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construindo a escola democrática através do - Faculdade de ...

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CONSTRUINDOA ESCOLA DEMOCRÁTICAATRAVÉS DO «CAMPO DARECONTEXTUALIZAÇÃOPEDAGÓGICA» *Stephen R. Stoer**Na primeira parte <strong>de</strong>ste artigo apresenta-se como alternativo ás propostas <strong>de</strong>Educação Inter/Multicultural e à crítica Neo-marxista uma abordagem «nãosicncrónica»da educação e diversida<strong>de</strong> cultural. Toman<strong>do</strong> como ponto <strong>de</strong> partida uma«política <strong>de</strong> diferença», esta abordagem não só promove o «ruí<strong>do</strong>» damultidimensionalida<strong>de</strong> como recusa a dividir a socieda<strong>de</strong> em <strong>do</strong>mínios separa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>estrutura e cultura. Na segunda parte <strong>do</strong> artigo, aborda-se a questão da construção <strong>do</strong>conceito <strong>de</strong> professor inter/multicultural <strong>através</strong> <strong>do</strong> campo da recontextualizaçãopedagógica. Em síntese, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>-se que é a construção contra-hegemónica <strong>do</strong>dispositivo pedagógico, <strong>através</strong> <strong>de</strong> uma meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> investigação-acção crítica, quepossibilita a concretização da não-sincronia na forma <strong>de</strong> uma «política <strong>de</strong> diferença».Educação <strong>escola</strong>r e a produção <strong>de</strong> conhecimento sobre culturasO que nos tem impressiona<strong>do</strong> bastante, em seminários recentes 1 , é a insistência,por parte <strong>de</strong> numerosos participantes, em sublinhar a importância <strong>do</strong>s constrangimentos*Uma primeira versão mais abreviada <strong>de</strong>ste artigo foi apresentada como comunicação no II Congresso daSocieda<strong>de</strong> Portuguesa <strong>de</strong> Ciências da Educação, Braga, 20 <strong>de</strong> Nov.-1 Dez. <strong>de</strong> 1992.** da <strong>Faculda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Psicologia e <strong>de</strong> Ciências da Educação da Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Porto.1 Referem-se aqui seminários on<strong>de</strong> temos fala<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>is projectos (realiza<strong>do</strong>s no âmbito <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong>Investigação e Intervenção Educativas – CIIE – da <strong>Faculda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Psicologia e <strong>de</strong> Ciências da Educação daUniversida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Porto) - «Escola e Aprendizagem para o Trabalho num País da Semiperiferia Europeia»(1987-91) e «Educação Inter-Multicultural» (1989-92) – que se juntaram com vista a obterem o efeitomultiplica<strong>do</strong>r e sinergético <strong>do</strong> novo projecto «Educação e Diversida<strong>de</strong> Cultural: para uma sinergia <strong>de</strong>efeitos <strong>de</strong> investigação» (1992-95), financia<strong>do</strong> pela JNICT e pela Fundação Calouste Gulbenkian <strong>através</strong><strong>do</strong> Projecto Educação Inter-Multicultural (para mais informações sobre estes projectos ver STOER,1992b).


sócio-económicos afectan<strong>do</strong>, <strong>de</strong> uma maneira igualmente violenta, to<strong>do</strong>s os grupossociais e culturais <strong>de</strong> certos bairros. A implicação <strong>de</strong>sta insistência parece ser: porque«<strong>de</strong>sperdiçar» tempo com a questão <strong>de</strong> diferença quan<strong>do</strong> o que é mais urgenteresolver com estes grupos é o que eles têm em comum, isto é, a sua pobreza e a suaexclusão? 2 A resposta a esta questão é, <strong>de</strong> facto, ao mesmo tempo simples ecomplexa. É complexa porque nos conduz eventualmente a questão <strong>de</strong> comoproporcionar a to<strong>do</strong>s a base económica mínima necessária para se po<strong>de</strong>r «estar» na<strong>escola</strong>. E esta pergunta conduz, por sua vez, ainda a uma outra que é: como conseguiras condições mínimas indispensáveis para se po<strong>de</strong>r transformar as diferenças práticasculturais presentes na <strong>escola</strong> em recursos <strong>de</strong>ssa mesma <strong>escola</strong>? Respostas para estasperguntas passam inevitavelmente por uma análise das mudanças no processo <strong>de</strong>trabalhos nos diferentes níveis da economia mundial e da relação <strong>de</strong>stas mudançascom sistemas educativos e a política educativa como política social (ver Stoer,Stoleroff e Correia, 1990; e Correia, Stoleroff e Stoer, 1993, para análises sobre asituação portuguesa que vão nesse senti<strong>do</strong>). Por outro la<strong>do</strong>, a resposta é simples pelarazão <strong>de</strong> que a compreensão necessária para produzir práticas capazes <strong>de</strong> reduzir osconstrangimentos sócio-económicos (e não só) actuan<strong>do</strong> sobre estes grupos passa pelacompreensão não só da sua relação directa com a produção material e o mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>trabalho, mas também pela maneira como estes grupos «vivem» e «constroem» assuas vidas, isto é, com os processos <strong>de</strong> reprodução social e <strong>de</strong> produção cultural (verWillis, 1986). Esta resposta, contu<strong>do</strong>, precisa <strong>de</strong> ser mais elaborada para permitir to<strong>do</strong>o aproveitamento. Na nossa opinião, só assim se evitará ou uma abordagem queculpabiliza as próprias «vitimas» para a existência continuada <strong>de</strong>ssesconstrangimentos («são preguiçosos», «não têm os valores certos», «são ignorantes»),ou uma abordagem que reduz a análise <strong>de</strong>sses constrangimentos (e as práticaspossíveis para os ultrapassar) ao antagonismo <strong>de</strong> classe que existe entre o trabalho e ocapital.Trabalhos recentes conduzi<strong>do</strong>s em Portugal sobre a natureza das relaçõesexistentes entre a <strong>escola</strong> e o meio envolvente sugerem que:2 Presente nesta preocupação está, sem dúvida, o intuito, confirma<strong>do</strong> por MACHADO (1992), <strong>de</strong> que aetnicida<strong>de</strong> em Portugal assume pouca visibilida<strong>de</strong> dada a existência <strong>de</strong> camadas baixas portuguesas(luso-brancos) com o mesmo nível e estrutura sócio-económica das minorias étnicas (ver ibi<strong>de</strong>m: págs.128-129).


