humano sc compraz cm constituir no seu pensamentocomo a obra prima da creação, é um facto tão conformeás nossas crenças, que a idéa de uma degenerescenciada nossa natureza é inseparavel da idéa de um desviod este typo primitivo, que encerrava em si mesmo oselementos da continuidade da especie. Taes são as própriaspalavras de MOREL.Segundo elle, portanto, o typo natural da humanidadeteria sido o homem biblico, que condensava e reuniacomo depositário todas as perfeições da especie. Votado,como consequência da queda original, a uma lucta semtréguas com a natureza, o primitivo exemplar humanosoftreria a acção de causas degradativas, que nuns casosproduziam as variedades ou raças e noutros, conduziriamá degenerescencia. Esta abrangeria, pois, as variedadesdoentias, os desvios mórbidas do typo primitivo.Mas, não sendo possível distinguir entre a variedaderaçae a variedade-degenerado, teríamos de acceitar quetodos os homens são degenerados, porque nenhum realizao padrão dogmático da Bíblia; e o artificio de MOREL,introduzindo a idéa de doença nos estados degenerativos,chamando-lhes desvios mórbidas, não resolve a dificuldade,pois não habilita a separar o que é hygido do queé doentio. E, sendo assim, ou todas as variedades sãodegenerativas 011 não o é nenhuma.Como critério principal para reconhecer os desviosdegenerativos e cortar as duvidas, invocava então MORELa esterilidade. As causas degenerativas originariam verdadeirasmonstruosidades, cuja descendencia seria muitolimitada, porque seriam indivíduos feridos de esterilidade.Esta, porém, só se manifesta nos degenerados maisinferiores, isto é, precisamente nos que nenhum embaraçoofferecem para, após ligeira observação, se classificaremde anormaes.Os outros não são estereis, e para esses subsiste aindecisão.
E poderia servir-nos a esterilidade na descendencia?De modo nenhum.Em primeiro logar ella não é um phenomeno necessárioe fatal.O proprio MOREL admittiu a regeneração. isto é, apossível reconstituição dos caracteres específicos normaes,na descendencia de um degenerado — o que aobservação de todos os dias simplesmente confirma.Ora se o descalabro degenerativo, tendendo emborapara agravar-se até á esterilidade, pôde no entanto, porum concurso de circunstancias felizes, desvanecer-se esupprimir-se, — é manifesto que a esterilidade não servepara critério degenerativo, porque nesta hypothese tudose normaliza, e precisamente as funcções reproductorasnão chegaram a ser attingidas.Por ultimo, se a esterilidade fosse característica segurada degenerescencia, para que nos serviria invocarentão o homem primitivo? Mas além de tudo, e já tivemosoccasião de o aftirmar ( '), o homem primitivo nãofoi o typo ideal de perfeição, tal como dogmaticamenteo admittiu MOREL.As considerações que acabámos de fazer applicam-seegualmente á doutrina de MAGNAN; porque este alienistaintroduz também a esterPidade entre as característicasdegenerativas.Segundo MAGNAN O termo degenerescencia designa oestado morbido de um individuo cujas funcções cerebraesaccusam um estado de imperfeição notoria, comparadascom o estado cerebral dos typos geradores.Esse estado morbido constitucional aggrava-se progressivamentee, assim como a degeneração de um tecido( 1 ) Vid. pa- 52.