ANISTIA INTERNACIONAL
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independentes. Os incidentes de violência<br />
contra jornalistas independentes acontecidos<br />
no passado raramente tiveram investigações<br />
efetivas. Dois homens foram presos por<br />
participação no espancamento do jornalista<br />
Oleg Kashin, em novembro de 2010, e um<br />
terceiro estava sendo procurado. Um dos<br />
suspeitos afirmou ter provas de que o<br />
espancamento fora ordenado pelo governador<br />
da divisão administrativa de Pskov, o que<br />
coincidia com as suspeitas de Kashin, mas as<br />
autoridades preferiram não levar adiante a<br />
investigação da denúncia.<br />
Elena Milashina, jornalista da gazeta<br />
independente Novaya Gazeta, informou que<br />
uma adolescente de 17 anos da Tchetchênia<br />
estava sendo forçada a se casar com um<br />
oficial graduado da polícia que tem três vezes<br />
a idade dela e já seria casado. O caso foi<br />
amplamente divulgado e causou comoção<br />
pública. O líder tchetcheno Ramzan Kadyrov<br />
apoiou publicamente o oficial e acusou<br />
Milashina de mentir e interferir na vida<br />
privada do povo tchetcheno. Em 19 de maio,<br />
a agência de notícias do governo da<br />
Tchetchênia na internet, Grozny-Inform,<br />
publicou um artigo com ameaças de morte<br />
veladas contra Milashina.<br />
A repressão à liberdade de expressão não<br />
se limitou a jornalistas e blogueiros. Natalya<br />
Sharina, diretora da Biblioteca de Literatura<br />
Ucraniana, um órgão público, na capital<br />
Moscou, foi detida em 28 de outubro por<br />
acusações relacionadas ao extremismo. Os<br />
investigadores afirmaram que obras do<br />
nacionalista ucraniano Dmitry Korchinsky<br />
haviam sido encontradas na biblioteca, em<br />
um lote de livros ainda não catalogado. Ela<br />
ficou detida numa delegacia de polícia sem<br />
comida, bebida ou roupa de cama até 30 de<br />
outubro, quando foi posta em prisão<br />
domiciliar, enquanto aguarda possível<br />
indiciamento. 3<br />
Em 15 de setembro, Rafis Kashapov, um<br />
ativista de Naberezhnye Chelny, na República<br />
do Tartaristão, foi condenado por incitação ao<br />
ódio interétnico e ameaça à integridade<br />
territorial da Federação Russa, sendo<br />
sentenciado a três anos de prisão. Ele estava<br />
preso desde 28 de dezembro de 2014 por<br />
postagens feitas nas mídias sociais criticando<br />
o papel da Rússia no conflito no leste da<br />
Ucrânia e o tratamento dispensado aos<br />
tártaros da Crimeia na península ocupada<br />
pela Rússia.<br />
Em 10 de novembro, o Tribunal Distrital de<br />
Kirsanovski decidiu que o ambientalista<br />
Yevgeny Vitishko deveria ser libertado. Ele já<br />
havia cumprido mais da metade da pena<br />
desde que foi condenado com base em<br />
acusações forjadas às vésperas das<br />
Olimpíadas de Inverno de Sochi em 2014.<br />
Entretanto, em 20 de novembro, um dia<br />
antes da decisão do tribunal ser cumprida, a<br />
Promotoria Pública recorreu da decisão.<br />
Vitishko foi finalmente libertado em 22 de<br />
dezembro, depois de julgado o recurso.<br />
LIBERDADE DE REUNIÃO<br />
O direito à liberdade de reunião pacífica<br />
permaneceu severamente restrito. Houve<br />
poucos protestos, que tiveram sua<br />
quantidade reduzida desde a introdução de<br />
restrições em anos anteriores. A permissão<br />
para fazer passeatas nas ruas foi<br />
rotineiramente negada aos organizadores, ou<br />
concedida apenas para eventos fora da área<br />
central. Quem desafiou a proibição ou as<br />
regras foi penalizado com multas e detenção.<br />
Uma “monstração” (tipo de evento<br />
simulacro das manifestações de rua) que<br />
acontece anualmente em Novosibirsk<br />
parodiando a pomposidade das passeatas do<br />
Dia do Trabalho, não recebeu permissão pela<br />
primeira vez desde 2005. Seu organizador,<br />
Artem Loskutov, foi preso e sentenciado a 10<br />
dias de detenção por infringir a lei de<br />
reuniões, depois que ele e outros<br />
“monstrantes” resolveram então participar<br />
das paradas oficiais do Dia do Trabalho.<br />
Pela primeira vez, um manifestante<br />
pacífico foi condenado com base na lei de<br />
2014 que criminaliza a participação repetida<br />
em reuniões não autorizadas.<br />
No dia 7 de dezembro, um tribunal de<br />
Moscou sentenciou Ildar Dadin a passar três<br />
anos em uma colônia penal por participar<br />
repetidamente de reuniões “não autorizadas”<br />
Anistia Internacional – Informe 2015/16 207