13.07.2015 Views

Estudos culturais de música popular – uma breve genealogia - Exedra

Estudos culturais de música popular – uma breve genealogia - Exedra

Estudos culturais de música popular – uma breve genealogia - Exedra

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

exedra • nº 5 • 2011sê-lo-á ainda menos, estando inevitavelmente associada a um conjunto <strong>de</strong> outras práticase produtos que <strong>de</strong> algum modo influenciam o seu percurso <strong>de</strong> circulação e consumo.Em estreita relação com a investigação dos públicos e a sua ligação com os fenómenosda <strong>música</strong> <strong>popular</strong> encontram-se também os <strong>de</strong>bates em torno da questão da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,que rapidamente constituiu um foco <strong>de</strong> atenção primordial nos estudos da cultura. Oabandono das concepções essencialistas da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, substituídas pela noção <strong>de</strong> que estaé activamente construída através <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> articulações que não têm carácter<strong>de</strong> permanência mas antes <strong>de</strong> constante mudança, tornou necessário o entendimento dasi<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s «(…) as produced in specific historical and institutional sites within specificdiscursive formations and practices, by specific enunciative strategies» (Hall, 1996: 4).Neste sentido, ao examinar a relação entre a <strong>música</strong> <strong>popular</strong> e a construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>não será mais possível afirmar que a <strong>música</strong> se limita a reflectir o indivíduo, mas antesque o constrói também em igual medida. Como observa Simon Frith a propósito, «Musicconstructs our sense of i<strong>de</strong>ntity through the direct experiences it offers of the body, timeand sociability, experiences which enable us to place ourselves in imaginative culturalnarratives» (Frith, 1996a: 124). Inevitavelmente associadas a estas discussões em tornoda i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, também as temáticas do género, da sexualida<strong>de</strong>, da raça e da etnicida<strong>de</strong>foram adquirindo maior relevância no estudo da <strong>música</strong> <strong>popular</strong> (acompanhando assimas próprias transformações <strong>de</strong>corridas no campo mais vasto dos estudos <strong>de</strong> cultura),todas elas contribuindo para a compreensão das diversas formas como as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<strong>culturais</strong> intervêm na mediação dos significados da <strong>música</strong> <strong>popular</strong> através <strong>de</strong> complexosprocessos <strong>de</strong> articulação que envolvem o artista, o público, a criação musical, a indústria<strong>de</strong> produção e distribuição, e o próprio contexto social, económico, político e cultural 10 .Mas não é só na esfera do consumo que se têm concentrado as atenções dos estudos<strong>culturais</strong> <strong>de</strong> <strong>música</strong> <strong>popular</strong> ao longo das últimas décadas; também na área da produçãomusical, e sobretudo das forças económicas que subjazem à sua estruturação, se têmfeito notar relevantes contribuições para a compreensão da complexa dinâmica queenforma a relação entre as práticas <strong>de</strong> «commercial manipulation and spontaneouscreativity» (Negus, 1996: 22). Neste sentido, as análises em torno dos mecanismospróprios <strong>de</strong> funcionamento da indústria discográfica têm dirigido as suas atenções para asconsequências das indústrias <strong>culturais</strong> nos processos <strong>de</strong> estandardização, comodificaçãoe cooptação; para o estudo das instituições envolvidas na produção e distribuição <strong>de</strong><strong>música</strong> e respectiva organização e políticas; para a diferenciação entre as editorasin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e as multinacionais, observando as suas diferentes práticas e estratégias;para a constituição dos espaços distintos do mainstream e do un<strong>de</strong>rground, procurandoobservar os comportamentos diferenciados <strong>de</strong> instituições e públicos no seu interior; epara o constante <strong>de</strong>bate sobre a relação entre as tendências <strong>de</strong> controlo corporativo, porum lado, e a autonomia criativa e autenticida<strong>de</strong> por outro.126

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!