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diretrizes nasf

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DIRETRIZES DO NASF: Núcleo de Apoio a Saúde da Família<br />

continuação<br />

ficavam sem atendimento: sem sedação, hidratação e outros procedimentos mínimos<br />

para uma sobrevida digna. Até hoje o Brasil é um país que ainda tem dificuldades na prescrição<br />

de analgesia para pacientes terminais – embora seja pródigo com a prescrição de<br />

ansiolíticos, antidepressivos e outros analgésicos “sociais”. O fato é que a dificuldade dos<br />

profissionais de lidar com a morte (em grande medida inconsciente) produzia argumentação<br />

falsa em relação ao atendimento de pacientes terminais, inventando uma falsa relação<br />

de mútua exclusão entre os pacientes com chance de cura e os, supostamente, sem<br />

chance de cura. Esse tipo de problema fica evidenciado na medida em que se propõe<br />

a Clínica Ampliada. Problemas crônicos, sociais ou subjetivos podem produzir a mesma<br />

reação nos profissionais de saúde que os pacientes terminais nos serviços de oncologia.<br />

Aqui o aspecto cognitivo é importante, mas não é suficiente, porque é necessário criar<br />

instrumentos de suporte aos profissionais de saúde para que eles possam lidar com as<br />

próprias dificuldades, identificações positivas e negativas com os diversos tipos de situação.<br />

É necessário, nesse processo, que se enfrente um forte ideal de “neutralidade” e<br />

de “não envolvimento” profissional, prescrito nas faculdades de saúde, que muitas vezes<br />

coloca uma interdição para os profissionais de saúde quando o assunto é a própria subjetividade.<br />

A partir disso, a gestão deve cuidar para incluir o tema nas discussões de caso<br />

(PTS) e evitar individualizar/culpabilizar profissionais que estão com alguma dificuldade<br />

em lidar com esse processo (por exemplo, enviando sistematicamente os profissionais<br />

que apresentam algum sintoma para os serviços de saúde mental). As dificuldades pessoais<br />

no trabalho em saúde refletem, na maior parte das vezes, problemas no processo<br />

de trabalho (a baixa grupalidade solidária na equipe, a alta conflitividade, a fragmentação<br />

etc.). Resumindo, o suporte aos profissionais de modo que possam realizar uma Clínica<br />

Ampliada se justifica porque não é possível fazer clínica COM o outro sem lidar CON-<br />

SIGO mesmo.<br />

27<br />

CADERNOS DE<br />

ATENÇÃO BÁSICA<br />

• Projeto Terapêutico Singular<br />

A discussão em equipe de casos clínicos, principalmente se mais complexos, é<br />

um recurso clínico e gerencial importantíssimo. A existência desse espaço de construção<br />

da clínica é privilegiada para o apoio matricial e, portanto, para o trabalho dos<br />

profissionais do Nasf.<br />

O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é um conjunto de propostas de condutas<br />

terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado da discussão<br />

coletiva de uma equipe interdisciplinar, com apoio matricial, se necessário. Geralmente<br />

é dedicado a situações mais complexas. É uma variação da discussão de “caso clínico”.<br />

Foi bastante desenvolvido em espaços de atenção à saúde mental como forma de propiciar<br />

uma atuação integrada da equipe valorizando outros aspectos, além do diagnóstico<br />

psiquiátrico e da medicação, no tratamento dos usuários.

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