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História da Cultura e das Artes - Resumos.net

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Gonçalo Vaz de Carvalho - 2008<br />

era ela o tema <strong>da</strong> maior parte dessa mesma produção. A proximi<strong>da</strong>de entre a igreja e esta corrente artística fez<br />

com que a arte ganhasse uma nova dimensão apoia<strong>da</strong> numa função muito própria — a de glorificar Deus.<br />

Assim, a arte “falava” <strong>da</strong>s ver<strong>da</strong>des eternas <strong>da</strong> fé, no além... A materialização de todo esse espírito religioso está<br />

patente na maior parte <strong>da</strong>s edificações, que eram austeras, imponentes e grandiosas, mas que não<br />

ambicionavam mais do que afirmar a presença de Deus na terra.<br />

A nível formal, os edifícios românicos têm várias características comuns: são maciços, impe<strong>net</strong>ráveis,<br />

escuros, misteriosos e místicos. To<strong>da</strong>s estas características estão evidentemente liga<strong>da</strong>s aos conceitos religiosos.<br />

Também se distinguem as várias tipologias, como a igreja, a abadia, o mosteiro, o castelo. A igreja, uma<br />

edificação muito popular, ganhou vários traços que nasceram <strong>da</strong> sua principal função: a de acolher muitos<br />

peregrinos de modo a proceder aos rituais próprios. Assim, este edifício constitui-se segundo um percurso<br />

(outro elemento com significado religioso), constituído por uma nave central, duas naves laterais (to<strong>da</strong>s com<br />

direcção ocidente-oriente), um transepto que cruza a nave central no cruzeiro, um caminho semi-circular que<br />

rodeia o altar e uns altares mais pequenos que sustentam as relíquias, denomina<strong>da</strong>s absidíolas.<br />

No românico, a arquitectura, apesar de ser a expressão mais exemplificativa, não apareceu isola<strong>da</strong>. Outras<br />

formas de expressão artística foram dinamiza<strong>da</strong>s em conjunto com a primeira, como é o caso <strong>da</strong> escultura. Esta<br />

tinha a função de <strong>da</strong>r mais ênfase ao carácter teatral e espectacular com que o românico tentava representar o<br />

mundo de Deus, realizando-se sob a forma de imagens realistas ou de fantasia (considera<strong>da</strong>s também criações<br />

divinas). Conclui-se, portanto, que a arquitectura cria um espaço de abertura a outras formas de expressão de<br />

modo a ganhar uma plástica mais dinâmica e completa.<br />

_A arquitectura românica<br />

Uma vez que a arquitectura românica estava muito liga<strong>da</strong> à igreja, é natural que a maior parte <strong>da</strong>s<br />

tipologias arquitectónicas tenham uma relação muito próxima com a última. Contudo, há também outras<br />

tipologias, nomea<strong>da</strong>mente relaciona<strong>da</strong>s com outros grupos sociais, como a nobreza feu<strong>da</strong>l.<br />

Liga<strong>da</strong>s à igreja há principalmente as igrejas e mosteiros; relativamente aos senhores feu<strong>da</strong>is<br />

reconhecem-se, principalmente, os castelos. Contudo, há uma plástica subjacente a todos os edifícios que,<br />

independentemente <strong>da</strong> região e suas diferentes soluções formais ou tipologias, permite reconhecer facilmente o<br />

edifício românico.<br />

A arquitectura desta época apresenta-se sempre com uma forte carga simbólica, formas e linhas simples e<br />

puras, com a utilização repetitiva de elementos construtivos. A sua austeri<strong>da</strong>de convi<strong>da</strong> ao recolhimento, à<br />

humil<strong>da</strong>de perante Deus. Suporta, normalmente, outras expressões artísticas, como a pintura e a escultura, que<br />

lhe oferecem um acentuado carácter pe<strong>da</strong>gógico, com o intuito de dirigir o indivíduo a uma sabedoria universal:<br />

a ver<strong>da</strong>de <strong>da</strong> fé.<br />

Foi no final do séc. XI que a igreja românica atingiu a sua forma definitiva. A planta em forma de cruz<br />

latina — alusão simbólica à imagem de cristo na cruz —, a construção em blocos de pedra trabalhados, a<br />

cobertura em abóba<strong>da</strong>s de canhão suporta<strong>da</strong>s por pilares cruciformes eram alguns dos traços <strong>da</strong> forma madura<br />

do edifício eclesiástico. Apresentava espaços mais distintos, como a cabeceira — o espaço sagrado, o do altar<br />

—, o portal e a abside. Algumas igrejas possuíam também uma cripta, um pórtico (antecâmara) e um claustro.<br />

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