizar e a dominar melhor o seu corpo.3.2.2.4 - Desenvolvimento Sócio - AfetivoQuanto ao <strong>de</strong>senvolvimento sócio-afetivo, nesta faixa etária as criançasgostam <strong>de</strong> fazer aquilo que é consi<strong>de</strong>rado pelo adulto como o correto. Nestegrupo, isso é comum em to<strong>da</strong>s as etapas e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do dia-a-dia, até mesmona hora do almoço.As crianças <strong>da</strong> sala dos 5 anos apresentam uma gran<strong>de</strong> motivação narealização <strong>de</strong> trabalhos e projetos, e quando dão início a uma tarefa, gostam <strong>de</strong>terminá-la para <strong>de</strong>pois pu<strong>de</strong>rem apresentar o resultado final aos colegas.Po<strong>de</strong>-se observar que este grupo é bastante unido e que os rapazes semisturam, resolvem problemas com as raparigas e são capazes <strong>de</strong> estabelecerrelações (cfr. Anexo XIV - Registo Contínuo). No entanto, existe alguns casosque não manifestam atitu<strong>de</strong>s socialmente a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s para com os outrosmembros do grupo.As crianças conseguem distinguir as suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s dos outros,apesar <strong>de</strong> ain<strong>da</strong> existir um egocentrismo característico <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>. No início,algumas <strong>de</strong>monstraram dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s em partilhar, ter espírito <strong>de</strong> entreaju<strong>da</strong>, erespeitar as regras <strong>de</strong> sala e <strong>de</strong> convivência, o que não se verifica atualmente.


Apesar disto, no geral o grupo é unido e a maioria <strong>de</strong>monstra confiançaem experimentar ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s novas, propondo i<strong>de</strong>ias e aproveitando <strong>da</strong> melhorforma as aprendizagens e conhecimentos adquiridos. É um grupo que emitejuízos <strong>de</strong> valor, manifesta as suas opiniões, preferências e gostos, referindosempre as razões e opiniões pessoais, justificando as suas afirmações.Nestas crianças, é estimulado e proporcionado o espírito <strong>de</strong> aju<strong>da</strong>, partilha,cooperação e trabalho <strong>de</strong> equipa Têm adquirido um valor muito importante paraa sua vi<strong>da</strong> e inserção na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>: o respeito pelo outro.3.3 - Traçado <strong>da</strong>s priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> intervenção conjunta ao nível<strong>da</strong> Instituição e <strong>da</strong> Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>A fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s a nível <strong>da</strong> Instituição e <strong>da</strong> Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, asequipas pe<strong>da</strong>gógicas reuniram-se com as estagiárias finalistas para <strong>de</strong>finirpropostas. É relevante referir que as intervenções foram refleti<strong>da</strong>s <strong>de</strong> acordocom a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Instituição e tendo em conta o Projeto Educativo.Segundo este documento, um dos objetivos é “contribuir para umambiente feliz e harmonioso entre todos os elementos <strong>da</strong> Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>Educativa” (Projeto Educativo, 2008:11). Assim sendo, preten<strong>de</strong>u-se privilegiaros laços <strong>de</strong> convivência entre as crianças e os pais, criando um ambienteagradável e familiar. O espaço <strong>de</strong> intervenção é o Hall, sendo assim um espaço<strong>de</strong> comunicação a<strong>de</strong>quado às crianças, com sofás e brinquedos. Este espaçoirá ser construído com as crianças e para a construção dos sofás, iremosutilizar material <strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdício, aproveitando a polivalência dos materiais ecertificando a segurança, quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Vamos ter em atenção atextura, para que seja possível evitar “o barulho visual e <strong>de</strong> tato”. Para omesmo espaço, iremos fazer porta revistas com garrafas ao contrário.Outra priori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção ao nível <strong>da</strong> Instituição refere-se a umespaço <strong>de</strong> serviços, ou seja, as casas <strong>de</strong> banho. Esta intervenção surgiuquando, através <strong>da</strong> observação direta, as estagiárias verificaram que ascrianças convivem nas casas <strong>de</strong> banho, e que este po<strong>de</strong>ria ser melhorado nasua harmonia e estética, fazendo assim uma maior abertura à comunicaçãoentre as crianças <strong>da</strong>s diferentes i<strong>da</strong><strong>de</strong>s. De acordo com Vecchi (1993),”as


casas <strong>de</strong> banho são centros importantes <strong>de</strong> convívio” (Oliveira-Formosinho,2007:110). Deste modo, as crianças, juntamente com as estagiárias finalistas,vão construir móbiles, on<strong>de</strong> possam observar as transparências, os reflexos, ascores e irá ser criado um cartaz ou painel com as normas <strong>de</strong> higiene.No <strong>de</strong>senrolar do estágio profissionalizante e em conversa com aCoor<strong>de</strong>nadora <strong>da</strong> Instituição, com as docentes e com as estagiárias, chegamosà conclusão que a proposta <strong>de</strong> intervenção não podia ser executa<strong>da</strong>. Surgiuassim uma alternativa que consistiu em intervir numa outra sala e essaintervenção estará relaciona<strong>da</strong> com um projeto <strong>de</strong> parceria que a Instituiçãotem com Serralves - “O Quarto”. Assim sendo, o espaço a ser dinamizado seráuma sala que irá ser transforma<strong>da</strong> num quarto, inicialmente um quarto <strong>de</strong> umcastelo, mas após um novo olhar, ficou <strong>de</strong>cidido que a sala iria conter as árease domínios <strong>de</strong> conteúdo. Esta intervenção começou a ser executa<strong>da</strong> mas<strong>de</strong>vido à ocupação <strong>da</strong> sala por um grupo, não foi possível <strong>de</strong> realiza-la.Relativamente às priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> intervenção na Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> e, tendo emconta o Projeto Educativo, um dos objetivos é “<strong>de</strong>senvolver uma preparaçãointegral, facilitando a transição <strong>da</strong> criança para o 1º Ciclo do Ensino Básico”(Projecto Educativo, 2008:11). Deste modo, nos meses <strong>de</strong> maio e junho, irãoser realiza<strong>da</strong>s visitas a <strong>Escola</strong>s Primárias.Outra priori<strong>da</strong><strong>de</strong> a nível <strong>da</strong> Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> remete-se às visitas eintercâmbio com as famílias. Assim, iremos promover o envolvimento parentalrealizando experiências, contando histórias ou participando no quotidiano.As visitas <strong>de</strong> Professores <strong>de</strong> <strong>Escola</strong>s <strong>Superior</strong>es e Facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s sãotambém uma priori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção, uma vez que é outra forma <strong>de</strong> adquirirconhecimentos, tendo a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> verificar que há diversas maneiraspara se apren<strong>de</strong>r. Deste modo, temos em conta o Projeto Educativo, quando severifica que um dos objetivos é “envolver activamente a Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> Educativana vi<strong>da</strong> <strong>Institucional</strong>” (Ibi<strong>de</strong>m).Outra priori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção remete-nos para a parceria com outrainstituição <strong>de</strong> jardim-<strong>de</strong>-infância, favorecendo um ambiente <strong>de</strong> abertura.Tendo em conta o presente e um futuro próximo, irão ser realiza<strong>da</strong>sVisitas <strong>de</strong> Estudo, relaciona<strong>da</strong>s com os Projetos Lúdicos. Uma visita <strong>de</strong> Estudo


já foi realiza<strong>da</strong>, que consistiu na observação <strong>de</strong> azulejos pela Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> do Porto.No entanto, a equipa pe<strong>da</strong>gógica está ain<strong>da</strong> a refletir sobre a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>serem realiza<strong>da</strong>s outras visitas.Preten<strong>de</strong>-se intervir no sentido <strong>de</strong> estimular o <strong>de</strong>senvolvimento global <strong>da</strong>scrianças, favorecendo comportamentos <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e <strong>de</strong>mocracia,aprendizagens significativas e diferencia<strong>da</strong>s, fomentando experiências ricas eprodutivas para o crescimento multidimensional <strong>da</strong> criança enquanto pessoaativa e participativa na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.CAPITULO 4 - INTERVENÇÃO E EXIGÊNCIASPROFISSIONAISA linguagem é a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> que qualquer ser humano possui paraadquirir e usar a língua <strong>da</strong> sua comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Essa aquisição acontece durante operíodo <strong>da</strong> infância e ocorre <strong>de</strong> forma natural e espontânea. Basta apenas quea criança esteja exposta e conviva com os falantes <strong>de</strong>ssa língua para essaaquisição acontecer.Como resultado <strong>da</strong>s observações realiza<strong>da</strong>s ao longo do estágioprofissionalizante, inserido no Mestrado em Educação Pré-<strong>Escola</strong>r, que ocorreuno ano letivo 2011/2012 e dos interesses evi<strong>de</strong>nciados pelas crianças, ainvestigação incidiu no Domínio <strong>da</strong> Linguagem Oral e Abor<strong>da</strong>gem à Escrita. Ointeresse espontâneo na abor<strong>da</strong>gem à escrita ligado à entra<strong>da</strong> no PrimeiroCiclo do Ensino Básico é o motivo <strong>da</strong> escolha <strong>de</strong>ste tema.Aproveitando não só a existência <strong>de</strong> projetos lúdicos na sala e outrasativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e registos que são realizados ao longo do ano e, indo <strong>de</strong> encontro ainterdisciplinari<strong>da</strong><strong>de</strong> entre to<strong>da</strong>s as áreas e domínios <strong>de</strong> conteúdos que sãoestipulados pelas metas <strong>de</strong> aprendizagem, dá-se especial atenção ao Domínio<strong>da</strong> Linguagem Oral e Abor<strong>da</strong>gem à Escrita e ao <strong>de</strong>staque que este domínioteve neste grupo <strong>de</strong> crianças em concreto.Assim, <strong>de</strong>stacaremos o processo realizado e o produto alcançado através<strong>de</strong> evidências recolhi<strong>da</strong>s ao longo do ano letivo.


4.1 – Prática Pe<strong>da</strong>gógica com o grupo <strong>de</strong> criançasEm educação, uma organização do espaço a<strong>de</strong>quado, on<strong>de</strong> as criançaspossam <strong>de</strong>senvolver hipóteses sobre o sistema <strong>da</strong> escrita e utilizarem ariqueza comunicativa <strong>da</strong> língua, nas diversas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s é fun<strong>da</strong>mental “paraque as crianças possam <strong>de</strong>senvolver as suas competências <strong>de</strong> escrita e <strong>de</strong>leitura” (Martins & Santos, 2005: 59).Des<strong>de</strong> o inicio do ano letivo que a área <strong>da</strong> escrita faz parte <strong>de</strong> umconjunto <strong>de</strong> áreas que constam na sala e na organização do ambienteeducativo. Visto a escrita ser um meio <strong>de</strong> comunicação e <strong>de</strong> partilha <strong>de</strong>informação, esta foi um elemento que a equipa pe<strong>da</strong>gógica privilegiou paraeste grupo <strong>de</strong> crianças.No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste ano, as crianças eram expostas ca<strong>da</strong> vez mais àescrita, quer fosse através <strong>da</strong> publici<strong>da</strong><strong>de</strong> e cartazes, como também através <strong>de</strong>livros e registos que faziam com o adulto, o que vai ao encontro <strong>da</strong> opinião <strong>da</strong>Educadora, que constata que ca<strong>da</strong> vez mais cedo as crianças interessam-sepela escrita e que isto se verifica porque “os profissionais estão mais atentos,mas também porque hoje em dia as crianças são bombar<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s pela escritapor todo o lado, na televisão, nos placares, na publici<strong>da</strong><strong>de</strong>” (cfr. Anexo III –Transcrição <strong>da</strong> Entrevista à Educadora).Através <strong>de</strong>stas estratégias usa<strong>da</strong>s para captar a atenção <strong>da</strong> criança e<strong>de</strong>senvolver a comunicação, as crianças começaram a <strong>de</strong>spertar interesse ecuriosi<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre a escrita, fazendo assim não só a ponte para outras<strong>de</strong>scobertas e aprendizagens, como serviu <strong>de</strong> ferramenta pe<strong>da</strong>gógica quer nodomínio cognitivo e social <strong>da</strong> criança. Assim, através <strong>de</strong> uma motivaçãointrínseca por parte <strong>de</strong> algumas crianças, to<strong>da</strong>s as outras começaram a<strong>de</strong>spertar a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a concentração e essencialmente, o gosto pela leiturae pela escrita, visto que “uma criança envolvi<strong>da</strong> com a escrita tem vonta<strong>de</strong>,iniciativa e prazer, e sente-se <strong>de</strong>safia<strong>da</strong> a explorar e avançar” (Mata, 2008: 46).Ao longo do ano, as crianças adquiriram novos vocábulos, exploraram aescrita e alargaram os seus conhecimentos relativamente a to<strong>da</strong>s as áreas edomínios, graças à interdisciplinari<strong>da</strong><strong>de</strong> presente nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que foramefetua<strong>da</strong>s. O grupo cresceu, apren<strong>de</strong>u, aperfeiçoou o seu carácter, quer na


formação intelectual e social, quer a nível individual e coletivo, aumentandoain<strong>da</strong> mais o gosto por apren<strong>de</strong>r e por fazer <strong>de</strong>scobertas, <strong>de</strong>senvolvendo acriativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, o empenho, a <strong>de</strong>dicação e o cui<strong>da</strong>do na realização <strong>da</strong>s diferentestarefas. O facto <strong>de</strong> o interesse e curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre o mundo <strong>da</strong> linguagem e <strong>da</strong>escrita ter nascido <strong>de</strong> modo espontâneo e natural, permitiu <strong>de</strong>senvolverativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e assim fazer a ponte para a articulação do 1º ciclo.O <strong>de</strong>spertar <strong>da</strong> curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre a escrita surgiu nas brinca<strong>de</strong>iras livres,pois as crianças começaram a ir para a área <strong>da</strong> escrita copiar o seu nome e onome dos colegas (cfr. Anexo XII – Registo <strong>de</strong> Fotografia nº2); ou quando umacriança via as palavras <strong>de</strong> um livro e <strong>de</strong>pois copiava-as para uma folha (cfr.Anexo XV – Recolha <strong>de</strong> trabalho); ou quando algumas crianças conseguiramformar outras palavras a partir <strong>de</strong> duas letras que estavam a visualizar; ouquando as crianças copiavam aquilo que a Educadora escrevia enquantoestava com uma criança a registar o comentário <strong>de</strong>sta ou até mesmo pelasituação <strong>de</strong> estar um grupo <strong>de</strong> crianças na área <strong>da</strong> biblioteca e escreveremalgumas palavras do livro.O facto <strong>de</strong> algumas crianças já conhecerem a letras do alfabeto e uma ououtra já conseguir ler algumas palavras, fez com este grupo <strong>de</strong> crianças ficassemotivado para a aprendizagem <strong>da</strong> linguagem escrita e a valoriza-se como ummeio <strong>de</strong> comunicação. No Jardim-<strong>de</strong>-Infância, as “conceções precoces” sobre aescrita são um fator educativo <strong>de</strong>terminante para o processo <strong>de</strong> ensino –aprendizagem, tal como refere Alves Martins e Niza (1998) “ as concepções<strong>da</strong>s crianças em i<strong>da</strong><strong>de</strong> pré-escolar acerca <strong>da</strong> linguagem escrita têm gran<strong>de</strong>importância na aprendizagem <strong>da</strong> escrita e <strong>da</strong> leitura” (Horta, 2007: 64).Foi através <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong> interesses que a equipa pe<strong>da</strong>gógicacomeçou a <strong>de</strong>senvolver outras ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que abor<strong>da</strong>ssem este domínio e quepossibilitasse <strong>da</strong>r resposta às questões e <strong>de</strong>scobertas <strong>da</strong>s crianças, <strong>de</strong> modo aque estas percebessem que o importante não era saber escrever mas simcompreen<strong>de</strong>rem que a escrita tinha uma funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>, a <strong>de</strong> comunicar,transmitir e adquirir informação, uma vez que é importante que a criançacompreen<strong>da</strong> que <strong>de</strong>vemos “usar a escrita como um meio <strong>de</strong> comunicação”(Weikart & Hohmann, 2009:551), <strong>de</strong>senvolvendo na criança a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>


