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ANISTIA INTERNACIONAL

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tribunais penais ou militares, que proferiram<br />

sentenças de prisão e condenações à morte<br />

em massa. Alguns detidos foram submetidos<br />

a desaparecimentos forçados. As autoridades<br />

rejeitaram qualquer crítica à repressão aos<br />

dissidentes, justificando-a com a ameaça<br />

representada por grupos armados, que<br />

lançaram ataques cada vez mais letais contra<br />

as forças de segurança, funcionários do<br />

Estado e a população civil.<br />

Por toda a região, os sistemas judiciários<br />

nacionais eram frágeis, não tinham<br />

independência e não garantiram as devidas<br />

salvaguardas processuais nem respeitaram o<br />

direito a um julgamento justo, especialmente<br />

em casos contra pessoas consideradas<br />

críticas ou opositoras do governo. Ao longo de<br />

2015, os tribunais em países como Bahrein,<br />

Irã, Iraque, Jordânia, Arábia Saudita e<br />

Emirados Árabes Unidos, bem como os do<br />

Egito, continuaram a proferir sentenças de<br />

prisão e à morte em julgamentos injustos; ao<br />

invés de defenderem a justiça com audácia,<br />

tais tribunais operaram como meros<br />

instrumentos de repressão do Estado.<br />

PENA DE MORTE<br />

A pena de morte foi amplamente utilizada em<br />

toda a região, inclusive em Estados como<br />

Argélia, Líbano, Marrocos e Tunísia, que há<br />

anos não realizam execuções. Por outro lado,<br />

os governos do Irã, Iraque e Arábia Saudita<br />

mantiveram-se entre os maiores executores<br />

do mundo, com o Irã na vanguarda de um<br />

aumento preocupante nas execuções. Juntos,<br />

esses países realizaram centenas de<br />

execuções, apesar das claras evidências de<br />

que muitas das pessoas executadas haviam<br />

sido condenadas à morte após julgamentos<br />

injustos ou por delitos que não causaram<br />

perda de vidas ou que não cumpriam o<br />

critério de “crimes mais graves”, tais como os<br />

relacionados a drogas. Entre as pessoas<br />

executadas no Irã ou que aguardavam a<br />

execução na Arábia Saudita estavam<br />

menores infratores.<br />

TORTURA E OUTROS MAUS-TRATOS<br />

A tortura e outros maus-tratos de detidos<br />

permaneceram comuns e generalizados em<br />

toda a região do Oriente Médio e do Norte da<br />

África. Essas práticas foram utilizadas para<br />

extrair informações e "confissões", para punir<br />

e aterrorizar as vítimas e para intimidar as<br />

demais pessoas. Os perpetradores quase<br />

sempre o fizeram com impunidade; os<br />

tribunais raramente consideraram as<br />

denúncias de tortura durante a prisão<br />

preventiva feitas pelos réus, e os governos<br />

raramente realizaram investigações<br />

independentes sobre tortura ou tomaram<br />

medidas para proteger os detidos, embora a<br />

maioria dos países tenha ratificado a<br />

Convenção contra a Tortura da ONU. Na<br />

Síria, as forças do governo continuaram a<br />

usar a tortura sistematicamente, causando<br />

inúmeras mortes adicionais de detidos. No<br />

Egito, as forças de segurança frequentemente<br />

agrediram os detidos no momento da prisão e<br />

depois os submeteram a espancamentos,<br />

choques elétricos e a posições dolorosas de<br />

estresse. Os tribunais iranianos continuaram<br />

a impor punições que violavam a proibição da<br />

tortura e de outros tratamentos ou penas<br />

cruéis, desumanos ou degradantes, incluindo<br />

flagelação, cegueira, apedrejamento e<br />

amputações.<br />

IMPUNIDADE E PRESTAÇÃO DE CONTAS<br />

As forças do governo e grupos armados não<br />

estatais cometeram com impunidade crimes<br />

de guerra, outras violações do direito<br />

internacional humanitário e graves abusos<br />

dos direitos humanos na Síria, Iraque, Iêmen<br />

e Líbia, e não houve responsabilização por<br />

crimes e abusos semelhantes cometidos<br />

pelas forças israelenses e grupos armados<br />

palestinos durante o conflito de 2014 e em<br />

conflitos anteriores. Na Argélia, continuou a<br />

ser crime fazer campanha por justiça às<br />

vítimas de graves abusos cometidos por parte<br />

das forças do Estado durante o conflito<br />

armado interno da década de 1990. No<br />

Líbano, nenhum progresso foi feito em<br />

determinar o destino de milhares de pessoas<br />

que sofreram desaparecimentos forçados ou<br />

sumiram durante e depois da guerra civil que<br />

terminou há duas décadas. No Egito, as<br />

56 Anistia Internacional – Informe 2015/16

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