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tungues, povo nômade <strong>do</strong> extr<strong>em</strong>o Nordeste da Sibéria, foida<strong>do</strong>, desde o final <strong>do</strong> século XVII, o nome de “xamã” (<strong>em</strong>língua tungue, saman significa “dançar, saltar”) às pessoas quea tribo escolheu para interceder <strong>em</strong> seu favor junto aos espíritos.E se nomeou “xamânica” essa religião da natureza que,provavelmente, era a <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> pré-histórico <strong>do</strong> Paleolítico.Essa religião natural se fundamenta na crença n<strong>um</strong> mun<strong>do</strong>invisível que cerca o mun<strong>do</strong> visível e na possibilidade de comunicaçãocom tais forças invisíveis. Ela também postula acrença na sobrevida de <strong>um</strong>a parte invisível <strong>do</strong> ser h<strong>um</strong>ano quese reencarna após a morte: a alma. E se caracteriza pela práticade trocas com os espíritos, a fim de ajudar o grupo h<strong>um</strong>ano asobreviver, curar <strong>do</strong>enças e promover a caça. Antes de cadacaçada, o xamã realiza <strong>um</strong> ritual que, geralmente, ass<strong>um</strong>e aforma de <strong>um</strong>a dança durante a qual ele entra n<strong>um</strong> esta<strong>do</strong> modifica<strong>do</strong>de consciência, o transe, para convocar os espíritos<strong>do</strong>s animais — <strong>do</strong>nde a etimologia <strong>do</strong> nome “xamã”, que acabamosde citar. Ele oferece <strong>um</strong>a troca: “Vamos ter de matá-lospara comer, mas, quan<strong>do</strong> morrermos, será nossa vez de darnosso flui<strong>do</strong> vital para a natureza.” Os xamãs são também terapeutasconvictos de que a <strong>do</strong>ença é sintoma de <strong>um</strong>a almadeslocada ou invadida por outra entidade.O sagra<strong>do</strong>O xamanismo constituiria <strong>um</strong>a das primeiras manifestações deespiritualidade? Eu definiria, de preferência, a espiritualidade apartir da dimensão de busca individual. Não pod<strong>em</strong>os dizerque, naquela época, os indivíduos tivess<strong>em</strong> <strong>um</strong>a busca espiritualpessoal, <strong>em</strong> to<strong>do</strong> caso, não <strong>em</strong> termos de elaboração intelectual.A espiritualidade como tentativa de resposta ao enigma13