1) existem padrões <strong>de</strong> diferença social e cultural relativamente à cultura rural ea cultura da <strong>escola</strong>, que penalizam fortemente crianças/jovens <strong>de</strong> zonasrurais e semirurais (ver, por exemplo, Pinto, 1985, 1987; Iturra, 1990a,1990b; Stoer Araújo, 1991, 1992) 3 ;2) existem, por outro la<strong>do</strong>, padrões <strong>de</strong> diferença social e cultural relativamenteàs culturas ciganas e/ou <strong>de</strong> origem africana e à cultura da <strong>escola</strong>, quepenalizam fortemente as crianças/jovens com origens étnicas que divergemda norma (isto é, branco, católico, urbano e português-luso) 4 .McRobbie (1991) argumenta que é igualmente necessário i<strong>de</strong>ntificar as culturasna sua relação com o género <strong>de</strong> forma a evitar seguir o padrão analítico tradicional <strong>de</strong>muitos estu<strong>do</strong>s sobre a cultura juvenil on<strong>de</strong> as raparigas são excluídas 5 . Se a culturatem <strong>de</strong> ser compreendida, tanto na esfera produtiva como reprodutiva, necessitatambém <strong>de</strong> ser compreendida na forma como o género interfere na sua construção.3 Iturra fala <strong>de</strong>ste processo <strong>de</strong> penalização <strong>do</strong>s grupos camponeses como o sucesso <strong>do</strong> saber culturalque se reproduz e mantém para além das <strong>escola</strong>s, que os funcionários <strong>do</strong> ensino chamam insucesso»(1990a: 13).4 Parafrasean<strong>do</strong> Cortesão e Pacheco (1992), as medidas oficialmente a<strong>do</strong>ptadas no sistema educativoportuguês, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> oferecer aos alunos que o frequentam uma situação <strong>de</strong> «igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong>oportunida<strong>de</strong>s», consistem (e talvez não seja por acaso) na preocupação <strong>de</strong> proporcionar a to<strong>do</strong>s omesmo tipo <strong>de</strong> propostas educativas. Neste senti<strong>do</strong>, a <strong>escola</strong> é concebida <strong>de</strong> forma a servir o aluno comas características da «criança-tipo» que frequenta o sistema educativo. E o aluno assim concebi<strong>do</strong> seráuma criança portuguesa, branca, <strong>de</strong> sexo masculino, <strong>de</strong> classe média, oriunda <strong>de</strong> meios urbanos eprofessa a religião católica. Estes são os W.A.S.P.’s portugueses (W.A.S.P.’s = «white, Anglo-Saxon,protestant»). Ver também Benavente, et al. (1987). Quan<strong>do</strong> a – hoje em dia – muito apregoadadiversificação entra em jogo no sistema educativo é sobretu<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> diversificar saídas para aestrutura ocupacional. Por outras palavras, o ensino para o «aluno-padrão» <strong>do</strong> sistema não se altera – oque muda é o canal, a «via», pela qual cada aluno é «dimensiona<strong>do</strong>» para a chamada «vida activa». Ocaso das crianças e jovens ciganos assume aqui uma certa especificida<strong>de</strong>, da<strong>do</strong> que a relação entre osciganos e o Esta<strong>do</strong> não é uma relação mediada pelo merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho oficial (tal como não é paramuitos jovens que vivem em zonas rurais e/ou para jovens <strong>de</strong> origem africana que «fogem» da <strong>escola</strong>para o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho clan<strong>de</strong>stino). Como <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Cole (1989), nestes casos o espaço <strong>de</strong> conflitositua-se sobretu<strong>do</strong> ao nível da comunida<strong>de</strong>.5 Estu<strong>do</strong>s sobre a relação entre género e o ensino em Portugal são ainda bastante escassos (ver, noentanto, Cruzeiro, 1970; Magalhães, et al., 1991; Stoer e Araújo, 1992). Contu<strong>do</strong>, a feminização <strong>do</strong>ensino tem gera<strong>do</strong> mais interesse como também a discriminação sexual nos manuais <strong>de</strong> leitura (quantoà primeira, ver, por exemplo, Sampaio, 1973; Araújo, 1990, 1993; e em relação à segunda, Bivar,1975; Fontaine, 1977).