perceber o po<strong>de</strong>r <strong>da</strong> linguagem escrita como base <strong>da</strong> comunicação, aquisição<strong>de</strong> conhecimentos e divertimento.As interações com a escrita, apesar <strong>de</strong> surgirem <strong>de</strong> modo espontâneo enatural, resultam <strong>de</strong> uma prática <strong>de</strong> interações com a linguagem escrita porparte <strong>da</strong> educadora ou <strong>da</strong> estagiária e, na opinião <strong>da</strong> Educadora, é “evi<strong>de</strong>nteque todo o trabalho que é efetuado ao longo <strong>de</strong>stes anos, <strong>de</strong> leitura à frente<strong>de</strong>les, <strong>de</strong> escrita à frente <strong>de</strong>les, imensas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s nesta área, acaba porincentivar as crianças a quererem saber mais.” (cfr. Anexo III – Transcrição <strong>da</strong>Entrevista à Educadora). Este facto transparece nas oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s que cria aoproporcionar materiais <strong>de</strong> escrita e leitura diversos, em diferentes locais <strong>da</strong> salae ao incentivar a criança a explorá-lo, como por exemplo, a escrita <strong>de</strong> recados(cfr. Anexo XVI – Fotografia nº1 nº2) ou a escrita nos ecrãs para o projetolúdico “O Foguetão” (cfr. Anexo XVI – Fotografia nº3 e nº4). Transparece noapoio que dá às crianças e nas interações que estabelece com estas.4.1.1 - Algumas vivências significativasAtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s como escrever à frente <strong>da</strong>s crianças, os diálogos que sãoproporcionados tanto em gran<strong>de</strong> grupo como em pequeno grupo, os registosdiários, os próprios textos elaborados pelas crianças e os marcadores <strong>da</strong>sáreas são estratégias que fazem com que a criança fique motiva<strong>da</strong> para<strong>de</strong>scobrir e valorizar a importância <strong>da</strong> escrita no mundo, <strong>da</strong>í que a Educadoraconsi<strong>de</strong>re que “é muito importante escrever à frente <strong>da</strong>s crianças porque elesacabam por reconhecer algumas letras, algumas palavras” (cfr. Anexo III –Transcrição <strong>da</strong> Entrevista à Educadora). Segundo o Ministério <strong>da</strong> Educação“registar o que as crianças dizem e contam, as regras <strong>de</strong>bati<strong>da</strong>s em conjunto, oque se preten<strong>de</strong> fazer ou o que se fez, reler e aperfeiçoar os textos elaboradosem grupo, são meios <strong>de</strong> abor<strong>da</strong>r a escrita” (OCEPE, 1997: 71).Uma <strong>da</strong>s estratégias pe<strong>da</strong>gógicas utiliza<strong>da</strong>s foi a introdução <strong>de</strong> palavrasmaiúsculas <strong>de</strong> imprensa, que serviram para i<strong>de</strong>ntificar objetos e materiaisexistentes na sala e permitia às crianças i<strong>de</strong>ntificarem e reconhecerem letrasmaiúsculas como também produzi-las, cumprindo assim um dos objetivosestipulados pelas metas <strong>de</strong> aprendizagem. Este grupo <strong>de</strong> crianças gosta <strong>de</strong>


<strong>de</strong>cifrar palavras, <strong>de</strong>scobrindo a sílaba inicial e mais tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>cifrando a palavraou até mesmo <strong>de</strong>scobrir a sílaba inicial e a partir <strong>de</strong>sta inventarem novaspalavras (cfr. Anexo XI - Registo <strong>de</strong> Inci<strong>de</strong>nte Crítico nº5).Introduziu-se também as letras minúsculas (cfr. Anexo XVI – Fotografianº5), o que permitiu o contacto com dois tipos <strong>de</strong> letras, imprensa e manuscrita,po<strong>de</strong>ndo-se observar e constatar as diferenças existentes entre elas. Esteaspeto está explícito nas Orientações Curriculares, uma vez que:“o contacto com o texto manuscrito e impresso nos seus diferentes formatos, oreconhecimento <strong>de</strong> diferentes formas que correspon<strong>de</strong>m a letras, a i<strong>de</strong>ntificação<strong>de</strong> algumas palavras ou <strong>de</strong> pequenas frases, permitem uma apropriação <strong>da</strong>especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> do código escrito” (OCEPE, 1997: 70).Surge assim o alfabeto ilustrado, por proposta do adulto, on<strong>de</strong> as criançasfizeram um <strong>de</strong>senho que estava relacionado com a letra do alfabeto e <strong>de</strong>poisescreveram o nome do objeto ou animal que tinham <strong>de</strong>senhado (cfr. Anexo XVI– Fotografia nº6). Este tinha como objetivo i<strong>de</strong>ntificar e reconhecer letras eassociar a primeira letra ao <strong>de</strong>senho. Esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> foi realiza<strong>da</strong>individualmente, uma vez que o adulto procurou <strong>da</strong>r um apoio individualizado.O alfabeto ilustrado foi exposto numa <strong>da</strong>s pare<strong>de</strong>s <strong>da</strong> sala (cfr. Anexo XVI– Fotografia nº7) e permitiu ao grupo não só ter mais autonomia, uma vez quepodia consultá-lo sempre que necessitasse e não <strong>de</strong>pendia do adulto (cfr.Anexo XI - Registo <strong>de</strong> Inci<strong>de</strong>nte Crítico nº6), como também dá maior segurançapara quem está a apren<strong>de</strong>r a fazer os primeiros traços, pois se a criança nãose lembra como se <strong>de</strong>senhava a letra “P”, basta consultar o alfabeto ilustrado ea sua dúvi<strong>da</strong> <strong>de</strong>saparecerá, conseguindo copiar o traço correto <strong>da</strong>s letras.Exemplo disso foi o que se verificou com o quadro <strong>de</strong> presenças, que noinicio do ano algumas crianças não sabiam como escrever a letra P e olhavampara a legen<strong>da</strong> para o conseguirem copiar, o que não se verifica atualmente. Éno jardim-<strong>de</strong>-infância que a criança tem os primeiros contactos com as letras,logo a visualização <strong>da</strong>s mesmas é fun<strong>da</strong>mental para que as crianças em i<strong>da</strong><strong>de</strong>pré-escolar se sintam seguras ao reproduzi-las para o papel, uma vez que sóno primeiro ciclo é que apren<strong>de</strong>m a grafia correta mas antes disso, escrevem àsua maneira e já são capazes <strong>de</strong> escrever o seu nome.O livro é o instrumento fun<strong>da</strong>mental para o contacto com a escrita vistoser através <strong>de</strong>ste que “as crianças <strong>de</strong>scobrem o prazer <strong>da</strong> leitura e


<strong>de</strong>senvolvem a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> estética” (OCEPE, 1997: 70). Deste modo, outraprática pe<strong>da</strong>gógica executa<strong>da</strong> foi a construção <strong>de</strong> um livro, em parceria com ogrupo <strong>de</strong> 3 anos, e no qual recorremos à utilização <strong>da</strong> tecnologia educativatalking tins, ao <strong>de</strong>senho e à escrita (cfr. Anexo XVII- Descrição <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>).Nesta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, foi possível constatar que as crianças que escreveram aspalavras já conheciam o sentido direcional <strong>da</strong> escrita, ou seja, <strong>da</strong> esquer<strong>da</strong>para a direita e que copiaram algumas palavras para além do nome, cumprindoassim as metas para o final <strong>da</strong> educação pré-escolar. Foi possível constatarain<strong>da</strong> que as crianças reconhecem algumas letras do abecedário, uma vez quenem sempre olhavam para a folha on<strong>de</strong> estava escrita a palavra que estavam acopiar e em vez disso escreviam à medi<strong>da</strong> que a estagiária ia dizendo a letra,<strong>de</strong>monstrando assim alguns conhecimentos sobre o princípio alfabético. Assim,é importante que se “promova e apoia o interesse <strong>da</strong>s crianças em livros,histórias e palavras escritas” (Hohmann Weikart &, 2009:558).O projeto lúdico possibilitou abor<strong>da</strong>r a linguagem escrita em diversasativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, nas quais se realçam a criação <strong>de</strong> uma história pelas crianças naqual tinham que <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong><strong>de</strong> (cfr. Anexo XVIII – História “Perto <strong>da</strong>sEstrelas”) e um livro <strong>de</strong> regras (cfr. Anexo XVI – Fotografia nº8). A grelha <strong>de</strong>avaliação <strong>de</strong> projetos lúdicos possibilitou avaliar o trabalho <strong>de</strong>senvolvido pelascrianças, não só no domínio <strong>da</strong> linguagem oral e abor<strong>da</strong>gem à escrita, mastambém relativamente a outros itens que eram importantes <strong>de</strong> observar. Aequipa pe<strong>da</strong>gogia também conseguiu avaliar o seu <strong>de</strong>sempenho ao longo do<strong>de</strong>correr do projeto, reformulando assim a sua prática sempre que eranecessário (Anexo XIX – Grelha <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> Projeto Lúdico).As crianças, quando inventam uma história “estão a apren<strong>de</strong>r que po<strong>de</strong>mcriar elas próprias histórias, e relacionar palavras <strong>de</strong> uma maneira satisfatória einteligível” (Ibi<strong>de</strong>m:545). Esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> realiza<strong>da</strong> em gran<strong>de</strong> grupo permitiu<strong>de</strong>senvolver a imaginação, alargar o capital lexical e narrar histórias comsequências apropria<strong>da</strong>s, revelando competências, tais como ser capaz <strong>de</strong>participar, mantendo o diálogo e <strong>da</strong>ndo oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> aos outros <strong>de</strong> intervir,construir frases complexas e corretas utilizando frases positivas, negativas,exclamativas ou interrogativas. Utilizaram também a concordância <strong>de</strong> género,


números, tempo e lugar, bem como utilizaram relações causais e ain<strong>da</strong><strong>de</strong>senvolveram competências inerentes à expressão plástica através <strong>da</strong>ilustração <strong>da</strong> palavra. Des<strong>de</strong> modo, as crianças foram capazes <strong>de</strong> colaborar emativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> grupo, cooperando no <strong>de</strong>senrolar <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e naelaboração do produto final, o que vai ao encontro <strong>da</strong>s metas <strong>de</strong>aprendizagem. O registo permitiu abor<strong>da</strong>r a linguagem escrita, uma vez que foirealizado através do <strong>de</strong>senho (cfr. Anexo XVI – Fotografia nº9), sendo possívelperceber a opinião <strong>de</strong> uma <strong>da</strong>s crianças, quando afirmou que para ela,escrever “é <strong>de</strong>senhar”, o que vai <strong>de</strong> encontro à afirmação <strong>de</strong> que este “tambémuma forma <strong>de</strong> escrita e que os dois meios <strong>de</strong> expressão e comunicaçãosurgem muitas vezes associados, completando-se” (OCEPE, 1997: 69). Os<strong>de</strong>senhos são assim uma forma <strong>de</strong> comunicação escrita que alarga os valoresque <strong>da</strong>mos à habili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s crianças em expressar i<strong>de</strong>ias.As crianças, ao elaborarem o registo <strong>da</strong> distribuição <strong>de</strong> tarefas, para além<strong>de</strong> analisarem e fazer a leitura (cfr. Anexo XVI – Fotografia nº10)compreen<strong>de</strong>ram que tanto os <strong>de</strong>senhos como a escrita transmitem informação.No <strong>de</strong>correr do ano letivo, foi proposto pelo grupo a criação <strong>de</strong> um livro <strong>de</strong>regras para o foguetão, <strong>de</strong>monstrando assim conhecimentos sobre aimportância <strong>de</strong>stas e reconhecendo a sua razão e a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, procurandocumpri-las, abor<strong>da</strong>ndo também a Área <strong>de</strong> Formação Pessoal e Social. Nestaativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, as crianças não só <strong>de</strong>monstraram conhecimentos sobre anecessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s regras como enunciaram aquelas que seriam maisimportantes <strong>de</strong> referir e <strong>de</strong> fazer cumprir. Fizeram a ilustração e escreveram asregras, copiando frases curtas e reconhecendo o sentido direcional <strong>da</strong> escrita,isto é, <strong>da</strong> esquer<strong>da</strong> para a direita (cfr. Anexo XVI – Fotografia nº11).A realização do livro <strong>de</strong> regras foi valorizado para o <strong>de</strong>senvolvimento dogrupo no sentido <strong>de</strong> perceber a importância dos padrões <strong>de</strong> comportamentos,do saber estar em socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e não entrar em conflitos uns com os outros,realçando assim o respeito. Assim, este livro <strong>de</strong>sempenha um papel importantena vi<strong>da</strong> e na formação do ser humano, pois através <strong>de</strong>le tornamo-nos maissensíveis ao mundo e somos capazes <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r as nossas próprias reações.


As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s em torno <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem à escritapossibilitaram observar que to<strong>da</strong>s as crianças reconhecem o sentidodireccional <strong>da</strong> escrita e conseguem copiar frases curtas (Anexo XIII- Lista <strong>de</strong>Verificação nº2), permitindo ain<strong>da</strong> que a criança compreen<strong>de</strong>-se a utili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>escrita (cfr. Anexo VI – Análise <strong>de</strong> conteúdo, quadro nº3).Segundo Figueiredo (2002), “não se po<strong>de</strong> ensinar a escrever e a ler. É acriança que apren<strong>de</strong> a escrever e a ler” (Horta, 2007:20). No entanto, o que sepo<strong>de</strong> fazer é estimular a criança e proporcionar situações <strong>de</strong> aprendizagemnesse sentido, nunca fazendo disso uma obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Isto vai ao encontro<strong>de</strong> Ramiro Marques, quando afirma que “obrigar as crianças <strong>de</strong> 5 anos amemorizar as letras do alfabeto é uma afronta. Estimular o raciocínio <strong>da</strong>criança sobre as regras <strong>da</strong> escrita e o relacionamento entre a linguagem fala<strong>da</strong>e a linguagem escrita é uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> e um exercício lúdico” (1991: 5).4.2 – Algumas reflexões relativamente ao processo vividoA Re<strong>de</strong> Curricular (cfr. Anexo XVI – Fotografia nº12) foi um dosinstrumentos utilizado para avaliar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s crianças, asativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s realiza<strong>da</strong>s, os interesses, ou seja, todo o trabalho que foi propostopela equipa pe<strong>da</strong>gógica e <strong>de</strong>senvolvido pelas crianças. Nesta re<strong>de</strong> constamaquilo que foi mais significativo ao longo do ano letivo e tem como finali<strong>da</strong><strong>de</strong>privilegiar a integração <strong>da</strong>s diferentes áreas e domínios, que foram regista<strong>da</strong>satravés <strong>de</strong> diferentes cores, <strong>de</strong> modo a ser possível perceber qual foi a áreaabor<strong>da</strong><strong>da</strong> nessa situação <strong>de</strong> aprendizagem. Assim, a re<strong>de</strong> curricular permitiuintencionalizar a ação educativa, planificar, clarificar uma sequência <strong>de</strong> ações econstruir ligações que inicialmente não pareciam ter relação, auxiliando naobservação <strong>da</strong> evolução <strong>da</strong> criança.Adquirir e <strong>de</strong>senvolver a linguagem vai além do apren<strong>de</strong>r meramentenovas palavras e ser capaz <strong>de</strong> produzir todos os sons <strong>da</strong> língua, compreen<strong>de</strong>losou até fazer uso <strong>da</strong>s regras gramaticais, aplicando-as à escrita.Quando as crianças se encontram num espaço on<strong>de</strong> a comunicação,escrita ou oral, é valoriza<strong>da</strong>, começam a <strong>de</strong>spertar vonta<strong>de</strong>, interesse,curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e gosto em dominar a linguagem.


