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História do Futuro

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<strong>História</strong> <strong>do</strong> <strong>Futuro</strong>file://D:\Backup\Estudenet\e-Books\Barroco\Pe. Antônio Vieira\<strong>História</strong> <strong>do</strong> <strong>Futuro</strong>\T...Página 45 de 16927/08/2011diz da profecia de Ageu: ...factum est verbum Domini in manu Aggaeiprophetae. E da profecia de Malaquias: Onus verbi Domini ad Israel in manuMalachiae. E geralmente das profecias de to<strong>do</strong>s os profetas: Sicut locutus es demanu puerorum tuorum prophetarum. De maneira que pôs Deus a profeciacomo candeia na mão <strong>do</strong>s profetas, para que, alumia<strong>do</strong>s e guia<strong>do</strong>s da mesmaluz os que não somos profetas, possamos entrar com eles no lugar escuro ecaliginoso <strong>do</strong>s futuros e ver e conhecer com a luz não nossa, o que eles viram econheceram com a sua.Este é o mo<strong>do</strong> com que, haven<strong>do</strong> a nossa <strong>História</strong> de caminhar por passos tãoescuros e dificultosos, saberá contu<strong>do</strong> onde há-de pôr os pés, e os porá muiseguros, seguin<strong>do</strong> sempre os raios deste farol divino, e dizen<strong>do</strong> humilde a Deuscom David: Lucerna pedibus meis verbum tuum, et lumen semitis meis. Serãopois as primeiras fontes desta nossa <strong>História</strong>, e os primeiros e principaisescritores a quem nela seguiremos to<strong>do</strong>s ou quase to<strong>do</strong>s os profetas canônicos,desde Isaías até Miqueas; porque, exceto o profeta Jonas, cujo assunto foi umsó, e particularmente determina<strong>do</strong> à história <strong>do</strong>s Ninivitas, to<strong>do</strong>s os outros,mais ou menos, concorreram para a fábrica deste novo edifício.Assim como os que escrevem anais ou histórias passadas e antiquíssimas,recorrem aos autores mais antigos, e estes são os que têm maior crédito eautoridade nas cousas daqueles tempos, assim nós que escrevemos <strong>do</strong> futuro,devemos recorrer e buscar a verdade e notícias da nossa <strong>História</strong> nos autores<strong>do</strong>s tempos futuros, que são somente os Profetas, pois só eles os conheceram.E porque entre os outros Livros Sagra<strong>do</strong>s, também canônicos, há alguns quetotalmente são proféticos, como os Salmos, os Cantares e o Apocalipse, e to<strong>do</strong>sos outros, assim <strong>do</strong> Velho como <strong>do</strong> Novo Testamento, contêm ou muitas oualgumas cousas proféticas, ainda que sejam meramente históricos, como oGênesis, Josué, Josias, Reis, Paralipamenon, Esdras e Macabeus; oumeramente <strong>do</strong>utrinais, como Provérbios, Sabe<strong>do</strong>ria, Eclesiastes, Eclesiástico eas Epístolas <strong>do</strong>s Apóstolos; ou juntamente <strong>do</strong>utrinais e históricos, como oLevítico, Números, Deuteronómio, Job e os Evangelhos, de to<strong>do</strong>s estes nosajudaremos também, quan<strong>do</strong> servirem ou puderem servir (que não será pouco)ao conhecimento e inteligência <strong>do</strong>s tempos futuros. Assim que podemos dizerem uma palavra que a primeira e principal fonte e os primeiros e principaisfundamentos de toda esta nossa <strong>História</strong> é a Escritura Sagrada; com que vem aser um só livro e um só Autor o que nela principalmente seguiremos: o livro, aEscritura; o Autor, Deus. Sobre estes fundamentos da primeira e suma Verdadeentrará o discurso como arquitecto de toda esta grande fábrica, dispon<strong>do</strong>,ordenan<strong>do</strong>, ajustan<strong>do</strong>, combinan<strong>do</strong>, inferin<strong>do</strong> e acrescentan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> aquilo quepor conseqüência e razão natural se segue e infere <strong>do</strong>s mesmos princípios, noqual mo<strong>do</strong> de fábrica se não perde a primeira verdade <strong>do</strong>s fundamentos, masvai crescen<strong>do</strong>, dilatan<strong>do</strong>-se e frutifican<strong>do</strong>, não em diversos, senão no mesmocorpo, como a árvore em suas raízes.Deste mo<strong>do</strong> crescem e se aumentam todas as ciências, não só as naturais,senão as divinas, e por isso se chamam e são ciências. Assim como a filosofiade princípios naturais evidentemente conheci<strong>do</strong>s tira conclusões certas,evidentes e científicas, assim a teologia, de princípios sobrenaturais nãoevidentes mas certissimamente conheci<strong>do</strong>s, tira conclusões teológicas, tambémcientíficas e ainda mais certas, posto que não evidentes. Nem este mo<strong>do</strong> dediscorrer sobre as profecias e revelações proféticas, para vir em conhecimento<strong>do</strong>s mistérios, segre<strong>do</strong>s, sucessos e tempos futuros, que nelas não estejamimediatamente expressa<strong>do</strong>s, é alheio da reverência que se deve aos oráculosdivinos, nem atrevimento <strong>do</strong> entendimento e discurso humano, ou cousa novae desusada na Igreja e escola de Cristo, antes estu<strong>do</strong> muito lícito, muitolouvável e muito recomenda<strong>do</strong> <strong>do</strong> mesmo Mestre Divino e seus sucessores.Temos desta matéria um excelente texto <strong>do</strong> Apóstolo S. Pedro (primeira einfalível regra da Igreja), o qual, falan<strong>do</strong> das mesmas profecias e profetas, dizassim no primeiro capítulo de sua primeira epístola: De qua salute exquisieruntatque scrutati sunt Prophetae qui de futura in vobis gratia prophetaverunt,scrutantes in quod vel quale tempus significaret in eis spiritus Christipraenuntians eas quae, Christo sunt, passiones et posteriores glorias.Quer dizer S. Pedro que os Profetas antigos, depois de lhes serem revela<strong>do</strong>scom lume sobrenatural e eles conhecerem e profetizaram mistérios futuros

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