A proposta da educação inter/multicultural e a crítica neo-marxistaPara respon<strong>de</strong>r à penalização injusta acima referida, tem havi<strong>do</strong>, em anosrecentes (sobretu<strong>do</strong> nos países «centrais»), <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> proposta. Por um la<strong>do</strong>, temse<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> a chamada «Educação Inter/multicultural» apelan<strong>do</strong> para umpluralismo cultural («benigno») <strong>de</strong>ntro da <strong>escola</strong>; por outro, tem existi<strong>do</strong> a críticaneo-mraxista com a sua ênfase na relação estrutural entre um currículo <strong>escola</strong>rdiferencia<strong>do</strong> e um merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho segmenta<strong>do</strong>.Quanto à primeira, o pressuposto é que um currículo mais sensível à diferençaconduzirá necessariamente a um sucesso e a um nível <strong>escola</strong>r mais altos, e,consequentemente, a um acesso facilita<strong>do</strong> ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho. Basicamente,existem duas críticas <strong>de</strong> relevo a esta posição:1) é uma posição que assume , acriticamente, uma conexão linear entre ascre<strong>de</strong>nciais educativas e a assinatura ocupacional, sen<strong>do</strong> ingénua face aomerca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho (que é, ele próprio, discrimina<strong>do</strong>r!);2) os pressupostos básicos da educação inter/multicultural são «i<strong>de</strong>alistas»,isto é, e segun<strong>do</strong> o exemplo <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (e também da Inglaterra),trata-se <strong>de</strong> uma postura que assume que ao distinguir e <strong>de</strong>stacar estilos <strong>de</strong>vida diferentes melhorará, automaticamente e por si só, as oportunida<strong>de</strong>sface à vida (Bullivant, 1981:237). Num outro contexto, em França, on<strong>de</strong> aênfase tem si<strong>do</strong> mais na educação intercultural (diferentemente <strong>do</strong>s paísesanglo-saxónicos com a sua ênfase na educação multiultural), a tentativa <strong>de</strong>trabalhar problemas em comum na sala <strong>de</strong> aula, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> as diferençasculturais aparecer somente <strong>através</strong> <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> negociação inerente àcomunicação entre culturas, mostra-se «ingénua» face aos estatutos sociais<strong>de</strong>siguais <strong>do</strong>s diferentes grupos culturais. No que diz respeito a Portugal,po<strong>de</strong>ríamos citar, a título <strong>de</strong> exemplo, o facto <strong>de</strong> enquanto uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>inter/multiculturalismo no ensino oficial se coloca ao nível <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>(lembra-se aqui a recente criação, pelo Ministro da Educação, RobertoCarneiro, <strong>do</strong> Secretaria<strong>do</strong> Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Programas <strong>de</strong> EducaçãoMulticultural), este mesmo Esta<strong>do</strong> mostra-se quer ausente, quer mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>,quer reticente no que diz respeito à intervenção na economia paralela, nas


fabriquetas clan<strong>de</strong>stinas e no trabalho infantil 6 . De facto, como sublinhaBalibar, em socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas o racismo nunca é simplesmente «umarelação com o Outro» baseada na preservação da diferença cultural ousociológica; é uma relação com o Outro mediada pela intervenção <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>» (sublinha<strong>do</strong> no original, 1991:15).Quanto à segunda, existe uma tendência nesta posição <strong>de</strong>, como sustentaMcCarthy:,«(...) sobreenfatizar os factores estruturais associa<strong>do</strong>s coma a economia (oque, por sua vez leva a subestimar o papel da <strong>escola</strong> na produção e nareprodução das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s culturais e diferenças sociais» (1989:271).Como resulta<strong>do</strong>, há uma banalização <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> ensino no que diz respeito àreprodução e à transformação da cultura <strong>do</strong>minante. Citan<strong>do</strong> Bernstein:«Se olharmos para a maneira como a educação está posicionada nasteorias <strong>de</strong> reprodução cultural das relações <strong>de</strong> classe, torna-se muitoevi<strong>de</strong>nte que a cultura não po<strong>de</strong> ser completamente i<strong>de</strong>ntificada com asrelações <strong>de</strong> classe. Se isto acontecer, então a comunicação pedagógicatorna-se, por sua vez, numa simples corrente <strong>de</strong> transmissão <strong>do</strong>s padrões<strong>de</strong> <strong>do</strong>minância exteriores a si própria, fican<strong>do</strong> assim esvaziada <strong>de</strong>conteú<strong>do</strong>» (1990:168-9).Assim se per<strong>de</strong> a riqueza das formas culturais que me<strong>de</strong>iam a relação entreestrutura (classe social) e subjectivida<strong>de</strong> 7 . Em acréscimo, a importância das lutas e6 Como se sabe, sectores on<strong>de</strong> trabalham, muitas vezes, aqueles contempla<strong>do</strong>s (erradamente na nossaopinião, dada a natureza «transgressiva» e globalizante da questão) pelos projectos <strong>de</strong> educaçãointer/multicultural. No entanto, não queren<strong>do</strong> sermos nós próprios injustos para com o Esta<strong>do</strong>,assinalamos aqui o lançamento, pelo Ministério da educação, <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> combate aoaban<strong>do</strong>no <strong>escola</strong>r, o «PEPT», Programa <strong>de</strong> Educação para To<strong>do</strong>s.7 Para uma análise excelente <strong>do</strong>s «estu<strong>do</strong>s culturais» que se têm preocupa<strong>do</strong> com esta questão, verLave, et al., 1992. Na base <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> que realizamos sobre as contradições inerentes ao processo <strong>de</strong>extensão da <strong>escola</strong> oficial (Stoer e Araújo, 1992) , construi o seguinte quadro <strong>de</strong> diferenciação:Orientação da formação a nível <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e da Família


práticas étnicas e <strong>de</strong> género ten<strong>de</strong>m a ser minimizadas, e, finalmente, os gruposétnicos são trata<strong>do</strong>s como se fossem entida<strong>de</strong>s monolíticas, negan<strong>do</strong>-se as diferenças<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s próprios grupos e também as dinâmicas interrelacionais <strong>de</strong> género e <strong>de</strong>classe social.Para uma abordagem «não-sincrónica» na forma <strong>de</strong> uma «política da diferençaAs investigações que vimos <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> têm-nos mostra<strong>do</strong> que as relaçõesdinâmicas, originadas nas diferenças étnicas, <strong>de</strong> classe social e <strong>de</strong> género não sereproduzem umas nas outras automaticamente: elas têm, muitas vezes, efeitoscontraditórios. É necessária, por isso, uma abordagem que tome como ponto <strong>de</strong>partida o que se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir como «política da diferença», ou, nas palavras <strong>de</strong>McCartthy (1988) 8 , uma abordagem «não-sincrónica» 9 para a operacionalização dasrelações <strong>de</strong> raça, etnia, classe e género ao nível <strong>do</strong> quotidiano, que conceba estasmesmas relações como sistematicamente contraditórias:«Invocan<strong>do</strong> o conceito <strong>de</strong> não-sincronia, quero <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a posição <strong>de</strong> queos indivíduos ou grupos na sua relação com as instituições económicas,políticas e culturais, tal como as <strong>escola</strong>s, não partilham ao mesmo tempovisões, interesses, necessida<strong>de</strong>s ou <strong>de</strong>sejos idênticos» (1988:275).Parafrasean<strong>do</strong> McCarthy, uma abordagem «não sincrónica» inclui as seguintescaracterísticas 10 :Objectos <strong>de</strong> AnáliseEixos <strong>de</strong> Análise Esta<strong>do</strong>-Escola Família-JovensFinalida<strong>de</strong> Cidadania Subjectivida<strong>de</strong>I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> Escolar Social (trabalho)Classe Social Média «nova» Semi-proletária(Etnia) Luso-branca Luso-brancaUrbanaSemi-ruralEscritaOralCultura Nacional LocalGénero Patriarcal (c-) Patriarcal (c+)8 Ver também Mike Cole (1989), que <strong>de</strong>senvolve um argumento semelhante.9 Abordagem «não-sincrónica» quer dizer uma abordagem on<strong>de</strong> as relações <strong>de</strong> classe, etnia e géneronão são necessariamente paralelas, nem recíprocas nem simétricas.10 Características essas que também constituem, em gran<strong>de</strong> parte, o que Lave, et al. (1992) intitulam a«cultural-studies approach».


