No dia 28 de Janeiro de 1989 Imre Pozsgay, líder da ala reformista do PartidoOperário Socialista Húngaro (POSH), numa entrevista <strong>ao</strong> programa “168 horas” daRádio Húngara qualificou de insurreição popular a “contra-revolução” de 1956, ecom este acto abalou um tabu do sistema Kádár. Em Fevereiro o Comité Central doPOSH decidiu aceitar o sistema pluripartidário, numa altura em que vários partidoshistóricos reiniciaram a sua actividade, e as novas formações políticas da oposiçãoformaram novos partidos.O “reenterro” de Imre Nagy e dos seuscompanheiros mártiresO fim simbólico da história da autocracia comunista húngarae a abertura da mudança de regimeViktor Orbán, líder da FIDESZ pronunciouum discurso impressionante em nomeda juventude húngaraErzsébet Nagy coloca um ramo de flores no caixão do seu paiImre Mécs, cuja pena de morte foicomutada para prisão perpétua recordouemocionado os seus companheirosA partir de 1988, entrou em funcionamento a Comissão para a EmendaHistórica com o objectivo de prestar as devidas honras fúnebres a Imre Nagye <strong>ao</strong>s seus companheiros mártires que foram executados e enterrados numavala comum não assinalada por causa da sua participação na revolução de1956. No início o poder só queria autorizar cerimónias familiares, mas cedeuà pressão da oposição, e finalmente aceitou que no dia 16 de Junho de 1989,31º aniversário da execução do primeiro-ministro da revolução, os mártiresfossem enterrados de novo. Ao lado dos caixões com os restos mortais de ImreNagy, Miklós Gimes, Géza Losonczy, Pál Maléter e József Szilágyi havia umsexto vazio, o do revolucionário desconhecido. 250 mil pessoas participaramna dramática cerimónia fúnebre. Os elogios fúnebres foram proferidos pelosantigos protagonistas da revolução, entre eles Imre Mécs, que tinha sidocondenado à morte, mas com a sentença comutada para prisão perpétua porclemência, e Viktor Orbán, líder da Aliança dos Jovens <strong>De</strong>mocratas (FIDESZ).6
O <strong>corte</strong> da <strong>cortina</strong> de <strong>ferro</strong>7Em 2008, perto da aldeia Hegykő foi restaurado um troço de 40 km da <strong>cortina</strong> de <strong>ferro</strong>,em homenagem às pessoas que a conseguiram atravessar, e àqueles que encontraram a morte durante a fugaEm Agosto de 1989 este símbolo da guerra-fria e da divisãode Europa desapareceu para sempre na HungriaA eliminação do bloqueiotécnico na fronteira começoujá na Primavera de 1989.Esta fotografia deu a volta <strong>ao</strong>mundo. Alois Mock e GyulaHorn, ministros dos negóciosestrangeiros austríaco e húngaro,quando cortaram a <strong>cortina</strong> de<strong>ferro</strong> no dia 27 de Junho de 1989.Winston Churchill, antigo Primeiro-Ministro britânico, no seu discurso de Fulton no dia 5 deMarço de 1946 pronunciou a celebre frase: „<strong>De</strong>sde Stettin (hoje Scecin, Polónia) no Mar Báltico,até Trieste na beira do Adriático, vai cair uma <strong>cortina</strong> de <strong>ferro</strong> sobre a Europa.” A profecia deChurchill tornou-se verdade: depois da Segunda Guerra os países do Leste da Europa, queficaram na esfera de interesses da União Soviética estalinista, instalaram nas suas fronteiras como Oeste campos minados e arames.A partir de 1949, a Hungria instala na sua fronteira a Oeste com a Áustria, e <strong>ao</strong> Sul com aJugoslávia o bloqueio técnico reforçado. Havia muitos problemas técnicos com as minasobsoletas e de má qualidade. No Outono de 1955, depois do clima se atenuar na políticamundial, foi possível iniciar a eliminação das minas, que terminou em Setembro de 1956. Assim,algumas semanas mais tarde, depois da derrota da revolução, muitos milhares de pessoasconseguiram fugir para a Áustria.Na Primavera de 1957 as minas começaram a ser recolocadas numa totalidade de 1 124 900.A partir de 1965 um sistema de alarme soviético, o S-100, foi construído <strong>ao</strong> longo da fronteiracom a Áustria. Nos meados dos anos 80 este sistema revelou-se obsoleto e surgiu a questãoda sua renovação, mas a manutenção de um bloqueio tão duro já não se justificava: a Hungriatinha boas relações com a Áustria e com os países de Oeste, e já não eram essencialmenteos húngaros, mas cidadãos de outros países de Leste, que queriam utilizar a fronteira verdepara fugir. <strong>De</strong>pois da decisão política tomada no dia 28 de Fevereiro de 1989, começou emAbril o desmantelamento da <strong>cortina</strong> de <strong>ferro</strong>. A decisão do Governo Húngaro foi fortementecontestada por outros países socialistas, sobretudo pelo Governo da RDA. A <strong>cortina</strong> de <strong>ferro</strong> caiudefinitivamente na fronteira húngara.József Antall oferece um pedaço da <strong>cortina</strong> de <strong>ferro</strong> <strong>ao</strong>Presidente dos EUA, Ronald ReaganNo museu da <strong>cortina</strong>de <strong>ferro</strong>, um avômostra <strong>ao</strong> neto osistema de bloqueioque se estendeudurante décadas <strong>ao</strong>longo da fronteiraaustro-húngara