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APRESENTAÇÃO<br />
Pelo menos 10 mil crianças refugia<strong>da</strong>s na Europa nos últimos dois anos estão <strong>de</strong>sapareci<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> acordo com<br />
a agência <strong>de</strong> polícia europeia. Muitas <strong>de</strong>las possivelmente foram trafica<strong>da</strong>s pelas re<strong>de</strong>s criminosas que lucram<br />
com trabalho escravo, exploração e abuso sexual. Refletindo sobre a diaconia transformadora e tradição cristã,<br />
fazemos a memória histórica e lembramos que Maria foi uma <strong>da</strong>s raras mães que não chorou a morte <strong>de</strong> seu<br />
filho Jesus, pois o escon<strong>de</strong>u no exílio, no Egito/África. Hero<strong>de</strong>s mandou matar todos os meninos com menos<br />
<strong>de</strong> 2 anos (Mat. 2.16). Na Palestina, na Síria, no Brasil, muitas mães têm que escon<strong>de</strong>r suas filhas e filhos, outras<br />
choram a morte, o <strong>de</strong>saparecimento.<br />
Dados do Ministério <strong>da</strong> Mulher, Igual<strong>da</strong><strong>de</strong> Racial e Direitos Humanos, <strong>de</strong> <strong>2015</strong>, revelam que, no Brasil, em<br />
média 60 jovens negros são assassinados diariamente. Estamos diante <strong>da</strong> insuportável constatação <strong>de</strong> que a<br />
vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s pessoas pobres e vulneráveis continua em risco permanente e na mais profun<strong>da</strong> invisibili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Treze<br />
mulheres são assassina<strong>da</strong>s por dia no Brasil, 500 mil são estupra<strong>da</strong>s por ano, conforme <strong>da</strong>dos do Mapa <strong>da</strong><br />
Violência <strong>2015</strong> – Homicídios <strong>de</strong> Mulheres no Brasil. A Lei do Feminicídio foi aprova<strong>da</strong> em março <strong>de</strong> <strong>2015</strong> e<br />
tornou o assassinato <strong>de</strong> mulheres crime hediondo. A nova lei é <strong>de</strong>riva<strong>da</strong> do PL 8.305/14.<br />
Na abertura <strong>da</strong> 5ª Conferência Nacional <strong>de</strong> Segurança Alimentar e Nutricional, em novembro <strong>de</strong> <strong>2015</strong>, cujo<br />
lema foi Comi<strong>da</strong> <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong> no campo e na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>: por direitos e soberania alimentar, a presi<strong>de</strong>nta do CON-<br />
SEA, Maria Emilia Lisboa Pacheco, enfatizou que o Brasil saiu do Mapa Mundial <strong>da</strong> Fome <strong>da</strong> Organização<br />
<strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s para a Alimentação e a Agricultura (FAO-ONU) e que, apesar <strong>de</strong> esta ser uma conquista<br />
importante, e também <strong>de</strong> haver maior “reconhecimento sobre a atuação <strong>da</strong>s mulheres na promoção <strong>da</strong> segurança<br />
alimentar e nutricional; maior visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre as condições alimentares <strong>da</strong> população negra, dos<br />
povos indígenas, comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s quilombolas, povos tradicionais <strong>de</strong> matriz africana/povos <strong>de</strong> terreiro e <strong>de</strong>mais<br />
povos e comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s tradicionais, ain<strong>da</strong> permanecem os piores índices <strong>de</strong> insegurança alimentar e nutricional<br />
para esses segmentos sociais, que estão a requerer a continui<strong>da</strong><strong>de</strong> e ampliação <strong>da</strong>s políticas <strong>de</strong> superação<br />
<strong>da</strong>s <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> gênero, raça e etnia para a garantia do Direito Humano à Alimentação A<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, em<br />
conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com a nossa Constituição”.<br />
Em profundo comprometimento com o contexto brasileiro, a FLD celebrou seus 15 anos em <strong>2015</strong>, reafirmando<br />
seu rosto plural e seu compromisso com a <strong>Diaconia</strong> Transformadora. Junto com CAPA e COMIN, e com<br />
organizações ecumênicas parceiras, continuamos atuando por uma vi<strong>da</strong> plena <strong>de</strong> direitos e compaixão, sob as<br />
bênçãos e orientações <strong>de</strong> Deus. O sofrimento provocado pela permanente violação dos direitos humanos nos<br />
constrange, envergonha e atualiza nosso compromisso <strong>de</strong> sermos uma organização luterana e ecumênica que<br />
promove reflexões contextuais na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s luteranas, reforçando sempre seu compromisso com<br />
a profecia <strong>de</strong> Amós: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am<br />
5.24), lema <strong>da</strong> Campanha <strong>da</strong> Fraterni<strong>da</strong><strong>de</strong> Ecumênica 2016. Queremos e lutamos para que to<strong>da</strong>s as crianças<br />
tenham o direito a viver sua infância em segurança, que as juventu<strong>de</strong>s possam tecer seus projetos <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, que<br />
to<strong>da</strong>s as mulheres tenham o direito a uma vi<strong>da</strong> sem violências, que to<strong>da</strong>s as pessoas tenham o direito humano<br />
<strong>de</strong> imigrar, tendo direitos civis e políticos ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente reconhecidos, que os povos indígenas e todos os<br />
povos tradicionais tenham direito ao seu território e ao cui<strong>da</strong>do <strong>de</strong> sua ancestrali<strong>da</strong><strong>de</strong>, tão vital para conservação<br />
ambiental dos biomas brasileiros.<br />
Apresentamos o relatório <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>2015</strong> para sua apreciação.<br />
Cibele Kuss<br />
Secretária Executiva <strong>da</strong> FLD<br />
FUNDAÇÃO LUTERANA DE DIACONIA<br />
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