- a promoção <strong>do</strong> «ruí<strong>do</strong>» (complexida<strong>de</strong>) da multidimensionalida<strong>de</strong>, quegarante a reintrodução da variabilida<strong>de</strong> histórica e da subjectivida<strong>de</strong>, ambasausentes das abordagens Multicultural e Neo-Marxista;- o reconhecimento da importância na <strong>escola</strong> das lógicas e efeitos autónomosdas dinâmicas <strong>de</strong> etnia e <strong>de</strong> género e a sua interacção necessária com aclasse social;- a a<strong>do</strong>pção <strong>de</strong> uma postura crítica face à tendência <strong>do</strong>s teóricos da EducaçãoInter/Multicultural e da corrente Neo-Marxista <strong>de</strong> dividir a socieda<strong>de</strong> em<strong>do</strong>mínios separa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> estrutura e cultura (esta tendência promoveexplicações mono-causais);- a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> uma concepção <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> raça e (etnia) «não como uma‘categoria’ ou uma ‘coisa em si própria’ (Thompson, 1966), mas, antes,como um processo social vital integralmente liga<strong>do</strong> a outros processos edinâmicas sociais da educação e da socieda<strong>de</strong>» (McCarthy, 1988:273).Assim, para compreen<strong>de</strong>r, por exemplo, o fenómeno <strong>de</strong> aban<strong>do</strong>no <strong>escola</strong>r emPortugal, on<strong>de</strong> muitos jovens são duplamente «<strong>de</strong>squalifica<strong>do</strong>s» (primeiramente pelainstituição educativa e <strong>de</strong>pois no próprio merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho 11 ), será obrigatóriotomar em conta como as culturas e o género me<strong>de</strong>iam a relação, produzin<strong>do</strong> efeitos,entre a estrutura <strong>de</strong> classes e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong>/a jovem, estan<strong>do</strong> tanto uma como a outracontinuamente num processo <strong>de</strong> construção. Talvez seja já <strong>de</strong>snecessário dizer que éessencial que os trabalhos sobre as dinâmicas <strong>de</strong> cultura e <strong>de</strong> género, emergem assimnão como variáveis estáticas, mas como princípios estruturantes que alicerçam asrelações minoria/maioria na vida quotidiana 12 .De facto, a abordagem «não-sincrónica» ajuda-nos a compreen<strong>de</strong>r acomplexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> que se passa no terreno das <strong>escola</strong>s e das comunida<strong>de</strong>s envolventes.As relações <strong>de</strong> diferenciação, com os seus efeitos por vezes dramáticos na formação<strong>do</strong>s habitus, articulam-se <strong>de</strong> forma diferente em cada situação. Assim, e no caso <strong>de</strong><strong>do</strong>is projectos <strong>de</strong> investigação-acção realiza<strong>do</strong>s simultaneamente em quatro <strong>escola</strong>s11 A questão da dupla <strong>de</strong>squalificação <strong>do</strong>s jovens é abordada com algum pormenor em Stoer e Araújo(1992), especialmente no capítulo 3.12 Interessante aqui é a metáfora da <strong>escola</strong>rização como um campo <strong>de</strong> batalha cultural, on<strong>de</strong> as pessoassão «posicionadas», na base da sua origem social, raça/etnia e género, na hierarquia social (ver Lave, etal., 1992:271) A nossa análise, no entanto não permite que este posicionamento seja necessariamente<strong>de</strong>terminante: a experiência vivida pelo actor social po<strong>de</strong> produzir consequências não previstas.