O ser humano é um comunicador, o que faz com que a comunicação sejaa experiência principal no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança. Fruto <strong>da</strong>s planificaçõese as intervenções que foram realiza<strong>da</strong>s no sentido <strong>de</strong> <strong>da</strong>r resposta àsnecessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e interesses do grupo, este foi crescendo, evoluindo e<strong>de</strong>senvolvendo competências, adquirindo também novos conhecimentos.À medi<strong>da</strong> que as crianças iam sendo estimula<strong>da</strong>s tanto a nível <strong>da</strong>linguagem oral como à abor<strong>da</strong>gem à escrita, o seu discurso foi evoluindo. Foiobservável na aquisição <strong>de</strong> novo vocabulário, na utilização correta dos temposverbais, do género <strong>da</strong>s palavras, assim como no plural e no singular. No finaldo estágio, as crianças apresentavam-se mais hábeis nas conversas econseguiam captar a atenção do adulto, exprimindo-se <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>.Isto também foi transposto para a escrita, uma vez que as crianças escreviamfrases que diziam ou perguntavam livremente ao adulto como se escreviapalavras ou frases que <strong>de</strong>sejavam escrever.Todo o percurso realizado em torno <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem à escrita, as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>sque as crianças realizaram e os <strong>da</strong>dos recolhidos permitiram constatar que ascrianças compreen<strong>de</strong>m a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> escrita na educação pré-escolar, ouseja, que a escrita tem uma funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Assim, revela-se a importância dopapel <strong>da</strong> equipa pe<strong>da</strong>gógica que ao longo do ano tinham como objetivotransmitir essa mensagem e que foi compreendi<strong>da</strong> pelas crianças.A evolução ao nível <strong>da</strong> escrita foi possível <strong>de</strong> observar neste grupo,através do reconhecimento <strong>de</strong> novas letras, palavras e até <strong>da</strong> direcionali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>da</strong> escrita, uma vez que no final já sabiam on<strong>de</strong> tinham que escrever e como éque o <strong>de</strong>veriam fazer. A entreaju<strong>da</strong> foi outra <strong>da</strong>s conquistas e foi possível <strong>de</strong>verificar quando uma criança perguntava ao adulto como se escrevia umapalavra e este dizia verbalmente a letra. Se a criança não reconhecesse a letraou não a soubesse escrever, outra ia ajudá-la para ultrapassar a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>.Assim, é importante refletir que:“mais do que to<strong>da</strong>s as crianças atingirem a mesma etapa, o gran<strong>de</strong> objetivo <strong>da</strong>educação pré-escolar <strong>de</strong>ve ser o <strong>de</strong> proporcionar oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, para queto<strong>da</strong>s possam ir explorando a escrita, brincando com a escrita, refletindo sobrea escrita e as suas convenções, <strong>de</strong> uma forma contextualiza<strong>da</strong>, funcional eportanto significativa” (Mata, 2008: 43).


CONSIDERAÇÕES FINAISAs vivências <strong>de</strong> estágio têm uma gran<strong>de</strong> relevância para o futuro docente,uma vez que possibilitam a partilha do quotidiano dos profissionais <strong>de</strong>educação, assim como a aquisição <strong>de</strong> conhecimentos práticos, conciliandocom os conhecimentos teóricos. O estágio profissionalizante permitiu aaplicação <strong>de</strong>sses conhecimentos adquiridos ao longo <strong>da</strong> licenciatura e domestrado, através <strong>da</strong> partilha <strong>de</strong> experiências, com o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolveremsecompetências quer a nível pessoal e profissional, preparando para se po<strong>de</strong>rassumir, no futuro, a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> orientar um grupo <strong>de</strong> crianças.No sentido <strong>de</strong> alcançar tal objetivo, o trabalho foi assente na constantereflexão em que o processo <strong>de</strong> formação e a prática educativa é suportado,pois são instrumentos construtores <strong>de</strong> saberes, aju<strong>da</strong>ndo a revelarcompetências pessoais e profissionais. Os saberes disciplinares foramtransformados em saberes profissionais e a prática reflexiva permitiuconsciencializar a ação. Tal só foi possível através do apoio e do incentivo <strong>da</strong>Supervisora e <strong>da</strong> Educadora Cooperante, que aju<strong>da</strong>ram a <strong>de</strong>scobrir estratégiascuja finali<strong>da</strong><strong>de</strong> era melhorar e articular as situações <strong>de</strong> aprendizagem que iamacontecendo. Assim, foi possível aperfeiçoar as técnicas <strong>de</strong> observação,elaboraram-se registos e recolheram-se evidências que possibilitaram reunirinformações sobre as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do grupo e <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> criança em particular.A prática pe<strong>da</strong>gógica e a rápi<strong>da</strong> integração no contexto permitiramcrescer como pessoa e, principalmente, como futura docente. O conhecimentodo contexto, através <strong>da</strong> análise documental, foi fun<strong>da</strong>mental no sentido <strong>de</strong>atuar em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com os valores enunciados pelas mesmas, tendocolaborado <strong>de</strong> maneira efetiva na dinâmica institucional. Des<strong>de</strong> o inicio seprocurou conservar uma postura correta com todos os elementos <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> educativa, consi<strong>de</strong>rando-se que existiu uma integração completa,sendo evidência disso a confiança e autonomia que rapi<strong>da</strong>mente se obteve.Trabalhar em educação é trabalhar em equipa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> à família <strong>da</strong>s crianças, àsparcerias e à comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> on<strong>de</strong> estamos inseridos, uma vez que esta trocaconstante <strong>de</strong> experiências promove um enriquecimento pessoal.


Ao longo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a experiencia vivi<strong>da</strong> em contexto <strong>de</strong> estágio, foramvários os aspetos positivos que se <strong>de</strong>stacaram no meio <strong>de</strong> alguns receios eanseios que tinha inicialmente “ (…) Medo <strong>de</strong> facilitar, medo <strong>de</strong> não ser capaz,medo <strong>de</strong> não aguentar, medo <strong>de</strong> não correspon<strong>de</strong>r às expectativas… Medo <strong>de</strong>me per<strong>de</strong>r no caminho e não encontrar a direcção… Medo <strong>de</strong> errar…” (PortfólioReflexivo - Reflexão sobre as Emoções Iniciais, do dia 8 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2011)Contudo, o estágio foi o momento <strong>de</strong> transformar os medos e os dilemasenfrentados na sala em <strong>de</strong>safios para a profissão, po<strong>de</strong>ndo constituir espaços<strong>de</strong> aprendizagem profissional e pessoal. Vivenciei situações complexas eprocurei encontrar soluções e tomar <strong>de</strong>cisões sobre que ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s propor equal a estratégia a adotar, <strong>de</strong> forma a estimular todo o grupo.A prática educativa transformou-me, permitiu-me crescer e apren<strong>de</strong>r “ (..)Aprendi como estar perante uma sala cheia <strong>de</strong> crianças, aprendi como propor erealizar as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> melhor forma e a a<strong>de</strong>quar as estratégias; a observar;a avaliar; a li<strong>da</strong>r com os erros e que estes também fazem partes <strong>da</strong>saprendizagens (…)” (Reflexão final <strong>de</strong> estágio, do dia 1 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2012)Durante a prática <strong>de</strong> estágio procurei atuar como mediadora e <strong>de</strong> formainterdisciplinar, procurando abor<strong>da</strong>r sempre to<strong>da</strong>s as áreas e domínios,auxiliando as crianças na construção dos seus conhecimentos, abrindo espaçopara que fossem protagonistas <strong>da</strong>s suas aprendizagens, através do diálogo, <strong>da</strong>socialização dos saberes, <strong>da</strong> cooperação, <strong>da</strong> participação, <strong>da</strong> exploração.O estudo realizado permitiu compreen<strong>de</strong>r qual o sentido e a importânciaque <strong>de</strong>vemos <strong>da</strong>r à abor<strong>da</strong>gem à escrita num grupo <strong>de</strong> 5 anos, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong>lado a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o importante é as crianças apren<strong>de</strong>r a escrever mas, pelocontrário, perceberem que a escrita tem uma funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>, que serve paracomunicar, sendo uma forma <strong>de</strong> partilhar experiências e transmitir informações.Ter tido a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acompanhar e vivenciar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>um grupo <strong>de</strong> crianças, traduz-se no peso <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> senti<strong>da</strong>. Asdificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s foram ultrapassa<strong>da</strong>s e foi adquiri<strong>da</strong> mais confiança, observando-seuma melhoria na prática. Apesar <strong>de</strong> ain<strong>da</strong> existir um longo caminho a percorrera postura é a <strong>de</strong> uma futura educadora mais madura, atenta e segura, com acerteza <strong>de</strong> que é esta a profissão que preten<strong>de</strong> abraçar para o resto <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.


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<strong>ANEXO</strong>S


<strong>ANEXO</strong> I - Guião <strong>da</strong> Entrevista à EducadoraObjetivo Geral: Conhecer a importância que a escrita tem num grupo <strong>de</strong>crianças com 5 anos.Observações <strong>de</strong> introdução à entrevista: Facultar à entrevista<strong>da</strong> umambiente acolhedor, <strong>de</strong> forma a adquirir uma colaboração nas questõescoloca<strong>da</strong>s.Dar a conhecer o propósito <strong>da</strong> entrevista e os objetivos <strong>da</strong> pesquisa.Salientar que a entrevista será <strong>de</strong> caratér sigiloso1. Conhecer a situação profissional <strong>da</strong>s entrevista<strong>da</strong>s- On<strong>de</strong> é que fez o Curso <strong>de</strong> Educadora <strong>de</strong> Infância?- Há quanto tempo exerce a função <strong>de</strong> Educadora?Questões <strong>de</strong> reforço- O seu trabalho como educadora tem sido sempre em contexto <strong>de</strong>jardim-<strong>de</strong>-infância?2. I<strong>de</strong>ntificar a intencionali<strong>da</strong><strong>de</strong> educativa subjacente à sua práticape<strong>da</strong>gógicaPedir às entrevista<strong>da</strong>s que falem sobre a gestão do currículo que praticam,<strong>de</strong>signa<strong>da</strong>mente no que se refere à abor<strong>da</strong>gem à escrita- Qual o mo<strong>de</strong>lo curricular que privilegia?- Tenta que a linguagem oral e escrita esteja sempre presente nosdiferentes espaços <strong>da</strong> sala? Se sim, como?3. Conhecer as concepções <strong>da</strong> educadora sobre a abor<strong>da</strong>gem à escrita naeducação pré-escolarSolicitar a opinião <strong>da</strong>s entrevista<strong>da</strong>s sobre a importância <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem àescrita na educação pré-escolar e acerca <strong>da</strong>s estratégias/ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s a querecorrem para o efeito


- Qual a importância que atribui à abor<strong>da</strong>gem à escrita <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> naeducação pré-escolar?- Que tipos <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolve que possam favorecer aapropriação à escrita?- Quais são as razões que melhor justificam o facto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver aabor<strong>da</strong>gem à escrita na sua prática educativa?- Pensa que, se a criança <strong>de</strong> 5 anos apren<strong>de</strong>r a escrita antes <strong>de</strong> entrarno primeiro ciclo, fará com que ela mais tar<strong>de</strong> fique <strong>de</strong>smotiva<strong>da</strong> para essaaprendizagem?- Neste grupo <strong>de</strong> crianças em concreto, pensa que todo o trabalho que jáfoi <strong>de</strong>senvolvido pela equipa pe<strong>da</strong>gógica <strong>da</strong> sala foi essencial para o interessee <strong>de</strong>sejo espontâneo <strong>da</strong>s crianças em <strong>de</strong>senvolverem o domínio <strong>da</strong> escrita? Deque modo?- Alguma vez sentiu “pressão” por parte dos pais para que as criançascomeçassem a escrever no jardim-<strong>de</strong>-infância? Se sentiu, que opção é quetomou para fazer face a esse comportamento?- O que consi<strong>de</strong>ra que as crianças <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> pré-escolar pensam sobre aescrita e a sua utili<strong>da</strong><strong>de</strong>?- Relativamente à escrita, nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que propõe tem em conta odocumento Orientações Curriculares para a Educação Pré-<strong>Escola</strong>r e asBrochuras do Ministério <strong>da</strong> Educação? Se sim, <strong>de</strong> que forma?4. Conhecer as opiniões <strong>da</strong> entrevista<strong>da</strong> sobre as mu<strong>da</strong>nças ocorri<strong>da</strong>s naeducação pré-escolarSolicitar à entrevista<strong>da</strong> a sua opinião sobre as mu<strong>da</strong>nças ocorri<strong>da</strong>s naeducação pré-escolar nos últimos anos, <strong>de</strong>signa<strong>da</strong>mente no que se refere aodomínio <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem à escrita.- O que representa para si os documentos do Ministério <strong>da</strong> Educação,nomea<strong>da</strong>mente as Orientações Curriculares para a Educação Pré-<strong>Escola</strong>r e asBrochuras “Linguagem e Comunicação no Jardim-<strong>de</strong>-Infância” e “A <strong>de</strong>scoberta<strong>da</strong> Escrita?”


- Sente que é uma mais-valia para si o documento <strong>da</strong>s OrientaçõesCurriculares para a Educação Pré-<strong>Escola</strong>r ou teve alguma repercussão na suaprática pe<strong>da</strong>gógica? E em relação à abor<strong>da</strong>gem à escrita?- Quais as alterações que mais gostaria <strong>de</strong> ver implementa<strong>da</strong>s naEducação Pré-<strong>Escola</strong>r, mais concretamente na abor<strong>da</strong>gem à escrita?5. Conhecer as opiniões <strong>da</strong> entrevista<strong>da</strong> sobre a práticaSolicitar à entrevista<strong>da</strong> que reflita sobre a sua própria prática e se sentiualguma diferenças entre estes alunos e outros.- Sentiu alguma diferença entre este grupo <strong>de</strong> crianças e outros, relaçãoà abor<strong>da</strong>gem à linguagem escrita?- Há mais algum aspeto que queira referir sobre este grupo e aabor<strong>da</strong>gem à escrita e que seja importante para esta investigação?


<strong>ANEXO</strong> II - Guião <strong>da</strong> Entrevista às CriançasObjetivo: Conhecer as opiniões e os conhecimentos que as crianças têmsobre o domínio <strong>da</strong> escrita.1. Este ano, fizemos muitas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s relaciona<strong>da</strong>s com a escrita. Dequais é que te lembras?2. Para ti o que é que é escrever?3. E para que é que achas que serve a escrita?4. Em que sítios é que vemos palavras escritas?5. Tu achas que tudo aquilo que se diz po<strong>de</strong>-se escrever?Agra<strong>de</strong>cer no final a colaboração <strong>da</strong> criança.


<strong>ANEXO</strong> III - Transcrição <strong>da</strong> Entrevista à EducadoraDes<strong>de</strong> Já, queria agra<strong>de</strong>cer a sua disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e colaboração.Esta entrevista tem como propósito conhecer a sua opinião sobre aabor<strong>da</strong>gem à escrita na educação pré-escolar, mais concretamente nogrupo <strong>de</strong> crianças que orienta. Esta entrevista será <strong>de</strong> caratér sigiloso.Relativamente à sua situação profissional, on<strong>de</strong> é que fez o Curso<strong>de</strong> Educadora <strong>de</strong> Infância?Na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Minho.E há quanto tempo exerce a função <strong>de</strong> Educadora?Há 19 anos.E o seu trabalho como educadora tem sido sempre em contexto <strong>de</strong>jardim-<strong>de</strong>-infância?Não, já trabalhei em Jardim <strong>de</strong> Infância, Creche e ATL.Quanto à intencionali<strong>da</strong><strong>de</strong> educativa subjacente à sua práticape<strong>da</strong>gógica, irei pedir agora que fale sobre a gestão do currículo quepratica, <strong>de</strong>signa<strong>da</strong>mente no que se refere à abor<strong>da</strong>gem à escrita.Qual o mo<strong>de</strong>lo curricular que privilegia?O mo<strong>de</strong>lo Curricular normalmente mais utilizado nas minhas salas é oHigh Scope.E tenta que a linguagem oral e escrita esteja sempre presente nosdiferentes espaços <strong>da</strong> sala? Se sim, como?A escrita está presente em to<strong>da</strong>s as áreas com registos, com os própriosplacares <strong>da</strong>s áreas, acaba por estar presente em to<strong>da</strong>s as áreas. A oral atravésdos diálogos com eles, trabalhar com eles em ca<strong>da</strong> área também estápresente. É óbvio, estamos sempre em comunicação, em diálogo com ascrianças.


