Barbosa (1997) constatou diferença significativa entre os resulta<strong>do</strong>sobserva<strong>do</strong>s entre os expostos e não expostos (segun<strong>do</strong> o autor) na refinariaestudada. Observou que nos <strong>do</strong>is setores (unidade de reforma catalíticae setor de qualidade) houve significativa diferença em relação ao graude exposição ocupacional ao benzeno.Tabela 5 Concentração de AttM-U de trabalha<strong>do</strong>res expostos ocupacionalmentea baixas concentrações de benzeno em outras ocupações em mg/gde creatinina (COSTA, 2001)Atividade/ocupaçãoFumante(MG/DPG)Não-Fumante(MG/DPG)*Frentistas/mecânicos 1,21/1,82 0,89/1,72Escriturário 0,28/1,48 0,14/1,87Vende<strong>do</strong>r 0,22/1,71 0,09/2,67*MG/DPG = média geométrica/desvio padrão geométricoQuan<strong>do</strong> se trabalha em baixas concentrações de benzeno no ar, oque implica em baixas concentrações de AttM-U, pode-se verificar diferençassignificativas, desde que se trabalhe com grupos homogêneos de exposição.Porém, é necessário ficar atento para qualquer valor individual muitoaltera<strong>do</strong>, que deve ser investiga<strong>do</strong>. Os valores altera<strong>do</strong>s não devem ser simplesmenteelimina<strong>do</strong>s! Devem ser inclusive justifica<strong>do</strong>s e registra<strong>do</strong>s.Quais as interferências significativas na eliminação <strong>do</strong> AttM-U?O AttM-U apresenta como desvantagem sofrer influência de algunsfatores que podem modificar sua concentração na urina, além de estar presentena urina de indivíduos não expostos ocupacionalmente ao benzeno.Devi<strong>do</strong> à capacidade de metabolismo <strong>do</strong> benzeno a áci<strong>do</strong> trans, transmucônico diferir significativamente entre indivíduos de uma população emgeral, aqueles com maior taxa de metabolismo para formar AttM-U podemser mais suscetível aos efeitos carcinogênicos <strong>do</strong> benzeno.Dentre os fatores que podem influenciar a excreção urinária <strong>do</strong>AttM estão:(1) a coexposição a outros produtos químicos, como, por exemplo,o tolueno, que pode inibir competitivamente a biotransformação <strong>do</strong>benzeno. A concentração de AttM-U chega a ser reduzida em 25% entreos expostos a benzeno quan<strong>do</strong> ocorre coexposição a tolueno nas mesmasconcentrações (INOUE et al., 1989; WHO, 1996, apud COSTA, 2001). Os pro-35
cessos de biotransformação das substâncias tolueno e benzeno são semelhantes.Em exposições simultâneas dessas substâncias, o tolueno, quan<strong>do</strong>presente em concentrações elevadas, pode influenciar no metabolismo <strong>do</strong>benzeno. Este fato, todavia, não é observa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> os níveis de exposiçãoao tolueno são relativamente baixos (GOLDSTEIN; GREENBERG, 1997).A probabilidade de co-exposição a outras substâncias é muito grande emambientes ocupacionais e acontece com frequência. Nas indústrias siderúrgicas,ocorre a presença da mistura BTX (benzeno, tolueno e xileno), sen<strong>do</strong>que o benzeno está em maior concentração; porém, nas empresas de exploraçãoe refino <strong>do</strong> petróleo, é o tolueno que está em maior concentração(petróleo, naftas e gasolinas). O consumo de bebida alcoólica e a exposiçãoaos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAS) também podem ser fatoresde confundimento nas avaliações biológicas através deste indica<strong>do</strong>r.(2) a dieta, uma vez que o AttM é forma<strong>do</strong> na biotransformação <strong>do</strong>áci<strong>do</strong> sórbico ou sorbatos utiliza<strong>do</strong>s como aditivos alimentares em produtosindustrializa<strong>do</strong>s, como bolos, geleias, chocolates, sucos, deriva<strong>do</strong>s de leiteetc. Porém, alguns pesquisa<strong>do</strong>res não observaram interferência significativade produtos industrializa<strong>do</strong>s com relação às concentrações AttM-U. Aingestão de alimentos conten<strong>do</strong> níveis compreendi<strong>do</strong>s entre 6 a 24 mg/diade áci<strong>do</strong> sórbico resultou na eliminação de cerca de 0,01 a 0,04 mg/L deAttM-U, valores muito próximos ao limites de detecção das meto<strong>do</strong>logiasmais difundidas (DUCOS et al., 1990; RUPPERT et al., 1995).(3) o tabagismo, pois o tabaco pode aumentar em até 8 vezes aconcentração <strong>do</strong> AttM na urina de indivíduos fumantes quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>scom indivíduos não fumantes. Alguns estu<strong>do</strong>s, porém, constataram que aeliminação de AttM-U devi<strong>do</strong> ao cigarro não era importante quan<strong>do</strong> comparadaàs exposições ocupacionais (DUCOS et al., 1992; LEE et al., 1993).Portanto, apesar <strong>do</strong>s vários tipos de interferência na avaliação <strong>do</strong>AttM-U, este pode ser utiliza<strong>do</strong> para populações não expostas assim comopara grupos homogêneos de exposição a baixas concentrações de benzeno.Quais os méto<strong>do</strong>s de laboratório para fazer a análise <strong>do</strong> AttM-U?Existem várias técnicas de análise para a determinação <strong>do</strong> AttM-U,sen<strong>do</strong> a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) a mais utilizada. Importanteé a escolha de um méto<strong>do</strong> com limite de detecção suficiente parapossibilitar análise de baixos teores deste indica<strong>do</strong>r.36