«o projecto <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> é fértil em dicotomias, o que em última instância se<strong>de</strong>ve atribuir ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong> cartesiana que lhe subjaz. (...) Estacaracterística <strong>do</strong> projecto <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> coexiste com outra, a ausência ouextrema <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> medições entre dicotomias. (...) Estas duascaracterísticas são interactivas: o défice da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mediação exacerba apolarização das dicotomias e, inversamente, esta última agrava o primeiro»(1990:14).No seguimento <strong>do</strong> que acima se disse, e ten<strong>do</strong> em conta este alerta <strong>de</strong> SousaSantos, faz agora senti<strong>do</strong> perguntar: como concretizar a não-sincronia na forma <strong>de</strong>uma «política <strong>de</strong> diferença» capaz <strong>de</strong> garantir multidimensionalida<strong>de</strong> e ointerrelacionamento entre estrutura e cultura? No trabalho <strong>de</strong> Basil Bernstein (1990)são teoriza<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is campos da recontextualização <strong>do</strong>s textos (no senti<strong>do</strong> lato <strong>do</strong>termo) <strong>do</strong>s sistemas educativos: o campo oficial da recontextualização e o campopedagógico da recontextualização. Estes <strong>do</strong>is campos constituem o que Bernstein<strong>de</strong>signa o «que» e o «como» <strong>do</strong> discurso pedagógico. Enquanto o campo oficialabrange as instâncias estatais da elaboração e implementação das políticas educativas,o campo pedagógico inclui, além das publicações e <strong>do</strong>s média da educação, asfaculda<strong>de</strong>s e os <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> educação das Universida<strong>de</strong>s e <strong>do</strong>s Politécnicos e asinstituições e fundações <strong>de</strong> pesquisa e divulgação educacionais. É <strong>através</strong> <strong>de</strong>stesegun<strong>do</strong> campo <strong>de</strong> recontextualização, e com base na formação <strong>através</strong> <strong>de</strong>investigação-acção, que se procura concretizar a abordagem não-sincrónica. Citan<strong>do</strong><strong>de</strong> novo Bernstein:«Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finir a autonomia relativa <strong>do</strong> discurso pedagógico na medida emque aos campos da recontextualização pedagógica não só lhes é permiti<strong>do</strong> terexistência, mas também afectar a prática pedagógica oficial. (...) On<strong>de</strong> existemcampos <strong>de</strong> recontextualização pedagógica que são efectivos e gozam <strong>de</strong> umaautonomia relativa, então torna-se possível para os activistas neste camporecontextualizar textos que por si próprios po<strong>de</strong>m consi<strong>de</strong>rar-se ilegítimos,opostos, proporciona<strong>do</strong>res <strong>de</strong> espaços contra-hegemónicos da produção <strong>de</strong>discursos» (1990:198;202).


O projecto «Educação e Diversida<strong>de</strong> Cultural: para uma sinergia <strong>de</strong> efeitos <strong>de</strong>investigação» (ver nota 1) propõe-se, efectivamente, como um possível guião para arecontextualização <strong>de</strong> textos no campo da recontextualização pedagógica. Um <strong>do</strong>sseus objectivos principais é valorizar a diversida<strong>de</strong> cultural na <strong>escola</strong> <strong>através</strong>, entreoutras medidas, <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mediações entre o que Iturra (1990a; 1990b)tem <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> a «cultura local» e a «cultura nacional» (a segunda ten<strong>do</strong> como um<strong>do</strong>s seus veículos <strong>de</strong> transmissão mais importantes a chamada «cultura – ou código[Bernstein, 1977] – da <strong>escola</strong>»). Neste senti<strong>do</strong>, o projecto tem-se empenha<strong>do</strong> naconstrução <strong>do</strong> que vimos chaman<strong>do</strong> «dispositivos pedagógicos», <strong>através</strong> dameto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> investigação-acção. Estes dispositivos, que preten<strong>de</strong>m ser amaterialização na <strong>escola</strong> <strong>do</strong> relacionamento da estrutura com o agente (actor) e <strong>do</strong>presente com o futuro, regem-se pelo princípio <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>acesso e <strong>de</strong> sucesso, ao mesmo tempo que apelam para uma <strong>de</strong>scentração da <strong>escola</strong>que permita aproveitar recursos culturais locais para promover a mudançaeducativa 13 .A meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> investigação-acção torna-se crucial <strong>através</strong> da sua capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> influenciar (<strong>de</strong> uma forma reflexiva) aquilo que po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-se o «coração» <strong>do</strong>processo educativo: isto é, a maneira como os professores nas <strong>escola</strong>s re-apresentamconhecimento aos alunos. Vários autores, sobretu<strong>do</strong> aqueles i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s com umaSociologia crítica da Educação, têm enfatiza<strong>do</strong> a importância <strong>do</strong> reconhecimento <strong>do</strong>que é, <strong>de</strong> facto, uma escolha política: isto é, a maneira como o conhecimento éreflecti<strong>do</strong> e construí<strong>do</strong> pelos professores e alunos na sala <strong>de</strong> aula. A capacida<strong>de</strong> quetem a investigação-acção <strong>de</strong> influenciar este processo <strong>de</strong> reflexão e construção advémda sua postura «intencionalmente» orientada para a superação das antinomiasbinárias, tão caras ao mo<strong>de</strong>lo racional e positivista <strong>do</strong> conhecimento» (Leite, Rocha ePacheco, 1992). Por outras palavras, a investigação-acção <strong>de</strong>senvolve-se <strong>através</strong> <strong>de</strong>um processo on<strong>de</strong> os agentes-sociais – «implica<strong>do</strong>s» - integram tanto noconhecimento como na acção po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> «construir conhecimentos que não seriampossíveis numa relação <strong>de</strong> exteriorida<strong>de</strong> face à situação explicada» (Not, 1984:110,13 Para uma abordagem da concepção e utilização <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> dispositivo pedagógico no âmbito <strong>do</strong>projecto «Educação e Diversida<strong>de</strong> Cultural», ver Leite e Pacheco (1992). Para exemplificação <strong>do</strong>processo da construção <strong>de</strong> dispositivos pedagógicos no campo da recontextualização pedagógica, verStoer e Araújo (1992) e Araújo e Stoer (1993). Para a teorização <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> dispositivo pedagógicono âmbito da formação <strong>de</strong> adultos, ver Correia (1992).


