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Joaquim Nabuco: a história em primeira pessoa - Fundação Casa ...

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<strong>Fundação</strong> <strong>Casa</strong> de Rui Barbosawww.casaruibarbosa.gov.brmilitância abolicionista o faz enfrentar a sociedade brasileira, como um Rastignac,dandinoso e romântico, que lançasse um desafio à “instituição nefanda” e aos seusrepresentantes: “A nous deux, maintenant”. Depois do 15 de Nov<strong>em</strong>bro, marginalizadocomo monarquista, teriam agido “os atavismos de classe, e ele passou ao liberalismoatenuador de um estadista do Império, elaborado longe do povo, <strong>em</strong> diálogo tácito comas sombras de um passado que interferiu nas suas ideias”. 11Durante o período da sua militância abolicionista, <strong>Nabuco</strong> foi não apenas o tribunocombativo, mas aparece também como “o primeiro a articular numa visão da sociedadea intuição segundo a qual o regime servil é a variante sociológica que a explica d<strong>em</strong>aneira mais abrangente [...], aquela que ilumina mais poderosamente o nossopassado”. “Com referência à escravidão é que se definiu entre nós a economia, aorganização social e a posição das classes e das ordens, a estrutura do estado e dopoder político, o próprio sist<strong>em</strong>a de idéias”. 12Tudo isso, <strong>em</strong> um pequeno livro de 1883 – O abolicionismo –, no qual aponta o caráterpredatório e a natureza economicamente estagnante do regime servil, <strong>em</strong> termos quese tornaram comuns na literatura sociológica cont<strong>em</strong>porânea.A maior parte das terras era monopolizada pelos proprietários de escravos, <strong>em</strong> grandesglebas, destinadas, sobretudo, a uns poucos produtos de exportação. A exploraçãoextensiva exauria o solo, a concentração de riqueza inibia a criação de indústria, dopequeno comércio e o aparecimento de camadas médias. O universo urbano era poucodiferenciado, constituído na sua maioria de centros administrativos.Atados a um produto único de exportação, sujeito a variações de preço, quase s<strong>em</strong>preendividados pela compra de escravos ou por seus hábitos de consumo luxuoso, os11 Id<strong>em</strong>: p. 274.12 Cf. “Um livro elitista? Posfácio”. In: NABUCO, <strong>Joaquim</strong>. Um estadista do Império. 5ª ed. vol. II. Rio de Janeiro:Topbooks, 1997. p. 1.324.JOSÉ ALMINO DE ALENCAR: <strong>Joaquim</strong> <strong>Nabuco</strong>: A <strong>história</strong> <strong>em</strong> <strong>primeira</strong> <strong>pessoa</strong> 4

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