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Contributo Epistemológico para a Compreensão do Insucesso Escolar

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os conteú<strong>do</strong>s e mesmo a relação pedagógica que se estabelece. Contu<strong>do</strong>, a ênfase residenas contradições 4 que os alunos são incapazes de resolver, nomeadamente:i) entre a escola e a realidade em que vivem;ii) entre as aprendizagens exigidas pela escola e as que fazem na família e nomeio social;iii) entre as aspirações, normas e valores da família e as exigidas pela escola;Segun<strong>do</strong> Cortesão e Torres (1990: 24) é fácil dizer que os alunos não estudam,que vêm mal pre<strong>para</strong><strong>do</strong>s ou que não se interessam. Por seu turno, uma vez que ninguémassume a culpa, o discurso mais comum é o <strong>do</strong> professor universitário que culpa o <strong>do</strong>secundário, enquanto que este culpa os <strong>do</strong>s níveis anteriores. Assim, os professores <strong>do</strong>primeiro ciclo culpam os programas, as novas meto<strong>do</strong>logias, a falta de inteligência <strong>do</strong>salunos, ou atribuem a culpa aos pais que definem como “pouco cultos” (ibidem).Medeiros (1993: 59) corrobora esta proposição acrescentan<strong>do</strong> que <strong>para</strong> osprofessores o insucesso escolar advêm da falta de bases, de motivações, de capacidades<strong>do</strong>s alunos ou <strong>do</strong> disfuncionamento das estruturas educativas, familiares e sociais,enquanto que <strong>para</strong> os pais e público em geral, a responsabilidade <strong>do</strong> insucesso recai nosprofessores, aos quais são aponta<strong>do</strong>s aspectos que se prendem essencialmente com asfaltas, a desmotivação ou ainda a sua deficiente formação.Situan<strong>do</strong>-se numa perspectiva reprodutiva, Iturra (s.d.:1) considera que oinsucesso escolar é um facto deriva<strong>do</strong> de um processo histórico, onde um conhecimentopassa a ser <strong>do</strong>minante num determina<strong>do</strong> grupo social. 5Posição similar tem Benavente, <strong>para</strong> quem o insucesso escolar não é um defeito<strong>do</strong> funcionamento <strong>do</strong> sistema escolar, mas um objectivo conti<strong>do</strong> na instituição escolar,visto que “ a escola está (…) ao serviço das classes médias e superiores e funcionacomo objecto de legitimação <strong>do</strong>s privilégios sociais” (1976:71).Face a estas proposições consideramos que todas as instâncias decorrentes dascircunstâncias sociais, económicas e políticas, têm a sua quota-parte deresponsabilidade, pois o problema <strong>do</strong> insucesso escolar possui múltiplas causas erepercussões, pelo que, qualquer análise que reduza o problema a um único factorcasual é, sem dúvida, uma análise limitada.4 Sobre esta temática, baseámo-nos nos itens assinala<strong>do</strong>s por Ana Benavente, A Escola naSociedade de Classes…p.46.5 Raul Iturra, Revista “Ágora” nº2, p.1, s.d.14

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