cita<strong>do</strong> por Leite, Rocha e Pacheco, ibi<strong>de</strong>m). Acrescenta-se que esta capacida<strong>de</strong>, comosublinha Cortesão (1992a), <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> também da postura crítica da investigação-acçãoao procurar «articular dialecticamente a consciência da força <strong>do</strong>s <strong>de</strong>terminantesmacro-estruturais com a valorização da importância <strong>de</strong> fazer a leitura <strong>do</strong>s fenómenosno seu contexto histórico e social».Recapitulan<strong>do</strong>, é a construção <strong>do</strong> dispositivo pedagógico <strong>através</strong> <strong>de</strong> umameto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> investigação-acção crítica que possibilita a concretização da nãosincroniana forma <strong>de</strong> uma «política <strong>de</strong> diferença», política essa capaz <strong>de</strong> garantir amultidimensionalida<strong>de</strong> (entendida como o compósito dinâmico <strong>de</strong> variáveis comoclasse social, género e etnia) e o ineterrelacionamento entre estrutura e cultura. É nabase <strong>de</strong>sta última que também se constrói a ponte entre a análise das políticaseducativas e a realização das práticas pedagógicas. Uma das implicações <strong>de</strong>steprocesso será que as «biografias» <strong>do</strong>s actores sociais (professores), em vez <strong>de</strong> seremmeramente respostas às condições estruturais, tornam-se construtivas <strong>de</strong>ssas mesmascondições. Numa obra relativamente recente, Connel propõe, <strong>através</strong> <strong>do</strong> que<strong>de</strong>nomina um «programa <strong>de</strong> aprendizagens comuns», a reconstrução <strong>do</strong> currículo<strong>do</strong>minante» - no qual só são legitimadas as experiências e as práticas da classe média– trazen<strong>do</strong> para primeiro plano, na organização e constituição <strong>do</strong> currículo <strong>escola</strong>r, as«experiências não institucionalizadas das ‘minorias’ marginalizadas (...)» (Connell,1987, cita<strong>do</strong> em McCarthy, 1990:132). Este <strong>de</strong>safiar das «hierarquias <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>»,das <strong>de</strong>finições <strong>do</strong>minantes e não-reflectidas <strong>de</strong> experiências e práticas educativasconsi<strong>de</strong>radas legitimas, proposto por Connel, compõe o senti<strong>do</strong> da proposta darealização e não-sincronia que queremos avançar. Importante sublinhar é que aspráticas pedagógicas e os próprios arranjos <strong>do</strong>s curricula, centrais a este propósito <strong>de</strong>reconstrução, po<strong>de</strong>m assumir, na nossa perspectiva, formas variadas.A construção <strong>do</strong> conceito <strong>do</strong> professor inter/multiculturalNa base <strong>de</strong> nossa argumentação está a noção <strong>do</strong> professor/educa<strong>do</strong>r comoagente promotor <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>mocracia aprofundada cujo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, emgran<strong>de</strong> parte – como <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos em trabalho anterior (ver Stoer, 1992b:74) - «<strong>de</strong>uma efectiva implementação <strong>do</strong> princípio <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s para osucesso na educação <strong>escola</strong>r, o que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, por sua vez, <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong> e <strong>de</strong> um


comportamento inter/multicultural (anti-racista; anti-sexista) pela parte <strong>do</strong>sprofessores». Propõe-se aqui que a educação inter/multicultural se assuma como parteintegral <strong>do</strong> «movimento» para solidarieda<strong>de</strong> e justiça social. Isto é, proclama-se queum princípio ético e político <strong>de</strong> justiça social <strong>de</strong>ve orientar não só as práticaspedagógicas <strong>do</strong>s professores nas <strong>escola</strong>s como também a própria selecção <strong>do</strong> saberpara o currículo. A <strong>de</strong>mocracia aprofundada constrói-se na base <strong>do</strong> sucesso naeducação <strong>escola</strong>r.


Contributo para a construção <strong>do</strong> conceito <strong>do</strong>(a) Professor(a)Inter/MulticulturalO(A) Professor(a) Monocultural1.Encara a diversida<strong>de</strong> cultural como obstáculo ao processo <strong>de</strong> ensino/aprendizagempotencia<strong>do</strong>r <strong>de</strong> discriminação;2. Consi<strong>de</strong>ra a diversida<strong>de</strong> cultural na sala <strong>de</strong> aula como déficit (preocupação com o quefalta nas culturas que se <strong>de</strong>sviam da norma;3. Consi<strong>de</strong>ra importante a homogeneida<strong>de</strong> cultural na sala <strong>de</strong> aula veiculan<strong>do</strong> a culturanacional na <strong>escola</strong> oficial para to<strong>do</strong>s;4. Proclama a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural como herança histórica que é fixa e indiscutível;5. É «<strong>escola</strong>centrista»: a <strong>escola</strong> <strong>de</strong>ve preparar para a mo<strong>de</strong>rnização;6. Reconhece diferenças culturais sem as querer conhecer (para evitar preferências porqualquer grupo sócio-cultural).Pressupostos estruturantes:• Cidadania baseada na <strong>de</strong>mocracia representativa• Igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s – acesso• Escola MeritócraticaO(A) Professor(a) Inter/Multicultural1. Encara a diversida<strong>de</strong> cultural como fonte <strong>de</strong> riqueza para o processo <strong>de</strong> ensino<strong>de</strong> ensino/aprendizagem;2. Promove a rentabilização <strong>de</strong> saberes e <strong>de</strong> culturas;3. Toma em conta a diversida<strong>de</strong> cultural na sala <strong>de</strong> aula torna<strong>do</strong>-a condição daconfrontação entre culturas;4. Refaz o mapa da sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural para ultrapassar o etnocentrismo cultural;4. Defen<strong>de</strong> a <strong>de</strong>scentração da <strong>escola</strong> – a <strong>escola</strong> assume-se como parte dacomunida<strong>de</strong> local;6 Conhece diferenças culturais <strong>através</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> dispositivospedagógicos na base da noção <strong>de</strong> cultura como prática social.Pressupostos estruturantes:• Cidadania baseada na <strong>de</strong>mocracia participativa• Igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s – sucesso• Escola Democrática


