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História do Futuro

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<strong>História</strong> <strong>do</strong> <strong>Futuro</strong>file://D:\Backup\Estudenet\e-Books\Barroco\Pe. Antônio Vieira\<strong>História</strong> <strong>do</strong> <strong>Futuro</strong>\T...Página 47 de 16927/08/2011outra as mesmas profecias, com que alumiaremos e descobriremos os futuros;poderemos entrar neste labirinto com to<strong>do</strong> o aparato e prevenção deinstrumentos com que se entrava seguramente no de Creta.Era aquele labirinto por uma parte muito escuro e por outra mui intrica<strong>do</strong>; epara vencer e facilitar estas duas dificuldades se inventou entrar nele, não sócom tocha, mas também com fio: as tochas para ver o escuro <strong>do</strong>s caminhos e ofio para entrar e sair pelo intrica<strong>do</strong> deles. Por este mo<strong>do</strong> entraremos tambémnós pelo escuro e intrica<strong>do</strong> labirinto <strong>do</strong>s futuros. As profecias e os Doutores nosservirão de tochas; o entendimento e o discurso de fio. Isto é quanto àsprofecias e Profetas canônicos.E porque o Espirito Santo, depois de fecha<strong>do</strong> o número <strong>do</strong>s livros e osescritores sagra<strong>do</strong>s (o qual se cerrou no Apocalipse de S. João), não deixou deilustrar e ornar sua esposa a Igreja com o lume e <strong>do</strong>m da profecia; e depoisdaqueles seus primitivos anos houve sempre novos profetas, alumia<strong>do</strong>s com omesmo espirito, que por palavra e escrito predispuseram muitas cousasfuturas, assim <strong>do</strong>s seus, como <strong>do</strong>s seguintes tempos, também estes darãomatéria à nossa <strong>História</strong>. Não meteremos porém nesta conta senão aquelasprofecias somente que, ou pela santidade de seus autores, aprova<strong>do</strong>s ecanoniza<strong>do</strong>s pela Igreja, ou por outros fundamentos sóli<strong>do</strong>s da razão,experiência e opinião <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>, tenham, na forma possível, mereci<strong>do</strong> no juízo<strong>do</strong>s prudentes o nome e veneração de profecias ou predições verdadeiras.A este fim empregarei grande parte deste presente livro na qualificação <strong>do</strong>espírito profético que tiveram to<strong>do</strong>s os autores <strong>do</strong> futuro que na <strong>História</strong> sehão-de alegar, por ser este não só o principal, mas o único fundamento de todaa sua verdade, e sem o qual vã e não merecidamente lhe devemos prometer ocrédito que de to<strong>do</strong>s os que a lerem esperamos.Por esta causa se não acharão porventura neste nosso discurso menos algumasque em nome de profecias andam entre o vulgo, sem certeza de autor e muitomenos <strong>do</strong> espírito com que foram escritas; e não só provaremos quanto fornecessário o espírito da profecia destes autores, mas diremos o tempo em queescreveram as obras proféticas que deles existam; a inteireza ou corrupçãocom que se tem conserva<strong>do</strong>, com uma breve relação também das mesmaspessoas (quan<strong>do</strong> não forem geralmente mui conhecidas) pelo muito queimportam todas estas notícias não só para a fé e crédito, senão ainda, e muitomais, para a inteligência e combinação das mesmas profecias, quegrandemente depende <strong>do</strong> tempo e de outras semelhantes circunstâncias.Procuramos quanto nos foi possível que fosse mui exata esta diligência, e nãosó falaremos nos autores e Profetas modernos e não canônicos, senãoigualmente nos antigos e sagra<strong>do</strong>s, pelas mesmas causas. Tambémexcitaremos a este fim e resolveremos várias questões muito importantes aoconhecimento das profecias, pela ordem que a necessidade ou ocasião o forpedin<strong>do</strong>, e esta será a própria matéria de to<strong>do</strong> este livro, a que por issochamamos Anteprimeiro, e é como alicerce de to<strong>do</strong> o edifício. E posto que to<strong>do</strong>este tão largo Prolegómeno em rigor não seja <strong>História</strong> <strong>do</strong> <strong>Futuro</strong>, senãopreparação ou aparato para ela, à imitação de Barónio e de outros autores, quecom menos necessidade o fizeram em suas histórias, esperamos que a matéria,por sua grande variedade e diligente erudição de cousas curiosas, e pela maiorparte até agora não tratadas, não será injucunda aos que a lerem, e que possasem enfa<strong>do</strong> entreter a expectação e desejo da mesma <strong>História</strong>, enquanto nãosai a luz, que será, como em Deus esperamos, muito brevemente.De tu<strong>do</strong> o que fica dito ou prometi<strong>do</strong> se colhe facilmente quanta será a verdadedesta <strong>História</strong>; porque as cousas que expressa e imediatamente se predizemnas profecias canônicas, de cuja inteligência por sua clareza se não podeduvidar, ou por estarem explicadas por escritores também canônicos porconcílios, por tradições, ou pelo consenso comum <strong>do</strong>s Padres, é certo que têmtoda aquela certeza infalível e de fé, que as outras verdades sagradas que secontêm nas Escrituras. As outras cousas, que destas verdades assimprofetizadas e conhecidas, por natural conseqüência, se deduzirem, ainda queintervenha no discurso algum meio ou proposição científica, são verdadessegundas que participam a mesma certeza também infalível, qual é a das

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