Relativamente à abor<strong>da</strong>gem à escrita na educação pré-escolar, quala importância que lhe atribui?A importância <strong>de</strong> a criança perceber que a escrita tem umafuncionali<strong>da</strong><strong>de</strong>, não é… Tem uma função e <strong>de</strong> curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, que a criança estejacuriosa em utilizar essa função. Basicamente é isso que me interessa. Não meinteressa que as crianças apren<strong>da</strong>m a escrever mas que já comecem a utilizara escrita <strong>de</strong> alguma prática, não é… que a utilizem para uma forma prática e euacho isso importante.E que tipos <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolve que possam favorecer aapropriação à escrita?Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s como escrever à frente <strong>de</strong>les, os diálogos, os registos diários, ospróprios textos <strong>da</strong>s crianças. Acho que é muito importante escrever à frente<strong>da</strong>s crianças. Outras ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> escrita, por exemplo, quando faço osmarcadores <strong>da</strong>s áreas, também feito com o grupo, eles acabam por reconheceralgumas letras, algumas palavras… Mais ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s para a escrita… Estas euacho que são as mais importantes.Quais são então as razões que melhor justificam o facto <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolver a abor<strong>da</strong>gem à escrita na sua prática educativa?Não me preocupa a preparação para o primeiro ciclo. Preocupa-me quea criança perceba que a escrita é uma coisa necessária, que tem uma função,no fundo é uma valorização <strong>da</strong> escrita como é a linguagem oral, como é outrasáreas <strong>de</strong> conteúdo ou outras áreas do currículo. Não me preocupa a passagemporque eu não ensino a escrever. Eu incentivo as crianças a terem até a suaprópria escrita, a sua maneira <strong>de</strong> escrever, para que <strong>de</strong> facto tenhamcuriosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e interesse nisso, não é como preparação.Pensa que, se a criança <strong>de</strong> 5 anos apren<strong>de</strong>r a escrita antes <strong>de</strong>entrar no primeiro ciclo, fará com que ela mais tar<strong>de</strong> fique <strong>de</strong>smotiva<strong>da</strong>para essa aprendizagem?


Po<strong>de</strong>rá acontecer, mas como eu não ensino a escrita como no primeirociclo, é sempre diferente. Eles vão chegar ao primeiro ciclo, é obvio que vãoconhecer algumas letras, algumas palavras…Alguns até se calhar já sabem ler,não é… Mas a aprendizagem que normalmente no primeiro ciclo é efetua<strong>da</strong> émuito diferente <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que eu aqui proporciono. Portanto as criançasvão ter tempo <strong>de</strong> fazer e apren<strong>de</strong>r coisas diferentes. As minhas crianças nuncafizeram grafismos, que provavelmente vão fazer… Aquelas fichas,provavelmente vão fazer… Escrever o A vinte vezes… A caligrafia, tambémnunca ensinei a caligrafia aqui… Por isso vai ser sempre diferente.Sim, as crianças vão <strong>de</strong>senvolver ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e fazer trabalhos <strong>de</strong>grafismos que nunca fizeram aqui.Neste grupo <strong>de</strong> crianças em concreto, pensa que todo o trabalhoque já foi <strong>de</strong>senvolvido pela equipa pe<strong>da</strong>gógica <strong>da</strong> sala foi essencial parao interesse e <strong>de</strong>sejo espontâneo <strong>da</strong>s crianças em <strong>de</strong>senvolverem odomínio <strong>da</strong> escrita?É óbvio, acho que sim… acho que sim…De que modo?Este grupo é um grupo on<strong>de</strong> nós temos crianças que lêem algumaspalavras e temos crianças que escrevem também palavras e copiam muito bempalavras e acho que é evi<strong>de</strong>nte que todo o trabalho que é efetuado ao longo<strong>de</strong>stes anos, <strong>de</strong> leitura à frente <strong>de</strong>les, <strong>de</strong> escrita à frente <strong>de</strong>les, imensasativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s nesta área, acaba por incentivar as crianças a quererem saber mais.Uma pergunta relativamente aos pais, alguma vez sentiu “pressão”por parte <strong>de</strong>stes para que as crianças começassem a escrever no jardim<strong>de</strong>-infância?Não, neste grupo não. Já senti noutros grupos e falei com os pais eexpliquei qual era o ponto <strong>de</strong> vista e qual era a função do Jardim-<strong>de</strong>-Infância. Eresultou. Neste grupo em questão, nunca senti.


O que consi<strong>de</strong>ra que as crianças <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> pré-escolar pensamsobre a escrita e a sua utili<strong>da</strong><strong>de</strong>?As crianças têm curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Eu acho que têm muita curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e comoneste grupo reparei algumas crianças têm irmão mais velhos querem, no fundo,copiar os irmãos. Vêm os irmãos a escrever e também querem copiar ostrabalhos <strong>de</strong> casa, copiar a forma <strong>de</strong> estar e portanto se calhar essas criançascomeçam a escrever e a copiar palavras mais cedo porque têm curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>.Basicamente eles pensam que o facto <strong>de</strong> escrever quer dizer que eles já sãocrescidos. Parece-me isso.Relativamente à escrita, nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que propõe tem em conta odocumento Orientações Curriculares para a Educação Pré-<strong>Escola</strong>r e asBrochuras do Ministério <strong>da</strong> Educação?Mais as Orientações Curriculares. Tento executar ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que vão aoencontro <strong>da</strong>queles objetivos, <strong>da</strong>quelas competências que a criança <strong>de</strong>veráadquirir. Por isso, quando eu penso nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, obviamente que faço arelação com as Orientações Curriculares.Então, o que representa para si esses documentos?Des<strong>de</strong> que comecei a trabalhar que já havia as Orientações Curricularesportanto as Orientações Curriculares são sempre a primeira base que eupreencho quando eu organizo as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. As brochuras aju<strong>da</strong>m asistematizar um pouco o trabalho. Claro que muitas <strong>da</strong>s coisas que estão nasbrochuras eu já fazia antes <strong>de</strong> existirem as brochuras. Mas para algumaspessoas aju<strong>da</strong> não é… Porque aju<strong>da</strong> a perceber porque é que fazem algo quese calhar algumas pessoas nem percebiam muito bem porque é que faziamaquilo e agora têm ali uma fun<strong>da</strong>mentação.Sente que é uma mais-valia para si o documento <strong>da</strong>s OrientaçõesCurriculares para a Educação Pré-<strong>Escola</strong>r ou teve alguma repercussão nasua prática pe<strong>da</strong>gógica?Resposta: Sim, penso que sim. Como as metas <strong>de</strong> aprendizagem também.E em relação à abor<strong>da</strong>gem à escrita?


Em relação à abor<strong>da</strong>gem è escrita penso que também seja uma maisvaliaporque aquilo que está nas brochuras não <strong>de</strong>monstra a escrita no préescolarcomo no 1º ciclo. Dá valor à escrita como <strong>de</strong> facto um modo <strong>de</strong>expressão <strong>da</strong> criança e <strong>de</strong> valorizar a escrita como uma função, com a suafunção… Em nenhuma brochura diz que se <strong>de</strong>ve ensinar ou se <strong>de</strong>ve <strong>da</strong>raquele ar muito técnico à questão não é…Quais as alterações que mais gostaria <strong>de</strong> ver implementa<strong>da</strong>s naEducação Pré-<strong>Escola</strong>r, mais concretamente na abor<strong>da</strong>gem à escrita?Resposta: Não queria. De facto não <strong>de</strong>veria haver alteração porque achoque, pelo menos as crianças que saem normalmente <strong>da</strong> minha mão, emDezembro já lêem, já escrevem e não têm tido dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> nenhuma, portantoacho que não preciso que haja alterações.Pelo que me disse inicialmente, já exerce à 19 logo, logo já foiEducadora <strong>de</strong> alguns grupos <strong>de</strong> crianças com 5 anos.Sentiu alguma diferença entre este grupo <strong>de</strong> crianças e outros, emrelação à abor<strong>da</strong>gem à linguagem escrita?Acho que ca<strong>da</strong> vez mais as crianças interessam-se pela escrita maiscedo. Estou a pensar no primeiros grupos que eu apanhei à <strong>de</strong>zoito anos ou à<strong>de</strong>zassete anos, não havia tanto interesse como há agora. Mas eu acho queisso essencialmente tem a haver também porque os profissionais estão maisatentos, mas também porque hoje em dia as crianças são bombar<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s pelaescrita por todo o lado, não é… Na televisão, nos placares, é na publici<strong>da</strong><strong>de</strong>,portanto eu penso que acabam por ficar mais curiosas relativamente maiscedo. Tive crianças que aos quatro anos já queriam copiar algumas palavras eque já reconheciam algumas palavras. Talvez nos primeiros grupos isso nãoacontecesse… Também com o computador, não é… Muitas crianças escrevemno computador e começam a ter mais curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> por escrever paraconseguirem acompanhar os jogos <strong>de</strong> computador e to<strong>da</strong>s essas tecnologias,digamos… Portanto, o que eu tenho notado ao longo dos anos é que <strong>de</strong> factoas crianças <strong>de</strong>monstram ca<strong>da</strong> vez mais interesse na área <strong>da</strong> escrita.


Mas… Este grupo em relação, por exemplo, ao meu grupo anterior <strong>de</strong> háquatro anos atrás é muito idêntico… É, muito idênticos… Claro que há semprecrianças mais interessa<strong>da</strong>s que outras, mas elas são to<strong>da</strong>s diferentes, não é…portanto…Há mais algum aspeto que gostaria <strong>de</strong> referir sobre este grupo e aabor<strong>da</strong>gem à escrita e que seja importante para esta investigação?Este grupo, talvez por ter irmãos mais velhos e por se calhar <strong>de</strong>s<strong>de</strong>pequeninos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os dois anos, que eles faziam portefólios e <strong>de</strong>pois viam láregistos escritos e que viam lá até a escrita feita por eles, não é… Se calharera um grupo muito interessado nessa área, para além <strong>de</strong> outras… Mas<strong>de</strong>monstrou sempre muito interesse nesta área… Claro que eu noutros grupostambém tinha crianças interessa<strong>da</strong>s mas se calhar não eram tanto como nestegrupo…Está tudo?Sim.Muito Obriga<strong>da</strong>.


<strong>ANEXO</strong> IV - Transcrição <strong>da</strong> Entrevista às CriançasDadosQuestõesCriança: 1Local: InstituiçãoData: 30/05/2012Criança: 2Local: InstituiçãoData: 31/05/20121. Este ano, fizemosmuitas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>srelaciona<strong>da</strong>s com aescrita. De quais éque te lembras?Lembro-me dos trabalhos importantes,que fizemos com a escrita, os números,o hipotrochoid, que ca<strong>da</strong> um fez.Fizemos um trabalho em que tínhamosque ver as letras minúsculas e asminúsculas e <strong>de</strong>pois fomos tentarFizemos. Lembro-me <strong>da</strong>sativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s para ter no portfólio. Osrecados <strong>da</strong> máquina fotográfica e<strong>da</strong> farmácia e ca<strong>da</strong> vez queexperimentamos coisas novas,escrevíamos palavras e osadivinhar as palavras.números. Também quandoNo foguetão trabalhamos também aescrita, porque uns fizeram <strong>de</strong>senhos,outros fizeram letras, outros números.No foguetão temos números e aspalavras escritas no computador.marcávamos as áreas tínhamosque escrever os números na tabela.Na área <strong>da</strong> escrita, escrevíamos osnomes dos meninos e fazíamosjogos <strong>de</strong> letras.Fizemos o livro do foguetão on<strong>de</strong> todostivemos que fazer uma regra e <strong>de</strong>poisescrever.Fizemos aquela ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> on<strong>de</strong>tivemos que fazer um <strong>de</strong>senho e<strong>de</strong>pois <strong>de</strong>scobrir qual era a letraque esse <strong>de</strong>senho começava e<strong>de</strong>pois metíamos as letras à beiraCriança: 3Local: InstituiçãoData: 31/05/2012Trabalhamos nos foguetões, afazer as asas, em enfeitar a parte<strong>de</strong> cima, on<strong>de</strong> colamos letras,números e <strong>de</strong>senhos.Fizemos também os botões porqueescrevemos números e fizemos olivro <strong>da</strong>s regras que tivemos quefazer os <strong>de</strong>senhos <strong>da</strong>s regras queos meninos e <strong>de</strong>pois escrevemos.Também vimos as letrasmaiúsculas e minúsculas e fizemoso abecedário. Tínhamos que<strong>de</strong>senhar e <strong>de</strong>pois escrever.Escrevemos também o recado <strong>da</strong>mãe pagar, o <strong>da</strong> farmácia e doquarto que era trazer a fotografia


2. Para ti, o que é queé escrever?3. Para que é que tupensas que serve aescrita?4. Em que sítios é quenós vemos palavrasescritas?Escrever para mim é coisasimportantes. Escrevi o que eu tinha quefazer, foi assim, primeiro na minha folhaeu escrevi o nome e <strong>de</strong>pois vocêsfaziam o que tinha que escrever, asletras, e <strong>de</strong>pois eu copiava.A escrita é importante porque assim eujá aprendo a escrever.Para coisas importantes, para escrever.Para <strong>da</strong>r recados, para trabalhar, paracomunicar.Vemos nas camisolas, nas folhas,na biblioteca, nos livros, nosposters.dos <strong>de</strong>senhos e escrevíamos.No foguetão escrevemos algunsnúmeros e palavras nos ecrãs etambém escrevemos as regras.Para mim acho que é importantepara conseguirmos fazer as coisase não termos que pedir aju<strong>da</strong> àsoutras pessoas, para não teremtrabalho.Para apren<strong>de</strong>rmos a escrever, afazer jogos <strong>de</strong> escrita, para lermose perceber o que está escrito.Nos trabalhos, em casa, noescritório. Às vezes nasentra<strong>da</strong>s dos prédios paraavisarem alguma coisa e àspara a sala para <strong>de</strong>pois copiarmosos quartos.É <strong>de</strong>senhar, é man<strong>da</strong>r recados, éfazer livros, é apren<strong>de</strong>r.Serve para escrevermos, paraapren<strong>de</strong>r, para comunicar e asletras dão informações. Foiimportante apren<strong>de</strong>r porque euantes não sabia fazer algumasletras e agora já seiVemos nos <strong>de</strong>senhos, noscorreios, nos recados, na rua,nas pare<strong>de</strong>s <strong>da</strong>s casas, noscartazes, no jornal, nos livros.


5. Tu achas que tudoaquilo que se diz, po<strong>de</strong>-seescrever?Sim, porque nós quandoapren<strong>de</strong>mos a escrever, se nós nãoquisermos falar escrevemos ou<strong>de</strong>senhamos para a folha.vezes metem papeis nas ruaspara avisar alguma coisa. Sealguém se tiver perdido,escrevem à procura <strong>de</strong>le.As palavras que não existempo<strong>de</strong>m-se escrever mas é sópor brinca<strong>de</strong>ira. Mas asconversas que temos po<strong>de</strong>-seescrever.Escrever não é estar a falar.Escrever é só estar com acaneta.Em todo o lado.Não, porque alguns sons não sepo<strong>de</strong>m imitar e escrever, masas conversas po<strong>de</strong>-se escreverporque se ouve.


