3.1.6 Inia geoffrensisStatus e distribuiçãoClassificação IUCN: VU (2000)CITES: Apêndice IClassificação PA II: VUEmbora ainda abundante na maior parte <strong>de</strong> sua distribuição, a classificação como “vulnerável”<strong>de</strong>ve-se principalmente à contínua <strong>de</strong>struição <strong>do</strong> seu hábitat em função <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento para a região Amazônica e ao aumento da pesca comercial na região(KLINOWSKA, 1991; IUCN, 1996; IUCN, 2000).O boto-vermelho ou golfinho-<strong>do</strong>-amazonas tem um importante papel na cultura local dascomunida<strong>de</strong>s ribeirinhas (SLATER, 1994) e até recentemente estava protegi<strong>do</strong> pelas lendas esuperstições. Com as recentes mudanças <strong>de</strong> valores provocadas pela migração e colonização naregião, essa proteção tradicional está <strong>de</strong>saparecen<strong>do</strong> (BEST; DA SILVA, 1989a, 1989b; DASILVA; MARTIN, 2000).Endêmico da região amazônica, a espécie tem uma distribuição bastante ampla, ocorren<strong>do</strong> namaioria <strong>do</strong>s principais rios e tributários e nos lagos da bacia amazônica e incluin<strong>do</strong> sete países daAmérica <strong>do</strong> Sul. O boto penetra na floresta alagada (igapó) durante a cheia e po<strong>de</strong> ser encontra<strong>do</strong>em quase to<strong>do</strong>s os tipos <strong>de</strong> hábitats existentes na região. Embora não exista uma estimativa dasua abundância, acredita-se que a população <strong>de</strong> I. geoffrensis ainda se encontra relativamenteestável na maior parte <strong>de</strong> sua área <strong>de</strong> distribuição (BEST; DA SILVA, 1993; MARTIN; DASILVA, 1998; VIDAL et al., 1997).AmeaçasA captura aci<strong>de</strong>ntal em aparelhos <strong>de</strong> pesca ao longo <strong>de</strong> toda a sua distribuição é um fatorpreocupante, principalmente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao aumento das ativida<strong>de</strong>s pesqueiras, <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>espera (malha<strong>de</strong>iras) e <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>riva na região, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como sen<strong>do</strong> os aparelhos <strong>de</strong>pesca que mais afetam a espécie (DA SILVA; BEST, 1996b).O uso da carne <strong>de</strong> boto para consumo humano já foi <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> em pequena escala em algunspontos na Amazônia; a magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa ameaça potencial não é conhecida (DA SILVA, V.M.F,com. pess.).A contaminação <strong>do</strong>s peixes que fazem parte da dieta <strong>de</strong> I. geoffrensis, seja por metais pesa<strong>do</strong>s,como por exemplo mercúrio proveniente da mineração <strong>do</strong> ouro, ou por organoclora<strong>do</strong>s, já<strong>de</strong>tectada no leite <strong>de</strong> fêmeas lactantes em diferentes áreas da Amazônia (GEWALT, 1975;ROSAS; LETHI, 1996), é preocupante. Os projetos <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> pólos petroquímicos eoleodutos na Amazônia, bem como as alterações <strong>de</strong> hábitat por represamento <strong>do</strong>s rios para finshidrelétricos e <strong>de</strong> irrigação que fragmentam as populações e pelo <strong>de</strong>smatamento das margens <strong>de</strong>lagos e rios alteran<strong>do</strong> a ictiofauna, constituem sérias ameaças para a espécie. Em <strong>de</strong>terminadasáreas da sua distribuição, principalmente durante a estação seca, o aumento <strong>do</strong> tráfego fluvialtambém po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> prejudicial à espécie.3.1.7 Pontoporia blainvilleiStatus e distribuição18
