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o contrato corrupto da dívida de Angola à Rússia - Público

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IntroduçãoEste relatório expõe em primeiro lugar e acima <strong>de</strong> tudo aganância <strong>de</strong>smesura<strong>da</strong> <strong>da</strong>queles que são os responsáveis pelagestão <strong>da</strong> riqueza <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> <strong>Angola</strong>. Também ilustracomo o sistema financeiro offshore po<strong>de</strong> ser utilizadopor políticos e empresários <strong>de</strong>sonestos para envolver astransacções em segredo tendo por base a impressionantediversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> riqueza <strong>de</strong> uma nação, em particularquando o país é rico em recursos, mas pobre em termos <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento, para enorme <strong>de</strong>svantagem dos ci<strong>da</strong>dãoscomuns.O Contrato <strong>de</strong> dívi<strong>da</strong> <strong>Angola</strong>-Rússia é um caso chocante<strong>de</strong> logro e frau<strong>de</strong> levado a cabo por políticos <strong>da</strong>s mais altaspatentes, funcionários públicos superiores e empresáriosduvidosos, auxiliados por instituições financeirasinternacionais para roubarem os seus conci<strong>da</strong>dãos paraproveito próprio. Ele exemplifica as profun<strong>de</strong>zas <strong>da</strong>prevaricação a que indivíduos em posições <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r eautori<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ace<strong>de</strong>r, bem como o papel central que asinstituições financeiras po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sempenhar – na permissão<strong>da</strong> pilhagem a retalho <strong>da</strong> riqueza nacional <strong>de</strong> alguns dospovos mais pobres do mundo.<strong>Angola</strong> <strong>de</strong>via à Rússia milhares <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> dólares, gran<strong>de</strong>parte <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> incorri<strong>da</strong> pelo Movimento Popular <strong>de</strong>Libertação <strong>de</strong> <strong>Angola</strong> (MPLA), do Presi<strong>de</strong>nte José Eduardodos Santos, durante a guerra civil <strong>de</strong> <strong>Angola</strong>. As somasenvolvi<strong>da</strong>s – 5 mil milhões <strong>de</strong> dólares – eram imensas e osentido <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> do <strong>contrato</strong> foi crítico. O <strong>contrato</strong><strong>de</strong> amortização <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> foi assinado em 1996: a guerra civilgrassava em plena força (só terminou em 2002) e as finanças<strong>da</strong> Rússia estavam num estado lastimoso, encontrando-se –também em incumprimento <strong>da</strong> sua dívi<strong>da</strong> em 1998, doisanos mais tar<strong>de</strong>.Em 1996, a Rússia <strong>de</strong>cidiu que <strong>Angola</strong> não conseguiriapagar a totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> <strong>de</strong> 5 mil milhões <strong>de</strong> dólares em<strong>Angola</strong>: extremos <strong>de</strong> pobreza e riqueza<strong>Angola</strong> encontra-se na 148ª posição noÍndice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano <strong>da</strong>sNações Uni<strong>da</strong>s: um angolano médio viveaté aos 51 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> e, se tiver sorte,frequenta quatro anos <strong>de</strong> ensino abaixodos padrões habituais. A vi<strong>da</strong> para a gran<strong>de</strong>maioria dos angolanos é marca<strong>da</strong> pelapobreza, pela privação e pela luta diáriapela sobrevivência. E, no entanto, o paísrepousa sobre vastos recursos minerais, maisnotavelmente, o petróleo, mas tambémricos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> diamantes, ouro e <strong>de</strong>maisrecursos. Em 2010, o país anunciou terganho 48,6 mil milhões <strong>de</strong> dólares com aven<strong>da</strong> <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 2 milhões <strong>de</strong> barris <strong>de</strong>petróleo por dia. O PIB <strong>de</strong> <strong>Angola</strong> subiu<strong>de</strong> menos <strong>de</strong> 10 mil milhões <strong>de</strong> dólaresao ano no início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1990 parauns notáveis 84 mil milhões em 2010. Apergunta óbvia é, por conseguinte, por quemotivo os ci<strong>da</strong>dãos usufruíram <strong>de</strong> tão poucosbenefícios.Um motivo particularmente hediondo é o<strong>de</strong>svio em gran<strong>de</strong> escala <strong>de</strong> fundos públicospara benefício privado. O FMI reportou osimples <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> vastas somasdos cofres do estado, que explicou como“residuais inexplicáveis” – um valor estimado<strong>de</strong> “32 mil milhões <strong>de</strong> dólares (25% do PIB)<strong>de</strong> 2007 a 2010” (Relatório nacional 11/346Dez. 2011). <strong>Angola</strong> perece na 157ª posição(<strong>de</strong> entre 176 países) no Índice <strong>de</strong> Percepções<strong>de</strong> Corrupção <strong>da</strong> Transparência Internacional.INTRODUÇÃO21

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