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A-nova-sinfonia-paulistana

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dos esportes”. Teve em seus quadros Casimiro Pinto Neto, radialista de Bauru – que deunome ao sanduíche de queijo, rosbife e tomate que pedia no Ponto Chic, tradicionalrestaurante do Centro –, e Wilson Fittipaldi, o Barão, pai dos pilotos de automobilismoEmerson e Wilsinho. Não durou muito. A tevê roubou as estrelas do rádio, e aPanamericana entrou em decadência.“Aquilo era um cachorro morto”, diz o jornalista e musicólogo Zuza Homem de Mello,autor de A Era dos Festivais: Uma Parábola, uma espécie de enciclopédia da culturamusical dos anos 60. Ele trabalhou na TV Record e na Pan, onde por mais de dez anosteve um programa de música. “Ninguém queria pegar aquela mandioca. Ela ficoujogada às traças durante anos, com uma audiência mínima”, lembra Zuza, de bermuda etênis, sentado de costas para um gramofone numa poltrona de seu apartamento emPinheiros.A “mandioca” foi parar nas mãos de Tuta, caçula dos três filhos de Paulo Machado deCarvalho. Antonio Augusto Amaral de Carvalho – ou A. A. A. de Carvalho e, maistarde, “seu Tuta” – começara a trabalhar aos 18 anos na Panamericana. Depois foi paraa TV Record, onde se destacou como diretor no Fino da Bossa, na Família Trapo e naJovem Guarda. Fazia parte da chamada “Equipe A” da emissora, formada por ManoelCarlos, futuro escritor de novelas da Globo, e pelos diretores Nilton Travesso e RaulDuarte.Foi nessa época que Tuta teve uma ideia paratransformar o mico em sucesso: promovera rádio com artistas da TV Record. Ofereceu programas a Roberto Carlos e HebeCamargo. “Os caras praticamente não cobravam, porque o salário vinha da tevê e, narádio, eles anunciavam seus shows. O Tuta teve essa sacada, mais barata impossível.Levantou assim a Panamericana”, contou Zuza. Os “Machado de Carvalho”, como elese refere à família, sempre tiveram uma meta: “O Tuta era um cara que queria ficar rico.O Tutinha também.”Inspirado pela Jovem Guarda, o velho Machado de Carvalho sugeriu a troca do nome darádio para Jovem Pan. “Isso foi a pedra de toque do sucesso da emissora”, avaliou omusicólogo. “Rádio Panamericana” é complicado de dizer, não tem impacto. “Écomprido, ruim de se pronunciar, não tem condição. Agora, „Rádio JovemPannnnnn...‟”, disse, imitando a vinheta da emissora, que deixa ecoar o “n” no ar, comona vibração de um instrumento. “Puuuuta! Nego fica doido”, completou, sorrindo elevantando ligeiramente os joelhos da poltrona. Nos anos 70, a pedido de Tuta, ZuzaHomem de Mello foi a Dallas para criar a identidade sonora da rádio. Algumas vinhetasidealizadas por ele estão no ar até hoje.A transformação da Pan em referência do jornalismo radiofônico veio da parceria entreTuta e Fernando Vieira de Mello, que saiu da TV Record em 1966 para comandar aredação da rádio. Vieira de Mello instituiu o binômio “informação e prestação deserviço”. Em 1974, quando a comunicação instantânea engatinhava e a tevê aindaencontrava muitas dificuldades para operar ao vivo, a Pan fez história ao deixar detransmitir a Voz do Brasil, obrigatória, para cobrir o incêndio do edifício Joelma, noCentro de São Paulo, convocando a população para doar sangue aos feridos na tragédia.

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