A construção <strong>do</strong> conceito <strong>do</strong> professor inter/multicultural realiza-senecessariamente no terreno e <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites da agenda da construção da <strong>escola</strong>oficial, da chamada Escola para To<strong>do</strong>s. Temos i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> no <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong>sta <strong>escola</strong> <strong>do</strong>is pólos que intitulamos a Escola Meritocrática e a EscolaDemocrática, a primeira ten<strong>do</strong> como mandato a institucionalização da <strong>de</strong>mocraciarepresentativa, a segunda a <strong>de</strong>mocracia participativa (ver Stoer, 1993). Na história daEscola para To<strong>do</strong>s é o pólo da Escola Meritocrática que tem si<strong>do</strong> largamentehegemónico e o professor-tipo <strong>de</strong>sta <strong>escola</strong> tem si<strong>do</strong> o professor «monocultural». Nonosso enten<strong>de</strong>r, o professor inter/multicultural configura-se, assim, como umdispositivo <strong>de</strong> aprofundamento <strong>do</strong> espaço <strong>de</strong>mocrático da Escola para To<strong>do</strong>s. Para sepo<strong>de</strong>r reflectir sobre a construção <strong>do</strong> conceito <strong>do</strong> professor inter/multicultural – nabase <strong>de</strong> uma «política <strong>de</strong> diferença» - e em termos da situação acima <strong>de</strong>scrita,apresento, <strong>de</strong> seguida um quadro síntese que assinala os pressupostos <strong>do</strong> tipo-i<strong>de</strong>al <strong>de</strong>«professor monocultural» e <strong>de</strong> «professor inter/multicultural» (ver quadro na páginaseguinte).O conceito <strong>do</strong> agente educativo inter/multicultural, aqui em construção,assume-se como promotor <strong>do</strong> «’ruí<strong>do</strong>’ <strong>de</strong> multimensionalida<strong>de</strong>». Sen<strong>do</strong> tipos i<strong>de</strong>ais,tanto o Professor Monocultural como o Professor Inter/Multicultural são, como temosrealça<strong>do</strong>, construções: embora seja <strong>de</strong> esperar que a maioria <strong>do</strong>s professores seaproximem mais <strong>do</strong> segun<strong>do</strong>. Na verda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> dizer-se que to<strong>do</strong>s os professores são,até certo ponto, mono e inter/multiculturais (isto é, como protagonistas <strong>do</strong> processoeducativo são, por um la<strong>do</strong>, «porta<strong>do</strong>res» da cultura nacional e, por outro,«obriga<strong>do</strong>s» - lembra-se aqui a chamada «educação compensatória» - a olhar para adiferença, len<strong>do</strong>-a como algo que é necessário corrigir, como um olhar que areconhece sem a querer conhecer, e a a<strong>do</strong>pção da educação inter/multicultural não sócomo filosofia educativa mas também como projecto a realizar nesta época <strong>de</strong>globalização. De facto, a lógica da realização meritocrática traduz em obstáculosmúltiplos à construção <strong>do</strong> professor inter/multicultural. Como referem Leite, Rocha ePacheco (1992), esses obstáculos po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> natureza i<strong>de</strong>ológica (o peso, porexemplo, <strong>do</strong> já referi<strong>do</strong> paradigma positivista-racionalista), <strong>de</strong> natureza institucional(o peso das relações – incluin<strong>do</strong> a aparente ausência <strong>de</strong>las – e das pressõesinstitucionais), <strong>de</strong> natureza afectiva (o peso <strong>de</strong> sentimentos construí<strong>do</strong>s ao longo <strong>do</strong>tempo).


Na verda<strong>de</strong>, o professor monocultural está preso num universalismo falso, istoé, está preso num princípio <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s que reduz circunstâncias erealida<strong>de</strong>s locais, qualitativamente diferentes, a perturbações locais. Este professorolha para a diferença não pelo potencial que contém, mas mais pelo obstáculo quesignifica – a diferença é, pois, reconhecida pela negativa. Nesta lógica, o professormonocultural coloca a sua esperança numa orientação racional baseada em avaliações<strong>de</strong> competências que dizem valorizar as aquisições e não as características(diferentes) individuais e sociais 14 . Nem o professor monocultural, nem o professorinter/multicultural negam a diferença; simplesmente posicionam-se diferentementeperante ela. E, como acima referimos, subjacente a cada posicionamento está umanoção <strong>de</strong> cidadania ao mesmo tempo diferente e essencial: no caso <strong>do</strong> primeiropre<strong>do</strong>minantemente a cidadania representativa. Assim, a construção bem sucedida <strong>do</strong>conceito <strong>do</strong> professor inter/multicultural terá que sempre implicar uma novaconfiguração teórica capaz <strong>de</strong> conjugar ambas as formas <strong>de</strong> cidadania. A resultante,<strong>de</strong> longe <strong>de</strong> ser uma síntese estável e permanente, caracteriza-se, sobretu<strong>do</strong>, por umaoscilação constante, pela busca <strong>de</strong> um equilíbrio dinâmico entre os <strong>do</strong>is conceitos <strong>de</strong>cidadania.Para uma educação <strong>escola</strong>r inter/multicultural simultaneamente <strong><strong>de</strong>mocrática</strong> ecríticaA nossa proposta para a concretização da não-sincronia na forma <strong>de</strong> uma«política <strong>de</strong> diferença», capaz <strong>de</strong> garantir a multidimensionalida<strong>de</strong> e ointerrelacionamento entre estrutura e cultura, baseia-se num trabalho <strong>de</strong> investigaçãoacçãorealiza<strong>do</strong> a partir da <strong>escola</strong> oficial. Depen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ste trabalho fica não só aconstrução <strong>do</strong> conceito <strong>do</strong> professor inter/multicultural como também a suarealização. Assim, consi<strong>de</strong>ro que os obstáculos à construção e à realização <strong>do</strong>professor inter/multicultural só po<strong>de</strong>m ser supera<strong>do</strong>s num esforço <strong>de</strong> cooperação e <strong>de</strong>trabalho em conjunto entre diferentes sectores <strong>do</strong> sistema educativo. Para combater oisolamento institucional, para promover a troca (não <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias, mas i<strong>de</strong>ais epráticas), para fazer alongar as racionalida<strong>de</strong>s tornan<strong>do</strong> possível a comunicação14 Ver Isambert-Jamati e Grospiron, que caracterizam o tipo <strong>de</strong> pedagogia <strong>de</strong>ste tipo-i<strong>de</strong>al como«mo<strong>de</strong>rnista» (1982:285).