<strong>ANEXO</strong> V - Análise <strong>de</strong> Conteúdo <strong>da</strong> Entrevista à EducadoraÁreas <strong>da</strong> sala on<strong>de</strong> está presente a linguagemÁreas com registosPlacares <strong>da</strong>s áreasQuadro nº1- Áreas <strong>da</strong> sala on<strong>de</strong> está presente a linguagemImportância atribuí<strong>da</strong> à abor<strong>da</strong>gem à escritaFuncionali<strong>da</strong><strong>de</strong>Curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>Não interessa que as crianças apren<strong>da</strong>m a escreverQuadro nº2- Importância atribuí<strong>da</strong> à abor<strong>da</strong>gem à escritaRazões para <strong>de</strong>senvolver a escrita na prática educativaNão a preocupa a escrita enquanto preparação para o primeiro cicloEscrita é necessáriaIncentiva as crianças a terem a sua própria escritaA curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e interesseQuadro nº3- Razões para <strong>de</strong>senvolver a escrita na prática educativaImportância <strong>da</strong> aprendizagem <strong>da</strong> escrita antes <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> noprimeiro cicloAprendizagem no primeiro ciclo é diferente <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do jardim-<strong>de</strong>infânciaReconhecer letrasQuadro nº4 – Importância <strong>da</strong> aprendizagem <strong>da</strong> escrita antes <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> noprimeiro ciclo


Conceções <strong>da</strong>s crianças sobre a escritaCuriosi<strong>da</strong><strong>de</strong>Pensam que são crescidos por já escreveramQuadro nº5 - Conceções <strong>da</strong>s crianças sobre a escritaAtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que favorecem a escritaEscrita à frente <strong>da</strong>s criançasDiálogosRegistos DiáriosTextos Elaborados pelas criançasMarcadores <strong>da</strong>s áreasQuadro nº6 – Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que favorecem a escritaAvaliação <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s propostasLer palavrasEscrever palavrasCopiar palavrasLeitura à frente <strong>da</strong>s criançasEscrita à frente <strong>da</strong>s criançasQuadro nº 7 – Avaliação <strong>da</strong>s Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s Propostas


Importância dos Documentos do Ministério <strong>da</strong> EducaçãoOrientações Curriculares para a Educação Pré-<strong>Escola</strong>r e Brochuras“A <strong>de</strong>scoberta <strong>da</strong> Escrita” e “Linguagem e Comunicação no Jardim<strong>de</strong>-Infância”Primeira base para organizar as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>sServem para sistematizar e fun<strong>da</strong>mentar a práticaValorização <strong>da</strong> linguagem escrita como forma <strong>de</strong> expressão <strong>da</strong> criançaAs brochuras não <strong>de</strong>monstram a escrita no pré-escolar como no 1ºcicloQuadro nº8 – Importância dos Documentos do Ministério <strong>da</strong> EducaçãoRazões que suscitaram o interesse <strong>da</strong> escrita no grupoVisualização <strong>da</strong> escrita por todo o ladoIrmãos mais velhosContacto com a escrita <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequenosContacto com registos escritosElaboração do portfólioQuadro nº9 – Razões que suscitaram o interesse <strong>da</strong> escrita no grupo


<strong>ANEXO</strong> VI - Análise <strong>de</strong> Conteúdo <strong>da</strong> Entrevista às CriançasAtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s relaciona<strong>da</strong>s com a escritaAtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s letras minúsculas e maiúsculas e do abecedárioDesenhosLivro <strong>da</strong>s regras do foguetãoPortfólioRecadosMarcação <strong>da</strong>s áreasJogos <strong>de</strong> letrasEscrita <strong>de</strong> números e palavras nos ecrãsQuadro nº1 – Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s relaciona<strong>da</strong>s com a escritaConceções <strong>da</strong> criança sobre o que é escreverRealizar trabalhos importantesApren<strong>de</strong>rTer autonomiaDesenharFazer LivrosEscrever RecadosQuadro nº2 – Conceções <strong>da</strong> criança sobre o que é escreverUtili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> EscritaPara comunicarAs letras dão InformaçãoQuadro nº 3 - Utili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Escrita


Locais on<strong>de</strong> vêm escritaFolhasBibliotecasLivrosPostersDesenhosCorreiosJornaisEm todo o ladoQuadro nº4 – Locais on<strong>de</strong> vêm escrita


<strong>ANEXO</strong> VII - Projeto Educativo


<strong>ANEXO</strong> VIII - Regulamento Interno


<strong>ANEXO</strong> IX - Plano Anual <strong>de</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s


<strong>ANEXO</strong> X - GráficosGráfico nº 1 – Caracterização <strong>da</strong>s famílias segundo a i<strong>da</strong><strong>de</strong> do paiNo gráfico nº1, verifica-se que a maioria dos pais tem i<strong>da</strong><strong>de</strong>s compreendi<strong>da</strong>sentre o 36 e 40 anos, com 62%. De segui<strong>da</strong>, a maior percentagem verifica-se com ospais que têm i<strong>da</strong><strong>de</strong>s compreendi<strong>da</strong>s entre os 41 e 45 anos, com uma percentagem <strong>de</strong>19%. Os pais com i<strong>da</strong><strong>de</strong>s entre os 46 e 50 anos representam 14% e apenas 5% dospais é que se situam entre os 30 e os 35 anos.Gráfico nº 2 – Caracterização <strong>da</strong>s famílias segundo a i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mãeNo gráfico nº 2, observa-se que a maioria <strong>da</strong>s mães tem entre 36 a 40 anos.Com 33%, encontramos mães cuja i<strong>da</strong><strong>de</strong> compreen<strong>de</strong> os 30 e os 35 anos e 19% <strong>da</strong>smães têm i<strong>da</strong><strong>de</strong>s compreendi<strong>da</strong>s entre os 41 e 45 anos. Apenas 10% <strong>da</strong>s mães têmentre 46 a 50 anos.


Gráfico nº 3 – Caracterização <strong>da</strong>s famílias segundo as habilitações académicas dos paisNo gráfico nº3, verifica-se que a maioria dos pais tem o grau académico <strong>de</strong>Licenciatura, com 67%. Existem 14% dos pais que possuem o Ensino Secundário e9% dos pais têm o Doutoramento. Ain<strong>da</strong> se observa que 5% dos pais têm o 2º Ciclo eoutros 5% têm Mestrado.Gráfico nº 4– Caracterização <strong>da</strong>s famílias segundo as habilitações académicas <strong>da</strong>s mães No gráfico nº4, 76% <strong>da</strong>s mães têm o grau académico <strong>de</strong> Licenciatura e 10%têm o Doutoramento. Existem 9% dos pais que possuem o Mestrado e os restantes5% possuem o Ensino Secundário.


Gráfico nº 5 – Caracterização <strong>da</strong>s famílias segundo as profissões dos paisNo gráfico nº5, verifica-se que 10% dos pais têm as profissões <strong>de</strong> Professor e<strong>de</strong> Delegado <strong>de</strong> Informação Médica. De segui<strong>da</strong>, 9% dos pais têm como profissão a<strong>de</strong> Bancário, Professor Universitário, Analista <strong>de</strong> Sistemas e Engenheiro. Os restantes35% têm as outras diversas profissões, tais como 5% ser Arquitecto, outros 5% serEconomista, entre outros.Gráfico nº 6 – Caracterização <strong>da</strong>s famílias segundo as profissões <strong>da</strong>s mãesNo gráfico nº6, verifica-se que 14% <strong>da</strong>s mães têm como profissão serprofessora. Confirma-se que 10 % <strong>da</strong>s mães têm como profissão bancária oueconomista. As restantes 65% têm as outras profissões.


Gráfico nº 7 – Caracterização <strong>da</strong>s famílias segundo estado civil dos paisDe acordo com o gráfico nº4, 95% dos pais são casados. Apenas 5% dos paissão divorciados.Gráfico nº 8 – Caracterização <strong>da</strong>s famílias quanto ao nº <strong>de</strong> filhosSegundo o gráfico nº8, verifica-se que 62% <strong>da</strong>s crianças têm apenas 1 irmão.Na sala dos 5 anos, 29% <strong>da</strong>s crianças são filhos únicos. Apenas 9% <strong>da</strong>s crianças têmmais do que 1 irmão.


Gráfico nº 9 – Caracterização <strong>da</strong>s famílias quanto local on<strong>de</strong> habitamNo gráfico nº9, verifica-se que 43% <strong>da</strong>s crianças habitam na zona <strong>de</strong> Paranhose 14% habitam em Bonfim. No entanto, 10% <strong>da</strong>s crianças moram na freguesia <strong>de</strong>Santo Il<strong>de</strong>fonso. Por sua vez, 9% <strong>da</strong>s crianças vivem na Maia e em Cedofeita.Verifica-se ain<strong>da</strong> que 5% <strong>da</strong>s crianças habitam em Matosinhos, 5% em Campanhã eoutros 5% em Rio Tinto.Gráfico nº 10 – Caracterização do grupo quanto ao géneroCom a análise do gráfico nº 10, po<strong>de</strong>-se constatar que mais <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> dogrupo é constituído pelo sexo feminino, com 57%. Representado com 43% está o sexomasculino.


Gráfico nº 11 – Caracterização do grupo quanto ao mês que completam 5 anosAtravés <strong>da</strong> observação do gráfico nº11, po<strong>de</strong>-se concluir que 19% <strong>da</strong>scrianças completam 5 anos no mês <strong>de</strong> Setembro. As crianças que completam 5anos no mês <strong>de</strong> Outubro são <strong>de</strong> 14% e 9% <strong>da</strong>s crianças completam 5 anos nomês <strong>de</strong> Novembro. Em Dezembro 5% <strong>da</strong>s crianças completam 5 anos. Asrestantes crianças foram completando os 5 anos nos outros meses do ano.Assim sendo, verifica-se que <strong>de</strong> Setembro a Dezembro 33% <strong>da</strong>scrianças completam 5 anos nesta altura, sendo as crianças mais novas <strong>da</strong> salados 5 anos. A partir <strong>de</strong> Janeiro, as crianças já fazem 6 anos e essapercentagem correspon<strong>de</strong> a 67%.


<strong>ANEXO</strong> XI - Registos <strong>de</strong> Inci<strong>de</strong>nte CríticoRegisto <strong>de</strong> Inci<strong>de</strong>nte Crítico nº1Nome: J.P.I<strong>da</strong><strong>de</strong>: 5 anosObservadora: Inês (Estagiária) Data: 24/11/2011Inci<strong>de</strong>nte:Após o recreio <strong>de</strong> almoço, o J.P. entra na sala e diz “Eu, o D e o Gvamos para o Espaço para ver o nosso planeta e os outros planetas”.Com esta afirmação, surgiu um diálogo sobre uma i<strong>da</strong> ao espaço, umfoguetão e todos os aspectos que envolvem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a construção <strong>de</strong> uma naveou foguetão até à questão <strong>de</strong> como é que o homem e os carros an<strong>da</strong>m noespaço.Comentário:É <strong>de</strong> realçar que esta conversa surgiu porque, no dia anterior, o J.P.tinha trazido um trabalho <strong>de</strong> imagens realizado em casa que mostrava ohomem no espaço com uma nave.Com a afirmação do J.P., iniciou-se um diálogo motivador para ascrianças, visto que to<strong>da</strong>s estavam concentra<strong>da</strong>s, interessa<strong>da</strong>s no tema, atentasao que os outros diziam, fazendo questões e respon<strong>de</strong>ndo a outras. O grupo<strong>de</strong>u ain<strong>da</strong> i<strong>de</strong>ias e opiniões sobre a construção <strong>de</strong> alguns aspectosrelacionados com a nave.O diálogo iniciado pelo J.P. permitiu com que to<strong>da</strong>s as outrasparticipassem, <strong>de</strong>monstrando trabalho <strong>de</strong> equipa e cooperação, <strong>de</strong>senvolvendotambém a criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e imaginação <strong>da</strong>s crianças.O J.P. <strong>de</strong>u oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> aos outros para intervirem nas conversas,permitindo aos outros <strong>da</strong>r i<strong>de</strong>ias e opiniões, esperando posteriormente pela suavez <strong>de</strong> intervir.


Registo <strong>de</strong> Inci<strong>de</strong>nte Crítico nº2Nome <strong>da</strong> Criança: R, D e JCI<strong>da</strong><strong>de</strong>: 5 anosObservadora: Inês (Estagiária) Data: 18/11/2011Inci<strong>de</strong>nte:A Estagiária pe<strong>de</strong> às crianças para arrumarem as áreas porque é hora<strong>de</strong> ir lanchar. As crianças arrumam a sala e três crianças sentam-se em trêsca<strong>de</strong>iras que estavam na ro<strong>da</strong> <strong>da</strong> reunião.O D diz: “Eu sou a Cristina”. Posteriormente, o JC diz: “Eu sou a Júlia” eo R afirma “Eu sou a Inês”.Posteriormente, o JC vai buscar 2 tampas e pergunta às crianças queestão na ro<strong>da</strong>: “Vêm estas duas tampas?”. A Educadora Cristina (que está naro<strong>da</strong> a fazer <strong>de</strong> criança) respon<strong>de</strong>: “Não, são 4”. O JC respon<strong>de</strong>: “Não, são 2 etambém dão para fazer como as caricas”.Enquanto isto, o D foi buscar material <strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdício e começou a fazercontas com esse material: “Aqui estão 2 paus, e <strong>de</strong>ste lado estão mais 2 paus.Quantos paus estão ao todo? Estão 4”No final, o R vendo as crianças a ir para a beira <strong>da</strong> porta formar uma fila.Começou então por dizer: “Agora vai para a fila quem tem trancinhas no cabeloe sapatilhas cor-<strong>de</strong>-rosa”.À i<strong>da</strong> para o refeitório, o D pôs a mão no queixo e ia dizendo às criançasse estas estavam a fazer bem ou não a coreografia <strong>da</strong> canção.Comentário:As três crianças evi<strong>de</strong>nciaram a função simbólica através <strong>da</strong> imitaçãodiferi<strong>da</strong>, ao imitarem exactamente os papéis <strong>da</strong> Educadora, Estagiária eAuxiliar. Deste modo, as crianças interagiram umas com as outras,experimentando personagens em activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> faz <strong>de</strong> conta que surgiram <strong>de</strong>modo espontâneo, recriando uma situação do quotidiano <strong>da</strong> sala dos 5 anos.O JC reconheceu sem contagem o número <strong>de</strong> objectos e souberespon<strong>de</strong>r correctamente quando a Educadora disse que eram dois. Deste


modo, o JC soube relacionar a adição com o combinar <strong>de</strong> dois objectos. O JCcomparou ain<strong>da</strong> as tampas com as caricas, relacionando assim esta afirmaçãocom conhecimentos já aprendidos e percebeu que as tampas também servempara jogar o mesmo jogo.Por sua vez, o D também foi capaz <strong>de</strong> interpretar o papel <strong>da</strong> Educadora,representando assim situações comuns do seu dia-a-dia <strong>da</strong> sala. Também foicapaz <strong>de</strong> relacionar a adição com a zona <strong>de</strong> quatro objectos, dois <strong>de</strong> um lado edois do outro lado.Foi ain<strong>da</strong> capaz <strong>de</strong> ver e perceber o que é que as restantes crianças estavam afazer correctamente ou não, corrigindo-as quando estas não faziam <strong>da</strong> maneiracorrecta a coreografia.O R também <strong>de</strong>sempenhou o papel <strong>da</strong> Estagiária, pois no dia anterior aestagiária tinha classificado as crianças para irem para a fila conforme assapatilhas. Nesta altura, o R fez a mesma coisa, fazendo então a classificaçãosegundo um ou dois atributos.


Registo <strong>de</strong> Inci<strong>de</strong>nte Crítico nº3Nome <strong>da</strong> Criança: “R”I<strong>da</strong><strong>de</strong>: 5 anosObservador: Inês (Estagiária) Data: 19/10/2011Inci<strong>de</strong>nte:Na reunião, uma criança disse à Educadora que tinha trazido muitospuzzles para a sala. A educadora pediu para a criança mostrar o puzzle.Enquanto a criança e a Educadora mostravam o puzzle, a Educadora disse:“Este tem nove peças”. A criança respon<strong>de</strong>u que “já per<strong>de</strong>u uma”.Posteriormente, o Rodrigo afirma “Então tem oito”.Comentário:Através <strong>de</strong>ste registo, po<strong>de</strong>-se apreen<strong>de</strong>r que o “R” já é capaz <strong>de</strong> fazersubtrações, isto é, já consegue perceber que a subtração é o retirar uma <strong>da</strong><strong>da</strong>quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> a um grupo. Neste caso em concreto, o “R” percebeu que no iniciohavia 9 peças. Como <strong>de</strong>pois per<strong>de</strong>u-se uma, ele retirou “um número ao 9”,obtendo assim <strong>de</strong> resposta 8 peças.Quanto à peça que faltava, fizemos uma votação sobre se o jogo ia ficarna sala, na área dos jogos, ou se ia embora. To<strong>da</strong>s as crianças concor<strong>da</strong>ramem <strong>de</strong>ixar o jogo, mesmo sem uma peça, na sala. Deste modo, a criança quetrouxe o puzzle para a sala foi colocá-lo na área dos jogos.


Registo <strong>de</strong> Inci<strong>de</strong>nte Crítico nº4Nome: RI<strong>da</strong><strong>de</strong>: 5 anosObservadora: Inês (Estagiária) Data: 16/11/2011Inci<strong>de</strong>nte:No acolhimento, as crianças estavam a explicar à Educadora e àEstagiária que activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s tinham realizado com a Auxiliar nos dois diasanteriores. Após a explicação <strong>de</strong> algumas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, as crianças estavam aexplicar o que é que estava colado no chão. O R meteu o <strong>de</strong>do no ar e disse:“É a pista para o jogo <strong>da</strong>s caricas. E aqui está escrito META. Começa por umM, <strong>de</strong>pois um E, um T e um A”.A Educadora e a Estagiária respon<strong>de</strong>ram: “Muito Bem R”.Comentário:O R reconheceu a palavra que estava escrita no chão, lembrando-se doque foi anteriormente aprendido, utilizando assim nos diálogos palavras queapren<strong>de</strong>u recentemente. Foi capaz <strong>de</strong> reconstruir uma palavra através <strong>da</strong>agregação <strong>de</strong> sílabas, i<strong>de</strong>ntificando correctamente as letras e enunciando-aspela or<strong>de</strong>m correta.A criança ain<strong>da</strong> foi capaz <strong>de</strong> partilhar informação oralmente através <strong>de</strong>frases coerentes.


