História da Cultura e das Artes - Resumos.net
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Gonçalo Vaz de Carvalho - 2008<br />
_A formação <strong>da</strong> arte cristã<br />
A arte cristã baseava-se na ideia de que não era necessário ver para crer. Desta maneira, a natureza<br />
abstracta, invisível e indizível de Deus dispensava o suporte <strong>da</strong>s imagens, que, enquanto matéria, se<br />
corrompiam e degra<strong>da</strong>vam. Contudo, elas acabaram por surgir como meio de propagan<strong>da</strong> desta nova religião.<br />
A arte cristã teve o seu início nas catacumbas romanas, num período designado paleocristão, a c. séc. III.<br />
Foi adopta<strong>da</strong> mais tarde pelos povos germânicos que fun<strong>da</strong>ram os seus reinos em locais onde outrora existia o<br />
império romano, tendo iniciado a cultura <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de média.<br />
Sendo o cristianismo a religião oficial do império romano, foi necessário encontrar um edifício adequado<br />
à prática religiosa, funcional e simbolicamente. Como os cristãos necessitavam de um espaço amplo devido às<br />
activi<strong>da</strong>des congregacionais que reuniam muitos crentes, a basílica romana foi a resposta a essas necessi<strong>da</strong>des.<br />
A sua organização axial favorecia a concentração <strong>da</strong> atenção do público sobre o altar onde se devia celebrar a<br />
eucaristia. Um exemplo de um edifício que seguiu esta tipologia foi a Igreja de São João de Latrão. Esta era<br />
composta por um espaço longitudinal, separado em cinco naves separa<strong>da</strong>s por colunatas e direcciona<strong>da</strong>s para a<br />
cabeceira, em cuja abside se situava o altar. Antes <strong>da</strong> cabeceira situava-se uma nave perpendicular, o transepto,<br />
que separava o espaço profano do espaço sagrado.<br />
Contudo, a igreja não era a única tipologia liga<strong>da</strong> ao culto cristão. Baptistérios, martyrias e mausoléus<br />
também eram edifícios relacionados com esta cultura emergente. Contudo, seguiram modelos diferentes;<br />
seguiram o modelo de planta centra<strong>da</strong>, de tradição clássica.<br />
_A arte cristã<br />
Com o ganhar de forma <strong>da</strong> Europa, através <strong>da</strong> assimilação dos territórios pelos novos reinos bárbaros,<br />
esta começou a enriquecer e floresceu uma arte eminentemente europeia. Esta arte, fortemente liga<strong>da</strong> à cultura<br />
cristã, tinha o objectivo principal de ser funcional, ou seja, de transmitir a doutrina cristã (função).<br />
As obras de arte eram principalmente presentes oferecidos a Deus, para o louvar. A criação artística<br />
desenvolvia-se, portanto, em volta do altar, do oratório e do túmulo. Havia a crença de que as igrejas tinham<br />
que ser ricamente ornamenta<strong>da</strong>s, e, através destes edifícios, transmitia-se o esforço, sensibili<strong>da</strong>de, inteligência e<br />
habili<strong>da</strong>de máximos do homem. A igreja tinha de ser a imagem do máximo do homem.<br />
As obras de arte — monumentos, objectos e imagens — religiosas funcionavam como mediadores entre o<br />
homem e Deus. Tinham, paralelamente, uma função pe<strong>da</strong>gógica, que era a de transmitir aos iletrados aquilo em<br />
que deviam acreditar.<br />
O divino exercia um poder muito grande sobre a constituição artística. A arte era uma afirmação sóli<strong>da</strong> do<br />
seu poder. Essa característica está patente no facto de to<strong>da</strong> a obra religiosa surgir como um cenário que se<br />
distingue do vulgar.<br />
A arte era encomen<strong>da</strong><strong>da</strong>, nesta altura, a artistas, apesar do nome deles não constar na obra, uma vez que<br />
os primeiros não eram importantes para o que ela significava. Nascia, portanto, nos locais mais desenvolvidos<br />
economicamente e onde se concentrava o poder, uma vez que necessitava dos seus benefícios para crescer.<br />
Pelo facto <strong>da</strong> obra de arte se apresentar puramente como objecto funcional, não havia distinção entre o<br />
artista e o artesão. A estes era encomen<strong>da</strong><strong>da</strong> a obra principalmente pela igreja; contudo, não tinha poder sobre a<br />
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