Classificação IUCN: DD (2000)CITES: Apêndice IClassificação PA II: VUConsta da Lista Oficial <strong>de</strong> Espécies da Fauna <strong>Brasil</strong>eira Ameaçada <strong>de</strong> Extinção.A espécie é um pequeno cetáceo marinho que ocorre exclusivamente em águas costeiras <strong>do</strong>Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal entre o norte <strong>do</strong> Espírito Santo (18º 25’S) e a Península Val<strong>de</strong>z (42º30’S), no norte da Patagonia Argentina (SICILIANO, 1994; CRESPO; HARRIS; GONZÁLES,1998). Na Região Su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, entre Macaé e Ubatuba, e entre Atafona e a foz <strong>do</strong> Rio Doceparecem existir hiatos na distribuição geográfica da espécie (SICILIANO; DI BENEDITO;RAMOS, 2000). A existência <strong>de</strong> pelo menos duas populações distintas, uma ao norte e outra aosul <strong>de</strong> Santa Catarina, foi proposta com base em da<strong>do</strong>s morfológicos e moleculares (PINEDO,1991; SECCHI et al., 1998). Embora novas informações sejam necessárias para uma melhorcompreensão da estrutura populacional da espécie, tem si<strong>do</strong> sugeri<strong>do</strong> que essas populações sejamconsi<strong>de</strong>radas separadamente para fins <strong>de</strong> manejo e conservação (SECCHI, 1999). Atualmente, asúnicas informações existentes sobre o tamanho populacional da espécie na costa brasileiraprovêm <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> piloto conduzi<strong>do</strong> próximo a <strong>de</strong>sembocadura da Lagoa <strong>do</strong>s Patos, no RioGran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. A partir <strong>de</strong> censos aéreos foi estimada uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da espécie <strong>de</strong> 0,657indivíduos/Km 2 para esta região (SECCHI et al., 2001a). A extrapolação <strong>de</strong>sse da<strong>do</strong> para a áreatotal <strong>de</strong> distribuição da espécie no litoral <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul resulta em uma população <strong>de</strong>15.975 toninhas (95% IC: 12.547 a 20.327). Novos estu<strong>do</strong>s nessa área e em outras regiõesgeográficas são essenciais para uma melhor avaliação <strong>do</strong> tamanho populacional da espécie.AmeaçasA espécie é, provavelmente, o pequeno cetáceo mais ameaça<strong>do</strong> no Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos altos níveis <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntal em re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> espera ao longo <strong>de</strong> praticamentetoda a área <strong>de</strong> distribuição (PRADERI; PINEDO; CRESPO, 1989; PINEDO; BARRETO, 1997;UNEP/CMS, 2000; SECCHI; OTT; DANILEWICZ, no prelo). Estu<strong>do</strong>s recentes apontam parauma mortalida<strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntal da espécie no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul <strong>de</strong> aproximadamente 750 indivíduospor ano (SECCHI et al., 1997; OTT, 1998; SECCHI, 1999), o que representaria cerca 4,7% dapopulação estimada para a região. Análises <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> populacional têm indica<strong>do</strong> que ascapturas no sul <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> po<strong>de</strong>m não ser sustentáveis ao longo <strong>do</strong> tempo (KINAS, 2000;SECCHI; KINAS, 2000; SECCHI; SLOOTEN; FLETCHER, 2001b). Níveis eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong>capturas aci<strong>de</strong>ntais têm si<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>s para inúmeras outras localida<strong>de</strong>s da costa brasileira(PINEDO, 1994; SICILIANO, 1994; DI BENEDITTO; RAMOS; LIMA, 1998; ROSAS;MONTEIRO FILHO; OLIVEIRA, no prelo). Na maioria das regiões, os espécimesaci<strong>de</strong>ntalmente captura<strong>do</strong>s são <strong>de</strong>scarta<strong>do</strong>s no mar pelos pesca<strong>do</strong>res. Contu<strong>do</strong>, em algumascomunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca, registrou-se o uso da gordura <strong>de</strong> indivíduos captura<strong>do</strong>s aci<strong>de</strong>ntalmentecomo isca na pesca <strong>de</strong> espinhel <strong>de</strong> elasmobrânquios e da carne para consumo humano(ZANELATTO, 1997; DI BENEDITTO; RAMOS; LIMA, 1998; FIDÉLIX; BASSOI; SECCHI,1998). Há também registros <strong>de</strong> capturas intencionais da espécie no litoral <strong>de</strong> Santa Catarina(XIMENEZ, 1994), embora pareçam extremamente raros.A crescente <strong>de</strong>gradação ambiental é outra ameaça potencial a espécie. Portos importantes eindústrias entre o Espírito Santo e Val<strong>de</strong>z resultam em tráfego marítimo intenso e poluição.19
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