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A INTERAÇÃO DO LEITOR NA POESIA CONCRETA

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REVISTA LITTERIS ISSN: 1983 7429 Número 3, novembro 2009só decodificar palavras e símbolos, como também elaborar concisas interpretações,utilizando o seu conhecimento de mundo.Características como oposição às formas tradicionais dos versos, oposição àpoesia lírica, subjetiva e discursiva, uso do espaço em branco como produtor desentidos, leitura feita em qualquer direção e diferentes percursos (relação entre ohorizontal e o vertical) são essenciais na composição da “nova literatura”.De forma extraordinária, os poetas concretistas incorporaram elementos visuaise auditivos da mídia, fazendo com que o poema fosse não só lido, mas também visto.Foi uma revolução no pensamento artístico nacional. Desde então, o texto poéticopassou a representar a sua própria realidade, obtendo, dessa forma, vida própria.A poesia concreta permite que o leitor participe mais intensamente de suainterpretação. O leitor é mais ativo, é “dono de si”, e assim tem a oportunidade departicipar efetivamente na construção de sentidos dos poemas, buscando sempre novosvieses para múltiplas interpretações, visto que esse leitor aplica o que ele lê ou vê à suaprópria realidade.A cada leitura e com a aproximação lexical, o “novo leitor” (leitor da poesiaconcreta) leva ao poema cada vez um sentido inédito (substantivos concretos,neologismos, tecnicismos, estrangeirismos e siglas), e este tipo textual é uma leituraaleatória, sem se preocupar com a linearidade, pois as palavras fixadas no papel estãoem liberdade, e não mais presas ao procedimento linear, fixadas pela sintaxe e pelasconvenções gramaticais. A presença do leitor ou espectador na poesia é imprescindível,uma vez que este também faz parte do poema.A contemplação por si só já é uma arte. Ela só existe se for observada por umser do mundo exterior. Arte; a poesia concreta é uma arte. Segundo Sartre, não existeobra de arte sem o seu admirador ou espectador, e no caso da literatura, o seu leitor. Sãoos dois lados da mesma moeda.“O ato de criar não é senão um momento incompleto e abstrato da produçãode uma arte; se o autor existisse, ele poderia escrever tanto quanto quisesse,nunca a obra como objeto seria conhecida e seria preciso que ele desistissede escrever ou se desesperasse. Mas a operação de escrever implica a de lercomo seu correlativo dialético e estes dois atos conexos necessitam de doisagentes distintos.”Os poemas “concretistas” saem de seus espaços e se projetam como objetos.São poemas tridimensionais. São poemas inesgotáveis de significações. São processos

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