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4 | 17 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2011■Socieda<strong>de</strong>■Diferentes gerações unidas contra as dificulda<strong>de</strong>s actuais“Um país todo ele à rasca”Milhares <strong>de</strong> pessoas saíram à rua no sábado para a uma só voz contestaram as políticas económicas e sociais ea falta <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s. Os jovens lamentam ter uma licenciatura que não lhes abre portas para o mercado <strong>de</strong>trabalho e criticam a falta <strong>de</strong> respostas às suas expectativas. Os mais velhos (não assim tanto) lamentam o <strong>de</strong>sempregocom que foram confrontados <strong>de</strong> repente. Apesar <strong>de</strong> concordarem com os protestos há também quemcritique as facilida<strong>de</strong>s que foram concedidas aos mais jovens, levando-os a esperar que um emprego lhes caia docéu, apenas porque são licenciados. Por outro lado, a geração <strong>de</strong> 70 recorda que também passou por estágiosnão remunerados, recibos ver<strong>de</strong>s e salários baixos no início da carreira.Textos: Elisabete Cruz Fotos: Ricardo Graça“O povo unido, jamais será vencido”.A frase proclamada durantea Revolução do 25 <strong>de</strong> Abril voltoua ser ouvida no sábado,junto à fonte luminosaem <strong>Leiria</strong>, on<strong>de</strong> se concentraramcerca <strong>de</strong> 400pessoas.O protesto “Geração àRasca” foi inicialmenteconvocado por quatro jovens, atravésda internet, para Lisboa e Porto,com um manifesto apelando àparticipação <strong>de</strong> “<strong>de</strong>sempregados,‘quinhentoseuristas’ e outros malremunerados, escravos disfarçados,subcontratados, contratados a prazo,falsos trabalhadores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,trabalhadores intermitentes,estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes,estudantes,mães, pais e filhos <strong>de</strong> Portugal”.Mas o que se verificou foi muitoalém da geração mais jovem, areclamar pelo seu futuro. Avós, pais,filhos e netos juntaram-se numasó voz a apelar à mudança das políticaseconómicas e sociais que estãoSOMOS UMPOVO QUECORREU COMO ESPANHÓISE COM OSFRANCESES.HOJE NÃOCONSEGUIMOSNADAa ser adoptadas pelo governo <strong>de</strong>José Sócrates.Apesar <strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> um protestoapartidário, vários elementoscom ligações a partidos marcarampresença na manifestação, mascomo “cidadãos” que procurammelhores condições <strong>de</strong> vida.“Não é uma geração à rasca masvárias. Temos um país à rasca, paise filhos à rasca”, adianta uma cidadã<strong>de</strong> 60 anos. Salientando que setrata <strong>de</strong> uma manifestação apartidária,outra voz lamentava que osjovens licenciados não tenhamemprego. “Muitos milhares vivemem casa dos pais, muitos estão aper<strong>de</strong>r as bolsas <strong>de</strong> estudo e a regressara casa. As medidas <strong>de</strong> austerida<strong>de</strong>são para quem trabalha e nãopara quem tem muito”, proferiu umpai <strong>de</strong> jovens licenciados.Recusando dar o nome, umasenhora <strong>de</strong> 48 anos disse ao JOR-NAL DE LEIRIA que se i<strong>de</strong>ntificacom o protesto, mas esten<strong>de</strong>-o àsdificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> todas as gerações.“Estou muito preocupada com orumo do País. Está tudo à rasca:pais, filhos e netos.”A senhora revelou que não teveoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudar, mas fê--lo “quando os filhos já eram gran<strong>de</strong>s”.Licenciou-se com 15 valorese não encontrou emprego. “Fazia<strong>Leiria</strong>-Coimbra diariamente e obtiveboas notas para ouvir que nãohá lugar para mim. Seria normalhaver uma remuneração digna. Masfiquei pior do que estava.”“É preciso dizer basta.” “Temos<strong>de</strong> lutar por Portugal.” Estas foramoutras frases ouvidas por todosaqueles que quiseram mostrar a suaindignação publicamente. “Honestida<strong>de</strong>,transparência e competência”foram outras palavras que opúblico não se cansou <strong>de</strong> exigir.Uma jovem <strong>de</strong> 22 anos criticou ofacto do Governo incentivar aslicenciaturas e <strong>de</strong>pois não criar condiçõesaos recém-formados. “Estoulicenciadas há dois anos. Ganho550 euros e pedi um aumento. Aresposta foi: não tens filhos, nãotens carro nem casa para pagar,não precisas <strong>de</strong> aumento. Como éque vou po<strong>de</strong>r sair <strong>de</strong> casa dos meuspais assim?”, questionou.Aos 25 anos, outro jovem dizestar “farto” <strong>de</strong> “acordar na incerteza”.Sem conseguir emprego, consi<strong>de</strong>rouque o movimento Geraçãoà Rasca dá uma “réstia <strong>de</strong> esperança”aos portugueses. “Tenhodireito a exigir trabalhar. Quero trabalhar.Não sou <strong>de</strong> uma geração <strong>de</strong>bêbados ou incapazes.”César Branco foi o porta-voz domovimento “Geração à Rasca” em<strong>Leiria</strong>. Professor há 11 anos no ensinoprivado afirma que <strong>de</strong>sconhececomo será o seu futuro. “Tenhoemprego mas ainda este ano vi omeu lugar em risco. Também tenhomedo <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>spedido e começo apensar que estes 11 anos <strong>de</strong> ensinonão valem <strong>de</strong> nada. Vive-senuma gran<strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong>.”Satisfeito com a a<strong>de</strong>são dos leiriensesao protesto, César Brancoconsi<strong>de</strong>rou a concentração uma“tertúlia interessante”, on<strong>de</strong> as váriasgerações <strong>de</strong>ixaram o seu ponto <strong>de</strong>vista. “No dia 1 <strong>de</strong> Maio estaremospresentes na nova manifestação.”■A SENHORAMERKEL QUERÉ QUE OSJOVENS COMVALOR VÃOTRABALHARPARA LÁ

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