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MIRA DE AIRE - Natal com tradição 28 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 20121 | 2 | 3 | 4 |Testemunho é passado no dia 1 <strong>de</strong> JaneiroQUARENTÕES TRABALHAMARDUAMENTE TODO O ANOAfinal, quando é que começa a azáfama dos quarentões?Tudo se inicia e termina no dia 1 <strong>de</strong> Janeiro,com a passagem do "testemunho", simbolizada pelaban<strong>de</strong>ira com a imagem <strong>de</strong> Nossa Senhora do Amparo,ao grupo que ficará responsável pela festa do anoseguinte. Este ano, a festa coube às pessoas resi<strong>de</strong>ntesou naturais <strong>de</strong> Mira <strong>de</strong> Aire que nasceram em1972 e que terão <strong>de</strong> entregar a ban<strong>de</strong>ira aos nascidosem 1973.Dia 1 <strong>de</strong> Janeiro, a nova comissão começa a mostraro que vale, com a árdua tarefa <strong>de</strong> promover um almoçoconvívio para cerca <strong>de</strong> 400 pessoas, entre comissãocessante e familiares, pessoas que participarame ajudaram na festa anterior e colectivida<strong>de</strong>s da freguesia.Cristina Ver<strong>de</strong>, porta-voz da comissão Quarentões<strong>de</strong> 72, explica que esta é uma das mais complicadasmissões, pois o grupo está a acabar <strong>de</strong> chegare tem <strong>de</strong> começar do zero. “Não existe qualquer fundo<strong>de</strong> maneio para começar, a comissão tem <strong>de</strong> fazerpeditórios, realizar activida<strong>de</strong>s para angariação <strong>de</strong>fundos, festas, ser criativo para conseguir chegar atéao fim e apresentar uma festa inovadora”, explica. Dequalquer forma, adianta, “as pessoas da freguesiasão muito solidárias e apoiam as comissões em tudoo que po<strong>de</strong>m”. Apesar das dificulda<strong>de</strong>s financeirasCRISE DITOU FIM DOS JUÍZESDRque o País enfrenta e que se esten<strong>de</strong>m a Mira <strong>de</strong> Aire,fruto do encerramento <strong>de</strong> empresas da indústria têxtile do acentuado <strong>de</strong>semprego, a população respon<strong>de</strong><strong>de</strong> uma forma muito positiva aos peditórios.Depois do dia 1 <strong>de</strong> Janeiro, surgem as Janeiras pelosvários locais da freguesia, on<strong>de</strong> os Quarentões <strong>de</strong> 73,Já lá vai o tempo em que era o juiz o responsável pelafesta em honra <strong>de</strong> Nossa Senhora do Amparo. Ohomem mais rico da terra ou aquele cuja vida lhetinha sorrido, no País ou no estrangeiro. Organizavasozinho ou com a ajuda <strong>de</strong> amigos – os “afilhados” -aquele que é consi<strong>de</strong>rado o maior evento da freguesia<strong>de</strong> Mira <strong>de</strong> Aire e que coinci<strong>de</strong> com a gran<strong>de</strong> festatradicional <strong>de</strong> Natal. Carlos Alberto, ex-comandantedos Bombeiros Voluntário e hoje responsávelpelas grutas <strong>de</strong> Mira <strong>de</strong> Aire, recorda os seus tempos<strong>de</strong> meninice, em que este gran<strong>de</strong> encontro erapromovido pela pessoa com mais posses da freguesia.“Muitas vezes a pessoa encontrava-se no estrangeiro,para on<strong>de</strong> tinha partido em busca <strong>de</strong> melhorescondições <strong>de</strong> vida”, conta, lembrando que ser juiz<strong>de</strong>sta festa significava o cumprir <strong>de</strong> uma promessa.Os afilhados que o ro<strong>de</strong>avam eram também pessoasque cumpriam promessas, lembra. Normalmentetratava-se <strong>de</strong> gente que tinha vivido problemas <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>. “Imagine-se uma mulher com problemas nagravi<strong>de</strong>z ou no parto… se no final tudo tivesse corridobem, esse podia ser um motivo para ser afilhado<strong>de</strong> Nossa Senhora do Amparo”.Então, a festa realizava-se nos dias 24, 25 e 26 <strong>de</strong>Dezembro, tal como acontece actualmente, com ascerimónias pagãs e religiosas em perfeita harmonia.A fogueira assumia especial <strong>de</strong>staque neste eventoe, claro, o Pai Natal era uma figura menor ou mesmoausente no dia 24. O Menino Jesus no presépioera protagonista. “Mudam-se os tempos e, obviamentetenta-se inovar, mas a tradição, na sua essência,mantém-se, o que é muito bom”, consi<strong>de</strong>ra CarlosAlberto, lembrando que em 1993, <strong>de</strong>vido às dificulda<strong>de</strong>seconómicas sentidas no País, optou-se poralterar o figurino dos organizadores da Festa <strong>de</strong> Natal.