Registo <strong>de</strong> Inci<strong>de</strong>nte Crítico nº5Nome <strong>da</strong> Criança: G.I<strong>da</strong><strong>de</strong>: 5 anosObservadora: Inês (Estagiária) Data: 11/01/2012Inci<strong>de</strong>nte:Durante a realização <strong>de</strong> uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, on<strong>de</strong> as crianças estavam aanalisar e a comentar as obras <strong>de</strong> arte que estavam a visualizar, a estagiáriaperguntou às crianças se sabiam qual era o nome do quadro uma vez que essenome estava lá escrito.O G. pôs o <strong>de</strong>do no ar e respon<strong>de</strong>u:- “Chama-se LA? Está ali um L e um A!”A estagiária diz que esse não é o nome, mas que o nome tem essasletras. Posteriormente, o J.P diz:- “Po<strong>de</strong> ser um LAGO? Porque tem assim muitas coisas”.A estagiária pergunta se essas são as únicas letras que as criançasconseguem ver na pintura e o G. diz que não. De segui<strong>da</strong>, o G. diz “ Vejo um E,um N, um T, um R, um A, um D e um A.”A estagiária pergunta ao G. se ele sabe dizer a palavra cujas letrasacabou <strong>de</strong> soletrar. Como G. diz que não sabe como se diz, a estagiáriacomeça a soletrar: “En… Tra…”. No final, to<strong>da</strong>s as crianças completaram como “DA”, dizendo no final a palavra completa “Entra<strong>da</strong>”.Comentário:Através <strong>de</strong>ste registo, po<strong>de</strong>-se observar que o G. isola ca<strong>da</strong> letra econsegue segmentar silabicamente palavras. É possível verificar que a criançai<strong>de</strong>ntifica algumas letras maiúsculas e reconhece algumas letras para além <strong>da</strong>sdo seu nome. Foi possível verificar ain<strong>da</strong> que a criança pronuncia corretamentealgumas letras do abecedário. O G. sabe que as letras correspon<strong>de</strong>m a sonsdo principio alfabético.O G. soletrou as letras <strong>da</strong> esquer<strong>da</strong> para a direita, reconhecendo assimo sentido direccional <strong>da</strong> escrita e <strong>da</strong> leitura.


Registo <strong>de</strong> Inci<strong>de</strong>nte Crítico nº6Nome <strong>da</strong> Criança: D.A.I<strong>da</strong><strong>de</strong>: 5 anosObservadora: Estagiária Data: 15/05/2012Inci<strong>de</strong>nte:O D. estava na área <strong>da</strong> expressão plástica a fazer um <strong>de</strong>senho livre eestava a <strong>de</strong>senhar um bombeiro. Após ter terminado o seu trabalho, foi ter coma estagiária finalista e perguntou:-“Inês, como é que se escreve Bombeiro?”A Estagiária finalista pediu ao D. para ir buscar à mesa o abecedário queo grupo estava a construir e pediu-lhe para encontrar o <strong>de</strong>senho do bombeiro,que constava nesse abecedário e que estava relacionado com a letra B.O D. encontrou a folha que continha o <strong>de</strong>senho do bombeiro e a palavraescrita, e foi copiá-la para a sua folha <strong>de</strong> trabalho.Passado algum tempo, o D. mostrou à estagiária a sua folha <strong>de</strong> trabalhoe disse:“- Inês, escrevi Bombeiros”.A Estagiária perguntou ao D. o que é que ele fez para escrever essapalavra e se estava ou não igual à palavra que ele copiou.O D. respon<strong>de</strong>u que a palavra por on<strong>de</strong> ele copiou estava escritabombeiro e que ele escreveu bombeiros e que, para tal, teve que acrescentarum s. Afirmou ain<strong>da</strong> que era bombeiros porque tinha <strong>de</strong>senhado mais do queum bombeiro.Comentário:Através <strong>de</strong>ste registo <strong>de</strong> observação e <strong>da</strong> observação direta, é possívelconstatar que o D. copia e escreve letras i<strong>de</strong>ntificáveis para além <strong>da</strong>s do seunome e sabe on<strong>de</strong> começa e acaba uma palavra.


Relativamente à palavra “Bombeiro”, o D. copiou a palavra doabecedário construído pelo grupo. No entanto, quando escreveu a palavra“Bombeiros”, a criança não perguntou a ninguém qual era a letra que erapreciso acrescentar nem como é que se escrevia. Desta forma, além <strong>de</strong>escrever <strong>de</strong> forma espontânea e sem a aju<strong>da</strong> do adulto, foi capaz <strong>de</strong>acrescentar uma letra numa palavra, passando-a <strong>de</strong> singular para plural.Ao escrever a palavra “Bombeiros”, o D. relacionou a essa palavra coma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>, isto é, com o número <strong>de</strong> bombeiro que tinha <strong>de</strong>senhado,reconhecendo assim que bombeiro é singular, um bombeiro, e bombeiros éplural, mais do que um bombeiro.Desta forma, o D. sabe que tanto o <strong>de</strong>senho como a escrita transmiteminformação e, ao escrever, reconheceu o sentido direccional <strong>da</strong> escrita, isto é,<strong>da</strong> esquer<strong>da</strong> para a direita.Ain<strong>da</strong> é possível constatar que o D. questionou a estagiária finalista paraobter informação sobre algo que lhe interessa.


<strong>ANEXO</strong> XII - Registo <strong>de</strong> FotografiaRegisto <strong>de</strong> Fotografia nº1


Registo <strong>de</strong> Fotografia nº2Nome: L.AData: 15 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2012Local / Situação: Sala dos 5 anos / Área <strong>da</strong> EscritaFOTOGRAFIAComentário <strong>da</strong> criança:Estava a escrever os nomes dos meninos. Copiei o nome do Marco, <strong>da</strong> Francisca e <strong>da</strong>Clara. Foi difícil porque os nomes dos meninos eram difíceis mas eu consegui fazer.Comentário do adulto:Áreas <strong>de</strong> ConteúdoA. F. P. SocialD. Exp. MotoraD. Exp. PlásticaD. Exp. MusicalXD. Ling. EscritaD. MatemáticaD. Exp. DramáticaD. Ling. OralA. Conheci. do Mundo


<strong>ANEXO</strong> XIII - Lista <strong>de</strong> verificaçãoLista <strong>de</strong> Verificação Nº1I<strong>da</strong><strong>de</strong>: 5 anos Data: 05/01/2012Observadoras: Educadora e Estagiária Finalista Expressa-se Respon<strong>de</strong> comlivremente ao som <strong>de</strong> movimento a diferentesdiferentes músicas ritmos <strong>de</strong> músicasExecuta osmovimentos comcoor<strong>de</strong>nação motoraExecuta sequências<strong>de</strong> movimentossimples1 X X X X2 X X X X3 X X X X4 X X X X5 X X X6 X X X7 X X X X8 X X X9 X X X X10 X X X X11 X X X X12 X X13 X X X X14 X X X X15 X X X X16 X X X X17 X X18 X X X X19 X X X X20 X21 X X X X


Lista <strong>de</strong> Verificação Nº2I<strong>da</strong><strong>de</strong>: 5 anos Data: 12/01/2012Observadoras: Educadora e Estagiária FinalistaSaltar a pés juntos <strong>de</strong>Saltar a pés juntosContornar osFazer posição <strong>de</strong>um lado para outro dopara <strong>de</strong>ntro dos arcoscones em “S”equilíbrio (avião)banco suecoRepetir 3x1 X X X X2 X X X X3 X X X X4 X X X5 X X X X67 X X X X8 X X X X9 X X X X10 X X X X11 X X X X12 X X13 X X X X14 X X X X15 X X X16 X X X X17 X X18 X X X X19 X X X X20 X X X X21 X X X XNOTA: O G.A. faltou neste dia e como não realização a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, não foi possível verificar o queconseguia ou não realizar.


<strong>ANEXO</strong> XIV - Registo ContínuoRegisto Contínuo nº1Nome: J.P. I<strong>da</strong><strong>de</strong>: 5anosObservadora: Inês (Estagiária)Data:Contexto <strong>de</strong> Observação: Sala dos 5 anos, no acolhimentoObservação:As crianças estão senta<strong>da</strong>s no meio <strong>da</strong> sala, local on<strong>de</strong> se faz oacolhimento e a reunião <strong>da</strong> manhã e estão a tomar o lanche <strong>da</strong> manhã. O J.P.já comeu o pão e já tomou o chá. Enquanto isso, a C. chega e senta-se ao lado<strong>da</strong> L.A. Levanta o braço direito e estica o <strong>de</strong>do, a pedir pão. A estagiáriaentrega o pão à C.Nesta altura, a Educadora que estava ao pé <strong>da</strong> porta e trocarimpressões com uma mãe, dirige-se ao J.P e diz:- “J., estás flores são para entregares a quem?”O J.P, que estava a dialogar com uma criança, para <strong>de</strong> falar e respon<strong>de</strong>:- “São para a C.”Após esta resposta, a Educadora afirma:-“Então J., porque é que não vens buscá-las e <strong>da</strong>s à C.”O J.P. levanta-se do seu lugar, dirige-se à porta, saí <strong>da</strong> sala e vai até aoseu cabi<strong>de</strong> buscar as flores que estavam coloca<strong>da</strong>s no seu lugar. Pega nasflores, volta a entrar na sala e dirige-se à C., entregando-lhe as flores e <strong>da</strong>ndolheum beijo no rosto.Enquanto o J.P está a cama ir ao encontro <strong>da</strong> C., esta acaba <strong>de</strong> comer opão e levanta-se para receber as flores. Quando o J.P. cumprimenta-lhe comum beijo no rosto, esta retribuí e agra<strong>de</strong>ce-lhe, afirmando “Obrigado J.P.”


O J.P. volta a agra<strong>de</strong>cer à C., <strong>de</strong>sta vez dizendo “De na<strong>da</strong>”, voltandorapi<strong>da</strong>mente para o seu lugar, <strong>de</strong> cabeça baixa e corado. Quando se senta,começa novamente a falar com o amigo.Comentário:A interação entre as crianças é fun<strong>da</strong>mental na construção <strong>de</strong>aprendizagens significativas, uma vez que por meio <strong>da</strong> interação trocamconhecimentos, apren<strong>de</strong>m sobre as relações, constroem valores <strong>de</strong>cooperação e apren<strong>de</strong>m a respeitar o outro.O J.P foi capaz <strong>de</strong> expressar os seus sentimentos <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> e<strong>de</strong>monstrou comportamentos <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> por iniciativa própria, ao oferecer umramo <strong>de</strong> flores à C.Os valores, as intenções, a amiza<strong>de</strong> fazem parte <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s crianças, epara tal os amigos são fun<strong>da</strong>mentais para o seu <strong>de</strong>senvolvimento ecrescimento. Deste modo, as crianças necessitam <strong>de</strong> interagir, partilhar einteriorizar valores que são importantes para a construção do ser humano.Uma vez que a criança apren<strong>de</strong> sobre o mundo através <strong>da</strong>s relações e<strong>da</strong>s interações que faz com as pessoas, nomea<strong>da</strong>mente com criança/criança,ou seja, na relação com o outro, é por meio <strong>de</strong> estas que as criançasconstroem o seu conhecimento, a sua maneira <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> estar, <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r arespeitar os outros e as diferenças, a saber <strong>de</strong>monstrar a importância que oamigo tem para ele.


<strong>ANEXO</strong> XV - Recolha <strong>de</strong> Trabalho


<strong>ANEXO</strong> XVI – FotografiasFotografia nº1 – Crianças a copiarem o recado pela EducadoraFotografia nº2 – Recado escrito por uma criança


Fotografia nº3 – Criança a escrever os números no ecrãFotografia nº4 – Criança a copiar o diálogo para o ecrã


Fotografia nº5 – Introdução <strong>da</strong>s palavras minúsculasFotografia nº6 – Criança a copiar a palavra “Elefante”


Fotografia nº7 – Uma parte do Alfabeto Ilustrado existente na sala dos 5 anosFotografia nº8 – Livro <strong>da</strong>s Regras do Foguetão ilustrado e escrito pelascrianças


Fotografia nº9 – Registo <strong>da</strong> continuação <strong>da</strong> história “Perto <strong>da</strong>s Estrelas”Fotografia nº10 – Registo <strong>da</strong> Divisão <strong>de</strong> Tarefas – escrita do nome


Fotografia nº11 – Criança a copiar a regra e a reconhecer o sentidodirecional <strong>da</strong> escritaFotografia nº12 – Re<strong>de</strong> Curricular 5 anos – Ano Letivo 2011/2012


<strong>ANEXO</strong> XVII - Descrição <strong>de</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>Nome <strong>da</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Construção <strong>de</strong> um livroIntervenientes: Estagiárias Finalistas, Crianças <strong>de</strong> 3 e 5 anosLocal: Sala dos 3 anos e sala dos 5 anosData: 25 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2012Descrição <strong>da</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>:A presente activi<strong>da</strong><strong>de</strong> é planifica<strong>da</strong>, tendo como ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> uma outrarealiza<strong>da</strong> pelo grupo <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> 3 anos, no âmbito do seu projeto lúdico, ”Animaise os seus habitats”. Essa consistiu na criação <strong>de</strong> uma história, pelo grupo, através <strong>de</strong>imagens <strong>de</strong> alguns animais. Depois <strong>de</strong> a realizarem, as crianças expressaram avonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar um livro a partir <strong>da</strong> mesma. Assim, e com a exploração <strong>da</strong>s questões“O que é um livro? O que contém?”, <strong>de</strong>u-se início ao trabalho que foi <strong>de</strong>senvolvido eque contou com a participação do grupo <strong>de</strong> 5 anos. Após um diálogo entre a estagiáriafinalista e o seu grupo <strong>de</strong> 3 anos sobre o que era um livro, o que contém, as criançassugeriram que o seu livro <strong>de</strong>veria ter imagens e palavras. Nesta altura realizou-se aponte para a cooperação com a sala dos 5 anos, <strong>da</strong>do o seu interesse actual naescrita.Após a audição <strong>da</strong> história com os talking tins, atecnologia educativa que foi utiliza pelo grupo <strong>de</strong> 3 anospara gravar a história, o grupo dos 5 anos começou aconstrução do livro. A estagiária apresentou novamentea história cria<strong>da</strong> pelo grupo <strong>de</strong> 3 anos e à medi<strong>da</strong> que ialendo os trechos, a criança ia fazendo a ilustração.Nesta altura, foi possível assistir a alguns comportamento e comentários <strong>de</strong> algumascrianças, como foi o caso <strong>da</strong> V. que afirmou “Não sei fazer um elefante” e a estagiáriacompletou “tenta, pois só vais ver se consegues ou não se experimentares”. No final, aV. foi ter com a estagiária e disse: “Afinal sempre consegui fazer um elefante”. Destaforma, foi possível verificar que esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> possibilitouain<strong>da</strong> a algumas crianças ultrapassarem as suasdificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s e <strong>de</strong>scobrirem novas competências.