entre culturas (<strong>de</strong> classe, <strong>de</strong> género, <strong>de</strong> etnia) os professores <strong>do</strong> Ensino Básicoprecisam <strong>do</strong>s professores <strong>do</strong> Ensino Superior <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que estes precisam <strong>do</strong>sprimeiros.A educação inter/multicultural <strong><strong>de</strong>mocrática</strong> e crítica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, em Portugal,assim queremos argumentar, da capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s educa<strong>do</strong>res e professores – <strong>de</strong> to<strong>do</strong>sos sectores <strong>do</strong> sistema educativo – <strong>de</strong> se apropriarem <strong>do</strong> que vimos chaman<strong>do</strong> (ver,por exemplo, Stoer e Araújo, 1992:159) o espaço <strong>de</strong>mocrático da cidadaniaproporciona<strong>do</strong> pela <strong>escola</strong>. Este espaço resulta <strong>do</strong> facto <strong>de</strong> a <strong>escola</strong> ser, nestaconjuntura histórica, uma <strong>escola</strong> oficial, isto é estatal (e, por isso, obrigatória, laica,gratuita). Assim, apropriar-se <strong>de</strong>ste espaço significa «armar-se» perante o mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>trabalho e perante o espaço <strong>do</strong>méstico, reforçan<strong>do</strong> a autonomia relativa da <strong>escola</strong> 15 ;significa, ao mesmo tempo, a produção <strong>de</strong> um conhecimento aprofunda<strong>do</strong> dasculturas nela presente, produção essa só possível <strong>através</strong> da <strong>de</strong>scentração <strong>de</strong>ssamesma <strong>escola</strong>, on<strong>de</strong> a <strong>escola</strong> assume-se como parte da comunida<strong>de</strong> local. A<strong>de</strong>scentração da <strong>escola</strong> não é incompatível com o reforço da sua autonomia relativauma vez que a cidadania participativa constrói-se <strong>através</strong> da inclusão da diferença enão pela sua exclusão. A realização <strong>do</strong> princípio <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>,pois, <strong>de</strong> uma confrontação cultural no interior da <strong>escola</strong> <strong>de</strong> massas. Esta confrontaçãosó po<strong>de</strong> realizar-se valorizan<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ntro da <strong>escola</strong>, as culturas da comunida<strong>de</strong> local.Temos vin<strong>do</strong> a argumentar também que esta mesma <strong>escola</strong> oficial em Portugal estásimultaneamente em crise e em consolidação (ibi<strong>de</strong>m, cap. 5). A apropriação <strong>do</strong>espaço <strong>de</strong>mocrático da cidadania proporciona<strong>do</strong> pela <strong>escola</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong>aproveitamento <strong>de</strong> ambas. A nossa proposta para a concretização <strong>de</strong> não-sincronia,baseada num trabalho <strong>de</strong> investigação-acção realiza<strong>do</strong> no campo darecontextualização pedagógica, <strong>de</strong> facto, aproveita tanto da crise como consolidaçãoda <strong>escola</strong> <strong>de</strong> massas em Portugal. «Aproveita» da crise promoven<strong>do</strong> uma política <strong>de</strong>diferença que a aposta na riqueza <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> da confrontação entre culturas;«aproveita» da consolidação investin<strong>do</strong> no reforço e interiorização <strong>do</strong>s direitoshumanos e sociais básicos por parte <strong>de</strong> agentes educativos.Em forma <strong>de</strong> conclusão, e arriscan<strong>do</strong> «escandalizar» o autor 16 , cito as palavras<strong>de</strong> Etienne Balibar que, num trabalho recente, escreve: «Cada povo, enquanto produto15 Sobre inovação e o aproveitamento da autonomia relativa da <strong>escola</strong>, ver Cortesão (1992b)16 Balibar, em vez <strong>de</strong> ver a <strong>escola</strong> oficial como possível promotora <strong>de</strong> justiça social, sublinha,sobretu<strong>do</strong>, o seu papel i<strong>de</strong>ológico na reprodução <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s.


<strong>de</strong> um processo nacional <strong>de</strong> etnicização, é hoje em dia, obriga<strong>do</strong> a encontrar os seuspróprios meios para ir além <strong>do</strong> ‘exclusivismo’ (...) num mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> comunicaçõestransnacionais e relações globais <strong>de</strong> força. Por outras palavras: cada indivíduo éobriga<strong>do</strong> a encontrar na transformação <strong>do</strong> imaginário <strong>do</strong> seu ‘povo’ os meios para sedistanciar <strong>de</strong>le, para po<strong>de</strong>r comunicar com o indivíduos <strong>de</strong> outros povos com os quaisele, ou ela, partilha os mesmos interesses e, até certo ponto, o mesmo futuro» (Balibare Wallerstein, 1991:105). Assim sen<strong>do</strong>, não terá a <strong>escola</strong> (obrigatória, laica, gratuita)um papel importante aqui para <strong>de</strong>sempenhar? A minha tese é <strong>de</strong> que esse <strong>de</strong>sempenhopasse também pela construção contra-hegemónica <strong>do</strong> conceito <strong>do</strong> professorinter/multicultural, a par com a realização <strong>de</strong> práticas pedagógicas que a nível da<strong>escola</strong> (e da comunida<strong>de</strong> local) concretizassem uma política <strong>de</strong>/e para a diferença.(Agra<strong>de</strong>cimentos à Fernanda Rodrigues, Luiza Cortesão, Helena Costa Araújo eCarlinda Leite pelos comentários e sugestões que fizeram sobre este trabalho. tambémqueria agra<strong>de</strong>cer aos forman<strong>do</strong>s em Ciências as Educação, Álvaro <strong>de</strong> Sousa Leitão,Maria Isabel Bartolomeu e Sérgio Gomes da Silva, pela reflexão que fizeram sobre oconceito <strong>do</strong> professor inter/multicultural.)


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