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R$ 5,90 - Roteiro Brasília

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luzcâmeraaçãoHumor,nutriçãoda almaDivulgaçãoAplaudida pelo público na Mostra Internacional de São Paulodo ano passado, a comédia alemã Soul Kitchen coloca semqualquer pudor o universo gastronômico de pernas para o arPor Sérgio MoriconiReconhecido como um dos mais interessantesrealizadores alemães danova geração, Fatih Akin resolveudar uma guinada de 180 graus em sua carreirae fazer uma comédia bem ao gosto deum público médio, quase uma chanchada,em Soul Kitchen. O risco assumido eraenorme. Quem viu os anteriores, Contra aparede (2004) e Do outro lado (2008), podeestar se perguntando o que deu nele. Exibidoem Veneza no início do ano passado,onde recebeu o Prêmio do Júri, o filmeteve boa aceitação do público, apesarde alguns críticos – poucos, é verdade – sereferirem a ele (ao filme) como raso. Emcartaz há pouco mais de duas semanas emBrasília, o que se pode dizer é que o públicose esbalda com as incríveis trapalhadasde um dono de restaurante grego, seu irmãopresidiário, namoradas, garçonetes,clientes, agentes do governo, pilantras detoda ordem e entourage do estabelecimentosituado numa zona industrial degradadade Hamburgo, na Alemanha.Até Soul Kitchen, Akin era consideradoum “autor” de cinema. Quer dizer, faziafilmes para o circuito de festivais e salasespeciais. Agora, ninguém sabe. Vistocom mais atenção, a nova comédia desserealizador de origem turca trata de umamaneira tresloucada dos mesmos temasabordados nos dois longas anteriores.Multiculturalismo, drama dos imigrantesestrangeiros e inadequação a uma sociedadeque não conhecem estão presentesaqui de uma forma não-confrontacional,bem-humorada, junto a várias outrasquestões candentes de nossas conturbadassociedades globalizadas, especialmenteas europeias. Negros, asiáticos, “gregose troianos” dividem o mesmo espaço urbanonas franjas de uma Hamburgo cosmopolita,multifacetada, cidade ondeAkin vive com a família, onde tem os amigose uma profunda ligação afetiva.As histórias e muitos dos incidentesdo filme foram testemunhados pelo diretorou pelas pessoas com quem convive.O incrível restaurante foi inspirado no estabelecimentode um de seus melhoresamigos. Existe verdadeiramente algo deprofundamente pessoal nesse trabalho, aponto de o diretor incluir em seu elenco amulher, o irmão e vários de seus companheirosde farra de juventude. Akin declarouque há muitos aspectos autobiográficosno argumento original, mas eles nãosão predominantes. Dá para perceber. Oburlesco – a pantomima de inspiraçãochapliniana – serve para evidenciar algumasdas ideias que o diretor quer passar.A principal delas diz respeito à afirmaçãode uma cultura alternativa, anti-homogeneização,livre das imposições do grandecapital corporativo.A gastronomia é o veículo para falardisso. Slow food x fast food. No filme, Zinos(Adam Bousdoukos), o proprietáriodo restaurante que só serve comida congelada,vulgar, para uma clientela tosca, vai,pouco a pouco, devido a uma série de circunstânciasfortuitas, tomando consciênciade um outro caminho. É um aprendizado.O mesmo experimentado por Akin.Antes do filme, o diretor confessou nãosaber fritar um ovo. Descobrir um tratamentodramatúrgico justo para essa comédiaque se equilibra à beira do abismo custouexaustivos ensaios de todo o elenco.Algumas gags foram repetidas mais detrinta vezes, até que Akin julgasse ter atingidoo equilíbrio correto entre naturalidade,improvisação e trabalho de repetiçãocom os comediantes.Um dos coringas de Soul Kitchen é ogrande ator Birol Ünel, o furibundo chefShayn. Atirador de facas, alcoólatra e cozinheirorefinado, Shayn vai ser o catalisa-25

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