“Era <strong>de</strong>masiado pesado e violento para uma pessoaapenas, pelo que se <strong>de</strong>cidiu entregar a organizaçãoa um grupo <strong>de</strong> pessoas e surgiu a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> o fazer aquem fizesse 40 anos no ano da festa”, conta.Nos anos <strong>de</strong> 1960 chegou a haver listas <strong>de</strong> esperapara juízes <strong>de</strong>sta festa. A freguesia estava no seu augedo ponto <strong>de</strong> vista socioeconómico. A indústria têxtilvivia o seu apogeu, com várias fábricas a <strong>de</strong>stacarem-seno panorama nacional, além <strong>de</strong> muitas pessoasa residir no estrangeiro com as suas vidas organizadas.Nos anos 90, com o encerramento <strong>de</strong> fábricase o <strong>de</strong>semprego consequente, registou-se falta <strong>de</strong>juízes e até <strong>de</strong> afilhados, pelo que houve necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lar a forma <strong>de</strong> organização das festas,<strong>de</strong> modo a não <strong>de</strong>ixar morrer a tradição.E assim foi. Surgiram os quarentões que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1993introduziram novos elementos, como as Janeiras, queenriqueceram uma tradição que já não vai morrer,pelo contrário, rejuvenesceu.Hoje, cada festa <strong>de</strong> Natal é uma festa diferente e única.Porque todos os anos a sua organização cabe auma comissão diferente que tem a “obrigação” <strong>de</strong>repensar o trabalho que vai apresentar à população,mantendo a tradição mas inovando, sempre! E nuncaesquecendo o espirito solidário com os mais carenciadose, ainda, o seu contributo para com a paróquiaque lhe tem dado guarida ao longo <strong>de</strong>stes anos. ●cerca <strong>de</strong> 27, quase meta<strong>de</strong> dos da colheita <strong>de</strong> 72, serãorecebidos com comida e bebidas pelas pessoas dasal<strong>de</strong>ias. E a partir daí, surge um ano <strong>de</strong> trabalho intenso,com mais ou menos inovação, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dacriativida<strong>de</strong> dos elementos <strong>de</strong> cada comissão. Há,contudo, festas que são incontornáveis, como as Sopas& Companhia, os Almoços <strong>de</strong> Morcela e muitos outros.Este ano, foi introduzido o 1º Encontro <strong>de</strong> Sabor e Arte,a Noite Branca, uma noite <strong>de</strong> Fados, uma <strong>de</strong>sgarradaminhota, um almoço do Dia da Mãe e a própriaAl<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Natal, cujas casinhas po<strong>de</strong>m ser reaproveitadaspara o Natal do próximo ano.Depois <strong>de</strong>ste ano intenso <strong>de</strong> trabalho, Cristina Ver<strong>de</strong>lembra que a entrega da ban<strong>de</strong>ira e, posteriormente,da chave da Baiuca da Piação (o quartel generaldos Quarentões) será muito emotivo. “Vamos ter sauda<strong>de</strong>sdos momentos que passámos juntos, do trabalhoque tivemos, das discussões, das votações… <strong>de</strong>tudo. Foi muito intenso”.De facto, a maioria das mais <strong>de</strong> 40 pessoas que constituíramo grupo dos quarentões <strong>de</strong> 72, à semelhançado que acontece com os restantes grupos, teve aoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se rever, após longos anos <strong>de</strong> ausência.Uns porque estão no estrangeiro, outros porqueresi<strong>de</strong>m noutros locais do País e outros porque avida não permitiu que os encontros se suce<strong>de</strong>ssem.“Mesmo à distância, os ausentes participavam emtudo, através da página que criámos no facebook.Estivemos sempre muito próximos durante um anoe encontramo-nos todos no Natal”, sublinha a porta-vozdo grupo para quem “o Natal é também isto:a partilha <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, encontros, emoções e muita alegria”.Como diz o presi<strong>de</strong>nte da Junta <strong>de</strong> Freguesia, ArturVieira, este espírito natalício que se vive em Mira <strong>de</strong>Aire nesta época é transversal a todas as faixas etáriase a todos os estratos sociais, sem quaisquerdiferenças. “Os próprios quarentões, que provêm <strong>de</strong>várias origens socioeconómicas, se mantêm unidosnum único objectivo, o que é muito positivo”, explicao autarca, para quem as tradições ainda são oque mantêm vivo o optimismo das pessoas e a esperançano futuro. ●

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