Com as ilustrações já concluí<strong>da</strong>s, as crianças recortaramos seus <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> forma a caberem no livro e colaramnas respetivas páginas. De segui<strong>da</strong>, ocorreu aabor<strong>da</strong>gem <strong>da</strong> linguagem escrita, on<strong>de</strong> as criançascopiaram palavras quefaltavam na história.Após a escrita <strong>da</strong>s palavras, o livro foi construído eentregue ao grupo <strong>de</strong> 3 anos que, juntamente com o grupo<strong>de</strong> 5 anos, teve a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> explorá-lo e tanto ogrupo <strong>de</strong> 3 anos, como o grupo <strong>de</strong> 5 anos, conseguiramcontar novamente a história uns aos outros, utilizando<strong>de</strong>sta vez, o livro que tinham construído em parceria.Avaliação <strong>da</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>:Posto um olhar atento sobre tudo o que foi <strong>de</strong>senvolvido, po<strong>de</strong>mos refletir sobre amotivação para a realização <strong>de</strong>sta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma vez que foi uma motivaçãointrínseca; permitiu também <strong>de</strong>senvolver a cooperação e a vonta<strong>de</strong> espontânea dogrupo <strong>de</strong> 5 anos em aju<strong>da</strong>r. A importância <strong>de</strong> reconhecer as ilustrações, bem como aexploração conjunta dos grupos, permitiram às crianças <strong>de</strong>senvolver competências e otrabalho em equipa. A facili<strong>da</strong><strong>de</strong> no uso, não só dos talking tins, como posteriormentedo livro, foi outro aspeto a refletir, uma vez que ambos os grupos conseguem explorare utilizar os objetos <strong>de</strong> forma autónoma e conseguem não só perceber a função dotalking tins como também conseguem ler o livro criado.Foi possível verificar que to<strong>da</strong>s as crianças que escreveram as palavras jáconheciam o sentido direcional <strong>da</strong> escrita, ou seja, <strong>da</strong> esquer<strong>da</strong> para a direita e quecopiaram algumas palavras para além do nome. Foi possível verificar ain<strong>da</strong> que ascrianças reconhecem algumas letras do abecedário, uma vez que nem sempreolhavam para a folha on<strong>de</strong> estava escrita a palavra que estavam a copiar e em vezdisso escreviam à medi<strong>da</strong> que a estagiária ia dizendo a letra.


<strong>ANEXO</strong> XVIII - Continuação <strong>da</strong> História “Perto <strong>da</strong>sEstrelas”- Que fazes aí João? Ain<strong>da</strong> te constipas!- Olho para o céu mamã. As estrelas são tão bonitas e os planetas… são comopontinhos <strong>de</strong> luz. Porque são tão pequeninos?- Porque estão muito longe.- Gostava <strong>de</strong> as ver <strong>de</strong> perto.- Isso po<strong>de</strong>m fazer os astrónomos com um telescópio. É um instrumento muitopotente que permite ver os astros <strong>de</strong> perto.- Se eu fosse astronauta, também as veria <strong>de</strong> mais perto! Seria estupendo,flutuaria no espaço entre as estrelas…João mexia os braços e as pernas lentamente. Já se via no espaço vestido <strong>de</strong>astronauta.- Mãe, porque é que se escon<strong>de</strong>m <strong>de</strong> dia as estrelas?- Não se escon<strong>de</strong>m. Estão lá, mas não as vemos porque a luz que recebemosdo sol, a estrela mais perto <strong>de</strong> nós, é tão forte que não nos <strong>de</strong>ixa vê-las.- Que mau que é o Sol!- Não João! Sem a luz e o calor do Sol, o nosso planeta Terra não teria vi<strong>da</strong>.- On<strong>de</strong> se escon<strong>de</strong> o Sol à noite?- Também não se escon<strong>de</strong>. A Terra gira como um pião ao redor do Sol e nósgiramos com ela.- Mãe, isso é impossível! Ficávamos todos tontos!- A Terra está, neste momento, a mexer-se? Mas eu estou parado!- Pois vais ter que te mexer rápido, porque tens que ir para a cama – disse amamã do João já impaciente – Vá, vamos an<strong>da</strong>ndo!- Mamã… quando for gran<strong>de</strong> gostava <strong>de</strong> ser astrónomo ou astronauta… ouquem sabe uma estrela.- Estrela, astrónomo ou astronauta, fecha a janela e dorme, meu filho.Enquanto dormia, o João sonhava com….(continua…)


ENQUANTO DORMIA, O JOÃO ESTAVA A SONHAR….Que era AstronautaQue era uma estrelaQue era um AstrónomoE viu o Sol e também viu aTerra. Estava na Estação Espacial e<strong>de</strong>pois viu Saturno e sentiu quequeria ir a esses astros todos parainvestigá-los. Saiu <strong>da</strong> nave espaciale vestiu o fato <strong>de</strong> astronauta e foipara Saturno. E <strong>de</strong>pois ele acordou.E <strong>de</strong>pois foi falar com o Sol:- Olá prima Estrela.O Sol disse: Como estás?A estrela respon<strong>de</strong>u: Está tudo bem.O Sol respon<strong>de</strong>u: Vou-te dizer o tempo quevai estar. Vai estar muito Sol.A estrela disse: Está bem.A estrela disse que estava a gostar muito<strong>da</strong> conversa e <strong>de</strong>pois continuaram a conversare veio outra estrela. A outra estrela veio dizerque estava em perigo porque os amigos <strong>de</strong>laestavam todos doentes e <strong>de</strong>pois chamou o Solpara aju<strong>da</strong>r e o Sol pôs uma gran<strong>de</strong> bola <strong>de</strong>fogo, atirou aos maus que tinham posto osamigos doentes e os amigos <strong>da</strong> estrela ficarambons. Depois a estrela disse obriga<strong>da</strong> ao Sol.E <strong>de</strong>pois ele acordou.E pegou no seu telescópio e viu a Lua queestava a ficar redon<strong>da</strong> e também viu osplanetas. Viu Saturno, o Úrano, o Neptuno,Vénus e Céres.Também viu as estrelas e foi conhecer osplanetas.Foi numa nave espacial e <strong>de</strong>scobriu queSaturno tinha muitos anéis. Pegou num anelpara ver como é que ele era. O anel eraquadrado e brilhava no escuro e tinha manchasesquesitas. O anel aumentava às vezes porqueera <strong>de</strong> outra terra e ele ficou espantado porquenão sabia que aquilo acontecia.Depois foi para casa mostrar o anel à mãe e<strong>de</strong>pois a mãe disse para pôr o anel no Saturno.E <strong>de</strong>pois foi outra vez no seu foguetão pôr oanel no sítio e ficou feliz por voltar a pôr o anelno Saturno.E Depois ele acordou.Textos elaborados pelas crianças no dia 05/12/2012


ENQUANTO DORMIA, O JOÃO ESTAVA A SONHAR….Que dormia numa estação espacialQue era um PlanetaQue era um ExtraterrestreE achou que a Estação Espacial estava friae ligou os aquecedores e ficou muito quente eteve que <strong>de</strong>sligar outra vez.Depois a Estação Espacial Internacionalcomeçou a ar<strong>de</strong>r e não havia bombeiros e elenão sabia como ia resolver o problema e nãohavia água.O fogo bloqueou as passagens to<strong>da</strong>s e elechamou os bombeiros com uma trombeta. E<strong>de</strong>pois como os bombeiros não ouviram ele<strong>de</strong>cidiu construir uma torneira: construiu umtubo na torneira e mandou o tubo para a Terrapara a água <strong>da</strong> praia e <strong>de</strong>pois puxou a água.Abriu a torneira e saiu a água e a água apagouo fogo. E <strong>de</strong>pois a água saltou-lhe para a casa.Quando ele tirou a água to<strong>da</strong> do mar, aspessoas na Terra ficaram sem água e ficou um<strong>de</strong>serto.E <strong>de</strong>pois ele acordou.Sonhava que era um planeta palhaço. Oplaneta era muito engraçado porque tinha cara<strong>de</strong> palhaço e também tinha muitas cores. Faziamuitas caretas e tinha um nariz vermelho e sófazia as pessoas rir. Punha os sapatos nasorelhas, punha as meias no nariz, punha ascalças na cabeça e punha a camisola naspernas.Depois o planeta começou a alargar e ficoucom três caras <strong>de</strong> palhaço.Depois o planeta disse:- BUUUUUU!!!!E ele acordou.Textos elaborados pelas crianças no dia 05/12/2012E tinha três olhos longe <strong>da</strong> cara. Tinha a caravermelha, tinha um corpo às cores, cinco braçosna cabeça, quatro braços no corpo e seis pernasazuis.Ele gostava <strong>de</strong> <strong>da</strong>nçar e estava em cima <strong>de</strong>um planeta a <strong>da</strong>nçar. Estava em cima do PlanetaTerra. Depois o extraterrestre ficou muitocansado <strong>de</strong> <strong>da</strong>nçar e voltou para o seu planetaque se chamava Ritotó, que era um planeta <strong>de</strong>música. Era um planeta que tinha muitosinstrumentos. O instrumento tinha nove violasque ele segurava com as pernas. Ele conseguia<strong>da</strong>nçar na mesma. As violas em vez <strong>de</strong> cor<strong>da</strong>stinham olhos <strong>de</strong> extraterrestres.Depois acordou porque viu a cara doextraterrestre e assustou-se e foi ao espelho verse tinha olhos <strong>de</strong> extraterrestre e meteu as mãosna cabeça para ver se tinha os olhos <strong>de</strong>extraterrestre e como não tinha não era umextraterrestre.


<strong>ANEXO</strong> XIX - Grelha <strong>de</strong> Avaliação <strong>de</strong> Projeto LúdicoPor favor preencha a seguinte grelha <strong>de</strong> avaliação do seu projeto. Procure fazer umtexto claro, refletido, conciso e ilustrado com alguns exemplos vividos <strong>da</strong> prática.Procure caracterizar o projeto em termos <strong>da</strong>s competências adquiri<strong>da</strong>s noque diz respeito ao grupo <strong>de</strong> criançasAprendizagem: Aquisição maior ou menor <strong>de</strong> saberes e competências relativas aproblemáticas enfrenta<strong>da</strong>s no projeto.Ao <strong>de</strong>senvolvermos um projeto, estamos conscientes <strong>da</strong> interdisciplinari<strong>da</strong><strong>de</strong> queeste proporciona<strong>da</strong> entre as outras áreas e domínios, associando a novasaprendizagens e outros projetos. Deste modo, no nosso projeto <strong>de</strong>senvolvemoscompetências que abor<strong>da</strong>ram to<strong>da</strong>s as áreas <strong>de</strong> conteúdo.A Área <strong>de</strong> Formação Pessoal e Social focou-se, essencialmente, na cooperação,na realização <strong>da</strong>s tarefas com as outras crianças <strong>da</strong> sala. O trabalho coletivo foi umaconstante, fosse em pequenos grupos ou em gran<strong>de</strong> grupo. O grupo revelou ain<strong>da</strong>capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> partilha, <strong>da</strong>do que traziam livros <strong>de</strong> sua casa, emprestandotemporariamente à biblioteca, sentindo assim essa necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> partilhar objetos emateriais relativos à temática do projeto lúdico; foram planea<strong>da</strong>s e realiza<strong>da</strong>s visitas<strong>de</strong> mães e pais que <strong>de</strong>senvolveram ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, como experiências e exploração <strong>de</strong>livros, revistas, imagens e fotografias <strong>de</strong> foguetões. As crianças <strong>de</strong>senvolveram a suaautonomia, uma vez que foram capazes <strong>de</strong> tomar <strong>de</strong>cisões individuais e/ou coletivaspara a realização <strong>da</strong>s tarefas, na planificação e avaliação que <strong>de</strong>correu em algunsmomentos e encarregaram-se <strong>da</strong>s tarefas que se comprometeram a realizar eexecutaram-nas <strong>de</strong> forma autónoma, <strong>de</strong>monstrando sentido <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, poisca<strong>da</strong> um sabia qual a sua tarefa e foi competente na execução do seu papel.Demonstraram comportamentos <strong>de</strong> entreaju<strong>da</strong> e <strong>de</strong> apoio, por iniciativa própria ouquando solicitado pelo adulto e <strong>de</strong>ram oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> aos outros <strong>de</strong> intervirem nosdiálogos. Revelaram interesse e gosto por apren<strong>de</strong>r, usando no quotidiano as novasaprendizagens que fossem realizando, como foi o caso <strong>da</strong> construção voluntária <strong>de</strong>foguetões e naves espaciais após a construção <strong>de</strong>stes no Dia do Pai. Para finalizar,adquiriram valores como o respeito mútuo entre crianças e adultos e a importância <strong>da</strong>cooperação e do trabalho em equipa.No que se refere à Área <strong>de</strong> Expressão e Comunicação, no Domínio <strong>de</strong>Expressão Plástica, o grupo representou paisagens e imagens que observou


utilizando como meio <strong>de</strong> expressão o <strong>de</strong>senho. Realizou também trabalhos <strong>de</strong>pintura, <strong>de</strong> recorte e <strong>de</strong> colagem. Criou objetos e meios <strong>de</strong> transporte em formatotridimensional, utilizando para isso material <strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdício e <strong>de</strong> diferentes texturas,formas e volumes, utilizando <strong>de</strong> forma autónoma diferentes materiais e meios <strong>de</strong>expressão. O grupo <strong>de</strong>screveu o que observou através do contacto com diferentesmo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s expressivas, como é o caso <strong>da</strong> fotografia, utilizando para o efeito asimagens digitais. Foi ain<strong>da</strong> capaz <strong>de</strong> emitir juízos e opiniões sobre os seus trabalhos.No Domínio <strong>de</strong> Expressão Motora, ao nível <strong>da</strong> motrici<strong>da</strong><strong>de</strong> fina, foram constituí<strong>da</strong>sdiversas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, tais como registos coletivos, individuais, contorno <strong>de</strong> corpo, queproporcionaram a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> segurar o lápis elaborando traços bem <strong>de</strong>finidos emanusear pincéis, esponjas e trinchas, bem como trabalhar com a tesoura. Ao nível<strong>da</strong> motrici<strong>da</strong><strong>de</strong> grossa, a visita <strong>de</strong> estudo proporcionou às crianças <strong>de</strong>senvolver anoção espacial, o equilíbrio e como se <strong>de</strong>slocar <strong>de</strong> forma correta na rua.No Domínio <strong>de</strong> Expressão Dramática, este presente nas interações entre ascrianças, nos momentos <strong>de</strong> brincar ao faz-<strong>de</strong>-conta e através <strong>da</strong>s canções que foramapren<strong>de</strong>ndo com o projeto e que utilizavam gestos.O Domínio <strong>de</strong> Expressão Musical esteve presente no <strong>de</strong>correr do projeto lúdico,<strong>da</strong>do que o grupo sempre esteve muito interessado em apren<strong>de</strong>r novas músicasrelaciona<strong>da</strong>s com o Projeto. Na aprendizagem <strong>da</strong>s canções, recorreu-se sempre àPirâmi<strong>de</strong> Musical.O Domínio <strong>da</strong> Linguagem e Abor<strong>da</strong>gem à Escrita foi um dos domínios maisabor<strong>da</strong>dos neste projeto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os vários registos realizados, individuais e/oucoletivos, tais como <strong>de</strong>senhos, pinturas, colagens, i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> elementos doprojeto, divisão <strong>de</strong> tarefas até à criação <strong>de</strong> histórias, construção <strong>de</strong> livro, diálogos emgran<strong>de</strong> grupo e pequeno grupo. A partir <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado momento, eram aspróprias crianças que com o apoio do adulto escreviam os registos e até mesmo aspróprias regras. A linguagem oral foi uma ferramenta pelo qual as criançascomunicaram para se fazerem ouvir, transmitir os seus conhecimentos, para partilharinformação, para colocarem dúvi<strong>da</strong>s, tomarem <strong>de</strong>cisões e adquirirem novosvocábulos, tornando assim o seu vocabulário mais extenso.O Domínio <strong>da</strong> Matemática foi outro dos domínios abor<strong>da</strong>dos com este projetoatravés <strong>da</strong> criação <strong>de</strong> conjuntos relacionados com a chuva <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias sobre ofoguetão: o que o grupo sabia que existia <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um foguetão e o que existia fora,as ações, o que eram ações, o que não fazia parte <strong>de</strong> um foguetão, entre outros. Ogrupo trabalhou também posições relativas <strong>de</strong> objetos e a construção e interpretação


