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O mundo segundo Jouralbo

Esse é um livro difícil de classificar. O cartunista Allan Sieber convidou 44 artistas para ilustrarem histórias de seu pai, o desenhista Jouralbo Sieber, de 86 anos. É um livro de memórias? De quadrinhos? Um diário do Jouralbo e sua obsessão pelo número 7? É tudo isso. Roteirizado por Allan em parceria com Cynthia B, a partir das histórias de Jouralbo, o livro reúne o trabalho de quadrinistas nacionais e internacionais, como Chiquinha, Fábio Zimbres, Rafael Sica, Stêvz, Matthias Lehmann e Fido Nesti. A obra mostra que Jouralbo, autor de Ninguém me convidou, reeditado pela Mórula em 2015, além de talentoso desenhista é grande contador de histórias.


Esse é um livro difícil de classificar. O cartunista Allan Sieber convidou 44 artistas para ilustrarem histórias de seu pai, o desenhista Jouralbo Sieber, de 86 anos. É um livro de memórias? De quadrinhos? Um diário do Jouralbo e sua obsessão pelo número 7?
É tudo isso. Roteirizado por Allan em parceria com Cynthia B, a partir das histórias de Jouralbo, o livro reúne o trabalho de quadrinistas nacionais e internacionais, como Chiquinha, Fábio Zimbres, Rafael Sica, Stêvz, Matthias Lehmann e Fido Nesti. A obra mostra que Jouralbo, autor de Ninguém me convidou, reeditado pela Mórula em 2015, além de talentoso desenhista é grande contador de histórias.

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PARA O LEITOR SE SITUAR<br />

Nos últimos anos, tenho ficado em casa a escrever. Coisa que nunca fiz antes<br />

na vida. Trabalhei em diversas profissões. No princípio era ainda um menino,<br />

menor de idade, e meu primeiro trabalho foi pintar letras em sete placas de<br />

madeira para uma demolidora de prédios. Mas emprego mesmo, o primeiro,<br />

foi em um escritório de representações. Eu era uma pessoa em quem os meus<br />

patrões confiavam, diziam que no futuro eu também seria um sócio deles. Mas<br />

eu sempre pensava no desenho. Quando ficava só na empresa, na ausência dos<br />

patrões, eu fazia desenhos de todos os móveis do escritório. Três meses mais<br />

tarde, conheci um amigo de meu pai que era desenhista e tinha um ateliê de<br />

desenhos. Seu estúdio era na Rua 7 de Setembro. Aprendi a desenhar letras de<br />

diversas fontes para serem aplicadas em placas luminosas colocadas no alto dos<br />

edifícios e hotéis da cidade. Chamavam-se luminosos a gás neon. Aos 16 anos, já<br />

podia trabalhar com carteira de menor e autorização dos pais. Apresentei-me à<br />

sessão de desenho da Livraria do Globo. Falei com o chefe da seção de desenhos,<br />

o Sr. Zeuner. Ele viu meus trabalhos e apreciou principalmente os desenhos<br />

de letras. Trabalhei lá por sete anos. Em seguida fui para a Grant Advertising,<br />

onde permaneci por dois anos. Então entrei para o departamento de arte de<br />

uma gráfica para fazer ilustrações para calendários. Depois disso trabalhei em<br />

várias agências, umas grandes e outras pequenas. Também estudei pintura a<br />

óleo. Realizei uma exposição individual com 35 trabalhos a óleo quando tinha<br />

18 anos, em 1948. Fiz uma meia dúzia de esculturas em madeira. Aprendi a fotografar,<br />

revelar filmes e fazer reproduções. Fiz fotos para agências de publicidade.<br />

Resolvi não ser mais empregado. Procurei uma sala para trabalhar.<br />

E agora, em casa, eu faço alguns trabalhos para meu filho Allan, desenhista<br />

lá no Rio de Janeiro. Fiz para ele sete ilustrações para o livro Vida de Estagiário,<br />

em 2005. Após isso, Allan fez várias visitas aqui no Sul para me entrevistar<br />

sobre como era ser um desenhista dos anos 1940 e 1950 e como era trabalhar<br />

em “propaganda”, palavra não usada na época. Então eu voltava ao meu passado<br />

e contava como eram e trabalhavam os desenhistas naquele tempo. Seus<br />

sonhos, suas fantasias e experiências. Allan ouviu e gravou minhas narrações,<br />

por uns três a quatro anos. Depois fez roteiros em quadrinhos para eu desenhar<br />

minhas próprias histórias. Com esse material, ele lançou, em 2010, o livro<br />

Ninguém me convidou, sobre minha vida profissional e como se trabalhava na<br />

época (e éramos muito felizes). O livro teve uma reedição em 2015.<br />

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