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ANISTIA INTERNACIONAL

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lhes garantia proteção adequada. No Qatar,<br />

onde 90% da força de trabalho era formada<br />

por trabalhadores migrantes, o governo não<br />

implementou a maioria das reformas que<br />

havia prometido em 2014; muitos<br />

trabalhadores da construção civil<br />

continuavam expostos a condições de vida e<br />

de trabalho inseguras, e milhares de<br />

trabalhadores domésticos, a maioria<br />

mulheres, enfrentaram numerosos abusos,<br />

desde salários baixos e horas de trabalho<br />

excessivas até agressões físicas, trabalho<br />

forçado e tráfico de pessoas. No Kuwait, no<br />

entanto, uma nova lei pela primeira vez deu<br />

aos trabalhadores domésticos migrantes o<br />

direito a um dia de descanso semanal e 30<br />

dias de férias anuais remuneradas.<br />

REPRESSÃO ÀS DIFERENÇAS DE OPINIÃO<br />

Em toda a região do Oriente Médio e do Norte<br />

da África, os governos continuaram<br />

intolerantes à crítica e à dissidência e<br />

restringiram o direito às liberdades de<br />

expressão, de associação e de reunião<br />

pacífica. Na Argélia e no Marrocos, as<br />

autoridades estatais fizeram uso de leis<br />

penais de amplo alcance sobre insulto e/ou<br />

difamação para processar e prender pessoas<br />

que manifestavam sua crítica por meio da<br />

internet e outros meios, como fizeram as<br />

autoridades egípcias e os governos do<br />

Bahrein, Kuwait, Omã e dos Emirados Árabes<br />

Unidos. Nesses Estados do Golfo, os alvos de<br />

perseguição incluíram indivíduos acusados<br />

de prejudicar as relações do seu país com a<br />

Arábia Saudita ao publicar comentários<br />

considerados desrespeitosos para com o<br />

falecido rei saudita ou criticar sua intervenção<br />

militar no Iêmen. No Qatar, um poeta<br />

continuou a cumprir uma pena de 15 anos<br />

de prisão por escrever e recitar versos que as<br />

autoridades consideraram ofensivos ao emir<br />

do país. Na Jordânia, dezenas de jornalistas e<br />

ativistas enfrentaram processos no âmbito de<br />

disposições do Código Penal que proibiam<br />

críticas ao rei e às instituições<br />

governamentais e no âmbito de uma lei<br />

antiterrorismo alterada em 2014 que<br />

criminalizava a crítica a líderes ou a Estados<br />

estrangeiros.<br />

No Irã, o acordo internacional relativo ao<br />

programa nuclear do país e a flexibilização<br />

das sanções econômicas e financeiras não<br />

diminuíram a repressão estatal. As<br />

autoridades continuaram a restringir a<br />

liberdade de expressão e os direitos de<br />

associação e de reunião, bloqueando o<br />

acesso ao Facebook, Twitter e outras redes<br />

sociais, interferindo em emissões de rádios e<br />

televisões estrangeiras, e prendendo, detendo<br />

e aprisionando jornalistas, defensores dos<br />

direitos humanos, sindicalistas, artistas e<br />

outras pessoas que expressaram diferenças<br />

de opinião, incluindo três líderes políticos da<br />

oposição detidos sem acusação nem<br />

julgamento desde 2009.<br />

As autoridades da Arábia Saudita também<br />

não admitiram críticas ou dissidência e<br />

puniram severamente aqueles que ousaram<br />

defender reformas ou expressar seu apoio<br />

aos direitos humanos. O blogueiro Raif<br />

Badawi permaneceu preso, cumprindo uma<br />

pena de 10 anos de prisão que um tribunal<br />

impôs a ele em 2014 por "insultar o Islã" e<br />

violar a lei de crimes virtuais por criar o site<br />

da Rede de Liberais Sauditas Livres, que as<br />

autoridades fecharam. O tribunal também o<br />

condenou a um açoitamento de mil<br />

chibatadas. O dr. Zuhair Kutbi, preso em<br />

julho, permaneceu detido durante meses e,<br />

em seguida, foi julgado e encarcerado por<br />

defender a monarquia constitucional como<br />

forma de governo em uma entrevista na<br />

televisão.<br />

No Egito, o governo continuou a repressão<br />

implacável da Irmandade Muçulmana,<br />

iniciada quando o exército depôs o presidente<br />

Mohamed Morsi, em julho de 2013, e<br />

ampliada para abranger seus outros críticos e<br />

opositores, bem como defensores dos direitos<br />

humanos e de reformas políticas. As<br />

autoridades realizaram milhares de detenções<br />

por motivos políticos; até o fim do ano, havia<br />

pelo menos 700 pessoas detidas sem<br />

condenação judicial por mais tempo do que o<br />

máximo de dois anos estipulado pela lei.<br />

Milhares de outras pessoas enfrentaram<br />

julgamentos coletivos injustos diante de<br />

Anistia Internacional – Informe 2015/16 55

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