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o contrato corrupto da dívida de Angola à Rússia - Público

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Como prova <strong>da</strong>s prestações <strong>de</strong> pagamento, <strong>Angola</strong> emitiria 31 Notas promissórias emdólares norte-americanos ao governo <strong>da</strong> Rússia. Às Notas promissórias para o pagamentoa ca<strong>da</strong> seis meses do montante principal no valor <strong>de</strong> $63.134.000, eram acrescidos jurosacumulados até ca<strong>da</strong> <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> pagamento. À última <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> pagamento, <strong>Angola</strong> teria pagoum montante total <strong>de</strong> $2.896.596.000 (sendo a soma inicial dos 1,5 mil milhões <strong>de</strong> dólaresdo montante principal em dívi<strong>da</strong>, mais $457.160.000 <strong>de</strong> juros acumulados até Junho <strong>de</strong>2001 e mais $939.437.000 <strong>de</strong> juros acumulados até Junho <strong>de</strong> 2016).O acordo pressupunha uma execução simples. Uma “instituição fi<strong>de</strong>digna”, como porexemplo um banco que oferecesse serviços fiduciários, seria nomea<strong>da</strong> por ambas as partes.<strong>Angola</strong> efectuaria um pagamento à instituição, que encaminharia estes fundos para a Rússia.Simultaneamente, a instituição <strong>de</strong>volveria ca<strong>da</strong> Nota promissória a <strong>Angola</strong>, juntamentecom uma Certidão <strong>de</strong> pagamento emiti<strong>da</strong> pela Rússia confirmando que a Nota promissóriatinha sido honra<strong>da</strong>. Ain<strong>da</strong> mais importante, ca<strong>da</strong> Certidão <strong>de</strong> pagamento reflectia ummontante <strong>de</strong> $161.290.322,57. Uma vez que existiam 31 Notas promissórias e Certidões <strong>de</strong>pagamento, aquando <strong>da</strong> conclusão <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a transacção, <strong>Angola</strong> teria recebido as Certidões<strong>de</strong> pagamento reflectindo um montante total <strong>de</strong> 5 milmilhões <strong>de</strong> dólares ($161.290.322,57 X 31), extinguindoassim a totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> à Rússia, embora <strong>Angola</strong> tivesseapenas <strong>de</strong> pagar à Rússia o montante principal reduzido erespectivos juros discutidos acima. Assim, utilizando estemecanismo simples, a dívi<strong>da</strong> <strong>de</strong> 5 mil milhões <strong>de</strong> dólares<strong>de</strong> <strong>Angola</strong> à Rússia po<strong>de</strong>ria ter sido extinta e ca<strong>da</strong> parteteria a segurança adicional <strong>de</strong> ter um banco in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte asupervisionar a transacção e a libertar os fundos e as Notasapenas aquando do cumprimento dos vários termos doContrato. 18A 17 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1997, o Banco Nacional <strong>de</strong> <strong>Angola</strong>emitiu uma série <strong>de</strong> 31 Notas promissórias. Tal comoconfirma um acordo posterior, estas Notas foram emiti<strong>da</strong>s“em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong>” com o Acordo intergovernamental<strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1996. 19 As Notas previam o pagamentodurante o mesmo plano <strong>de</strong> pagamentos <strong>de</strong>finido no Acordointergovernamental <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1996, com a primeiraNota a pagamento a 15 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2001, e a última a15 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2016. No entanto (e curiosamente), oscálculos cui<strong>da</strong>dosamente <strong>de</strong>talhados dos pagamentos <strong>de</strong>juros incluídos no Plano para o Acordo intergovernamentalforam omitidos. Igualmente, em vez <strong>de</strong> reflectirem paraca<strong>da</strong> Nota um montante principal em dívi<strong>da</strong> (“valornominal”) <strong>de</strong> $63.134.000 (tal como contemplado peloAcordo intergovernamental <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1996), ca<strong>da</strong>uma <strong>da</strong>s Notas mostrava um montante principal em dívi<strong>da</strong><strong>de</strong> apenas $48.387.096,77. Caso contrário, as Notasseriam inteiramente consistentes com os entendimentos <strong>de</strong>Novembro <strong>de</strong> 1996. 20Pierre Falcone nasceu na Argélia em1954. Ao oito anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, os seus paismu<strong>da</strong>ram-se para França, após a <strong>de</strong>claração<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência <strong>da</strong> Argélia. Com vinte epoucos anos, Falcone mudou-se para o Brasil,on<strong>de</strong> <strong>de</strong>u início à sua vi<strong>da</strong> empresarial comoempresário agrícola. Juntamente com a suaesposa boliviana, Falcone estabeleceu-secomo “socielite” <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque nos EstadosUnidos na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1990. Em 2009,Falcone foi con<strong>de</strong>nado por vários crimesrelacionados com o caso “<strong>Angola</strong>gate”,recebendo uma pena <strong>de</strong> seis anos. Tentoureclamar imuni<strong>da</strong><strong>de</strong> diplomática uma vezque era, então, Embaixador <strong>de</strong> <strong>Angola</strong> naUNESCO – uma posição que confirmava a suaproximi<strong>da</strong><strong>de</strong> com a elite política angolana.Algumas <strong>da</strong>s suas con<strong>de</strong>nações foramabsolvi<strong>da</strong>s e a sua sentença foi reduzi<strong>da</strong>após um recurso, em 2011. Permanece emactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> em <strong>Angola</strong>.FASE I DO ACORDO: Financiamento pru<strong>de</strong>nte ou conspiração criminosa? 27

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