<strong>de</strong> tabelas <strong>de</strong> dupla entra<strong>da</strong> foi outra abor<strong>da</strong>gem utiliza<strong>da</strong>.A Área do Conhecimento do Mundo foi também uma <strong>da</strong>s áreas explora<strong>da</strong> pelogrupo através <strong>da</strong>s pesquisas elabora<strong>da</strong>s tanto na sala como em casa, conquistandoassim novos saberes. Foi também abor<strong>da</strong><strong>da</strong> com a visita <strong>de</strong> estudo ao Planetário eatravés <strong>de</strong> experiências que ocorreram no <strong>de</strong>senvolver do projeto.Autonomia: Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> maior ou menor <strong>de</strong> as crianças implica<strong>da</strong>s no projeto geriremespaços <strong>de</strong> autonomia existente no contexto em que se movem.A autonomia foi um dos aspetos tidos em conta durante todo o processo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projeto, uma vez que as crianças foram gerindo os espaçosexistentes no contexto <strong>de</strong> forma autónoma. À medi<strong>da</strong> que o projeto evoluía, ascrianças constataram que era necessário mu<strong>da</strong>r a localização <strong>de</strong> algumas áreas,organizando assim o ambiente educativo. O projeto surgiu como espaço privilegiadoao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> criança, para o exercício <strong>de</strong> autonomia e <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>da</strong>scrianças uma vez que possibilitou-as serem responsáveis pelo processo <strong>de</strong>aprendizagem, do espaço e dos materiais. A planificação revelou-se num trabalhoorientado pelas crianças, pois foram elas o guia orientador <strong>da</strong> nossa planificaçãosemanal, uma vez que eras as principais intervenientes, cabendo ao adulto o papelsomente <strong>de</strong> aju<strong>da</strong>r e cooperar, intervindo nos momentos <strong>de</strong> maior dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> dogrupo. O grupo planificou sempre consciente do que queriam e como iriam construir,<strong>de</strong>monstrando aptidão <strong>de</strong> gerir o projeto, uma vez que sabiam como <strong>de</strong>sejavam quefosse o produto final.Cooperação: Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> maior ou menor <strong>de</strong> trabalhar em grupo e partilhar experiências esaberes.No <strong>de</strong>correr do projeto, existiu uma gran<strong>de</strong> colaboração entre o grupo <strong>de</strong> crianças e apartilha fez com que as crianças que apresentavam anteriormente dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s emtrabalhar em conjunto, em expressar-se e em partilhar experiências em grupocomeçassem a intervir mais vezes e a <strong>da</strong>r a sua opinião e i<strong>de</strong>ias, sem ter que sernecessário a intervenção do adulto. Ao longo <strong>de</strong> todo o projeto, as criançaspartilharam os seus conhecimentos com o restante grupo. A cooperação foi também<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> e verifica<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> divisão <strong>de</strong> tarefas, on<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> criança ficouresponsável por <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> função, trabalhando em pequenos grupos, <strong>da</strong>í estaremconstantemente em comunicação, uma vez que necessitam <strong>de</strong> transmitir o quetinham construído aos restantes grupos <strong>de</strong> trabalho. A cooperação foi ain<strong>da</strong> verifica<strong>da</strong>e efetua<strong>da</strong> através <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> entreaju<strong>da</strong> quando as crianças necessitavam ouaté mesmo em situações em que o adulto pedia a uma criança para aju<strong>da</strong>r outra.


No projeto, foi ain<strong>da</strong> possível verificar a colaboração por parte <strong>da</strong> família, uma vezque existiu um envolvimento parental através <strong>da</strong> visita <strong>de</strong> dois pais à sala. Os paisdisponibilizaram tempo para virem à sala realizar ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s relaciona<strong>da</strong>s com osfoguetões, como uma experiência e a visualização <strong>de</strong> revistas, imagens e fotografias<strong>de</strong> aspetos relacionados com o Universo e os foguetões. Com estas intervenções, ogrupo percebeu que estas intervenções são importantes pois envolvem as famílias notrabalho <strong>da</strong> sala promovendo a comunicação e a troca <strong>de</strong> saberes.Eficácia: Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> maior ou menor <strong>de</strong>, isola<strong>da</strong>mente ou em grupo, contribuir para quesejam conseguidos resultados consi<strong>de</strong>rados positivos no processo.Des<strong>de</strong> o inicio do projeto, que foi evi<strong>de</strong>nte o envolvimento e a motivação <strong>da</strong>s criançasna realização <strong>da</strong>s diferentes ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, não fosse este projeto ter iniciado através <strong>de</strong>um diálogo inicial entre três crianças e, mais tar<strong>de</strong>, com o grupo todo. À medi<strong>da</strong> queas crianças iam executando as tarefas, estas conversavam e riam, existindo sempreum ambiente harmonioso.O <strong>de</strong>senvolvimento do projeto foi segundo a <strong>de</strong>cisão <strong>da</strong>s crianças, havendo em todosos momentos um propósito. As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s a realizar e os objetos a construir foramsugeridos pelas crianças, indo ao encontro dos <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong>stas. Antes <strong>de</strong> iniciarqualquer ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, existia um diálogo e refletiamos em grupo como <strong>de</strong>veríamosconstruir e que materiais ou técnicas iríamos utilizar para o efeito. Exemplo disso foina elaboração dos botões para o interior do foguetão, on<strong>de</strong> as crianças escolheram<strong>de</strong>terminados materiais que mais tar<strong>de</strong> não serviram para fazer <strong>de</strong> botões, uma vezque eram muito pesados e não foi possível colar, tendo que recorrer a uma novatécnica, que foi a pintura <strong>de</strong> botões. Esses acontecimentos permitiram ao grupoperceber que nem sempre o que é projetado é possível na prática, incitando aresolução <strong>de</strong> problemas. Quando era para votar em alguma <strong>de</strong>cisão ou quando ascrianças apresentavam as suas alternativas <strong>de</strong> resolução aos problemas, o grupovota<strong>da</strong> com o <strong>de</strong>do para cima, <strong>de</strong> forma a perceber por qual <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões iriam optarou qual era a solução para resolver o seu problema.Ao longo do projeto, trabalharam-se conteúdos que partiram do interesse <strong>da</strong> criança eque permitiram reunir um leque <strong>de</strong> aprendizagens significativas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um únicoprojeto.Implicação: Sentimento <strong>de</strong> pertença e responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> maior ou menor que as crianças terãoem relação ao projeto em que trabalharamDes<strong>de</strong> o início do projeto, que o grupo mostra interesse e empenho na construção doseu foguetão. O grupo <strong>de</strong>monstrou um sentido <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> nas tarefas do


projeto a que se propunha e sempre que trabalhavam em pequenos grupos estavamatentos a quem estava concentrado na tarefa, a quem estava a brincar ou a quem<strong>de</strong>via também estar a trabalhar, dizendo “as asas sou eu e a M.F que temos quefazer”. O facto <strong>de</strong> serem criados registos e até mesmo a tabela <strong>de</strong> divisão <strong>de</strong> tarefaspossibilitou a ca<strong>da</strong> criança estar envolvi<strong>da</strong> no trabalho <strong>de</strong> sala, fazendo com que ca<strong>da</strong>uma sentisse o projeto como seu, <strong>da</strong> sua responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois não queriam falhar,nem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fazer o que se comprometeram a fazer. À medi<strong>da</strong> que o foguetão iasendo construído, foi possível verificar que as crianças estavam ca<strong>da</strong> vez maisentusiasma<strong>da</strong>s e ca<strong>da</strong> vez mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicavam à construção <strong>de</strong>ste e <strong>de</strong> todos oselementos a serem colocados no seu interior, uma vez que queriam brincar nele malestivesse finalizado.Negociação: Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> maior ou menor <strong>de</strong> li<strong>da</strong>r com situações conflituais surgi<strong>da</strong>s no<strong>de</strong>curso do projetoNo início do projeto, foi possível verificar a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> negociação entre ospróprios interesses <strong>da</strong> criança e do grupo. Inicialmente, o grupo estava perante asituação do que iria construir: um foguetão ou nave espacial. Através <strong>da</strong> votação,ca<strong>da</strong> criança fez a sua escolha e após a visualização <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os referentes afoguetões ou a nave espacial, ca<strong>da</strong> criança voltou a votar, mu<strong>da</strong>ndo apenas uma <strong>de</strong>opinião. O que iria ser construído na sala seria um foguetão, no entanto o adultopropôs que quem quisesse construir uma nave espacial po<strong>de</strong>ria fazer com o material<strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdício. Desta forma, foi possível observar que ca<strong>da</strong> criança soube i<strong>de</strong>ntificaras suas escolhas e ain<strong>da</strong> respeitar o outro e as <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>ste, chegando assim a umconsenso. No <strong>de</strong>correr do projeto, não existiram situações conflituais mas sim i<strong>de</strong>iasdiferentes que eram resolvi<strong>da</strong>s através <strong>de</strong> momentos <strong>de</strong> diálogo.


Procure caracterizar o projecto em termos <strong>de</strong> critérios <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>adquiri<strong>da</strong>s no que diz respeito à equipa pe<strong>da</strong>gógicaA<strong>de</strong>quação: Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> maior ou menor <strong>de</strong> resposta do projeto às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>si<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s no grupo com que se trabalhaO projeto foi realizado tendo em conta os interesses e os <strong>de</strong>sejos do grupo e aa<strong>de</strong>quação às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s foi realiza<strong>da</strong> a partir <strong>de</strong> reuniões <strong>de</strong> grupo, quepermitiram planificar em conjunto, <strong>de</strong> forma a reunir-se os interesses <strong>da</strong>s crianças eefetuar votações para chegar a uma conclusão. Este processo foi importante para o<strong>de</strong>senvolvimento do projeto uma vez que permitiu orientar os interesses enecessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s crianças. Ao favorecer a exploração <strong>de</strong>ste projeto, a equipape<strong>da</strong>gógica pretendia que o foguetão possibilitasse momentos <strong>de</strong> jogo simbólicopromovendo a fantasia e a imaginação. De igual modo, a equipa pretendia que ascrianças fossem responsáveis pelos seus planos e autónomas nas suas execuções.Eficácia: Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e/ou quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> efeitos (previstos ou imprevistos) para os quais oprojeto po<strong>de</strong>rá estar a contribuir ao longo do seu processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoO facto <strong>de</strong> o foguetão ter <strong>de</strong>morado alguns meses a ser construído e a estar pronto aser utilizado para brincar. Este projeto possibilitou diversos momentos <strong>de</strong> diálogo ediscussão entre as crianças que contribuíram para a partilha <strong>de</strong> conhecimentos e parao planeamento <strong>de</strong> novas situações <strong>de</strong> aprendizagem. Contribuiu igualmente para otrabalho em cooperação on<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> grupo fazia a sua parte para um resultado finalcomum.Flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong>: Agili<strong>da</strong><strong>de</strong> maior ou menor revela<strong>da</strong> pelo projeto em recorrer a diferentesmetodologias que se estejam a revelar mais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s às caraterísticas do contexto eproblemas que o projeto procura enfrentar.Ao longo <strong>de</strong> todo o <strong>de</strong>senvolvimento do projeto, as planificações realiza<strong>da</strong>s, aavaliação semanal e a reflexão permitiu reunir instrumentos que facilitaram aorganização <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> foi possível adotar estratégias e metodologias paraos diferentes momentos. Neste sentido, o projeto lúdico “O Foguetão” possibilitoufocar os interesses e necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s crianças, uma vez que partiu <strong>de</strong> umamotivação intrínseca, e a equipa pe<strong>da</strong>gógica teve a atenção <strong>de</strong> relacionar amotivação com os conteúdos relacionados e a partir <strong>de</strong>stes adquirir novosconhecimentos, novos vocábulos, competências e provocar novas aprendizagens nascrianças criando sempre um fio condutor ao longo <strong>de</strong> todo o processo.No <strong>de</strong>correr do projeto, existiram situações <strong>de</strong> trabalho em gran<strong>de</strong> grupo, nosmomentos <strong>de</strong> avaliação e planificação; trabalhos em pequenos grupos, para a


execução <strong>de</strong> tarefas. Ocorreram ain<strong>da</strong> pesquisas efetua<strong>da</strong>s por crianças eindividualmente, e que <strong>de</strong>pois partilhavam os seus saberes com o grupo. A presença<strong>da</strong>s famílias foi também uma estratégia <strong>de</strong> envolvimento parental.Negociação: Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> maior ou menor que é encontra<strong>da</strong> no projeto <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar ecompatibilizar diferentes interesses e valores presentes na população abrangi<strong>da</strong> pelo projetoA equipa pe<strong>da</strong>gógica para conjugar as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, os interesses e competênciasfun<strong>da</strong>mentais a <strong>de</strong>senvolver nas crianças, negociou com o grupo a partir <strong>de</strong> votaçõese diálogos, <strong>de</strong> forma a garantir a motivação por todos em todo o processo. Foi através<strong>da</strong> votação e <strong>da</strong> <strong>de</strong>mocracia <strong>de</strong> todo o grupo chegou a consenso dos diversosmomentos, <strong>de</strong> forma a solucionar problemas e a tomar <strong>de</strong>cisões.Partilha: Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> maior ou menor que um projeto revela <strong>de</strong> proporcionar espaços <strong>de</strong>intervenção pelos quais os diferentes atores nele implicados se sintam responsáveis empráticas <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s cooperativamente.A equipa pe<strong>da</strong>gógica conseguiu intervir <strong>de</strong> forma a possibilitar a to<strong>da</strong>s as crianças aparticipação organiza<strong>da</strong> e consistente no projeto. Desta forma, as planificações, asavaliações semanais e a posterior reflexão foram metodologias <strong>de</strong> trabalho queorientaram o trabalho e permitiram melhorar a prática <strong>de</strong> forma a correspon<strong>de</strong>r àintervenção, à partilha <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e organização <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s a serem <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s.Por outro lado, durante o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projeto surgiram situaçõesinespera<strong>da</strong>s e <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> problemas e nessa altura a equipa pe<strong>da</strong>gógicapartilhou i<strong>de</strong>ias, opiniões e procurou soluções <strong>de</strong> forma a ultrapassar as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Existiu também partilha <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias em momentos <strong>de</strong> interação entre crianças e adultos.A divisão <strong>de</strong> tarefas foi uma estratégia utiliza<strong>da</strong> como forma <strong>de</strong> responsabilizar ca<strong>da</strong>elemento e <strong>de</strong> o implicar no projeto.Pertinência: Grau <strong>de</strong> relevância que as propostas do projeto assumem para a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s crianças abrangi<strong>da</strong>sA pertinência do trabalho focalizou-se essencialmente nos interesses <strong>da</strong>s crianças,num projeto que estas queriam <strong>de</strong>senvolver. Ao ir ao encontro dos interesses <strong>da</strong>scrianças, a equipa pe<strong>da</strong>gógica dá espaço para a participação e favorece a quali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do próprio grupo. Este possibilitou à criança <strong>de</strong>senvolver a sua criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, asua imaginação, o sentido crítico, a autonomia, a resolução <strong>de</strong> problemas, a autoestima,o respeito pelo outro e ain<strong>da</strong> a aquisição <strong>de</strong> novos vocábulos. Dentro <strong>de</strong>steprojeto, trabalharam-se outros conteúdos que traduziram-se em aprendizagenssignificativas e permitiram à criança <strong>de</strong>senvolver-se e adquirir novos conhecimentos.


Reflexibili<strong>da</strong><strong>de</strong>: Estímulo maior ou menor que o projeto dá à ocorrência <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> autoe hetero-avaliação do processo em cursoOcorreram momentos em que a equipa pe<strong>da</strong>gógica realizou avaliações no sentido <strong>de</strong>avaliar as aprendizagens <strong>da</strong>s crianças, os comportamentos <strong>de</strong>stas, os<strong>de</strong>senvolvimentos e conhecimentos que estavam a obter com este projeto. Noentanto, também avaliaram e refletiram sobre a gestão do tempo e o papel <strong>da</strong> equipape<strong>da</strong>gógica. Deste modo, a auto-avaliação e a hetero-avaliação estiveram semprepatentes no sentido <strong>de</strong> melhoria e <strong>de</strong> registar as evoluções do processo em curso.Responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>: Papel mais ou menos relevante que o projeto atribui aos contributoscríticos <strong>da</strong> criança ou grupo <strong>de</strong> crianças que intervêm no projeto (difusão e uso <strong>da</strong>sinformações)Des<strong>de</strong> o inicio ao fim do projeto, as crianças participaram <strong>de</strong> forma ativa e crítica, umavez que foram os intervenientes em todo o <strong>de</strong>senrolar do projeto. As críticas e asopiniões que eram realiza<strong>da</strong>s à medi<strong>da</strong> que as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s iam sendo realiza<strong>da</strong>s,contribuíram em diversas situações para a melhoria do projeto e para uma avaliaçãopertinente do projeto que possibilitou a<strong>de</strong>quar as estratégias e comportamentos.

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